Cabanada Por Rodrigo Batista
A Guerra
dos
Cabanos ou Cabanada foi
inicialmente
um
movimento
restaurador cujo objetivo era restituir ao trono do Brasil, o Imperador D. Pedro I, que renunciara ao posto após a morte de D. João VI. Entretanto, a revolta desenvolveu uma feição popular sob a liderança de Vicente Ferreira de Paula, caracterizando-se como uma luta anti-escravagista. Em 1831 o imperador D. Pedro I abdicara da coroa do Brasil em nome de seu filho D. Pedro II, e viajara para a Europa com o objetivo de manter os direitos dinásticos de sua filha, Maria da Glória em Portugal. Para garantir a manutenção do poder real, a Constituição definia a nomeação de uma Regência Trina. Descontentes com as decisões da corte no Rio de Janeiro, os grupos populares aproveitaram o momento de instabilidade política do período regencial para expor suas inquietações. Num primeiro momento, a revolta foi capitaneada por proprietários de terras como Domingos Lourenço Torres Galindo e Manuel Afonso de Melo. Alguns participaram do levante de abril do mesmo ano em Recife, a “Abrilada”, defendendo a restauração de D. Pedro I ao trono do império. Esse grupo era vinculado à sociedade lusitana “Coluna do Trono do Altar”. O movimento sob comando de Vicente Ferreira de Paula, no entanto, rompeu as “alianças” com os senhores-de-engenho e transformou-se numa revolta anti-escravagista. A insurreição ocorreu na região que compreende o norte de Alagoas e o sul de Pernambuco e iniciou-se entre maio e junho de 1832, com os levantes de Antônio Timóteo de Andrade, em Panelas de Miranda, no agreste pernambucano, e João Batista de Araújo, na praia de Barra Grande, hoje povoado do município de Maragogi / AL. Os rebeldes formados por índios, brancos e mestiços lavradores, moradores nas periferias dos engenhos, além de negros fugidos passaram a ser identificados como “cabanos”, em alusão às pequenas cabanas no meio do mato em que viviam.
Em 1834, D. Pedro I faleceu na Europa, o que acabou desanimando os cabanos a enfrentarem o governo. Os governadores das províncias de Pernambuco e Alagoas, Manoel de Carvalho Paes de Andrade e Antonio Pinto Chichorro da Gama, decidiram cercá-los na mata, com um exército de mais de 4.000 homens. Eles se reuniram no Teatro de Operações, em 13 maio 1834, e estabeleceram uma área dentro da qual os cabanos seriam sitiados. Foi dado um prazo para a população evacuar o espaço, o que reduziu o número de integrantes dos grupos, limitados, agora, aos mais comprometidos com a revolta e os escravos negros, por preferirem a luta à escravidão. Outra tática utilizada pelos governadores foi a promessa de anistiar os dissidentes que se entregassem. Eles conseguiram com a armadilha capturar um grande número de combatentes. Em Japaranduba, em 29 maio 1835, se renderam os derradeiros cabanos de Alagoas e Pernambuco, mas Vicente de Paula foge para o sertão. O líder envolveu-se posteriormente na política pernambucana e participou da Revolução Praieira em 1849 em Pernambuco. Capturado em 1850, foi preso em Fernando de Noronha, onde permaneceu até 1861, quando contava 70 anos de idade.