Tec 90 completa

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EXPOPRINT LATIN AMERICA A REVISTA TÉCNICA DO SETOR GRÁFICO BRASILEIRO ANO XVIII Nº 90 •

VOL. III 2014 •

ISSN 1678-0965

2014

Confira o que de mais importante foi apresentado na maior feira do setor na América Latina

ENTREVISTA

R E V I S TA T E C N O L O G I A G R Á F I C A 9 0

Diretor da ANJ fala sobre a nova certificação para jornais, desenvolvida em parceria com a ABTG Certificadora

Sustentabilidade

Tutorial

Insumos

Especialistas se reúnem para debater os impactos da legislação na indústria gráfica

Thiago Justo mostra como transformar sua foto em uma autêntica gravura

Novos produtos para comunicação visual e a sustentabilidade


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Esta publicação se exime de responsabilidade sobre os conceitos ou informações contidos nos artigos assinados, que transmitem o pensamento de seus autores. É expressamente proibida a reprodução de qualquer artigo desta revista sem a devida autorização. A obtenção da autorização se dará através de solicitação por escrito quando da reprodução de nossos artigos, a qual deve ser enviada à Gerência Técnica da ABTG e da revista Tecnologia Gráfica, pelo e-mail: abtg@abtg.org.br ou pelo fax (11) 2797.6700

ncontramos na Wikipédia o seguinte conceito para certificação: certificação é a declaração formal de “ser verdade”, emitida por quem tenha credibilidade e autoridade legal ou moral. Ela deve ser formal, isto é, deve ser feita seguindo um ritual e ser corporificada em um documento. A certificação deve declarar ou dar a entender, explicitamente, que determinada coisa, status ou evento é verdadeiro. Deve também ser emitida por alguém, ou alguma instituição, que tenha fé pública, isto é, que tenha credibilidade perante a sociedade. Essa credibilidade pode ser instituída por lei ou decorrente de aceitação social. Se focarmos a indústria gráfica, poderemos ter certificações na área de gestão, processos industriais, segurança do trabalho e na seara ambiental. A certificação nada mais é do que uma demonstração de que a empresa certificada segue melhores práticas na área coberta pela certificação. Esta edição traz uma entrevista com Rodrigo Schoenacher, diretor do Comitê de Operações da Associação Nacional de Jornais, relatando todo o processo desenvolvido pela entidade no sentido de ajudar os seus associados a demonstrarem ao mercado que adotam as melhores práticas. Encontramos nesse processo, desenvolvido em parceria com a ABTG Certificadora, alguns itens conceituais dignos de serem registrados. A nova certificação foi concebida num âmbito estratégico por uma associação que identificou na certificação um elemento agregador de valor aos seus associados, diferenciando-os no mercado perante aqueles que não adotam qualquer certificação. Os critérios para a certificação foram desenvolvidos de tal forma que pudessem ser adotados por qualquer tamanho de empresa, tirando a ideia de que certificar-se é apenas para empresas grandes. Tais princípios atendem a uma escala com quatro níveis de complexidade, contemplando empresas que queiram evoluir gradativamente por todos os níveis ou atingir um patamar intermediário em função do tamanho de seu negócio. Em qualquer um dos níveis são incluídos critérios em diferentes áreas: gestão, meio ambiente, processos e segurança do trabalho. Através deste exemplo fica claro que a decisão por algum tipo de certificação deve partir de um ato estratégico da empresa, que a vê como um meio para agregar valor a algum processo, no qual quer demonstrar ao mercado que adota as melhores práticas. Poderá haver por parte da empresa uma decisão de evoluir na certificação numa sequência de processos de acordo com sua visão do que os clientes valorizam em sua atuação. Executivos da área gráfica devem estar atentos a esse tema, que será cada vez mais demandado pelo mercado. Antecipe-se, não espere que seu cliente exija certificações em áreas para as quais você não está preparado. Claudio Baronni Presidente executivo da ABTG VOL. III 2014 TECNOLOGIA GRÁFICA

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Sumário 8

Conheça as soluções que mais atraíram o público e as tendências apontadas pela feira

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Diretor da ANJ fala da nova Certificação de Qualidade para Jornais

ENTREVISTA

Transforme sua foto em uma gravura TUTORIAL

Novos produtos para comunicação visual

18

Quer inovar? Aprenda a fazer projetos disciplinados

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Impressão

38

Literatura e Na Rede

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Tampografia

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EXP OPR INT LAT IN AM ERI CA 201 4

Confira o que importante foi de mais apres na maior feira entado setor na Améri do ca Latina

ENTREVISTA

Diretor da ANJ fala sobre a nova certificação para jornais, desenv olvida em parceria com a ABTG Certific adora

Digitec

Como Funciona

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Oportunidades no processo de sublimação

GIA GRÁ FICA

26

A REVISTA TÉCNIC

A DO SETOR ANO XVIII Nº GRÁFIC O BRASIL 90 • VOL. III 2014 • ISSN EIRO 1678-096 5

TECNOLO

Seybold

Mudanças climáticas e a pegada de carbono

Notícias

Gestão Ambiental

Normalização

Construindo melhores fluxos de trabalho

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Gestão Ambiental

Gestão

A nova ISO 12647-2 – Parte III

7 º‒ Ciclo de Sustentabilidade

R E V I S TA

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ESPECIAL EXPOPRINT LATIN AMERICA 2014

Sustentabilidade Especialistas para debater os se reúnem impactos da legislação na indústria gráfica

Tutorial Thiago Justo mostra como transformar sua uma autêntica foto em gravura

Insumos Novos produto s comunicação para visual e a sustentabilidad e

Capa: Cesar Mangiacavalli Imagem: AGE Fotostock/Keystone Brasil


Curso de Celulose e Papel da Theobaldo De Nigris completa 35 anos

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m 1979 o Senai- SP, por meio da Escola Theo­bal­do De Nigris, deu início à oferta do curso Técnico de Celulose e Papel, atendendo à demanda desse setor que já vislumbrava uma forte expansão de suas atividades. Desde então a escola formou mais de 2.000 profissionais. Ao longo desses 35 anos o curso técnico tem sido constantemente atua­li­za­do, tanto em seus con­teú­dos quanto em seus métodos. Em 2000 o curso passou a ser oferecido in company, sob demanda das empresas, tornando possível aumentar muito a capacidade de atendimento e alcançar as re­giões mais remotas. Com esse modelo a Theo­bal­do De Nigris desenvolveu cursos em todas as re­giões produtivas do Estado de São Paulo. Também foram desenvolvidos projetos no Mato Grosso do Sul, na Bahia e no Maranhão, em parceria com o Senai desses estados. Hoje podemos afirmar que praticamente todas as fábricas de celulose e de papel brasileiras contam com técnicos formados pela instituição. Avançando mais uma fase no atendimento das necessidades do segmento, a partir de 2009 a Theo­bal­do De

Nigris, seguindo diretrizes do Senai-SP, passou a oferecer programas de qualificação pro­f is­sio­nal, mais curtos que os cursos técnicos. Esses cursos pro­pi­ciam um rápido ingresso no mercado de trabalho, formando profissionais com as com­pe­tên­ cias fundamentais para início da carreira. Os cursos de qualificação têm sido oferecidos gratuitamente, nos mu­ ni­cí­pios paulistas de Caiei­ ras, Mogi Gua­çu, Americana, Piracicaba, Suzano e Franco da Rocha. Em cinco anos foram qualificados quase 700 profissionais. Atual­m en­t e a E s cola Theo­b al­d o De Nigris está atendendo as empresas Suzano Papel e Celulose, em Suzano, e Multiverde Pa­péis Especiais, em Mogi das Cruzes. Também está sendo desenvolvido um curso Técnico de Celulose e Papel para a comunidade de Caiei­r as. A cidade de Jacareí (SP) terá o curso gratuito de qualificação “Au­xi­liar de Produção de Celulose” a partir de 16 de outubro próximo; as inscrições estão abertas! Contato: Maristela Jacome Cherubin, coordenadora – (11) 2797-​­6317, mcherubin@sp.senai.br Escola Senai Theobaldo De Nigris – Departamento de Celulose e Papel

Foto: Cláudio Roberto Silva

NOTÍCIAS

(E/D): Isabella Salib (Abre); os alunos Cicero Herber Silva Santos, Debora Ranieri Torchio Konichi, Carolina Viana Rodrigues e Daisa Clemente da Silva; Gisela Schulzinger e Luciana Pellegrino (Abre)

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Alunos do Senai ganham prêmio Abre

ntegrantes do curso de pós-​­gra­dua­ção Planejamento e Desenvolvimento de Embalagens Flexíveis conquistaram o primeiro lugar no Prêmio Abre da Embalagem Brasileira, na categoria estudantes. O projeto nasceu do desafio proposto pela professora Olinda dos Santos Miranda. Os estudantes Carolina Rodrigues, Cícero Santos, Daisa Silva e Debora Konichi de­ ve­riam desenvolver uma embalagem flexível que subs­ti­tuís­se, com vantagens, uma outra, rígida, já existente. A nova embalagem, para substituir a tra­di­cio­nal roll on, usada para desodorantes, inclui até mesmo a esfera de aplicação do produto. O projeto estrutural foi completado com a cria­ção da identidade vi­sual da peça. O Prêmio Abre da Embalagem Brasileira, cria­do em 2001, completa 14 anos de existência. Ao longo desse pe­río­do já homenageou empresas de todos os portes, mostrando que uma boa embalagem é fundamental para o sucesso dos mais diferentes produtos e que é benéfica para toda a cadeia produtiva e, principalmente, para o consumidor. As seguintes ca­te­go­rias são contempladas: ◆◆ Embalagem ◆◆ Design Gráfico ◆◆ Design Estrutural ◆◆ Tecnologia de Materiais e Conversão (injeção, sopro, impressão etc.) ◆◆ Competitividade In­ter­na­cio­nal ◆◆ Mar­ke­ting ◆◆ Es­p e­cial O projeto agora vai participar do concurso in­ter­na­cio­ nal de design de embalagens para estudantes, rea­li­z a­do pela World Packaging Or­ga­ni­sa­tion (WPO). VOL. III  2014  TECNOLOGIA GRÁFICA

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Realização


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EXPOPRINT Tânia Galluzzi

ExpoPrint 2014, a grande feira da indústria gráfica na América Latina

Foto: Erica Dal Bello

Para muitos ela já está entre as três maiores feiras do setor no mundo. Números à parte, o que se viu foi o espalhamento da tecnologia digital, a preocupação com a oferta de equipamentos cada vez mais flexíveis e a ampliação das ferramentas de gestão, tanto no nível administrativo quanto de produção.

8 TECNOLOGIA GRÁFICA

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lexibilidade foi um dos termos mais utilizados pelos expositores na ExpoPrint Latin America 2014, rea­li­z a­da entre os dias 16 e 22 de julho, no Transamerica Expo Center, em São Paulo. O conceito estava no slogan que a KBA adotou para a feira, nomeou uma das apresentações da Heidelberg, caracterizava as soluções de fornecedores de impressão digital como Xerox e Oki e estava na ponta da língua dos técnicos por toda parte. O objetivo era responder à urgência da indústria gráfica no sentido de otimizar os recursos já instalados, permitindo não só que o gráfico ofereça produtos de maior valor agregado quanto ingresse em novos mercados. No maior estande da feira, o da Heidelberg, a multiplicidade de opções trazida pela combinação dos processos offset e digital foi destaque. Ao mesmo tempo em que demonstrava a impressora offset plana Speed­mas­ter CX 102-5+L com secagem LE UV (lâmpadas ul­tra­vio­le­ta com baixo consumo de energia), enfatizando a possibilidade de o equipamento rodar substratos como papel-​­cartão, metalizados e

Visitantes assistem a uma apresentação da impressora Speedmaster CX 102-5+L

plásticos, a equipe enfatizava a presença da Linoprint C 901 Plus, impressora digital colorida, igualmente voltada para o segmento de impressão co­mer­cial, que se integra ao fluxo de trabalho da gráfica através da ferramenta Prinect. Segundo An­dreas Forer, vice-​ p ­ residente mun­dial para a área digital da Heidelberg, a empresa está mudando para se tornar mais flexível, e no segmento digital o caminho são as par­ce­ rias com a Ricoh, Fujifilm e Gallus (da qual a Heidelberg adquiriu o controle recentemente). Ainda este ano deve ser apresentado o primeiro fruto do projeto que vem unindo Fujifilm e Gallus para o desenvolvimento de sistemas de produção in­dus­trial a jato de tinta. Trata-​­se de uma impressora de etiquetas que combina impressão flexográfica a jato de tinta para produção de baixas tiragens e etiquetas personalizadas. “Temos de nos adaptar à rea­li­da­de do mercado,

o que inclui o investimento na impressão digital e o fortalecimento em serviços e consumíveis, que hoje já representa 30% de nosso faturamento”, disse Stephan Plenz, membro do Conselho de Administração da Heidelberger AG , durante a feira. Interessada em acomodar as demandas de gráficas que buscam uma produção mais ma­ leá­vel, a KBA levou para a ExpoPrint a impressora of fset Rapida 105 - 6 L , seis cores mais verniz. “Estamos investindo na customização dos equipamentos de acordo com as necessidades de cada clien­te, visando tempos de acertos cada vez mais curtos, flexibilidade em substratos e acabamentos especiais”, disse Ralf Sammeck, vice-​­presidente executivo da KBA para offset plana. Voltado para o segmento de embalagem, o equipamento imprime no formato até 740 × 1.050 cm, em substratos até 1,2 mm (papel-​­cartão) e 1,6 mm (microcorrugado) com op­cio­nal. Na Oki, a chance de am­pliar o leque de produtos estava caracterizada nas impressoras digitais C941 e C711WT, ambas utilizando o toner branco. A primeira, lidando com gramaturas de até 360 g/m2, no formato A3+, e a segunda, desenhada para o formato A4 e gramaturas de até 250 g/m2. Com o uso do branco o objetivo é quebrar os limites no desenvolvimento de produtos como cartões personalizados com acabamentos brilhantes ou em mí­dias escuras e impressão em películas transparentes. Flexibilidade também foi a promessa de uma das vá­rias linhas expostas pela Xerox, a iPrint. Fruto da aquisição da Impika, trata-​­se de um sistema integrado de produção frente e verso com um único motor, projetado para aplicações transacionais, transpromo e malas diretas. Pode ser usado tanto em mí­dias tratadas quanto em papel comum, empregando uma nova geração de tintas de alta densidade, atingindo velocidade de 375 metros por minuto, com resoluções que chegam a 1.200 × 600 dpi.

Foto: Erica Dal Bello

Otimizar recursos é crucial

Impressora Rapida 105-6L em demonstração

A Oki destacou as digitais C941 e C711NT, ambas com toner branco

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Tudo ao mesmo tempo agora

“O Foto: Álvaro Motta

gráfico está mais bem informado e per­ deu o medo do digital. Ele está voltan­ do a ter um norte”. Essa afirmação diz muito sobre o que foi a ExpoPrint 2014. E foi feita por um pro­f is­sio­nal que po­de­ría­mos cha­ mar da velha guarda, Antonio Dalama, diretor da Rotatek. A tecnologia digital não estava na feira para provar nada, exceto sua capacidade de caminhar em muitas direções. A própria Rotatek, desenvolvedora de sistemas que combinam offset, flexografia, tipo­ grafia, rotogravura e serigrafia, aproveitou o evento para divulgar a recente parceria com a Durst para a co­mer­cia­li­z a­ção de impressoras digitais rotativas inkjet para produção de etiquetas.

Impressora Océ VarioPrint 6000 Ultra+

Foto: Erica Dal Bello

No estande da Canon estavam lado a lado as im­ pressoras Océ Va­rioP­rint 6000 Ultra+ e a linha de grande formato imagePrograf. A primeira, focada na produção de materiais monocromáticos de grande volume e a segunda, em provas de cor, fine art, fo­ tografia e cartazes. O modelo apresentado na feira já representa a quarta geração da família Va­rioP­rint, como explicou Tadeu Cris­tia­no da Silva Faria, ana­ lista de mar­ke­ting da Canon. “Agora ela atinge 180 lpi (linhas por polegada) ou 600 × 1.200 dpi e está disponível em velocidades de 160 ipm (imagens por minuto) a 314 ipm, trabalhando com formato até SR A3 e gramaturas entre 60 e 300 g/m2.” O alvo é

Impressora Jet Press 720

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o mercado edi­to­rial, aplicações transacionais e de mar­ke­ting direto. A impressora jato de tinta ima­ gePrograf 8400 SE levada para a ExpoPrint utiliza seis cores (há modelos até 12 cores) e se adequa a produção de peças para sinalização interna. Na Fujifilm, que investiu cerca de US$ 1 milhão na feira, a versatilidade da tecnologia digital foi evi­ dente, com soluções para impressão co­mer­cial, edi­ to­rial, embalagens e grandes formatos. Tal diversi­ dade está em grande parte fundamentada no fato de a Fujifilm adotar uma produção verticalizada, responsabilizando-​­se pelo desenvolvimento e fa­ bricação das tintas e dos cabeçotes de impressão. Expostas pela primeira vez fora da Europa e Ásia, estavam a impressora jato de tinta Jet Press 720 e a solução de grande formato Onset R40 i. A Jet Press 720 utiliza o formato meia folha (B2), preen­chen­do, segundo a Fujifilm, uma lacuna existente entre o off­ set e os demais sistemas digitais. Com produtivida­ de de 400 m2/hora, a Onset R40i baseia-​­se em uma plataforma de arquitetura escalonável, com confi­ gurações que vão das quatro cores padrão até sete cores (ou oito canais de tinta, sendo duas unida­ des de impressão para a tinta branca). Com reso­ lução de 1.200 dpi, a Onset R40i imprime mí­dias de até 1.600 × 3.140 mm com até 50 mm de espessu­ ra, produzindo 80 folhas por hora no formato total. Também para o segmento co­mer­cial e edi­to­ rial, a Ricoh lançou na ExpoPrint 2014 a Ricoh Pro C901S Graphic Arts +. Com ampla versatilidade de mídia e opcionais de acabamento integrados, o sis­ tema tem resolução de 1.200 × 1.200 dpi e velocida­ de de 90 páginas por minuto independente do tipo de mídia, peso ou mesmo na versão duplex, acei­ tando substratos de até 300 g/m2. A segunda novi­ dade foi a Ricoh Pro L4160 , impressora colorida de grande formato que representa a entrada da Ricoh no segmento de sinalização. Empregando tinta lá­ tex aquosa, imprime até seis cores, incluindo laran­ ja, verde e branco, com formato de 1,60 m de boca. No estande da HP os visitantes estavam inte­ ressados sobretudo na HP Indigo 10000, impres­ sora digital de qualidade offset em formato meia folha (B2), segundo Fernando Alperowitch, diretor da unidade de ne­gó­cios HP Indigo na América La­ tina. O equipamento disponível durante o evento foi adquirido pela Forma Certa no início do ano, é o 110º‒ equipamento vendido no mundo desde o seu lançamento, o 11º‒ na América Latina e o tercei­ ro no Brasil. A empresa destacou ainda a HP Indigo 7800, alimentada por folha, que oferece novos recur­ sos, incluindo a habilidade de imprimir diretamente 


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Foto: Erica Dal Bello

para a feira o Guia Pro­f is­sio­nal – Gráficos e Designers, que traz uma série de recur­ sos e acabamentos, incluindo os efeitos cria­dos pela Scodix. Outra jato de tinta que despertou a curio­si­d a­d e dos visitantes foi a 1024 UV MVP, da Direct Color Systems, representada no Bra­ sil pela Agabê. Solução para pequenos formatos, a impressora de mesa com cura LED UV, fabricada nos Estados Unidos, faz impressão tri­di­men­sio­nal em madeira, metal, cerâmica, plástico, vidro, entre outros materiais, e vem se destacando na impressão

Impressora inkjet 1024 UV MVP

de texturas e braille. O equipamento utiliza jogo de seis cores, incluindo transparente e branco, tem área de impressão de 254 mm × 610 mm, resolução de até 5.760 dpi, sendo capaz de imprimir em substratos de até 15 cm de espessura. Com dimensões bem maiores e para um merca­ do distinto, a impressora flatbed Anapurna M2540 foi uma das soluções mostradas pela Agfa. Especí­ fica para mí­dias rígidas ou em folhas, utiliza seis ca­ beças de impressão de 12 picolitros para cada cor (CMYK + Lc + Lm) mais duas cabeças de 42 pico­ litros para o branco. Sua mesa de 2,54 m × 1,54 m possui oito zonas de vácuo diferentes para garan­ tir melhor fixação da mídia e evitar ao máximo a necessidade de utilização de fita adesiva.

Foto: Erica Dal Bello

em substratos sintéticos e cartões plásticos, além de uma nova ex­pe­riên­cia de ge­ren­cia­men­to de co­ res com um espectrofotômetro em linha, e a HP In­ digo WS6800 , alimentada por rolo, que oferece ao mercado de etiquetas e embalagens tempos de re­ torno mais rápidos por meio de ge­ren­cia­men­to de cores automático e novos recursos de tintas para aplicações expandidas. “Encontramos aqui na feira dois perfis de clien­tes: aqueles que já estão no digi­ tal e querem saber o quê e como podem fazer mais através da tecnologia, e os que ainda não estão. Es­ ses não perguntam mais sobre o fun­cio­na­men­to da tecnologia e sim sobre custos e como podem entrar nessa área”, disse Fernando Alperowitch. E comple­ mentou: “A HP está focada em maior produtivida­ de e menor custo de produção. Vendemos tinta. Quan­to mais páginas por minuto melhor”. O estande da T&C esteve movimentado não só pela força da marca Epson, mas pela presença da impressora jato de tinta S75 , da Scodix. Empre­ gando secagem UV, a máquina aplica camadas de

Foto: Tânia Galluzzi

Impressora HP Indigo 10000

polímero de alto brilho sobre materiais impressos em offset e digital, sem alteração das cores já im­ pressas, crian­do efeitos de acabamento. Desde seu lançamento há quatro anos, 110 unidades foram vendidas. No Brasil, onde o sistema está sendo co­ mer­cia­li­za­do pela T&C desde 2013, cinco máquinas estão instaladas. A que estava na feira, inclusive, se­ guiu para uma das poucas gráficas com estande na ExpoPrint, a Compulaser, há 25 anos no merca­ do paulista. “Vimos na Scodix a oportunidade de oferecer um di­fe­ren­cial ao mercado”, afirmou Ta­ lita Moser, gerente de produto. A empresa levou 12 TECNOLOGIA GRÁFICA

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Foto: Erica Dal Bello

Detalhe da impressora S75, da Scodix

A Agfa montou um painel de aplicações em seu estande


Integração já

“A

informação é mais importante que a impressão”, sentenciou Bruno Cia­lo­ne, consultor, durante a ExpoPrint. Conversamos sobre a visão dele da fei­ ra e a tônica foi a falta de atenção com a qual o gráfico continua a tratar o fluxo de trabalho. “Não dá para pensar em um equipamento de dois milhões de dólares sem olhar para o work­f low”, disse Bruno. Sem a adoção de ferra­ mentas que integrem as vá­rias etapas da produção e ela à administração, o es­pe­cia­lis­ta argumenta que se perpetua o modelo de ilhas de excelência. “Tudo continua fragmentado.” Se falta ao gráfico a visão do todo, sobram instrumen­ tos para fazer a liga. Na linha de frente dos soft­w ares de gestão, a Agfa estava presente com três soluções: Apogee Asanti, work­f low 100% em português que possibilita a in­ tegração total do processo gráfico, digital e híbrido; Apo­ gee Storefront, solução para web-​­to-print; e a nova geração do Arkitex, voltado para o controle do fluxo de trabalho do segmento de jornais. O pacote da Fujifilm para essa área é o XMF, cons­ truí­do em torno da arquitetura modular Adobe Mercury RIP, ba­sea­da em Adobe PDF Print Engine e na arquitetu­ ra aberta JDF. A solução fornece um conjunto de recursos de preflight, ge­ren­cia­men­to de cores, imposição e reticu­ lagem de imagens, para uma grande va­rie­da­de de dispo­ sitivos de saí­da como CtPs, sistemas de prova e impres­ soras digitais. Também inclui ferramentas para a cria­ção de perfis de mídia, importação de perfis ICC e cria­ção de curvas de li­nea­ri­z a­ção e ganho de ponto. A Starlaser aproveitou a feira para apresentar pela pri­ meira vez em um evento in­ter­na­cio­nal a solução para pro­ dução de embalagens e rótulos PackZ, da qual é distribui­ dora exclusiva no Brasil. Trabalhando com documentos PDF como formato nativo, o aplicativo reú­ne uma série de fun­cio­na­li­da­des que otimizam a entrada e saí­da de arqui­ vos no fluxo de trabalho gráfico. Entre os destaques está o CloudFlow, um conceito ba­sea­do em nuvem para recep­ ção e envio de documentos PDF, bem como o CloudFlow Space, uma área para edição de PDF que oferece con­f ia­ bi­li­da­de e a integração com aplicativos gráficos líderes do mercado, como o pacote de design da Adobe. Os visitantes puderam conferir também as novas fun­ cio­na­li­da­des dos aplicativos da família Enfocus Pitstop, uma série de soft­wares e ferramentas que possibilitam a cria­ção de work­f lows PDF. Entre eles está o Enfocus Pits­ top PRO, um plug-​­in para o Adobe Acrobat voltado a flu­ xos de trabalho de grandes volumes de arquivos que otimi­ za os processos de conversão e preflight em documentos PDF voltados a uso gráfico.

Re­cuan­do o olhar e pousando-​­o nos processos que an­ tecedem o início de qualquer trabalho e que depois cor­ rem em paralelo e integrados à produção, a feira apresen­ tou igualmente vá­rias alternativas. A EFI atraiu atenções com seu sistema de gestão composto por módulos inde­ pendentes, entre eles o IQuo­te, módulo orçamentista re­ cém-​­atua­li­za­do, que acaba de ganhar o InterTech Techno­ logy Award, conferido pela Printing In­dus­tries of America (PIA). Com base na especificação do produto, o IQuo­te é capaz de indicar a melhor forma de produzir, comparando as milhares de alternativas possíveis, e crian­do um roteiro de produção que inclui formatos, operações, máquinas e todos os insumos que serão necessário. O sistema fun­cio­ na pela Internet, possibilitando respostas rápidas aos clien­ tes. Ao fechar o pedido, instruções detalhadas são en­via­das para o Planejamento e Controle de Produção (PCP), orga­ nizando e agilizando a entrega do produto final. Ao térmi­ no da produção é possível ava­liar a rentabilidade de cada pedido e fazer ajustes para os novos orçamentos. A Calcgraf mostrou na feira mais de dez novas soluções. A ferramenta para web-​­to-print (B2B) foi bastante procu­ rada. Ela envolve portal de acesso dos clien­tes aos serviços da gráfica e permite o ge­ren­cia­men­to de pedidos via in­ ternet. Consultas, compras recorrentes, entre outras ope­ rações, são via­bi­li­z a­das pelo portal, aproximando o clien­ te da gráfica. O novo sistema oferece, inclusive, recursos que possibilitam a integração do site da gráfica com por­ tais de e-​­commerce externos (B2C) e ao ERP (Enterprise Resource Planning) da gráfica. Independente, a nova ferra­ menta poderá ser adotada tanto por empresas que usam o Webgraf quanto o GPrint, os dois sistemas de gestão desenvolvidos pela empresa. Expandindo o alcance do Webgraf, a Calcgraf mostrou seis novas ferramentas: Controle de Suprimentos, NF-e e NF s-​­e, PCP, Consultas Gerenciais, recursos adicionais do CRM e Orçamento Grandes Formatos. No GPrint, as no­ vidades foram o módulo de Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) geração 3.0, a nova versão do Pós-​­cálculo, o Warehouse Management System (WMS), o novo PCP e o módulo de Apontamento Automatizado. Focada em produtividade, a Ecalc divulgou na Expo­ Print as novas fun­cio­na­li­d a­des da versão atua­li­z a­d a do ePlan, aplicativo de PCP que reú­ne ferramentas que per­ mitem uma visão total de todos os processos diá­rios de uma gráfica, desde a entrada de um novo serviço até o melhor di­re­cio­na­men­to para os equipamentos de saí­da, controle sobre des­per­dí­cios, ocio­si­da­de, gargalos, incluindo a localização de problemas. VOL. III  2014  TECNOLOGIA GRÁFICA

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Preocupação ambiental

C

Foto: Divulgação

resce em ritmo constante o investimento dos fornecedores de produtos am­bien­ tal­men­te amigáveis. E os expositores da ExpoPrint procuraram evi­den­ciar cada detalhe que aponte nesse sentido. Já na entrevis­ ta coletiva rea­li­z a­da pela Heidelberg poucos dias antes do início da feira, a empresa divulgou que to­ dos os equipamentos em exposição te­riam certifi­ cado de carbono neutro e que se­riam oferecidos com a opção de compensação de carbono. Na sea­ra dos consumíveis, esse esforço ficou ain­ da mais claro. A Heidelberg levou para a feira a linha Saphira Eco, incluindo chapas, tintas, vernizes, cola e soluções de limpeza e molha cumpridores de ri­ gorosos cri­té­rios ambientais. Sob o mesmo guarda-​ ­chuva foram lançadas na feira a tinta Saphira LE UV, in­gre­dien­te fundamental da tecnologia Low Energy (lâmpadas ul­tra­vio­le­ta com baixo consumo de ener­ gia) apresentada na impressora offset plana Speed­ mas­ter CX  102‑ ­5+L ; e a linha Saphira Low Mi­gra­ tion, consumíveis de baixa migração di­re­cio­na­dos à produção de embalagens de alimentos.

De acordo com Francisco Veloso, diretor da em­ presa, muitas embalagens produzidas no Brasil não respeitam a regulamentação da agência go­ vernamental e os vernizes Over­food podem aju­ dar os convertedores a cobrirem essa lacuna. Para comemorar seus 20 anos de atua­ç ão, a Overla­ ke levou para a feira seu novo catálogo, desenvol­ vido para apresentar 20 produtos, entre vernizes aquosos, UV e óleo resinosos di­re­cio­na­dos es­pe­ cial­men­te à produção de embalagens. Entre eles está a linha de vernizes 3D, que simula o efeito 3D com um custo acessível. A Printcor estava com uma linha completa de vernizes à base de água e especiais, além das tintas UV para secagem LED da francesa Brancher, e das tintas à base de ­óleos vegetais da asiá­ti­ca Kings­ wood. “Hoje praticamente 60% das tintas usadas pelo segmento gráfico brasileiro são importadas em função do custo. Temos de nos ajustar a isso”, afir­ mou Marco Zorzetto, gerente in­dus­trial da Printcor. Na He­lio­co­lor o visitante pôde conhecer a nova li­ nha de vernizes à base de água Ecolacqua Renewab­ le, que traz ma­té­rias-​­primas de fontes renováveis em sua com­ posição. A família de produ­ tos tem efeitos como alto bri­ lho, acetinado, fosco e soft feel. Já na etapa que antece­ de a impressão, a preo­c u­p a­ ção am­bien­t al manifestou-​­se nas chapas e sistemas de gra­ vação. De acordo com Jeffrey Clarke, que assumiu o coman­ do da Kodak em março deste ano, a participação de merca­ do da América Latina, em es­ pe­cial do Brasil, é destaque em algumas novas soluções da Ko­ Novo catálogo Overlake dak, como nas chapas offset sem processamento químico A chancela de baixa migração estava em outros da linha Sonora e o CtP Flexcel NX , para gravação estandes, como no espaço da Sun Chemical e da de chapas flexográficas. Marcelo Chimelli, diretor Overlake. Na Sun Chemical foi usada para caracte­ co­mer­cial e de mar­ke­ting da IBF, comentou que rizar a linha de tintas e vernizes Sunpak LMQ , vol­ os clien­tes estão em busca de redução de custo tada para produtos ali­men­tí­cios, far­ma­cêu­ti­cos e ope­ra­cio­nal, necessidade respaldada pela linha de de tabaco. Na Overlake, referenciou o lançamen­ chapas offset Ecoplate. No espaço da Konita Brasil, to da família Over­food, composta por vernizes à os visitantes encontraram a chapa térmica livre de base de água para contato direto com alimentos. processamento químico KTP-NP. 

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Diversidade em acabamento

P

e separados, prontos para processamento pos­te­ rior, sem a necessidade de separação ma­nual de recortes. Cinco unidades foram vendidas na feira para clien­tes da Argentina, Índia e Europa.

Foto: Álvaro Motta

Foto: Divulgação

ara a fase de finalização dos produtos não faltaram opções na ExpoPrint 2014. A Furnax levou vá­rias soluções, como a corte e vinco automática Hércules 1060 com aquecimento para corte de substratos plásticos, papel, cartão e micro-​­ondulado. Os sistemas de pós-​­impressão compunham com a impressora offset Komori uma linha completa de produção.

Sistema de acabamento de envelopes Mailstream Engage

Já para o segmento de mar­ke­ting direto, a Pitney Bowes expôs o novo Mailstream Engage, sistema de acabamento de envelopes para malas diretas. Capaz de inserir até três encartes, rea­li­z a o envelopamento a partir de pa­péis nos formatos A4 ou Carta, com gramatura entre 110 e 160 g/m2. É capaz de inserir cartões até 92 mm × 165 mm, com sistema de fechamento em hot melt, em velocidade de 600 até 1.350 envelopes/hora.

A Renz, es­pe­cia­li­za­da em sistemas de encadernação e plastificação, foi para a feira com um estande 50% maior do que na edição de 2010, com impacto positivo no volume de vendas, de acordo com Mário Hinrichsen, gerente geral. A empresa lançou a InLine 360, sistema modular de perfuração e encadernação com capacidade de até 120 ciclos/min e troca automática de formato. Voltada para o mercado de embalagens de alta produção, chamou atenção no espaço da Bobst a Novacut 106 ER . Lançada mun­dial­men­te na ExpoPrint, a máquina de corte e vinco oferece separação de cartuchos em linha. Capaz de produzir até 7.000 caixas por hora, a Novacut 106 ER entrega pacotes de cartuchos empilhados, destacados

Foto: Divulgação

À esquerda, corte e vinco automática Hércules 1060

Foto: Divulgação

Máquina de costura Ventura MC Tween

A Novacut 106 ER teve seu lançamento mundial na ExpoPrint

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Na área edi­to­rial, a Müller Martini mostrou a nova versão da máquina de costura para livro Ventura MC ­Tween, que permite inserir encartes de tamanhos e gramaturas diferentes aos dos cadernos principais. No campo das grampeadeiras, o interesse do público pela Presto II Digital ­Ready mostrou, de acordo com Carlos Pace, gerente geral, a busca por redução de custos através da automação dos processos e corte de tempos parados.


Resultado surpreendente

H

á 10 anos, quando a Afeigraf foi cria­da em função da promoção de uma nova feira para a indústria de impressão gráfica, fez-​ ­se a opção pelo modelo quadrienal, aos moldes da Drupa. Nesta terceira edição, ao que parece, esse desenho colaborou não só para que os expositores e a própria organização do evento se preparassem adequadamente, mas também para que a feira como que sublimasse o mau humor da economia na­cio­nal em 2014. Os números oficiais da feira dão conta disso: foram 48.866 visitantes, movimento 37% maior em relação à edição an­te­rior, que geraram ne­gó­cios da ordem de US$ 400 milhões (US$ 300 milhões em 2010). O público teve à sua disposição 40 mil metros quadrados de feira, ocupados por cerca de 300 expositores, que demonstraram mais de 750 marcas. Contribuiu decisivamente para o clima de otimismo que andou pelos corredores a presença dos estrangeiros, ma­jo­ri­ta­ ria­men­te latino-​­americanos, que somaram 4.082 pes­soas, contra 1.258 em 2010. Entre os muitos argentinos que visitaram a feira estava Carlos Pedrini, chefe do departamento de planejamento, logística e produção da Arte Grafico Edi­to­rial Argentino, sub­si­diá­ria do Grupo Clarín. Pela primeira vez em

uma feira no Brasil, Carlos impressionou-​­se com a evolução da impressão digital, sobretudo no segmento de embalagem. O técnico afirmou ter feito vá­rias cotações e já estava preparado para voltar à feira no dia seguinte. A próxima edição da ExpoPrint Latin America será em 2018. A feira terá cinco e não mais sete dias, mudança solicitada por vá­rios expositores, e ocorrerá entre o final de março e o início de abril, desta vez no Expo Center Norte, na capital paulista.

Foto: Tânia Galluzzi

SENAI E SISTEMA ABIGRAF DÃO SEU RECADO O Senai-​­SP, a Abigraf, a ABTG e a ABTG Certificadora também marcaram presença na feira. O Senai, com quatro escolas com cursos específicos para o setor gráfico, preparou uma programação es­pe­cial de palestras técnicas. Rea­li­za­da dia­ria­men­te, no próprio estande do Senai, a grade atraiu bom público, com média de 20 pes­soas por palestra. Ao todo, 22 palestras foram rea­li­za­das em seis dias, abordando 13 temas. O espaço foi ainda ocupado pelas finais da Shots Copa Latina 2014, competição de classe mun­dial em habilidades na área gráfica usando o Shots (simulador para treinamento em impressora offset). Patrocinado pela Sinapse Print Simulators, foi a primeira vez que a competição aconteceu na América Latina, e as finais, compostas por cinco exer­cí­cios, foram disputadas entre Guido Vilca, da gráfica pe­rua­na Biblos, e Fernando Caparroz, instrutor de impressão offset da Theo­bal­do De Nigris, que se sagrou vencedor. Abigraf, ABTG e ABTG Certificadora divulgaram durante o evento todos os seus serviços ao setor, assim como a Two Sides, organismo cria­do para desmistificar declarações enganosas com relação ao impacto am­bien­tal das in­dús­trias de papel e gráfica, cria­da em 2008 Fernando Caparroz, instrutor do Senai, foi o vencedor da e agora apoiada por 42 entidades empresariais brasileiras, entre elas o Sistema Abigraf. Shots Copa Latina 2014 VOL. III  2014  TECNOLOGIA GRÁFICA

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IMPRESSÃO

Fernando Rodrigues Machado Rosa

Novos produtos para comunicação visual e a sustentabilidade

A

s preo­cu­pa­ções ambientais são relativamen­ te recentes. Nas décadas de 1970 e 1980, quando ocorreram alguns grandes aciden­ tes industriais, o meio am­bien­te ganhou espaço nas agendas dos governos e passou a ser discutido pelos organismos internacionais. O conceito de Desenvolvimento Sustentável, cria­do pela Comissão Mun­dial sobre Meio Am­ bien­te e Desenvolvimento das Nações Unidas em 1983, foi descrito ini­cial­men­te como sendo um desenvolvimento que deveria satisfazer as neces­ sidades presentes sem, contudo, comprometer o direito das futuras gerações. Hoje, já se fala que sem saú­de e prosperidade no conjunto da so­cie­ da­de, a lucratividade e a perenidade das empresas tornam-​­se inviáveis1. Nesse caminho em busca da sustentabilidade, algumas empresas de suprimentos para o segmen­ to de comunicação vi­sual começaram a trabalhar para que os impactos ambientais de sua atua­ção fos­ sem reduzidos, tanto através de me­lho­rias nos pro­ cessos de fabricação quanto no desenvolvimento de produtos mais sustentáveis. Na parte de processos de fabricação houve me­ lho­rias de efi­ciên­cia energética e redução de com­ postos orgânicos voláteis (VOC). Em alguns casos, essa redução chega a mais de 10% por unidade de ma­te­rial acabado. Em 2012, alguns projetos de pre­ venção à poluição fizeram com que uma dessas empresas deixasse de produzir mais de 700 tone­ ladas de re­sí­duos e de emitir mais de 4.000 tonela­ das de gases de efeito estufa nos Estados Unidos. Recentemente, surgiram linhas de produtos ino­ vadores que são “mais sustentáveis” em frentes di­ ferentes. Como exemplo, podemos citar produtos 1  LYE, Geoff, ELKINGTON, John. Cannibals with Forks: the triple bottom line of 21st century business. New York: McGraw Hill, 2000.

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translúcidos projetados para serem utilizados em construções com LED s, melhorando a transmis­ são de luz e reduzindo o número de LED s; e pro­ dutos para impressão digital extremamente ver­ sáteis em termos de aplicação e cuja composição não utiliza PVC . A iluminação com LED s é amplamente aceita como uma das tec­no­lo­gias de iluminação mais efi­ cien­tes energeticamente disponíveis hoje. O Depar­ tamento de Energia dos Estados Unidos estima que, trocando as iluminações por LED ao longo das pró­ ximas duas décadas, o país poderia reduzir o con­ sumo de energia elétrica para aplicações de ilumi­ nação geral em quase metade, diminuir as emissões de gases de efeito estufa em 1.800 milhões de to­ neladas de carbono e economizar US$ 250 bilhões em custos de ener­gia2 . Em uma caixa de luz de ilu­ minação frente e verso, a troca de lâmpadas fluo­ res­cen­tes por LED provoca uma redução de 60% do consumo ­anual de energia. Além disso, os LEDs de longa duração têm uma vida útil de 50.000 horas ou mais sem a necessida­ de de substituir uma lâmpada3 . Sua fabricação tem um impacto am­bien­tal global menor em compa­ ração com a fabricação de lâmpadas fluo­res­cen­ tes 4 . Os LEDs também são livres de mercúrio. As­ sim, seu uso evita a contaminação am­bien­tal por mercúrio pro­ve­nien­te da quebra acidental ou dis­ posição inadequada de lâmpadas fluo­res­cen­tes. Em adição, há uma redução do número de lâmpa­ das fluo­res­cen­tes, que têm de ser recicladas. Reci­ clagem e recuperação do mercúrio contido dentro 2  U.S. Department of Energy: Report on Energy Savings of Solid-​­State Lighting, janeiro 2012. 3  U.S. Department of Energy: Solid-​­State Lighting – LED Basics. 4  U.S. Department of Energy: Life-​­Cycle Assessment of Energy and Environmental Impacts of LED Lighting Products.


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da lâmpada fluo­res­cen­te consomem uma quanti­ dade considerável de energia, em comparação com a reciclagem de um LED 4 . Porém, para atingir o mesmo brilho de uma ilumi­ nação fluo­res­cen­te, é necessário um grande número de LEDs em uma caixa de luz, o que pode in­via­bi­li­ zar financeiramente as construções. Com o lança­ mento de uma nova geração de materiais translúci­ dos, com pro­prie­da­des de transmissão de luz mais elevadas, os clien­tes têm a flexibilidade para alcan­ çar o mesmo brilho usando menos LEDs, ou ­criar sinais mais iluminados, sem acrescentar mais LEDs. Outra frente de produtos “mais sustentáveis” é composta por materiais que não têm PVC em sua composição. Atual­men­te, a maior parte dos filmes de comunicação vi­sual é de PVC, que são tipicamen­ te muito estáveis, resistentes e duradouros, atribu­ tos altamente desejáveis para os materiais gráficos de longo prazo. Contudo, elementos ha­lo­gê­nios

Testeira de posto confeccionada em produto translúcido para LEDs

como f­ lúor, cloro, bromo e iodo têm sido tra­di­cio­ nal­men­te usados nas composições desses plásticos. O problema com plásticos halogenados ocorre durante a eliminação. Se o ma­te­rial é incinerado, os ha­lo­gê­nios rea­gem com a água disponível (um subproduto de incineração) para formar ácidos

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Filme sem PVC usado para envelopamento automotivo

fortes, como HCI e HF. Somando-​­se a essas questões de cunho am­bien­tal, a incineração de materiais halogenados pode ser cara. Essa nova geração de produtos, além de eliminar o PVC , também é livre de ftalatos, família de produtos químicos tra­di­cio­nal­men­te utilizados na indústria de PVC como plastificantes para fazer filmes mais flexíveis. Essa família de produtos químicos está se tornando mais regulada globalmente, devido a riscos de saú­de as­so­cia­dos a eles. Os novos produtos sem PVC têm ainda 10% de sua composição provinda de materiais de fontes

Filme sem PVC usado em van

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renováveis e utilizam 60% menos solvente durante o processo de fabricação em comparação com um processo ­usual de fabricação de filmes cast. Foram projetados para excluir determinados produtos químicos e apresentarem performance de aplicação ainda su­pe­rior aos produtos usuais. Com relação ao desempenho de aplicação, esses produtos são mais resistentes a riscos e se conformam mais facilmente em su­per­f í­cies complexas. Apresentam alongamento de 150% e podem ser utilizados desde um envelopamento automotivo até su­per­f í­cies texturizadas, como paredes e muros, com aplicações até 50% mais rápidas. Apresentam ainda bom comportamento em diferentes temperaturas, pois não ficam moles em altas temperaturas e quebradiços em baixas temperaturas. Por fim, suas remoções são mais fáceis, pois esses novos materiais também são mais resistentes ao rasgamento. Assim, vimos neste artigo duas frentes de inovação, mas que não deixam de ter uma boa performance em função de serem “mais sustentáveis” em relação às gerações an­te­rio­res de produtos para comunicação vi­sual. Pelo contrário, são os melhores para as aplicações a que foram projetados. E isso é só o começo. A tendência é que ini­cia­ti­vas como essas se tornem mais frequentes para que tenhamos cada vez mais produtos menos po­luen­tes e com desempenho ainda melhor. FERNANDO RODRIGUES MACHADO ROSA é engenheiro

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GESTÃO

José A. Lerosa de Siqueira

Quer inovar?

Aprenda antes a fazer projetos disciplinados

E

stá fun­cio­nan­do? Não mexa. O primeiro a di­ zer isto foi Henry Ford, quando lançou o Ford Modelo T, primeiro automóvel verdadeira­ mente popular do mundo. Era uma época em que as pes­soas ainda não estavam ha­bi­tua­das a comprar caixas pretas e con­f iar que elas fun­cio­ na­riam por anos sem mais cuidados que a manu­ tenção pe­rió­di­ca feita por um mecânico habilitado. Agora imagine o am­b ien­te de uma empresa, cheio de operações calibradas, desenvolvidas ao longo de anos. Não soa arriscado demais introduzir mudanças nos processos? Pode ocorrer que aciden­ talmente a calibração seja perdida. Certamente os donos da empresa não irão gostar se isso acontecer. Há um nome específico para o conjunto de pro­ cessos que garantem a sobrevivência da empresa no presente: máquina de desempenho. É ela que gera a receita que paga as contas no final do mês. Portan­ to, não permita que alguém mexa com ela. O bom fun­cio­na­men­to da máquina de desempenho é o que garante o presente da empresa. De repente, surge a discussão em torno da ino­ vação. Consultores, professores, economistas, cien­ tis­tas sociais, o próprio governo, os órgãos de classe, todos eles insistem que para sobreviver a empre­ sa precisa inovar, nos processos, nos produtos, na forma de lidar com os clien­tes e fornecedores, na maneira como cobra o clien­te, nos canais de distri­ buição, nos insumos utilizados. Talvez exista pelo menos uma unanimidade no mundo dos ne­gó­cios: inovar é fundamental para uma organização se man­ ter viva e em pé. Empresa que não inova, mais cedo ou mais tarde some do mercado. Afinal, devo impedir que brinquem com o nosso ganha-​­pão ou permitir a introdução de inovações na minha empresa? Devo preservar a unhas e dentes a integridade das operações ou abraçar a inovação?

22 TECNOLOGIA GRÁFICA

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A boa notícia é que, no fundo, esse conflito es­ tratégico não existe. Uma forma de entender o mo­ tivo é ler um artigo de Vijay Govindarajan, professor da Tuck ­School of Business, de Dartmouth. Resu­ midamente ele propõe um modelo em que tudo que acontece numa organização pertence a uma de três caixas: ◆◆ Caixa 1: O que se re­la­cio­na com preservar o presente — a máquina de desempenho ◆◆ Caixa 2: O que pode auxiliar a destruir o passado, de maneira seletiva — as atividades estratégicas que ajudam a repensar a organização ◆◆ Caixa 3: O que é feito para c ­ riar o futuro da empresa — os projetos de inovação. Govindarajan ainda comenta que dos 330 mi­ lhões de deuses reconhecidos pelo hin­duís­mo, os três mais importantes são Vishnu, o deus da pre­ servação; Shiva, o deus da destruição; e Brahma, o deus da cria­ção. A correspondência entre as três caixas e os três deuses hindus é clara: ◆◆ Vishnu/Caixa 1 = preservar ou ge­ren­ciar o presente ◆◆ Shiva/Caixa 2 = destruir ou seletivamente abandonar o passado ◆◆ Brahma/Caixa 3 = c ­ riar o futuro. (Ex­traí­do de http://www.tuck.dartmouth.edu/ people/vg/blog-​­archive/2009/08/the_economic_ times_thinking_in.htm) A Caixa 1 refere-​­s e à capacidade de geração de receita no presente; as Caixas 2 e 3 falam de inovação e crescimento no futuro. Logo, a má­ quina de desempenho, que é o coração da Caixa 1, está totalmente protegida contra a ação de al­ gum inovador desavisado, que só irá fazer seu tra­ balho de funilaria nas Caixas 2 e 3. Essa é a boa


notícia. Não existe conflito. Pode-​­se ao mesmo tempo proteger a máquina de desempenho e executar projetos de inovação. Há também uma má notícia. Tudo que faz parte das Caixas 2 e 3 são atividades organizadas na forma de projetos. E a empresa brasileira, o estado brasileiro, o am­bien­te brasileiro, com raríssimas exceções, ainda não se sente à vontade executando projetos. Não me refiro apenas a projetos de inovação, mas a qualquer tipo de projeto. Tudo que acontece dentro de uma organização ou é parte de um processo ou é parte de um projeto. Processos são atividades repetitivas, con­tí­nuas no tempo e frequentes. Existem processos de controle financeiro, de controle de estoque, de contratação de fun­cio­ná­rios e muitos outros. Uma empresa qualquer tem mais de 50 processos diferentes,

alguns mais comuns, outros menos, mas todos rea­ li­z an­do tarefas conhecidas, dominadas, com resultados previsíveis e sem riscos. A característica de ser repetitivo acaba crian­do, às vezes a trancos e barrancos, um conjunto de procedimentos heurísticos, implícitos (informais) ou explícitos (documentados). Às vezes, há um excesso de burocracia, com um monte de for­mu­lá­rios e requisições a serem preen­chi­dos para disparar o fluxo de tarefas. Chamamos de burocracia tudo que deve ser feito, mas não precisaria, porque não é necessário. Gra­dual­men­te, os processos de um setor acabam sendo otimizados e executados com uma qualidade ra­zoá­vel, mesmo que o am­bien­te não tenha uma função explícita de planejamento tático (que regras devem ser seguidas?) para definir como suas tarefas são executadas.

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A maioria dos processos tem regras que vão surgindo a partir dos usos e costumes da empresa, porém há setores, como o de contabilidade e controle tributário, que estão sujeitos a controles externos, o que requer que os processos sejam executados com rigor, obedecendo a padrões impostos. Processos são executados e ge­ren­cia­dos. Não há concepção de processo, não há planejamento de processo. Todo processo (ou alteração de um processo) deriva de projetos de implantação de processos. ERRAR FAZ PARTE

Um projeto é um conjunto de atividades com um objetivo específico e uma duração, com momentos definidos de início e de término. Cada projeto é executado uma só vez. A repetição de um projeto já configura outro projeto distinto, porque algo sempre terá mudado entre o momento da primeira execução e o da seguinte, nem que seja somente a ex­pe­riên­cia da equipe envolvida. Para executar um projeto, é necessário antes verificar se o seu objetivo é viá­vel, se há recursos disponíveis, se existem os talentos disponíveis para executá-​­lo, se ele é ge­ren­ciá­vel. Em seguida, dependendo do seu grau de risco e de seu grau de complexidade, o projeto é planejado nos seus mínimos detalhes, de modo a se definir um plano de ação, que serve como fundação para a gestão. Só então ele é executado e ge­ren­cia­do. Há outra complicação em relação a projetos: como ava­liar a qualidade com que ele foi executado? Só há um jeito, que é estabelecer a prio­ri uma forma de ava­lia­ç ão objetiva específica para cada projeto, que é a meta, de modo a permitir o cálculo de uma nota ao término. Se for cumprida a metade do que foi combinado, o projeto leva nota 5. Se conseguir cumprir tudo, leva nota 10. Se bater a meta, leva nota 11 ou 12, determinada de forma clara e sem “veja bens”. Em am­bien­tes maduros, se um projeto não deu certo, ou seja, não conseguiu atingir o seu objetivo no prazo definido, no orçamento definido e com a qualidade definida, geralmente é possível descobrir os erros que provocaram o insucesso e aprender a não repeti-​­los. Projetos têm outra característica mais séria ainda. Por sua natureza de ineditismo, é muito raro que uma equipe não cometa erros ao longo da sua execução, mas isto faz parte das regras do jogo. Se uma 24 TECNOLOGIA GRÁFICA

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equipe não aprende com os erros cometidos, provavelmente ela repetirá os mesmos erros no futuro. A complexidade em executar projetos não para por aí. Ge­ren­ciar um projeto envolve planejar suas tarefas até um nível de detalhes que para muitos pode parecer exagerado num am­bien­te tão imprevisível como é o ­atual. E não adian­ta apenas planejar. É necessário monitorar a execução e exercer controle de modo a corrigir des­vios de rumo em tempo real através de um replanejamento das tarefas futuras. Ge­ren­ciar um processo é muito mais simples do que ge­ren­ciar um projeto. Não há novidades no processo, não há riscos de dar errado, não há nada desconhecido no meio do caminho, a não ser que uma característica muito importante tenha que mudar, quando então será preciso executar um projeto de alteração do processo. Existem projetos que podem ser executados sem um estudo de via­bi­li­da­de, sem um plano de ação? Certamente, mas são projetos curtos, corriqueiros, simples, com poucas novidades, com poucos riscos, usando tecnologia dominada, com requisitos do produto bem definidos. Pois bem, um projeto de inovação é exatamente o oposto: não é corriqueiro, não é tri­vial, tem partes que ninguém da equipe já executou antes, e há riscos tecnológicos, mercadológicos, financeiros e de formação da equipe. Executar projetos de inovação exige um am­bien­te com um nível mínimo de maturidade, sob o risco de se jogar muito dinheiro fora e nem saber onde foi que se errou. Inovação só surge se houver espaço para ela florescer. Isso implica fazer ações da Caixa 2, a caixa da destruição: eliminar preconceitos, abandonar certezas absolutas, abrir o am­bien­te para o novo, para aquilo que nunca foi feito antes. Só assim as ações da Caixa 3, que c­ riam o futuro, poderão c­ riar raí­zes. Após um projeto de inovação ter atingido o resultado esperado, as novas características e habilidades podem finalmente ser incorporadas à máquina de desempenho, de forma organizada e controlada. Porque com a máquina de desempenho não se mexe à toa. JOSÉ A. LEROSA DE SIQUEIRA é professor da Faculdade Senai de Tecnologia Gráfica e da Faculdade Senai de Automação Industrial, e professor doutor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e atua na área de gestão de projetos de inovação.


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NORMALIZAÇÃO

A nova ISO 12647‑2 (Parte III)

Bruno Mortara

Neste terceiro e último artigo passamos pelos requisitos para as curvas de TVI (tone value increase, antes chamado de ganho de ponto) aplicadas no CtP, a distância máxima entre elas, o registro e uma conclusão de sua aplicabilidade no mercado nacional.

N

o artigo an­te­rior, segundo da série de três artigos sobre a nova ISO 12647-2 , foi mostrada a Tabela 7 da norma, que trás os requisitos de to­le­rân­cias colorimétricas durante a impressão. O que a tabela designa como desvio é a diferença colorimétrica das cores pri­má­rias entre a folha de máquina aprovada pelo clien­te, chamada de OK-​­print, e uma impressão an­te­rior utilizada como referência ou uma prova digital. No outro campo da tabela há o requisito va­ria­ção, que é a diferença entre 68% das folhas impressas e a folha de máquina aprovada pelo clien­te, a OK-​­print. A primeira dificuldade na implementação da norma é que é preciso um controle de processo muito bem implantado, pois os limites de 4 Delta E 76 e até 3 ΔH para as pri­má­rias, durante uma tiragem, em uma máquina rodando acima de 10.000 folhas

TABELA 7 – VALORES DE DESVIO E VARIAÇÃO NO PROCESSO DE IMPRESSÃO TOLERÂNCIA DO DESVIO

TOLERÂNCIA DA VARIAÇÃO

OK-PRINT

IMPRESSÃO DE PRODUÇÃO

COR DE PROCESSO

Eab

Eooa

Eab

Eooa

H

Preto

5

5

4

4

Ciano

5

3,5

4

2,8

3

Magenta

5

3,5

4

2,8

3

Amarelo

5

3,5

5

3,5

3

a Os

valores de tolerância em DeltaE2000 são informativos.  Fonte: ISO 12647-​­2

OBSERVAÇÃO

A numeração da figura e tabelas constantes deste artigo reproduz a sua referência no texto original da norma.

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VOL. III  2014

desperdício de materiais e tempo de máquina. Isso nos faz pensar que a norma tem uma aplicação mais eficaz em equipamento de impressão com um sistema de espectrofotômetro motorizado conectado ao console da máquina, para fazer as correções rapidamente durante a tiragem. Na cláu­su­la 4.3.4.1 a norma traz os requerimentos importantes para as curvas de ganho de ponto, chamados atual­men­te de TVI . Pela primeira vez as curvas são definidas graficamente e também matematicamente. Isso dá a esta versão da norma a possibilidade de se saber exatamente qual deve ser o TVI a cada ponto da curva tonal, para cada cor de processo, CMYK . Segundo a norma, o aumento do valor de tom deve estar em conformidade com a Tabela 8. Os valores indicados na Tabela 8 foram cria­dos utilizando-​­se medição densitométrica conforme a norma ISO 5-3 sobre tarja de controle, densitômetro com resposta status “E”, sem polarização, normalmente utilizado na Europa, que produz resultados similares em cia­no, magenta e preto, e diferentes para o amarelo, em comparação com o status “T”, mais utilizado nos Estados Unidos. A norma indiretamente estimula o uso dos densitômetros para o controle de processo, afirmando categoricamente que, apesar de ser possível e comum a obtenção de valores de TVI através de espectrofotômetros ou dados colorimétricos, eles “tendem a ser diferentes dos valores de tons densitométricos”. Além disso, aponta como referência para esta relação a norma ISO/TS 10128 , da qual falaremos em artigo em breve na revista Tecnologia Gráfica. Mostramos as curvas da Figura 3, ou TVIs esperados, conforme a tabela de curvas naturais, para as

por hora, com tiragens cada vez menores, se­riam muito difíceis de serem implementados. A razão disso é que as correções manuais de entintagem feitas no console podem ser rea­li­z a­das com sucesso, mas tomam um certo temTABELA 8 – TVI MÁXIMO PARA CADA CONDIÇÃO po para medição, digitação e esDE IMPRESSÃO PADRONIZADA, EM % DE GANHO DE PONTO tabilização da impressora. Tudo RETÍCULAS PERIÓDICAS RETÍCULAS NÃO PERIÓDICAS CONDIÇÃO DE isso a 10.000 folhas por hora liIMPRESSÃO 40% 50% 75% 80% 40% 50% 75% 80% mita intervenções efetivas a não mais de uma a cada 10 minutos. PC1 15 16 13 11 28 28 18 15 Se a tiragem for de 1.000 folhas PC2, PC3, PC4 19 19 14 12 28 28 18 15 é praticamente impossível se faPC5, PC6, PC7, PC8 22 22 15 13 28 28 18 15 zer correções com sucesso, após a OK-​­print, sem causar um grande Unidade: %.  Fonte: ISO 12647‑2


FIGURA 3 – NOVAS CURVAS DE GANHO DE PONTO, COM O USO EM CTP, PARA DIFERENTES SUBSTRATOS

TVI – valor tonal obtido com impressão

32 28 24 20 16 12 8 4 0 0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Valor tonal dos dados (Dataset) ■ Curva A

■ Curva B

■ Curva C

■ Curva D

■ Curva E

Fonte: ISO 12647-2

TABELA 1 – NOVAS CONDIÇÕES DE IMPRESSÃO E AS CURVAS DE TVI ASSOCIADAS

impressões nos substratos DESCRIÇÃO DE RETÍCULAS descritos. As curvas de gaPERIÓDICA (AM) NÃO PERIÓDICA (FM) nho de ponto podem ser DESCRIÇÃO descritas como as curvas CONDIÇÃO DE TAMANHO DO LINEATURA SUBSTRATO (PS) COLORIMÉTRICA CURVA DE TVI CURVA DE TVI IMPRESSÃO (PC) EM CM-1 PONTO EM µM de ganho de ponto (TVI), (CD) medidas densitometricaPC1 PS1 CD1 A 60–80 E 20 (25) mente, em folhas impresPC2 PS2 CD2 B 48–70 E 25 sas. É claro que as impresPC3 PS3 CD3 B 48–60 E 30 soras offset têm um TVI PC4 PS4 CD4 B 48–60 E 30 “natural”, sempre determinado pelo sistema mecâPC5 PS5 CD5 C 52–70 E 30 (35) nico, blanqueta, rolaria, PC6 PS6 CD6 B 48–60 E 35 tintas, sequência de imPC7 PS7 CD7 C 48–60 E 35 pressão, solução de molhaPC8 PS8 CD8 C 48–60 E 35 gem e substrato utilizado. Porém, se observarmos um Fonte: ISO 12647-2 ganho de ponto sem nenhuma correção feito sobre Para que as curvas fiquem, no nosso exemplo, a medição de uma escala de tons gravada em cha- como a curva “A” da Figura 3, devemos introdupa de forma linearizada (chapas sem compensação), zir no sistema de CtP, mais precisamente no RIP ele terá uma aparência muito peculiar: (raster image processor), responsável pela rasterização das páginas a serem gravadas em chapa no EXEMPLO DE CURVAS NATURAIS DE TVI CtP, valores que façam com que essas curvas “feias (GANHO DE PONTO COM CHAPAS e mal comportadas” fiquem belas e bem similares SEM CURVAS DE COMPENSAÇÃO) às da Figura 3. Como exemplo de uso da Tabela 1, se utilizarmos um substrato couché premium de alta gramatura e dentro das características do PS1 (ver a segunda matéria desta série), a condição de impressão é a PC1 (condição de impressão 1), que usa a curva de TVI , de acordo com a Tabela 1, “A”, quando se utiliza retícula AM , convencional entre 60 e 80 lpc (150 e 200 lpi). Neste mesmo caso, se for utilizada retícula não periódica (FM ou híbrida), então o tamanho do ponto menor na chapa deve ser de 25 µm Fonte: autor e a curva de TVI será a “E”. VOL. III 2014 TECNOLOGIA GRÁFICA 27


Na Tabela 9 da norma há uma descrição numérica dos pontos das curvas para facilitar a sua digitação em sistemas de RIP que gravam as chapas nos CtPs, como “valores-​­alvo” para os TVIs de impressão. Observe que nos 50% os valores são sempre inteiros. TABELA 9 – VALORES INTERMEDIÁRIOS DAS 5 CURVAS DE TVI DA ISO 12647‑2:2013

TOLERÂNCIA DE VARIAÇÃO

OK-PRINT

FOLHA DE PRODUÇÃO

< 30

3

3

30 to 60

4

4

> 60

3

3

A

B

C

D

E

%

%

%

%

%

%

Valor máximo da diferença dos picos de CMY (40 ou 50%)

5

5

0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

5

3,3

4,6

5,8

6,4

6,8

10

6,1

8,3

10,6

11,6

12,6

20

10,5

13,9

17,2

19,3

21,2

30

13,5

17,2

20,9

23,7

26,4

40

15,3

18,8

22,3

25,4

28,5

50

16,0

19,0

22,0

25,0

28,0

Unidade: %

sombras (acima de 60%), de até 3%. Além disso, a Tabela 11 também requer que a diferença (­spread) entre os picos das curvas cromáticas (CMY), que ocorrem normalmente entre 40% e 50% de valor tonal, tenha abrangência menor do que 5% entre a mais alta e a mais baixa.

60

15,6

17,9

20,3

22,8

25,3

CURVA MAIS ALTA máximo [(50% cia­no¹ 16%²), (50% magenta¹ 16%²),(50% amarelo¹ 16%²)]

70

14,0

15,7

17,4

19,1

20,7

menos CURVA MAIS BAIXA mínimo [(50% cia­no¹ 16%²), (50% magenta¹ 16%²),(50% amarelo¹ 16%²)] onde ¹o medido na folha de impressão ²o 50% da curva “A”, ver Tabela 9

80

11,0

12,1

13,2

14,0

14,7

90

6,5

7,0

7,5

7,7

7,7

95

3,5

3,8

4,0

4,0

3,9

100

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

Fonte: ISO 12647‑2

Vendo a Tabela 8, os TVIs máximos de 16% para PC1, de 19% para PC2, 3 e 4, e 22% para PC5 , 6 , 7 e 8 . Na cláu­su­la 4.3.4.2 a norma estabelece o controle sobre as curvas de TVI , em que a tolerância de TVI nos 50% entre uma OK-​­print e os valores especificados pela condição de impressão (PC1 a PC8) não deve exceder as to­le­rân­cias especificadas na Tabela 11. Para a impressão de produção, em pelo menos 68% das impressões, as diferenças entre o impresso e a OK-​­print não devem exceder as to­le­rân­cias de va­ria­ção da Tabela 11. ENTENDENDO A TABELA 11

A Tabela 11 introduz um novo conceito de curvas de TVI , diferente das versões an­te­rio­res da 126472 . Primeiro, para cada condição de impressão há somente uma curva de TVI indicada, que deve ser idêntica para CMY e preto (na versão an­te­rior era permitido que o preto fosse até 3% su­pe­rior). Segundo, para todas as cores é regulamentada a va­ ria­ção de TVI nas luzes (abaixo de 30%), de até 3%; para os meios tons (30 a 60%), de até 4%; e para as VOL. III  2014

TOLERÂNCIA DE DESVIO

VALOR TONAL DA TARJA DE CONTROLE

AUMENTO DE VALOR TONAL (CURVAS DE TVI)

VALOR TONAL

28 TECNOLOGIA GRÁFICA

TABELA 11 – LIMITES DE VARIAÇÃO E SPREAD PARA OS TVIs

No quadro Curvas de TVI de Impressão, a título de exemplo, é apresentado um modelo retirado da vida real, com a dedução do ­spread e das to­le­rân­ cias entre uma OK-​­print e os valores especificados pela condição de impressão PC1. Em relação ao registro das imagens impressas, diferenças entre o po­si­cio­na­men­to das imagens das quatro cores de processo, a cláu­su­la 4.3.5 impõe uma tolerância que não deve exceder 0,10 mm, como maior desvio entre duas cores impressas. Para se ter uma ­idéia, o Ma­nual de Ava­lia­ção Técnica de Não-​­Conformidade em Impressão Offset da ABTG/ ONS27 tem a mesma tolerância para produtos de alta qualidade e boa qualidade e para os produtos de qualidade básica os valores são de 0,2 mm a 0,3 mm. No final da norma há um resumo de conformidade, a título de guia para o implementador. IMPRESSÃO EM CONFORMIDADE COM A ISO 12647-​­2:2013

Para que uma tiragem seja em conformidade com a norma ela deve:


1) Ter uma tarja de controle, em conformidade com a norma ISO 12647-1, po­si­cio­na­da perpendicularmente à direção de impressão, que cubra todas as zonas de tinteiros, usados durante a impressão 2) Cores pri­má­rias chapadas de acordo com 4.3.2.3 3) TVI e s­ pread de acordo com 4.3.4 4) O registro esteja dentro da tolerância 4.3.5 5) Um mínimo de 68% das amostras de impressão, se­le­cio­na­dos alea­to­ria­men­te ao longo de toda a tiragem, deve obedecer a todos os cri­té­rios normativos. Além disso, recomenda-​­se que: a) Os valores de totais de tinta não ultrapassem aqueles de 4.3.3 CONCLUSÕES

Podemos reforçar a conclusão da parte 2 deste artigo onde aparece como pontos fortes desta nova versão da 12647-2 a definição clara do que é uma condição de impressão, uma nova categorização de pa­péis por grupo nos quais podem ser

agrupados outros existentes no mercado, a atribuição de um papel couché com b* azulado e tolerância am­plia­da para quatro unidades de b* — o que facilita a inclusão de muitos pa­p éis revestidos existentes no Brasil. Além disso, vimos que os controles de TVI se tornaram bastante complexos, reforçando a ideia de que uma produção pode ser controlada em sua va­ria­ção com sucesso se o impressor tiver acesso a um instrumento motorizado e for rápido nas mudanças de ajuste da máquina de impressão. Observamos também que a nova versão da 12647-2 reforça o papel da folha aprovada, chamada de OK-​­print, referência a ser seguida assim como os cri­té­rios de va­ria­ção para a produção em relação às cores e TVI das pri­má­rias. Se colocarmos na balança as vantagens e as dificuldades adicionais desta versão em relação às versões de 1996 e 2004 percebemos que os es­pe­cia­lis­tas da ISO tentaram atua­li­z ar a norma para aplicação

VOL. III  2014  TECNOLOGIA GRÁFICA

29


ESTUDO DE CASO DE TVI ENTRE UMA OK‑PRINT E OS VALORES DA CONDIÇÃO DE IMPRESSÃO PC1. O MAGENTA APRESENTA NÃO CONFORMIDADE EM RELAÇÃO À NORMA

Curvas de TVI de Impressão spread max (15% - 16%) = -1% spread min (15% - 16%) = -1% TVI do ciano a 50%: 15%

TVI luzes (30%) = 11% TVI luzes curva “A” = 13,5% variação TVI luzes = 2,0 % TVI meia-luz (40%) = 13,4% TVI meia-luz curva “A” = 15,3% variação TVI meia-luz = 2,1 % TVI sombras (70%) = 14,1% TVI sombras curva “A” = 14% variação TVI sombras= 0,1 %

max (12% - 16%) = - 4% min (12% - 16%) = - 4% TVI do magenta a 50%: 12%

TVI luzes (30%) = 11% TVI luzes curva “A” = 13,5% variação TVI luzes = 2,0 % TVI meia-luz (40%) = 10,6% TVI meia-luz curva “A” = 15,3% variação TVI meia-luz = 4,7 %

Resultados TVI Limite spread = 5% Pico máximo: - 1% Pico mínimo: - 4% spread = 3% - OK! TVI limite sombra e luzes: 3% TVI limite meios tons: 4% Ciano: OK Magenta meia-luz: Não! Amarelo: OK

TVI sombras (70%) = 11,2% TVI sombras curva “A” = 14% variação TVI sombras= 2,8 %

max (15% - 16%) = -1% min (15% - 16%) = -1% TVI do amarelo a 50%: 15%

TVI luzes (30%) = 13,6% TVI luzes curva “A” = 13,5% variação TVI luzes = 0,5 % TVI meia-luz (40%) = 13,4% TVI meia-luz curva “A” = 15,3% variação TVI meia-luz = 2,1 % TVI sombras (70%) = 14% TVI sombras curva “A” = 14% variação TVI sombras= 0 %

Fonte: autor

30 TECNOLOGIA GRÁFICA

na Ásia, Europa e Américas, porém atendendo a necessidades dos mercados mais avançados. No Brasil, a adoção desta versão da ISO 12647-2 dependerá de uma demanda clara do mercado e da disponibilidade de conhecimento e ferramentas entre colaboradores, gestores e consultores e auditores. Economicamente falando, a versão de 2004 apresenta de­sa­f ios similares para implantação, e os be­ ne­f í­cios colhidos para quem já adotou com sucesso a versão an­te­rior são claros e de rápida adoção. Para quem deve ini­ciar o processo de conformidade VOL. III  2014

procurando um aumento de qualidade e satisfação dos clien­tes é recomendado que comece pela NBR 15936 -1, que contém os requisitos da ISO 126472:2004 e, depois de estabilizada a produção, começar a pensar na adoção desta nova versão. BRUNO MORTARA é superintendente do ONS27

e coordenador da Comissão de Estudo de Pré‑Impressão e Impressão Eletrônica e professor de pós‑graduação na Faculdade Senai de Tecnologia Gráfica.


Criado em 2005 pela ABIGRAF-SP e pelo SINDIGRAF-SP, o Projeto Bibliotecas inaugurou 16 bibliotecas em todo o Estado desde então. O projeto é realizado em parceria com as Prefeituras Municipais, que cedem espaços para serem equipados com computadores e uma extensa variedade de livros, selecionados pela Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo. Em 2014, será ultrapassada a marca de mais de 15 mil livros doados, sempre com o apoio das Seccionais Ribeirão Preto e Bauru da ABIGRAF-SP, fundamental para a escolha dos espaços que recebem as novas bibliotecas. A iniciativa ainda contribui para a disseminação da Campanha de Valorização do Papel e da Comunicação Impressa, difundindo informações corretas sobre o uso do papel e seus benefícios junto ao meio ambiente. Incentivar a educação. É assim que a Indústria Gráfica Paulista investe no futuro.

REAL IZAÇ ÃO


SEYBOLD

Construindo melhores fluxos de trabalho: obtendo o máximo com a automação

A

conferência “Construindo Melhores Flu­ xos de Trabalho” foi rea­li­za­da na Fi­la­dél­ fia, nos Estados Unidos, em 22 de maio deste ano. Os participantes ouviram um grupo de palestrantes, cada um deles es­pe­cia­lis­ta em uma das diversas formas de melhoria de fluxos de trabalho em artes gráficas. Além disso, intera­ giram entre si levantando muitas questões duran­ te as apresentações. Nessa edição apresentamos um relatório resumido da apresentação de Mark Bohan, vice-​­presidente de tecnologia e pesquisa da Printing In­dus­tries of America (PIA), voltada para como se obter o máximo de automação e melhoria nos fluxos de trabalho. AUTOMATIZANDO E MELHORANDO O FLUXO DE TRABALHO

Durante os trabalhos de organização da conferên­ cia, procurou-​­se ter alguém do CIP4 para apresen­ tar as últimas inovações sobre como a automação pode ter papel significativo na melhora dos fluxos de trabalho e, por extensão, nos ganhos das gráfi­ cas. Felizmente, Mark Bohan estava disponível e fez um ótimo trabalho. Este artigo é um breve sumário dos pontos prin­ cipais que Bohan fez em sua apresentação. Nota: o conteúdo deste texto é uma interpretação das afirmações de Bohan e não pode ser visto como citações diretas, a menos que sejam declarações colocadas entre aspas. Começamos por resumir, brevemente, os be­ne­ fí­cios que ele tem visto nas empresas, que derivam dos esforços na utilização de fluxos de trabalho de produção integrada aos computadores (CIM – computer integrated manufacturing). Em fluxos de tra­ balho CIM , computadores fazem muito do trabalho pesado e passam os dados ne­ces­sá­rios para os passos seguintes do fluxo de produção. Além disso, tais sis­ temas podem capturar dados cria­dos durante cada passo em um trabalho. Os gerentes dessas empresas 32 TECNOLOGIA GRÁFICA

VOL. III  2014

podem acessar esses dados adicionais e usá-​­los para refinar os processos de trabalho. Sem tais fluxos de trabalho, as empresas têm de contar com méto­ dos manuais de captura de dados e normalmente falham ao obter as informações mais importantes. BENEFÍCIOS DOS FLUXOS DE TRABALHO CIM

Os be­ne­f í­cios da implantação dos fluxos de traba­ lho CIM in­cluem a eliminação de funções repetiti­ vas, agilizando o fluxo de trabalho desde o princí­ pio. Dados de trabalho são adi­cio­na­dos uma vez e ­f luem ao longo das etapas de trabalho, sendo usa­ dos automaticamente por ordens de serviço, notas de lay­out, faturamento e assim por dian­te. Os da­ dos podem também ser utilizados pos­te­rior­men­te para orçamentos. Uma vantagem dos fluxos de trabalho ba­sea­ dos em CIM é, uma vez que funções repetitivas e redigitação de dados sejam eliminadas, o fato de a companhia poder focar em suas atividades prin­ cipais e naquelas que não podem ser automatiza­ das facilmente. Outros be­ne­f í­cios in­cluem clien­tes mais felizes e menos trabalhos errados. O ponto de partida, no entanto, é a geração de lucro. Fluxos de trabalho ba­sea­dos em CIM geram maior rentabilidade, cru­cial para a maioria das em­ presas, pro­prie­tá­rios e gerentes. Bohan apontou que os be­ne­fí­cios de tais fluxos de trabalho são maiores do que se acredita e têm sido demonstrados por medições objetivas e testemunhos de membros da PIA e CIP4 , entre outros. TENDÊNCIAS DE RENTABILIDADE

Quan­do o slide apareceu na tela, com gráficos dos ní­ veis de rentabilidade de gráficas nos Estados Unidos de 2001 até 2014 (2013 e 2014 figuram como previ­ sões a partir de dados de vendas trimestrais repor­ tados pela PIA), Bohan mencionou que a linha azul indica os níveis de rentabilidade das gráficas mais


INDÚSTRIA GRÁFICA DOS EUA – TENDÊNCIAS DE RENTABILIDADE 2001/2014 12% Percentual de vendas

10% 8% 6% 4% 2% 0% –2% –4% –6% ■ Todas ■ Líderes de Vendas ■ Concorrentes

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

1,0% 1,6%

1,7% 2,5%

8,0% 8,4%

8,7% 9,4% 10,3% 10,1% 9,7%

–1,3% –0,7% – 0,6% 0,2%

2,7% 3,4% 3,1%

2008

2012

2013* 2014*

1,5% –1,4% 1,4%

2009

2010

1,8% 2,7%

2,8% 2,8%

9,4%

9,6% 9,9% 10,0% 10,0%

7,0% 9,5%

2011

0,2% 1,2% 0,9% –1,1% – 4,2% –1,3% – 0,3% 0,3%

0,4% 0,4%

*2013 e 2014 figuram como previsões a partir de dados de vendas trimestrais reportados pela PIA

rentáveis durante aquele intervalo de tempo. A linha amarela indica a média para todas as gráficas e a linha vermelha aponta os níveis de rentabilidade das empresas em situação mais crítica. A grande diferença entre as três linhas indicadas provocaram muitos comentários e questões, incluindo o que as gráficas nas linhas amarela e vermelha podem fazer para subirem para a linha azul! Afinal, em um dos períodos mais desafiadores das últimas décadas, os lucros das gráficas na linha azul

nunca caíram mais do que 7% e estão, atualmente, girando em torno de 10%, três a quatro vezes a média da indústria. Já as empresas em situação crítica estão tendo pouco, ou nenhum, lucro. Bohan, após ressaltar que esse gráfico é, geralmente, um dos que mais geram atenção em suas apresentações, juntou-se à discussão com gosto. Ele relata que há três características de grandes empresas que exemplificam as gráficas da linha azul: treinamento, educação e automação.

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33


UM FLUXO DE TRABALHO CIM DEVE ENVOLVER A OPERAÇÃO INTEIRA

Um dos pontos de preo­cu­pa­ção de Bohan é a integração das vá­rias ­­áreas, com os fluxos de trabalho CIM abrangendo a extensão completa da operação da companhia, incluindo cria­ção, produção, PCP e operações de pós-​­impressão. A fim de cobrir a extensão inteira do fluxo de trabalho são requeridos padrões específicos da indústria para captura, ge­ren­cia­men­to e armazenagem dos dados. Assim, o CIM é o conceito e o CIP4 é o organismo normalizador incumbido de ­criar os padrões ne­ces­s á­rios, entre eles o JDF. O CIP4 , como muitos já sabem, é a sigla da organização in­ter­na­cio­nal sem fins lucrativos, In­ter­na­tio­nal Coo­pe­ra­tion for the In­te­gra­tion of Processes in Prepress, Press and Post­press Or­ga­ni­za­tion. A sigla JDF significa Job De­ fi­ni­tion Format. O site do CIP4 está repleto de materiais de treinamento e informações dos fluxos de trabalho tipo CIM e informações sobre a especificação JDF. Esse site também possui uma nova base de dados para estudos de caso de automação. Uma vez que o JDF foi projetado para fazer a comunicação entre os dispositivos de hard­w are, o soft­ware e os operadores da maneira mais fácil possível, o padrão deve envolver as mudanças de dispositivo e de pes­soal em seus processos de trabalho. Bohan deu aos participantes da conferência uma breve atua­li­z a­ção daquilo que é novidade na última especificação do JDF, versão 1.5. Em seguida, passou a apresentar os casos de duas empresas, a As­so­cia­tes In­ter­na­tio­nal e a Japs-​­Olson. Nelas foram refeitos os fluxos de trabalho com aumento de rentabilidade. ESTUDO DE CASO DA ASSOCIATES INTERNATIONAL

A As­so­cia­tes In­ter­na­tio­nal (Ai) é uma grande gráfica co­mer­cial localizada em Wilmington, no estado de Delaware (EUA). Um clien­te da Ai (BarclayCard) queria lançar um programa de adesão do cartão de crédito US Airways MasterCard. Como parte desse projeto, os clien­tes do cartão de crédito foram incentivados a obter e usar um novo cartão, o BarclayCard, e a Ai queria ter certeza de que o processo de mudança do cartão antigo para o novo seria o mais simples e eficaz. Como parte do projeto, a Ai definiu um fluxo de trabalho inteiramente automatizado para captura dos pedidos de cartões e dos materiais de impressão re­la­cio­na­dos, para a impressão dos cartões e seus materiais e, finalmente, para controlar o envio 34 TECNOLOGIA GRÁFICA

VOL. III  2014

dos materiais. C ­ riar tal fluxo de trabalho efi­cien­te não foi fácil para a empresa, mas os gerentes da Ai sa­biam que se não utilizassem fluxos de trabalho altamente automatizados a companhia corria um risco real de perder dinheiro, além da possibilidade de sair do ramo. Resultados: ◆◆ Média de 60–70 pedidos por dia; ◆◆ Média de 2,9 itens em linha, por pedido; ◆◆ Média de tempo de execução de 24 a 36 horas; ◆◆ Nenhuma intervenção humana é feita: impressão digital, provas ou chapas; ◆◆ Ao todo, apenas quatro intervenções humanas são ne­ces­sá­rias, no processo inteiro, para imprimir e en­viar um trabalho de três dobras; ◆◆ Automação nas impressoras digitais é a norma da casa; ◆◆ Enquanto os gastos em equipamentos, fluxos de trabalho e soft­ware aumentaram, o número de fun­cio­ná­rios caiu em 30, de 84 para 54; ◆◆ As vendas da Ai agora são de US$ 232.000 por empregado e, segundo Bohan, isso é quase impossível de se alcançar sem automação e lean manufacturing, a menos que a empresa seja muito pequena; ◆◆ Durante um pe­río­do de três anos, a produtividade da Ai cresceu 86%. NOSSA VISÃO

A automação é um componente-​­chave na construção de melhores fluxos de trabalho. Bohan explicou como a automação é usada em fluxos de trabalho CIM re­la­cio­na­dos à impressão, sublinhando o conceito de que deixar os computadores tomarem e ge­ren­cia­rem dados re­la­cio­na­dos aos projetos de trabalho é cru­cial para quaisquer fluxos de trabalho re­la­cio­na­dos às artes gráficas. Segundo o consultor é fundamental o fluxo de dados. É preciso inserir os dados no início do processo, dados que circularão através do sistema até o final, além de capturar informações em pontos relevantes durante o processo, usando o conjunto completo de dados coletados para auxiliar a melhora de todo o processo. Além disso, é necessário deixar os computadores ajudarem no trabalho sempre que for possível, de modo que o número de intervenções humanas é reduzido ao mínimo. Esses prin­cí­pios são os blocos básicos da construção de melhores fluxos de trabalho. Tradução autorizada de texto publicado no The

Seybold Report, volume 14, nº- 14, julho de 2014.


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GESTÃO AMBIENTAL Tania Galluzzi. Colaboraram Laura Araújo e Juliana Tavares.

Ciclo de Sustentabilidade discute os impactos da legislação Nos dias 18, 19 e 20 de agosto a ABTG promoveu a 7ª- edição do Ciclo de Sustentabilidade, evento que tem por objetivo debater e disseminar o conceito de sustentabilidade no setor gráfico. Neste ano, os assuntos que nortearam os três dias de palestra foram legislação e requisitos para que uma gráfica seja sustentável. O evento reuniu 133 pessoas, de 78 empresas, e aconteceu no auditório da entidade. 36 TECNOLOGIA GRÁFICA

U

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m das palestras que atraiu mais atenção no 7º‒ Ciclo de Sustentabilidade para a Indústria Gráfica aconteceu logo na primeira noite. Depois de a gestora de qualidade e produtividade e consultora da ABTG Marcia Biag­gio abordar os requisitos da sustentabilidade no setor, o tecnólogo em Sa­nea­men­to e ex-​­diretor de Controle e Li­cen­cia­men­to Am­bien­tal da Cetesb, Geraldo do Amaral Filho, falou sobre um assunto que vem preo­cu­pan­do o setor: logística reversa das embalagens pós-​­consumo. Logo no início da palestra o es­pe­cia­lis­ta foi categórico: “O setor gráfico está fora da logística reversa. Há empresas da área desenvolvendo ações nesse sentido, porém de forma voluntária”. Isso posto, Geraldo que atual­men­te é técnico no Setor de Reutilização de ­Áreas Contaminadas, partiu para o detalhamento dos dois marcos regulatórios na área de logística reversa: a Política Es­ta­dual de Re­sí­duos Sólidos (PERS), estabelecida em 2006 e regulamentada em 2009, e a Política Na­cio­nal de Re­sí­duos Sólidos (PNRS), definida e regulamentada em 2010.

Segundo o es­pe­cia­lis­ta, em muitos momentos a legislação es­ta­dual é até mais restritiva que a na­ cio­nal. Entre as ações para a implementação da PERS está a implantação da Responsabilidade Pós-​ ­Consumo (RPC), conhecida como logística reversa. Em São Paulo, a estratégia que vem sendo adotada para envolver as empresas são os acordos setoriais federais Os itens re­la­cio­na­dos na RPC são os produtos que resultam em re­sí­duos de significativo impacto am­bien­tal (óleo lubrificante automotivo, óleo comestível, filtro de óleo lubrificante automotivo, ba­te­rias automotivas, pilhas e ba­te­rias, produtos ele­troe­le­trô­ni­cos, lâmpadas contendo mercúrio e pneus) e produtos cujas embalagens são consideradas re­sí­duos de significativo impacto am­bien­tal (alimentos, bebidas, produtos de hi­gie­ne pes­soal, perfumaria e cosméticos, produtos de limpeza e afins, agrotóxicos e óleo lubrificante automotivo). Os termos de compromisso já firmados envolvem vá­rios modelos como a coleta seletiva ou recolhimento das embalagens através de entidades de catadores, opção abraçada por entidades e empresas


Foto: Tânia Galluzzi

dos setores cosmético, de hi­gie­ne e limpeza, alimen­ tício e de bebidas; e a coleta em pontos de entre­ ga vo­lun­tá­rios, adotada pela indústria e as­so­cia­ções das ­­áreas de agrotóxicos, pneus, pilhas e ba­te­rias, celulares e óleo comestível. “Os fabricantes de em­ balagens ou os envasadores dos produtos, a princí­ pio, não estão obrigados a desenvolver programas de logística reversa, nem de forma compartilhada. Não há comando legal para isso. O que não impe­ de que possa vir a ter futuramente”, afirmou Ge­ raldo. No entendimento a­ tual da lei, os responsá­ veis são as in­dús­trias que usam a embalagem para disponibilizar o produto para o consumidor final. O ex-diretor de Controle e Licenciamento Ambiental No final da palestra, o es­pe­cia­lis­ta fez um aler­ da Cetesb falou sobre logística reversa ta: o fato de não participar da logística reversa não Renata, bio­ló­ga e analista am­bien­tal na Druck retira da indústria gráfica a responsabilidade pela Chemie, explicou o fun­cio­na­men­to do modelo da gestão de re­sí­duos. A gestão de re­sí­duos gerados fornecedora de produtos químicos para a indús­ no setor gráfico deve ser feita pelo gerador dentro tria gráfica. A empresa entrega os produtos para de seu plano de gestão de o clien­te, porém as emba­ re­sí­duos e é con­di­cio­nan­te lagens con­t i­n uam sendo Os fabricantes de para obtenção ou renova­ da Druck Chemie. Após o ção de sua licença de ope­ embalagens ou os envasadores recolhimento no clien­te é ração. “Em minha opi­nião, o dos produtos, a princípio, feita a tria­gem, a descon­ maior motivo de preo­cu­pa­ taminação e em seguida as não estão obrigados ção entre as gráficas deveria embalagens são reutilizadas. a desenvolver programas ser com relação à gestão ina­ Os de­s a­f ios desse mode­ de logística reversa. dequada dos re­sí­duos, que lo são a coleta de embala­ pode provocar a contamina­ gens íntegras, a equalização Geraldo do Amaral Filho ção do solo. Já foram identi­ de embalagens entregues e ­­ contaminadas no Estado e cal­ retornadas e o combate aos sucateiros. ficadas 5.000 áreas cula-​­se que isso represente apenas 10% do total. E o O evento encerrou-​­se no terceiro dia com a dis­ responsável pela contaminação responde pelo ato cussão de como receber a fiscalização re­la­cio­na­da ad ae­ter­num, mesmo depois da venda do terreno”. aos produtos controlados, comandada por Jonas Alécio, da Solam Soluções Ambientais, e sobre a AS LEIS NA PRÁTICA implantação da NR 12, com Edison Infager e Neu­ Na terça-​­feira o ciclo teve a apresentação de dois ca- sa Bentubo, da Bignardi. Além de falar da legisla­ ses. Jeniffer Gue­des Bonizolli, da Plural, apresentou ção referente aos produtos controlados, Jonas deu o plano de ge­ren­cia­men­to de re­sí­duos da gráfica; dicas práticas, como não bater de frente com o e Renata Burin, da Druck Chemie, falou do mode­ fiscal, não demorar no atendimento, o que pode lo de logística reversa da empresa. Engenheira am­ sugerir falta de controle e segurança no armazena­ bien­tal, Jeniffer deu dicas práticas de como montar mento dos produtos, e solicitar a cópia da notifi­ um plano de ge­ren­cia­men­to de re­sí­duos, ressaltan­ cação. “O pes­soal não avisa quando vai, por isso é do que para uma empresa voltada para a sustenta­ importante manter tudo organizado”. bilidade, apenas cumprir a lei não é su­f i­cien­te. Tudo Edison e Neusa falaram do impacto da norma começa com a identificação dos re­sí­duos que a grá­ de segurança e saú­de no trabalho NR-12 (ver ma­ fica produz, classificando-​­o por classe segundo as téria detalhada na edição 89) na própria Bignardi, normas vigentes, e em que quantidade são gerados. fabricante dos cadernos Jandaia. “A norma é com­ É preciso fazer um inventário de todos os materiais plexa e abrangente e o primeiro passo foi fazer com e qual destinação está sendo dada a eles. “O ­ideal que os acio­nis­tas com­preen­des­sem suas determi­ é também procurar reduzir esses re­sí­duos. Na Plu­ nações”. Edison enfatizou a importância de estar ral o solvente é reciclado, doa­do para quem reci­ em conformidade com a norma e o fato de que o cla, ao invés de a empresa pagar para fazer o des­ Ministério do Trabalho e do Emprego já contratou carte apro­pria­do. Óleo, chapa de alumínio, aparas auditores com formação em engenharia para que e solvente podem ser vendidos”. a fiscalização seja a mais efetiva possível. VOL. III  2014  TECNOLOGIA GRÁFICA

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GESTÃO AMBIENTAL

Oziel Branchini e Warwick Manfrinato

Temos que nos preocupar com tudo que se fala sobre mudanças climáticas?

A

Mudanças climáticas e a pegada de carbono

s mudanças climáticas têm ocupado com destaque os no­ti­ciá­rios, sendo um tema de fundamental importância pelos im­ pactos que atingem diretamente a vida humana e a do planeta. Portanto, há moti­ vos para preo­cu­pa­ções que vão além das percep­ ções e opi­niões do senso comum. O tema, por sua complexidade, não pode ter sua discussão ba­ sea­da em opi­niões. Seu conhecimento deve estar fundamentado em fatos e dados. No campo das mudanças climáticas, muito se tem debatido nos meios de comunicação e muitos pesquisadores têm apresentado estudos a respei­ to. Esse debate tem gerado dúvidas e di­ver­gên­cias, como também novas hipóteses e conhecimentos sobre as causas do aquecimento global e suas con­ sequências sobre os eventos me­teo­ro­ló­gi­cos. É im­ portante ressaltar que, dentre as fontes do conhe­ cimento do tema, o IPCC, Intergovernmental Panel on Climate Change, é o órgão cria­do pela ONU, em 1988, com a finalidade de apresentar informações para os tomadores de decisões em âmbito mun­ dial. O IPCC agrega re­la­tó­rios procedentes de cien­ tis­t as pertencentes aos 195 paí­s es sig­na­t á­rios da ONU, gerando re­la­tó­rios acessíveis à so­cie­da­de e

DIFERENÇA DA TEMPERATURA MÉDIA DA TERRA NO MÊS DE JUNHO/2014 NCDC/NESDIS/NOAA Análise baseada na metodologia desenvolvida por Thomas M. Smith em 2008 1,0 0,5 0 –0,5 –1,0

Diferença da temperatura média combinada da terra e oceanos em graus célsius

0,5 0 –0,5

Diferença da temperatura média dos oceanos em graus célsius

1,5 1,0 0,5 0 –0,5 –1,0

Diferença da temperatura média da terra em graus célsius

1880 1900 1920 1940 1960 1980 2000 Fonte: National Oceanic and Atmospheric Administration / U.S. Department of Commerce.

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contribuindo para a formulação da política in­ter­ na­cio­nal sobre mudanças climáticas. Tais re­la­tó­rios representam o consenso da maioria dos cien­tis­tas ligados ao tema, em todo o planeta. Uma das consequências do aquecimento glo­ bal, citada pelo IPCC, é a intensificação de fenôme­ nos como tempestades tropicais, ciclones e secas, além da tendência de aquecimento da atmosfera, tão discutida como “aquecimento global”. Condi­ ções me­teo­ro­ló­gi­c as extremas, nos dias de hoje, passaram a ser comuns nos no­ti­ciá­rios de jornais, revistas e mídia eletrônica: ondas de calor inéditas; furacões avassaladores; enchentes intermináveis ou secas onde antes havia água em abundância; extin­ ção de milhares de es­pé­cies de animais e plantas; in­cên­dios florestais ex­tem­po­râ­neos; derretimento dos polos; e toda sorte de desastres naturais que fogem ao controle humano. O NOAA , Na­tio­nal Ocea­nic and Atmospheric Ad­mi­nis­tra­tion, uma das principais fontes de ge­ ração de dados observados no planeta, referindo-​ ­se ao aquecimento global, informou que a tempe­ ratura média combinada das su­per­f í­cies terrestres e oceâ­ni­cas globais para junho de 2014 foi recor­ de para o mês e acima da média do século 20. Nove dos 10 junhos mais quentes, já registrados, ocorreram durante o século 21. O que antes eram eventos raros nos ciclos naturais, no am­bien­te di­ nâmico da atmosfera, tornou-​­se mais frequente. (http://www.ncdc.noaa.gov/sotc/global/). A mídia tem reforçado a ideia do aquecimento global como causa de tra­gé­dias ocorridas nos últi­ mos anos, como a enchente na Tailândia no final de 2011. Devido às enchentes, empresas como a Toyo­ ta, Honda e outras montadoras deixaram de produ­ zir milhares de veí­cu­los e a Toyota teve um impacto negativo de US$ 1,5 bilhão nos lucros. Muitas fábri­ cas naquele país — responsável por 45% da produ­ ção global de discos rígidos — foram alagadas. Com isso houve redução na produção de HDs e conse­ quente aumento do preço no mercado mun­dial, chegando a dobrar em muitos locais. O tufão Hai­ yan, com ventos de até 315 km/h, foi o mais forte re­ gistrado e o segundo desastre mais fatal da história recente das Filipinas, matando mais de seis mil pes­ soas e causando danos estimados em US$ 14 bilhões.


Na perspectiva dos cien­tis­tas ligados ao IPCC , a explicação do fenômeno não está re­la­cio­na­da aos ciclos naturais, e sim às atividades humanas. Assim, há aqueles que defendem a ocorrência de um processo de aproximação de uma era gla­cial e consequente res­f ria­men­to do planeta num ciclo de longo prazo, no entanto, há convergência de entendimento de que vem ocorrendo uma severa alteração nas ten­dên­cias dos ciclos de menor pra­ zo. Da mesma forma, enquanto que, para alguns, a erupção vulcânica seria responsável pela emissão de GEE (Gases do Efeito Estufa) em níveis su­pe­rio­res à emitida pelo uso de petróleo em um dado siste­ ma, há consenso de que essa alteração tem como causa a ação humana pelo uso do petróleo e do desmatamento histórico em todo o planeta. Nesta dimensão, as ava­lia­ções e ce­ná­rios futu­ ros possíveis podem ser mais difíceis de serem pre­ vistos, mas certamente não estamos dian­te de um sistema atmosférico com o mesmo equilíbrio di­ nâmico que existia antes da Revolução In­dus­trial, a qual desencadeou um processo so­cioe­co­nô­mi­ co e am­bien­t al envolvendo mudanças de costu­ mes, mobilidade humana no planeta, intensifica­ ção do uso da energia do petróleo, evolução da agricultura e da agro­pe­cuá­ria. Mas o que é o efeito estufa? A descoberta do efeito estufa é atri­buí­da ao fí­ sico francês Jean Baptiste Joseph Fourier (1768– 1830), relatado em sua obra Observações gerais sobre a temperatura do globo terrestre e os espaços pla­ne­tá­rios, publicada em 1824.

Em resumo, o efeito estufa ocorre quando a su­ perfície do planeta absorve a luz solar e reflete par­ te dela como calor (ra­dia­ção infravermelha). Os ga­ ses do efeito estufa (GEE) contidos na atmosfera impedem que essa ra­dia­ção escape. A atmosfera terrestre é composta predominan­ temente de nitrogênio (N ), oxigênio (O ) e argô­ ² ² nio (Ar). Se houvesse somente esses três gases, a temperatura da Terra sempre seria in­fe­rior a 18°C e, em grande parte, os ocea­nos se­riam congelados. Como a atmosfera também é composta por gases capazes de absorver e armazenar calor (GEE), esse fenômeno possibilitou à água se estabilizar na for­ ma líquida. Assim, por meio de um equilíbrio di­ nâmico, biogeoquímico, a vida foi possível e hou­ ve a evolução do nosso planeta ao estágio ­atual: azul, lindo e ameno à vida. E a pegada de carbono, o que é e qual a sua uti­ lidade? Pegada de carbono é a quantificação das emissões de GEE gerados por uma atividade ou em­ preen­di­men­to. Por meio do cálculo da Pegada de

PRINCIPAIS GASES DO EFEITO ESTUFA GEE

Valor GWP* aplicado ao ciclo 2014 em diante Exemplos

CO2 DIÓXIDO DE CARBONO

CH2 METANO

N2O ÓXIDO NITROSO

PFCS PERFLUOROCARBONOS

SF 6 HEXAFLUORETO DE ENXOFRE

HFCS HIDROFLUOROCARBONETOS

NF3 TRIFLUORETO DE NITROGÊNIO

1

25

298

22,800

124–14.800

7.390–12.200

17,200

Combustíveis fósseis, produção de papel e celulose, cimento, cal, alumínio e materiais não ferrosos, produção de amônia

Produção de papel e celulose, tratamento de resíduos, decomposição anaeróbica de resíduo de esgoto, decoposição de organismos, digestão animal, produção e distribuição de combustíveis fósseis (gás, petróleo e carvão)

Produção de papel e celulose, ferttilizantes, queima de biomassa, de combustíveis fósseis e na fabricação de ácido nítrico

Produção de alumínio e materiais não ferrosos, enriquecimento de urânio

Produção de alumínio e materiais não ferrosos, isolamente de equipamentos de alta voltagem, além de auxiliar na produção de sistemas de resfriamento de cabos.

Produção, uso e descarte de equipamentos de ar condicionado e refrigeração e na fabricação de semicondutores.

Usado principalmente pela indústria de semicondutores para limpar as câmaras em que são produzidos os chips de silício

*GWP (Global Warming Factor) – Potencial de aquecimento global para 100 anos de acordo com o Fourth Assessment Report do IPCC. O GWP é um indicador da quantidade de GEE que contribui para o aquecimento global. O Potencial de Aquecimento Global é calculado sobre um intervalo de tempo específico e este valor deve ser declarado para a comparação. VOL. III  2014  TECNOLOGIA GRÁFICA

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CHECK LIST SOBRE ESTRATÉGIAS DE REDUÇÃO DOS IMPACTOS CLIMÁTICOS. ERIC LOWITT

Geral

Matéria-prima

Utilização de recursos

Conduta do fornecedor

UU Verifique se materiais essenciais provêm de áreas particularmente ameaçadas por mudanças climáticas. UU Analise se os materiais correm risco de ser regulamentados, proibidos por associações industriais ou boicotados por consumidores por causa de impactos ambientais. UU Oriente os funcionários da área de compras de bens e serviços a ter um comportamento consciente em relação às mudanças climáticas. UU Crie incentivos para atingir objetivos de sustentabilidade específicos de seus critérios de desempenho e políticas de recompensa. Ofereça bônus aos funcionários que identificarem pontos fracos relacionados ao clima ou sugerirem medidas mitigadoras.

UU Estabeleça fontes alternativas para materiais provenientes de áreas altamente vulneráveis. UU Procure fornecedores em áreas menos vulneráveis. UU Explore o uso de materiais alternativos e reciclados para substituir os de áreas altamente vulneráveis. UU Certifique-se de que todos os materiais estão de acordo com a regulamentação. UU Procure materiais alternativos no caso de proibição por regulamentação ou pelas indústrias, ou boicote de consumidores. UU Monitore cenários regulamentadores da indústria e dos consumidores e estabeleça sistemas de alerta prévios para identificar mudanças.

UU Meça e gerencie a energia de hidrocarbonetos, produtos agrfcolas, metais e água usados por fornecedores de seus materiais. UU Estabeleça e invista em metas especificas para reduzir o uso de fontes naturais e não renováveis. UU Calcule o custo das emissões de gases do efeito estufa (GHG) nas suas atividades de prospecção de fornecedores e o inclua no planejamento do negócio. UU Monitore possíveis mudanças futuras na regulamentação e taxas de emissão e ajuste convenientemente ao planejamento de seu negócio.

UU Estabeleça e reforce um código de conduta para o fornecedor que controle itens como resíduos, geração, tratamento e descarte de águas servidas. UU Pense em desvincular‑se de fornecedores que não cumprem as normas reguladoras. UU Atribua uma porcentagem fixa de serviço aos fornecedores com planos robustos para mudanças climáticas. UU Avalie regularmente e procure aumentar essas porcentagens.

Carbono podemos quantificar todas as emissões de GEE lançadas durante o ciclo de vida de um produto ou serviço, ou seja, é a soma das emissões ocorridas desde a obtenção dos recursos naturais usados na sua fabricação até sua disposição final, após o cumprimento de sua função. Por sua vez, o inventário de emissões é o conjunto de emissões ocorridas durante um pe­río­do específico, geralmente ­anual, de uma atividade humana — indústria, serviços, eventos etc. Desta forma, o cálculo da pegada de carbono oferece informações que permitem comparações úteis ao tomador de decisão, seja organismo público, empresas ou o consumidor. É importante quantificar as emissões de GEE em todas as atividades humanas, principalmente aquelas que dependem do uso de petróleo e do uso da terra. A gestão das atividades humanas é tão importante quanto mensurar e comparar com dados globais, visando reduzir, na fonte, as emissões dos GEE para garantir a existência da vida no planeta. 40 TECNOLOGIA GRÁFICA  VOL. III  2014

Portanto, a falta de controle das emissões de GEE pode conduzir a humanidade para sua auto-

destruição ainda neste século. Assim, mais do que nunca devemos perguntar: o que eu tenho a ver com tudo isso? A revista Havard Business Re­view de abril de 2014 cita uma pesquisa global com aproximadamente dois mil executivos, rea­li­z a­da pela ­Sloan Management Re­view e o Boston Consulting Group, segundo a qual dois terços dos líderes concordam que mudanças climáticas são reais — mas somente um terço acredita que suas empresas estão preparadas para enfrentar essas amea­ças. A título de provocação, apresentamos acima o check list, desenvolvido por Eric Lowitt, sobre es­tra­té­gias de redução dos impactos climáticos. Essas recomendações são úteis nas definições do planejamento estratégico, com vistas à redução dos impactos das mudanças climáticas, bem como a eliminação das causas que provocam tais mudanças. Sua empresa está preparada?

OZIEL BRANCHINI

é engenheiro químico, professor de pós-​­graduação na Faculdade Senai de Tecnologia Gráfica, gerente de Engenharia de Processos & Qualidade na Suzano Papel e Celulose – oziel@obranchini.com.br. WARWICK MANFRINATO

é engenheiro agrônomo, diretor da Plant Inteligência Ambiental e membro do Programa Amazônia do Instituto de Estudos Avançados da USP.


A INDÚSTRIA GRÁFICA ESTÁ

CADA VEZ MAIS VERDE

A ABTG acredita em um futuro mais sustentável para a indústria gráfica. Por este motiivo, acabamos de lançar o Selo de Qualidade Ambiental ABTG Certificadora, um símbolo de diferenciação e reconhecimento às empresas cujas práticas contribuem para a preservação do meio ambiente e melhor qualidade de vida desta e das gerações futuras.

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Cássio Arrizabalaga Rodrigues

Oportunidades no processo de sublimação

S

ublimação é um processo de impressão digital que permite a reprodução de imagens ricamente coloridas em qualquer item do nosso dia a dia, incluindo canecas, roupas e uma infinidade de brindes. Antes do advento da sublimação digital, reproduzir imagens nesses itens requeria uma infinidade de processos e pes soal, aumentando dema siadamente os custos, só sendo proveitoso em altos volumes, tornando inviável a produção de pequenas quantidades, que dirá de uma única peça. A sublimação digital (dye sublimation) apresenta-se como uma grande oportunidade de negócios por ser um processo simples, rápido e barato, o que a torna a opção ideal para produções personalizadas, pequenas tiragens, itens únicos ou produção em escala de variedade de produtos customizados. Além de todas essas vantagens, a sublimação digital produz impressões que abrangem uma ampla gama de cores, além de seu resultado final ser permanente, visto que o corante se incorpora ao substrato ou tecido sem se desprender como ocorre nos processos analógicos. Pensando em tecidos sublimados, uma vantagem é a manutenção do toque do mesmo, ou seja, não se percebe nenhuma alteração nas fibras do tecido, sem contar o fato de que as imagens não vão clarear ou trincar, mesmo após várias lavagens. Costumo dizer que quem estraga primeiro é a camiseta, não a imagem sublimada. E mesmo em substratos rígidos, a imagem sublimada não irá arranhar, desprender ou estragar. Esse novo nicho de negócios tem se revelado interessante como empreendimento, principalmente por exigir pouco investimento inicial e permitir um rápido retorno financeiro, além de abrir uma série de possibilidades, como brindes em festas, roupas da moda, uniformes, bandeiras, faixas e cartazes, itens de decoração doméstica e presentes.

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HISTÓRICO DA SUBLIMAÇÃO

A sublimação como processo de impressão (ou tingimento) foi descoberto por Nöel de Plasse, em 1957, quando trabalhava para a Lainère de Roubaix, empresa do ramo têxtil francesa (que criou a revista Mon Tricot, em 1975). Esse francês entendeu que alguns corantes têxteis poderiam passar diretamente do estado sólido para o gasoso em temperaturas acima de 190°C, em um conhecido processo chamado sublimação — o mesmo que verificamos quando observamos a naftalina ou o gelo seco. O processo de sublimação se tornou então a base para as impressões por transferência, também conhecida como impressão a seco. A tecnologia de sublimação popularizou-se no final dos anos 1960 e início dos anos 1970, quando o primeiro sistema computadorizado de sublimação foi desenvolvido por Wes Hoekstra como uma aplicação de seu sistema de processamento de imagem, enquanto trabalhava no Laboratório de Propulsão a Jato em Pasadena, Califórnia (EUA). Por várias referências, Wes figura como o “pai” da indústria da sublimação digital, e seu trabalho guiou o desenvolvimento do processo de sublimação eletrostática no início da década de 1980. Com a introdução das impressoras jato de tinta coloridas nos anos 1990, tintas sublimáticas foram formuladas para trabalhar com vários modelos de impressoras de escritório, tornando possível para qualquer pessoa criar transferências por sublimação sem a necessidade de investir em equipamentos caros. Usando uma impressora relativamente barata e com poucas adaptações, um computador e uma prensa térmica, qualquer pessoa pode produzir impressões coloridas rapidamente. Como resultado final estamos vendo uma rápida conversão de processos de impressão analógicos para digitais e de um mundo de produção em massa para customização e personalização.


O QUE É SUBLIMAÇÃO

Antes de falarmos sobre o processo de sublimação em si, devemos listar alguns termos que são associados a esse processo. Basicamente, sublimação digital é o processo pelo qual transferimos uma imagem previamente impressa para um substrato final, que pode ser rígido (cerâmica, por exemplo), ou flexível (plásticos em geral), além de tecidos. O processo de sublimação é o processo pelo qual um material passa do estado sólido diretamente para o estado gasoso, sem passar pelo estado líquido. O inverso se chama também sublimação, ou sublimação reversa. ◆ O corante (ou dye, em inglês), é o material usado para tingir materiais ou fibras. Colorir é o processo em que impregnamos a cor no material. Em nosso estudo, essa impregnação é controlada e específica. Esse processo de impregnação é geralmente permanente, pois existe uma reação química entre o corante e o material-base. ◆ O pigmento é a substância usada para também colorir materiais ou fibras, porém, diferentemente dos corantes, não há uma reação química de ligação, mas apenas uma deposição super ficial do pigmento. Seu resultado não é permanente. ◆ O veículo é o líquido responsável por manter disperso o corante sublimático, transportando-o ao substrato desejado. O que normalmente ocorre é o veículo evaporar-se do substrato segundos após este ser impresso, deixando apenas o corante depositado no substrato, sendo extremamente dependente do tipo do conjunto impressora/ cabeça de impressão. ◆ O substrato é o material base no qual iremos imprimir. Pode ser desde o papel que usaremos para transportar o corante, até os materiais nos quais iremos efetivamente colorir, podendo ser plásticos, tecidos, madeira, vidro, cerâmica, metais, filmes ou acetatos. ◆ Os polímeros são componentes químicos formados por cadeias carbônicas pequenas, unidas entre si, chamadas de monômeros, alguns formados naturalmente, outros ar tificialmente, como os plásticos ou poliésteres em geral. Em função de sua versatilidade, os polímeros são largamente utilizados na indústria atualmente em carros, aviões, construções.

A tinta sublimática é composta por um corante sublimático sólido em suspensão em um líquido (daí chamarmos de corante disperso). Esse corante sublimático é sensível ao calor e revela seu esplendor somente quando submetido a uma quantidade de calor mínima, transformando- se diretamente em um gás, que se liga a qualquer polímero presente, retornando depois ao estado sólido. A temperatura usada para transformar o corante sublimático também afeta o polímero, abrindo seus poros e permitindo que o gás penetre. Ao se retirar o calor, os poros se fecham, aprisionando permanentemente o corante, que não poderá mais ser lavado. Em nenhum momento o corante sublimático se dissolve no veículo, estando em suspensão no mesmo. Podemos transportar o corante sublimático disperso no veículo para o substrato de uma maneira tradicional (offset), ou por ejeção controlada de microgotas, através de impressoras a jato de tinta. Curiosamente, a impressão realizada com a “tinta” sublimática parece “lavada”, ou seja, sem a cor que gostaríamos que aparecesse. Isso se deve ao fato de o corante disperso revelar sua força de cores somente após a prensagem (pressão aliada ao calor e ao tempo). Outro fator importante a se destacar é que o corante sublimático é preparado para se ligar apenas aos substratos sintéticos, ou polímeros. Pensando em tecidos, quanto mais fibras sintéticas, maior a quantidade de corante que irá se ligar ao tecido, e melhor ficará a impressão. Na prática, se usarmos tecidos mistos com fibras sintéticas e naturais, como algodão, um mínimo de sintéticos é exigido (70%), ou a imagem transferida terá um aspecto cada vez mais lavado. Da mesma maneira, as superfícies de substratos rígidos, como cerâmicas, vidros, madeiras ou metais deverão ser tratadas com algum tipo de material sintético, como por exemplo, um verniz PU, antes de ser submetido ao processo de sublimação. Com relação ao substrato usado no processo de sublimação, este deve ser o mais branco possível (branco mesmo!), para que as cores finais não sejam afetadas. Isto porque os corantes sublimáticos são transparentes: qualquer presença de cor no substrato afetará a percepção da imagem final. Por esse motivo, ao procurarmos substratos VOL. III 2014 TECNOLOGIA GRÁFICA

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para a impressão sublimática, todos, ou quase todos, serão brancos, a cor ideal para, por exemplo, reproduzir fotografias. Claro que alguns irão pensar em formas criativas de sublimação, como couro sintético ou tecidos não brancos, mas isso certamente limitará a gama de cores que iremos notar após o processo final. COMO ELA OCORRE?

A sublimação é um processo simples, no tocante à necessidade de equipamentos e processos. Basicamente, o processo de sublimação ocorre quando prensamos um papel contendo uma impressão feita com tinta sublimática de encontro ao substrato, por um tempo determinado e a uma temperatura específica, normalmente acima de 200°C. Nesse ambiente, o corante, seco no papel, sublima, passando diretamente para o estado gasoso. Como a superfície a ser tingida está também aquecida, o corante, agora vapor, acaba por se ligar permanentemente a ela. Quando finalizamos o processo de aquecimento e prensagem, o conjunto resfria, aprisionando o corante permanentemente. O QUE É NECESSÁRIO PARA TERMOS A SUBLIMAÇÃO?

Precisamos de uma impressora capaz de imprimir usando processo piezelétrico; o papel (especial ou não); um sistema de prensagem, que pode ser uma prensa plana, curva (para canecas ou bonés), ou calandras para peças grandes ou rolos. Esses rolos são depois enviados às confecções, que dão continuidade ao processo de fabricação das peças de roupa. Quando trabalhamos com peças prontas, como canecas ou camisetas (para sublimação localizada), nenhum outro equipamento é necessário. CÁSSIO ARRIZABALAGA RODRIGUES é engenheiro

metalurgista formado pela Politécnica/USP, com MBA em Gestão Empresarial. É consultor pela ABTG e consultor de Gestão da Qualidade e Gestão Empresarial, atuando como engenheiro de manutenção de equipamentos de impressão digital de grandes formatos.

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IMPRESSÃO DE TECIDOS É SUBLIMAÇÃO?

Uma das grandes dúvidas que se tem nesse processo é o uso da sublimação em qualquer tecido, em especial o algodão. Cada processo de tingimento é diferente e exige uma série de pré-tratamentos, preparando as fibras do tecido para receber as tintas especiais. Podemos realizar a sublimação em apenas tecidos sintéticos, pois a tinta é preparada para a fibra sintética, não reagindo com fibras naturais como algodão ou seda.

Algumas pessoas podem questionar esse conceito, especialmente por terem visto propagandas de sublimação em algodão. Nesses casos, a fibra de algodão foi tratada com um produto especial, e a sublimação ocorre nesse produto, mas não no algodão em si. Certamente, a vida útil desse procedimento é muito inferior ao processo de sublimação “puro”. Podemos pensar em outro processo para as fibras sintéticas, como a impressão direta. Temos de dividir o processo de impressão direta em dois tipos: DGP e DTP — Digital Garment Printing e Digital Textile Printing —, ou impressão digital em roupas e impressão digital em tecidos, em tradução livre. Ambas são impressões diretas em tecido, porém cada uma utiliza um processo totalmente diferente e tecnicamente não são sublimações. DGP, ou impressão digital em roupas, utiliza impressoras de médio porte, de 4, 6 ou 8 cores, para imprimir uma imagem diretamente em uma peça pronta ou semiacabada. Emprega tintas pigmentadas e pode ser usada em qualquer tipo de tecido, sintético ou não, embora seja largamente utilizada em tecidos naturais. O tecido pode passar por um tratamento prévio, chamado de priming, onde uma resina finamente dispersa cria uma camada protetora na fibra do tecido, impermeabilizando-o para a tinta. Após esse processo, as imagens são impressas e a tinta acaba por se fixar nesta camada. A grande vantagem desse processo é que podemos usar inclusive tecidos de qualquer cor, pois as novas tecnologias embarcadas nas impressoras e nos softwares RIP possibilitam a impressão de uma camada de fundo branco, e acima dela a impressão da imagem em si. A desvantagem é a alteração do toque da peça após a impressão. A impressão direta em tecidos, chamada DTP, foca tecidos em rolos, tanto para o segmento têxtil quanto para sinalização, porém exige tintas especiais para cada tipo de tecido e inúmeros tratamentos no próprio tecido antes e depois da impressão. O volume de impressão pode ser de algumas centenas de metros por pedido até milhares de metros impressos, sendo que alguns equipamentos são capazes de imprimir até 1.000 metros por hora. De todos os processos digitais de tingimento de tecido, o DTP é o que exige maior volume de investimento, bem como uma estrutura industrial para seu bom funcionamento.


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Realização


ENTREVISTA Texto: Tânia Galluzzi

Rodrigo Schoenacher

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Quem controla, capta oportunidades, identifica problemas e reduz custos

odrigo Schoe­na­cher carrega mais de 15 anos de ex­pe­riên­cia na área de operação, incluindo produção, logística, compras, utilidades e administração pre­dial. Designer com pós-g​­ ra­dua­ção em gestão em­pre­sa­rial pela Northwestern University e título de mestre em design pela Esdi-​­Uerj, é diretor de Gestão da Infoglobo e diretor do Comitê de Operações da As­so­ cia­ção Na­cio­nal de Jornais (ANJ). No cargo, lidera o Programa de Certificação de Qua­ li­da­de Gráfica e Logística para Jornais, desenvolvido em parceria com a ABTG Certificadora. A certificação objetiva organizar a produção e manter o controle interno e dos processos, visando à melhoria da qualidade e, consequentemente, uma melhor percepção da empresa pelo mercado anun­cian­te e leitor. Para o executivo, a gestão gráfica e a logística têm um papel fundamental no momento ­atual, no qual a mídia impressa está sendo colocada à prova.

Como surgiu a ideia da certificação? Rodrigo Schoe­na­cher – Essa ideia é recente. Mas tem suas raí­zes no Comitê de Tecnologia. Há 20 anos, o Comtec, primeiro comitê específico cria­do dentro da ANJ, tinha como proposta a troca de melhores práticas entre os jornais. Seus membros se reuniam a cada dois anos para a promoção de se­mi­ná­rios e debates sobre os avanços na área. De alguns anos para cá ficou mais difícil colocar de pé o evento. Começamos então a discutir como manter esse conceito de troca de ex­pe­riên­cias, garantindo a identificação de 48 TECNOLOGIA GRÁFICA  VOL. III  2014


re­fe­rên­cias de mercado. Con­ti­nua­mos achan­ do que ter espaço para debates é importan­ te, e ele está garantido dentro do Congres­ so Brasileiro de Jornais, que aconteceu agora em agosto. Mas pensamos numa forma de fazer com que os jornais tivessem um ma­ nual de instrução para mostrar como a área

A certificação serve tanto para gráficas que imprimem ou distribuem jornais, quanto para empresas jornalísticas que tenham operação gráfica ou de distribuição. gráfica poderia ajudar o negócio como um todo. Que­ría­mos montar um checklist que permitisse aos executivos que trabalham com gráfica e distribuição se orien­t ar na­ quilo que entendemos como melhores prá­ ticas de mercado, um instrumento que va­ lesse tanto para os jornais grandes quanto para os pequenos, um desafio significativo, porque as rea­li­da­des são muito diferentes. Dessa forma nasceu a certificação. Outro aspecto crítico, além da flexibili­ dade, foi a abrangência. Não queríamos fo­ car em uma só competência e sim algo que obrigasse os participantes a desenvolver di­ versas com­pe­tên­cias para garantir uma evo­ lução sustentável. Elegemos quatro pilares: efi­ciên­cia ope­ra­cio­nal, qualidade percebi­ da, gestão am­bien­tal e gestão de pes­soas. A partir daí começamos a montar o pro­ grama. E para permitir que todos fossem contemplados definimos quatro níveis de participação: Bronze, Prata, Ouro e Platina. O Comitê de Operações delineou o programa e foi conversar com a ABTG? A ANJ já tinha um trabalho com a ABTG? RS – Havia um trabalho em andamento, que era o programa de qualificação, foca­ do em capacitação de profissionais para a gráfica, a primeira parceria cons­truí­da com a ABTG . Em 2012 o então comitê de tec­

nologia começou a discussão sobre a cer­ tificação e chegamos à construção dessa matriz de níveis e os quatro pilares. Aí nos deparamos com uma dificuldade grande. Não entendemos de programas de certifi­ cação. Fomos procurar quem entende dis­ so e conhecemos a ABTG Certificadora. Ela caiu como uma luva, justamente por so­ mar ex­pe­riên­cia no setor gráfico e expertise em normas internacionais. Foi perfeito. A ABTG Certificadora entrou no processo em mea­dos de 2013, interagindo conosco, trazendo conhecimento para a construção do programa, enquanto o grupo de traba­ lho da ANJ , que rebatizamos como Comitê de Operações, apresentava o que entendia como melhores práticas para cada requisito. Detalhando a certificação, quem recebe o selo, a gráfica ou o jornal? RS – Os dois. A certificação serve tanto para gráficas que imprimem ou dis­tri­buem jornais, quanto para empresas jornalísticas que tenham operação gráfica ou de distri­ buição. A empresa recebe a certificação e o jornal pode usar o selo de qualidade, a par­ tir de regras de utilização determinadas pela ABTG Certificadora. A empresa interessada pode se candidatar às duas ca­te­go­rias da certificação? RS – Ela pode optar pela gestão gráfica, ges­ tão de distribuição ou as duas coisas. Pode escolher também o nível. Por exemplo, grá­ fica nível Prata e distribuição nível Bronze. Temos um caso prático que é A Gazeta de Vitória, a primeira empresa a conseguir as duas certificações. Ouro para a gráfica e Bronze para distribuição. Quan­do A Gazeta foi certificada? RS – Fechamos a discussão do programa no final de maio e pedimos aos jornais que es­ tavam participando do comitê que buscas­ sem a certificação. De fato, se o jornal es­ tiver preparado, o processo de certificação é relativamente simples. Assim, no dia 18 de agosto, durante o CBJ , fizemos a entre­ ga das primeiras certificações. Em um dos

se­mi­ná­rios, o Bruno (Bruno Mortara, diretor da ABTG Certificadora) apresentou a impor­ tância das certificações, eu falei sobre a aju­ da da certificação perante os de­sa­f ios que os jornais têm pela frente e depois o presi­ dente da ANJ , Carlos Lindenberg Neto, fez a entrega dos certificados. O que diferencia as ca­te­go­rias é o nível de exigência? RS – Nós montamos a certificação com o seguinte conceito. A categoria Bronze en­ globa procedimentos básicos. Uma empre­ sa não pode estar operando se não cumprir os indicadores básicos do nível Bronze. São obrigações legais como o registro de todos os fun­cio­ná­rios dentro da CLT, a licença de operação da gráfica, e controles mínimos de produtividade como consumo de papel e de tinta. A categoria Prata traz requisitos considerados padrões de mercado, que nive­ lam a empresa em uma linha média. Quem está na categoria Ouro já se destaca dessa média e aquele que conquista a Platina se torna uma referência.

Não queremos criar um ranking e sim propor desafios para que os jornais sigam se desenvolvendo através de melhores práticas de mercado. Alguém já recebeu o certificado Platina? RS – Não. Montamos um programa ro­ busto para que, de fato, uma empresa com esse nível seja reconhecida como referência de mercado. Quais são os be­n e­f í­cios do processo de certificação? RS – O primeiro é balizar o executivo que cuida da gráfica ou da distribuição. Com o certificado ele pode evi­den­ciar a adoção de práticas compatíveis com o mercado. O se­ gundo benefício é fazer com que o gestor conheça o patamar de sua empresa e quais VOL. III  2014  TECNOLOGIA GRÁFICA 49


são os próximos de­sa­f ios para seguir melho­ rando os serviços prestados, a produtivida­ de da gráfica, o comprometimento com a responsabilidade am­bien­tal e so­cial. O ter­ ceiro, que ainda não conseguimos medir, mas devemos evi­den­ciar em breve, é o re­ torno sobre o investimento. O investimen­ to na certificação em excelência nem é alto, mas para a empresa se preparar para a cer­ tificação tem de fazer uma série de inves­ timentos na gráfica. Esse somatório de in­ vestimentos tem um retorno rápido. É um pouco do conceito que a ISO 9000 prega: através da certificação a empresa passa a deter todos os controles ne­ces­s á­rios para mostrar que tudo o que diz que faz, real­ men­te faz. Além disso, se você controla, se gerencia, consegue captar oportunidades, identificar os problemas e a partir daí rea­li­ zar ações para mitigá-​­los, reduzindo custos.

Uma notícia compartilhada no Facebook, no Twitter, no LinkedIn, terá credibilidade se partir de uma marca que traz essa credibilidade, de um jornal ou uma revista de grande circulação. Qual foi a rea­ção dos em­pre­sá­rios e executivos no congresso com a apresentação da certificação? RS – Foi muito positiva. Diferente de ou­ tros programas, não se trata de algo com­ pulsório, não é uma competição. Não quere­ mos ­criar um ranking e sim propor de­sa­f ios para que os jornais sigam se desenvolvendo através de melhores práticas de mercado. Essa proposta está alinhada com as outras bandeiras da ANJ, discutidas durante o congresso, correto? RS – Sim. Foi uma convergência de enten­ dimentos. Enquanto o Comitê de Opera­ ções desenvolvia esse programa, outros dois 50 TECNOLOGIA GRÁFICA  VOL. III  2014

comitês elaboravam ações voltadas para o for­ talecimento dos jornais, com foco na percep­ ção do meio jornal pelo mercado publicitá­ rio e na estratégia dos jornais como um todo. Durante o CBJ foi lançada uma campa­ nha de re­po­si­cio­na­men­to, mostrando a im­ portância do meio jornal na construção de marcas e produtos. Não é só uma campanha que vem dizer que o jornal é importante. Ela traz ferramentas que evi­den­ciam isso. Foram apresentados dois recursos: uma platafor­ ma chamada Digital Premium, que permi­ te aos anun­cian­tes publicarem um anúncio de forma na­cio­nal na homepage dos jornais, uma vez por semana, possibilitando que as marcas comprem esse espaço de forma na­ cio­nal, atingindo, com um único anúncio, o País inteiro; e o Market Place, algo parecido com o Digital Premium para os jornais im­ pressos. Hoje, a agência, para comprar es­ paço nos jornais, tem de fazer contato com cada pe­rió­di­co separadamente. Com o Mar­ ket Place, que vai ser lançado até o final do ano, o anun­cian­te consegue ver a tabela de preço, a audiência que ele está comprando, o perfil dessa audiência, tudo num lugar só, programando todos os jornais que precisa para sua campanha. Esse é um di­fe­ren­cial importante, pois até então não existia uma abordagem na­cio­nal para os jornais. Nessa relação com o mercado, o principal ponto que vimos durante o evento é que as métricas de audiência aplicadas aos jornais não são comparáveis com as métricas usa­ das na TV, nas rá­dios e nos sites. Um jornal vendido é lido por três, quatro, cinco pes­ soas. A audiência do jornal não é a quanti­ dade de exemplares vendidos, é muito mais abrangente. Dian­te disso, o custo da pu­ blicidade em jornal se transforma em algo muito mais factível. A mídia impressa pre­ cisa se ajustar a essa rea­li­da­de e é isso que a ANJ está propondo nessa campanha. Afora o fato de que tudo o que se lê nas redes so­ ciais e que a gente acha que não é jornal, é jornal. Uma notícia compartilhada no Fa­ce­ book, no Twitter, no LinkedIn, terá credibi­ lidade se partir de uma marca que traz essa credibilidade, de um jornal ou uma revista

de grande circulação. A parte mais visível dessa campanha fala disso. O jornal está em tudo: na rede so­cial, no impresso, no bate papo com os amigos, porque a notícia con­ fiá­vel nasce de uma mídia que construiu essa credibilidade ao longo dos anos. MAIS INFORMAÇÕES ww.abtgcertificadora.org.br w comercial@abtgcertificadora.org.br

DE OLHO NOS INDICADORES O Programa de Certificação de Excelência em Gestão oferecido aos afi­lia­dos da ANJ em parceria com a ABTG Certificadora foi apresentado ofi­cial­men­te ao mercado durante a 10 -ª edição do Congresso Brasileiro de Jornais, que aconteceu nos dias 18 e 19 de agosto, em São Paulo. A meta é motivar as empresas a adotar as melhores práticas empresariais por meio de processos de qualidade, gestão am­bien­tal e de pes­soas e produtividade. O programa prevê o monitoramento mensal de indicadores como ab­sen­ teís­mo, controle de desperdício de chapas, controle de reclamações, entre outros. Esses indicadores serão verificados nas auditorias (ini­cial e após 12 meses), sendo que mensalmente as empresas certificadas deverão apresentar as planilhas com os resultados à ABTG Certificadora. A ANJ terá acesso a esses dados, mas eles não serão divulgados in­di­vi­dual­men­te. “Esses dados servem como uma inédita base de benchmark para as empresas participantes”, afirma Bruno Mortara, diretor da ABTG Certificadora. Após a certificação, a empresa poderá usar o selo por dois anos, com direito a mudar de categoria (Bronze, Prata, Ouro e Platina) antes do vencimento desde que cumpra as exi­gên­cias e submeta-​­se a nova auditoria. Qua­tro jornais já receberam a Certificação de Excelência em Gestão Gráfica: Estadão (Prata), Infoglobo (Prata), Zero Hora (Ouro) e A Gazeta de Vitória (Ouro), jornal que conquistou também a categoria Bronze em Gestão de Distribuição.


NA REDE

LITERATURA

AFEIGRAF

Mais moderno e com design clean, o novo site da Associação dos Agentes de Fornecedores de Equipamentos e Insumos para a Indústria Gráfica traz informações institucionais sobre a associação, assim como notícias, membros-associados e informações sobre as principais realizações da entidade, entre elas, a ExpoPrint Latin America 2014. Além disso, seguindo a comunicação visual do novo logotipo, o site ganhou as cores branca e verde, ilustrando a real preo cupação da indústria gráfica brasileira com a sustentabilidade. www.afeigraf.org.br

Mitos e Equívocos da Formação Profissional Walter Vicioni Gonçalves Quem trabalha com formação profissional, seja como professor, seja como gestor, seja como formulador de políticas públicas, frequentemente se vê às voltas com preconceitos que se enraízam em nossa cultura e, por isso mesmo, são de difícil superação. Neste livro, o autor trata de esmiuçar algumas visões que podem comprometer o desenvolvimento vir tuoso dos sistemas de formação profissional do País, esclarecendo os equívocos e desvelando os mitos. Senai-SP Editora www.senaispeditora.com.br

HELP ESKO

O site Help Esko é uma plataforma digital para autoatendimento do cliente. Todos os usuários Esko no mundo inteiro podem acessá- lo e navegar em vários idiomas. Dessa forma, a empresa responde à preferência dos clientes: 72% de seus clientes preferem usar o site de uma empresa para responder às suas perguntas. No site Help Esko, o sistema de ajuda on-line oferece respostas criativas para a pergunta Como eu faria isso?, sem se restringir apenas a resolver problemas técnicos. O link Base de Conhecimento (em inglês) está repleto de artigos escritos por experts da Esko: associados de suporte, especialistas em produtos e outros, todos com uma boa noção do que são e não são informações úteis e práticas. Cada artigo passa por um processo abrangente de auditoria para garantir que seja valioso, adequadamente categorizado e tecnicamente correto. A Esko desenvolve tópicos a partir dos temas mais buscados, usando o Google Analytics como ferramenta para analisar o uso do site. Após cada resposta da Base de Conhecimento, a Esko apresenta ao usuário a oportunidade de avaliar a utilidade do artigo e deixar um comentário. help.esko.com

100 ideias que mudaram o design gráfico Steven Heller e Véronique Vienne O design gráfico passou por muitas mudanças no decorrer do século XX: foi agente das transformações sociais por meio da imprensa; a concepção da grade foi ferramenta útil na reconstrução da sociedade europeia no pós-guerra; e a partir da escritura do Post Script, nos anos 1980, a profissão praticamente foi reinventada em outra base. Para quem tem pouco mais de 500 anos de vida — da invenção de Gutenberg aos tablets —, sua história é cheia de acontecimentos admiráveis que, sob a ótica destes autores nova-iorquinos, passam a ser tão saborosos e sofisticados quanto a seleção destas 100 ideias. Edições Rosari www.rosari.com.br

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V

Tampografia

Fotos: Simone Ferrarese

ocê talvez não tenha se dado conta, mas, neste exato momento, você deve estar cercado por inúmeros objetos impressos em tampografia. Desde o teclado do seu computador, as lâmpadas que iluminam sua sala, passando pelos pratos decorados que utiliza nas suas refeições e até mesmo nos comandos de acio­na­men­to do seu veí­cu­lo a tampografia acompanha seu dia a dia. No entanto, não é só em produtos do nosso co­ti­dia­no que a tampografia se faz presente. Normas técnicas e de segurança, o crescimento da personalização de produtos como automóveis, eletrodomésticos e ele­troe­le­trô­ni­cos têm provocado uma grande demanda por impressão em peças para identificação, codificação e automação de linhas de montagem. A tampografia, a serigrafia e a impressão digital são sistemas bastante empregados nesses

54 TECNOLOGIA GRÁFICA

VOL. III  2014

segmentos. Contudo é a tampografia que se destaca por ter a maior versatilidade, pois permite a impressão dos mais diversos tipos de su­per­f í­cies e formatos de materiais, sejam côncavos, convexos, rugosos, com desnível, porosos etc. Para entender melhor como isso é possível, vamos analisar como esse sistema fun­cio­na. O termo “tampão”, do alemão gótico tappa, que significa tampar, ou tampon, termo francês que é o aumentativo de tampa, mais a palavra “grafia”, que significa escrita, originaram o termo tampografia, impressão por meio de um tampão. Trata-​­se de um processo de impressão indireta, ou seja, a tinta não é aplicada diretamente ao suporte (produto), mas sim transferida para uma superfície in­ter­me­diá­ria que será responsável pela aplicação da tinta no suporte. É considerado ainda um sistema encavográfico, o que significa que a


Ilustração: Allan Carlos Nagamine

Ilustração: Allan Carlos Nagamine

Esquema básico do processo de impressão tampográfica (sistema aberto)

superfície do clichê, retornando à posição original eliminando qualquer vestígio que possa permanecer nas ­­áreas de contragrafismo. Dessa maneira, a tinta que será transferida para o tampão é somente aquela que permanece no baixo relevo (grafismo). Já no sistema fechado, a tinta é transportada para a superfície do clichê por meio de um reservatório fechado de tinta. A retirada do seu excesso é feita pela própria borda do reservatório, normalmente con­fec­cio­na­do em cerâmica, ma­te­rial apro­pria­ do para garantir a durabilidade dos clichês. Assim como no sistema aberto, a tinta que foi depositada nas áreas ­­ de baixo relevo do clichê é aplicada à peça por meio do tampão. O sistema de impressão é basicamente simples, mas hoje é possível encontrar equipamentos

Ilustração: Allan Carlos Nagamine

forma de impressão, onde o grafismo a ser reproduzido é gravado, está em baixo relevo. Nesse sistema, a tinta é depositada sobre a forma e um tipo de lâmina retira o excesso para que ela se mantenha somente nas ­­áreas gravadas. A tinta que está no baixo relevo da forma é então transferida para o suporte por meio de um tampão de silicone. Por ser feito de um ma­te­rial muito macio e flexível, o tampão é capaz de retirar a tinta que está no baixo relevo e aplicá-​­la uniformemente sobre a superfície a ser impressa. A distribuição da tinta durante o processo de impressão pode ocorrer de duas formas, dependendo do tipo de tinteiro da máquina. No sistema aberto, a tinta é dis­tri­buí­da por meio de espátulas que a empurram de um reservatório aberto para a

Esquema básico do processo de impressão tampográfica (sistema fechado) VOL. III  2014  TECNOLOGIA GRÁFICA

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Formato e características da peça a ser impressa Modelo da máquina de impressão ◆◆ Disposição da gravação no clichê ◆◆ Tipo de grafismo a ser reproduzido. O clichê é a forma de impressão do processo tampográfico. O ma­te­rial com o qual ele é fabricado o diferencia quanto à sua aplicação: ◆◆ Nylon: formado por uma base metálica e cober­ to por um polímero fotossensível, onde o gra­ fismo é gravado. Esse tipo de clichê possibilita boa reprodução de detalhes e tem baixo custo, sendo excelente para trabalhos de baixa tiragem, uma vez que sua durabilidade gira em torno de 15.000 impressões. ◆◆ Aço flex: composto totalmente de aço tempera­ do, com espessura de aproximadamente 0,3 mm. A tiragem nesse caso pode chegar a 30.000 im­ pressões, oferecendo boa reprodução de deta­ lhes, o que o torna vantajoso, pois possui cus­ to menor que o clichê de aço de 10 mm, mas com igual qualidade de impressão e durabilidade su­pe­rior ao clichê de nylon. ◆◆ Aço temperado: este clichê possui composição semelhante ao aço flex, porém com maior espes­ sura (10 mm). A sua qualidade de reprodução de detalhes é excelente e por esse motivo é indica­ do para a reprodução de quadricromias. As tira­ gens podem ultrapassar um milhão de impres­ sões. Apesar do alto custo, possui a vantagem de permitir o seu reaproveitamento em novas gra­ vações, por meio de retífica, além de possibilitar a gravação em ambos os lados. A gravação dos clichês é feita com o uso de fo­ tolitos por meio de um processo fotoquímico, ape­ sar de já existirem no mercado sistemas de gravação a laser, direto do computador. O processo fotoquímico consiste em expor o fotolito com o grafismo a ser impresso (um para cada cor) sobre o clichê pre­via­men­te coberto por uma substância sensível à ra­dia­ção ul­tra­vio­le­ta. Tal procedimento tem a função de proteger as ­­áreas de contragrafismo do processo químico que for­ mará o baixo relevo no clichê (por meio de cor­ rosão no caso do aço e dissolução da camada de fotopolímero no caso do nylon). A tinta tampográfica possui composições dife­ rentes, classificando-​­se em monocomponentes e bicomponentes. De forma geral, a sua composição básica é a seguinte: ◆◆ Resina: tem a função, junto com o di­luen­t e, de manter a transparência do pigmento e garantir a aderência da tinta ao ma­te­rial. ◆◆ Pigmento: orgânico ou inorgânico, tem a função de conferir cor à tinta. ◆◆ ◆◆

Transferência da tinta (grafismo) para o tampão e para a peça

bastante automatizados e com configurações di­fe­ ren­cia­das de acordo com as necessidades do clien­te. Pode-​­se acoplar, por exemplo, um sistema de impres­ são digital para a identificação de dados variáveis. Os itens fundamentais do processo de impressão tampográfica são: tampão, clichê, tinta e gabarito. O tampão é um acessório importante do pro­ cesso, pois interfere diretamente na qualidade da impressão. Quan­do a tampografia foi inventada, os tampões eram feitos de gelatina, o que comprometia a sua resistência em grandes tiragens. Hoje em dia utilizam-​­se borracha e ­óleos entre outros componentes do silicone.

Tampões para impressão tampográfica

Os tampões, na sua maioria, pos­suem forma­ to pontiagudo, o que facilita o seu deslizamento durante a retirada da tinta de dentro do baixo re­ levo do clichê. As características superficiais do tampão devem garantir uma perfeita moldagem à peça durante a impressão. Os tampões de maior dureza permitem melhor reprodução de caracte­ res pequenos e imagens mais detalhadas. Porém, se o produto a ser impresso tiver uma superfície mais irregular, deve-​­se optar pelos mais flexíveis. Os fabricantes identificam os tampões quanto à durabilidade usando cores diferentes. Sendo assim, as variáveis que definem a escolha ­ideal do tampão são: 56 TECNOLOGIA GRÁFICA

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Di­luen­te: tem a função de conferir fluidez à tinta, auxiliando na sua aderência à peça. ◆◆ Aditivos: utilizados para melhorar o desempenho da tinta no processo e nas características finais da impressão. ◆◆ Catalisador: componente agregado às tintas bicomponentes para melhoria da aderência e de sua resistência a agentes físicos e químicos após a impressão. As tintas monocomponentes secam por evaporação de di­luen­tes, o que permite deixá-​­las por mais tempo na máquina sem que sequem durante o processo. Entre elas podem-​­se citar as tintas de base: ◆◆ Vinílica ◆◆ Poliuretana ◆◆ Sintética ◆◆ Acrílica As bicomponentes necessitam de catalisadores para aumentar a sua resistência mecânica, permitindo elevar a sua aderência à peça impressa e, consequentemente, sua resistência mecânica. Entre elas podem-​­se citar as tintas: ◆◆ Epóxi ◆◆ Poliuretanas modificadas Para garantir uma boa qualidade de impressão e resistência à abrasão e aos agentes químicos recomenda-​­se rea­li­z ar testes de aderência. Dependendo do caso, é necessário aplicar tratamentos superficiais antes ou depois da impressão. Entre eles estão a aplicação de primer em peças de polipropileno e po­lie­ti­le­no, tratamento corona, que a partir de uma descarga elétrica prepara materiais com pouca ou nenhuma pro­prie­da­de de adesão para receber a tinta na impressão, e finalmente a flambagem, menos empregada pelo difícil controle do processo, que consiste em tratar a superfície a ser impressa com calor por meio de uma chama azul. Após a impressão pode-​­se ainda submeter as peças, es­pe­cial­men­te as feitas em nylon, metais, baquelite e vidro, a altas temperaturas (60 a 150°C) com o objetivo de am­pliar a aderência da tinta e acelerar o processo de secagem. O dispositivo, conhecido também como “berço”, “apoio” ou “gabarito”, é uma peça bastante importante do sistema de impressão. Ele possui a função de po­si­cio­nar a peça a ser impressa na máquina evitando que haja movimentação durante o processo. Pro­por­cio­na apoio para o tampão no momento da impressão, facilitando a alimentação e a extração das peças e protegendo-​­as contra riscos ou quebra. Normalmente são fabricados sob medida para cada tipo de peça a ser impressa. Os materiais mais comuns empregados na fabricação dos dispositivos são: ◆◆

Dispositivo em madeira

Dispositivo em resina

Alumínio: o mais utilizado, pois possui alta durabilidade. ◆◆ Madeira: indicada para baixas tiragens, pois desgasta com o uso, mas possui custo mais baixo e não agride a peça. ◆◆ Resina: empregada em aplicações especiais, para a impressão de peças de formato irregular ou flexíveis. ◆◆ Aço: utilizado na aplicação em peças de metal pela sua alta resistência ao atrito com outras partes de metal. ◆◆ Aplicações especiais: alguns dispositivos foram desenvolvidos para melhorar o processo de produção tanto em relação à qualidade quanto à produtividade. Entre eles pode-​­se citar o dispositivo com tratamento à base de Teflon ou feltro para a impressão em peças delicadas, que não podem sofrer riscos. Há dispositivos com sistema a vácuo, que prendem o material por sucção e evitam qualquer movimentação durante a impressão; dispositivo com alavanca, que permite a impressão sobre toda a superfície, possibilitando a retirada da peça sem o manuseio do operador; e dispositivo com giro da peça, que admite a impressão em torno do produto a partir de um giro em 180º.‒ Agora, quando você encontrar algum ma­te­ rial como os ilustrados neste artigo, lembrará que eles são produtos de um elaborado processo de produção gráfica e, quem sabe um dia, poderão constituir uma nova oportunidade de negócio para a sua empresa. ◆◆

SIMONE FERRARESE é

coordenadora dos cursos de graduação e pós-​­graduação da Faculdade Senai de Tecnologia Gráfica. GUILHERME DE MOURA é instrutor de impressão serigráfica e tipográfica da Escola Senai Theobaldo De Nigris. Agradecimentos: Oscar Flues. VOL. III  2014  TECNOLOGIA GRÁFICA

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TUTORIAL

Thia­go Justo

Transforme sua foto em uma gravura

O

s filtros prontos que simulam gravura nos soft­wares gráficos não conseguem imitar tão bem o estilo de uma gravura autêntica, na qual as imagens são gra­ vadas com pequenas linhas e as nuan­ças de som­ bra são obtidas com a va­ria­ção das espessuras das linhas gravadas. Neste tu­to­rial vou mostrar como ­criar um efeito de gravura bem semelhante a uma gravura real usando o Pho­to­shop e o Illustrator. Para obter o efeito mais rea­lis­ta será preciso ­criar uma série de linhas curvas de diferentes espessuras, antes de aplicar esse efeito na fotografia que você

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pretende transformar em gravura. Essas linhas po­ de­r iam ser cons­t ruí­d as no Pho­to­shop, mas o Il­ lustrator torna essa etapa bem mais fácil e rápida. Para começar, depois de escolher a fotografia que você pretende transformar em gravura, abra um novo arquivo no Illustrator, de tamanho um pouco maior que o da fotografia a ser trabalhada. Trace então uma linha em zigue-​­zague, sem preen­ chi­men­to e com contorno de 0,5 pt, na cor preta. Para transformar as linhas em ondas sua­ves apli­ que o efeito zigue-​­z ague no menu Effect ➠ Distort & Transform ➠ Zig Zag (1 e 2).


1 4

2

5

6

3

Eu digitei o valor de cerca de dois milímetros na opção Tamanho (Size) e um na opção Ridges per segment. Se­le­cio­ne a opção ­Smooth (Sua­vi­zar) para ­criar a linha ondulada. Lembre-​­se que essas configurações dependem muito do tamanho da imagem e do tipo da linha que você pretende ­criar (3).

Faça uma cópia dessa linha, arrastando-​­a, com os botões ALT e Shift pres­sio­na­dos, para a borda in­ fe­rior da página. Com as duas linhas se­le­cio­na­das, uma no topo e outra na base da página, aplique o efeito de mistura no menu Object ➠ Blend ➠ Make. Volte ao menu Object ➠ Blend ➠ Blend Op­tions para ajustar o efeito. Eu configurei o Spe­ci­f ied Steps para ele ­criar uma série de 220 linhas paralelas alinhadas. Transforme as linhas em vetores editáveis se­le­cio­ nan­do a opção Object ➠ Expand Ap­pea­ran­ce e depois Object ➠ Expand . . . para poder trabalhar cada uma das linhas in­di­vi­dual­men­te (4, 5 e 6). VOL. III  2014  TECNOLOGIA GRÁFICA

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7

10 8

9

Faça uma cópia desse conjunto de linhas (Ctrl + C) e cole dentro do arquivo de imagem aberto no Pho­to­shop (Ctrl + V). Quan­do for colar, escolha a opção de colar as linhas como Pixels. Ajuste o ta­ manho da cópia, se for preciso, para ficar alinhada no centro da imagem (7 e 8). Volte para o Illustrator e altere a espessura do contorno das linhas para 1pt. Faça uma cópia e cole em uma nova camada do documento do Pho­to­ shop. Repita esse processo de aumentar a espessu­ ra e colar no Pho­to­shop pelo menos cinco vezes, va­rian­do a espessura da linha em 0,5pt, 1pt, 1,5pt, 62 TECNOLOGIA GRÁFICA

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2pt e 3pt. Quan­to mais camadas com diferentes es­ pessuras de linhas você fizer, mais rea­lis­ta vai ficar a simulação de gravura. Essas camadas devem estar alinhadas para que a transição entre linhas finas e mais espessas seja o mais sutil possível (9). Renomeie cada camada de linhas de acordo com o grau de sombra que ela causará na imagem. Para o efeito ficar mais rea­lís­ti­co é interessante mu­ dar a angulação das linhas para 45° em uma cama­ da e 90° para outra. Faça isso usando o atalho de Transformação Livre (Ctrl + T) (10). Duplique a camada da imagem cinco vezes (Ctrl + J), uma para cada camada de linhas. Eu escolhi


11

13

12

uma fotografia que tirei do busto de São Paulo, exposto na Pinacoteca do Estado (11). Agora escolha a primeira cópia e aplique o ajuste de li­miar em Image ➠ Adjustments ➠ Threshold. Para essa primeira camada aplique o valor 70. Repita o processo com as demais camadas, mudando o valor de Threshold para 90, 110, 130 e 150 (12 e 13). Volte à primeira camada que aplicou o Threshold e faça uma seleção por cor usando o menu Select VOL. III  2014  TECNOLOGIA GRÁFICA

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15

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16

➠ Color Range. Altere a opção de seleção para Shadows (sombras) e clique em OK . Desse modo so­ mente as ­­áreas escuras da imagem serão se­le­cio­ na­das. Ainda com essa seleção ativa, se­le­cio­ne a camada com as linhas mais espessas, neste exem­ plo o nome da camada é “linhas sombras 2”. Clique no ícone Add Layer Mask na parte in­fe­rior da pa­ leta Layers. Isso irá aplicar uma máscara sobre essa camada com a mesma seleção feita pre­via­men­te. 64 TECNOLOGIA GRÁFICA  VOL. III  2014


17

Essa máscara apaga as linhas que estiverem sob as partes sem seleção, que correspondem às á­­ reas mais claras da imagem (14, 15, 16 e 17). Repita esse processo de seleção com Color Range e aplicação da Layer Mask em cada uma das demais camadas de linhas. Para conferir o resultado final, tire a vi­sua­li­za­ção das demais camadas ou apague-​­as, deixando visíveis somente as camadas com as linhas. Se preferir, é possível trocar a cor das linhas com uma camada de ajuste, mas isso é assunto para outro tu­to­rial. Compare a imagem inicial (18) e a final, que está na primeira página deste artigo. THIAGO JUSTO é instrutor de pré‑impressão da Escola Senai Theobaldo De Nigris.

Antes e depois. À direita, o resultado final, construído a partir da foto de uma figura. VOL. III  2014  TECNOLOGIA GRÁFICA

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Data: 11 e 18 de Outubro Horário: 9h às 17h Investimento: R$ 230,00 para es‑ tudantes; R$ 330,00 para associa‑ dos; R$ 430,00 para não associados. Palestrante: Marcelo Ferreira

Gerenciamento de cores para impressão digital

cluído e comprovar conhecimentos e experiências anteriores referen‑ tes à utilização de softwares para editoração eletrônica, adquiridos em outros cursos, no trabalho ou por meios informais.

Problemas, causas e soluções em impressão offset (20h) – R$ 380,00

Sábados: 1/11 a 13/12 das 8h às 12h Requisitos de acesso: 16 anos com‑ pletos, ensino fundamental concluí‑ do e comprovar conhecimentos e experiências anteriores referentes à impressão offset, adquiridos em outros cursos, no trabalho ou por meios informais.

Data: 25 de Outubro Horário: 9h às 16h Investimento: R$ 190,00 para es‑ tudantes; R$ 190,00 para associa‑ dos; R$ 230,00 para não associados. Palestrante: Marcelo Escobar

Controle Estatístico do Processo – CEP (20h) – R$ 170,00

Novembro Boas práticas de fabricação na indústria gráfica

Preparação de tintas líquidas (20h) – R$ 232,00

Data: 1º‒ de Novembro Horário: 9h às 17h Investimento: R$ 190,00 para es‑ tudantes; R$ 290,00 para associa‑ dos; R$ 390,00 para não associados. Palestrante: Marcelo Ferreira

Produção gráfica

Data: 4 a 6 de Novembro Horário: 18h45 às 21h45 Investimento: R$ 190,00 para es‑ tudantes; R$ 290,00 para associa‑ dos; R$ 390,00 para não associados. Palestrante: Ana Cristina Pedrozo

SENAI APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL Aplicação em hot stamping em máquina automática de corte e vinco (64h) – R$ 525,00

2ª‒ a 5ª:‒ 28/10 a 4/12 das 19h às 22h Requisitos de acesso: 16 anos completos e ensino fundamental concluído e ter concluído o cur‑ so de impressor de corte e vindo automático.

Fechamento de arquivos (16h) – R$ 567,00

Sábados: 13/12 a 20/12, das 8h às 17h Requisitos de acesso: 16 anos com‑ pletos, ensino fundamental con‑

66 TECNOLOGIA GRÁFICA

VOL. III  2014

Sábados: 11/10 a 8/11 das 8h às 12h Requisitos de acesso: 16 anos com‑ pletos, ensino médio concluído.

Sábados: 25/10 a 8/11 das 8h às 17h Requisitos de acesso: 16 anos com‑ pletos, ensino fundamental concluí‑ do e comprovar conhecimentos e experiências anteriores referentes à impressão flexografia, adquiridos em outros cursos, no trabalho ou por meios informais.

Preparação de tintas pastosas (20h) – R$ 232,00

Sábados: 29/11 a 13/12 das 8h às 17h Requisitos de acesso: 16 anos com‑ pletos, ensino fundamental concluí‑ do e comprovar conhecimentos e experiências anteriores referentes à impressão offset, adquiridos em outros cursos, no trabalho ou por meios informais.

Contas a pagar e receber (20h) – R$ 170,00

Sábados: 1/11 a 13/12 das 13h às 17h Requisitos de acesso: 16 anos completos e ensino fundamental concluído.

Montagem eletrônica e operação de equipamentos Computer to Plate – CTP (40h) – R$ 1.065,00

Sábado: 18/10 a 29/11 das 8h às 17h Requisitos de acesso: 16 anos com‑ pletos, ensino fundamental concluí‑ do e comprovar conhecimentos e experiências anteriores referen‑ tes à utilização de softwares para

editoração eletrônica e fechamen‑ to de arquivos, adquiridos em ou‑ tros cursos, no trabalho ou por meios informais.

e experiências anteriores referen‑ tes à área gráfica, adquiridos em outros cursos, no trabalho ou por meios informais.

Impressão offset em máquina bicolor (60h) – R$ 851,00

Tratamento de imagens (32h) – R$ 582,00

2ª‒ a 5ª:‒ 21/10 a 25/11 das 19h às 22h Requisitos de acesso: 16 anos com‑ pletos, ensino fundamental concluí‑ do e comprovar conhecimentos e experiências anteriores referentes à impressão offset, adquiridos em outros cursos, no trabalho ou por meios informais.

Impressão offset em máquina quatro cores (60h) – R$ 1.174,00

2ª‒ a 5ª:‒ 21/10 a 25/11 das 19h às 22h Requisitos de acesso: 16 anos com‑ pletos, ensino fundamental concluí‑ do e comprovar conhecimentos e experiências anteriores referentes à impressão offset, adquiridos em outros cursos, no trabalho ou por meios informais.

Método de Análise e Solução de Problemas – MASP (20h) – R$ 170,00

Sábado: 11/10 a 8/11das 13h às 17h Requisitos de acesso: 16 anos com‑ pletos e ensino médio concluído.

Operação de empilhadeira (32h) – R$ 280,00

Sábados: 11/10 a 1/11 e 8/11 a 13/12 das 8h às 17h Requisitos de acesso: 18 anos com‑ pletos, ter completado a 4ª‒ série do ensino fundamental, possuir CNH nas categorias ‘B’, ‘C’, ‘D’ ou ‘E’.

Pré‑impressão digital para flexografia (32h) – R$ 780,00

2ª‒ a 5ª:‒ 24/11 a 10/12 das 19h às 22h Requisitos de acesso: 16 anos com‑ pletos, ensino fundamental concluí‑ do e comprovar conhecimentos e experiências anteriores referen‑ tes à pré‑impressão, adquiridos em outros cursos, no trabalho ou por meios informais.

Produção gráfica (32h) – R$ 480,00

Sábados: 27/9 a 29/11 das 8h às 12h e das 13h às 17h Requisitos de acesso: 16 anos com‑ pletos ensino fundamental concluí‑ do e comprovar conhecimentos

Sábados: 4/10 a 6/12 das 8h às 12h Requisitos de acesso: 16 anos completos, ensino fundamental concluído e comprovar conheci‑ mentos e experiências anteriores referentes à utilização de softwa‑ res para pré‑impressão, adquiridos em outros cursos, no trabalho ou por meios informais. Para inscrição é necessário apre‑ sentar, para simples conferência, cópias ou originais dos seguintes documentos: histórico ou certifi‑ cado do ensino fundamental, RG, CPF, comprovante de residência e comprovante do pré‑requisito. Alunos menores de idade deve‑ rão comparecer para matrícula acompanhados por responsável. Empresas que matricularem três ou mais funcionários tem 15% de desconto ou ainda, que sejam as‑ sociadas a ABTG, Abigraf ou Aber, possuem 20% de desconto. O pagamento dos cursos de FIC pode ser dividido em até três ve‑ zes no boleto bancário, sendo a primeira parcela antes do início do curso. O Senai reserva‑se o direito de não iniciar os cursos se não houver nú‑ mero mínimo de alunos inscritos. A programação, com as datas e valores pode ser alterada a qual‑ quer momento pela escola. A Escola atende de 2‒ª a 6‒ª, das 8h às 21h, e aos sábados das 8h às 14h.

Escola Senai Theobaldo De Nigris Rua Bresser, 2315 (Moo­ca) 03162-030 São Paulo SP Tel. (11) 2797.6333 Fax: (11) 2797.6307 Senai-SP: (11) 3528.2000 senaigrafica@sp.senai.br www.sp.senai.br/grafica Inscrições também pelo site: http://grafica.sp.senai.br



A Rotatek Brasil inova mais uma vez, oferecendo ao mercado uma nova dimensão em impressão digital para rótulos e embalagens.

Impressora TAU 330 UV Inkjet Label Press A TAU 330 é uma impressora Digital UV Inkjet, produzida pela Durst, projetada para pequenas e médias tiragens em aplicações de impressão em banda estreita, com larguras de até 330 mm e velocidade de até 48 m/min. Com o objetivo de oferecer um fluxo produtivo digital de ponta a ponta, a TAU 330 possibilita a configuração do sistema de corte e acabamento a laser em linha, de alta produtividade e troca automática de corte com somente um cabeçote, o que permite produzir diversos trabalhos diferentes na mesma passada. Completando o processo de acabamento é possível ainda configurar cobertura UV em linha e laminação. Dependendo das aplicações o cliente tem a possibilidade de optar entre duas tecnologias de tinta UV Inkjet: as tintas UV convencionais para aplicações industriais ou a mais nova tecnologia de tintas UV Inkjet de baixa migração para aplicações de segurança nos segmentos de embalagens para alimentos, farmacêuticos e cuidados pessoais.

Tais características permitem à TAU 330: • Pequenas e médias tiragens de impressão em uma grande variedade de rótulos para os segmentos de: alimentos e bebidas, industrial, cuidados pessoais, cosméticos, farmacêutico, produtos de limpeza e segurança. • Impressão em filmes e películas como: alumínios e filmes para blister, tampas de iogurte e aplicações em embalagens com filmes sem suporte. • Sistema para impressão de materiais pré-cortados. • Sistema de impressão de dados variáveis para textos, códigos de barras, datamatrix, código QR e numerações randômicas ou sequenciais.

Para saber mais, ligue para a Rotatek Brasil. Tels.: (11) 3215-9999 ou acesse: www.rotatek.com.br

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