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Livre para Voar | Gleice Silva

Métodos para Reduções ao Uso Indevido de Álcool e Substâncias Psicoativas na Aviação Civil

Dependência Química, termo genérico para o uso patológico de álcool e outras drogas, constitui hoje, um dos mais sérios problemas de ordem biopsicossocial da humanidade. O uso excessivo de substâncias psicoativas resulta em malefícios no contexto geral na vida do indivíduo.

Os efeitos principais do álcool ocorrem no sistema nervoso Central (SNC), onde suas ações depressoras assemelham-se às dos anestésicos voláteis. Os efeitos da intoxicação aguda pelo etanol no homem são bem conhecidos e influenciam na fala arrastada, falta de coordenação motora, aumento da autoconfiança e euforia. O efeito sobre o humor varia de pessoa para pessoa e a maioria delas ficam mais ruidosa e desembaraçada. Alguns ficam mais amorosos e contidos. Em níveis elevados de intoxicação, o humor tende a ser instável, com euforia, melancolia, agressão ou submissão.

Em nosso meio, as bebidas alcoólicas são cada vez mais consumidas e até exaltadas em comerciais de grandes redes de televisão, propagandas e outdoor. Comprovado que a maioria das pessoas que consomem bebidas alcoólicas não se tornam alcoólatras, mas essa possibilidade passa a existir junto ao consumo.

No ambiente corporativo, a perda de produtividade, acidentes no trabalho, faltas “justificadas”, injustificadas e outras ocorrências interferem no desenvolvimento do colaborador. Deve-se analisar rigorosamente a existência do problema e buscar soluções. Quanto mais os empregadores das organizações desconheceram o problema da dependência química, vão lidar com o preconceito ou descaso, deixando de oferecer a devida assistência para os trabalhadores portadores desta doença.

Para contribuir com as empresas e conscientizar os funcionários foi aprovado pela (ANAC) Agência Nacional de Aviação Civil, o (PPSP) Programa de Prevenção do Risco Associado ao Uso Indevido de Substâncias Psicoativas na Aviação Civil. Para atender ao Regulamento Brasileiro da Aviação Civil nº. 120 (RBAC 120), foi desenvolvido visando melhorar a qualidade de vida de todos os colaboradores, partindo da premissa de que o uso indevido de álcool e outras drogas são incompatíveis com uma vida saudável e acarretam prejuízos na vida do ser em diversos requisitos.

Muito embora haja exceção, o dependente não procura ajuda espontaneamente. Mesmo nas isenções pode ser uma conduta manipulatória; ele “aceita” se tratar, mas somente para agradar a empresa ou a família. Há sinais, embora bastante imperceptíveis, pelo dependente em pedir ajuda, que podem ser reais, contudo, somente uma equipe bem treinada, na empresa, perceberá se os sinais são verdadeiros ou manipulatórios, pois existe uma negação maciça do indivíduo em aceitar a sua dependência; quer seja do álcool ou de outras drogas, pela própria natureza da doença: o paciente não se sente doente.

O intuito do programa não é punir ou discriminar os funcionários usuários de álcool ou dependentes químicos. Informações obtidas através de consultas e exames serão resguardadas por força do sigilo profissional, que alcança, além do médico, todos os profissionais afins que tenham acesso aos arquivos confidenciais. As empresas e a família podem ter um papel fundamental na transformação do indivíduo, possibilitando a prevenção e tratamento dessa doença, que hoje assume um caráter epidemiológico.

Junto ao PPSP, a psicologia clínica é uma das áreas mais conhecidas do cenário psicológico. Com notável dádiva, o psicólogo tem a virtude de usar a palavra, o olhar, as expressões, e até mesmo o silêncio. O dom de tirar “lá de dentro” o melhor que se tem para cuidar, fortalecer, compreender e aliviar; considerando a prevenção como uma das mais efetivas formas de combater a drogadição e ressignificar o “homem”.

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