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reparacaoautomotiva.com.br
EDIÇÃO 102 Março de 2017 EDITORA
A REVISTA QUE MUDA COM O REPARADOR MODERNO
MECÂNICA GERAL OU ESPECIALIZADA Diante de uma frota cada vez mais complexa e diversificada, qual será o melhor negócio? Numa reportagem especial, mostramos como essa escolha pode decidir o futuro da oficina
RESPEITO AMBIENTAL O papel dos reparadores na preservação do planeta
APOIO À FORMAÇÃO
Transmitir conhecimentos pode garantir o seu sucesso
ENERGIA RECUPERADA
A busca dos motores atuais por uma maior eficiência
DIFÍCIL DE CONSERTAR Quando uma troca simples vira um grande pesadelo
E MUITO MAIS: LANÇAMENTOS - TENDÊNCIAS - NEGÓCIOS - DICAS - HISTÓRIAS - INOVAÇÕES
SUMÁRIO
EDIÇÃO 102 MARÇO 2017
20
reparacaoautomotiva.com.br reparacaoautomotivaoficial
04 ENTREVISTA
O futuro dos reparadores
06 NOVIDADES
As últimas notícias do setor
08 INDICADORES
O ano começou complicado
10 GESTÃO
As pessoas acima de tudo
12 SUSTENTABILIDADE O valor da gestão ambiental
14 TENDÊNCIA
Vale a pena se especializar?
16 REVISTA
Fortalecendo as parcerias
18 MOTOR
Problemas no motor 2.0 TSI
16 18
32
20 TRANSMISSÃO
Comportamento estranho
22 SUSPENSÃO
Teste dos amortecedores
24 FREIOS
Cada DOT no seu lugar
26 ELÉTRICA
Quando o barato sai caro
28 HISTÓRIA
Uma inovação centenária
30 FUTURO
Recuperação de energia
Diretores Carlos Alberto de Oliveira carlos@znews.com.br Flávio Guerra guerra@znews.com.br REDAÇÃO Coordenador Editorial Douglas Cavallari (MTB 28.890) Redator-Chefe Alexandre Akashi (MTB 30.349) Revisor Geuid Dib Jardim ARTE Designers Ezequiel Leão Jheimisson Sampaio Marcos Bravo COMERCIAL Consultores de Vendas Helena de Castro helena@znews.com.br Richard Faria richard@znews.com.br Nilson Nardi nilson@znews.com.br MARKETING E CIRCULAÇÃO Coordenadora Tatiane Sara Lopez tatiane@znews.com.br Consultor de Negócios Jeison Lima jeison@znews.com.br ADMINISTRATIVO Coordenadora Financeira Luciene Alves administrativo@znews.com.br
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32 MESTRES
Formando novas gerações
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ANUNCIARAM nesta edição
APOIO E PARCERIA
FALE COM A GENTE Nosso Endereço Rua Acarapé, 355 04139-090 - São Paulo - SP (11) 3585-0626 Receba a Reparação Automotiva, cadastre-se e mantenha-se atualizado sobre as últimas novidades e informações do setor automotivo. Atendimento ao Leitor contato@znews.com.br Os anúncios aqui publicados são de responsabilidade exclusiva dos anunciantes. As matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. Circulação auditada pelo
A revista Reparação Automotiva é uma publicação da ZNews Editora e Marketing, de circulação dirigida aos profissionais do segmento automotivo para contribuir com o desenvolvimento do setor.
Ampri 23 Automec 07 Corteco 11 Dana 12/36 Hella 27 King Tony 13 Meca Brazil 19
Motorcraft 02/35 NGK 09 Ranalle 21 Raven 25 Renault 31 Sincopeças 34 Urba e Brosol 29
ENTREVISTA
SAE BRASIL
OS REPARADORES DIANTE DO FUTURO DA MOBILIDADE
por Alexandre Akashi | foto Divulgação
O novo presidente da SAE fala sobre a “reinvenção” do setor automotivo nos próximos anos e como todas essas mudanças podem afetar as oficinas
O
engenheiro mecânico Mauro Correia, presidente do grupo Caoa, assumiu recentemente o comando da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), cargo que ocupará até o final de 2018. Terá pela frente uma série de desafios, a começar pelo novo posicionamento da indústria automobilística num mundo em grande transformação. Novas gerações com outros valores, veículos perdendo o status, os avanços da telemática e as formas digitais de se fazer negócios. As mudanças serão muitas e profundas. Ao longo da entrevista, Correia destacou que os reparadores seguirão tendo um papel fundamental no futuro, mas será preciso investir e estudar muito para não ficar para trás. 04 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
Reparação Automotiva - Os veículos estão cada vez mais sofisticados. De que forma isso pode impactar o trabalho nas oficinas? Mauro Correia - A tecnologia vai crescer muito mais. Para a minha geração, o veículo sempre foi um objeto de desejo, para os jovens de hoje é apenas um meio de locomoção. Para atendê-los, os novos conceitos de carros autônomos e compartilhamento de veículos vieram para ficar e trouxeram outra importante mudança: a eletrificação da frota. Como consequência, teremos muito mais eletrônica embarcada e com um nível de sofisticação muito elevado. RA - É uma mudança radical na forma como vemos o automóvel... MC - Sim. Em poucos anos, os usuários dos veículos buscarão muito mais uma forma eficiente para se deslocar do que o prazer de dirigir. Nesse contexto, o uso de motores elétricos controlados por avançados sistemas eletrônicos faz muito mais sentido do que a atual tecnologia dos propulsores de ciclo Otto ou Diesel. Essa realidade acabará chegando às oficinas em poucos anos, e os reparadores precisarão estar preparados. RA - De que forma? MC - Hoje, a equipe técnica de uma concessionária já precisa de conhecimentos avançados de eletrônica para fazer o seu trabalho da melhor forma. Sem o apoio de uma série de equipamentos de diagnose é impossível consertar determinados modelos. Por tudo isso, eu acredito que o reparador do futuro vai sujar muito menos a mão de graxa e vai digitar muito mais para identificar os reais problemas dos veículos.
RA - Então uma formação apenas em mecânica não será o suficiente? MC - Quem pretende se destacar no futuro terá de procurar, o quanto antes, uma sólida formação em elétrica e eletrônica, além dos conhecimentos de mecânica. RA - Como a SAE Brasil avalia o desenvolvimento tecnológico dos veículos nacionais? MC - Estão muito próximos do que é produzido ao redor do mundo. As nossas plataformas são globais, salvo raras exceções. As montadoras não têm condições de fazer investimentos monstruosos em engenharia para ter carros diferentes de um país para o outro. Atualmente, vários modelos nacionais têm direção elétrica, dupla embreagem, motor turbo e injeção direta. Não há uma grande distância entre nós e os outros mercados. RA - Mas a relação entre tecnologia e custo não é muito boa no Brasil. Isso não atrapalha a evolução da frota? MC - O custo impede uma popularização maior da tecnologia, isso é verdade. Hoje, por exemplo, não é todo mundo que consegue comprar um carro nacional com turbo e injeção direta. Mas por trás disso está o famoso “Custo Brasil”, e, a partir desse ponto, a discussão é política. Temos grandes adicionais sobre toda a cadeia produtiva, o que faz com que o veículo brasileiro se torne bem mais caro para o consumidor e o impeça de conhecer muitos avanços tecnológicos, mesmo quando estão disponíveis. RA - A SAE Brasil faz estudos sobre manutenção automotiva? MC - No desenvolvimento dos produtos, as montadoras pensam desde o início na reparabilidade.
A engenharia sempre avalia como trocar as peças do veículo de uma forma mais rápida e econômica. Para dar um exemplo, em muitos carros atuais os faróis contam com presilhas que tendem a quebrar e jogar a peça para trás em pequenas colisões. Quando o acidente não danifica a lente, é preciso apenas substituir esses suportes. RA - As montadoras também estão empenhadas em reduzir o número de revisões. Até onde isso pode evoluir? MC - Essa é uma busca constante. Ao vender um veículo, a indústria automobilística procura entregar o melhor em estilo, desempenho, conforto e confiabilidade. Ao distanciar as manutenções, o carro fica com o consumidor por mais tempo e gera uma despesa menor. Não podemos pensar apenas no valor de aquisição, hoje o mais importante é o custo da mobilidade ao longo de todo o ciclo de utilização do automóvel. RA - Um dia o carro será descartável como muitos eletrodomésticos? MC - Acho que essa realidade ainda está bem distante. Não é possível comparar um veículo com um micro-ondas ou celular. Os valores agregados e a vida útil dos produtos são muito diferentes. RA - Mas algumas manutenções já entraram para a história... MC - É verdade. Um motor flex moderno dura mais de 300.000 km facilmente, apenas com a manutenção básica. Para muitos proprietários, essa quilometragem pode corresponder a algumas décadas de uso. E, mesmo que esse propulsor precise de um reparo profundo no futuro, será muito mais fácil e barato trocá-lo por outro. REPARAÇÃO AUTOMOTIVA | 05
NOVIDADES
PRODUTOS E INFORMAÇÕES
MASTRA LANÇA NOVOS PRODUTOS
N
em sempre é possível resolver o problema do filtro de partículas de um motor diesel com o processo de regeneração. Pensando nisso, a Mastra acaba de lançar uma nova linha de filtros e catalisadores para picapes, vans
e pequenos caminhões. Um dos destaques é DPF da Volkswagen Amarok 2.0 (com um ou dois turbos). Outra novidade da marca é o conversor catalítico universal, indicado para vários modelos de utilitários.
APLICATIVO IDENTIFICA FALHAS EM ROLAMENTOS
M
uito conhecido entre os reparadores brasileiros, o catálogo de falhas Bearing Doctor, da fabricante de rolamentos NSK, passa a contar com uma versão digital, muito mais prática e completa. Numa primeira
fase, o aplicativo estará disponível gratuitamente no Google Play e na App Store apenas em inglês, mas será traduzido em breve. O formato tradicional, em PDF, continuará sendo publicado no site www.nsk.com.br
UNIVERSAL CRIA E-COMMERCE PARA OS VAREJOS DE AUTOPEÇAS
C
om seis diferentes marcas e uma ampla linha de produtos, o grupo Universal-Univel apresentou o primeiro sistema de e-commerce B2B (empresa para empresa) do mercado de reposição brasileiro. Voltada
ENFAUTO 2017 DÁ A LARGADA
N
os dias 17 e 18 de agosto, a cidade de Florianópolis sediará uma nova edição do Encontro Nacional e Feira do Conhecimento da Reparação Automotiva. Criado em 1998, o evento é promovido pelo
06 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
Núcleo Estadual de Automecânicas de Santa Catarina. Os empresários do setor interessados em participar podem conhecer todos os detalhes do evento e fazer a sua inscrição visitando o site www.enfauto.com.br
ao atendimento dos varejos de autopeças, a plataforma virtual não pretende substituir as vendas tradicionais. A meta principal da empresa é oferecer um canal complementar para agilizar a montagem dos pedidos.
INDICADORES
AUDATEC por Sérgio Duque | tabela Audatec
O ANO COMEÇOU DIFÍCIL MAS AS PREVISÕES SEGUEM POSITIVAS As montadoras esperavam uma reação mais rápida do mercado automotivo, o que ainda não aconteceu
A
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores esperava “virar a página” da crise logo no início do ano. Mas a previsão não se realizou. Em janeiro, o emplacamento de veículos novos foi 5,2% menor do que o registrado no mesmo período de 2016. Estimavam os analistas que a grande redução da taxa Selic, anunciada nos primeiros dias de janeiro, poderia dar uma maior confiança
ao mercado e alavancar o aquecimento da nossa economia. Passados dois meses, muito pouco aconteceu. UTILITÁRIOS - No meio de tantas más notícias, quem salvou o início do ano foi o mercado de pequenos utilitários, registrando um crescimento de 20,39% em relação ao primeiro mês do ano passado. Todos os outros segmentos tiveram quedas significativas.
LICENCIAMENTO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES SEGMENTO
RESULTADOS DE JANEIRO
% VAR.
PREVISÃO 2017
-7,51
1.800.000
18.424
20,39
300.000
4.346
-32,35
80.000
1.254
-43,62
25.000
2016
2017
Automóveis
121.399
131.253
Comerciais Leves
22.181
Caminhões
2.940
Ônibus
707
Motos
67.605
96.226
-29,74
900.000
TOTAL
214.832
251.503
-14,58
3.105.000
Fonte: Sindipeças
08 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
*Previsão: Audatec
Caminhões, ônibus e máquinas agrícolas continuam sofrendo com a falta de medidas econômicas de impacto direto, que incentivem a renovação das frotas. Mas, mesmo assim, devem reagir em breve, diante da previsão de uma nova safra recorde. Considerando todos esses cenários, a Anfavea se mantém otimista e, até o momento, não revisou as suas projeções para 2017. A expectativa da entidade é registrar um crescimento de 11,9% na produção, de 4% nos licenciamentos e de 7,2% nas exportações. Para conhecer em detalhes esses e muitos outros indicadores sobre o mercado automotivo, as empresas e entidades do setor podem solicitar um login e senha para acesso temporário no site da Audatec Marketing, no endereço www.audatec.com.br
GESTÃO
RECURSOS HUMANOS por Alexandre Akashi | foto Divulgação
FORMAR UMA EQUIPE É FUNDAMENTAL TAMBÉM NAS OFICINAS
E
Muito mais importante do que um prédio bonito e bem-equipado é o bem-estar de cada uma das pessoas que trabalham com você
m uma oficina, assim como em qualquer outro estabelecimento comercial, a gestão de pessoas é fundamental para o sucesso do negócio. Contratar um funcionário sem o perfil para a função ou não valorizar a sua dedicação no dia a dia é tão prejudicial quanto não ter clientes ou sofrer com alguma falta de estrutura.
OBSERVE - Sempre que houver um novo colaborador, o ideal é investir algum tempo para acompanhar o seu trabalho. Ao passar uma tarefa, observe se a pessoa tem desenvoltura para realizá-la. Também observe o seu relacionamento com a equipe. Nem tudo é perfeito desde o início, mas algumas tendências aparecem desde cedo.
PRÊMIOS - Um meio interessante de incentivar os colaboradores a trabalhar de uma forma rápida, assertiva e serem agradáveis com os clientes é criar algumas premiações. Parece coisa de empresa multinacional, mas não é. Na maioria das vezes, muito mais importante do que o valor do prêmio é o reconhecimento que ele representa.
SELEÇÃO - Você pode até não notar, mas os problemas geralmente começam na fase de recrutamento. Nas pequenas empresas, esse processo é geralmente conduzido pelo proprietário, sempre preocupado com vários outros problemas. Diante da urgência ou da carência, muitas vezes contratam qualquer um.
PRESSA - Esse é um dos maiores problemas do mundo atual: todos vivem correndo e sem qualquer paciência com os demais. Muitas vezes, um mecânico dedicado e caprichoso é acusado de “fazer cera”. Outros não recebem nenhum treinamento e, depois de errarem num conserto, são duramente repreendidos.
LIDERE - Existem muitas outras técnicas, mas o fundamental é entender as qualidades e defeitos de cada um, incentivar o espírito de equipe e, acima de tudo, sempre dar o exemplo. Lembre-se: quem trabalha satisfeito produz mais e passa essa felicidade adiante. A estrutura pode ser importante, mas as pessoas são essenciais.
10 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
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01
DICAS DE SUSTENTABILIDADE
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PRESERVAR O PLANETA
UM GRANDE DESAFIO PARA TODOS NÓS
Muito além de uma moda passageira, a consciência ambiental é uma questão de sobrevivência para a humanidade Durante séculos, o progresso foi a palavra de ordem. Os recursos naturais foram explorados ao máximo, até a sua exaustão. Como era de se esperar, esse modelo econômico se tornou insustentável. Os problemas ambientais começaram a surgir por todos os lados e, agora, está em nossas mãos garantir o futuro das próximas gerações. Grande consumidora de matériasprimas e responsável por uma parcela significativa da poluição, a indústria
A MA
RINDICA E OS U Q S I CA d os M
E
por Roberta Sodré
da mobilidade está se reinventando. Hoje, seja na produção de um avião ou um scooter, todos buscam o menor impacto ambiental. Os consumidores, muito bem informados, passam a escolher as empresas sustentáveis. As oficinas devem ficar muito atentas a essa nova realidade. Em pouco tempo, a gestão ambiental será um dos pontos decisivos para o sucesso do empresário da reparação. Basta lembrar que a legislação está ficando rigo-
rosa, começa a faltar água, a energia está cara e muitos clientes estão aderindo às causas ambientais. No início, o mais importante é ter boa vontade e criatividade. Não pense que a gestão ambiental é apenas um assunto para as grandes empresas e que exige investimentos milionários. Com muito pouco, é possível ajudar o planeta, gastar menos, gerar novas receitas, diferenciar-se da concorrência e ainda ampliar o movimento.
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CAPA
MODELOS DE NEGÓCIOS por Alexandre Akashi | fotos ZNews
ESPECIALISTA OU GENERALISTA? A GRANDE DÚVIDA DA REPARAÇÃO ATUAL Com a frota e a sociedade em constante transformação, escolher como atuar pode garantir o futuro da oficina
A
pós o falecimento do marido, Yoshio Wakabayashi, Rose Pignata decidiu manter vivo o sonho do reparador e tocar adiante a Dracena Auto Center, na cidade de Campinas, interior de São Paulo. O desafio é grande, porém Rose está confiante. “Temos potencial para superar todos os desafios”, destaca a empresária. Há dois meses, uma ideia iluminou sua cabeça. Ao conversar com um amigo, Rose descobriu que existe muito preconceito entre profissionais da reparação com relação 14 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
aos clientes homossexuais. “Sempre que ele precisa fazer a manutenção do seu carro, é tratado como um ser de outro planeta. Então, eu decidi apostar nesse público”, relembra. O primeiro cuidado foi treinar a equipe. “O cliente gay não precisa de atendimento especial e nem de uma oficina colorida. O importante é tratá-lo com respeito, sem risinhos, cochichos ou olhares preconceituosos”, explica Rose. Outro passo fundamental foi a divulgação, feita de forma discreta em locais frequentados pela comunidade LGBT.
GERAL - A exemplo de Rose, especializar-se em um tipo de consumidor, uma marca específica ou um sistema automotivo é a melhor solução para muitos empresários da reparação. Mas ter uma oficina de mecânica geral, como antigamente, ainda é um grande negócio. Por sinal, a maioria do setor segue trabalhando dessa forma. “A quantidade de serviço é maior, e o risco de ficar parado é bem menor”, pondera Claudio Cobeio, proprietário da CobeioCar. Trabalhando há mais de três déca-
das na capital paulista, o reparador já pensou em se especializar, mas nunca efetivou o plano. “Se eu virar monomarca posso jogar fora milhares de clientes”, avalia. MAZDA - Na década de 1990, Fábio Augusto foi o responsável pelo treinamento técnico da rede de concessionárias Mazda no Brasil. Quando a marca deixou o país, o reparador decidiu fundar a All Motors. Hoje, a empresa é uma referência nacional. Única no país dedicada à marca japonesa, chega a atender até outras oficinas. O empresário comenta que há vantagens e desvantagens em ser tão especializado. “Raramente pegamos serviços rápidos e simples. É sempre algum defeito complicado ou colocado por outro reparador que, por desconhecer a marca, mexeu sem saber e acabou piorando a situação. O melhor sempre fica com os outros”, explica. Mas, apesar da maior complexidade dos reparos, Fábio não se arrepende da escolha que fez. Nas instalações atuais da All Motors, em São Paulo, trabalham quatro pessoas: o dono, dois mecânicos e um gerente administrativo. Juntos, atendem cerca de quarenta veículos por mês.
Fábio é uma referência na linha Mazda
Cobeio não pensa em se especializar
EM CASA - Outro profissional que tem ganhado destaque na reparação automotiva é o “personal car”, que atende em domicílio e resolve qualquer problema: desde uma simples lavagem até acertos na documentação, manutenção preventiva e corretiva. Na capital paulista, Pedro Rogério Rodrigues da Silva é um dos mais conhecidos. Pedrinho conta que cresceu na oficina do pai, onde começou a trabalhar desde muito novo. Sempre que aparecia um socorro na casa de um cliente, ele ia fazer. Muitas vezes,
consertava o carro lá mesmo. Tomou gosto pelo atendimento em domicílio e montou uma oficina itinerante. Atualmente, estima que tem mais de oitocentos clientes ativos. Outra especialidade de Pedrinho é a manutenção de carros antigos. Alguns colecionadores contratam os seus serviços por semanas inteiras, para fazer a revisão de todo o acervo. Porém, segundo o empresário, atender veículos mais novos e multimarcas ainda é a prioridade, uma vez que representam cerca de 80% do seu faturamento.
Pedrinho também atende colecionadores REPARAÇÃO AUTOMOTIVA | 15
ESPECIAL
ZNEWS por Alexandre Akashi | fotos ZNews
INTERESSANTE E PRÓXIMA
REPARAÇÃO AUTOMOTIVA SE DESTACA NO SETOR Muito mais do que uma revista, a publicação está criando uma série de ações integradas para o mercado de reposição
A
s pessoas que trabalham no segmento automotivo costumam ser apaixonadas pelo que fazem. Além do alto nível de exigência, é preciso estar atualizado sobre duas áreas em constante mudança: a tecnologia dos veículos e o gosto das pessoas. Informar esse público, levando conhecimentos realmente úteis, não é nada fácil. A ZNews Editora encarou esse desafio em 2015, ao assumir a revista Reparação Automotiva. Trazia na bagagem toda a experiência e estru16 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
tura da ZMix, a agência que havia revolucionado o marketing da reposição, com resultados objetivos e o compromisso em promover a união de todos os públicos, das fábricas aos donos dos veículos. ATUAL - Ao contrário de muitas publicações, a Reparação Automotiva tem o compromisso de ser “a revista que muda com o reparador moderno”. Não tem medo de inovar, explorar novos caminhos, errar e corrigir o rumo. A partir da edição 98, rein-
ventou-se por completo para se tornar um dos veículos de comunicação mais interessantes do setor. Sua redação une jornalistas com grande experiência, profissionais que atuaram em indústrias de autopeças, donos de oficinas, professores universitários, especialistas em negócios e uma equipe de designers “antenada” com as novas tecnologias. Com a união de todos esses conhecimentos, é capaz de ir do passado ao futuro, da técnica à sustentabilidade ou da gestão aos indicadores de mercado.
AUDITADA - Hoje, a revista pode ser lida de várias formas. São 30.000 exemplares impressos com distribuição gratuita, 40.000 exemplares digitais enviados por e-mail, acesso livre ao conteúdo no site www.reparacaoautomotiva.com.br, aplicativo para celulares e tablets (Android e iOS), além de uma página no Facebook com atualizações diárias e conteúdos exclusivos. Para mostrar a seriedade do trabalho desenvolvido, a ZNews conta com o apoio de duas instituições de peso. O IVC (Instituto Verificador de Circulação) é responsável por auditar todo o processo de distribuição, e a editora também é a única do segmento filiada à Anatec, a Associação Nacional das Empresas de Comunicação Segmentada. PRESENTE - Outra meta da revista Reparação Automotiva é não ficar “presa” dentro de uma redação. Suas equipes estão sempre visitando as oficinas. Todos os meses, uma blitz é organizada em alguma parte do Brasil. Os profissionais recebem a revista e informes técnicos, ganham brindes e participam de pesquisas. Em complemento, a ZNews também criou uma iniciativa inédita: o Observatório da Reparação. Seus telepesquisadores estão em contato com centenas de empresários, em todos os estados brasileiros. Os dados coletados são usados para melhorar a publicação e promover ações de capacitação que sejam realmente úteis para o setor.
As palestras do projeto Reparação em Foco são um exemplo. No ano passado, foram realizados dois grandes encontros: em Fortaleza (CE) e Americana (SP). Abordando temas relevantes, com dicas que podem ser aplicadas de imediato nas oficinas, a iniciativa é um grande sucesso e terá novas edições ao longo de 2017. CHECK-UP - Para atingir todos os públicos envolvidos pela reposição automotiva, a ZNews também não poderia esquecer dos donos dos veículos. Nesse caso, uma das principais ações realizadas é o Check-up Solidário, promovido com o jornal Farol Alto. A meta é divulgar a importância da manutenção preventiva. Até dezembro, a iniciativa será realizada em diferentes cidades brasileiras. É uma ação em que todos ganham: os proprietários ficam conscientes do estado dos seus veículos, as equipes técnicas das fábricas reforçam os seus conhecimentos sobre a frota e ainda é feita uma arrecadação de alimentos para instituições de caridade. FUTURO - Mantendo o seu compromisso em nunca se acomodar, a revista Reparação Automotiva e a ZNews Editora continuarão repletas de novidades em 2017. Uma das próximas inovações será a presença em mais uma mídia, acompanhada diariamente por milhares de reparadores e motoristas, e outras surpresas chegarão em breve.
PARABENIZAMOS TODAS AS
Mulheres PELO SEU DIA!
NA OFICINA
MOTOR por Alexandre Akashi | fotos ZNews
O “DRAGÃO” TSI
DONOS RECLAMAM DA QUEIMA DE ÓLEO
O
Estão aparecendo nas oficinas vários motores “fumando” após rodarem cerca de 100.000 km, bem antes do que seria normal
s motores TSI da Volkswagen têm apresentado diversos defeitos nos últimos anos. O mais recente problema notado pelas oficinas é o elevado consumo de óleo. “Já encontrei vários carros relativamente novos com o nível do óleo pela metade e fumando”, afirma Marcelo Navega, dono da Navega Mecânica, em São Paulo. Segundo o reparador, o custo do conserto “espanta” a maioria dos clientes. “Para o motor 2.0, apenas os anéis custam R$ 6.000,00 nas concessionárias. Se for preciso trocar também os pistões, são mais R$ 12.000,00. Até agora, fiz apenas orçamentos desse tipo de defeito, ninguém aprovou a conta”, explica Navega. 18 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
MUITOS - Na oficina Auto Kaneko, também localizada na capital paulista, uma cliente decidiu fazer o reparo. O proprietário da oficina, Hiromi Kaneko Júnior, conta que o problema é grave e tem sido bastante comum. “O pior é que não é nada fácil encontrar todas as peças necessárias para resolver o defeito”, alerta. O carro reparado por Kaneko era um Passat 2.0 TSI 2011. Tinha pouco mais de 130.000 quilômetros rodados e, segundo informou a proprietária, era usado principalmente em estradas. “O motor estava com baixa compressão e apresentava um consumo de óleo inacreditável: queimava um litro a cada 200 km”, recorda.
COLADOS - Ao abrir o motor, Kaneko descobriu que os anéis dos pistões estavam “colados”. Na opinião do reparador, esse tipo de problema pode ser provocado pela baixa qualidade do nosso combustível. Na hora de comprar as peças, outra surpresa: para o mesmo número de chassis, existiam três modelos de anéis diferentes. Por sorte, como esse defeito tem surgido em muitos veículos com motores TSI, algumas empresas têm soluções prontas. “Ao final, acabei comprando os anéis na Retífica Sady. Mas, para ter certeza de que não traria as peças erradas, peguei todas as medidas dos anéis originais antes de ir até lá. Deu certo”, explica Kaneko.
O motor TSI usa várias medidas de anéis, é preciso ficar atento
Outro cuidado é fazer uma revisão em todo o sistema de correntes
DICAS AOS REPARADORES 1.
Antes de encomendar ou comprar os anéis, meça o diâmetro das peças originais;
2.
Os motores 2.0 TSI fabricados entre 2008 e 2011 têm apresentado defeitos nos esticadores das correntes de comando. Vale a pena verificar todo o sistema antes de remontar o motor no carro do cliente;
3.
O consumo elevado de lubrificante também pode ser causado pelo rompimento do diafragma da tampa de óleo. Atualmente, esse componente é encontrado no mercado de reposição, não é mais preciso trocar todo o conjunto;
4.
O coletor variável de admissão também costuma dar problema. Quando o acionamento dos flaps não funciona corretamente, a luz de injeção acende. O pior é que não há reparo, a única solução é trocar o coletor.
MECA
NA OFICINA
TRANSMISSÃO por Alexandre Akashi | fotos ZNews
JAC T5 CVT
CADA CÂMBIO TEM SUAS MANIAS O sistema de transmissão é uma grande fonte de reclamações nas oficinas, mas a maioria dos defeitos são características do projeto, como nesse caso
N
o final do ano passado, a JAC Motors apresentou ao mercado brasileiro o T5 CVT, o primeiro modelo da marca comercializado no Brasil com câmbio automático. Com um comportamento dinâmico bem particular, o SUV chinês agradou, mas também mostrou algumas restrições no uso cotidiano. Um ponto positivo da transmissão do T5 é a presença de seis marchas virtuais, que podem ser selecionadas por meio da alavanca, no 20 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
console central. Com este recurso é possível descer ladeiras íngremes somente com o freio motor. “Ao tirar o pé do freio, mesmo em uma subida leve, o carro inicia um movimento para frente. Não tinha visto esse recurso em veículos CVT, é muito interessante”, destaca o reparador Marcelo Navega. FALHAS - No entanto, há o que melhorar. Na saída, o carro costuma tremer e patinar um pouco quando
se acelera. “É um comportamento estranho, mas deve ser algum tipo de ajuste ou calibração do veículo. Não acredito que seja um defeito; provavelmente, é apenas o jeito do câmbio”, arrisca Navega. A partida em rampa também é sofrível. O motorista precisa pisar fundo no acelerador para iniciar o movimento. A situação piora quando o volante está esterçado. Em uma ocasião, ao tentar sair de uma vaga em subida, o T5 não arrancou.
Foi preciso voltar um pouco o volante, pisar no acelerador até o fim e, ao sentir movimento, desvirar as rodas progressivamente e, ao mesmo tempo, aliviar o pé do acelerador aos poucos, para que o carro não saísse em disparada.
De acordo com a ficha técnica do JAC T5 CVT, o motor 1.5 VVT desenvolve uma potência máxima de 127 cv a 6.000 rpm e um torque máximo de até 15,7 kgfm a 4.000 rpm. Pode ser realmente pouco para empurrar um veículo de 1.220 kg.
FORÇA - Mauricio Carreiro, especialista em transmissões automáticas, também avaliou o SUV. O reparador achou esse comportamento bem estranho e acredita que houve algum erro de projeto para a resposta do câmbio ser tão lenta. “A transmissão serve justamente para levar o torque do motor até as rodas. Pode ser que, em baixa rotação, essa unidade não seja capaz de desenvolver toda a força suficiente, ainda mais se considerarmos o porte do veículo”, comenta.
OFICINA - Casos como esse costumam complicar a vida dos reparadores. Quando passam a ser atendidos nas oficinas independentes, geralmente levados pelo segundo ou terceiro dono, esses veículos são considerados defeituosos. Muitas vezes, depois de passar dias procurando a falha e trocar várias peças, o profissional descobre que é uma característica do veículo. Um “defeito” presente em toda a linha, desde novos. É bom ficar atento e sempre consultar outros colegas.
A transmissão CVT do T5 tem prós e contras
A baixa potência do motor pode ser a causa
NA OFICINA
SUSPENSÃO
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NA OFICINA
FREIOS por Antonio Puga | foto Divulgação
O DOT CERTO É PRECISO FICAR ATENTO NA TROCA N
Apesar de parecer um produto sem grandes segredos, o fluido merece uma atenção especial na manutenção
a opinião de muitos especialistas, o fluido de freio deveria ser o primeiro item a ser verificado durante uma revisão. Além de ser um componente fundamental para a segurança do veículo, suas caraterísticas se alteram com o passar dos anos. “O fluido é higroscópico, absorve com grande facilidade a umidade do ar. Essa água acaba comprometendo o seu desempenho e diminuindo a vida útil de outros componentes, como borrachas e metais”, explica José Alberto Ferrari Gerenutti, da Federal Mogul. GLICÓIS - Até a década de 1940, o fluido de freio era formado basi24 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
camente por uma mistura de álcool com óleo de rícino. Era o conhecido DOT 2, uma abreviação do Department of Transportation dos Estados Unidos, que regulamentava o produto na época. Com a evolução dos veículos, foi preciso buscar fórmulas mais eficientes. Glicóis foram introduzidos com o objetivo de regular o ponto de ebulição do fluido. Assim, com o passar do tempo, vieram as especificações DOT 3, DOT 4 e DOT 5.1. DIFERENÇAS - A cada nova geração, o fluido de freio resiste mais ao calor e absorve menos umidade. Hoje, o melhor é o 5.1, com um ponto de ebulição ao re-
dor de 270 °C. Na troca, é possível usar o DOT 5.1 no lugar do 3 ou 4, mas nunca o contrário. “Mesmo assim, o mais indicado é consultar o departamento técnico do fabricante do produto antes de aplicar o 5.1 em veículos que não exigem essa classificação”, recomenda o engenheiro mecânico Francisco Satkunas, da SAE Brasil. DOT 5 - Além dos fluidos à base de glicóis, ainda existe o pouco conhecido DOT 5, que usa silicone em sua fórmula. “Esse caso merece muita atenção por parte dos reparadores. O DOT 5 é incompatível com as especificações DOT 3, 4 ou 5.1”, alerta Satkunas.
NA OFICINA
ELÉTRICA por Alexandre Akashi | foto ZNews
PARECE, MAS NÃO É REPARO SIMPLES DEIXA UM GRANDE PREJUÍZO
A
A troca do motor de um limpador de para-brisa é um serviço que pode ser muito simples ou virar um verdadeiro pesadelo. Depende do carro
lguns veículos escondem verdadeiras “pegadinhas”, a maioria de extremo mau gosto. Os modelos Citroën C4 e Peugeot 307, por exemplo, são conhecidos pelo seu grande para-brisa, que confere um charme especial ao design. Mas, na hora de fazer a manutenção, esse componente se transforma num problema igualmente enorme. Nesses carros, o mecanismo dos limpadores fica embutido atrás do vidro. Quando o motor elétrico resolve pifar, o eletricista automotivo se depara com uma situação inacreditável. Depois de remover uma grande quantidade de acabamentos plásti26 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
cos (da “churrasqueira”), sobra um espaço mínimo para o profissional tentar fazer a troca. “É nesse ponto que está a pegadinha. Quando eu tentei soltar o motor do limpador, a chave bateu no para-brisa e o vidro trincou. Deveríamos ter mandado um vidraceiro retirar a peça, mas resolvemos simplificar o trabalho e tudo se complicou”, conta Mario Takasi, proprietário da Autoelétrica Takasi, localizada na cidade de São Paulo. COMUM - Ao ligar na loja de vidros automotivos, Takasi descobriu que essas quebras estão acontecen-
do com uma grande frequência e a conta é pesada: cerca de R$ 1.000,00. Por sorte, o seu cliente foi compreensivo e o seguro do carro incluía a cobertura do para-brisa. O reparador precisou pagar apenas a franquia, no valor de R$ 300,00. “Eu aprendi a lição e alerto todos os colegas eletricistas para não correrem o risco de tentar fazer essa troca com o para-brisa no lugar. O melhor é explicar para o cliente a dificuldade do reparo e incluir no orçamento o trabalho do vidraceiro. A quebra do vidro, além do prejuízo financeiro, cria uma situação muito chata”, recomenda Mario Takasi.
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HISTÓRIA
VEÍCULOS ELÉTRICOS por Alexandre Akashi | foto Divulgação
UMA TECNOLOGIA DE VOLTA PARA O FUTURO
Atualmente, todos falam sobre as vantagens da mobilidade elétrica. Mas você sabia que, há mais de um século, a conversa era a mesma?
H
oje ninguém duvida de que os veículos elétricos estão “na moda”. Mesmo no Brasil, onde ainda são um sonho distante, grande parte dos motoristas gostaria de ter um. Os debates entre os que estão a favor ou contra a tecnologia já surgem até nas mesas de bar. O mais engraçado é que, por volta de 1900, a cena era igual.
Porém, com a expansão das estradas e a descoberta de grandes reservas de petróleo, a frota movida a gasolina tomou a dianteira. Eram fáceis de reabastecer e o combustível era quase de graça. O “golpe final” foi dado por Henry Ford. Com o início da produção em massa, o modelo T se tornou o automóvel mais barato do mundo.
EDISON - No início do século XX, principalmente nos Estados Unidos, carros, caminhões e ônibus elétricos chegaram a representar um terço da frota. A novidade contava com um “padrinho” de peso: Thomas Edison. O inventor criou a primeira bateria funcional de níquel-ferro. Muitas ainda geram eletricidade até hoje.
GURGEL - Em 1974, em plena crise do petróleo, o Brasil também contou com um inventor visionário. João Gurgel apresentou em Rio Claro, no interior de São Paulo, um pequeno carro elétrico, o Itaipu. Na época, o engenheiro falava em pontos de abastecimento nas ruas, frotas compartilhadas e chegou a criar uma bateria “tetrapolar”.
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Se Gurgel e outros pioneiros da época tivessem sido levados a sério, o Brasil poderia estar na vanguarda da tecnologia. Mas, como isso não aconteceu, seguimos quase na “contramão do mundo”. Atualmente, nossas maiores iniciativas são pequenas frotas experimentais de quadriciclos, carros, furgões, caminhões e ônibus, fabricados pela chinesa BYD e a francesa Renault. E, mesmo com todas as novas tecnologias inventadas em mais de cem anos, os benefícios e desafios da mobilidade elétrica seguem os mesmos. São veículos mais silenciosos, muito menos poluentes e baratos de manter. Mas apresentam problemas de autonomia, tempo de recarga elevado e um preço alto na hora da compra.
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MAIS COM MENOS por Alexandre Akashi | foto Divulgação
RECUPERAR ENERGIA
PARA AMPLIAR A EFICIÊNCIA DOS MOTORES Além do turbo, cada vez mais popular, os reparadores passarão a ver muitos outros sistemas de reaproveitamento energético
D
iante do aperto mundial nas leis sobre o consumo de combustível e as emissões de poluentes, além do avanço dos modelos híbridos, uma tecnologia está evoluindo rapidamente nos veículos leves e pesados: os sistemas de recuperação de energia. O mais famoso é o KERS, usado na Fórmula 1, mas existem muitos outros.
FREIOS - A frenagem regenerativa é mais comum em veículos híbridos e elétricos. Na prática, todo motor elétrico também é um gerador. Então, de uma forma bem simplificada, basta usar um controlador para “avisar” o motor que ele precisa agir como se fosse um gerador toda vez que o motorista para de acelerar ou pisa no freio.
TURBO - Uma grande tendência é a volta do turbo-compound, famoso nos antigos motores aeronáuticos a pistão. A ideia é usar o turbo combinado com outro sistema de aproveitamento de energia. Pode ser um motor elétrico acoplado ao eixo da turbina ou uma segunda turbina com engrenagens que ajuda a mover o virabrequim.
KERS - Sua grande vantagem é armazenar uma parte da energia cinética do veículo (relacionada ao movimento) sempre que o freio é acionado. Há duas formas principais de guardar essa energia: usando um disco de inércia, parecido com o volante do motor, ou gerando eletricidade para um banco de baterias.
EGHR - As unidades de reaproveitamento térmico dos gases de escape são utilizadas para acelerar o aquecimento do motor, do câmbio, do eixo diferencial e até do interior do veículo. Ao atingirem a temperatura ideal de trabalho mais cedo, esses sistemas funcionam melhor e colaboram com a economia de combustível.
Em comum, todos esses sistemas utilizam uma grande quantidade de eletrônica embarcada para gerenciar o seu funcionamento. Os reparadores precisam ficar atentos, manter-se atualizados e investir em novos equipamentos para o diagnóstico de falhas. Nos próximos anos, os veículos ficarão muito mais complicados.
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MESTRES DA REPARAÇÃO
CLAUDEMIR DIAS por Bruno Freitas | fotos Blog Faixa Exclusiva
APOSTA NA EDUCAÇÃO PARA TRANSFORMAR A VIDA DOS JOVENS Impulsionado pelo pai, o reparador acelerou na carreira e agora, com o filho e sócio, prepara as novas gerações
E
xistem algumas tradições que acabam se tornando uma marca de certas famílias. Na vida de Claudemir Dias, a mecânica automotiva esteve sempre presente. Quando era pequeno admirava o trabalho do pai. Depois sua paixão “contagiou” o filho. Atualmente, ambos repassam os seus conhecimentos para a juventude da cidade mineira de Contagem. 32 | REPARAÇÃO AUTOMOTIVA
Hoje a família Dias conta com quatro mecânicos. Tudo começou em 1968, quando o patriarca, Paulo Pedro, ingressou na fábrica da Ford em São Bernardo do Campo. Com a chegada da Fiat, a família se mudou para Minas Gerais em busca de novas oportunidades. Foi nessa época que Claudemir, então com 15 anos, e o seu irmão Paulo também entraram na profissão.
CRESCIMENTO - O primeiro emprego de Claudemir foi como mecânico de veículos pesados. Anos mais tarde, voltou para São Paulo, onde trabalhou nas concessionárias Fiat e Toyota. “Foi nessa época que alavanquei o meu conhecimento. Começavam a chegar os carros importados e a injeção eletrônica. Era tudo uma grande novidade”, recorda.
Paulo Pedro começou a tradição da família
Claudemir exibe com orgulho a sala de aula da sua escola de mecânica
O patricarca acompanhado pelo filho e neto
Ainda na década de 1990, o reparador voltou para Minas, convidado a trabalhar na área de pós-vendas da Fiat, onde o seu conhecimento cresceu ainda mais. “Trabalhando nessa área, eu tive acesso a toda a literatura técnica da marca e participei de vários cursos. Era o que eu precisava para crescer na profissão. Aprendi tudo o que era possível”, destaca.
as mais recentes tecnologias, como os câmbios automatizados ou a injeção direta de combustível.
EMPRESÁRIO - Em 2009, bastante conhecido no setor pela sua experiência, Claudemir decidiu abrir uma oficina em sociedade com o filho, a Junior Carros, com foco em eletrônica automotiva. Sempre dedicado a investigar e resolver os problemas mais difíceis, tornou-se uma referência na cidade de Contagem e região. “Ao longo da minha caminhada, sempre procurei compartilhar tudo o que sabia com os outros co-
legas de profissão, da mesma forma que aprendi muito com o meu pai, meu irmão, meu filho e outros amigos. É uma grande satisfação ajudar as pessoas a crescer e resolver os problemas dos clientes. Sozinhos não somos nada”, reforça. ESCOLINHA - Ano passado, em uma conversa com seu filho, Claudemir Junior, o reparador observou que poderia ir além. “Por aqui faltam especialistas em elétrica e eletrônica. Então, decidimos criar uma escolinha dentro da nossa oficina”, explica. Hoje, a iniciativa conta com o apoio da prefeitura e da ONG Juventude com Atitude. Os cursos são muito procurados por jovens em busca de uma primeira oportunidade de trabalho, além de reparadores interessados em desvendar os segredos da eletrônica. Os treinamentos vão desde os conceitos básicos até
MULHERES - A próxima meta de Claudemir é levar todo esse conhecimento técnico para o universo feminino. A ideia do reparador é criar um curso de mecânica automotiva em vários módulos, que possa atrair o interesse tanto das motoristas quanto das mulheres que querem trabalhar no segmento da reparação. “Depois de todos esses anos dedicados à profissão, está sendo uma grande alegria levar adiante esse projeto da escolinha. A cada turma formada, fico com aquela satisfação de que cumpri o meu dever. Estou passando algo de bom para a juventude e também retribuindo a todos aqueles que me ensinaram”, conclui o mestre Claudemir Dias. REPARAÇÃO AUTOMOTIVA | 33
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Aqui a gente costuma utilizar Spicer, coifas e homocinéticas. Vendemos bem. Eu uso Spicer, pois as peças encaixam bem. Você pega uma homocinética de outra marca, e sente a diferença, elas são mais leves. Agora pegando uma da Spicer, você sente que é mais pesada, mais robusta, confia que é algo para durar, que foram feitas para nossas ruas. Eu evito ter problemas, ter funcionários ruins, distribuidores ruins, e claro, peças ruins. Porque quando algo dá errado, acaba desmotivando o trabalho. Eu gosto e uso. Pra mim é Spicer.
Ed Carlos
Oficina QPneu - Vinhedo | SP
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