4 minute read

Transtornos Psicológicos No Trabalho

Intensas jornadas de trabalho, acima de oito horas, não são mais novidade nas empresas, independentemente do porte ou do segmento em que atuam. À medida em que o nível hierárquico aumenta, a situação se agrava: alguns gestores esperam que os subordinados fiquem à disposição 24h por dia e que coloquem a carreira acima de tudo em suas vidas.

A reação para isso não poderia ser pior. Uma pessoa que não era agressiva, por exemplo, por causa da pressão no ambiente de trabalho, pode passar a reagir desta maneira. Com isso, os relacionamentos pessoais e, até mesmo, no emprego, começam a piorar. “A reação tem sempre o toque pessoal que é dado pela avaliação que se faz das situações”.

As melhorias na tecnologia, ao invés de disponibilizarem mais tempo para o homem moderno, acabaram por torná-lo mais competitivo. Para se manter no mercado, tem que fazer mais, com menos!

Efeitos Psicológicos

A pressão no trabalho gera ansiedade, sendo esta a grande culpada por tirar o bem estar físico e mental da pessoa. Esta característica, por mais simples que pareça, age diretamente na qualidade de vida das pessoas, causando presenteísmo (quando pessoa está em um lugar, mas com a mente em outro) na relação com a família e amigos.

“Muitas pessoas se entregam às empresas, fazem sacrifícios pessoais e alguns até deixam de viver, adiando projetos como casamento e filhos. Assim, os dias ficam mais curtos pelo excesso de afazeres e pela vida ocupada. Na verdade, é preciso estar atento para que o indivíduo possa reconhecer seus limites e estabelecer um ritmo que atenda satisfatoriamente as diferentes demandas”.

O assédio moral é uma forma extrema da violência psicológica no ambiente de trabalho. Refere-se às agressões psicológicas que se repetem e persistem no tempo, que visam a exclusão do trabalhador do ambiente de trabalho. Configuram-se por comportamentos repetitivos de isolamento e humilhações.

A Organização Internacional do Trabalho descreve o assédio moral como o comportamento de alguém para rebaixar uma pessoa ou um grupo de trabalhadores, através de meios vingativos, cruéis, maliciosos ou humilhantes contra uma pessoa ou um grupo de trabalhadores. São críticas repetitivas e desqualificações, isolando-o do contato com o grupo e difundindo falsas informações sobre ele. Marie-France psiquiatra francesa, sistematizou alguns comportamentos, que por sua repetição, associação e intencionalidade, caracterizariam o assédio moral.

Todos os comportamentos listados acima podem ser considerados atos de agressão psicológica, mesmo que não ocorram de forma repetitiva ou intencional. Nem toda situação de violência ou agressão psicológica no trabalho é tecnicamente assédio moral. Repetitividade e intencionalidade são os elementos que caracterizam o assédio moral e o diferenciam das agressões psicológicas pontuais e dos conflitos nas relações interpessoais.

Os comportamentos de violência psicológica mais frequentes estão relacionados à: pressão exagerada para cumprir metas, supervisão constante e rígida, uso de estratégias de exposição constrangedora de resultados e comparação entre membros do mesmo grupo, competitividade para além da ética, avaliação de desempenho somente pelos resultados e não

pelos processos, ameaça de demissão constante, humilhações direcionada para o grupo de trabalhadores diante de resultados abaixo do esperado, entre outras.

Assédio moral não é um fenômeno novo, mas as novas configurações do trabalho criam ambientes organizacionais propícios para a ocorrência de situações de violência psicológica menores e extremas no trabalho: política neoliberal, reestruturação produtiva, precarização do trabalho, desemprego estrutural, novas formas de gestão de pessoas.

Apesar de mais frequentes que o assédio moral, os comportamentos de violência psicológica menores são muitas vezes percebidos, num contexto de “banalização da injustiça social”

Questionada se as pessoas conseguem encontrar uma ligação entre esses efeitos psicológicos (ansiedade, agressividade, depressão, irritabilidade) à rotina massacrante, isso acontece somente quando elas enxergam que não têm mais tempo para viver a própria vida. Essa percepção, no entanto, demora a chegar, devido à dificuldade de muitos em se desligar do trabalho.

Uma maneira de se livrar da pressão no trabalho, é gerenciando os pensamentos negativos e catastróficos. “Muitas pessoas gastam energia preocupadas com os problemas que têm, em vez de procurarem alternativas de resolução. Isso eleva a tensão diária e impede uma visão menos negativa a respeito desses problemas”.

Faz parte da natureza humana passar por dificuldades, mas o importante é minimizar seus efeitos: desenvolver uma postura otimista é a chave para lidar com a pressão.

Além disso, outra atitude fundamental é buscar meios de manter o equilíbrio nas diversas dimensões humanas (física, emocional, social, espiritual). Técnicas de meditação, atividade física e prática de uma religião podem ser alternativas.

Bom Para A Mente, Bom Para O Corpo

Aliviando os problemas psicológicos, atenuam-se ainda os problemas físicos. “A pressão no trabalho pode manifestar-se através de sintomas emocionais, físicos ou mistos. Algumas doenças que estão relacionadas com isso são: as do aparelho digestivo, câncer, coronarianas, distúrbios do sono, entre outras”.

De acordo com pesquisas, 53% das doenças são provocadas por um estilo de vida não saudável e poderiam ser evitadas; 20% devem-se a fatores ambientais; 17% decorrem de uma tendência genética e apenas 10% estão ligadas à falta de assistência médica. Por isso, encare a pressão no trabalho de uma maneira positiva: sua mente e seu corpo agradecem!

Gleice Silva está atualmente estudando psicologia. Ela trabalha na PrevOne Diagnóstico e Prevenção sediada no Brasil. A empresa é responsável pela implementação de Programas de Prevenção e Controle para o Uso de Substâncias Psicoativas na aviação, incluindo a personalização de programas, treinamentos, exames e testes toxicológicos.

This article is from: