A Transmissão do Texto Bíblico

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A Transmissão do Texto Bíblico

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Rev. Dr. Vilson Scholz


Onde encontro mais sobre o assunto? 3

O que é a Bíblia? Sociedade Bíblica do Brasil (Para quem está só começando)

A Bíblia e Sua História. SBB (Para quem quer se aprofundar bem mais!)


Quando a Bíblia ficou pronta? 4

O Antigo Testamento já era uma coleção (Lei, Profetas e Salmos) no tempo de Jesus. O Novo Testamento estava escrito no ano 100 d.C. e já era conhecido em toda a Igreja (em sua estrutura básica de 22 livros) no ano 200 d.C. A extensão do cânone é, em grade parte, questão histórica, pois a Bíblia não define.


Como era a Bíblia no começo? 5

Era um conjunto de rolos numa cesta ou numa caixa. O texto foi escrito sobre folhas de papiro ou pergaminho (couro). Não se conhecia o nosso papel.


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Um rolo da BĂ­blia


Rolos 7

“Livro”, na Bíblia, é sempre rolo. Em média, 10m de comprimento (Um rolo grande é um grande rolo!) Escrito em colunas. (Jr 36.24-26) O livro como hoje o conhecemos (em forma de caderno) só se popularizou a partir de 200 d.C., por influência dos cristãos. No caso dos manuscritos, o termo técnico é codex (latim para códice).


Jeremias 36.22-24 8

Era tempo de frio, e o rei estava no seu palácio de inverno, sentado perto do fogo. Cada vez que Jeudi terminava a leitura de três ou quatro colunas, o rei cortava com uma faquinha aquele pedaço do rolo e jogava no fogo. Ele continuou fazendo isso até que o rolo inteirinho virou cinza. Mas nem o rei nem nenhuma das autoridades que ouviram todas aquelas coisas ficaram com medo ou mostraram qualquer sinal de arrependimento. (NTLH)


Papiro 46 – 200-250 d.C. 9

A mais antiga cĂłpia das cartas de Paulo


Papiro 66 (± 200) – Códice 10

Notar os restos de costura, na lombada (à esquerda)


A planta papiro - Egito 11


Códice Sinaítico – 350 d.C. 12


Novo Testamento: um só livro? 13

O Códice Sinaítico é uma Bíblia completa (AT e NT, em grego). Era raro, no mundo antigo, fazer uma Bíblia completa. O Novo Testamento era copiado em 4 “cadernos”: Evangelhos “Apóstolos” (Atos e Epístolas Gerais) Paulinas (Cartas de Paulo, com Hebreus) Apocalipse


A Bíblia foi escrita em português? 14

Claro que não! Nem em inglês. O Antigo Testamento, foi escrito em hebraico e aramaico. O Novo Testamento, em grego.


Escrita alfabética 15

No começo (Egito e Babilônia), havia centenas de letras e ideogramas. O alfabeto só veio em 1500 a.C., com os semitas: em torno de 20 sinais. Os gregos inventaram as vogais. O alfabeto hebraico tem 22 caracteres ou letras (só consoantes); o grego, 24.


Hebraico – Gênesis 1.1 16


Aramaico – Daniel 7.13 17


Grego do Novo Testamento 18

(Houtos gar eg谩pesen ho Theos ton k贸smon)


E os originais? 19

“Eu, Tércio, que escrevi esta carta que Paulo ditou para mim, mando saudações para vocês” (Rm 16.22) Que fim levou aquela carta? A “edição original” não foi preservada. Temos cópias das cópias das cópias.


Das cópias para o “original” 20


Quantas cópias temos 21

Para o Antigo Testamento (Bíblia Hebraica), um número menor. Vantagem: Cópias muito bem feitas. Para o Novo Testamento, umas 5.400 cópias (muitas delas simples fragmentos; só 61 manuscritos trazem todos os livros do NT). Antes de 1500, tudo era copiado à mão. (Hoje, nem tudo.) Por isso “manuscritos”.


A mais antiga cópia completa da Bíblia Hebraica – 1008 d.C. 22


Biblia Hebraica Stuttgartensia 23


Famosa descoberta – Rolos do Mar Morto (1947-1956) 24

Temos, agora, cópias em hebraico que são mil anos mais antigas. São mais ou menos do tempo de Jesus.


Caverna 4 de Qumran 25


Tesouros em vasos de barro 26

Foi em potes como este que estavam os pergaminhos do Mar Morto, no s铆tio arqueol贸gico de Qumran.


1QIsa – Primeiro rolo de Isaías 27

17 tiras de couro emendadas; 7,34 metros


A ajuda da arqueologia – últimos duzentos anos 28


Schechter e a Genizah de Cairo 29


Papiro 52 30

“Cópia” mais antiga do Novo Testamento Descoberto em 1920 e datado de 130 d.C. (margem de erro: 25 anos) Palavras de João 18. 31-33,37-38


A vantagem da Bíblia 31

Nenhum outro livro foi transmitido com tanta clareza e certeza quanto a Bíblia. No caso de Aristóteles, o intervalo entre o autor (450 a.C.) e a cópia mais antiga das obras dele (1100 d.C.) é de uns 1500 anos! Quem questiona a Bíblia, por que não questiona Aristóteles?!


Por que nem sempre traduzimos o texto hebraico massorético? 32

Há passagens em que o texto hebraico massorético (de 1008 d.C.) não faz sentido. Parece haver um erro de cópia (das consoantes) ou de vocalização. Nestes casos, prefere-se o texto das versões antigas, feitas a partir de um texto hebraico mais antigo. Essas versões são a Septuaginta, os Targuns, a Vulgata, etc.


Um exemplo – Salmo 22.16 33

Nossas traduções dizem (todas) algo como: “Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me rodeia; traspassaram-me as mãos e os pés”. O texto massorético (na Bíblia Hebraica) diz: “... qual um leão as minhas mãos e os meus pés” A Septuaginta (em grego) tem: “cavaram as minhas mãos ...”. Daí vem o nosso texto.


As edições do Novo Testamento Grego 34

Temos agora, impresso no Brasil, com “roupagem” brasileira, a edição de O Novo Testamento Grego (4ª edição, no inglês).


Os melhores e mais antigos manuscritos do NT 35

Um deles é o Códice Sinaítico, copiado por volta de 350 d.C. e descoberto em 1859 por Tischendorf. Outro é o Códice Efraimita Rescrito, copiado por volta de 400 d.C. e reutilizado em 1100 d.C. para conter os tratados teológicos de Efraim, o Sírio.


C贸dice Efraimitia Reescrito 36


Todas as cópias do NT são iguais? 37

Não. Existem variações (variantes) entre todas elas. Mas são, em geral, coisinhas miúdas, do tipo “Cristo Jesus” ou “Jesus Cristo”; “me libertou” ou “te libertou” (Rm 8.2); “Cristo” ou “Senhor” (1Co 10.9); etc. 98% do texto do Novo Testamento está livre de qualquer discussão.


Os copistas n茫o eram rob么s! 38


Tipos de variantes 39

Involuntárias ou do tipo “sem querer”: saltar uma linha (esquecer o levita na história do bom samaritano, porque dois versículos têm o mesmo final – “passou de largo”), duplicar uma letra, etc. Voluntárias ou do tipo “sem querer, querendo”: acrescentar um amém (final de Mateus), etc.


Em que pé estamos? 40

Há milhares de variantes, se considerados todos os manuscritos. A maioria não tem maior importância; umas 1.400 podem afetar a tradução. Nenhuma doutrina cristã está em jogo ou é posta em dúvida por diferenças de texto (entre, por exemplo, o “texto crítico” e o “texto recebido”).


O que muda, na prática? 41

Rm 8.2 - a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte [ARA, NTLH]. (ARC – me livrou) 1Co 10.9 – Não ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram e pereceram pelas mordeduras das serpentes [ARA, NVI]. (ARC, NTLH: ... o Cristo ... )


E o Textus Receptus ou “texto recebido”? 42

O título surgiu em 1633 – “o texto recebido por todos” Tem seu início com Erasmo (1516) Foi usado por Lutero, pelos tradutores da King James (1611) e por Almeida (1681) Se baseia em número reduzido de cópias, todas de um tipo de texto É, em geral, um texto mais longo


Isto explica os colchetes em Almeida Revista e Atualizada? 43

Sim. Almeida Atualizada foi feita a partir do “texto crítico”, um texto editado a partir de todos os manuscritos de que dispomos, em especial os mais antigos (que foram descobertos nos últimos 200 anos). O material que se encontra no “texto recebido” foi colocado entre colchetes, por se entender que foi acrescentado, “sem autorização”, por copistas. 1João 5.7-8 – Um texto que veio do latim!


Textos entre colchetes - ARA 44

Apenas no Novo Testamento. Não confundir com parênteses. São considerados acréscimos; não fazem parte do texto crítico. Mt 5.22 – [sem motivo] Mt 6.13 – [Pois teu é o reino ...] 1Pe 1.21 – homens [santos] falaram


E o final do Pai-Nosso? 45

Na minha Bíblia está entre colchetes [...] por quê? Não está nas mais antigas cópias do Novo Testamento, inclusive aquelas que foram usadas para fazer a Bíblia Católica (a Vulgata – 400 d.C.). Por isso, o Pai-Nosso “católico” termina com “livra-nos do mal. Amém”. No NT Grego, termina com “livra-nos do mal”. Um acréscimo tirado da Liturgia!


Crítica textual 46

É uma ciência bíblica. Trata de escolher entre uma leitura variante e outra, bem como justificar a escolha. Interessa a quem leva a Bíblia a sério. Existe, não para tirar coisas da Bíblia, mas para que fique tudo que faz parte da Bíblia e para que nela não fique nada que não pertence ao texto.


Uma palavra de conclusão 47

“Tem gente que talvez fique chocada ao saber que a Bíblia não foi transmitida sem alterações ou variações de texto ...; no entanto, mais louvável do que ignorar isso é enfrentar a realidade e fazer o melhor uso possível dos recursos que Deus nos deu para solucionarmos os problemas que os manuscritos nos apresentam.


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E é confortador saber que o resultado geral de todas essas descobertas e de todo esse estudo é o seguinte: Temos maiores provas da autenticidade das Escrituras e somos reafirmados em nossa convicção de que temos em mãos – de forma substancialmente íntegra – a verdadeira palavra de Deus”. (Sir Frederic Kenyon, The Story of the Bible, 113)


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