Cana - Poesia de Admmauro Gommes

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CANA - Admmauro Gommes Da terra fértil surge a cana-de- açúcar.

Meus pais provaram o amargo de teu plantio e foram queimados no fogo de tua colheita.

Nas moendas das usinas mel e sangue se estreitam.

A palha da cana arranhou os nossos sonhos nos aceiros da noite...

Enquanto produzias riquezas para meia dúzia de gente toneladas de pessoas ficaram à margem da estrada esperando o trem do progresso que se desviou em estranhos trilhos.

Quantas vidas foram cortadas em teus canaviais que levaram as esperanças para um tempo do nunca mais!...

O cantador estava certo ao distinguir criminoso e réu: "No cabo da minha enxada não conheço um coronel..."

Que amargo travo na garganta nesta lembrança brusca: Hoje, a terra infértil surge da cana-de-açúcar.

Palmares, 15/11/2015


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