Ano XI
Nº 127
Março de 2016
vitória •
•
Revista da Arquidiocese de Vitória - ES
Pessoas são mais
importantes que tecnologias
Especial
Eleições
Reportagem
O Poder Judiciário é simples e pode funcionar muito bem. É apenas uma questão de inteligência
Escolher melhor os vereadores pode ser um bom começo de mudança na área política
Números, índices e dados escondem a face da crise pouco lembrada pela economia: as pessoas
editorial
Os humanos e o ‘progresso’
Maria da Luz Fernandes Editora
O Papa Paulo VI na encíclica Populorum Progressio escreveu que a Igreja é “perita em humanidade”. Talvez em outras épocas a frase pudesse soar como um enaltecimento à instituição, pois perito é aquele que entende tudo sobre um determinado assunto. Mas na era do Papa Francisco precisamos retomar essa frase e resgatar seu verdadeiro sentido: a Igreja é perita em humanidade porque em tudo aquilo que diz respeito aos humanos e sua dignidade ela sempre terá uma palavra e uma orientação para aquela situação. A Igreja avalia o progresso econômico, tecnológico e ambiental na perspectiva da pessoa e do Bem Comum. Esta edição da Revista Vitória traz algumas reflexões sobre isso. Tecnologia, economia, política, trabalho, desenvolvimento, meio ambiente e a vida dos humanos nesse contexto. Boa leitura! n
fale com a gente Envie suas opiniões e sugestões de pauta para mitra.noticias@aves.org.br anuncie Associe a marca de sua empresa ao projeto desta Revista e seja visto pelas lideranças das comunidades. Ligue para (27) 3198-0850 ou comercial@redeamericaes.com.br ASSINATURA Faça a assinatura anual da Revista e receba com toda tranquilidade. Ligue para (27) 3198-0850
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vitória Revista da Arquidiocese de Vitória - ES
Ano XI – Edição 127 – Março/2016 Publicação da Arquidiocese de Vitória
11
11
20
especial
espiritualidade
Comunicação
Uma questão de inteligência
A internet
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E-mail Marketing funciona?
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viver bem
diálogos
Benefícios da dança
O caminho da paz
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sugestões Desastre no Rio Doce vira música
08
micronotícias
Alimentos que ajudam a desintoxicar o organismo
12
ideias
15
Economia Política
17
pensar
33 eleições
cultura capixaba
39 arquivo e memória
Parque Moscoso
03 18
21
05 Atualidade
44 ecologia
editorial caminhos da bíblia “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5)
27
aspas “O bem viver espiritual e corporal: mens sana in corpore sano”
34
Reportagem Comportamentos perante a crise
40
Pergunte a quem sabe O que é a bandeira vermelha na conta de energia?
46
acontece
29
entrevista
Os movimentos sociais e a sociedade atual
32
Mundo Litúrgico Liturgias Pascais
42
ensinamentos
Consentimento: ato sacramental do matrimônio
Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispo auxiliar: Dom Rubens Sevilha • Editora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Letícia Bazet / 3032-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Marcus Tullius, Vander Silva • Colaboradores: Pe. Andherson Franklin, Arlindo Vilaschi, Dauri Batisti, Diovani Favoreto, Giovanna Valfré, Fr. José Moacyr Cadenassi e Vitor Nunes Rosa • Revisão: de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: wmrosa@redercres.com.br - (27) 3198-0850 Fale com a revista vitória: mitra.noticias@aves.org.br • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 Ilustrador: Richelmy Lorencini • Designer: Paulo V. Rocha /Albino Portella • Impressão: Gráfica e Editora GSA - (27) 3232-1266
Atualidade
Tecnologia e
(des)informação E stamos vivenciando um momento histórico na sociedade das invenções tecnológicas desenvolvidas pelos seres humanos. É simplesmente fantástico o processo de desenvolvimento da tecnologia que atinge todos os setores. Ao mesmo tempo em que admiramos esse desenvolvimento, ficamos preocupados com as consequências que esse avanço provoca no ser humano. É evidente que a tecnologia nos trouxe muitas novidades, muitos benefícios, muito espanto e admiração no campo social, político e científico. Por outro lado, trouxe problemas que têm afetado o homem em todos os sentidos. Vemos com muito espanto e preocupação o processo de
robotização do humano em todas as sociedades e de todas as faixas etárias. Quando estamos viajando de avião de um Estado para outro ou de um País para outro, mesmo que alguns não saibam, a tripulação de bordo já programou a rota da viagem. Viajamos em aviões cujos pilotos são computadores. Estaremos seguros? A ciência e a tecnologia já estão testando o carro que será dirigido totalmente por um computador robô, em que a função do proprietário será somente a de programar a rota que deseja percorrer. Deita-se no banco de trás, dorme-se e só se acorda quando chegar ao destino. Toda essa tecnologia, a que já existe e a que está a caminho, contribui para o processo de inutilização e nadificação
“Toda essa tecnologia, a que já existe e a que está a caminho, contribui para o processo de inutilização e nadificação do ser humano, destituindo-o de suas atividades de trabalho, tornando-o apenas um programador de máquinas”. revista vitória I Março/2016 5
do ser humano, destituindo-o de suas atividades de trabalho, tornando-o apenas um programador de máquinas. Estamos vivendo um novo momento social, em que transações comerciais são realizadas de maneira globalizadas, ao mesmo tempo, entre organizações e pessoas localizadas nos mais diversos cantos do planeta. As tecnologias evoluem com muita rapidez. A todo instante surgem novos processos e produtos diferenciados e sofisticados: telefones celulares, softwares, vídeos, computador multimídia, internet, televisão interativa e videogames. Gostaríamos de destacar, de modo especial, outro “brinquedinho” tecnológico que faz muito sucesso e traz benefícios entre os humanos, os GPS. Mas na realidade, eu pergunto: o que é o GPS? Certa-
Atualidade
mente você já deve ter visto por aí a sigla GPS – “Global Positioning System” que significa sistema de posicionamento global, em português -, provavelmente já usou ou viu alguém utilizando, já que esse tipo de dispositivo é cada vez mais comum em veículos, telefones e até mesmo câmeras digitais. As coordenadas são obtidas em tempo real de satélites e os dados podem então ser utilizados em uma vasta gama de serviços, de mapas e dispositivos de localização ponto a ponto (exemplo: GPS veiculares), passando por câmeras, redes sociais e muito mais. Quando falamos em GPS, o uso muito comum é o veicular e no smartphone. Ter preso no vidro do parabrisas um dispositivo capaz de localizar endereços e indicar como chegar até eles com precisão é como ter um co-piloto sempre pronto a ajudá-lo acertar o caminho.
Pode-se afirmar que o GPS é considerado, atualmente, a mais moderna e precisa forma de determinação da posição de um ponto na superfície terrestre. O receptor capta os sinais de quatro satélites para determinar as suas próprias coordenadas e depois calcula a distância entre os quatro satélites pelo intervalo de tempo entre o instante local e o instante em que os sinais foram enviados. Decodificando a localização dos satélites a partir dos sinais de ondas específicas e de uma base de dados interna, levando em conta a velocidade de propagação do sinal, o receptor pode situar-se na intersecção desses dados, permitindo identificar exatamente onde o aparelho se encontra na Terra. Tal tecnologia foi desenvolvida, inicialmente, para fins bélicos, durante a guerra do Golfo (19901991). Foi com base no GPS que os Estados Unidos orientaram suas movimentações aéreas, seus bombardeios e lançamento de mísseis. O GPS provocou uma mudança no comportamento das pessoas, ora favorece, ora complica a localização. A maneira mais comum para se chegar a algum lugar era a pergunta por aproximação (fica perto de quê?). Hoje a partir do endereço digitado no aplicativo, basta seguir a rota indicada e, na maioria das vezes, chega-se ao destino. Nem reparamos mais no revista vitória I Março/2016 6
ponto de referência ou no percurso realizado, sequer perguntamos ‘perto de quê?’. Confiamos no aplicativo, mesmo quando a rota sugerida nos faz girar muito além do necessário. Até quando o uso do aplicativo pode ser dispensado, tornou-se ‘moda’ utilizá-lo, como
um sinal de ‘estar conectado’. Pode-se afirmar que atualmente o uso do GPS está ao alcance dos diversos campos da atividade humana. O GPS é útil em praticamente todas as situações e profissões em que seja necessário obter uma localização precisa dos envolvidos, como trabalhos de exploração, expedições, dentro de mata ou cavernas, além de ser importante para praticamente todos
os veículos de voo ou navegação, permitindo aos tripulantes saberem exatamente onde se encontram, no céu ou no mar. A comunidade científica utiliza o GPS pelo seu
relógio altamente preciso. Durante certas experiências científicas, pode-se registrar com precisão de microssegundos quando determinada amostra foi obtida. Naturalmente, a localização do ponto onde a amostra foi recolhida também pode ser importante. Agrimensores diminuem custos e obtêm levantamentos precisos mais rapidamente com o GPS. Guardas florestais, trabalhos de prospecção e exploração de recursos naturais, geólogos, arqueólogos, bombeiros, todos são beneficiados pela tecnologia do GPS, que também se torna cada vez mais popular entre ciclistas, balonistas, pescadores, ecoturistas e aventureiros que queiram apenas orientação durante as suas viagens. Após essas considerações, onde procuramos mostrar as várias facetas de uso desta ferramenta altamente tecnológica, perguntamos: e aí, será que o homem conseguirá dominar os robôs- máquinas, obra da sua capacidade criativa ou as máquinas dominarão o homem tirando-o das suas atividades cotidianas? O criador será dominado pela criatura? Como fugir do encantamento que elas provocam? Esse é o desafio que o humano tem que enfrentar, será que venceremos? Quem viver, verá! n Otaviano A. Pereira Sociólogo
micronotícias
Para quem gosta de dormir no banco de trás do carro... A solução é um colchão inflável desenvolvido por uma fábrica chinesa. A novidade é totalmente adaptada ao banco traseiro do carro e se encaixa perfeitamente no espaço. É ideal para quem necessita tirar um cochilo durante a viagem para recuperar a energia ou para o acompanhante que gosta de dormir a viagem toda. Ainda não há legislação sobre o seu uso no Brasil. Portanto, valem as orientações para o uso do cinto de segurança.
Rede social como canal de reivindicações e soluções A questão de acessibilidade ainda é uma realidade bastante restrita no Brasil. As famílias que tem filhos portadores de deficiência encontram dificuldades quando precisam ir às compras. Diante da necessidade encontrada, uma mãe fez uma postagem em seu perfil no Facebook, sugerindo ao supermercado que provi-
Alimentos que ajudam a desintoxicar o organismo
denciasse carrinhos acessíveis, pois o concorrente já possui. A imagem teve milhares de compartilhamentos e o supermercado se pronunciou no seu perfil, afirmando que encaminhou o pedido para o setor responsável, e a demanda da cliente seria atendida.
Alguns alimentos favorecem a função do fígado, que é eliminar toxinas. Consumí-los diariamente ajuda a manter a saúde em dia. Entre eles estão alho, alho-poró, salsão, cebola, agrião, rúcula, couve, brócolis (e outros vegetais verdes escuros), coentro, gengibre, mostarda, cogumelos comestíveis, repolho, couve flor, nabo e rabanete.
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As ruas falam: intervenções artísticas para chamar as pessoas despercebidas Um grupo de publicitários paulistanos desenvolveu um projeto chamado #Unreadmessage (em português, ‘mensagem não lida’). A campanha chama atenção para mensagens de impacto social usando o espaço urbano para provocar, refletir ou propor um mundo melhor, utilizando os ícones de aplicativos de celular que elas convivem cotidianamente. “As pessoas estão acostumadas com os problemas e perderam o poder de questionamento. A nossa ideia é estimular o debate, fazer com que se questionem sobre os problemas e, quem sabe, tomar iniciativa”, explica o publicitário. Entre os temas destacados pela campanha, vale tudo o que, de alguma forma, expresse reflexão: campanhas contra a dengue, críticas à educação pública, ao lixo jogado na rua, Eduardo Cunha, lições de trânsito e dicas contra o machismo.
A língua da comunidade surda A Libras é uma língua oficial do Brasil A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é língua oficial desde 2002 e, de acordo com a lei, possui o mesmo status que o português. É uma língua completa (e não linguagem), com estrutura gramatical própria. Acessibilidade em Libras é obrigatória A Lei Brasileira de Inclusão (LBI), em vigor desde janeiro, promove mudanças significativas em educação, saúde, mobilidade, trabalho, moradia e cultura. Uma das conquistas importantes é o acesso à informação e aos serviços prestados por empresas ou órgãos públicos.
Cerca de 70% dos surdos não compreendem bem o português A grande maioria dos surdos no Brasil não tem uma boa compreensão do português, ou seja, não entendem ou têm dificuldades para ler e escrever. Por isso, dependem da língua de sinais para se comunicar e obter informação. A língua de sinais não é universal As línguas de sinais têm direito a regionalismos. Assim como temos aipim, macaxeira e mandioca, também há sinais diferentes para a mesma palavra dentro do mesmo país.
Surdo-mudo é um termo incorreto O termo surdo-mudo é incorreto e nunca deve ser usado. A pessoa ser deficiente auditiva não significa que ela seja muda. A mudez é uma outra deficiência e é raro ver as duas acontecendo ao mesmo tempo.
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Páscoa é vida nova
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Meditações diante da cruz Dom José Maria Pires R$ ,00
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especial
Uma questão de
inteligência
O
que é necessário para que o Poder Judiciário funcione bem? A resposta, antes de ser complexa, é absurdamente simples - espiritual, até. Qualquer criança a compreende, naquela sabedoria que somente a inocência proporciona. Começo pelas elites. Quando elas entendem de forma sincera, sem manifestações de hipocrisia expressa, que as leis devem ser para todos, e não apenas para os fracos e miseráveis, cria-se um ambiente de serenidade e o Poder Judiciário funciona bem. Quando as autoridades abandonam o conceito pequeno e mesquinho da “minha jurisdição” e do “meu poder”, a cooperação mútua é facilitada e o Poder Judiciário funciona bem. Quando os habitantes do mundo jurídico entendem que, antes de ser um sentido, cada lei tem um sentido, a ditadura dos preciosismos acaba e o Poder Judiciário funciona bem. Quando as pessoas entendem que “amplo direito de defesa” deve ser algo referente tão-somente à defesa de direitos existentes, e não à criação de direitos inexistentes, os processos são mais simples e o Poder Judiciário funciona bem. Quando os formadores de opinião criticam apenas os maus juízes e servidores, poupando a instituição, os bons não são desestimulados e o Poder Judiciário funciona bem. Quando os juízes e servidores compreendem o quão belo é o reconhecimento de um povo que precisa de Justiça, prestigia-se aquela palavra
simples chamada “ideal” e o Poder Judiciário funciona bem. Quando as pessoas compreendem que há uma ampla maioria de juízes e servidores que buscam o bem pelo bem, e os apoiam, os maus perdem importância e o Poder Judiciário funciona bem. Quando os demais poderes e instituições compreendem o quão importante é o império das leis, não há perda de tempo e energia com movimentos de desconstrução de imagens e o Poder Judiciário funciona bem. Quando os juízes e servidores percebem que as coisas da vida passam, e passam muito depressa, reina a humildade e o Poder Judiciário funciona bem. Quando as pessoas e os governos pagam o que claramente devem, ao invés de utilizar as leis como instrumento de rolagem de dívidas, o congestionamento de processos é reduzido e o Poder Judiciário funciona bem. Quando os habitantes do mundo das leis percebem e corrigem imediatamente qualquer distanciamento com o mundo real, este não se vinga ignorando aquele e o Poder Judiciário funciona bem. Finalmente, quando o Poder Judiciário funciona bem, a economia aumenta em US$ 100 bilhões, o volume de investimentos sobe 10,4%, a produção é elevada em 13,7%, a oferta de empregos é 9,4% maior e todos ganham. Todos nós. n Desembargador Pedro Vals Feu Rosa Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo
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ideias
Vozes É
interessante notar como as mentalidades polarizadas permanecem em evidência no Brasil. Não que todo mundo esteja preso a esses padrões de ser contra ou a favor, mas as coisas assim estão como a perpetuar a ideia de um país dividido. Claro que em grande parte isso decorre de uma mídia poderosa e plutocrata que tem grandes interesses em manter essas leituras binárias e afetadas. Dentre estas polarizações reaparece como um pano de fundo que se tece de muitos afetos e arroubos a discussão capitalismo versus socialismo, e se discute como se fôssemos os responsáveis pelo veredito final que passaria a valer para o mundo todo. De todo - é bom que se diga - essa discussão não é ruim. Mas melhor seria se as realidades nos forçassem o pensamento e nos levassem à discussão dos problemas ao invés de nos fazer reproduzir como “midiotas” “conteúdos” veiculados pelos detentores da comunicação, ou nos levar ao
que se levantam
desrespeito do outro porque ele defende ideias socialistas, como aconteceu com o Chico Buarque, numa tentativa inadmissível para os dias de hoje de controle ideológico. Plantam-se ideias empobrecidas que vicejam em conclusões tristes. Ou seja, a questão é apresentada ou como um socialismo que não deu certo - e que é identificado com Cuba - ou como um maravilhoso capitalismo - que se oferece em Miami. Cuba e Miami se tornam, engraçada e espalhafatosamente, nestes tempos de mentalidades binárias, em ícones desses dois e pobres lados que se alardeiam pelo Brasil afora. Vai pra cuba! Vou pra Miami! Para além das nossas querelas e discussões, vozes dissonantes se levantam apesar dos grandes muros protetores da economia mundial e do business e apontam para a urgência de novos horizontes para o mundo, novos olhares para a vida. Do Papa Francisco ouvimos reiteradas vezes o apelo à cons-
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radical: uma economia que funcione para os trabalhadores e não para os bilionários. Na verdade ele traduz para o mundo o que todos sentimos na pele: a economia que governa o mundo hoje funciona para favorecer uns poucos - bem poucos - que já detêm quase que totalmente toda a riqueza do mundo. Por enquanto são vozes, mas são vozes convocadoras. Amanhã poderão ser passos. Vozes encorajadoras como a do Papa Francisco, e instigadoras ciência. Não é mais possível seguir pelo mesmo caminho, é “Não se pode acreditar na “bondade” dos que preciso realizar mudanças no concentram poder econômico. O que vemos é a estilo de vida, de produção e espoliação do planeta, a falta de compromisso consumo. Ouvindo-o aqui e ali com a natureza e sua preservação. O rio doce podemos dizer: É preciso se está aí, destruído, como prova cabal”. contrapor ao domínio absoluto dos mercados e à especulação financeira. É preciso desdizer esse como a de Bernie Sanders, e surpreendentes como a enredo que afirma que as riquezas que o capitalismo do economista e ex-ministro das finanças da Grécia, produz também trazem justiça e inclusão social e Yanis Varoufakis, que afirma que o capitalismo vai bem estar para todos. Dados e realidades não condevorar a democracia. A seu modo, e fazendo eco a firmam isso. Não se pode acreditar na “bondade” tantas outras que se mesclam às suas, todos estão a dos que concentram poder econômico. O que vemos dizer: Basta. E basta porque basta. Outros mundos é a espoliação do planeta, a falta de compromisso não apenas são possíveis, mas já estão presente nas com a natureza e sua preservação. O rio doce está aspirações e corações de muitos. n aí, destruído, como prova cabal. Nos Estados Unidos, de Bernie Sanders, possível candidato à presidência do país, começamos a ouvir Dauri Batisti - com grata surpresa - uma ideia que ele chama de
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Economia Política
Qualidade do gasto
É
resses específicos da Vale sejam importante a participação melhor distribuição de renda e transferidos para projetos com de empresas no desenvolconhecimento. maior e melhor impacto social vimento de conhecimento A alocação de R$ 4 milhões e econômico. Essas qualidades voltado para inovações. São elas por parte do governo estadual são encontradas, por exemplo, que se submetem às incertezas para o desenvolvimento de prono apoio a 38 micro e pequenas inerentes à produção de coisas jetos nas áreas de logística, meio empresas brasileiras e sediadas novas ou de coisas velhas de ambiente e pelotização pode conno Espírito Santo, visando o forma nova e, por isso, são boas tribuir para a articulação entre desenvolvimento dos setores interlocutoras para quem se dedicentros de pesquisa no Espírito econômicos considerados esca a avanços tecnológicos. Santo e no Rio de Janeiro. A tratégicos – energias alternativas, Também relevante é a intequestão é que o detalhado anexo biotecnologia e meio ambiente, ração entre quem produz e quem que compõe o acordo entre Vale usa conhecimento de tal forma que os avanços “O fomento é voltado para projetos de inovação tecnológicos levem em que envolvam risco tecnológico. Com os recursos conta o saber sistemaque estão destinados à Vale, esse fomento tizado e aquele que é tácito a pessoas ou orga- poderia ser ampliado para buscar maior nizações. Fomentar essa articulação entre empresas de menor interação entre agentes porte e centros de pesquisa no estado”. que respondam a lógientre outros. cas distintas, como é o caso de e os dois estados, deixa claro O fomento é voltado para pesquisadores em universidades que os projetos estão dirigidos projetos de inovação que envole empresas, pode ser tarefa de para interesses específicos da vam risco tecnológico. Com os agentes tanto na esfera goverempresa. recursos que estão destinados à namental quanto privada. Por um lado, a Vale há Vale, esse fomento poderia ser O incentivo para que haja muito acumula dívidas sociais e ampliado para buscar maior artimaior articulação entre centros ambientais com o Espírito Santo. culação entre empresas de menor de pesquisa e empresas, muiEntre essas, o histórico pó preto porte e centros de pesquisa no tas vezes vem sobre a forma de na Grande Vitória e o desastre estado. alocação de recursos governaambiental ao longo do rio Doce e Vale repensar o acordo Gomentais. Como são públicos, da costa capixaba. Por outro, em verno do Estado/Vale. n é importante que sejam gastos tempos de crise há uma tendência em projetos com maior retorno a diminuir verbas para pesquisas. Arlindo Vilaschi social como a geração de noPor isso, é recomendável que os Professor de Economia e Coordenador vos negócios, mais empregos e recursos carimbados para intedo Grupo de Pesquisa em Inovação e Desenvolvimento Capixaba da UFES
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espiritualidade
A internet O
universo da internet (“amigos”) que estão nas redes e suas consequências sociais. Os contatos on-line são ainda são uma novidasemelhantes às pessoas conhede para o mundo e, sobretudo, cidas que cruzamos na calçada para a Igreja. Sendo a internet e fazem de conta que não nos fruto da inteligência humana viram. criada por Deus, ela está tam A internet será cada vez bém no plano do Criador. mais um instrumento maraviTalvez a internet seja a mais lhoso do ser humano e provorevolucionária das atuais incará na Igreja constante convervenções humanas. Os desdosão pastoral. Contudo, alguns bramentos na vida prática e na valores como a fé em Deus, a mentalidade das pessoas são família, o amor, são tão infiinimagináveis. Provavelmente, nitos, que jamais caberão nas quase tudo irá funcionar através pequenas telas digitais. A Igreja dela. “A internet será cada vez mais um instrumento A meu ver, um dos principais maravilhoso do ser humano e provocará na efeitos positivos Igreja constante conversão pastoral”. da internet é nos tornar mais humilleva à curiosidade ou mesmo à precisa estar nesses ambientes des. O nosso orgulho intelectual perda de tempo. Daí o tempo com os valores e princípios desaparece e ficamos humilhaparecer passar velozmente, a que defende e a caracterizam. dos diante da simples página de velhice chegar mais rápida, a Para a Igreja o mais importante busca do Google. Desapareceu morte mais próxima; e o ser será sempre o ser humano e não a pessoa considerada uma “inhumano cada vez mais ansioso os maravilhosos aparelhos da telectual-enciclopédia”. Daqui e deprimido. informática, que são simplespara frente o homem vai ter que Outra característica da inmente instrumentos que devem começar a pensar profundamenternet é acabar com a hipocrisia ajudar a humanidade a ser cada te sobre aquelas coisas que o dos relacionamentos sociais. dia melhor. Enfim, estar conecGoogle não consegue responder. A internet está purificando as tados é uma coisa, mas estar Creio que a internet fará o hoamizades reais que, de fato, unidos em fraternidade é outra mem voltar-se para a busca do são poucas. Um pesquisador coisa! n essencial, cansado da enxurrada afirmou que nos interessam sode informações úteis e inúteis mente três ou quatro contatos que, na maioria das vezes, só o Dom Rubens Sevilha, ocd Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória
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Foto: Marcus Tullius
pensar
Na Abertura da Campanha da Fraternidade, a lama que “matou”o rio Doce foi deixada na porta do Palácio Anchieta como pedido de ajuda para as comunidades afetadas. revista vitória I Março/2016 17
caminhos da bíblia
“Eis que faço novas todas as coisas” Ap 21,5
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U
ma das grandes preocupações do tempo presente é a questão ecológica, principalmente diante das implicações desastrosas do desmedido descaso com a natureza e a sua sobrevivência. O Livro do Apocalipse, muitas vezes mal compreendido, nos oferece uma visão do cosmos bastante pertinente e, mais ainda, indica a relação de Deus com a sua obra e o papel do homem no plano da criação. Em primeiro lugar, o autor do Apocalipse vê o cosmos não como um conjunto de belezas, de forma poética e abstrata, nem mesmo o vê a partir de sua gran-
deza. Ele vai além disso: o autor propõe uma visão do cosmos no qual percebe a presença de Deus na obra da criação. Neste caso, ao olhar para o cosmos, o autor consegue intuir qual seria o ponto de chegada, a plenitude que toda a criação é vocacionada a alcançar. Sendo assim, a criação não é um fato realizado, já terminado, mas, em caminho, em dinamismo de desenvolvimento, crescimento e plenificação. Todos os elementos cósmicos são apresentados em valências e significados que estão para além dos naturais no Apocalipse: desde o sol, a lua, as estrelas, o mar, a terra e o céus. Assim, todas as vezes que o autor nos propõe o movimento das bases desses elementos, toda a catástrofe e toda a mudança cósmica, deseja indicar esse constante movimento presente no cosmos. O sentido dessa dinâmica está na compreensão de que foi Deus quem criou o mundo, mas, em certo sentido, todo o universo ainda está sendo criado. A sua ação contínua no mundo indica a sua presença na história humana, ao mesmo tempo que demonstra o seu
desejo de envolver o homem nessa transformação gradual do criado. Um segundo elemento importante na visão do autor do Apocalipse sobre o cosmos é a relação entre a salvação de Cristo e todo o universo criado. Deus constantemente atua no mundo e continua a sua criação no desenrolar da história, da mesma forma acontece com Cristo, isto é, a presença do Ressuscitado se faz sentir na história renovando-a a partir de dentro. No Apocalipse muitas vezes encontramos o adjetivo “novo”, que não significa somente o trocar algo velho por algo novo. O significado desse adjetivo é ainda mais profundo, isto é, indica a substituição do velho por algo melhor. Ou seja, o novo indica a plena realização, a maximização total, a plenitude da obra criada por Deus. Sendo assim, fica claro que a presença de Cristo junto desse movimento contínuo de renovação e plenificação do cosmos é bastante sentida no texto do Apocalipse. No texto de Ap 14 encontramos a descrição da presença do Cordeiro e de sua vitória diante
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das forças do mal, nesse mesmo momento também encontramos a expressão: “e cantavam um cântico novo” (Ap 14,3). É Cristo esse canto novo, um canto que espelha a vitalidade de Cristo Ressuscitado, Aquele que traz a novidade de Deus, o novo céu e uma nova terra. Em outras palavras, a assimilação dos valores e da presença de Cristo é a grande novidade para um mundo que anseia pela sua renovação. Pois, a humanidade absorvendo os valores de Cristo é renovada e transformada pelos valores do Evangelho e torna-se comunicadora dessa novidade. Nesse caso, não é somente uma novidade comunicada ao mundo dos homens, trazendo-lhes um nome novo (Ap 2,17), mas junto desta todo o cosmos é renovado. Já que os homens e mulheres imbuídos do novo de Cristo seriam capazes de contemplar a beleza da criação, tornando-se comprometidos na defesa e cuidado dessa casa comum. n Pe. Andherson Franklin, professor de Sagrada Escritura no IFTAV e doutor em Sagrada Escritura
Comunicação
E-mail Marketing
E
funciona?
xiste uma grande diferença entre o e-mail marketing e os e-mails não solicitados, conhecidos também como spam. Enquanto o primeiro é uma poderosa ferramenta de marketing criada para melhorar o relacionamento do cliente com a empresa, o segundo enche a sua caixa de entrada e lixo eletrônico com propagandas de remetentes desconhecidos e que você nem faz ideia de onde conseguiram o seu contato. Recentemente, assisti um vídeo produzido pela Hapstance Films que aborda a questão dos e-mails indiscriminados que recebemos. De uma forma muito bem-humorada The Inbox imagina como seria na vida real, se a nossa casa fosse invadida por versões personificadas de e-mails e spams indesejados. Dentre os invasores podemos identificar aquele e-mail dizendo que você ganhou um grande prêmio, tem também aquele que pede algum tipo de ajuda para uma ONG inexistente, além daquele que foi “enviado” por
um conhecido seu e que acabou hackeando a sua conta. E essa é realmente a sensação que temos quando vemos um monte de mensagens indesejadas na nossa conta de e-mail, que a nossa privacidade foi invadida. Cada vez mais as informações que você deixa como rastro na internet são coletadas e comercializadas por empresas de maneira indiscriminada. Por isso tome bastante cuidado onde você fornece o seu e-mail, as vezes um blog ou uma página que pede o seu cadastro pode ser uma isca para conseguir o seu contato. Dentro desse cenário os EUA se destaca como o país que mais enviou spam e o Brasil aparece em décimo nesta lista. O primeiro ponto que deve ser abordado sobre o e-mail marketing é que ele deve ser requisitado pelo cliente. Por exemplo, se eu gosto muito dos produtos de uma empresa, mas não consigo acompanhar as novidades criadas por ela, uma das soluções é assinar uma lista para que ela me envie essas informa-
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ções. Lembrando sempre que eu posso cancelar essa assinatura a qualquer momento. Esse é o conceito do e-mail marketing, fornecer informação relevante e de qualidade para um público interessado no assunto. Os profissionais de marketing chamam esse processo de Opt-in, que é quando as pessoas consentem em receber a comunicação de uma empresa fornecendo o seu endereço de e-mail. Essa prática, quando realizada com ética e transparência, pode funcionar muito bem e pode ter os seguintes resultados: a mensuração da sua campanha, sabendo quantas pessoas abriram e clicaram no seu e-mail; você envia para um e-mail sabendo que pode ter um retorno do cliente, já que ele solicitou esse tipo de comunicação e um ponto muito importante é que você qualifica a sua audiência, pois, a princípio, todos estão interessados naquele assunto. n Felipe Maciel Tessarolo Publicitário e professor universitário
PASSEIO
sugestões
Circuito do Chapéu
LEITURA
“O nome de Deus é misericórdia”
Localizado na região serrana do Espírito Santo, município de Domingos Martins, o Circuito do Chapéu oferece muitas opções para quem deseja passar um final de semana com atividades diferenciadas. Um atrativo é a maior tirolesa do estado, situada no Sítio dos Lagos. O percurso oferece ainda paisagens fascinantes e a famosa tilápia. Mais informações no site www.domingosmartins.es.gov.br
O jornalista Andrea Tornielli entrevistou o Papa Francisco e a conversa se tornou um livro intitulado “O nome de Deus é misericórdia”. Na obra, além de contar as suas motivações para convocar o Ano Santo da Misericórdia, o papa partilha fatos que marcaram a sua vida pastoral como padre e bispo na Argentina. Com a linguagem clara e simples, o pontífice se apresenta como pecador abraçado pela misericórdia de Deus e convida a humanidade a fazer esta experiência. O livro se encontra à venda pela internet e nas principais livrarias.
clipe
Desastre no Rio Doce vira música
Espetáculo
O Canto das Írias
No dia 1º de abril, à s 19h30, da Penha na Prainh , a comun a, durante id ade Shalo a Festa “O Canto m aprese das Írias”. nta o esp A p etáculo eça apre atual da senta um transform a concep ação do s seu dista ção er human nciamen o em rela to com D conhecer ç ã o ao e u s. O hom novos m e m co m e undos, n viver. Nes ç o aa vas vidas sas desco , novos m bertas, ele e que criou io s de e s quece qu o maior d e existe a e todos o lg u é m s bens: a vida.
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Música e apelo social. A mistura do Forró de Falamansa e o rap de Gabriel O Pensador fez brotar uma música chamada “Cacimba de Mágoas”, que retrata a tragédia ocorrida no Rio Doce, em novembro de 2015. O projeto é uma parceria do instituto Últimos Refúgios e do Instituto O Canal para ajudar as famílias ribeirinhas atingidas pelo desastre de Mariana. Cada visualização do vídeo se transforma em uma doação para promover obras sociais comunitárias. Para assistir, basta buscar no youtube pelo nome da música.
viver bem
Benefícios da A
dança apareceu na minha vida desde a infância. Então, há um bom tempo sei o quanto a dança me fez e faz bem. Como sei? Quando me perguntam sobre a dança digo que não consigo expressar em palavras o quanto ela me ajudou a entender sobre o que é ser feliz ou sobre felicidade. Eu simplesmente a sinto. Constantemente me dando motivos para dizer: sou feliz! No início ela era apenas uma brincadeira, uma forma de passar o tempo, era um projeto social que eu participava em uma escola da rede pública de ensino e hoje trilho uma carreira profissional envolvida pela atmosfera da dança, sou professor de educação física e de expressão corporal também. Ver os sorrisos dos meus pequeninos alunos da educa-
ção infantil durante a aula é muito emocionante. Ao vê-los bem e a vontade para brincar com a expressão corporal e a dança percebo a essência desta linguagem corporal e a importância deste conteúdo para a formação de qualquer ser humano. A dança move o corpo e permite a percepção do que sentimos, isso é mágico, não tem explicação. Quando danço estou expressando um estado de espírito, uma vontade do meu eu de aproveitar da melhor forma todo o sentimento presente no momento. Durante minha formação inicial tive a oportunidade de dançar em festivais folclóricos nacionais e internacionais com pessoas de culturas diferentes. Apesar das nossas diferenças, a socialização sempre foi cheia de alegria, empatia, respeito e amor. Sentia-me muito bem,
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marcou minhas memórias, foi inesquecível. Encontrei-me como pessoa na dança. Ela me dá a esperança de um mundo melhor, ela é a ludicidade da vida. Com a dança tudo é positivo, tudo é promovido para o bem estar de quem se envolve no ritmo. A dança, esta arte que transforma a vida em poesia, me permitiu o encontro com um lugar maravilhoso, cheio de pensamentos bons, de união, de amor, de paixão, de criatividade, de diversidade. Também por ela, encontrei uma artista, Cristiane Silveira, minha mãe na dança, idealizadora de sonhos e responsável pelos laços de amizades intensamente fortes que já pude ter na minha vida. Toda essa vivência na dança e com a dança me permitiu olhar para o lado bom da vida. Fecho os
dança olhos, ouço a música, lembro as coreografias e me permito ter as melhores sensações que existem. Assim me sinto completo e feliz! Sou feliz porque conheci pessoas maravilhosas, porque posso sempre superar meus limites. A dança faz bem em todas as dimensões – física, psicológica, afetiva e profissional – e para pessoas de qualquer idade. Só consigo ser grato a essa arte quando estou dançando. Essa semana li algo em uma rede social: “Se todos soubessem os incríveis benefícios que a dança promove... ahh, o mundo inteiro dançaria!” Concordo plenamente, curti, claro! n Patrick Gabrielli Alves Licenciado em educação física
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diálogos
Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc. • Arcebispo de Vitória ES
O caminho da paz
H
á poucos dias ouvi uma pessoa preocupada, desanimada à beira da decepção que dizia: “Como entender essa triste situação mundial, e, mesmo local, onde acontece tanta violência? Leio os jornais e vejo tragédias nas famílias, balas perdidas, acidentes causados pelo excesso de bebidas alcoólicas, assassinatos de mulheres. Ligo a televisão e vejo a tragédia dos imigrantes caminheiros em busca de vida porque onde resi-
diam tornou-se espaço das bombas lançadas por países ricos e por grupos revolucionários. Não há espaço para viver em paz”! Os olhos desta pessoa brilhavam entre lágrimas sinceras de angústias e perguntas... Como manter a fé diante de tanta crueldade humana? Participo da mesma dor. Muitas interrogações me vêm à mente e atingem o meu coração. Contudo, penso que o método usado em busrevista vitória I Março/2016 24
ca da paz ou da justiça não produz o efeito desejado. Ódio gera ódio. Guerra gera guerra. Vingança gera vingança. Este método destruidor em busca da paz ou da justiça é o método de Caim que matou Abel, o método de Herodes matando crianças inocentes. É a expressão do pecado no coração da pessoa humana. Ou de um grupo de pessoas ou de um país. Não se conquista a paz pela guerra, pela destruição do outro. A causa de todo esse horror de violência vem do coração humano, preso e dominado pelo mal. Seja o assassinato de uma
pessoa, de um grupo, de uma nação sobre outra tem a mesma origem: o coração humano. Jesus já nos ensinou o método eficiente para conquista da paz. Jesus já deu início à revolução da verdadeira paz. É o caminho do Amor! Contemplemos o fato do nascimento de Jesus: Ele veio como pequeno e fraco, não violento. Qual foi o seu comportamento em pleno império romano? A não violência através da misericórdia, o carinho com os que sofrem e com os abandonados. Qual foi o seu comportamento na cruz morrendo aparentemente como um fracassado? “Pai perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”. Toda a vida de Jesus foi uma vida na verdade, na humildade e não violência. Ele fundou a Igreja figurada numa pequena barca com poucos discípulos que sofriam desesperadamente achando que a barca ia afundar. Antes, Ele havia ensinado as multidões da barca e, naquele momento, estava descansando, dormindo na barca. Foi acordado pelos discípulos medrosos e desesperados, mas a barca não afundou. Na mesma barca, a de Pedro, depois dos discípulos terem feito os maiores esforços para pescar algum peixe e não tendo conseguido, Jesus ordena a Pedro que lance as redes ao mar. Pesca milagrosa! Pedro obedeceu ao mestre. A barca ficou repleta de peixes e precisou de ajuda de outra para carregá-los. Pois bem. O sentimento de desânimo não pode abater o discípulo. Ele precisa sim, ter consciência de que sozinho não conseguirá nada, porque revista vitória I Março/2016 25
“A fé de Abel é mais forte que Caim, A fé do menino Jesus é mais forte que Herodes. A Esperança é aquecida pelo Amor, a Fé é comprovada no Caminho do Amor”.
o Tempo e a Hora são de Deus! Cabe ao discípulo acolher o método de Jesus agindo sem violência, agindo com amor, a partir do seu coração. Você vai contribuir com a paz e o perdão a partir do seu coração, de sua família pacificada pelo Amor, de sua Comunidade Eclesial. Este é o caminho do pequeno menino Jesus que derruba os poderosos. Penso e estou convicto de que os grandes problemas, as enormes tragédias que estão aos nossos olhos não podem atingir o nosso coração porque este é lugar da esperança. Choramos, sim, por tanta miséria, mas cremos na vitória do Amor. O Tempo é de Deus! A Hora é de Deus! Cabe-nos colaborar com o Tempo e a Hora de Deus! Para isto é preciso ter fé que transporta montanhas e vence a guerra, fé de Abel que é mais forte que a de Caim, fé do menino Jesus que é mais forte que Herodes. A Esperança é aquecida pelo Amor, a Fé é comprovada no Caminho do Amor. n
São José,
Declarado Patrono da Igreja pelo Papa Pio IX, São José foi escolhido por Deus como patriarca da família de Nazaré. Os livros Rezando com São José, Resgatando a devoção na piedade popular e São José: o lírio de Deus homenageiam o esposo de Maria e o trazem mais para perto de todos os seus devotos.
Patriarca da fé
Nos passos de São José Luiz Alexandre Solano Rossi 72 páginas
Rezando com José
São José, o lírio de Deus Resgatando a devoção na piedade popular Padre Jerônimo Gasques 136 páginas
Novena Padre Antônio Lúcio da Silva Lima 144 páginas
PAULUS Livraria de Vitória-ES Rua Duque de Caxias, 121 Centro – CEP.: 29010-120 Tel.: (27) 3323.0116 vitoria@paulus.com.br
aspas
O bem viver espiritual e corporal: mens sana in corpore sano
A
frase em latim indicava na antiguidade que na oração devia-se suplicar a saúde física e espiritual. E nestes tempos de quaresma, é bom pensar isso no contexto da prática do jejum. A Bíblia nos ensina que o jejum implica em um ato de humildade diante de Deus (Es 8, 21), que não seja para ficar se mostrando para todo mundo que se está jejuando (Mt 6, 17); que seja a ocasião para a soltura das ligaduras da impiedade, a libertação dos oprimidos, a partilha do pão com aqueles que estão com fome e a acolhida dos pobres abandonados (Is 58, 6). Pelo que está escrito, o bem viver bíblico remete sempre ao reconhecimento das necessidades do outro e não apenas ao bem estar pessoal e individual. Ao mesmo tempo, o jejum aparece em mais textos bíblicos como prática de
preparação dos discípulos para as difíceis tarefas e ministérios, uma forma de renovação das forças espirituais. A prática do jejum está presente nas diversas tradições religiosas e os sentidos se misturam. No judaísmo, o principal jejum acontece no dia do perdão (Iom Kipur): expressa a transparência da pessoa perante Deus e implica uma reavaliação da própria vida. No budismo, ele aparece como momento de purificação espiritual e corporal. O bem viver não dissocia corpo e espírito; assim, o jejum deve atender às duas dimensões da pessoa. Entre os muçulmanos, esta prática está presente desde o século VII d.C. e se constitui em um dos cinco pilares desta religião. Deve ocorrer durante todo o mês de Ramadã, do nascer ao pôr do sol. Inclui a abstinência de comida, bebida inclusive água, sexo e álcool; à noite, a alimentação moderada, acompanhada de orações. Indica também um tempo de purificação física, mental e espiritual, bem como a prática da solidariedade com os mais necessitados.
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Na medicina a prática do jejum aparece antes das cirurgias quando a pessoa deve permanecer sem alimentação no mínimo oito horas; em alguns exames a mesma prescrição está presente. Uma pesquisa realizada no Centro Médico Intermountain, em Utah (EUA), sugere a abstenção de comida, de vez em quando, em vista do bem do coração e da saúde de todo o corpo. Estaríamos já em tempos de recomendação médica da dieta do jejum? Ainda é preciso acrescentar esta prática como parte do movimento ascético. O líder indiano M. Gandhi recorria à prática de longos jejuns em vista da luta pela libertação da Índia. Morreu assassinado quando estava no 17º dia de jejum. São Francisco de Assis chegava a realizar jejuns durante a quaresma inteira, como fonte de vida espiritual. Parece que a tendência é de se ter um cuidado maior com o corpo em detrimento do penitencialismo, e o jejum representa uma ação em vista de um bem viver corporal e espiritual. n Edebrande Cavalieri Doutor em Ciências da Religião e professor da UFES
entrevista
Letícia Bazet
Os movimentos sociais e a sociedade atual O padre Kelder Brandão faz uma análise sobre o que aconteceu com os movimentos sociais ao longo das últimas décadas e afirma que as instituições precisam se ressignificar para continuar se comunicando com a sociedade
vitória - O senhor considera que os movimentos sociais estão em crise? Pe Kelder - A sociedade está passando por mudanças profundas estruturais e isso faz com que todas as instituições sejam redimensionadas ou ressignificadas. E para isso a gente precisa se auto compreender. A humanidade está vivendo um momento muito rico de transformação e claro que os movimentos sociais não poderiam estar incólumes a essa situação, então não diria que estão em crise. vitória - Houve algum mo-
mento específico em que estes grupos possam ter errado ou modificado a forma de levantar suas bandeiras? Pe Kelder - O fato é que a história não é estanque, ela é dinâmica e as pessoas também são movidas de sentimentos saberes. Então cada momento histórico é escrito a partir de realidades muito específicas daqueles sujeitos. Desde as
décadas de 90, 2000, estamos vivendo um ‘boom’ de transformação, principalmente com as novas tecnologias, as redes sociais, e isso tem colocado em cheque o nosso jeito de ser instituição e ser movimento social. Então não gosto de olhar como acertos e erros, mas eu acho que todos nós estamos aqui para construir a história e é com os nossos erros e acertos que a fazemos. Eu, por exemplo, participo de
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movimentos sociais desde meus 13 anos. Lembro que a primeira atividade que participei foi a primeira greve de professores que aconteceu aqui no Espírito Santo, isso ainda no final da década de 70. Era uma novidade muito grande, a gente tinha acabado de sair do regime militar, o sindicato dos professores estava se formando e pela primeira vez a gente pôde ver os professores reivindicando melhores condições de
entrevista
salário. Junto com a tecnologia, eu vejo que há uma mudança de linguagem e símbolos, então isso para os movimentos sociais é um desafio muito grande, não só para eles, mas para todas as instituições.
do na situação dos sindicatos, por exemplo, hoje são muito empresariais, não têm aquela pauta mais coletiva, até porque as questões individuais hoje se sobrepõem às coletivas. Em sua maioria, os
doer na alma de qualquer pessoa que consegue olhar um pouco mais amplamente, como a própria propaganda propõe “olhar para todos os lados”. O que a Samarco fez desde a sua constituição? Os donos da Samarco sempre vitória - As lideolham para o lucro, e “a melhor forma da gente se ranças dos moviagora a empresa fala mentos sociais e sinque tem que olhar ressignificar é se abrir ao outro, dicatos mudaram de para todos os lados. sair de nós mesmos, e isso é para perfil nestes últimos E quem é que está lá anos? defendendo a emprealém das instituições. A gente Pe Kelder - Creio que sa? Os empregados. procurar se compreender e não. Acho que os moFalando de uma forma vimentos sociais orgaintimista, sensacionacompreender o universo ao qual nicamente instituídos lista, romântica, propertencemos, essa deve ser a com estes militantes curando justificar algo causa de todos”. que a décadas estão que é injustificável, nesse processo, são justificar um crime muito conservadores em termos de sindicatos estão defendendo os que uma empresa cometeu, e não linguagem, de comunicação. Vejo interesses dos membros em uma eles. E cometeram o crime porquê? que há novas lideranças surgindo, perspectiva muito individual. No Por causa da ambição desmedida. sim, com um perfil e uma linguafinal da década de 90, isso se perde Ora, então você vê que há uma e surgem outras pautas mais indivigem diferenciada. E talvez essa apropriação dos trabalhadores por duais e aí a gente tem a luta pelas seja a dificuldade, esse encontro parte do sistema empresarial, do garantias dos direitos e da liberdade de gerações, como equalizar uma sistema capitalista. E a gente precidos indivíduos. Aí tem uma responlinguagem que possa ser desenvolsa compreender que os movimentos sabilidade dos movimentos, mas vida a partir de uma pauta comum. sociais são reflexos daquilo que por outro lado, o sistema político a sociedade está gestando. Se a vitória - Os movimentos deieconômico que nós vivemos tem sociedade se deixa contaminar por xaram as ruas para militar nas uma capacidade muito grande de esse espírito, é claro que isso vai redes sociais? se apropriar das instituições e eu ter influência dentro dos movimenPe Kelder - Têm movimentos que vejo que o neoliberalismo pegou tos sociais, e aí o outro desafio é: estão nas redes sociais, e esta é em cheio as categorias profissiocomo desenvolver um senso crítico uma demanda do momento que nais. As pessoas estão muito mais dentro dos movimentos e das insvivemos, mas não vejo que eles preocupadas no acúmulo de bens tituições para que a gente não caia deixaram as ruas. Os movimentos materiais, melhores garantias innessas armadilhas que o sistema da década de 70 se estratificaram dividuais do que coletivas. Vendo nos coloca. muito, e a realidade política e ecoa propaganda da Samarco sobre a vitória - O momento atual na nômica era outra. Estava pensansituação de Mariana, aquilo é de
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economia, na política, nas questões ambientais que surgem, não seria propício para os movimentos se apropriarem destas lutas? Pe Kelder - Não é tão simples, justamente por conta dos interesses que a própria sociedade vai demandando. São muitas as influências que existem e a tensão, o jogo de forças é muito grande. Ter uma pauta que unifique todo mundo é algo muito difícil para um mundo globalizado, nesse ‘boom’ das novas tecnologias. Hoje as pesquisas mostram que a questão que mais incomoda o povo brasileiro é a corrupção. Mas em que medida as pessoas estão de fato dispostas a lutar contra a corrupção? Pensar e lutar contra a corrupção seria repensar todo o sistema político e social brasileiro, pois ela está entranhada na nossa história e cultura. São muitos os fatores que fazem com que a gente viva esse momento tão emblemático que estamos atravessando e que eu vejo de uma riqueza muito grande. Sobrevivendo a este momento, acredito que temos condições de pensar o mundo de forma melhor. vitória - Como os movimen-
tos sociais podem se reinventar diante deste novo cenário? Pe Kelder - As novas demandas e novas necessidades vão fazer com que aconteçam movimentos que sejam reivindicatórios e emancipatórios. O movimento feminista, o movimento LGBT, por exemplo, hoje fazem a diferença no cenário
nacional com as pautas deles, quer a gente concorde ou discorde. Eu acredito que são as necessidades que fazem com que os movimentos se rearticulem, se ressignifiquem. É fato que nós não vamos ter mais o movimento sindical como a gente teve na década de 70, 80. Mas daqui para a frente acredito que novos movimentos com novas demandas, novos perfis, hão de surgir e continuar tensionando a história. Talvez daqui a um tempo a gente seja menos coletivo e mais identificado em um espaço micro, com microgrupos de articulação, a partir de interesses culturais, afetivos, ideológicos e grupos que desenvolvam afinidades com outros grupos e assim vão se formando em redes. vitória - Algumas pessoas acre-
ditam que estes movimentos saturaram. O que o senhor acha dessa questão? Pe Kelder - Eu acho que são movimentos legítimos. Posso discordar de métodos e propósitos, mas eu os vejo dentro dessa perspectiva macro das garantias e liberdades individuais. Por mais que a gente discorde da forma e do conteúdo, são movimentos legítimos diante do momento que estamos vivendo. vitória - Eles precisam se rein-
ventar também? Pe Kelder - Ah! Todas as instituições e movimentos sociais precisam, porque senão perdem a capacidade de se comunicar e de se
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renovar e é esse o grande problema que eu vejo, por exemplo, dos movimentos orgânicos, dos sindicatos, dos outros movimentos que foram relevantes para a história recente do Brasil e hoje estão estagnados. vitória - O senhor abraçaria
alguma causa hoje? Qual delas? Pe Kelder - Ah, eu continuo abraçando a causa do Evangelho! (risos). Eu acho que a melhor forma da gente se ressignificar é se abrir ao outro, sair de nós mesmos, e isso é para além das instituições. A gente procurar se compreender e compreender o universo ao qual pertencemos, essa deve ser a causa de todos nós. Buscar a humanização e, talvez, neste sentido, todas as instituições pecam muito, porque ficam presas a dados institucionais e se esquecem que são feitas por seres humanos e para os seres humanos. n
Mundo Litúrgico
Liturgias Pascais
A
s liturgias celebradas no período denominado de “a grande semana” ou “semana santa” são essenciais ao aprofundamento e intensificação da vida do cristão, na ampliação da sua afetiva e efetiva vivência do Mistério Pascal. Não são sinônimos de repetição de fatos passados, na forma de historicizar, fotográfica ou teatralmente, os fatos vividos por Jesus, no mistério de sua Páscoa. Todavia, procuram revivê-los na forma contemplativa, mística e teologal. A liturgia caracteriza-se pelo tom memorial, ou seja, incorpora no hoje aquilo que
o seu Mestre realizou. No Domingo de Ramos, celebram-se a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e o seu reconhecimento como Messias, como também a sua entrega no madeiro da cruz. Os dias de segunda, terça e quarta-feira santas são focados na vivência de Jesus, servo do Pai, em seus últimos momentos da vida terrena, junto ao seu discipulado. A manhã da quinta-feira santa está reservada como a última das celebrações quaresmais, com a missa do crisma (ou dos santos óleos), quando, nas catedrais do mundo inteiro, na tradição católica romana, os bispos celebram com o povo e o clero a dimensão da unidade cristã e do ministério presbiteral, com a bênção dos óleos dos catecúmenos e dos enfermos, e a consagração do óleo do crisma, destinado ao batismo, à confirmação e às ordenações presbiterais. O Tríduo Pascal constitui uma unidade celebrativa; é praticamente uma única liturgia, e não dias avulsamente celebrados. Nele está o ápice da vida litúrgica cristã. Sua composição: a véspera, celebrada na quinta-feira santa, com a Missa da Ceia do Senhor; a solene ação litúrgica revista vitória I Março/2016 32
da tarde de sexta-feira santa, como a Páscoa da Cruz; a vigília pascal, na noite de sábado, com as liturgias da luz, da palavra, do batismo e da eucaristia, como solene proclamação da ressurreição do Senhor; unido ao sábado, o consequente Domingo da Ressurreição. Até o século IV, a celebração anual e solene do Domingo de Páscoa perdurou como única celebração, além da vivência pascal do dia do Senhor em todos os domingos do ano. Importante recordar a riqueza ritual das outras igrejas cristãs e seus respectivos ritos para a celebração pascal: liturgias síriooriental, maronita, copta, etiópica, armênia e bizantina, entre outras. O Tempo Pascal será vivido ao longo de oito semanas, e concluir-se-á com a solenidade de Pentecostes, como expansão da Igreja e da missão dos discípulos do Senhor mediante a experiência da ressurreição. O ano litúrgico é o desdobramento dessa fundamental proclamação do Mistério do Ressuscitado, em vivência cotidiana e acentuando todos os domingos como Páscoa semanal. n Fr. José Moacyr Cadenassi, OFMCap
eleições
Em 2016 não podemos desperdiçar
a chance de escolher um bom candidato a Vereador
N
o Brasil há uma aversão das pessoas contra os chamados políticos. Em parte, há razão neste descrédito, pois parcela significativa de nossos dirigentes não realiza um bom trabalho. Por outro lado, esse descrédito eleitoral acaba favorecendo os políticos ruins, pois afasta o povo de uma participação política mais efetiva. Tempos atrás, o Padre José Fernandes de Oliveira (Zezinho), veio realizar um show em Vila Velha/ES durante o encerramento da tradicional Festa de Nossa Senhora da Penha. Logo no início ele se dirigiu às autoridades presentes e quando citou os vereadores do Município houve um princípio de vaia. Imediatamente, ele falou: “... estou chamando aqui as pessoas que vocês escolheram...”. O silêncio foi total. Na realidade, ele levou o público presente no evento a uma reflexão sobre as escolhas feitas. Ele tocou numa ferida, pois os vereadores são escolhidos pelo povo a cada quatro anos. De certa forma, as pessoas têm o direito livre de escolha e são responsáveis por ela. Podem e devem criticar sim, mas não de
maneira genérica só pelo fato de serem vereadores. É claro que existem distorções em nosso sistema eleitoral, mas inegável que o povo tem o poder de escolha. E em 2016 teremos eleições municipais, quando escolheremos os novos prefeitos e vereadores. É tempo de escolha. No caso específico dos vereadores, para escolhermos bem é importante conhecer um pouco mais sobre as suas funções. As principais são: fazer leis e fiscalizar o Poder Executivo. Entretanto, os eleitores, com ideias alimentadas por alguns candidatos, são levados a pensar que o vereador é um intermediário entre elas e o prefeito, e que ele é responsável por trazer as obras para o bairro e prestar diversos favores (emprego, ônibus para excursões, consulta médica, material de construção etc.). Muitas vezes, levados pela falta de informação e inocência, elegem despachantes de luxo e não legisladores. Outro problema é que o debate eleitoral no Brasil é muito focado nos candidatos a cargos do Poder Executivo, ficando os eleitores com pouca ou nenhuma informação consistente sobre o revista vitória I Março/2016 33
pleito para vereadores. Muitas pessoas nem se recordam do nome do candidato em que votaram para Vereador nas últimas eleições. Não é papel da Igreja indicar candidatos e partidos políticos, pois a escolha deve ficar a critério de cada cidadão, devendo fazê-la de maneira consciente. Mas ficam aqui algumas sugestões para quem quer realmente melhorar a realidade política no âmbito municipal: 1) Não veja o Vereador como uma pessoa que irá fazer obras, pois isso é papel do Prefeito; 2) Não vote em alguém para pagar ou pedir favores pessoais e nem por amizade, mas sim em quem tenha capacidade e ética para legislar e fiscalizar o Poder Executivo; 3) Pesquise sobre a vida do candidato (atualmente, com a Internet isso não é tarefa difícil); 4) Denuncie os candidatos que estiverem comprando votos, nos termos da Lei 9840/99; 5) Após as eleições, acompanhe, fiscalize e cobre o trabalho correto de todos os eleitos. n Domingos Augusto Taufner, Conselheiro do TCE-ES. Autor do livro Manual do Candidato(a) a Vereador(a).
Reportagem Letícia Bazet
Comportamentos O
cenário é de incertezas. Inflação, taxas de juros, recessão, piores índices da história, retração, são algumas das palavras que têm feito parte do cotidiano dos cidadãos brasileiros, mesmo daqueles menos entendidos de economia. É a crise, que tem se tornado
palavra comum em qualquer roda de conversa, nos telejornais e nas empresas. Mais do que números, dados e previsões, por trás de todo esse cenário econômico estabelecido no país, encontram-se pessoas. De um lado, empresários que vêem seus lucros cair e a possibilidade de
Mais do que números, dados e previsões, por trás de todo esse cenário econômico estabelecido no país, encontram-se pessoas.
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quebra do negócio, e do outro, o lado “fraco” da corda. Os mais afetados pela crise têm nome, endereço e contas para pagar. Trabalhadores que nos últimos meses têm vivido com uma ameaça angustiante: o desemprego. Sob a justificativa de que “a empresa passa por um momento ruim”, muitos trabalhadores perderam seu posto de trabalho, principalmente durante o ano passado. É o caso de Isis, que atuou por um ano na área de comunicação e há 6 meses está desempregada. Ela garante que a situação é angustiante. “Gera muita ansiedade, de
perante a crise não ter certeza de nada no futuro. Minha preocupação é de não conseguir conquistar minha independência, com quase 30 anos, além de precisar do dinheiro para me manter”, afirmou. Isis afirma que tem buscado as empresas, mas quase não recebe retorno. “Algumas ainda dizem que vão passar por mudanças e depois entram em contato comigo, mas a falta de uma resposta incomoda muito”. Vivemos em uma sociedade capitalista, na qual o consumo é incentivado a todo momento, então trabalhadores perdendo o
seu poder de compra abala, entre outros setores, o comércio. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, as vendas do comércio registraram, em 2015, a maior queda da história. Lorena trabalhava em uma loja de calçados, mas também foi atingida pela crise. “É um momento difícil, tenho uma filha para sustentar e agora as empresas fecham as portas para as contratações e começam a procurar outras soluções, que geralmente prejudicam o trabalhador que permanece no revista vitória I Março/2016 35
emprego”. Lorena se refere a sobrecarga de trabalho, imposta àqueles que preservaram seu emprego. “Vejo muitas amigas reclamando que tudo está difícil mas, com medo de ir para a rua, aceitam todos os excessos dos patrões, trabalham muito mais do que devem sem receber a mais e ainda precisam sorrir para o cliente como se estivesse tudo bem”. A vendedora expõe a face cruel do impacto nas relações trabalhistas, que no momento da crise deixa mais evidente o modo de produção no sistema
Reportagem
capitalista. Em entrevista à revista da FGV, o consultor empresarial Ken O’Donnell afirma que “o problema é a parte debaixo do iceberg, que está revista vitória I Março/2016 36
levando o todo: são as crenças, são as ideias, entre as quais estão a cultura de desperdício, a cultura do ganhar rápido. A crise financeira, então, é, de fato, uma crise de valores, de consciência. E eu não vejo nenhuma mudança de direção a uma nova consciência neste momento. É a maior oportu-
nidade da História para fazer isso, mas a arrogância reina, a ganância reina”. Se para uns a crise tirou empregos e oportunidades, há quem tenha se beneficiado com uma demissão e alcançado logo o reposicionamento no mercado de trabalho. Anna Virgínia diz que inicialmente, quando a crise chegou ao mercado, não se sentiu ameaçada, pois sabia que a empresa teria verba para o seu salário até o fim de 2015. Mas as previsões de arrecadação para 2016 eram menores e ela imaginou que seu emprego não seria mantido. Mesmo com a expectativa de uma possível demissão, a notícia a abalou: “quando fui demitida fiquei muito triste, foi um misto de sentimentos, fiquei assustada, desesperada, principalmente para saber se conseguiria pagar minhas contas futuras em dia. Mas a conversa com meu ex-chefe foi franca e não atingiu a minha autoconfiança enquanto profissional”. Porém, a situação não durou muito tempo e ela classifica a sua demissão como a melhor coisa que poderia ter acontecido. “Em dois meses arrumei um novo emprego, ocupando um cargo que gosto muito mais de
trabalhar, em um trabalho novo e desafiador”. Não são todos que tem essa mesma sorte. A maior preocupação de quem perde o emprego é como irá sobreviver nos dias que virão. Lorena afirma: “as contas não param de chegar, você precisa conquistar coisas novas, então o psicológico fica muito abalado e a pressão de ficar mais um dia sem emprego, sem perspectiva de quando as coisas irão melhorar, dão o sentimento de angústia, aflição, desespero”. Além da sensação narrada por Lorena, outra situação preocupa Isis: “de não conseguir trabalhar com o que me dediquei, estudei, gastei minha energia”. Ela afirma que fez um curso para dar aulas de yoga, mas não tem conseguido formar turmas. “Estou a procura de um emprego para me ocupar durante o dia e conseguir dar aulas à noite, mas está difícil”. Assim como Isis buscou uma alternativa ao emprego formal para tentar manter a sua renda, muitos trabalhadores ao perderem seu emprego passam a se dedicar a atividades autônomas. Somente no ano de 2015 no Espírito Santo, 9.769 empresas foram constituídas, número 8% acima do registrado no ano anterior. Também no ano revista vitória I Março/2016 37
de 2015, houve um crescimento de 22% de microempreendedores individuais formalizados no Estado. Ao ser demitida, Priscila distribuiu currículos e avisou aos seus contatos que precisava de uma recolocação. Após cinco meses sem sucesso, decidiu investir no que antes era um hobby. Começou a realizar atendimentos domiciliares fazendo maquiagem, penteados e outros trabalhos relacionados a área da estética. “No primeiro momento me desesperei, tive medo de não conseguir logo outro trabalho. Hoje vejo que deveria ter começado a fazer meus trabalhos logo que saí da empresa, pois agora me sinto útil, motivada e finalmente com o dinheiro entrando no bolso”, contou. As histórias mostradas aqui se multiplicam Brasil afora e as soluções para enfrentar este momento não são mágicas. Em jogo está a autoestima profissional, o sustento, a formação e também a criatividade para superar uma situação adversa. Mais do que a análise de números e dados, a crise envolve pessoas, e serão elas com sua força de trabalho, empenho e criatividade que poderão mudar este quadro. n
arquivo e memória Giovanna Valfré Coordenação do Cedoc
Contra a violência, a impunidade e a favor da vida O ano era 1999 quando a violência e a impunidade assolavam o Estado do Espírito Santo. O agravamento da crise Institucional nos poderes estatais que se evidenciou a partir daquele ano, fez com que as principais instituições contrárias aos desmandos que se instalaram no Estado se articulassem no combate ao Crime Organizado. Os índices de violência transformaram o Espírito Santo no Estado, proporcionalmente, mais violento do país. Pessoas de bem, entre elas o então arcebispo de Vitória, Dom Silvestre Scandian (hoje arcebispo emérito), o presidente da OAB/ES da época, Dr. Agesandro da Costa Pereira e representantes de várias instituições e Igrejas se mobilizaram em favor da vida. Iniciava-se ali uma reação ao crime organizado com a criação do Fórum Permanente contra a Violência e a Impunidade - Reage Espírito Santo. Em 21 de novembro desse mesmo ano a sociedade capixaba foi convidada a se manifestar e mais de 10 mil pessoas foram para as ruas, num domingo de muita chuva pedindo um basta à violência e à impunidade.
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Pergunte a quem sabe
Tem dúvidas? Então pergunte para quem sabe. Envie sua pergunta para mitra.noticias@aves.org.br economia doméstica
bandeira vermelha significa que as usinas térmicas estão ativadas e produzindo em alta demanda. Neste caso, é acrescido à conta o valor de R$ 4,50 a cada 100 kWh.
André Maioli Moyses Engenheiro Eletricista
Desligar o aparelho da tomada reduz o consumo de energia? Por quê?
O que é a bandeira vermelha na conta de energia?
No dia 1º de janeiro de 2015 teve início o Sistema das Bandeiras Tarifárias , classificadas em verde, amarela e vermelha. Elas apresentam a sinalização mensal do custo de geração da energia elétrica que será cobrada do consumidor, sendo que anteriormente o reajuste era repassado um ano depois de ocorrido, quando a tarifa reajustada passava a valer. As bandeiras tarifárias expõem o preço real da energia no país e as condições de abastecimento do sistema. Essa sinalização dá, ao consumidor, a oportunidade de adaptar seu consumo, se assim desejar. A
Depende do modelo do aparelho. Alguns aparelhos, como liquidificadores, batedeiras, computadores, ventiladores, lâmpadas, não consomem energia caso fiquem ligados na tomada. Já televisores, microondas, receptores de antena, consomem energia. Isso se deve ao fato de que estes aparelhos possuem dispositivo de controle remoto e/ou display de informação (relógio, temperatura, etc). Portanto, apesar de parecer que estão desligados, eles ficam em stand by, modo em que existe um consumo de energia. No modo stand by eles são responsáveis por 5 a 10% do consumo.
Pediatria
Dr. Luiz Cezar Mathias Médico pediatra
Quando a criança perde o fôlego chorando, há risco para a sua vida?
Na grande maioria das vezes, a criança chorar sem parar e “engolir o fôlego” não traz prejuízo à sua saúde. É uma forma de chamar atenção. Mesmo que fique com os lábios arroxeados não há motivo para preocupar-se, pois quase nunca desmaia. E quando isto acontece ela acorda em poucos segundos.
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Direito do consumidor Carlos Magno Pimentel Junior Gerente do Procon de Vitória
É vantajoso fazer seguro ou garantia estendida de um produto?
Religião
A garantia estendida é um seguro como qualquer outro. Caso o consumidor opte por contratá-lo, não há nada de ilegal nisso, basta que seja conveniente. Vale lembrar, entretanto, que todo produto tem sua garantia legal e contratual. Caso o consumidor entenda por bem ter mais que o prazo ofertado, é aconselhado a contratação do seguro garantia estendida, em especial quando o produto adquirido tiver um valor elevado.
Padre Diego Carvalho
Pároco da paróquia Nossa Senhora da Conceição Alfredo Chaves
Quando termina de fato a quaresma?
A Quaresma termina na quinta-feira santa, e não no domingo de ramos como algumas pessoas alegam. Para nos ajudar na reflexão do assunto assim escreveu o Beato Paulo VI, quando aprovou as Normas Universais do Ano Litúrgico e o novo Calendário Romano geral, diz, no n. 28: “O tempo da Quaresma vai de Quarta-feira de Cinzas até a Missa na Ceia do Senhor (Quinta-feira santa, à tarde), exclusive”. Como se determina a data da Páscoa e do Carnaval?
Falar sobre esse assunto é muito complicado, pois diferente do Natal e outras festas religiosas, a Páscoa muda a cada ano, entre 22 de março e 25 de abril. E a escolha dos dias foi definida após muita controvérsia. Convencionou-se então que a Páscoa seria celebrada no domingo após a primeira lua cheia da primavera, guiando-se pela data do equinócio. O debate sobre a mudança foi documen-
tado por Eusébio, historiador romano e bispo de Cesáreia, que narra os encontros entre diferentes grupos que queiram fazer prevalecer sua posição. Ao fim, cada um continuou a celebrar na data que considerava correta, até o Primeiro Concílio de Niceia, em 325 d.C. O concílio convocado pelo imperador Constantino foi uma tentativa de unificar as normas e a tradição cristã, que havia sido feita religião oficial do Império Romano em 312 d.C. O concílio decidiu que todos os cristãos deveriam celebrar a Páscoa na mesma data e que esta seria separada do Pesach – Celebração da Páscoa Judaica. Um longo caminho foi percorrido, e o Papa Gregório XVIII no ano de 1582, decidiu organizar o calendário em 365 dias – sendo que haveria também o ano bissexto 366 – dias, celebrando assim a páscoa entre os dias 22 de março e 25 de abril, conforme calendário atual. Assim com a primeira resposta, vamos entender e responder a segunda pergunta, ou seja, a Páscoa é que determina a data do carnaval, uma vez que é comemorada no primeiro domingo de lua cheia após o dia 21 de março e o carnaval ocorre 7 (sete) domingos antes do domingo de Páscoa, logo, o carnaval pode acontecer até mesmo fora do mês de fevereiro, dependendo do surgimento do equinócio de março.
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ensinamentos
Consentimento:
ato sacramental do matrimônio
O
“o sacerdote, o diácono ou a testemunha qualificada da Igreja não é o celebrante do Casamento, mas quem assiste à Celebração do Matrimônio.”
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Catecismo da Igreja Católica apresenta uma profunda verdade de fé: o pacto matrimonial foi fundado e dotado de leis próprias pelo Criador e, entre os batizados, elevado à dignidade de Sacramento por Cristo, caracterizado pela unidade e indissolubilidade – ou seja, não pode ser desfeito. Por meio do pacto matrimonial, o homem e a mulher constituem entre si uma íntima comunidade de vida e de amor, visando ao bem do casal e à geração dos filhos. Pelo Sacramento do Matrimônio, os esposos recebem a graça especial de amarem-se como o mesmo amor com que Cristo amou a sua Igreja, que leva o amor humano do casal à perfeição, fortificando a sua unidade indissolúvel e santificando-o no caminho da vida eterna. Esse sacramento se baseia no consentimento manifestado pelo homem e pela mulher, isto é, na vontade de doar-se mútua e definitivamente para viver uma alian-
ça de amor fiel e fecundo. Por isso, os esposos são os ministros da graça de Cristo, conferindo-se um ao outro Sacramento do Matrimônio, ao expressarem perante a Igreja o seu consentimento livre, consciente e responsável. Esse ato pelo qual os cônjuges se doam e se recebem mutuamente como marido e mulher os liga de tal modo que se tornam uma só carne, conforme sustenta a Sagrada Escritura (Gn 2, 24; Mc 10,8; Ef 5,31). Sem a troca de consentimento livre, não há casamento válido para a Igreja. Nesse sentido, o sacerdote, o diácono ou a testemunha qualificada da Igreja não é o celebrante do Casamento, mas quem assiste à Celebração do Matrimônio, acolhendo o consentimento dos esposos em nome da Igreja, expressando visivelmente que o Matrimônio é uma realidade eclesial, sendo conveniente que seja uma
“quem assiste à Celebração do Matrimônio, acolhendo o consentimento dos esposos em nome da Igreja, expressando visivelmente que o Matrimônio é uma realidade eclesial, sendo conveniente que seja uma celebração litúrgica pública.”
celebração litúrgica pública. Vale lembrar que a Igreja não anula o Matrimônio validamente contraído, mas declara a sua nulidade – ou seja, que o Sacramento nunca existiu – após análise cuidadosa realizada pelo Tribunal Eclesiástico. Algumas razões tornam inexistente o Matrimônio, como por exemplo, alguém ser obrigado a casar por causa de gravidez , entre outros motivos. Quando a Igreja reconhece a nulidade, o casal fica livre para se casar com outra pessoa, respeitando as obrigações decor-
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rentes da união anterior, como por exemplo, o cuidado dos filhos. Quanto aos divorciados que contraem novo casamento civil, estando o legítimo cônjuge vivo, não estão excluídos da Igreja, mas não podem receber a comunhão eucarística. A Igreja acolhe as pessoas nessa situação e as orienta a levarem uma vida cristã, de muita oração e serviço à caridade, participando da comunidade cristã de acordo com as normas eclesiais e educando os filhos na fé. n Vitor Nunes Rosa Professor de Filosofia na Faesa
ecologia
Cuidados para captação de água da chuva
T
radicionalmente a construção de uma cidade traz uma série de problemas ambientais para seus moradores. Por exemplo, a pavimentação facilita o deslocamento de veículos no município, mas provoca o aumento de enchentes após um evento de chuva forte. Afinal, a alteração proposital do curso de rios e a impermeabilização de grande parte do solo dificulta o
escoamento da água. Porém, nos últimos anos, as mudanças climáticas têm alterado o regime de chuvas de várias regiões, muitas vezes aumentando o tamanho do período de estiagem e concentrando chuvas em períodos curtos. Isso proporciona aos gestores dos municípios novos desafios no que diz respeito ao gerenciamento de
enchentes, assim como à baixa disponibilidade da água para distribuição à população, indústrias e agricultura. Será que não existem formas de resolver esses dois problemas de forma conjunta? Em teoria o pensamento é bem simples: “Por que não aproveitar a água de chuva para, pelo menos, amenizar os impactos da crise hídrica”? Nesse contexto, aquela grande quantidade de água das enchentes poderia ser utilizada, por exemplo, para irrigar culturas de hortaliças. Ou então para abastecer um reservatório que, na época de estiagem, forneça água para uma estação de tratamento e distribuição. Porém, não basta simplesmente coletar e guardar a água da chuva sem cuidados essenciais. Para que essas ações sejam feitas de forma segura, devem ser realizados grandes investimentos em pesquisas para desenvolver sistemas eficientes e sustentáveis de coleta, armazenamento e distribuição da água da chuva. A coleta precisa ser eficiente para evitar que a água acumule revista vitória I Março/2016 44
nas vias públicas e casas da cidade, levando a água para um reservatório de grande porte. Já o armazenamento deve ser feito de forma a preservar a qualidade da água, evitando a contaminação da mesma por elementos químicos diversos e organismos oportunistas, como mosquitos, bactérias e protozoários (vale lembrar que atualmente vivemos um surto de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, que se reproduz facilmente em águas paradas). Por fim, o reservatório deve ser conectado à estação de tratamento de água da região, para que a água seja distribuída dentro dos parâmetros estabelecidos pelos órgãos competentes. Várias empresas e grupos de pesquisas de instituições de ensino vêm desenvolvendo uma série de pesquisas para reaproveitar a água da chuva, porém quase sempre em situações de baixa escala. É chegada a hora do poder público abraçar essas ideias e implantar esses sistemas que trará grande benefício para a população, além de redução de gastos dos cofres públicos. n Prof. Msc. Danilo Camargo Santos Coordenador do Curso de Ciências Biológicas - Faculdade Católica Salesiana do Espírito Santo
cultura capixaba
Parque Moscoso
C
onstruído na virada do século XX, época áurea de Vitória, quando as lavouras de café transformaram humildes conterrâneos em grandes fazendeiros, o Parque Moscoso (e suas ruas do entorno) guarda preciosidades há muito esquecidas pela população capixaba. Quando em 1888 a região foi aterrada pelo Governador Henrique Moscoso e o braço de mar, conhecido como Mangal ou Campinho, deu lugar a principal área de lazer da Capital do Estado, os homens mais ricos da região decidiram construir ali seus palacetes, com vista para os jardins do Parque. Jardim esses ornados com alamedas, lagos, ruínas romanas, fontes luminosas, pontes e chafarizes por onde as damas da sociedade passeavam ao fim do dia. Ou aproveitavam uma sessão no cinema Politeama (década de 40) e Santa Cecília (década de 50), bem ali do outro lado da rua. Porém, a marginalização do Centro Histórico trouxe ruína a muitos desses casarões e viu crescer muros em volta do parque, acabando inclusive com o mini zoológico que existia. Os bravos vendedores de fotografias, conhecidos como Lambe-lambes, aos poucos foram desaparecendo (substituídos pela tecnologia digital) e o parque caiu no esquecimento. Mas, esse cenário pouco a pouco vai se revertendo. E, quem foi ao Parque, na matinê desse último carnaval, viu o espaço ser reinventado pelos moradores locais e, as alamedas repletas de crianças brincando demonstram que os esforços para a revitalização dos jardins estão dando bons frutos. A paz volta a reinar entre os monumentos históricos, as flores e árvores. Sejam eles na ocupação dos espaços com a academia popular de ginástica, nos jogos de futebol da garotada, nos carrinhos de bebês que transitam ou no eterno carrinho de pipoca. n revista vitória I Março/2016 45
Diovani Favoreto Historiadora
ACONTECE
Comemoração PROGRAMAÇÃO DOMINGO – 27 de março Romaria dos Cavaleiros Saída de Cobilândia às 9h Bênção na chegada à Prainha Oitavário e Missa às 14h (Área Pastoral Vila Velha) SEGUNDA-FEIRA – 28 de março Oitavário e Missa às 14h no Campinho (Área Pastoral Serrana) TERÇA-FEIRA – 29 de março Oitavário e Missa às 14h (Área Pastoral Cariacica/Viana)
No dia 22 de fevereiro de 2016, Dom Luiz Mancilha Vilela, Arcebispo de Vitória, ES, celebrou na catedral 30 anos de ordenação episcopal.
Assembleia dos Bispos De 06 a 15 de abril acontece em Aparecida (SP) a 54ª Assembleia Geral da CNBB, reunindo bispos de todo o Brasil. O tema central que estará presente nas discussões e decisões será “Os cristãos leigos e leigas”. O arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela e o bispo auxiliar, Dom Rubens Sevilha estarão presentes.
QUARTA-FEIRA – 30 de março Oitavário e Missa às 14h (Área Pastoral Benevente) QUINTA-FEIRA – 31 de março Oitavário e Missa às 14h (Área Pastoral Serra/Fundão) SEXTA-FEIRA – 1º de abril Oitavário e Missa às 14h (Área Pastoral Vitória) e Romaria dos Militares 19h30 - Celebração da Misericórdia com apresentação do Espetáculo O Canto das Írias - Apresentação Comunidade Shalom SÁBADO – 2 de abril Diocese de São Mateus Missa às 8h Campinho Romaria das pessoas com Deficiência Saída às 8h da Praça Duque de Caxias com Missa na chegada à Prainha Diocese de Cachoeiro Missa no Campinho com Oitavário às 14h Romaria dos Homens Saída da Catedral de Vitória às 19h com Missa na chegada à Prainha revista vitória I Março/2016 46
DOMINGO – 3 de abril Diocese de Colatina Romaria às 8h e Missa às 9h no Campinho Romaria dos Motociclistas Saída às 10h. Local a definir Romaria das Mulheres Saída do Santuário de Vila Velha às 15h com Oitavário e Missa na Prainha SEGUNDA-FEIRA – 4 de abril Missa CRB e Seminário às 7h no Campinho Romaria dos Ciclistas Saída de Cobilândia e Ibes às 8h30 Bandas de Congo Bênção no Campinho às 9h Missa das Pastorais Sociais às 10h no Campinho Missa de Encerramento às 16h na Prainha Show musical com Padre Juarez Castro Horários das missas na capela do convento Dia 27 de Março: 5h, 7h, 9h e 11h De 28 de março a 1º de abril: 6h, 7h, 8h e 9h30 Dia 1º de abril: Missa das 9h30 com participação dos advogados Dia 2 de abril: 6h, 7h30 e 11h Dia 3 de abril: 5h, 7h, 11h e 14h Dia 4 de abril: 0h, 2h, 6h, 9h e 12h ATENDIMENTO DE CONFISSÕES NA CAPELA DA RECONCILIAÇÃO De 28 de março a 3 de abril de 8 às 11h e de 14h às 16h No dia 4 de abril, de 8h às 11h
REALIZAÇÃO
PATROCÍNIO
Dia 14 de fevereiro: Caminhada orante pelas ruas do Centro de Vitória GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO • Concentração às 15h na Igreja Presbiteriana Unida, na rua 7 de setembro, em direção à Catedral Metropolitana. Secretaria de Turismo