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“Um dos meus desafios é lançar as bases da expansão internacional da REN” Seis meses depois de chegar à presidência da REN - Redes Energéticas Nacionais, Rui Vilar analisa a nova situação da empresa de transporte de eletricidade, depois da saída do Estado do capital. Depois da entrada de investidores chineses e árabes na estrutura acionista, o gestor salienta que a REN “é uma empresa portuguesa, com uma missão de serviço público em Portugal”. Em relação às fontes de produção elétrica, o chairman da REN adianta que este ano as fontes renováveis serão responsáveis já por cerca de 67% do consumo em Portugal.
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Textos Belén Rodrigo brodrigo@ccile.org
que mudou na REN depois da privatização?
A privatização permitiu à REN um aumento da li‑ quidez em mais de 50% e um maior interesse dos investidores internacionais na nossa empresa, o que levou a uma maior diversificação da base acionista. Isso é notório quer na quantidade de ações transaciona‑ das em bolsa diariamente como na quantidade de reuniões que temos tido com investidores institucionais. Também muito importante foi a total clarificação institucional entre concedente e concessionário. Neste momento, há uma completa separa‑ ção das duas funções, uma vez que o Estado deixou de ser acionista e esta situação torna as regras do jogo mais claras para todos os interve‑ nientes na cadeia de valor.
Que análise faz da venda final dos 11% que o Estado detinha na REN?
A análise é muito positiva. Houve
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Fotos Sandra Marina Guerreiro sguerreiro@ccile.org
muito interesse institucional, o que prova que a REN está muito bem referenciada. O interesse de inves‑ tidores institucionais, por definição, profissionais, é muito positivo, prin‑ cipalmente no caso da REN, porque são muitas vezes investidores de lon‑
“No gás natural, o projeto mais significativo é a terceira interligação com Espanha, através do gasoduto que ligará Celorico a Zamora” go prazo e que se preocupam com a existência de uma estratégia sustenta‑ da da empresa, questionam a empre‑ sa e ajudam‑nos a refletir um pouco mais sobre determinados temas.
Sente que está a ser uma etapa transi tória na empresa?
Entendo este período de transição como um compromisso ativo de pre‑ paração do futuro. Aliás, é este um dos desígnios para os quais me con‑ vidaram a liderar a REN: assegurar a continuidade do legado deixado pela liderança anterior e preparar a empresa para esta nova fase. Que papel joga no dia a dia da empre sa a chinesa State Grid?
A State Grid é um acionista de re‑ ferência da REN. É a maior empre‑ sa de transporte de eletricidade do mundo, e isso dá‑nos muita visibi‑ lidade internacional e vários benefí‑ cios diretos, como o lançamento de um centro de I&D em Portugal e o apoio no processo de refinancia‑ mento da REN. A REN já negociou com a banca chinesa linhas de cerca de 760 mi‑ lhões de euros (China Development Bank, ICBC e Bank of China).
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Rui Vilar Chairman e CEO da REN outubro de 2014
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E os árabes da Oman Oil Company?
Além de ser outro acionista de refe‑ rência, é uma empresa com uma ex‑ periência internacional diversificada e que tem contribuído muito positi‑ vamente na definição da estratégia da empresa e apoiado a sua execução. Sente que a REN ainda é uma empresa portuguesa?
A REN é uma empresa portuguesa, com uma missão de serviço público em Por‑ tugal, com uma base acionista e fontes de financiamento diversificadas, e com um projeto de expansão internacional. Que avaliação faz dos resultados do primeiro semestre?
Estamos no caminho certo, e estes últimos resultados mostram a tendência positi‑ va que os nossos resultados têm vindo a apresentar, semestre após semestre. Houve uma melhoria significativa do resultado lí‑ quido recorrente e uma descida material e sustentada do custo médio da dívida. Que projetos de internacionalização tem a REN?
Temos uma carteira de projetos interna‑ 10 actualidad€
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cionais em fase de análise, nomeadamen‑ te em geografias como o Peru e o Chile, onde estão a ser lançadas concessões para linhas de transmissão de eletricidade, bem como na África Lusófona, nomea‑ damente em Moçambique, onde temos uma participação na Hidroelétrica de Cahora Bassa e no futuro projeto da es‑ pinha dorsal da infraestrutura elétrica do país. Estamos também a olhar com inte‑ resse para o México e a Colômbia. Qual é a situação do projeto da REN em Moçambique?
A REN tem uma participação de 7,5% na Hidroelétrica de Cahora Bassa e estamos num dos projetos mais relevantes, em termos de infra‑ estruturas energéticas do país, aque‑ le que é conhecido como a espinha dorsal da futura rede de transporte de eletricidade de Moçambique e que ligará Tete à África do Sul. Reforço das interligações com Es panha no gás e eletricidade E em Portugal, quais os principais no vos projetos de investimento?
No gás natural, o projeto mais signi‑ ficativo é a terceira interligação com Espanha, através do gasoduto que li‑ gará Celorico a Zamora. Esta é uma etapa importante para a criação do mercado ibérico de gás natural e que reforça a integração de Portugal nas redes transeuropeias de gás, particu‑ larmente importantes na segurança energética da União Europeia. Na eletricidade, vamos continuar o re‑ forço elétrico na zona do norte de Portu‑ gal, nomeadamente na zona do Minho, que vai ser muito importante para a nova interligação com Espanha prepara‑ da para 2017, na zona da Galiza. A REN vai investir mais de 150 milhões na criação da terceira interligação entre Sines e Zamora. É uma das suas prioridades deste mandato?
É um dos projetos prioritários da REN, até pelo atual quadro de crise na Euro‑ pa de Leste, altamente dependente do fornecimento de gás natural da Rússia. Trata‑se de um investimento que vai para além do interesse regional, permi‑ tindo também potenciar a capacidade do nosso terminal de gás natural lique‑
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feito em Sines como um ponto de abas‑ tecimento para as redes europeias. Como são as relações da REN com a REE ‑Rede Elétrica de Espanha?
Sempre tivemos ótimas relações, quer a nível institucional, técnico e na criação de sinergias de trabalho benéficas para ambas as partes. Vão contestar judicialmente a contribui ção especial sobre as empresas do setor energético? Qual vai ser o custo para a REN?
Estamos a proceder à análise da situação, para decidir as alternativas de atuação.
Bruxelas quer a EDP fora da REN ou sem direitos de voto. Acha que isto vai acon tecer?
A questão não se coloca nesses termos, a EDP e qualquer acionista são bem vin‑ dos à REN nos termos dos estatutos da REN e da lei. Que consequências terá para a REN o Mi bgas?
A REN opera a rede de transporte de gás natural, o armazenamento subterrâ‑
neo e um terminal de GNL. O Mibgás é mais um passo na cons‑ trução do mercado interno de energia
que um dia integrará todos os países da União Europeia. A livre circulação de gás no mercado europeu e em particu‑
Preparar a empresa para o futuro Rui Vilar assumiu a liderança da REN em abril último. Além de continuar o trabalho anteriormente desenvolvido por Rui Cartaxo, entrou com a missão de iniciar um novo capítulo de crescimento e criação de valor. Rui Vilar acumula o cargo de presidente do conselho de administração com o de presidente da Comissão Executiva da REN até ao final do mandato de 20122014. “Entendo este período de transição como um compromisso ativo de preparação do futuro. Creio que é esse o sentido do convite que me foi dirigido, o de assegurar a continuidade do legado muito positivo deixado por Rui Cartaxo e preparar a empre-
sa para esta nova fase”, considerou no início do seu mandato. Um dos principais desafios de Rui Vilar está a ser o desenho do novo modelo de governação e a escolha do nome a propor para CEO do próximo mandato. “A grande diferença será a separação dos cargos de presidente e CEO. O resto ainda é cedo. O trabalho de preparação começa agora”, explicou nessa altura, dizendo que a última palavra cabe aos acionistas. E, tal como explica nesta entrevista, “assegurar a continuidade do legado deixado pela liderança anterior e preparar a empresa para esta nova fase é um dos desígnios para os quais me convidaram a liderar a REN”.
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Pequeno almoço em Palhavã para apresentação do futuro embaixador de Portugal em Madrid
O embaixador de Espanha em Portugal, Eduardo Junco, reuniu no Palácio de Palhavã um grupo de gestores de importantes empresas espanholas com investimentos em Portugal, para conhecerem o próximo embaixador de Portugal em Madrid, Francisco Ribeiro de Menezes (na foto, à frente de Eduardo Junco),
que atualmente desempenha as funções de Chefe do Gabinete do primeiro ministro, Pedro Passos Coelho. Os intervenientes nesta reunião tiveram a oportunidade de partilhar com Eduardo Junco e Francisco Ribeiro de Menezes as experiências das respetivas empresas em Portugal.
Durante o pequeno almoço, o embaixador Eduardo Junco confirmou que as negociações para o mercado ibérico de gás (Mibgás) estão no bom caminho. Na sua intervenção, Francisco Ribeiro de Menezes salientou a boa relação entre os dois países ibéricos, que, defendeu, deverão avançar em estreita colaboração para os mercados de América Latina, Ásia e África. Afirmou, igualmente, que o bom relacionamento entre os governos dos dois países são um exemplo para o resto da Europa e também uma forma de dar mais força aos projetos ibéricos junto das instâncias europeias. Os Pequenos almoços de Palhavã, organizados por Eduardo Junco, são um veículo para os líderes de empresas espanholas manterem contacto não só entre si, mas também com o convidado de cada reunião, que normalmente são ministros e secretários de Estado.
Exportadores para a Rússia enfrentam um crescente risco de não pagamento O mercado russo tem sofrido uma desaceleração do seu crescimento económico, e é provável que a situação se deteriore ainda mais, como resultado das sanções que lhe foram impostas recentemente. De acordo com o último relatório global da Crédito y Caución, a seguradora de crédito observa já um impacto em todos os setores russos, percetível na diminuição da procura interna, uma taxa de câmbio mais fraca, subida da inflação e um acesso limitado ao financiamento e à saída internacional de capitais. “As empresas que exportam para a Rússia podem experimentar um aumento nos atrasos dos pagamentos, bem como nos não pagamentos. Nem todos os setores
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serão afetados de igual forma. As sanções impostas à Rússia nas importações de alimentos e produtos agrícolas afetarão especialmente o setor da alimentação, em particular os subsetores do peixe, da carne e dos laticínios, com um impacto negativo em toda a cadeia de valor. Os setores que dependem da procura dos consumidores, como os bens de consumo duradouro e o setor da eletrónica de consumo, sofrerão uma desaceleração”, adianta o mesmo estudo. “Por outro lado, prevê-se que a Europa e os Estados Unidos imponham sanções financeiras em forma de portagem às empresas russas que dependam do referido financiamento. As indústrias petrolífera e do gás continuam a alcançar bons
resultados, graças aos elevados preços dos produtos básicos. Contudo, as empresas de outros setores estratégicos, como a metalurgia, estão a ser afetadas, e podem não ser capazes de refinanciar as suas elevadas dívidas. Ainda que o Governo russo se encontre disposto a proporcionar apoio financeiro, as suas reservas, embora abundantes, são limitadas, acrescenta a análise da Crédito y Caución. Menor impacto deverão registar setores como o farmacêutico, enquanto os produtores locais de produtos agrícolas, podem mesmo beneficiar das restrições na importação de alimentos. Todavia, a situação agravar-se-á caso se instaure o controlo de preços.
Breves Novo Banco com nova identidade corporativa O Novo Banco apresentou uma nova imagem e identidade corporativas. Esta mudança, que será progressiva, irá começar pela substituição das fachadas dos mais de 600 balcões do banco por todo o país, alargando-se em paralelo a todos os outros suportes de comunicação da marca. “Num cenário de alteração significativa do contexto, foi necessário desenvolver uma nova marca, com novos valores e atributos, um novo posicionamento e uma nova identidade”, salientou a instituição liderada por Eduardo Stock da Cunha. O Novo Banco tem, entre os seus ativos, a experiência e competência dos seus mais de seis mil colaboradores, assim como uma rede de mais de 600 balcões e a reconhecida excelência na qualidade de serviço e inovação ao serviço dos seus mais de dois milhões de clientes, salienta ainda o banco. Mantendo a cor verde, foi criado um novo logótipo, elemento base de toda a identidade visual da marca, marcada por uma
diferença entre a solidez do lettering e a leveza do símbolo. “O símbolo parte da reinterpretação das asas da borboleta que simbolizou na primeira campanha transformação e capacidade de renovação. Representado como uma potência matemática, traduz o elevar do compromisso da equipa Novo Banco ao desafio de voltar a ocupar a posição de liderança que o mercado sempre lhe reconheceu”, adianta um comunicado da instituição financeira. Esta mudança, determinada pelo Banco de Portugal e pela Direção-geral da Concorrência da Comissão Europeia (DGCom) na sequência da medida de resolução, chegará a todas as geografias internacionais do Novo Banco, tendo começado em Espanha na semana passada.
Cosec e MAPFRE firmam acordo A Cosec e a MAPFRE estabeleceram um acordo de cooperação, que incluia a transferência de carteira do ramo de Crédito da MAPFRE - Seguros Gerais para a COSEC - Companhia de Seguro de Créditos e a participação da rede de distribuição da MAPFRE na comercialização dos produtos de Crédito da Cosec. A operacionalização desta transferência já teve a aprovação da entidade supervisora do setor, o Instituto de Seguros de Portugal (ISP), e já foi comunicada à Autoridade da Concorrência, aguardando-se a sua autorização. Para a Cosec, líder de mercado de seguro de créditos, esta operação vem contribuir para o alargamento da sua rede de distribuição, através da inclusão da rede MAPFRE, a qual conta com uma
forte implantação nas principais regiões do país. A transferência da carteira de seguros de crédito da MAPFRE para a Cosec não irá implicar qualquer alteração nos direitos ou encargos das empresas subscritoras. Para a MAPRE, esta operação resulta da estratégia de reforço da sua presença neste mercado e a concentração da atividade nos restantes ramos não vida e em todo o segmento de vida. A seguradora espanhola obteve um volume de negócios de 147,5 milhões de euros em 2013, com os lucros a ascenderem a 684 mil euros. Já no primeiro semestre de 2014, a MAPFRE Seguros cresceu 12% em termos globais (Vida e Não Vida) face ao período homólogo, num valor de produção global que ultrapassou os 80 milhões de euros.
Algarve com mais dormidas e receitas até junho As dormidas na hotelaria algarvia registaram um aumento global de 13,1% durante o primeiro semestre de 2014, atingindo os 6,5 milhões de dormidas, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que voltam a confirmar o Algarve como o principal destino de férias do país. De janeiro a junho deste ano, o Algarve ganhou 757 mil dormidas relativamente ao período homólogo, a maior parte das quais geradas por turistas estrangeiros. Os portugueses foram responsáveis por 1,3 milhões de dormidas, mas o maior contributo veio dos hóspedes não residentes em Portugal, com 5,2 milhões (+11,5%). Do lado dos turistas estrangeiros, os britânicos (+18%), os alemães (+15%), os espanhóis (+53%) e os holandeses (+3,3%) foram os que mais procuraram a região no período em análise. O primeiro semestre do ano trouxe também mais 250 mil hóspedes para aquele destino turístico, uma subida de 19,1% em comparação com 2013, bem como mais proveitos. Grupo CLH investiu mais de 50 milhões de euros entre 2009 e 2013 em projetos ambientais O grupo CLH realizou investimentos superiores a 50 milhões de euros entre 2009 e 2013 no desenvolvimento de projetos de proteção do meio ambiente e de segurança, reforçando assim a sustentabilidade das suas atividades. Entre as principais medidas implementadas por este grupo espanhol, estão a realização de um estudo que verificou a sustentabilidade e integração dos seus oleodutos que atravessam espaços protegidos em Madrid, Castela La Mancha e Andaluzia. Este projeto acabou por ser estendido a novos traçados, envolvendo outras comunidades autónomas, abrangendo toda a rede de oleodutos da companhia e podendo, se necessário, serem feitas alterações de melhoria, a nível ambiental. Por outro lado, o grupo levou a cabo, entre outros projetos de I&D, um ambicioso projeto de investigação para identificar novas técnicas de recuperação de solos, que estão a ser seguidas também para diversas das suas instações industriais. Vendas de ligeiros de passageiros cresceram 6% até agosto na UE As vendas de veículos ligeiros de passageiros na União Europeia (UE) cresceram 2,1% em agosto de 2014 e 6% nos primeiros oito meses do ano. Assim, nos primei-
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