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O ginásio não escolhe idades
Bruno Simões é ‘personal trainer’ no Focus, localizado no bairro Norton de Matos. Começou a estagiar em 2015 neste estabelecimento, fundado por volta de 2013, e a partir daí nunca mais se afastou. Uma das características deste ginásio é a amplitude de idades dos frequentadores: dos 13 aos 84 anos. “A maioria dos clientes procura qualidade de vida e manter as funções básicas”, declara Bruno Simões.
Fernando Alves Rodrigues, de 79 anos, anda no Focus há um ano. Não hesita em afirmar que, neste lugar, “há rapaziada amiga”, o que o faz sentir-se em família. “O ginásio é bom, principalmente para velhos”, brinca o mesmo, que apelida ainda o seu ambiente de “maravilhoso”.
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Já António Honório, de 71 anos, vive perto das instalações e declara que viu que o Focus tinha mais gente da sua idade e decidiu experimentar.
O próprio explica que “partilhar o espaço com jovens fá-lo sentir-se mais jovem” e que “antes via os ginásios como uma passarela”.
“Aqui não se definem objetivos irrealistas”, revela Bruno Simões. Refere que, “ao contrário de outros ginásios, onde o público é sazonal, há clientes ligados ao Focus há três, quatro, ou oito anos”. O ‘personal trainer’ destaca que o ‘feedback’ é “muito positivo”, e materializa-se, em especial, “na renovação de contrato com os clientes”. Afirma que tem havido boa adesão por parte dos idosos e que o diagnóstico e acompanhamento são fundamentais: “não pode falhar, tem de se saber o que a pessoa tem, pode e quer”.
Os exercícios mais comuns entre os mais velhos são o uso de elásticos, bicicletas, agachamentos e flexões. A par disto, “vão-se implementando pesos ligeiros e trabalha-se mobilidade, coordenação, agilidade e elasticidade”.
Bruno Simões destaca, ainda, que “os idosos vêm a medo”, porém, depois sentem-se “estimulados e acompanhados”. Acrescenta que “um idoso que venha a este espaço, ao sentir que consegue fazer alguma coisa, aumenta muito a sua autoestima e independência”.
“Os ginásios falham na sua mensagem demasiado ligada à imagem corporal e na banalização da atividade física”, realça o ‘personal trainer’. “Não é atrativo alguém ver num folheto um homem de tronco nu com uma barra de 20 quilos, porque essa pessoa pensa «isso não sou eu»”, refere. Sublinha que “não vê inclusão de idosos noutros estabelecimentos”. Bruno Simões sente que “os ginásios deviam integrar um programa que os ligue a outras entidades de saúde”, dado que “esse apoio descongestiona o Sistema Nacional de Saúde”.