Actualidad
Economia ibérica março 2018 ( mensal ) | N.º 249 | 2,5 € (cont.)
A gestão, segundo estas
íderes “O BPI está a crescer no crédito às empresas, nos fundos e nos depósitos dos clientes” pág. 14
pág. 38
“Convergir com a Europa, até 2030, implica atingir 3% da riqueza produzida em atividades de I&D” pág. 54
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Índice
índice
Fotomontagem: Sandra Guerreiro
Nº 249 - março de 2018
Actualidad
Pessoa 68.Fernando y la vanguardia
Economia ibérica
Diretora (interina) Belén Rodrigo Coordenação de Textos Clementina Fonseca
portuguesa en el Reina Sofía
Redação Belén Rodrigo, Clementina Fonseca e Susana Marques
Copy Desk Julia Nieto e Manuela Ramos Fotografia Sandra Marina Guerreiro Publicidade Rosa Pinto (rpinto@ccile.org) Assinaturas Manuela Ramos (manuela@ccile.org)
Grande Tema 38.
Projeto Gráfico e Direção de Arte Sandra Marina Guerreiro Paginação Sandra Marina Guerreiro Colaboraram neste número Cecilio Oviedo, Dulce Franco, Miguel Calado Moura, Nuno Ramos e Pedro Lancastre Contactos da Redação Av. Marquês de Tomar, 2 - 7º 1050-155 Lisboa Telefone: 213 509 310 • Fax: 213 526 333 E-mail: actualidade@ccile.org Website: www.portugalespanha.org Impressão What Colour is This? Rua do Coudel, 14, Loja A 2725-274 Mem-Martins Distribuição VASP – DISTRIBUIDORA DE PUBLICAÇÕES Sede: Media Logistics Park, Quinta do Grajal – Venda Seca 2739-511 Agualva-Cacém
Editorial 04.
06.
32.
As opiniões expressas nesta publicação pelos colaboradores, autores e anunciantes não refletem, necessariamente, as opiniões ou princípios do editor ou do diretor. Tiragem: 6.000 exemplares _________________________________________ Propriedade e Editor CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA LUSO-ESPANHOLA - “Instituição de Utilidade Pública” Av. Marquês de Tomar, 2 - 7º 1050-155 Lisboa Comissão Executiva Enrique Santos, António Vieira Monteiro, Luís Castro e Almeida, Ruth Breitenfeld, Eduardo Serra Jorge, José Gabriel Chimeno, Ángel Vaca e Berta Dias da Cunha
Câmara de Comércio e Indústria
Luso Espanhola
Mais um ano excecional para o imobiliário português - Pedro Lancastre
Nº de Registo na ERC: 117787
Periodicidade: Mensal
O Monopólio e o Jogo de Damas
Opinião
Nº de Depósito Legal: 33152/89
Estatuto Editorial: Disponível em www.portugalespanha.org
A gestão, segundo estas líderes
Notas breves sobre o Registo Central do Beneficiário Efetivo - Dulce Franco e Miguel Calado Moura
36.
Portugal y España en 2018 - Cecilio Oviedo
Atualidade 20.
Mazars Oortugal privilegia acompanhamento personalizado dos clientes
22.
Freshly Cosmetics revoluciona el sector de la cosmética natural
E mais...
08. Apontamentos de Economia 14.Grande Entrevista 24.Marketing 28.Fazer Bem 30.Ciência e Tecnologia 32. Advocacia e Fiscalidade 50.Vinhos & Gourmet 52. Setor Imobiliário 54.Eventos 58. Setor Automóvel 60.Calendário Fiscal 61.Bolsa de Trabalho 62.Barómetro Financeiro 64.Intercâmbio Comercial 66.Oportunidades de Negócio 68.Espaço de Lazer 74. Statements
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editorial editorial
O Monopólio e o Jogo de Damas
O
popular jogo de tabuleiro Monopólio resulta de uma versão criada em 1935 por Charles Darrow, baseada no jogo The Landlord’s Game, inventado por Elizabeth J. Magie Phillips, em 1904. O objetivo do jogo na altura era demonstrar a teoria do economista Henry George sobre a taxa simples e simultaneamente criticar a política económica da época, nos EUA. Talvez Elizabeth J. Magie Phillips não desconfiasse que a sua criação inspiraria um dos mais vendidos jogos sobre gestão, nem que um século depois a expressão “the landlord’s game ” pudesse também ser ainda atribuída ao mundo da economia e da gestão, uma vez que continua a ser maioritariamente protagonizado por homens. A sociedade reivindica cada vez mais uma maior presença feminina nas direções das empresas, das instituições, na política, etc. Evidencia-se a consciência necessária para promover a equidade
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no território profissional, mas os números acusam uma realidade desequilibrada. Sabe-se que em Portugal há mais mulheres licenciadas do que homens, mas, paradoxalmente, poucas chegam a cargos de liderança. A Actualidad€ entrevistou sete mulheres líderes. Quisemos conhecer melhor os seus percursos profissionais, perceber o que orienta as decisões que tomam, como veem o futuro e como mudariam a sociedade no sentido de a tornar mais justa, bem como de reforçar a presença feminina nos chamados cargos de topo, para que o exercício da gestão possa ser também, cada vez mais, um “Jogo de Damas”, e não apenas um “ landlord’s game ”. E, tal como sublinharam algumas das gestoras entrevistadas, a economia portuguesa continua a recuperar. Como confirmou o Instituto Nacional de Estatística (INE), o produto interno bruto
(PIB) português cresceu 2,7% em 2017, protagonizando o maior crescimento desde o ano 2000. O “salto” ultrapassou as mais recentes previsões do Governo, que projetavam um crescimento de 2,6%. De destacar, também, nesta edição, a entrevista a Pablo Forero, presidente da comissão executiva do BPI, que explica a dinâmica que esteve na base da evolução positiva alcançada no último ano pelo banco, salientando o crescimento verificado em áreas como o depósito dos clientes, os fundos de investimento, entre outras. Pablo Forero frisa ainda que o banco “está a crescer nas áreas de crédito às empresas– acima da média do mercado– e no crédito ao consumo, nos fundos de investimento e nos depósitos dos clientes”. E-mail: smarques@ccile.org
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opinião opinión
Mais um ano excecional
Por Pedro Lancastre*
para o imobiliário português
É
elevada procura de espaços a impulsionar as rendas, que cresceram em praticamente todos os destinos e formatos. No mercado residencial, o dinamismo começa a ser transversal a todas as regiões e segmentos, embora a habitação premium se mantenha como um dos O ano de 2017 em retrospetiva mercados mais ativos, com valorizações médias dos O setor imobiliário português voltou a ter um ano preços de 10% a 20% nas principais zonas de Lisboa. fantástico. O investimento imobiliário cresceu 50% Diversificou-se também a origem dos que procuram para um volume próximo de habitação no nosso país: só 1.900 milhões de euros, 91% entre as vendas realizadas pela dos quais através de capitais JLL, registámos 50 nacionali“No investimento de origem internacional. O redades a adquirirem casas em [imobiliário] não é ser talho e os escritórios captaram, Lisboa ao longo de 2017. uma vez mais, o grosso do caNa hotelaria, o ano foi igualdemasiado otimista pital, mas o industrial/ logístimente muito dinâmico, com a projetar um volume co mais do que quadruplicou abertura de 11 novas unidades o seu peso. Um ano de elevasó em Lisboa e com um volude investimento de, da concorrência pela compra me de investimento em ativos no mínimo, dois mil de ativos e pelo crescimento hoteleiros (em Portugal) a sudo financiamento nacional e perar os 103 milhões de euros. milhões de euros – internacional. Foi igualmente O investimento em novos hocom possibilidade de um ano de yields a reverem téis mantém-se muito ativo, em baixa, o que fez transitar com previsão de abertura em chegar mesmo aos 2.500 muitos negócios iniciados em 2018 de 18 novas unidades em milhões!“ 2017 para 2018. Lisboa (1.700 quartos) e 19 no Porto (1.300 quartos). Nos mercados ocupacionais, Todos estes motivos fizeram o ano foi igualmente de forte crescimento nas transações e de aumento evidente de 2017 um ano excelente, impulsionado também de preços e rendas. Nos escritórios, a absorção anual pelo crescimento económico e pela revisão em alta passou os 165 mil metros quadrados, atingindo ao do rating da dívida portuguesa. ponto mais elevado dos últimos nove anos. E as rendas, que nos últimos anos se tinham mantido inal- 2018 em perspetiva teradas, cresceram (mesmo que modestamente) em Este será, no mínimo, um ano de continuidade. No torno dos 5%, com o valor prime a ficar agora nos investimento, tendo em conta os negócios em pipe20 euros/metros quadrados/ mês. line e as oportunidades do mercado, não é ser dema2017 foi um bom ano também para o retalho, mar- siado otimista projetar um volume de investimento cado pela abertura de 84 novas lojas de rua em Lis- de, no mínimo, dois mil milhões de euros – com boa e dois novos centros comerciais no país: Évo- possibilidade de chegar mesmo aos 2.500 milhões! E ra Shopping e Mar Shopping Algarve. Um ano de antecipa-se já um primeiro semestre muito dinâmico
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verdade, 2017 foi um ano excecional para o imobiliário português. Mas a constatação não é nova: já 2016 o tinha sido e espera-se que 2018 volte a subscrever a nossa convicção. Vamos então por partes.
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nas transações, pois muitos negócios iniciados em 2017 transitaram para este ano. E não serão apenas os setores tradicionais a atrair investimento, já que os segmentos alternativos, em especial o student housing , têm uma popularidade crescente entre os investidores estrangeiros e apresentam um potencial de crescimento em Portugal muito promissor. Também os setores ocupacionais, que sustentam a boa dinâmica do investimento, devem continuar a viver momentos positivos em 2018, atendendo à crescente procura quer por espaços de trabalho e comércio, quer por habitação. Também a promoção imobiliária começa a regressar ao mercado, com níveis de atividade que, sendo ainda insuficientes para a procura, já apresentam aumento face aos anos anteriores. O interesse internacional por Portugal, enquanto destino para investir, morar, trabalhar ou visitar, irá manter-se muito forte, ao mesmo tempo que os portugueses também estão mais ativos. É uma tendência que afetará positivamente a procura por todos os tipos de imóveis e que terá uma abrangência geográfica cada vez maior, alargando a mercados secundários além de Lisboa, Porto, Algarve. As projeções económicas positivas favorecem o investimento, a confiança e o financiamento, os quais ajudarão ao robustecimento do mercado quer de investimento quer de ocupação. Por isso, espera-se um 2018 de grande atividade! Excecional, mas não exceção Feitos o balanço de 2017 e a antevisão de 2018, voltamos ao mote inicial: anos excecionais para o imobiliário. O panorama é muito positivo, de facto. Mas mais importante, reflete um padrão de crescimento progressivamente sustentado e sustentável. Por um lado, é um crescimento transversal com um percurso não apenas de recuperação, mas sim de expansão: o investimento e os mercados ocupacionais atingiram patamares que, na maior parte dos indicadores superam máximos históricos. Por outro lado, percebemos que não é algo momentâneo e conjuntural, pois as fontes de procura são hoje muito mais diversificadas e
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o posicionamento de Portugal na captação de capital internacional é uma realidade instalada. Mas manter e prolongar este bom momento vai ter que passar também por dar uma resposta eficaz aos desafios que se colocam ao mercado. Desde logo, impulsionar a promoção de nova habitação e escritórios, já que o stock disponível de qualidade e ajustado às várias franjas da procura começa a escassear, limitando o crescimento do mercado. No caso dos escritórios, esta falta de espaços é uma ameaça real à competitividade do país, pois se as empresas internacionais não encontrarem no nosso mercado escritórios modernos e com condições que respondam plenamente aos seus requisitos e aos seus elevados standards de qualidade, muito rapidamente poderão procurar alternativas noutros destinos para se instalarem. E com isto perde o mercado imobiliário, mas também a economia, com o emprego que se deixa de criar, o investimento que não se capta e o consumo que não se gera. Por outro lado, manter a estabilidade do país a nível político e macroeconómico é um desafio sempre presente. É preciso que não se registem grandes reviravoltas na política fiscal e que Portugal continue o seu percurso de credibilização nos mercados internacionais. Se a esta receita juntarmos um contexto económico favorável – o Banco de Portugal estima crescimento do PIB até 2020 –, estão reunidos os ingredientes para que os anos excecionais não sejam exceção, mas sim regra. Não só em anos recentes, como em muitos que aí virão! *Diretor-geral da JLL Portugal E-mail: pedro.lancastre@eu.jll.com
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apontamentos de economia apuntes de economÍa
Foto Sandra Marina Guerreiro / Arquivo
Lucros do Santander Totta crescem 10,3% em 2017
O resultado líquido do banco Santander Totta ascendeu aos 436,3 milhões de euros, em 2017, o que representa um crescimento homólogo de 10,3%. António Vieira Monteiro (na foto), presidente executivo do banco, assinala que “esta melhoria decorre do crescimento orgânico do negócio e da redução em 7,6% dos custos, e das imparidades”. O banco informa em comunicado que “a margem financeira alcançou 696,9 milhões de euros, decrescendo 4,8% face ao período homólogo em consequência, principalmente, de reajusta-
mentos na carteira de dívida pública” e que “as comissões líquidas ascenderam a 331,1 milhões de euros, aumentando 8,3% em relação a dezembro de 2016”. Também os recursos de clientes subiram 15,2%, ascendendo a 36.698 milhões de euros. Os fundos de investimento comercializados e os seguros aumentaram 25,4% no ano. Os depósitos aumentaram 13,7%, beneficiando da incorporação da carteira do ex-Banco Popular Portugal no valor de cerca de 4 mil milhões de euros.
Por outro lado, “a carteira de crédito totalizou 41.387 milhões de euros, equivalente a uma variação homóloga de 25,0%, com incremento de 12,7% no crédito a particulares e de 45,3% no crédito a empresas”. De assinalar ainda que “a incorporação da carteira de crédito do ex-Banco Popular influenciou o rebalanceamento da estrutura de crédito, com o aumento do peso relativo do segmento de empresas”. António Vieira Monteiro conclui que “a qualidade destes resultados”, resulta “da atividade comercial recorrente e da maior transacionalidade, do aumento das quotas de mercado no crédito a empresas e à habitação, e da fidelização dos clientes, registando já o banco 360 mil clientes com o inovador Mundo 1|2|3”. O líder do Santander Totta lembrou ainda que o banco mantém “os melhores ratings da banca portuguesa, o que traduz uma posição ímpar para o contínuo apoio do banco à economia portuguesa”. O gestor acrescenta que este ano continuarão “a trabalhar para apoiar o desenvolvimento dos negócios e das famílias, avançar na transformação digital do banco, e para continuar a merecer a confiança de todos os clientes”.
Aprovado o novo parque eólico da EDP Renováveis A Secretaria de Estado da Energia autorizou a licença de produção do parque eólico de Penacova, promovido por uma empresa da EDP Renováveis. Este projeto integrava a Fase B do concurso de atribuição de licenças eólicas realizado em 2008, fase ganha pelo consórcio Ventinveste, que integrava a Galp e a Martifer, e que entretanto vendeu parte dos projetos à EDP. O parque de Penacova estava desde então parado, a aguardar licenciamento.
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“Com uma potência instalada total de 49,27 MVA, o projeto situa-se no concelho de Penacova, distrito de Coimbra, e representa um investimento potencial de cerca de 60 milhões de euros”, informou em comunicado a Secretaria de Estado da Energia. Segundo a mesma fonte, o atual Governo já aprovou a emissão de licenças para quatro parques eólicos, com um total de 123 megawatts (MW), que haviam sido postos em concurso em 2008 e 2009. Tratam-se todos de projetos a desen-
volver pela EDP Renováveis. Além do projeto de Penacova, foram aprovados outros dois parques no concelho da Batalha e um em Tarouca. E os quatro beneficiarão de tarifas garantidas de venda de energia à rede, conforme previsto nos concursos lançados então em 2008/ 2009. No domínio das renováveis, o atual Executivo também já aprovou a emissão de licenças de produção para 21 centrais fotovoltaicas, equivalentes a 756 MW de potência e um investimento estimado em 550 milhões de euros.
Breves Lucros do Millennium bcp disparam em 2017
Foto Sandra Marina Guerreiro / Arquivo
O aumento do resultado core em base comparável foi suportado pela evolução positiva quer da atividade em Portugal (mais 16,3%), quer da atividade internacional (mais 26,1%), originando uma melhoria da eficiência operacional, evidenciada pela descida do rácio cost to core income, excluindo itens específicos, de 51,5%, em 2016, para 47,1%, em 2017. Em 2017, o resultado líquido alcançou os 186,4 milhões de euros, representando um crescimento significativo face aos 23,9 milhões registados no ano anterior, alicerçado no desempenho da atividade em Portugal, dado que o contributo da atividade internacional foi afetado pelo impacto decorrente da aplicação da IAS 29 ao Banco Millennium Atlântico, no âmbito do tratamento de Angola como uma economia com elevada inflação pelas empresas de auditoria internacionais, justifica o grupo liderado por Nuno Amado (na foto de arquivo).
O resultado core do Millennium bcp ascendeu a 1.103,8 milhões de euros em 2017, comparando favoravelmente com os 1.094 milhões apurados no ano anterior, devido ao crescimento da margem financeira e das comissões líquidas, não obstante o maior nível de custos operacionais. Excluindo itens específicos, o resultado core aumentou 20,0% face a 2016.
Galp e AutoEuropa são as maiores companhias exportadoras em Portugal A lista das maiores empresas exportadoras em 2017, elaborada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), é encabeçada pela Petróleos de Portugal – Petrogal. Não é a primeira vez que esta empresa do grupo Galp, responsável pela refinação de petróleo e pela distribuição de combustíveis, está no lugar cimeiro, pois já em 2016 tinha ocupado esse lugar, tal como em anos anteriores. No segundo lugar do ranking elaborado pelo INE, surge o construtor de origem alemã Volkswagen AutoEuropa, o qual subiu uma posição face ao ano
anterior. De resto, a lista tem uma presença vincada de grupos do setor automóvel, nomeadamente fábricas que fornecem componentes para as principais marcas. Este é o caso da Bosh Car Multimedia, Continental Mabor, Delphi, Faurécia e Visteon. Outras empresa no top 10 são a Repsol Polímeros, a Navigator Company e a Siderurgia Nacional. A Petrogal lidera ainda a lista dos maiores importadores, em 2017, seguindo-se a Volkswagen AutoEuropa e a Galp-Gás Natural.
Joalharia portuguesa com maior representação de sempre em Munique Estiveram presentes 15 marcas nacionais, em exposição, na maior feira de joalharia da Alemanha, a “Inhorgenta Munique”, nos passados dias 16 a 19 de fevereiro. Desta participação, destaque para a forte presença de marcas de autor, assinadas por jovens talentos da joalharia portuguesa e ainda para as demonstrações ao vivo de peças de filigrana nacional, em parceria com a Rota da Filigrana de Gondomar. Sendo um importante palco de inovação e tendências, a feira alemã é a aposta de marcas vocacionadas para o design e joalharia de autor. No espaço “Portuguese Jewellery – Shaped with Love”, promovido pela AORP– Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal, marcaram presença jovens talentos da joalharia contemporânea portuguesa, como Ana Bragança, Ana João, Bárbara Goyri, Diogo Dalloz, Inês Rio, entre outros. Segundo Fátima Santos, secretária-geral da AORP, “sendo um mercado com tradição em joalharia e onde estão baseadas algumas das maiores e mais importantes marcas da Europa, é muito aberto à entrada de novas marcas. No último ano, as importações de jóias registaram um aumento de 13% e a tendência é que venha a aumentar”. IKI Mobile inaugura em Coruche primeira fábrica de telemóveis da Península Ibérica A IKI Mobile, empresa portuguesa de telemóveis, pioneira por ter criado o primeiro smartphone do mundo com componentes em cortiça, inaugurou no mês passado a primeira fábrica de telemóveis na Península Ibérica em Coruche, na Zona Industrial do Monte da Barca. Este investimento ronda os 1,6 milhões de euros de capitais próprios e criará, numa primeira fase, 36 postos de trabalho, número que irá aumentar numa segunda fase com previsão de criação de uma centena de postos de trabalho diretos e 300 indiretos. “Queremos ser os primeiros a produzir telemóveis a nível nacional e alavancar esta nova indústria. O país, devido ao seu notório desenvolvimento económico pós-crise, deu-nos condições de produção no nosso território, o que nos dá bastantes vantagens que vão desde a localização à confiança do consumidor num produto europeu. Ambicionamos ser a marca europeia de telemóveis”, sublinhou o administrador da IKI Mobile, Tito Cardoso. A fábrica, que tem uma área de produção de 1.400 metros quadrados, que irá ser posteriormente ampliada com
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Breves mais 700 metros quadrados, terá uma capacidade de produção de aproximadamente 100 mil telemóveis por mês e dará à IKI Mobile a autonomia necessária para crescer sem depender de outrem e, desta forma, descentralizar a produção nos países asiáticos. A unidade fabril terá também a possibilidade de produzir telemóveis ODM-OEM (telemóveis de marca branca fabricados para operadores), assim como terá capacidade para produzir 12 mil moldes de plástico por dia, através da sua linha de injeção do mesmo. Em 2017, a IKI Mobile vendeu cerca de 400 mil telemóveis. Porto de Setúbal lança concurso público para modernizar sistema de controlo de tráfego O Porto de Setúbal vai modernizar o VTS do Centro de Controlo de Tráfego Marítimo, um dos objetivos inscritos na “Estratégia para o aumento da competitividade portuária”, tendo já lançado o concurso público internacional, em conjunto com o Porto de Lisboa. O investimento, que para o Porto de Setúbal tem um valor total de 650 mil euros, consiste na atualização da infraestrutura informática a nível de hardware e software dedicados do Centro de Controlo Marítimo. O Centro de Controlo do Tráfego Marítimo do Porto de Setúbal entrou em funcionamento permanente em 2001, com o objetivo de assegurar, com elevados níveis de qualidade e fiabilidade, os serviços de informação, de gestão do tráfego marítimo e de assistência à navegação na barra e no Porto de Setúbal. Certif aumenta peso da atividade no exterior para 35% A Certif continuou a alargar, em 2017, a sua oferta ao nível da certificação de produtos, abrangendo novas normas e gamas de produtos, o que contribuiu para o aumento do número de clientes e permitiu reforçar a liderança do mercado interno, com uma quota superior a 90%, afirma a associação empresarial. Ao longo de 2017, foram emitidos cerca de 200 novos certificados, destinando-se muitos a processos de exportação. No âmbito da exportação, é de destacar o facto de muitos dos processos desenvolvidos pela Certif terem como objetivo apenas a obtenção de marcas de conformidade de organismos estrangeiros, certificações essas indispensáveis para o acesso aos mercados a que se destinam. Também na Marcação CE, a Certif, enquanto Organismo Notificado para o Regulamento dos Produtos de Construção, tem vindo a alargar a sua atividade em resposta às solicitações de clientes, reforçando assim, também nesta área, a sua liderança de mercado, frisa a mesma fonte.
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Iberdrola premeia manutenção da capacidade eólica na Península Ibérica em 110 milhões de euros A Iberdrola, através da sua subsidiária Iberdrola Renovables Energía, concluiu o processo de licitação para a manutenção de grande parte de sua frota de turbinas eólicas, correspondentes a 4.425 megawatts (MW) operados na Península Ibérica. Os acordos-quadro têm um valor combinado de 110 milhões de euros e uma duração entre dois a três anos, dependendo do tipo de serviços que foram alocados. As negociações para este processo de licitação ocorreram nos últimos seis meses e os principais vencedores são a Vestas e a Gamesa que realizarão manutenção preventiva, preditiva e corretiva para 2.190MW e 1.265 MW, respetivamente, em parques eólicos em Espanha e Portugal. Além disso, a Iberdrola contratará ser-
viços às empresas bascas Ingeteam (233,3MW) e Tamoin (421MW), à empresa galega IM Future (218MW) e à empresa portuguesa Efacec (96,9MW). A Iberdrola abriu licitação a dois tipos de serviços: manutenção básica, por um período de dois anos, e o serviço de risco por três anos, que inclui manutenção preventiva e pequena manutenção corretiva, além de consumíveis, peças sobressalentes e manutenção preditiva do uso de óleo. A seleção das propostas foi feita pela Iberdrola de acordo com critérios rigorosos baseados em segurança, especialização técnica e competitividade comercial. A Iberdrola é a principal empresa de energia eólica em Espanha, com capacidade instalada de 5.507MW no final do ano, possuindo 92MW em Portugal.
Coviran já cobre todo o território português A Coviran finalizou o ano de 2017 com quatro novos supermercados em Portugal, tendo já associados nos 18 distritos do país e nas duas regiões autónomas insulares dos Açores e Madeira. Estes quatro novos supermercados Coviran em Portugal abriram as suas portas nos distritos de Leiria (em Peniche, na foto), na Ilha de São Miguel dos Açores e dois em Setúbal. Com estas quatro novas aberturas, a Coviran soma mais 1.145 metros quadrados de área de vendas e a criação de 28 postos de trabalho. Em poucos anos, a Coviran ocupa a terceira posição no ranking da distribuição, por número de estabelecimentos (de acordo com a Nielsen), que representam uma quota de 2,15% do setor. A Coviran encerrou o exercício com mais
de 330 supermercados em todo o território nacional. O peso da Coviran no mercado português tem vindo a aumentar também na criação de novos empregos. Atualmente, o grupo criou 14.926 postos de trabalho, dos quais, mais de 1.600 foram criados em Portugal. Na sua aposta pela oferta lusa, trabalha com 186 fornecedores portugueses. A Coviran oferece aos seus sócios um sortido completo, com cerca de 7.500 referências em Portugal.
Gestores
Setor do calçado avança com novos apoios de 12 milhões de euros
A associação portuguesa do calçado já tem cinco projetos em curso, num investimento de 12 milhões de euros, no âmbito do projeto “FOOTure 4.0”, que pretende tornar esta indústria líder mundial a nível tecnológico, no espaço de uma década. “Queremos ser a referência internacional desta indústria, pela sofisticação e pela criatividade, reforçando as exportações portuguesas alicerçadas numa base produtiva nacional, sustentável e altamente competitiva”, afirmou Luís Onofre, presidente da APICCAPS. Neste sentido, no ano passado, esta organização concebeu o projeto de inovação “FOOTure 4.0”, um “roteiro do
cluster do calçado para a economia
digital”, que a APICCAPS irá apresentar em breve e que incluirá vertentes ligadas à otimização de processos produtivos, liderança tecnológica, até uma forte aposta no comércio eletrónico. “No total, o setor do calçado prevê investir até 2020 cerca de 50 milhões de euros”, no âmbito do “FOOTure 4.0”, segundo avançou Luís Onofre, ao “Jornal de Negócios”. Os primeiros projetos, orçamentados em 12 milhões de euros, e que contam com a coordenação do Centro Tecnológico (CTCP) já estão a decorrer, sendo metade destinado ao projeto “Famest”, promovido por um consórcio de 23 empresas de toda a cadeia de valor do setor (couros, palmilhas, solas, produtos químicos, software, logística, etc.).
Heptasense ganha Prémio Empreendedor XXI para região sul
A empresa Heptasense foi a vencedora do Prémio Empreendedor XXI na região sul e ilhas de Portugal. Esta iniciativa, impulsionada pelo BPI e CaixaBank, através da gestora de capital de risco Caixa Capital Risc, pretende identificar, reconhecer e acompanhar as empresas inovadoras com maior potencial de crescimento. Como vencedora, a empresa portuguesa recebeu uma verba de cinco mil euros e um estágio para participar num programa internacional de crescimento empresarial, Ignite Fast Track, da Universidade de Cambridge (Reino Unido). A Heptasense dispõe de uma plataforma na
cloud e de um software avançado de reconhecimento tridimensional de gestos, que permite às empresas tirar partido das câmaras de segurança para melhorar a segurança nos espaços, e conhecer melhor o comportamento dos consumidores para aumentar as vendas. As empresas podem usar a tecnologia para reconhecer gestos de mãos, localizar pessoas, criar mapas de movimento de calor, mapas de interação e reconhecer o comportamento humano. A informação é organizada na plataforma para a empresa poder analisar os dados e tomar decisões estratégicas. A missão da Heptasense é tornar os sistemas de segurança de hoje em dia mais autónomos e inteligentes. Os prémios, que vão na 11ª edição em Espanha, realizam-se pela primeira vez em Portugal. Além da distinção para a Heptasense, os Prémios Emprendedor XXI atribuirão outro prémio à empresa com maior impacto nas regiões Norte e Centro de Portugal, no próximo dia 7 de março.
em Foco
Raquel Queiroz (na foto) é a nova diretora de Operações do InterContinental Porto. Com três anos de experiência no IHG – InterContinental Hotels Group, Raquel Queiroz assume agora a Direção de Operações do InterContinental Porto – Palácio das Cardosas. Licenciada em Turismo, pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, concluiu no âmbito do curso um ano de estágio em Londres. Completou ainda uma Graduação em Direção Hoteleira pela Escola de Hotelaria do Porto. Raquel Queiroz conta com 16 anos de experiência no setor, com início da carreira na cadeia Méridien. Em 2008, acompanhou o arranque da cadeia Tiara Hotels & Resorts e, em 2014, já com o IHG – InterContinental Hotels Group, esteve envolvida na conversão do Crowne Plaza Porto. Beatriz Caeiro (na foto) é a nova diretora-geral da Omega Pharma Portuguesa, empresa multinacional farmacêutica que pertence ao grupo Perrigo Company. Formada em Ciências Farmacêuticas (ramo indústria) pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, Beatriz Caeiro assume o novo cargo na Omega após desempenhar funções como diretora de Marketing na mesma empresa. Com uma carreira com mais de 20 anos ligada ao marketing Farmacêutico, trabalhou ainda em empresas como a Jaba Recordati e a GlaxoSmithKline. A CEGOC nomeou Filipe Luz (na foto) como strategic account & project coordinator. Especialista na área de learning & development, e com elevada experiência em colaborar com as direções de RH no sentido de apoiar a implementação de diferentes desafios nesta área, Filipe Luz tem mais de 15 anos de experiência no setor da consultoria em RH, desenvolveu a sua carreira profissional nas áreas de recrutamento e seleção, consultoria, vendas e customer management, entre outras, tendo apoiado inúmeras empresas na definição e implementação de modelos de relacionamento com o cliente. Antes de integrar a CEGOC, desempenhava funções de business unit manager na SDO Consultoria, onde geria contas de alguns dos maiores grupos empresariais em Portugal.
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Breves Galp firma un contrato de 48 millones con Adif La petrolera lusa Galp ha informado de la firma de un contrato de 48 millones de euros con Adif, la empresa española que administra las infraestructuras ferroviarias, para abastecer durante dos años los trenes de las regiones de Murcia, Valencia, Aragón y Cataluña. Según un comunicado divulgado por la petrolera, Galp abastecerá más de 38 millones de litros de gasóleo a Adif en esas cuatro comunidades autónomas durante los próximos dos años. Además del combustible para los trenes, también abastecerá puntos fijos de aprovisionamiento de carburante, “lo que permitirá a la empresa aumentar sus volúmenes vendidos”, señala el comunicado. Galp, uno de los gigantes del sector de la energía en Portugal, es proveedor de combustible de Adif desde 2009, desde el cual ha ido ganando sucesivos contratos para abastecer a la compañía española. Eroski invirtió 13 millones de euros para abrir 55 franquicias en 2017 Eroski abrió en el pasado año 55 franquicias, de las que 2 fueron hipermercados y el resto fueron supermercados, con una inversión de 12,95 millones de euros generando 507 puestos de trabajo, según ha informado la cooperativa de distribución. Además las ventas a través de la red de establecimientos franquiciados se incrementaron en un 7%. En total, Eroski ha abierto en los últimos cuatro años 267 establecimientos en régimen de franquicia. Por comunidades, la mayor apertura de franquicias de Eroski en 2017 se produjo en Cataluña, con 18 nuevos establecimientos, seguida del País Vasco (7) y Baleares (5). El año pasado incorporó un nuevo formato de franquicia, que ha denominado “Rapid”, un autoservicio de conveniencia con un horario de apertura de 15 horas los 365 días del año. Este modelo se ha puesto en marcha en Cataluña y Baleares y en 2018 se extenderá a Madrid y zonas turísticas como Andalucía y la costa de Levante. Norwegian Air abrirá rutas low-cost entre España y Argentina en 2019 La compañía Norwegian Air, que pondrá en marcha vuelos hacia Los Ángeles y Nueva York desde Madrid este julio, se prepara para realizar una gran expansión el año que viene. Según Thomas Ramdhal, director comercial de la aerolínea, estos nuevos trayectos podrían despegar
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El Corte Inglés crece un 26% fuera de España en los últimos cinco años
El grupo de distribución El Corte Inglés cerró su último ejercicio, cerrado en febrero de 2017, con una facturación fuera de España de 759 millones de euros, un 5,26% más de la registrada un año antes. Esta cifra multiplicó por tres el 1,7% que aumentaron sus ingresos en el mercado nacional, que pese a ello sigue concentrando el 95% del total de su negocio, al representar 14.745 de los 15.504 millones de euros que el grupo factura a través de
todas sus filiales. No obstante, el peso de la cifra de negocio de El Corte Inglés fuera de España va creciendo año tras año. Si se cuenta el último lustro, el tiempo que el grupo de grandes almacenes lleva diferenciando en sus cuentas los ingresos nacionales de los internacionales, la cifra exterior ha pasado de 602 a 729 millones de euros, lo que supone un incremento del 26%. En el mismo periodo, su facturación en España avanzó un 4,6% y la total un 6,5%. Dicho de otra forma, el negocio exterior ha ganado peso en los últimos cinco años en el crecimiento total de la cadena de grandes almacenes y ha aumentado seis veces más en porcentaje que los ingresos nacionales.
Santander prevé sumar millón y medio de ‘Cuentas 1,2,3’ este año El Banco Santander mantiene intacta su confianza en la estrategia de vinculación de la cuenta 1,2,3 como vía para elevar su rentabilidad en sus grandes mercados, entre ellos España. La entidad, que actualmente tiene 2,5 millones de clientes 1,2,3 en territorio español, prevé sumar otro millón y medio este año, hasta alcanzar los cuatro millones de cuentas en 2018. Este escenario contrasta con la evolución de mercados como Reino Unido, donde Santander ha revisado a la baja los objetivos de captación de clientes fijados en su Plan Estratégico 20152018. La filial británica cerró 2017 con 3,9 millones de particulares fidelizados y ha hecho público que no
alcanzará los 4,7 millones previstos para 2018. El banco lanzó la cuenta en España a mediados de 2015. Ese ejercicio ya captó casi un millón de clientes 1,2,3 y en 2016 sumó otro millón. En 2017, sin embargo, la captación ha bajado a 500 mil cuentas, hasta situar el saldo total en 2,5 millones.
Breves Cepsa invertirá mil millones de euros en los próximos cinco años
El grupo Cepsa tiene previsto invertir alrededor de 1.000 millones de euros en los próximos cinco años en distintos proyectos en la comunidad autónoma andaluza dentro de su estrategia Cepsa 2030. Así lo ha destacado el consejero delegado de la compañía, Pedro Miró, quien ha indicado que con esta inversión pretenden confirmar que son “una empresa eminentemente andaluza”. Miró ha explicado que Cepsa 2030 es un “proyecto
ambicioso” con el que el grupo quiere “expandir todas sus actividades en petróleo, en gas y en electricidad, sea convencional o no”. Dentro de esta macroestraegia empresarial, la compañía ha anunciado recientemente la construcción de su primer parque eólico con una inversión de 35 millones de euros que estará ubicado en Jerez de la Frontera, en la provincia de Cádiz, donde Cepsa desarrolla su actividad desde hace más de 50 años.
indistintamente desde la capital o Barcelona. Uno de los nuevos destinos será Argentina. La recién nacida Norwegian Air Argentina tiene ya otorgadas cinco rutas para volar hacia España, que se inaugurarán el año que viene. Tres desde Buenos Aires (Barcelona, Madrid y Málaga) y dos desde Córdoba (Barcelona y Madrid). Tras disparar su cifra de pasajeros más de un 20% durante 2017, la intención de la firma pasa por registrar una mejora cercana al 3% este año. Para ello, Norwegian reforzará su capacidad en Barcelona, donde incrementará su capacidad un 70% en los vuelos con destino a Estados Unidos. EVA, el nuevo AVE de Renfe, tendrá un precio medio de 60 euros Renfe ha anunciado el lanzamiento de un nuevo servicio, que se estrenará en 2019 bajo el nombre comercial de Eva. Por el momento, arranca en el corredor BarcelonaMadrid, el de mayor volumen y potencial de toda la red AVE, y se anuncia con una rebaja media sobre el precio de los actuales billetes de entre el 20 y el 25%. Según ha explicado el ministro de Fomento, Íñigo de la Serna, el primer trayecto de EVA será Madrid-Barcelona y tendrá El Prat de Llobregat como centro de operaciones. La estimación inicial es empezar con cinco frecuencias por sentido y transportar 1.050.000 pasajeros anuales, de los 400 mil procederán del coche y 250 mil serán nuevos pasajeros. Nutribén, primera firma española que venderá alimentos infantiles en China La marca española Nutribén, del grupo farmacéutico Alter, ha anunciado su desembarco en el mercado chino, lo que la convierte en la primera compañía española de alimentación infantil en vender sus productos en el país asiático. Nutribén será la primera en registrar sus fórmulas y lega-
Campofrío rompe la barrera de los dos mil millones de euros Campofrío, compañía controlada al 100% por la mexicana Sigma Alimentos, alcanzó unas ventas netas de 2.002 millones durante el ejercicio 2017, un 3,1% más que un año antes, según su Bond Report 2017, publicado por la compañía. Se trata de la primera vez que Campofrío supera la barrera de los 2.000 millones de euros desde el ejercicio 2011. Aunque sus gastos operativos crecieron un punto más que los ingresos operativos, debido al aumento de las deprecia-
ciones y amortizaciones, así como de los bienes consumidos para elaborar sus productos, un apunte extraordinario de 26,92 millones de euros, fundamentalmente por los efectos contables no recurrentes asociados a la adquisición de Caroli en Rumanía, incrementó un 18% el beneficio operativo, hasta 110 millones. El EBITDA reportado de la firma creció un 16%, hasta 174 millones, mientras que la ratio ebitda/ ventas ascendió al 8,7% frente al 7,7% de un año antes.
lizar sus productos en China, que se comercializarán con el nombre de “Innopro” y se posicionarán en el mercado de gama alta.La firma consiguió en 2014 la autorización de la Administración de Alimentos y Medicamentos de China para vender sus productos en el país asiático, y cuatro años después “se presenta el periodo decisivo para la consecución de los nuevos objetivos de la empresa a nivel internacional”, apuntó en un comunicado.
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Pablo Forero Presidente da comissão executiva e vice-presidente do conselho de administração do Banco BPI
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“O BPI está a
crescer no crédito às empresas, nos fundos e nos depósitos dos clientes” A melhorar a sua rentabilidade, níveis de capital e outros indicadores, o BPI teve uma performance assinalável em 2017, graças sobretudo à melhoria da sua atividade em Portugal, como sublinha o presidente da comissão executiva do banco. Pablo Forero destaca ainda que o banco que dirige há cerca de um ano vai continuar a financiar as empresas e o resto do mercado, em condições competitivas.
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Textos Clementina Fonseca cfonseca@ccile.org Fotos DR
uais as linhas atuais de crescimento do BPI em Portugal?
O ano de 2017 correu muito bem ao BPI, particularmente em Portugal. Registámos na atividade doméstica os melhores resultados dos últimos 10 anos e acabámos o ano com um número recorde de clientes e com níveis de capital muito robustos, muito acima do que é exigido pelo Banco Central Europeu. As nossas equipas comerciais trabalharam muito bem na captação de poupanças de médio e longo prazo dos portugueses. O BPI está a crescer nas áreas de crédito às empresas – acima da média do mercado– e
crédito ao consumo, nos fundos de investimento e nos depósitos dos
“Temos uma oferta muito competitiva [no crédito à habitação] e vamos melhorá-la, mas não entramos em guerra de taxas, e não nos parece que isso seja positivo para o mercado, a longo prazo”
clientes, que reforçaram a sua confiança no banco. Temos vontade e capacidade de ajudar a economia, e estamos totalmente focados em oferecer os melhores produtos financeiros e em melhorar os nossos serviços. Os resultados obtidos com a atividade em Portugal, em 2017, foram, como disse, os melhores numa década. Foi um ano excecional ou querem continuar a crescer de forma significativa?
Estamos a trabalhar para estabelecer uma “velocidade de cruzeiro”, de crescimento a longo prazo. Temos rácios de capital muito confortáveis, que nos permitem dar mais crédito às empresas portuguesas e também aos março de 2018
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Lucros da atividade doméstica crescem 21%
O BPI registou, em 2017, um lucro líquido recorde de 191 milhões na atividade em Portugal (excluindo não recorrentes), o que representa uma melhoria anual de 21%. Este foi, assim, o “maior lucro líquido doméstico desde 2007”, salientou o banco, no comunicado de apresentação dos seus resultados consolidados de 2017. “O resultado líquido consolidado ‘como reportado’ foi positivo em 10,2 milhões de euros”, absorvendo o impacto contabilístico da venda de 2% e desconsolidação do BFA e os impactos extraordinários na atividade em Angola no quarto trimestre, que incluem a classificação de Angola como economia de elevada inflação pelas empresas internacio-
particulares, estamos a cumprir com as metas que comunicámos ao mercado em termos de sinergias e vimos ainda mais reforçada a confiança dos clientes no BPI. Este desempenho do banco leva-nos a ter excelentes perspetivas em termos de rentabilidade. Para 2020, prevemos que o ROTE (retorno sobre capitais tangíveis) supere os 10% e também estimamos atingir um cost-to-income próximo 16 act ualidad€
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nais de auditoria e consequente efeito no reconhecimento contabilístico da participação no BFA, de acordo com as IAS 29, adianta a instituição liderada por Pablo Forero. O programa de saídas voluntárias teve um custo extraordinário de 78 milhões de euros, enquanto, em sentido positivo, banco beneficiou com a mais valia resultante da venda da BPI Vida e Pensões em nove milhões de euros. A forte atividade comercial no mercado doméstico traduziu-se no aumento de 1.800 milhões de euros nos recursos totais de clientes, para os 32.960 milhões de euros (+5,6%), já considerando a venda da BPI Vida e Pensões ao grupo CaixaBank, concretizada no final de
dos 50% nessa altura. O BPI é um banco com uma estrutura acionista sólida e estável, um banco que pretende ser mais eficiente e com uma estratégia de crescimento em Portugal muito bem definida. Fazemos parte de um grande grupo financeiro, como é o CaixaBank, e estamos a trabalhar para fortalecer ainda mais a nossa posição junto dos clientes e da sociedade portuguesa.
2017. Em destaque neste capítulo surge a forte expansão dos fundos de investimento, que subiram 678 milhões de euros (+12,7%), e ainda os depósitos, que cresceram 380 milhões de euros (+1,9%). Embora o crédito bruto a clientes se mantenha estável, em 22.244 milhões de euros, a contratação de novo crédito a particulares e a empresas evidencia uma tendência de crescimento contínuo. A quota de mercado da carteira de crédito à habitação do BPI tem vindo a aumentar de forma consistente, situandose atualmente nos 11,2%, com uma carteira de crédito de 11.084 milhões de euros. Em 2017, a nova contratação de crédito hipotecário cresceu 19% face ao ano passado. A quota de mercado do BPI no crédito a empresas confirmou também a tendência de subida, aumentando 60 bps, para situar-se nos 8,3% (novembro de 2017). A evolução das receitas e dos custos em 2017 permitiu que o rácio de eficiência tenha melhorado cinco pontos percentuais desde o final de 2016, e que se situe atualmente em 63%. “O banco mantém a sua forte solidez em termos de capital, ultrapassando confortavelmente todos os mínimos de SREP definidos pelo Banco Central Europeu”, adianta o comunicado do BPI.
É para isso que estamos todos a trabalhar. Sinergias com Caixabank fortalecem atividade operacional
Como está o plano de sinergias que anunciaram da atividade em Portugal?
Estão executadas, ou em execução, sinergias de custos e de proveitos no valor de 122 milhões de euros,
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o que significa que atingimos o nosso objetivo e os compromissos que tínhamos assumido. O impacto contabilístico total destas sinergias só estará integralmente refletido a partir de 2020. Estamos a trabalhar muito bem e confiamos na nossa capacidade para atingir os objetivos propostos.
necessitados, aos mais velhos e a pessoas com deficiência. Isso é algo que queremos reforçar no futuro, porque faz parte do nosso modelo de fazer banca e, para isso, contamos com o apoio da Fundação Bancária “la Caixa”. Qual a estratégia para o crédito à habitação? São um dos bancos mais competitivos ou mais moderados?
O BPI obteve mais valias, estimadas em 73 milhões de euros, com a cedência de alguns ativos. O objetivo era concentrar-se, assim, mais na atividade bancária core? Em que moldes é que isso acontecerá? Há novos investimentos?
Além dessas mais valias relevantes, o BPI vai manter nas atividades que refere um fluxo de receitas por comissões como banco agente ou distribuidor, porque é o BPI que mantém a relação com o cliente. Com estas transações, o BPI fica mais forte. Aumenta a sua oferta de produtos e tira proveito a 100% do know-how de outras empresas do grupo CaixaBank, sem realizar um investimento adicional. O facto de negócios especializados como os seguros, a gestão de fundos ou os instrumentos de pagamento serem geridos para um mercado de maior dimensão, resulta numa maior capacidade de inovação e maior especialização. O BPI melhora a oferta aos clientes e melhora a eficiência, são esses os objetivos. Estão satisfeitos com a notoriedade do banco em Portugal?
O BPI tem uma reputação muito boa, reconhecida por diversas entidades independentes e, principalmente, pelos clientes, que gostam da marca. Além disso, o BPI tem tido desde
Temos uma oferta muito competitiva e vamos melhorá-la, mas não entramos em guerra de taxas, e não nos parece que isso seja positivo para o mercado, a longo prazo. Para o mercado empresarial, quais as principais formas de atrair clientes?
“Acreditamos que o crescimento [da economia portuguesa] deverá ser conduzido sobretudo pelas exportações e por uma recuperação progressiva dos níveis de investimento, público e privado, nacional e estrangeiro” sempre uma atuação muito relevante em termos sociais, com o seu apoio a instituições sem fins lucrativos da sociedade civil. Em 2017, o BPI atribuiu cerca de 2,1 milhões a projetos de solidariedade de apoio aos mais
O BPI é cada vez mais o banco das empresas em Portugal. Nos últimos anos, temos vindo a otimizar os processos internos do banco, para permitir que as nossas equipas comerciais visitem, todos os dias, clientes atuais e potenciais e temos tido resultados muito positivos. Estamos muito bem posicionados, não só pela qualidade do serviço que prestamos, mas também porque somos um dos dois únicos bancos em Portugal com um rating de investment grade, atribuído por duas agências de notação. Este facto é crucial para poder conceder garantias internacionais às empresas exportadoras, algo que estas necessitam nas suas operações. Considera sustentável o atual volume de empréstimos concedidos pela banca em Portugal a particulares e empresas, mesmo tendo caído ligeiramente em 2017?
Hoje em dia, a concessão de crédito pelos bancos está totalmente depenmarço de 2018
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grande entrevista gran entrevista avaliação muito bom, por isso temos um rácio de crédito vencido com tanta qualidade, talvez o melhor da Península Ibérica. Os acionistas do banco estão otimistas quanto à evolução da economia portuguesa?
dente da robustez de capital de cada entidade. Bancos com maior solidez e capacidade de se financiarem no mercado vão poder emprestar mais dinheiro à economia. É por isso que considero que o BPI é o banco com mais potencial para ajudar ao crescimento da economia portuguesa.
Por outro lado, por força da regulação, cada vez mais os bancos terão de reforçar o mecanismo de avaliação da capacidade creditícia dos clientes. O BPI também terá de o fazer, mas os clientes não vão ver tantas diferenças como noutras instituições. O BPI sempre teve um processo de
Vasta experiência na gestão de ativos e na gestão de risco no setor financeiro Pablo Forero é presidente da comissão executiva e vicepresidente do conselho de administração do Banco BPI, há cerca de um ano. Formado em Economia na Universidade Autónoma de Madrid, com especialização em Macroeconomia, o ex-diretor geral do CaixaBank– grupo que integra desde 2009– tem uma extensa carreira ligada ao setor financeiro. Depois de estar dois anos como diretor de Gestão de Ativos do Caixabank, foi nomeado diretor geral adjunto de Tesouraria e Mercados de Capitais, acumu-
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lando com o cargo de membro do comité de direção do banco catalão. Em 2013, foi nomeado diretor geral de Riscos, cargo que ocupou até dezembro de 2016. Pablo Forero detém uma vasta experiência internacional, que inclui 11 anos em que trabalhou em Londres, como diretor na JP Morgan Asset Management. Antes de transferir-se para Londres, foi responsável de Gestão de Ativos da JP Morgan Investment Management, em Madrid. Anteriormente, trabalhou para a Manufacturers Hanover Trust e a Arthur Andersen.
Pelas conversas que vou mantendo com diferentes acionistas, sinto que estão confiantes que Portugal já superou os momentos mais difíceis e acreditam que poderá manter um crescimento sustentado. Sim, acreditam os acionistas e acreditamos nós que o crescimento deverá ser conduzido sobretudo pelas exportações e por uma recuperação progressiva dos níveis de investimento, público e privado, nacional e estrangeiro. Nas operações fora de Portugal, quais os mercados mais relevantes?
O BPI está centrado sobretudo em fazer crescer a sua operação em Portugal e em apoiar a economia portuguesa. Com se sabe, temos participações financeiras relevantes em bancos de Angola e Moçambique. São duas entidades bem geridas, com uma forte presença em ambos os mercados e que ao longo dos anos têm contribuído positivamente para o crescimento do BPI. No caso de Angola, como também é sabido, temos uma recomendação do Banco Central Europeu para reduzir a nossa participação. Poderão investir em novos mercados, em articulação com algum dos parceiros do CaixaBank?
Neste momento, estamos totalmente centrados em Portugal. O crescimento do BPI depende das nossas equipas, dos nossos clientes e da vitalidade da economia portuguesa, cada vez mais evidente. O BPI é a entidade melhor preparada para apoiar esse crescimento.
apuntes de economia
apontamentos de economia
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Mazars Portugal privilegia acompanhamento personalizado dos clientes A consultora internacional Mazars, especializada na área fiscal e de auditoria, continua a privilegiar o acompanhamento mais personalizado das necessidades dos clientes, tendo vindo, para tal, a aumentar a sua presença no país. A empresa espera crescer este ano em Portugal cerca de 11%, dentro da tendência de crescimento do grupo. Para atingir esse objetivo, a Mazars vai apostar em todas as linhas de negócio já desenvolvidas em Portugal.
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Texto Belén Rodrigo brodrigo@ccile.org Foto DR
projeto internacional da Mazars iniciou-se em 1995. Em Portugal, a operação vem da integração de uma sociedade portuguesa que já operava neste mercado. “Na altura, ainda sob a marca Mazars & Guérard, o grupo contava com cerca de dois mil colaboradores e um volume de negócios na ordem dos 100 milhões de euros”, explica Luís Gaspar (na foto), sócio gerente de Mazars Portugal. Hoje, o grupo está presente nos cinco continentes, num total de 84 países, e conta com mais de 20 mil profissionais ao serviço. A fusão com a Roever Broenner Susat, em abril de 2015, veio posicionar a Mazars no Top 10 das empresas de auditoria na Alemanha. “Com esta fusão, a Mazars passou a assumir um lugar de liderança no centro da maior potência económica da Europa, aumentando, assim, a sua influência no mercado mundial e a sua capacidade de resposta às empresas portuguesas que exportam ou queiram desenvolver projetos, nomeadamente neste mercado”, acrescenta o responsável. Mais recentemente, a fusão com a empresa chinesa Zhongshen Zhonghuan, aumentou a sua presença na China, contando agora com 28 escritórios e 3.500 colaboradores. “Fechámos o último exercício com 20 act ualidad€
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um volume de negócios de 1.500 equipa além-fronteiras”. Esta estrumilhões de euros e contamos ultra- tura garante que o cliente tem acespassar os dois mil milhões e os so ao mesmo serviço sem o impedi25 mil colaboradores em 2020”, mento das barreiras internacionais adianta Luís Gaspar. Esta proje- e com coordenação global dos proção é um resultado dos planos de jetos a partir de qualquer geogracrescimento ambiciosos do grupo, fia. “Essa particularidade, faz com “com uma forte aposta de expansão, que os nossos clientes confiem na principalmente, nos continentes nossa capacidade de prestação de americano e asiático”. Em Portugal, serviços com a mesma qualidade onde contam com três escritórios e consistência a nível internacio(Lisboa, Porto e Leiria) “queremos nal, em ambientes complexos e em acompanhar a tendência de cresci- constante mudança”, afirma Luís mento do grupo. O nosso objetivo Gaspar, Por outro lado, a Mazars é continuar a investir e desenvolver tem uma forte cultura de proximitodas as linhas de negócio”, afirma dade com o cliente. “Isso levou-nos a abrir, em 2000, o nosso escritório o gerente. O responsável destaca que a no Porto e, em 2003, o escritório Mazars “é um partnership verda- de Leiria. Entendemos que temos deiramente integrado, o que nos de estar onde o cliente está, para permite operar como uma única poder prestar um acompanhamen-
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to altamente personalizado. É desta forma que garantimos a qualidade e a criação de valor junto dos nossos clientes”. Crescimento esperado de 11% em Portugal O crescimento esperado para o negócio em Portugal é de 11% este ano, em linha com a dinâmica e objetivos do grupo. “Isto é fruto do nosso investimento no desenvolvimento das várias linhas de negócio: a integração de um novo sócio de auditoria há cerca de um ano reflete o nosso objetivo de alargar a nossa base de clientes de auditoria, ao mesmo tempo que introduzimos nos processos a vertente tecnológica que está a mudar a profissão”, aponta Luís Gaspar. Na área da fiscalidade, a Mazars conquistou um novo sócio em dezembro último, fruto de um projeto de desenvolvimento desta área de negócio que está em curso e que se prolongará para os próximos exercícios. Na área de advisory/ consulting , a consultora está a investir no reforço de competências “em algumas das nossas ofertas de serviços, investimento esse que se vai manter nos próximos anos”, e no outsourcing / accounting, “estamos a restruturar
reforçar a sua presença e notoriedade em Portugal. Número de colaboradores aumenta para os 150 e vai continuar a crescer A Mazars trabalha com todo o tipo de clientes, de todas as dimensões, “desde empresários em nome individual, passando por pequenas e médias empresas (a grande parte do tecido empresarial português) até grandes players globais, em todas as etapas do seu desenvolvimento”. Em relação ao número de colaboradores, A consultora passaram de 120 colaboradores em trabalha com todo o agosto para perto de 150 no final de 2017 e tem ainda processos de recrutipo de clientes, tamento em curso. “Valorizamos de todas as diferentes perfis de colaboradores, a diversidade é, aliás, um dos valores dimensões, que nos orgulhamos de ter”, afirma em todas as Luís Gaspar. A Mazars frisa que está a fazer etapas do seu um forte investimento na formadesenvolvimento ção de pessoas, através de processos de recrutamento anuais junto das universidades. “São processos que as equipas e a abordagem ao mer- implicam um investimento de dois a cado, no sentido de dar resposta ao três anos na formação destes profisque está a ser solicitado, diferente sionais, mas que são essenciais para do que era o serviço há uns anos”, garantirmos a qualidade dos nossos serviços e homogeneidade do produexplica o gerente. Com estes objetivos, para os pró- to Mazars a nível global”, acrescenta ximos anos a consultora espera o mesmo responsável.
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Freshly Cosmetics revoluciona el sector de la cosmética natural Tres jóvenes españoles crean la primera línea cosmética 100% libre de tóxicos, sostenible y apta para veganos. Siguiendo un modelo negocio online han logrado en solo dos años comercializar más de cien mil productos y alcanzar una facturación de un millón de euros.
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Texto Belén Rodrigo brodrigo@ccile.org Foto DR
ireia Trepat y Joan Miralles se formaron en Ingeniería Química en la Universidad Rovira i Virgili de Tarragona. Con tan solo 25 años se dieron cuenta que querían montar un negocio propio y después de analizar varias ideas acabaron por decidir revolucionar el sector de la cosmética natural. La madre de uno de ellos elaboraba cosmética natural de forma artesanal y fue ella quien les sirvió de inspiración. En febrero de 2016 nacía Freshly Cosmetics, la primera línea cosmética 100% libre de tóxicos, sostenible y apta para veganos. Diseñaron una marca que ade- mil y nueve mil productos al y con un embalaje reciclable y más de velar por el cuidado de mes en unos tres mil encargos sostenible hacia el medio ambienla piel “también lo hace por la aproximadamente. En las redes te. “Con estos valores de marca salud y por la sostenibilidad del sociales ya cuentan con más de sentamos las bases para lanzarnos medio ambiente”, explican sus 190 mil seguidores y este canal al mercado hacia un público que creadores. Se puso en marcha con les ha permitido adaptar los cada vez más se preocupa por su un capital social de 20.000 euros productos a las necesidades de salud”. y un año después dieron el salto sus clientes. par Francia, Italia y Portugal con “Los productos naturales o eco- Estilo de vida saludable la idea de seguir creciendo en lógicos están en pleno auge lo Freshly Cosmetics es un negoEuropa. que, a su vez, se ha converti- cio basado en un modelo online Han seguido un modelo de nego- do en un pretexto perfecto para dirigido al target de las working cio online y desde su creación que muchas marcas aprovechen el millenial women, “mujeres entre únicamente ha comercializado sus tirón para lanzar al mercado fal- 25-35 años que compran online productos de forma digital. En sos productos naturales y aumen- y siguen un estilo de vida salumenos de dos años ha consegui- tar así sus ventas”, explican los dable”, afirman los responsables do comercializar más de 100.000 responsables de esta joven marca. de la marca. La facturación es productos, alcanzando un creci- Freshly Cosmetics comercializa principalmente online “a través miento del 400% en comparación productos formulados con ingre- de nuestra propia web, aunque con 2016. Han pasado de facturar dientes naturales de alta calidad también comercializamos en algu200.000 euros al millón de euros siguiendo los estrictos estándares nas tiendas autorizadas pero, por y en el 2018 esperan alcanzar los de BioInspecta bajo normativa ahora, representan entre el 1% y tres millones. de BioVidasana, además de ser el 1.5% de la facturación”, añaLa marca vende entre ocho cosmética no testada en animales den. Los productos capilares y de
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tratamiento facial, concretamente el Champú Refrescante Detox y el Contorno de Ojos híper concentrado “son de los más vendidos de la marca”. Barcelona y Madrid, estas dos ciudades y sus áreas metropolitanas “concentran entre el 30 y el 40 % de la facturación de la marca”.
Freshly Kids Freshly Cosmetics decidió apostar hace unos meses por la creación de una línea cosmética con ingredientes totalmente naturales, 100% libres de tóxicos y, sobre todo, saludables y seguros para los pequeños de la casa. Los productos de Freshly Kids son aptos para el uso diario. Testados dermatológicamente y probados clínicamente. La línea infantil se basa en cuatro
Expansión Desde que a principios del año pasado dieron el salto al mercado europeo, con presencia en Portugal, Italia y Francia, han crecido siempre de forma orgánica. “Este año nuestro reto es implantar la marca de una forma más fuerte en los mercados más marca en Reino Unido. “Creemos interesantes donde creemos que que es un país que nos abrirá realmente se busca este tipo de paso para dar a conocer Freshly productos, y que no hay una Cosmetics a nivel Europeo”. oferta destinada a ello”, afirman. En el caso del marcado portuActualmente están trabajando con gués, lo definen como “un meruna estrategia para implantar la cado pequeño pero que a la vez
productos suaves y formulados específicamente para limpiar, hidratar y calmar la piel. Sin sulfatos, sin siliconas, sin parabenos, sin fenoxietanol ni perfumes sintéticos. Sólo seleccionamos ingredientes suaves de alta calidad. La línea Freshly Kids, que salió a la venta en octubre del año pasado, ya lleva más de cinco mil productos vendidos y 50 mil euros facturados.
absorbe o viene bastante condicionado de España, y es por esto que creemos que el hecho de habilitar la compra en Portugal, ha hecho que mucha gente que quería vivir la experiencia Freshly, ha podido acceder a ello”. PUB
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Cosec lança novo website A
Cosec, seguradora líder em Portugal nos ramos de seguro de crédito e caução, lançou no início do ano um novo website , com nova imagem, novos conteúdos, maior interatividade e melhor experiência de navegação em qualquer dispositivo. Nesta nova versão, foram, assim, consideradas funcionalidades que permitem uma melhor experiência de navegação aos utilizadores. “É, também, um website com um design gráfico apelativo, moderno e simplificado, coerente com o atual contexto institucional da Cosec. Tem uma navegação simples e intuitiva e foi elaborado de maneira a poder adaptar-se à largura de tela dos vários dispositivos onde é visualizado: PC, tablet e smartphone ”, explica a companhia de seguros.
Para a Cosec, “o website é uma ferramenta fundamental de contacto com muitos dos nossos stakeholders e esta renovação teve como objetivo dotar a plataforma de uma linguagem, dinamismo e tecnologia moderna e mais apelativa, consistentes com a renovação da própria imagem institucional da Cosec. Acreditamos
que o novo website vai permitir encurtar distâncias com os nossos clientes e parceiros de negócios, disponibilizando informação relevante e atual sobre a atividade” da companhia de forma mais intuitiva e adaptada a uma nova realidade empresarial cada vez mais rápida, destaca ainda a mesma fonte.
El Corte Inglés e Repsol reforçam parceria com mais descontos O s clientes que realizem compras de valor igual ou superior a 30 euros no El Corte Inglés, incluindo na loja online , Supercor e Bricor através de https://www.elcorteingles.pt/, desde 15 de janeiro até 31 de dezembro de 2018, recebem um cartão que lhes permite obter um desconto de seis cêntimos por litro de combustível em estações de serviço Repsol, até 500 euros.
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O desconto pode ser utilizado até ao fim do ano. No mesmo período, os clientes podem ainda usufruir de vantajosos descontos uma vez que, ao abastecer 30€ em combustível na Repsol, recebem um vale de desconto de seis euros, que podem utilizar no El Corte Inglés (armazéns e loja online ), Supercor e Club del Gourmet, em compras superiores a 50 euros.
Na área de moda, casa e desporto, os vales de desconto podem ser utilizados de 1 de março a 30 de junho e de 1 de setembro a 24 de dezembro de 2018. Durante o período em que decorre esta campanha, os terminais de pagamento vão permitir ainda a utilização do cartão El Corte Inglés no pagamento de abastecimentos com descontos imediatos exclusivos.
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Peugeot renova apoio à Federação Portuguesa de Ténis e ao Millennium Estoril Open A
Peugeot Portugal inicia 2018 com o anúncio da renovação do compromisso para com o ténis em solo nacional, à imagem da sua reputada e bem sucedida associação internacional a esta modalidade. Assente em Portugal em duas vertentes, a Peugeot não só aprofunda os laços com a Federação Portuguesa de Ténis (FPT), entidade a quem se associou há um ano, como anuncia novo patrocínio ao Millennium Estoril Open. Parceira dos mais importantes eventos da modalidade a nível mundial – está há mais de três décadas com o conceituado Torneio de Roland-Garros e desde 2016 com o ATP World Tour – a Peugeot acaba de anunciar novo reforço no compromisso para com o mundo do ténis no nosso país. Ao nível da associação com a Federação Portuguesa de Ténis (FPT), naquele que será o seu segundo ano de vigência, destaca-se a manutenção do estatuto da Peugeot como “Viatura Oficial”, como naming sponsor da própria Seleção Nacional, grupo que, entre outras provas, irá disputar a
Taça Davis, uma vez mais integrada no grupo I Euro/ África. Uma das novidades este ano foi o Masters Veteranos Peugeot, que veio complementar o Circuito Veteranos Peugeot, iniciado em 2017. O Masters Veteranos Peugeot contou com 52 jogadores e seus acompanhantes, grupo que se viu apurado ao longo do ano passado em aproximadamente 100 torneios realizados em território nacional. No que se refere ao Circuito Veteranos Peugeot 2018, será disputado ao longo deste ano, num conjunto de torneios a realizar nos principais clubes de ténis nacionais, onde a Peugeot irá reforçar a sua presença. Outra novidade para 2018 é o patrocínio do Circuito de Futures, que conta com cerca de 35 torneios que levarão o ténis profissional de norte a sul de Portugal, permitindo aos jovens tenistas portugueses o seu início no circuito ATP enquanto, ao mesmo tempo, permite divulgar a modalidade ao levar ténis de elevado nível aos
clubes e cidades de todo o país. Ao nível do patrocínio do Millennium Estoril Open, estende-se para 2018 a fidelização da Peugeot ao mais prestigiado torneio de ténis em Portugal, cuja edição deste ano se jogará entre os dias 28 de abril e 6 de maio, no Clube de Ténis do Estoril.
Polvo Brasmar distinguido como “Sabor do Ano” A Brasmar recebeu, pelo segundo ano consecutivo, o selo “Sabor do Ano” pelo seu polvo embalado. O Polvo Brasmar, à semelhança dos restantes produtos candidatos, foi submetido à avaliação dos consumidores através de provas “cegas”, num teste sem qualquer referência a marcas. Nestes testes, foram tidos em conta o sabor, a textura, o aspeto visual e o odor dos produtos. Dentro da sua categoria, o Polvo Brasmar obteve a pontuação mais alta, tendo sido uma vez mais premiado como “Sabor do Ano”.
Para Sérgio Silva, presidente do Conselho de Administração da Brasmar e CEO do Vigent Group, a distinção “Sabor do Ano 2018” significa “o reconhecimento do trabalho de excelência que, todos os dias, desenvolvemos na empresa, de modo a garantir a máxima qualidade dos nossos produtos e, dessa forma, responder às expetativas dos nossos clientes, por esse mundo fora”. Fundada em 2003, a Brasmar, empresa do Vigent Group, sublinha a sua “liderança no setor alimentar de produtos do mar congelados e a sua posição enquanto destacado player nacional na transforma-
ção e comercialização de bacalhau, soma a crescente importância da sua atividade na transformação e comercialização de cefalópodes”, adianta a empresa. “Graças à sua ambição de se afirmar no mercado pela qualidade contínua dos seus produtos, tem assumido uma forte aposta em tecnologia de vanguarda e sido reconhecida pelas suas certificações de qualidade, sustentabilidade e segurança alimentar”, frisa a mesma fonte. A empresa está atualmente presente em quatro países. As suas unidades industriais estão localizadas na Noruega, Brasil e em Portugal. março de 2018
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Comunicação é fator decisivo nos processos de fusão A
comunicação influencia cada vez mais o sucesso de uma fusão ou aquisição corporativa, de acordo com o estudo “M&A Communications Monitor 2017”, elaborado pela Llorente & Cuenca, consultora especializada em gestão de reputação, comunicação e assuntos públicos em Espanha, Portugal e na América Latina, em colaboração com o diretório “Transactional Track Record”. Segundo o relatório, o ritmo das fusões e aquisições intensificou-se, em grande parte devido a uma recuperação económica verificada entre 2014 e 2017, situando-se acima dos 100 mil milhões de euros por ano. Juntos, os dois países registaram 6.272 fusões e aquisições em 2014-2016, o que representa um crescimento de 85% face ao triénio anterior. Em Portugal, o mercado de fusões, aquisições e participações de fundos de investimento cresceu 33%, de 245 operações para 327. No entanto, em volume, estas operações representaram em 2017 quase €11.500 milhões, menos
€1.653 milhões que há quatro anos. A cobertura mediática deste tipo de operações também cresceu, com uma média de 337 menções por operação entre 2014-2017, 88% acima dos quatro anos anteriores. A grande conclusão do estudo é a de que a comunicação tem tido cada vez mais peso na tomada de decisões neste tipo de processos. A maioria dos casos de sucesso é sustentada nas melhores práticas em matéria de comunicação. A presença de fontes oficiais tende a gerar uma cobertura mediática de melhor qualidade, o que faz com que a proatividade na comunicação seja chave para neutralizar a especulação sobre a operação. Uma estratégia de comunicação bem desenvolvida é vital para a obtenção de um resultado positivo em qualquer operação de M&A. Existe um caminho importante para que a comunicação acrescente as ferramentas capazes de antecipar cenários e de gerir estas transações de forma cada vez mais eficiente. Segundo Tiago Vidal, sócio e diretor-
geral da Llorente & Cuenca Portugal, “uma boa comunicação pode ajudar a que uma fusão ou aquisição corporativa atinja o sucesso, e uma má estratégia pode afastar a melhor oferta”. Nos últimos anos, a estratégia de muitas empresas tem sido a de apostar numa comunicação reativa. Mas em 2017, essa estratégia viu-se alterada, em parte pelas exigências dos diferentes grupos de interesse, meios de comunicação e opinião pública. “Vivemos num contexto de hipertransparência, com a diluição de fronteiras entre o que é público e o que é privado, e onde os diferentes grupos de interesse têm a capacidade de escrutinar, influenciar e serem líderes de opinião nos temas que os afetam. É neste contexto que temos de ser capazes de estabelecer canais de comunicação que permitam às organizações comunicarem com cada grupo de interesse de modo a construir relações de confiança que apoiem o normal desenvolvimento de uma operação deste tipo”, conclui.
BTL celebra 30 anos virada para a inovação e tecnologias de informação A
Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), a decorrer entre 28 de fevereiro e 4 de março, na FIL, conta com mais de 1.300 empresas e entidades. Na sua 30ª edição, a BTL, promovida pela Fundação AIP e reconhecida como a maior feira de turismo em Portugal, prepara-se para bater recordes de participantes e visitantes, tendo previsto um programa marcadamente virado para a inovação. Este ano, Marrocos tem honras de país convidado, assim como a Região Centro de Portugal e o município de Pampilhosa da Serra. Cada um destes convidados especiais preparou um programa reforçado de promoção, tra-
zendo ao evento surpresas e novidades, a fim de atrair atenções e conquistar preferências. A aposta na inovação e nas tecnologias de informação está patente, nomeadamente, no espaço BTL Labs, uma das grandes novidades desta edição e que é dedicado à divulgação de empresas do setor das TIC, contando já com 20 empresas inscritas na área BTL Startups, assim como na área BTL Tech, onde vão expor as suas soluções para o setor do turismo; e a completar estas áreas, a BTL Talks, que se pretende afirmar como um espaço de debate e troca de ideias, apontando tendências e caminhos para o futuro do setor.
Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, referiu, na apresentação deste evento, que a “BTL reflete a excelente fase que o turismo está a viver em Portugal, num resultado que a todos os players e a todos os portugueses pertence”. De acordo com os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), esperam-se resultados recorde neste setor, entre os quais o ultrapassar a fasquia dos 20 milhões de hóspedes em 2017. Outros países presentes no evento são Angola, Bulgária, Namíbia, Rússia ou o Uruguai, bem como os já habituais Brasil, EUA e China, entre outros.
Textos Actualidad€ actualidade@ccile.org Fotos DR
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fazer bem Hacer bien
Fundação Endesa promove programa de bolsas para professores portugueses A Fundação Endesa e a Fundação Carolina lançaram o primeiro programa de bolsas de mobilidade para docentes e investigadores portugueses, que se insere na estratégia de promoção da cooperação cultural e científica entre Portugal e Espanha.
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s professores universitários e investigadores portugueses que pretendam aderir a um programa de bolsas de investigação nas áreas da educação, engenharia e ambiente podem concorrer ao programa de bolsas que está a ser lançado pela Fundação Endesa, em parceria com a Fundação Carolina. O prazo de candidatura ao programa de atribuição de 15 bolsas para o ano letivo 2018/2019 decorre até ao dia 5 de abril. Trata-se de um programa pioneiro, que está a ser coordenado pelas duas fundações, em colaboração com universidades portuguesas, destinado a financiar “projetos de investigação de alto nível, em concreto nas áreas científicas da educação, engenharia e meio ambiente”. O objetivo é promover a cooperação cultural e científica entre Portugal e Espanha, no âmbito das ações de responsabilidade social da Fundação Endesa e dos projetos de apoio ao ensino no espaço iberoamericano, por parte da Fundação Carolina, uma instituição com sede em Madrid. O programa foi apresentado no pas-
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sado dia 31 de janeiro, em Lisboa, com a presença do presidente da Endesa e da Fundação Endesa, Borja Prado, e do diretor da Fundação Carolina, Jesús Andreu (o primeiro na foto, ao lado do diretor-geral da Endesa em Portugal, Nuno Ribeiro da Silva). Intercâmbio entre universidades portuguesas e espanholas Trata-se de um programa pioneiro, criado exclusivamente em Portugal, que permitirá a candidatos de oito universidades portuguesas (Porto, Lisboa, Minho, Coimbra, Universidade Nova de Lisboa, Aveiro, Évora e o Instituto Universitário de Lisboa) completarem a sua formação e realizarem os seus trabalhos de investigação em Espanha. Este programa de mobilidade permitirá aos bolseiros ir para uma das 47 universidades públicas espanholas com as quais a Fundação Carolina tem acordo de colaboração, ou com qualquer centro público de investigação, como o Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC), a maior instituição pública dedicada à investigação em Espanha e a terceira da Europa. Como enquadrou Borja Prado (na
foto, o terceiro da direita, seguindo-se ao lado o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor), “este programa de bolsas integra-se nos objetivos da missão da Fundação Endesa de promoção de uma educação inovadora e da excelência académica, permitindo um maior intercâmbio entre as universidades portuguesas e espanholas. A Fundação Endesa tem um claro compromisso com o desenvolvimento de projetos de caráter educativo e formativo como meio de promoção do talento e da empregabilidade”, afirmou no encontro que manteve em Lisboa para a formalização do protocolo com o Estado português, e onde estiveram presentes também os reitores ou outros responsáveis das oito universidades que irão participar no programa. Os candidatos a estas bolsas deverão ter nacionalidade portuguesa, estarem envolvidos numa investigação relacionada com as áreas de educação, engenharia e meio ambiente e possuírem uma carta-convite de alguma das universidades que participam no programa. Os pedidos podem ser feitos através do site da Fundação Carolina: www.fundacioncarolina.es. Como frisou Jesús Andreu, “os nossos países estão cada vez mais unidos e são uma referência de estabilidade na Europa. É muito importante que esta colaboração se reflita em trabalhos de investigação, criando redes científicas competitivas a nível internacional”. A Fundação Carolina ja atribuíu mais de 16 mil bolsas de estudo, contando com o financiamento do Estado espanhol e ainda de organizações privadas, entre as quais a Fundação Endesa. Texto CF cfonseca@ccile.org Foto DR
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Ifema: pionera en energía geotérmica en el sector ferial E n febrero, ha entrado en funcionamiento la planta de aprovechamiento de energía geotérmica para la climatización del edificio de oficinas de Feria de Madrid. El proyecto sitúa a Ifema a la vanguardia en el impulso y promoción de las energías renovables dentro del sector ferial. La construcción de la instalación ha consistido en la perforación de 40 sondeos geotérmicos de hasta 150 metros de profundidad que se conectan con una nueva bomba de calor geotérmica, de 355 kW de potencia térmica y 305 kW de frío. El proyecto contempla la combinación del recurso geotérmico con la instalación existente, y establece como base del sistema su máximo rendimiento con el funcionamiento casi continuo de la planta. Esto supone unas 7.500 horas anuales, es decir, el 85% del total. “Entre los beneficios de
la instalación, se destaca un ahorro de energía eléctrica de 81.000 kWh/ año; un ahorro de energía térmica (gas natural) de 707 mil kWh/ año, y una reducción de energía primaria de 80 TEP (toneladas equivalentes de petróleo). Además, permitirá la reducción de emisiones de CO2 de 200 toneladas anuales, y un ahorro económico anual de 40 mil euros. Este proyecto forma parte de las actuaciones que va incorporando Ifema a su gestión, y que redundan en la optimización de recursos naturales y la eficiencia energética”, subliña la institución, que cada año recibe cerca de tres millones de visitantes y más de 30 mil empresas expositoras. Con este fin, Ifema cada año incluye en sus presupuestos acciones que se orientan a este objetivo medioambiental, tales como obras
de adaptación de sus instalaciones sanitarias que han supuesto en 2017 un ahorro anual de más de cinco mil metros cubicos de agua; el proyecto de inversión en sistemas led de iluminación para todas las superficies del recinto; las diferentes placas de energía fotovoltaica ya en uso, o los procesos de reciclaje. Una de sus últimas actuaciones ha sido la renovación de su flota de vehículos comerciales por unidades ecológicas, cien por cien eléctricos.
Texto Actualidad€ actualidade@ccile.org Foto DR
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ciência e tecnologia
Ciencia y tecnología
KNOK, la única app del sector salud con cobertura en toda la Península Ibérica La startup portuguesa KNOK Healthcare ha entrado este año en el mercado español. En menos de dos años de existencia ya cuenta con 12 mil usuarios y el 60% de sus consultas han sido pediátricas. Esperan ganar más presencia entre pacientes de enfermedades crónicas.
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Texto Belén Rodrigo brodrigo@ccile.org Fotos DR
irigido a toda la población, aunque especialmente orientada a los niños, ancianos y enfermos crónicos, KNOK aporta las herramientas para encontrar de forma cómoda, rápida y práctica el médico que necesita. Pueden contactar con él a través de vídeoconsulta o cita domiciliaria. Esta aplicación nació en Portugal a finales de 2016, siendo una de las startup destacadas en la Web Summit de ese año, realizada en Lisboa, y puede revolucionar los servicios relacionados con la salud. Este proyecto surge de la mano de José Bastos, CEO de KNOK
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Healthcare, después de sus malas podrá ser en vídeo o en el domicilio. experiencias en urgencias con uno En Portugal, ya cuenta con 12 mil de sus hijos. “Siempre fui recibido pacientes y el 95% de las consultas por diferentes médicos, con la pér- se han valorado con la puntuación dida de tiempo que ello conlleva. máxima. Las consultas son sin límiEsta situación me hizo pensar que te de tiempo y con coste predefinidebería haber una manera de mejo- do en especialidades como medicina rar la atención: tanto mi experiencia general y familiar, medicina interna, como usuario, así como también, la pediatría y psiquiatría. El precio de mi hijo como enfermo”, explica es de 50 euros si la consulta es a Bastos. domicilio y de 20 euros si es a través La app de KNOK se instala de de videoconferencia. Tarifas apliforma gratuita (www.knokcare. cadas cuando se trabaja con médicom). A través de ella se pueden cos independientes pero que puede consultar los médicos disponibles verse alterada en el caso de acuerdos (su currículum y las clasificaciones con clínicas. Si el paciente tiene dadas por otros pacientes), elegir el seguro de salud, KNOK le ayuda a médico y confirmar la consulta, que conseguir el reembolso de hasta el
Ciencia y tecnología
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50% del importe del servicio. En Portugal, el 60% de las consultas han sido de pediatría y el 66% de los usuarios mujeres de entre 30 y 45 años. “Creemos que nuestra aplicación contiene las herramientas necesarias para gestionar las enfermedades crónicas y es en este campo Entre los logros de esta startup donde podemos crecer mucho“, afir- vídeo-consulta o cita domiciliama José Bastos, quien destaca que se ria. “Comenzamos en Madrid pero está el de haber sido seleccionada consiguen “servicios más dinámicos esperamos cerrar en breve acuerdos para el programa de crecimiento de en el País Vaso y Barcelona. Si Generali en Italia, que busca revoy adecuados a precios bajos”. encontramos socios en otras ciuda- lucionar con tecnología los procesos Extensión al mercado español a des, iremos avanzando”, explica a de la atención sanitaria para hacerel responsable del proyecto. Para su los más eficientes. “KNOK tiene así partir de Madrid Una vez consolidado en Portugal primera expansión, realizaron una acceso a recursos de los principales el negocio acaba de pasar la fron- ronda de financiación y lograron partners de la industria para expantera y desde el pasado 12 de enero 350 mil libras (395 mil euros) de dir la empresa, y la posibilidad de tiene disponibles especialidades un capital de riesgo inglés y para que Generali Welion adopte la solucomo medicina general y familiar, avanzar en España preparan una ción de esta empresa portuguesa”, pediatría y medicina interna, en segunda ronda. explican desde KNOK.
Soluciones de robotización de Indra claves para mejorar la operativa del retail I ndra, a través de Minsait, ha evolucionado la tecnología robótica (o RPA, robotic process automation) para incrementar las capacidades de sus soluciones y la aplicación que éstas tienen en el sector retail. Estas soluciones pueden mejorar la calidad de algunos procesos llevados a cabo por las empresas y tienen impactos en costes de operación de un 30% de media, tiempos de implantación contados en pocas semanas, retornos de la inversión (ROI) de dostres meses y permiten eliminar errores humanos. Ésta es la experiencia de sus
especialistas, tras haber desplegado cientos de robots distribuídos a 30 clientes de España y Latinoamérica, que realizan más de un millón de procesos manuales al mes. Según Minsait, la aplicación de RPA en las compañías de este sector es una oportunidad para generar valor añadido en los procesos de negocio, tanto en los que interactúan con el cliente final como en los que dan apoyo al negocio. De ahí que este tipo de soluciones se haya integrado dentro de su propuesta para el mercado retail. Texto Actualidad€ actualidade@ccile.org Foto DR março de 2018
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ADVOCACIA E FISCALIDADE
aBOGACÍA Y FISCALIDAD
Por Dulce Franco* e Miguel Calado Moura**
Notas breves sobre o Registo Central
do Beneficiário Efetivo
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Lei n.º 89/2017 transpôs condomínios) ou sujeitas ao direipara a ordem jurídica to estrangeiro sempre que exerçam portuguesa o Capítulo atividade ou pratiquem atos juríIII da Diretiva (EU) dicos em Portugal que determin.º 2015/849, também nem a obtenção de um número de conhecida por 4.ª Diretiva do identificação fiscal (sem prejuízo Branqueamento de Capitais. Esta dos casos de exclusão das obrigalei, por um lado, cria o Registo ções declarativas, designadamenCentral do Beneficiário Efetivo te dos consórcios, agrupamentos (RCBE) e por outro, constitui as complementares de empresas e sociedades comerciais no dever de manter um registo interno atualizado, designadamente sobre “Até à presente data, a identidade dos seus sócios e dos seus beneficiários efetivos. a Portaria que regulaAté à presente data, a Portaria menta o RCBE ainda que regulamenta o RCBE ainda não foi publicada. Não obstante, não foi publicada. Não as obrigações relativas ao registo obstante, as obrigações interno das sociedades comerciais (e apenas destas)– nas quais se relativas ao registo incluem os deveres dos sócios interno das sociedades quanto à atualização dos dados respeitantes à identificação– já se comerciais (...) já se encontram em vigor. encontram em vigor” 1. O RCBE é uma base de dados na qual se centralizam, de forma sistemática, informações relativas aos beneficiários efetivos de um sociedades emitentes de ações, acervo alargado de entidades cole- cuja subscrição ou aquisição se tivas (“entidades abrangidas”) rela- encontra admitida à negociação tivamente às quais impõe deveres em mercado regulamentado). declarativos. 2. A obrigação declarativa é cumSão consideradas entidades prida através do preenchimento abrangidas, entre outras, quais- e submissão de um formulário quer pessoas coletivas sujeitas ao eletrónico, a definir por Portaria, direito português (e também, em ou através de um serviço de regiscertas circunstâncias, os próprios to, mediante o preenchimento 32 act ualidad€
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eletrónico assistido, conjuntamente com o pedido de registo comercial ou de inscrição de qualquer facto no Ficheiro Central de Pessoas Coletivas. A Portaria fixará o momento de apresentação da primeira declaração a ser prestada. As entidades abrangidas terão a partir de então a possibilidade de cumprir a obrigação de apresentação da declaração inicial no momento de constituição da sociedade e, caso não se trate de entidade sujeita a registo comercial, a apresentação deve ser feita simultaneamente com a primeira inscrição no Ficheiro Central de Pessoas Coletivas. Para as entidades anteriormente constituídas, tenham ou não natureza comercial, o momento de apresentação será fixado na referida Portaria 3. Quanto ao conteúdo da declaração, o regime jurídico do RCBE estabelece de forma exaustiva os elementos identificativos relativos à entidade abrangida, aos seus beneficiários efetivos e ao declarante. A legitimidade para apresentação da declaração cabe aos membros dos órgãos de administração das sociedades ou às pessoas que desempenhem funções equivalentes noutras pessoas coletivas (funções dirigentes). Para além disso, a declaração pode sempre ser realizada pelos
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sócios, ou membros fundadores das pessoas coletivas, através de procedimentos especiais de constituição imediata ou online , bem como promovida por advogados, notários e solicitadores ou contabilistas certificados – quanto a estes últimos em decorrência da declaração de início de atividade ou quando a entidade esteja associada ao cumprimento da obrigação de entrega da IES. A omissão, inexatidão, desconformidade ou desatualização da informação constante do RCBE deve ser comunicada ao seu serviço de gestão competente (a definir por Portaria) pela própria entidade abrangida, pelos seus beneficiários efetivos, pelas autoridades de supervisão e judiciais, pela Autoridade Tributária e, finalmente, pelas “entidades obrigadas”, definidas nos termos da Lei do Branqueamento de Capitais (Lei n.º 83/2017). 4. A confirmação anual sobre a exatidão, suficiência e atualidade da informação é efetuada através do preenchimento de uma declaração até ao dia 15 de julho de cada ano. Na circunstância da entidade abrangida apresentar Informação Empresarial Simplificada (IES), esta confirmação é feita em concomitância com a IES. Para além disso, quaisquer alterações às informações constantes do RCBE devem estar permanentemente atualizadas. 5. Incorre em responsabilidade criminal e civil quem, pelos danos a que der causa, prestar falsas declarações para efeitos de RCBE. Sem prejuízo dessa responsabilidade, o regime do RCBE estabelece uma lista de atos que as entidades que se encontrem em incumprimento não podem praticar ou de que não podem beneficiar, destacando-se os seguintes: • distribuição de lucros do exercício ou adiantamentos sobre
lucros no decurso do exercício; • celebração de contratos de fornecimento, empreitadas de obras públicas ou aquisição de serviços e bens com o Estado, regiões autónomas, institutos públicos, autarquias locais e instituições particulares de solidariedade social maioritariamente financiadas pelo Orçamento do Estado, bem como renovação da vigência dos contratos já existentes; • participação em concurso para a concessão de serviços públicos; • no caso de sociedades anónimas, admissão à negociação em mercado regulamentado de ações ou obrigações convertíveis em ações da sociedade; • lançamento de ofertas públicas de distribuição de quaisquer instrumentos financeiros, em especial, valores mobiliários ou instrumentos monetários por si emitidos; • atribuição de fundos europeus estruturais e de investimento e públicos; • intervenção como parte em qualquer negócio que tenha por objeto a transmissão da propriedade, a título oneroso ou gratuito, ou a constituição, aquisição, alienação de quaisquer outros direitos reais de gozo ou de garantia sobre quaisquer bens imóveis. 6. A informação disponibilizada no RCBE relativa às entidades abrangidas e aos beneficiários efetivos é de livre e ilimitada consulta pelas autoridades judiciárias, policiais e setoriais, bem como pela Autoridade Tributária, sendo-lhes permitido não só o acesso, mas também o tratamento e a interconexão desses dados, contanto que o tratamento dos dados pessoais obedeça às regras da Lei Nacional de Proteção de Dados. Por seu turno, as entidades abrangidas terão total acesso às informações constantes do RCBE com exceção dos dados
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pessoais relativos aos declarantes, sendo apenas disponibilizada informação sobre o nome e qualidade em que os mesmos atuam. O acesso ao público, em geral, independentemente da qualidade de interessado, encontra-se limitado (i) quanto à entidade abrangida, ao seu NIPC, firma ou denominação, natureza jurídica, sede, CAE, identificador único de entidades jurídicas e endereço eletrónico institucional; e (ii) quanto aos beneficiários efetivos, ao seu nome, data de nascimento, nacionalidade, país de residência e interesse económico detido. 7. Um registo interno atualizado dos elementos de identificação relativos aos sócios das sociedades comerciais (e apenas destas), às pessoas singulares que detêm, direta ou indiretamente a propriedade das participações sociais ou que, por qualquer forma, detenham o respetivo controlo efetivo, é igualmente exigido pela Lei 89/2017. Do mesmo modo, os sócios devem informar a sociedade de qualquer alteração superveniente dos seus elementos de identificação. Estas obrigações, relativas ao registo interno das sociedades comerciais, já se encontram em vigor. No âmbito do registo interno, o incumprimento injustificado do dever de prestação de informação por parte dos sócios permite a amortização das suas participações sociais nos termos legalmente previstos. O não cumprimento pela sociedade da obrigação de manter um registo interno atualizado dos elementos de identificação do beneficiário efetivo constitui contra-ordenação, punível com coima de mil a 50 mil euros. *Sócia da AAA Advogados; **Advogado of counsel da AAA Advogados Emails: df@aa.pt; mcm-cons@aaa.pt
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PLMJ lança curso avançado em Inteligência Artificial e Direito A PLMJ iniciou, há cerca de uma semana, um curso avançado em Inteligência Artificial e Direito, em Lisboa. A formação é dirigida a académicos, cientistas, juristas, jornalistas, opinion makers e outros potenciais interessados e é lecionada por especialistas do Instituto Superior Técnico, NOVA Information Management School, Google, Faculdade de Direito da Universidade
de Lisboa, Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, entre outras entidades ligadas ao ensino e à inovação tecnológica e empresarial. Entre as vertentes a abordar no curso estão as de ”Robotética e Robothumanidade”, “Inteligência Artificial nas Profissões Jurídicas” e “Direito da Inteligência Artificial”, em que serão abordadas as áreas da inteligên-
cia artificial com desenvolvimentos, como a machine learning , a cloud e a tecnologia blockchain , as aplicações da robótica, os problemas éticos para as organizações e diferentes áreas de trabalho, as consequências da automatização para as profissões jurídicas e ao nível da responsabilidade civil, da gestão da privacidade e direitos de autor.
Sócios da MLGTS distinguidos Luís Miguel Monteiro (na foto) e Bruno Santiago (foto ao lado), sócios da Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados (MLGTS), foram premiados a título exclusivo para Portugal enquanto “Client Choice 2018”, respetivamente nas categorias de Employment & Benefits e de Corporate Tax.
Os dois sócios são destacados nestes prémios pela qualidade dos serviços prestados e atenção dispensada ao cliente, depois de nomeações feitas pelos departamentos in house. Os “Client Choice Awards” reconhecem o conhecimento e o enfoque no negócio do cliente que estes advogados revelam, fator cada vez mais valorizado no acon-
selhamento jurídico. Os prémios são atribuídos em mais de 50 jurisdições analisadas, sendo que Luís Miguel Monteiro é reconhecido pela segunda vez. A MLGTS destaca ainda ter sido a sociedade de advogados portuguesa mais galardoada nesta edição dos “Client Choice Awards”.
Em trânsito: » Marta Salgado Areias, associada do Departamento de TMT & PI da CCA Ontier, obteve uma certificação na área de dados pessoais e privacidade, a “Certified Information Privacy Professional”. Esta certificação, atribuída pela International Association of Privacy Professionals (IAPP), “faz parte da estratégia da CCA Ontier para a área da proteção de dados, nomeadamente para o reforço da especialização da Data Protection Team, equipa recém-criada para prestar assessoria nesta matéria e no âmbito do Novo Regulamento Geral de Proteção de Dados, da qual a Marta Salgado Areias faz parte”, enquadra Filipe Mayer, sócio do escritório de advogados português. Esta certificação assegura o domínio das leis europeias e nacionais de proteção de dados e a sua aplicação efetiva.
tório de Paris, a CMS Francis Lefebvre, em regime de secondment, e dará sobretudo “apoio a clientes franceses com investimentos em Portugal, mas igualmente a portugueses com investimentos em França, com especial incidência nas suas matérias de especialização”, de acordo com um comunicado da sociedade de advogados portuguesa.
» Ricardo Bordalo Junqueiro é o novo sócio da VdA. O advogado passa a integrar a equipa de Concorrência & UE, juntando-se aos sócios Nuno Ruiz e Miguel Mendes Pereira. A reentrada do advogado, que desenvolveu a sua carreira na VdA até 2013, pretende “fortalecer a capacidade de resposta às crescentes solicitações dos clientes, num espectro de setores cada vez mais alargado”, refere um comunicado da firma. » Mónica Santos Costa reforçou o Departamento O novo sócio da VdA tem larga experiência em maFiscal da CMS Rui Pena & Arnaut, liderado pelo só- térias de direito da concorrência e de regulação ecocio Patrick Dewerbe. nómica e desenvolveu a sua carreira entre a VdA e a A nova associada sénior trabalhará a partir do escri- Cuatrecasas, onde era sócio desde 2017.
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España y Portugal en 2018
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l comienzo de cada año siempre nos planteamos las posibles incertidumbres y oportunidades y revisamos lo ocurrido el año anterior. Desde el pasado año el petróleo y las materias primas han estado subiendo sus precios en relación con 2016, el dólar sigue muy bajo y existen amenazas proteccionistas, especialmente por la nueva política de la Casa Blanca. El esperado Acuerdo UE-Mercosur no se ha llegado a firmar en la reunión de la OMC en Buenos Aires. El año de 2017 ha sido un buen año para casi todos (no es el caso del Reino Unido, que sólo creció el 1,8% o de Italia) en relación con las previsiones iniciales. La economía mundial ha crecido de promedio cerca del 3%, especialmente por el impulso de los países asiáticos y la eurozona ha tenido un crecimiento promedio del 2,5%, similar a Estados Unidos. Muchos países emergentes (especialmente los BRICS y otros) parecen haber olvidado la recesión. Las amenazas globales al principio de 2017 no tuvieron consecuencias a lo largo del año. Sin embargo siguen presentes (gran endeudamiento mundial, Brexit, proteccionismo, Corea del Norte, estado Islámico y situación en Medio Oriente). El proteccionismo es especialmente preocupante en términos económicos, aunque el Comercio Internacional se ha recuperado de los bajos niveles anteriores y ha crecido por encima del 3,5% por la subida de las materias primas. La cancelación de las negociaciones de los acuerdos americanos con la UE y Asia (conocidos por sus siglas TTIP y TTP) fueron las muestras 36 act ualidad€
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anticipadas de la nueva estrategia comercial de la nueva presidencia americana. El papel de los Estados Unidos de América y sus acuerdos (especialmente el NAFTA) es esencial en un socio tan estratégico para México y Canadá. Sin embargo no han empeorado las tensiones con China (que sigue con su peculiar política económica y haciendo grandes inversiones en infraestructuras en otros países). Trump, con doble rasero, ha visitado este país pero también ha amenazado recientemen-
Por Cecilio Oviedo*
las negociaciones que van avanzando, sigue habiendo temas preocupantes para España y Portugal sin resolver aún, especialmente en lo relativo a la libertad de movimiento de personas, el status de los residentes, el turismo y los jubilados británicos debido a la incertidumbre sobre la capacidad adquisitiva de la libra esterlina y a los convenios sobre residencia y seguridad social. En España preocupa y mucho la situación en la comarca del Campo de Gibraltar en relación con las negociaciones UE/Reino Unido. Pero el Brexit ha sido y es un problema interno que “De momento, la muestra una tremenda escisión de la sociedad del Reino Unido que se economía española estaba gestando hace muchos años va bien, con un crepor la falta de definición del destino de esta nación de naciones, una vez cimiento del 3,1%, en terminada su época imperial. Y lo un contexto europeo malo es que dentro o fuera de la UE y haya o no un nuevo referéndum, favorable, el problema puede seguir indefiniespecialmente en la damente porque, como ha dicho recientemente el editorialista de FT inversión en construc- Martin Wolf, existe una verdadera ción y equipos” Guerra Civil interna aunque afortunadamente no sea sangrienta, sino pacífica. Estar fuera de una Europa te con aranceles puntuales. Han unida puede conducir a la antigua seguido las demostraciones de fuerza potencia a la irrelevancia. verbal con Corea del Norte ante las Por otro lado, ya se empieza a provocaciones y los experimentos prever que la entrada en vigor del agresivos de este pequeño país, a artículo 50 del Tratado se puede pesar de las intervenciones de la retrasar. Muchas personas expertas ONU. e inteligentes (especialmente perioEl tema del Brexit no ha ido tan distas influyentes) y hasta el mismo mal en 2017 como preveíamos en Tony Blair están ya pidiendo un 2016. Las cosas se le han complicado segundo referendum. El tema de la especialmente al gobierno de Theresa frontera irlandesa ha dado quebradeMay, que se ve forzada a negociar con ros de cabeza y la UE no va a vender la UE pero también internamente y barato un acuerdo de mercado único no ha sido año especialmente bri- tipo Noruega. La libertad de movillante para la economía británica. En miento de personas se considera algo
opinión
esencial por Bruselas. Los efectos del Brexit sobre Reino Unido se pueden hacer sentir en cualquier momento, especialmente sobre el comercio y las inversiones y sobre Londres como centro financiero, temas sobre los que hay una total incertidumbre en las previsiones, según los distintos escenarios. Todavía queda mucho tiempo para seguir negociando con paciencia y sensatez y lejos de las arrogancias iniciales. Bruselas está propiciando que el periodo de transición acabe al final de 2020. Muchos mercados financieros de renta variable se han comportado durante el año 2017 de manera muy alegre superando máximos en un contexto de baja inflación y política monetaria expansiva del BCE y del Banco de Japón. A corto plazo. aunque en menor medida que anteriormente, el BCE sigue comprando deuda y otorgando liquidez al sistema de la eurozona. Es importante seguir con la consolidación del sistema bancario europeo. los inversores ante los bajos tipos de interés siguen confiando en los mercados para rentabilizar sus distintas inversiones, incluida la renta fija. Sin embargo deberíamos aprender de lo ocurrido con el clima de inversión en la década anterior (sí, la del año 2000) y la formación de las burbujas especulativas, cuyo pinchazo ocasionó tantos problemas, dolor y desempleo en el mundo, especialmente en los países de la OCDE, crisis de la que aún no nos hemos recuperado del todo y que algunos pensamos que se puede repetir con mayor o menor intensidad. Confiemos que la próxima crisis que necesariamente vendrá, antes o después, sea de menor calibre y más corta entre el principio de la depresión y el principio del auge. También se debe observar a China, donde el profesor americano Todd Knoop, experto en ciclos, prevé que podría estar el origen de la próxima crisis. Después de un periodo
opinião
creciente el primer susto ha llegado con varias sesiones de montaña rusa justo coincidiendo con el nombramiento de Powell como presidente de la FED y el temor a las subidas de los tipos de interés. A pesar de la crisis catalana, evidente a finales del año con el rápido abandono masivo de las sedes de más de tres mil empresas, el Banco de España no prevé grandes consecuencias en términos de disminución del PIB. España ha crecido en 2017 por encima del 3,1% (lo que ha permitido disminuir la tasa de paro al 16,7% después de crear unos dos millones de empleos en los últimos cuatro años). A pesar del ritmo de crecimiento europeo y mundial y del turismo es difícil que
situación saneada de las empresas y familias solventes que cuentan actualmente con crédito barato y liquidez. Aún con un importante aumento del empleo, las remuneraciones netas de los españoles, en un contexto de inflación históricamente baja, vienen preocupando al gobierno y a los organismos internacionales desde hace unos meses. El gobierno ha firmado acuerdos para la subida del salario mínimo hasta 2020 si hay crecimiento paralelo de la productividad. Por lo que se refiere a Portugal, las perspectivas de 2018 son buenas. Las cifras de 2017 han sido muy positivas, con crecimientos del PIB del 2,7% impulsados por el turismo y las exportaciones (también han crecido las importaciones por el aumento de los suministros industriales y del valor de combustibles), “Las cifras de 2017 con unas cifras de inflación muy han sido extremadamoderadas y una fuerte disminución del desempleo a lo largo del año mente positivas para (hasta el 8,1%). Preocupa el nivel de Portugal, con crecideuda pública y externa. El ministro de Finanças, Mário Centeno, es la mientos del PIB del figura reconocida en haber conse2,7%, impulsados por guido un mayor crecimiento y los equilibrios de las cuentas públicas. el turismo y las Las elecciones europeas siempre exportaciones“ causan incertidumbre. Aunque en 2017 en Francia y Países Bajos salieron gobiernos reforzados y la economía española crezca este año en Alemania se ha llegado al gran 2018 a niveles superiores al 2,5%. pacto de nuevo, a nivel de la Unión En 2017, cuando la inversión públi- Europea los nuevos nacionalismos ca viene estando aún a niveles muy vuelven a poner el problema del bajos, el sector exterior se ha soste- proyecto común. El auge de los nido fuerte debido a la pujanza de la populismos, generados por la crisis economía europea y de la eurozona tiene como base el aumento de la (que se mantendrá en 2018) y una pobreza y el desempleo y como importante inversión extranjera. De consecuencia la rebelión frente al momento, el sector exterior es uno sistema capitalista en lo económico y de los principales motores del creci- frente a la democracia representativa miento y el sector turístico ha tenido en lo político. Los líderes de Europa un comportamiento excepcional. no ven otro camino que una mayor De momento la economía va bien, integración de la UE. en un contexto europeo favorable, especialmente en la inversión en *Vicepresidente de Honor de la CCILE construcción y equipos, con una Email: coviedo@comercio.mineco.es março de 2018
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segundo estas líderes
O título de cada uma das caixas que se segue tem um nome, um apelido ou apelidos e um cargo. Assim é porque este artigo é sobre pessoas e sobre a função que, aos olhos do mundo laboral, fortalece a credibilidade das suas opiniões. A Actualidade entrevistou sete mulheres que exercem cargos de topo em Portugal e quis conhecer os seus percursos, as dificuldades, os desafios, o que têm a dizer sobre o país, sobre o mundo, sobre o futuro, sobre a gestão e sobre a equidade de género. Textos Susana Marques smarques@ccile.org Fotos DR
1- Quando era criança, sonhava trabalhar em quê? Caso tenha mudado de ideias ou de sonho, o que a fez mudar? 2- O que considera ter sido decisivo para chegar ao cargo que hoje ocupa? 3- O que é mais desafiante nas funções que desempenha? 4- Qual foi a decisão mais difícil que teve que tomar? 5- Que objetivos profissionais traçou para si, enquanto gestora? O que pretende alcançar? 6- Qual é o caminho para haver equidade entre homens e mulheres no que diz respeito à evolução na carreira e à remuneração? 7- Quais são as eventuais vantagens de uma mulher num cargo de gestão? 8- Está otimista quanto ao futuro do setor em que trabalha? O que vai mudar? 9- Está otimista quanto ao futuro do país? E do mundo? O que mais a preocupa? O que mais lhe alimenta a esperança num futuro melhor? 38 act ualidad€
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eatriz Rubio frisa que as mulheres não têm vergonha de expressar emoções. Carla Rebelo destaca “a natural capacidade de gestão das mulheres em ambientes plurifatoriais e a polivalência inata”. Celeste Hagatong sublinha o exemplo das entidades reguladoras, como a CMVM e a ANACOM, onde vigora a obrigatoriedade de rotação do respetivo presidente, entre homens e mulheres. Guta Moura Guedes assinala que os tempos são de mudança na área dos géneros e acredita que “muito se vai alterar nas próximas décadas, quando nos libertarmos desta compartimentação básica que nos separa entre homens e mulheres”. Margarita Hernández considera que “por norma geral, as mulheres têm uma intuição
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Beatriz Rubio: Ceo da Remax em Portugal
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esponsável – juntamente com o marido, Manuel Alvarez – pelo lançamento da imobiliária de origem norte-americana Remax no mercado português, há 18 anos, Beatriz Rubio coordena as funções de CEO nesta empresa com a atividade de coaching. A gestora está empenhada em inspirar outros profissionais a atingirem elevados níveis de produtividade, dando palestras em Portugal e no estrangeiro. Licenciada em Economia e com um MBA em Gestão de Empresas, Beatriz Rubio passou pela L'Oréal e pela Jerónimo Martins, antes de se dedicar à Remax Portugal. Autora dos livros “Conquistando a Vitória” e “Os Paralelismos entre Gestão e o Futebol”, a gestora foi distinguida com o prémio "Mulher de Negócios em Portugal", foi também considerada a "Melhor Gestora de Pessoas" e a "Melhor CEO" no ranking português dos melhores gestores de RH, e no ano passado foi distinguida pela Remax Internacional como uma das maiores vanguardistas do mercado imobiliário do mundo. 1-Quando tinha 16 anos, lembro-me perfeitamente de olhar para as perfumarias e adorar a publicidade que fazia a LÓreal. Esse era mesmo o meu sonho, trabalhar na L’Oréal. Sabia que para isso, tinha que saber falar bem francês e destacar-me mais que as outras pessoas que também queriam entrar nesta empresa. Por outro lado, eu era de Zaragoça e trabalhar numa grande multinacional como esta significaria ter que ir morar para Madrid… Por isso, estabeleci um plano: terminaria os meus estudos, falando um bom nível de francês e ao longo da universidade veria como poderia alcançar o meu objectivo. Se nos preocupamos em demasia, bloqueamos as possibilidades. Por isso
era importante realizar um passo de cada vez. Anos depois, o meu primeiro trabalho foi na LÒréal, onde permaneci nove anos – três em Espanha e seis em Portugal. Depois passei para a Jerónimo Martins, onde fui diretora de compras da Recheio. Depois, eu e o meu sócio (que também é meu marido) decidimos montar uma empresa e comprámos os direitos da Remax para Portugal. O imobiliário sempre me fascinou e o meu marido vinha dessa área. Mas o que realmente mais nos fascinou foi o sistema Remax, que é único no mundo! É um sistema em que todos ganham. 2-O mais desafiante é gerir pessoas. Gerir uma empresa, analisar KPI´s e controlar é um trabalho que deve ser feito, mas a visão que temos de ter para antecipar ou catalisar as mudanças da melhor forma é o mais complicado. Se a isto somarmos uma organização com cerca de sete mil pessoas, como a Remax Portugal, as coisas ficam mais complicadas, mas não impossíveis. Gerir pessoas implica compreensão e muita comunicação, de forma a que os profissionais incorporem os objetivos da empresa, tenham orgu-
lho em pertencer à Remax e lutem contigo pelo mesmo objetivo – e na Remax isto é a palavra de ordem. 3. Tomo muitas decisões e muitas delas difíceis. Não me lembro de nenhuma em especial, mas para que as decisões difíceis “cheguem a bom porto” a base é a confiança. Temos que ter confiança em quem trabalha connosco e eles em nós, em quem lidera. Assim podemos tomar decisões difíceis porque trabalhamos para o bem comum. 4. Quando decidi ser empresária os meus objetivos eram claros: ter uma empresa rentável e líder no mercado que atuasse, ganhar mais dinheiro do que se trabalhasse por conta de outrem e poder gerir o meu tempo. Queria mais tempo de qualidade com os meus filhos, mais férias e viajar muito, sem depender dos 22 dias de férias da lei. Isso consegui! No entanto, à medida que vamos trabalhando o projeto, muitos outros alinham nele, vivem-no como nós o vivemos, e, então, o nosso objetivo passa a ser também o de lhes dar o mesmo que nós temos: uma vida melhor, a possibilidade de levarem os filhos à escola e irem à festa de Natal sem ter que dar muitas explicações. Isto somado ao objetivo de ter um negócio estável e consistente. Aí, a gestão transforma-se numa gestão de pessoas. Não pretendo alcançar muito mais para mim, mas quero que todos os agentes Remax tenham êxito e o seu êxito será o meu também. 5. Se calhar, mais gestoras de topo mulheres, de forma a não existir tanto desequilíbrio, entre homens e mulheres na gestão de topo. Acredito, que se uma mulher fizer muito bem o seu trabalho deve chegar a um lugar de topo com maior ou menor dificuldade. Mas, para mim, existe um paradigma
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que faz com que não haja mais mulheres em cargos altos: as crenças limitadoras de muitas, que pensam que por serem mulheres não podem sonhar em grande. Por outras palavras, pensam que se têm um cargo de responsabilidade vão ser piores mães, esposas, filhas… e isto não é verdade. Não existe nada melhor que um ser humano com uma boa autoconfiança, que esteja bem e feliz no papel que desempenha, pois passará essa felicidade aos que o rodeiam, independentemente de trabalhar ou não, de ter chegado a um lugar de topo ou não. Pessoalmente, não acredito nas quotas. Acredito muito mais no valor profissional de uma pessoa. Independentemente de ser homem ou mulher, aquele que tem mais capacidade deve exercer o cargo. 6. São muitas, mas uma das mais importantes é que não têm vergonha
de mostrar emoções. Estamos na era das emoções, as empresas não vendem produtos ou serviços, vendem emoções e muitos homens têm dificuldade ou vergonha em gerir esta parte. Já para nós mulheres é algo natural. Nós sabemos sentir e temos uma grande intuição, que nos ajuda muito na gestão. Segundo e não menos importante, somos multifacetadas, temos 30 coisas na cabeça e somos capazes de fazer diferentes coisas ao mesmo tempo, o que, se bem gerido, representa um nível muito alto de produtividade. 7. Sempre. Otimismo é algo que não deve faltar, nem relativamente a Portugal nem ao mundo. Estamos numa boa época, mas temos que estar conscientes de que a seguir poderão vir épocas mais complicadas. Sempre foi assim. Existem algumas pessoas “com menor discernimento” e mais preocu-
pantes, mas acho que como agora é tudo mais global, as denúncias e a informação correm mais depressa e no fim, o bom senso deverá imperar. Interesses e aspetos que não estão sob o nosso controlo? Existem e existiram sempre. Quando sinto que não controlo coisas que não dependem de mim, foco-me no meu objetivo e não olho para os lados, de forma a não me deixar influenciar pelo que é negativo. A esperança num mundo melhor tem que vir de dentro de nós, todos temos a responsabilidade de fazer algo para melhorar este mundo e colocar essa ideia em ação. É assim que, pouco a pouco, o mundo irá mudando. As novas gerações, os millennials já são bastante diferentes na forma de pensar e ainda bem! Dão muita importância à vida – ao ser e não ao ter –, e isto pode vir a fazer muita diferença no mundo.
Carla Rebelo: diretora-geral da Adecco Portugal
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ntes de trabalhar na área de recursos humanos (RH) e consultoria estratégica, Carla Rebelo exerceu funções no domínio da contabilidade, gestão financeira e reporting em diversas multinacionais, como a Nestlé Waters e a Deloitte Portugal, onde foi diretora financeira. No setor dos recursos humanos, a gestora foi diretora da Hays Brasil e da Kelly Services Brasil. Na Holanda, foi senior group controller da Randstad Holding, passando a CFO da Randstad Portugal. Em novembro de 2015, assumiu o cargo de diretora-geral da Adecco Group Portugal. 1-Sonhava ser médica, mas a verdade é que também gostava muito de papéis e documentos. Assisti a um filme de um parto e quase des-
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maiei. Então achei que a área dos papéis seria uma opção mais acertada. 2- O que foi sem dúvida decisivo foi o meu muito determinado sentido
de compromisso nos vários projetos que tive a oportunidade de abraçar e, claro, ter tido mestres muito justos e que me passaram com clareza e na prática os valores essenciais de um bom líder. Quando me perguntam o que faria diferente se a empresa fosse minha, não tenho outra resposta. Trabalho todos os dias para dois objetivos principais – maximizar o resultado da empresa e a satisfação dos nossos clientes e colaboradores. E não acredito em incompatibilidades entre os dois. 3-Convencer as pessoas todos os dias de que o seu talento e capacidade só tem os limites que elas próprias definirem. 4-Restruturar a empresa com incontornável ajuste de estrutura em ambientes de grande degradação macroeconómica, como tive que
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fazer no Brasil. 5- Quero construir sempre equipas de alta performance num bom ambiente de trabalho. Pretendo a melhor conciliação entre uma excelente gestão financeira e uma brilhante gestão de pessoas. Pessoas felizes e motivadas obtêm resultados fora de série. 6- As empresas têm que entender que uma mulher pode desempenhar uma função com responsabilidade e dedicação sem ter que abdicar da sua família. Se restringirmos eterna e indiscriminadamente o acesso ao trabalho flexível então desperdiçaremos muito talento. 7- A sua natural capacidade de
gestão em ambientes plurifatoriais e polivalência inata. 8- O nosso setor de atividade funciona como um barómetro da economia que sinaliza em primeiro lugar o modo como a competitividade do país vai evoluir. A Adecco é a maior empresa de RH do mundo e isso traz consigo a responsabilidade de liderar a mudança de mentalidades do mercado laboral. Temos cada vez maior participação no aconselhamento aos nossos clientes relativamente às práticas de RH e lutamos todos os dias por partilhar com os decisores legislativos a realidade que conhecemos do terreno para ajudar a adequar
as políticas seguidas aos diversos momentos dos ciclos económicos. 9-O otimismo sem factos pode transformar-se em romantismo. Temos desafios estruturais que ainda não estão resolvidos e precisamos de perceber que sem aumento de produtividade nunca faremos de Portugal um país competitivo. Quando os custos laborais aumentam mais que a produtividade não são necessárias grandes ferramentas estáticas para saber que algo vai falhar. Um futuro melhor só será atingido com melhor legislação e esta só se consegue com um melhor conhecimento da vida real.
Celeste Hagatong, presidente do conselho de administração da Cosec
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tualmente à frente da CosecCompanhia de Seguro de Créditos, Maria Celeste Hagatong já assumiu, ao longo da sua carreira, várias funções de liderança. Licenciada em Finanças, começou o seu percurso profissional no Ministério das Finanças, onde dirigiu o gabinete de serviços da Direção Geral do Tesouro. Transitou em 1985 para o BPI, onde se tornou em 2002 administradora executiva do banco, tendo sido responsável pelo Corporate Banking e Project Finance. No BPI, foi responsável pelo lançamento e dinamização da venda de seguro de créditos da COSEC, na rede da banca de empresas, projeto muito relevante para a afirmação da COSEC no mercado português. Já era membro não executivo do conselho de administração da COSEC, em representação do acionista BPI, há 10 anos, quando iniciou funções como presidente do conselho de administração em julho de 2017. Celeste Hagatong é também presidente da Fundação Portugal África e
integra o conselho diretivo do Centro Cultural de Belém. Descendente de famílias macaenses, a gestora é curadora da Fundação da Casa de Macau e membro do conselho de administração da Fundação Jorge Álvares. 1-Não me lembro de qualquer profissão que tivesse como referência em criança. Quando tive que escolher a minha via profissional aos 15 anos
não sabia exatamente o que queria prosseguir. Uma coisa estava certa, tinha de ir para uma área em que os métodos quantitativos fossem importantes e foi aí que veio a influência do meu pai que era licenciado em ciências económico-financeiras. E, portanto, essa foi a minha opção e que não me arrependo. 2-O facto que mais influenciou o meu percurso profissional foi sem dúvida um telefonema que o Dr. Fernando Ulrich me fez em 1984 quando eu era diretora de serviços da direção geral do tesouro. Tínhamos sido colegas na Universidade e reencontrámo-nos quando o Dr. Fernando Ulrich foi chefe de gabinete do ministro da Finanças. Quando cessou estas funções foi para o BPI em Lisboa, na altura SPI, que acabava de abrir o seu escritório na capital. Os meus planos passavam por tirar um MBA nos EUA durante dois anos e estava longe de ir trabalhar na banca. Nesse telefonema o Dr. Fernando Ulrich convidou-me para integrar a equipa do BPI e assim aconteceu
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grande tema gran tema em 1 de setembro de 1985, onde fiquei até 2017. Atualmente, estou como presidente do conselho de administração da Cosec, em representação do BPI, o que é um novo desafio profissional. 3-Tenho como responsabilidades executivas na Cosec a direção internacional, que gere o sistema de seguros com garantia do Estado. Esta atividade é desenvolvida pela Cosec desde a sua constituição, há cerca de 50 anos. Para um país como Portugal em que as exportações são um dos fatores decisivos para o crescimento, os seguros com garantia do Estado são o instrumento da política pública por excelência para apoiar as empresas no desenvolvimento dos seus negócios em países de maior risco. O desafio é grande, consubstanciando-se em duas vertentes principais: por um lado, dar a conhecer ao mercado o potencial deste instrumento, e, por outro, permitir a sua utilização em moldes mais eficientes. As funções como presidente do conselho de administração obrigam-me também a acompanhar a restante atividade da Cosec.
4-Decisões difíceis, julgo que todas as pessoas nestas funções têm de tomar ao longo do seu percurso profissional. Em tempos em que o enquadramento macroeconómico é mais difícil, como aconteceu na última década, o dia a dia obriga-nos à tomada deste tipo de decisões de forma mais frequente. 6-A repartição entre homens e mulheres infelizmente ainda não é equitativa, seja na política, nas empresas, nas organizações, apesar de se terem dado grandes avanços. Assistimos hoje em dia a grandes alterações decorrentes, por um lado, do maior número de mulheres com grau de educação mais elevado que lhes dá grandes competências e, por outro, porque a sociedade, em geral, e a Europa em particular, tem um objetivo de maior equidade de acesso das mulheres e dos homens a lugares de topo. Dando alguns exemplos do que tem acontecido em Portugal nos últimos tempos: no setor público, os conselhos de administração das empresas e outras organizações públicas passaram a respeitar um maior acesso à representatividade
maior”, o que “pode ajudar a ver e homens concorressem em pé de para além dos factos”. Para Ruth igualdade para uma ou outra função Breitenfeld o caminho para alterar as e fossem remunerados de acordo com mentalidades é a educação e advoga essa função, sem qualquer majoração que cada um de nós deve ser “o ou redução decorrente do género que motor desse esforço e dessa mudança”. exibem no cartão de identificação. Sandra de Carvalho Dias aponta “o A igualdade ou equidade de género poder do multi tasking e a inteli- é um alicerce da evolução da humagência emocional mais apurada” das nidade. A manifesta incapacidade mulheres como vantagens num pro- de a atingir está a travar essa evocesso de negociação. lução, como evidenciou o relatório Estas sete gestoras, lideram equi- publicado pela ONU no passado pas, dirigem empresas ou instituições dia 14 de fevereiro. O documento e, arriscamo-nos a dizer, inspiram “Transformando promessas em ação: outras mulheres, outros profissionais Igualdade de Género na Agenda 2030 empenhados em fazer do mundo, um para o Desenvolvimento Sustentável” sustenta que sem o rápido progresso lugar mais justo e próspero. Um mundo em que seja o mérito para a igualdade de género e ações o motor do “elevador” profissional. reais para acabar com a discriminaNão sendo o mérito determinado pelo ção contra mulheres e meninas, a género, seria de esperar que mulheres comunidade global não conseguirá 42 act ualidad€
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das mulheres; no caso das entidades reguladoras, como é exemplo a CMVM, a ANACOM, etc., há uma obrigatoriedade de rotação do respetivo presidente, entre homens e mulheres, o que tem sido aplicado com grande rigor; a maior equidade na representatividade de homens e mulheres também veio a ser consagrada em instrumento legal aplicável às empresas cotadas, seguindo as diretivas europeias. Este tema está, sem dúvida, na agenda do dia e espero que a sua evolução seja muito significativa no futuro próximo. 9-Depois da última década em que vivemos tempos muito difíceis na Europa e sobretudo em Portugal, uma janela de esperança está a abrir-se de novo e temos uma grande responsabilidade de tornar essa esperança numa realidade cada vez mais próxima. Por outro lado, estamos a viver uma época de enormes desafios tecnológicos em todos os setores da sociedade, que não só interferem, no nosso dia a dia, como também, na nossa atividade profissional qualquer que ela seja. São, portanto, tempos muito desafiantes em que vivemos.
cumprir a promessa de “não deixar ninguém para trás” no objetivo de acabar com a pobreza, proteger o planeta e avançar na prosperidade até 2030. “Este é um sinal urgente para a ação, e o relatório recomenda os caminhos a seguir”, disse a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, no lançamento do documento. A responsável pelas pesquisas e dados da ONU Mulheres, Shahrashoub Razavi, acrescentou que o problema afeta “todos os países, desenvolvidos, em desenvolvimento, do norte, sul, leste e oeste”. O relatório aponta os casos de escravatura e de violência contra mulheres, bem como dados relativos a 89 países, que somam 4,4 milhões de mulheres que vivem com menos de 1,90 dólares por dia, sendo muitas delas
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Guta Moura Guedes: fundadora e diretora da Experimentadesign
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empreendedora Guta (Augusta Regina) de Moura Guedes inventou o seu cargo, ao criar a Experimentaesign, um projeto que visa divulgar o design, a arquitetura e a cultura. A líder da Experimentadesign promove a bienal com o mesmo nome e recentemente abriu a Lisbon Gallery, que exibe e comercializa objetos de design. 1-Não me recordo de ter nenhum sonho relacionado com onde ou em quê é que queria trabalhar. Interessava-me praticamente tudo e passava muito tempo sozinha ou com os meus pais e depois irmãs e irmão (sou a mais velha) e com a família. Tinha os livros, a música, as conversas e o mundo de uma pequena cidade da província (Torres Vedras), entre pomares e vinhas, à minha porta, para descobrir ao sabor da minha imaginação. O que mais me recordo é de uma enorme vontade em saber, em conhecer, em aprender, em explorar. E uma igualmente grande vontade de inventar, criar histórias, imaginar ideias e projetos, fosse sobre o que fosse. Não sabia que era assim tão necessário ter uma função profissional definida para se ser alguma coisa. 2-O cargo que ocupo, o principal, foi criado por mim. Para isso, penso que contribuiu uma grande autoconfiança e o facto de não ter medo de quase nada e de acreditar profundamente naquilo que estava a propor. Ter-me cruzado com o professor Daciano da Costa, na Faculdade de Arquitetura de Lisboa, teve um enorme impacto na minha decisão relativamente ao design, mas os grandes mentores da minha vida são os meus pais. 3-Nunca nos repetirmos. Ter sempre como objetivo a qualidade e a pertinência. A ideia de serviço público é o mais desafiante da Experimen-
tadesign, juntamente com o provar que a cultura é um dos pilares de uma sociedade justa, equilibrada e competitiva. A Lisbon Gallery é um projeto comercial, tem como desafio mostrar que a qualidade e o investimento feito na criatividade na área do design e da arquitetura têm valor de mercado. 4-Recusei vários convites internacionais, de enorme interesse profissional e pessoal para mim, por causa dos meus filhos. Entre eles, o convite para trabalhar com o Rem Koolhaas, em Roterdão, com o Peter Zumthor, em Haldenstein, e ser diretora da Phaidon Press em Londres ou Nova Iorque. Divorciei-me, de forma muito tranquila, consciente e muito amiga, quando o meu filho mais novo tinha nove anos e o mais velho 13, e até agora eles sempre viveram comigo e foram – e são – a minha prioridade. Foi muitas vezes difícil dizer que não a esses convites, mas valeu sempre a pena fazê-lo. 5-O único objetivo profissional que tenho é o de continuar a fazer algo em que acredite e que seja útil para os outros. E de continuar com uma carreira profissional que enfatize,
como dizia acima, a minha necessidade de serviço público e a minha profunda convicção de que a cultura é o que realmente nos estrutura enquanto sociedade e que nos faz, quotidianamente, evoluir. 6-Acho o tema das quotas importante e necessário nesta fase, como vetor de aceleração, essencialmente. Mas o que é realmente fundamental é redesenharmos as estruturas empresariais existentes, tal como as familiares, de modo a permitirmos que as mulheres possam, sem sentimento de culpa e com tempo, ser mães e profissionais. Redesenhando também o papel dos pais. Para mim esta é a questão estruturante. As mulheres são tão competentes como os homens, só precisam é de ter tempo para poderem ter uma prestação igual, sem comprometerem a grande responsabilidade que é a de criar os filhos e que é uma responsabilidade que deve ser dividida de forma igual entre os pais. 7-Há poucos lÍderes, o que é uma pena. Há ainda menos mulheres lÍderes, como sabemos. Assumindo que estamos no campo das generalizações, que valem o que valem, penso que as mulheres têm uma inteligência emocional que as ajuda a ver de uma forma macro, penso que são muitas vezes mais ponderadas, menos sanguíneas, mais justas e mais práticas. Mas, como é claro, conheço muitos homens líderes que têm estas características também. Estamos numa fase mutacional interessante na área dos géneros, acredito que muito se vai alterar nas próximas décadas, quando nos libertarmos desta compartimentação básica que nos separa entre homens e mulheres. 8-O design é a grande disciplina operacional do século XXI. Isto tem vindo a ficar cada vez mais claro e
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vai ficar ainda mais nos próximos anos. Vai passar de ser visto como a disciplina que desenha móveis, produtos e comunicação, para a disciplina que é uma caixa de ferramentas aplicável a qualquer território, com enorme sentido estratégico. Isto porque é uma disciplina integradora, abrangente, e centrada no serviço ao ser humano, capaz de juntar forma com função, ética com estética, sustentabilidade com economia. 9-Em Portugal, assistimos a uma fase mais positiva da economia que se deve, na sua grande maioria, a uma indústria altamente volátil e frágil, e com forte impacto na organização do território, que é o turismo. É um ativo, pode ser um ativo, mas há que trabalhá-lo bem, à escala de
um país que tem uma dimensão geográfica pequena e não aumentável e que tem um imenso património cultural e ambiental para preservar. Existem outros ativos no país que me dão confiança em relação ao futuro. A nossa educação é boa, enquanto povo a nossa matriz tem componentes que podem ser muito competitivas no âmbito dos desafios deste século; somos gente curiosa, informada, amável, flexível e perseverante. Acho que iremos bem. Do ponto de vista global, Portugal poderá ser um protagonista interessante, se tiver coragem. Vivemos tempos fraturantes em praticamente todas as dimensões. Tempos disruptivos, de grandes e potencialmente catastróficas alterações físicas, como, por exemplo, as devidas às alterações
climáticas e de grandes mudanças socioeconómicas. Tudo acontece a uma velocidade imensa, algo que é um fator determinante para este aparente semi-caos em que vivemos e esta estranha inversão de valores em tantas frentes. Penso que irão ser tempos difíceis e que este é um momento com bastantes perigos e de muitas clivagens. O que me mantém otimista é a certeza de que somos uma espécie resistente, que está aqui para continuar, e que não somos animais irracionais e não culturais. Mantém-me otimista o facto de compormos música, de fazermos arte, de escrevermos poesia, de, acredito, querermos todos os dias ser melhores do que aquilo que o contexto ou a genética nos possam condicionar.
Margarita Hernández: country manager da Pedersen & Partners em Portugal
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atural de Cáceres (Espanha), Margarita Hernández formouse em Administração e Direção de Empresas, trabalhou com grandes e médias empresas incluídas no "Fortune Global 500 & 100", abrangendo consultoria de gestão organizacional e de capital humano. A gestora tem um conhecimento profundo em projetos de transformação internacionais, com destaque na avaliação de executivos, coaching de alta direção, e consultoria de gestão. Já tinha quase 20 anos de experiência em consultoria, liderando diversos projetos na Europa e em África, quando se juntou à consultora de especializada em executive search Pedersen & Partners. 1-Sempre fui curiosa e com muita vontade por descobrir coisas. Em criança sonhava ser cientista e em ser famosa por fazer alguma descoberta. Mas com o passar dos anos compreendi que não iria ter a paciên-
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cia necessária, e mais do que tudo, que era uma pessoa de pessoas. O trabalho que me iria realizar e fazer-me feliz deveria permitir uma interação constante com os outros e fazer sentir-me parte de uma equipa. Comecei a trabalhar em consultoria, achando que iria ser uma experiên-
cia de um ano de aprendizagem intensiva para depois ir trabalhar numa “empresa a sério”. E acabei por ficar na consultoria 19 anos… 2-Primeiro, ter tido a oportunidade de viver e aprender experiências muito diversas durante os anos de consultoria, com diversas empresas, de setores de atividade muito diferentes, em diferentes países e com pessoas de muitas nacionalidades. Ter tido a oportunidade de conhecer, aceitar e desfrutar da diversidade cultural e de aprender com muitas pessoas e profissionais com quem tive a sorte de partilhar projetos e experiências. 3-A missão do gestor é colocar todas as peças do negócio a fluir em equilíbrio. O crescimento da atividade, a qualidade do produto ou serviço que entregamos, a rentabilidade e, sobretudo, as pessoas com quem conseguimos pôr tudo a funcionar. No meu caso, toda a atividade as-
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senta nas pessoas. Assim, o maior desafio é o de assegurar sempre que conseguimos o melhor executivo para cumprir a missão dos nossos clientes. E, ainda, que a missão dos nossos clientes é o caminho certo na evolução da carreira dos nossos executivos. 4-Talvez a de deixar para atrás 19 anos de carreira numa empresa, na qual aprendi a ser a profissional que sou hoje. Mas como disse no início, sempre fui curiosa e tive vontade de aprender e fazer coisas novas. Tomar esta decisão fez com que se me apresentasse o desafio de abrir a atividade da Pedersen & Partners em Portugal. E está a ser uma experiência fantástica. 5-O meu objetivo profissional está totalmente ligado ao crescimento da Pedersen & Partners em Portugal. Após dois anos de atividade, temos conseguido o nosso espaço no mercado de executive search em Portugal. O que vem a seguir é manter um bom posicionamento no mercado, aumentar a nossa presença e relevância, crescendo em equipa e em volume de negócios. 6-Tenho que confessar que nunca defendi a discriminação positiva para que a mulher chegue a posi-
crianças. Em países como Portugal, a desigualdade também se faz sentir. De acordo com dados divulgados pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), no passado dia 9 de fevereiro: em cada 100 pessoas sem nenhum nível de escolaridade, 71 são mulheres. Por outro lado, as mulheres também estão em maioria entre os que têm cursos superiores. A primeira edição eletrónica da CIG "Igualdade de Género em Portugal: indicadores-chave 2017” indica 8,4% da população com mais de 15 anos não tem nenhum nível de escolaridade completo. Neste grupo, as mulheres representam 71%, o que pode ser
ções de liderança. Nestes dois anos como executive search, nunca me pediram para não apresentar mulheres para uma ou outra posição, nem nunca ofereceram condições salariais diferentes dependendo do género do executivo. É verdade que durante anos da história a função da mulher foi a de cuidar da família e da casa. É verdade que esses anos de história ainda fazem com que às vezes sintamos um peso na consciência por acharmos que não dedicamos a atenção suficiente aos nossos filhos. É verdade que no caso dos homens este peso nem sempre é tão forte e sentem-se mais livres para se dedicarem à carreira profissional. Eu acredito que, na maior parte dos casos, acabam por ser as nossas escolhas, as dos homens e as das mulheres, que nos possibilitam evoluir na carreira. 7-Penso que cada caso é um caso, e nem todas as mulheres nem todos os homens têm características de gestão muito específicas por serem de um determinado sexo. Se tivesse mesmo que apostar em algo, atrevome a dizer que por norma geral as mulheres têm uma intuição maior, o que nos pode ajudar a ver para além dos factos.
explicado pela “população feminina mais idosa". No total, em 2016 havia 495 mil mulheres sem escolaridade obrigatória. O documento revela também que 17,1% da população com mais de 15 anos tem ensino superior completo. Neste grupo, 60% são mulheres, o que remete para "a camada mais jovem da população feminina". As mulheres estão em maioria em todas as áreas do ensino superior, com exceção da Engenharia, das Indústrias Transformadoras e da Construção. No domínio do emprego, os números indicam que em 2016, a taxa de emprego era de 47,5% para as mulheres e de 56,9% para os homens.
8-Estamos a viver um momento no mercado de trabalho muito positivo. As perspetivas económicas continuam a ser muito favoráveis e Portugal está na moda no mundo corporativo a nível mundial. O mercado de trabalho está muito dinâmico e a guerra pelo talento é cada vez mais palpável. Por outro lado, já começamos a sentir escassez de profissionais, sobretudo nas áreas tecnológicas, pelo que cada vez mais temos que ir à procura deles fora de Portugal. 9-Estou muito otimista. Estamos a começar um ciclo de crescimento, pelo que temos que aproveitar! Há quantos anos Portugal não respirava este ambiente tão otimista? Até as mudanças e instabilidades políticas de outros países que temíamos há uns meses, pelo seu impacto na economia, parecem não ter tido grande efeito. Sim, temos que aproveitar. Mas também devemos estar atentos e preparados para o futuro. A longo prazo, a revolução digital irá trazer imensas mudanças no mercado de trabalho. Não é possível saber quais as profissões que surgirão, mas sim podemos começar a aprender para assegurar que iremos ser capazes de nos adaptar.
O relatório alerta para"a baixa participação" das mulheres na área das tecnologias de informação e comunicação (TIC) e sustenta que "se o número de mulheres nas TIC igualasse o dos homens, poderia haver um ganho de cerca de nove9 mil milhões de euros por ano", em termos do PIB, na União Europeia. A questão da tecnologia assumiu particular relevância na Cimeira de Davos, que decorreu na Suíça entre 23 e 26 de janeiro. Um relatório do Fórum Económico Mundial concluiu que a tecnologia poderá aumentar a desigualdade salarial entre géneros e gerar mais perda de emprego nas mulheres do que nos homens, março de 2018
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Ruth Breitenfeld: vice-presidente da Cepsa Portuguesa
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paixonada pelo mundo dos motores, Ruth Breitenfeld licenciouse em Direito e hoje é vice-presidente de uma empresa, que "alimenta" esse mundo. Chegou a exercer advocacia em consultoria de investimento estrangeiro e mais tarde tornou-se senior legal adviser da BP Portugal. A gestora manteve-se no setor do petróleo, passando para os quadros da Cepsa Portuguesa Petróleos em 2006, onde desempenhou as funções de legal manager e de gestora de recursos humanos. Em 2016 assumiu o seu atual cargo, o de vice-presidente do conselho de administração da empresa, que acumula com a função de legal manager da Cepsa Trading – Madrid. 1-Nasci em Angola. A minha infância foi livre e feliz, rodeada de espaço e de horizontes largos! Como sempre gostei de carros, motas e máquinas… queria ser polícia para ter uma mota! Mas também queria inventar máquinas e cantar muito! Depois de peripécias várias – consequência da guerra em Angola – fomos viver para a Namíbia, depois para o Brasil e depois para Portugal. Na Namíbia, a minha ideia era ser cantora. No Brasil houve um professor e uma disciplina em especial – direitos cívicos –que me levaram para o Direito e decidi que era esse o caminho. Tinha 15 anos. Continuando sempre a cantar com alegria e com o objetivo de dar o meu melhor para um mundo mais justo. Se mudei de ideias? Parece-me que não: continuo a gostar de máquinas (carros, motas, tratores), continuo a cantar o mais possível (em coros, em família e sozinha) e a fazer coisas que me fazem sorrir e pondo alegria naquilo que faço. 2-Tenho felizmente uma vida rica em pessoas e todas me influenciaram de algum modo. Decisivo na minha
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vida foi a sorte de ter nascido na família que nasci! Decisivos? Os meus pais e irmãos, sem dúvida. O meu marido, os meus filhos. Decisivos são tantos e cada um à sua maneira! Decisivo é o privilégio de unir num abraço apertado a minha família e os meus amigos, de profissão ou não. Junto seres tão únicos e diversos! As tantas pessoas com que me cruzo e de quem gosto automaticamente, ou não. A influência de todas as pessoas, incluindo as mais difíceis, assim como de situações da vida com as quais se aprende como fazer bem ou como não fazer mal. É um trabalho diário e intenso de aprendizagem! Tenho esta sorte! 3-Sem dúvida o trabalho de construir pontes entre e para as pessoas e encontrar soluções para os distintos desafios que procuro ou que aparecem no meu dia a dia. O grande desafio? Dar em cada momento o meu melhor, humana e tecnicamente, para que o meu trabalho seja construtivo e aporte valor real à nossa organização e a todos nós, pessoas, que a compomos. 4-As decisões mais difíceis foram pessoais, sem dúvida. 5-Pretendo continuar a procurar
projetos que me desafiem e a responder aos mesmos de forma a contribuir com valor real à sociedade, à Cepsa e sobretudo às pessoas. O que quero alcançar? Continuar a acordar pela manhã com a alegria de gostar do que faço! 6-O género não pode condicionar a função e evolução profissionais. Qual o melhor caminho? Continuo a achar que é a educação: na família, nas escolas, nas empresas, no nosso dia a dia. Só por esta via se alteram mentalidades: desconstruir preconceitos e construir relações de diversidade e inclusão. O caminho para a equidade passa por considerarmos apenas as qualidades da pessoa (o mérito, a capacidade, o compromisso, a eficácia…), independentemente de preconceitos de género ou de falsos paternalismos. É verdade que a equidade entre homens e mulheres é um processo em construção. O caminho tem que ser feito por cada um de nós. Cabeme a mim enquanto pessoa mudar; tenho que ser eu – ou seja, cada um de nós, homem ou mulher – o motor desse esforço e dessa mudança. É uma responsabilidade individual, que deve ser promovida, em prol do bem comum. 7-Julgo que não se pode generalizar. Cada pessoa tem as suas características específicas, fruto da sua educação, da sua vivência. A vantagem num cargo de gestão reside na diversidade, que se traduz na capacidade de contribuir para a organização com diferentes perspetivas e pontos de vista, diferentes visões e atitudes. Da integração dessas realidades resulta valor acrescentado para a organização e para a sociedade em geral. 8-Sou otimista por natureza e, com o passar dos anos, também por convicção. A Cepsa publicou
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o seu "Energy Outlook 2030", que reflete de forma muito perspicaz e desafiante as várias tendências de futuro. Somos uma companhia que tem por objetivo potenciar a energia globalmente. E, ainda, levar a cada pessoa a energia que precisa. 9-Sim, sempre. Entendo que se cada um der em cada momento o melhor de si mesmo, se não nos divorciarmos de participar ativamente na vida dos nossos países e
tivermos consciência que a minha ação – individual! – faz a diferença, que temos de encontrar e potenciar no outro o seu melhor. Assim estaremos diariamente a melhorar o mundo em que vivemos. Como não ser otimista? Preocupa-me que cada um não tenha consciência da importância da sua atuação individual e que o bem pessoal é necessariamente a base para o bem coletivo. Se eu conseguir compreender as necessidades do
outro, se com a minha ação conseguir criar relações humanas positivas nas suas múltiplas vertentes (pessoal, profissional, comercial), estudando e conhecendo o terreno dos distintos lados, compreendendo as necessidades do outro e as minhas, de forma assertiva e construtiva, sem dúvida conseguiremos entre todos construir diariamente uma base sólida sustentável para o nosso bem-estar e o dos nossos filhos.
Sandra de Carvalho Dias: diretora-geral do Grupo BC
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om formação académica em Solicitadoria, foi nessa área que Sandra de Carvalho Dias iniciou a sua vida profissional, em 1999. Em 2005 assume as funções de diretora de operações da Nax Management. A gestora está no Grupo BC, especialistas em externalização de processos, sobretudo para os setores da banca e dos seguros, desde 2008. Desempenhou o cargo de diretora de operações até 2015, passando depois a exercer as funções de diretora-geral do grupo em Portugal. 1- Quando era criança sonhava ter uma papelaria, até hoje, tenho uma fixação nos materiais escolares, aquelas paletas de cores dos lápis e dos pastéis de óleo… Cheira a infância. Conforme fui crescendo, fui mudando de planos, quis ser cantora, jogadora de voleibol, antropóloga, mas por fim, durante o meu percurso académico, apaixonei-me pela área bancária, naquilo que são as disciplinas de direito bancário, legal, compliance, auditoria, o direito das obrigações, as garantias, o fascínio da venda do dinheiro e produtos financeiros, as operações e orientei-me de forma a poder exercer uma profissão em que pudesse prestar
serviços à banca, mas sem ser bancária. Também vivi essa experiência, foi muito importante na consolidação dos meus objetivos profissionais, mas não quis permanecer naquela estrutura. 2. Considero que para chegar à posição em que me encontro foi decisiva a minha determinação e bom humor, em primeiro lugar, e o facto de ter tido o privilégio de trabalhar com pessoas de uma sapiência e nível enormes: verdadeiros líderes que partilharam comigo o seu saber e me ajudaram no percurso. Isto, numa área em que maioritariamente
as posições de gestão e direção ainda são ocupadas por homens que continuam (alguns deles) a tratar as mulheres com condescendência. Claro está que, sem muito trabalho, dedicação e estudo, a posição não é possível de manter. Há que dominar os temas, saber do que se está a falar e obviamente, traduzir tudo isso em resultados para a entidade que dirigimos e em soluções para os clientes que temos. Considero-me uma privilegiada, pois faço o que gosto. 3-Ao nível do mercado, sobreviver numa área de negócio em permanente “oscilação”, por depender na razão direta do negócio de terceiros, onde a escalabilidade é quase inexistente por inerência da pequena dimensão do país. Temos de ser muito criativos, eficientes e saber como e quando diversificar. 4- Assumi a direção da empresa em plena época de crise. Tivemos de nos reestruturar, redimensionar, reinventar e a decisão mais difícil que tomei foi a de despedir pessoas…É sempre duro. 5- Bom, o meu trajeto ainda vai a “meio”, tenho ainda muito a aprender, mas tenho como objetivo claro uma experiência internacional. Não
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sei quando, mas, efetivamente, gostaria muito de experimentar a minha área de atividade noutros países. 6-No mercado de trabalho em geral, ainda há muito por fazer, já que apesar de estarmos a assistir a uma evolução diária na atribuição de oportunidades às mulheres, as assimetrias ainda são muito patentes, nomeadamente no que concerne à igualdade de salários. Acho que o caminho tem de ser feito em conjunto, isto é, homens e mulheres juntos e acho que as mulheres têm um papel fulcral neste caminho para a equidade que é o de se deixarem de comparar com os homens, valorizarem-se a si mesmas e não terem receio de valorizar as outras mulheres dentro das estruturas que integram. Na minha opinião, o que interessa é que se seja competente, se tenha o know-how necessário, se traga soluções e se cumpram os objetivos. É uma frase sem género… Mas sim, as mulheres têm o poder do multi tasking e a inteligência emocional mais apurada, são vantagens, desde logo, na negociação, por exemplo. Parece-me, no entanto, que este tipo de comparações a que nos expomos constantemente, tem por vezes um efeito perverso e adverso ao objetivo nele encerrado. Ninguém duvida que uma mulher é tão ou mais capaz do que um homem para ocupar um cargo, seja ele qual for, mas também não podemos
esquecer que, por exemplo, em Portugal, tivemos 850 anos de história em que a mulher não existia como ser com direitos. Apenas em 1931, o direito de voto foi facultado às mulheres, desde que tivessem um curso universitário ou estudos secundários completos, quando aos homens apenas era exigido que soubessem ler e escrever. Com a Constituição de 1933, que consagrava a igualdade dos cidadãos perante a lei, excecionava-se a mulher, tendo em conta “as diferenças inerentes à natureza e também aos interesses da família”. Até ao final de 1969, a mulher não podia sair do país sem autorização do marido e o seu contrato de trabalho só era válido se avalizado pelo marido. Se não houvesse marido, haveria um pai ou um irmão mais velho. Foi unicamente com a constituição de 1976, que foram abolidas todas as restrições baseadas no sexo quanto à capacidade eleitoral dos cidadãos. Em suma, é o caminho das pedras que temos vindo a trilhar de forma brilhante e há que seguir adiante sem dar espaço sequer a que sejamos colocadas em causa devido ao nosso género. 8-Estou otimista na medida em que me parece que fizemos bem os deveres. O setor está a sofrer grandes transformações tanto ao nível dos serviços que pode prestar, como ao nível da sua própria transformação digital e dos seus clientes. Quem opera nesta área sabe que os cus-
a menos que se trave esse processo. “É necessária uma abordagem holística das empresas quando pensam em igualdade de género (…) A diversidade leva à criatividade, o que se torna ainda mais necessário num mundo que atravessa uma [nova] revolução industrial”, defende sobre este tema Saadia Zahidi, responsável pela educação do Fórum Económico, em declarações ao jornal
"The Guardian". A crescente automatização dos setores de atividade afetará mais as mulheres, que representarão 57% dos empregos que irão desaparecer até 2026. Se pensarmos que o exemplo pode e deve vir de cima, a Cimeira de Davos procurou ser inspiradora, já que, pela primeira vez em 48 edições, a reunião de líderes da política e do mundo dos
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tos versus resultados estão na pauta do dia e o outsourcing especializado vai crescer muito nos próximos anos devido à capacidade que tem de garantir esse objetivo. 9- O nosso país está na moda. No entanto, há que trabalhar para a sustentabilidade necessária às próximas gerações. Temos de trabalhar mais a pensar a longo prazo e não apenas com uma agenda própria, seja de legislatura em legislatura, seja de conselho de administração em conselho de administração. É uma tarefa em que cada um de nós tem de fazer a sua parte. Portugal é um país pequeno, mas tem pessoas enormes, profissionais maravilhosos e somos tão capazes como qualquer outro país. Aliás, o nosso empreendedorismo tem-nos catapultado para as primeiras páginas das revistas e jornais de especialidade, nas mais diversas áreas, pelo mundo fora e, por isso, estou otimista quanto ao futuro do nosso país. Quanto ao resto do mundo – parece um lugar comum –, mas preocupame esta forma displicente como se tratam, hoje em dia, os temas do terrorismo, da guerra, da fome, da água, das alterações climáticas... Mas, ao mesmo tempo, tenho a imensa convicção de que as gerações mais jovens estarão muito mais preparadas para atuar onde e como for necessário para defender a “sobrevivência do planeta”.
negócios foi exclusivamente dirigida por sete mulheres. Sete são também as protagonistas deste artigo. Sete líderes, que responderam a um conjunto de perguntas sobre os sonhos que tinham, os que já concretizaram e os que pretendem concretizar. Sete mulheres, que aceitaram partilhar as suas opiniões sobre a gestão, sobre Portugal e sobre a esperada evolução do mundo.
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Vinhos & Gourmet
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Mirabilis Grande Reserva Branco 2015 destacado como um dos melhores brancos do mundo O vinho da Quinta Nova Mirabilis Grande Reserva Branco 2016 foi distinguido com o prémio de “Top White Wine – Northern Portugal” pela Vivino, associado à pontuação média de 4,6/5. Esta classificação, atribuída pelos consumidores, coloca a Quinta Nova num distinto patamar, partilhado por apenas 1% dos produtores listados na comunidade de vinhos online. Anualmente a Vivino atribui os prémios Wine Style Awards para destacar os melhores vinhos do mundo. Em 2017 os vinhos eleitos destacaram-se entre os nove milhões listados pelos pelos wine lovers que utilizaram esta aplicação durante o ano passado. Para Paula Sousa, da Quinta Nova, “esta classificação é muito relevante para consolidar a marca junto dos apreciadores a nível internacional, dado que a Vivino é a comunidade de vinhos mais popular do mundo e a aplicação de vinho móvel mais descarregada”. A Vivino tem 26 milhões de utilizadores, que contribuem com classificações para milhões de vinhos de todo o mundo, e
coletivamente, perfazem o banco de dados que compõe a maior biblioteca de vinhos do mundo. O Mirabilis Branco Grande Reserva Branco 2015 da Quinta Nova foi o primeiro vinho branco nacional a entrar para a relevante lista dos melhores vinhos do mundo de Robert Parker. Um vinho complexo e intenso que atingiu os 94-96 pontos pelo prestigiado crítico internacional, ao lado de nomes como Domaine de la Romané Conti, Chapoutier Hermitage, Guigal, Pape Clement ou o famoso Champagne Krug. Lançado em 2011, o Mirabilis Grande Reserva Branco é um dos melhores vinhos no segmento premium da Quinta Nova Nossa Senhora do Carmo. Surgiu como resultado de um longo estudo da equipa em relação às potencialidades das castas brancas do Douro e de uma visita da equipa à Borgonha, prestigiada região francesa de onde provém os mais afamados vinhos brancos. Este vinho contém mais de 70% de vinha velha, com mais de 85 anos de idade, assim como a seleção do melhor Viosinho e Gouveio que a quinta faz questão de reservar. Na origem da excelência deste vinho estão também as uvas plantadas acima dos 500 metros de altitude no Douro, aspeto que introduz a este vinho do Douro um travo mais fresco, mineral e fino.
Lavradores de Feitoria aposta nos Açores em parceria com a ReprAçores D o Douro, para mergulhar no Oceano Atlântico, a Lavradores de Feitoria está apostada em investir nos Açores. Assim, deu as boasvindas a 2018 e enceta parceria com a ReprAçores, agente local da Vinicom, empresa a quem o produtor duriense confia a distribuição dos seus vinhos das marcas Lavradores de Feitoria, Três Bagos, Meruge e Quinta da Costa das Aguaneiras, que vão agora chegar ao palato dos açorianos e, também, a quem escolhe este arquipélago português para uma estada relaxada. Uma experiência
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que pode ser melhorada com “boa companhia, a de um bom vinho, sobretudo de quem é apreciador do ramalhete vínico deste projeto único”, frisa o produtor duriense. A forte adesão ao turismo nos Açores é visto pela Lavradores de Feitoria como uma oportunidade de negócio, ainda mais quando este produtor tem “nas mãos” um portefólio que permite chegar a públicos e a momentos de consumo diferenciados. O branco, o rosé e o tinto da marca Lavradores de Feitoria são vinhos jovens e frescos, ideais
para aperitivo ou para acompanhar uma refeição mais leve. A marca Três Bagos, pela polivalência das suas referências – branco, Sauvignon Blanc, Reserva tinto, Grande Escolha tinto, Grande Escolha Estágio Prolongado tinto e Colheita Tardia –, é considerada a “todo o terreno” do portefólio. Os Meruge, branco e tinto, estarão à altura de um cozido da Lagoa das Furnas, ao passo que a Quinta da Costa das Aguaneiras combinará na perfeição com a alcatra, prato típico da Ilha Terceira.
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Herdade das Servas com nova identidade e imagem gráfica O Herdade das Servas Colheita Seleccionada tinto 2015 e o Monte das Servas Escolha tinto 2016 são os mais recentes vinhos lançados no mercado pela Herdade das Servas, propriedade vitivinícola localizada às portas de Estremoz e pertença da família Serrano Mira, uma das mais antigas ligadas à produção de vinho no Alentejo (desde 1667). De destacar o facto desta dupla de vinhos ser a primeira a envergar a assinatura “Family Winegrowing Legacy Since 1667”, instituída pelos irmãos Serrano Mira, por altura da celebração dos 350 anos na produção de vinhos no Alentejo. Uma marca – e um “selo” – introduzida, no final de 2017, na identidade gráfica da Herdade das Servas e que acabou por fomentar um ajuste na imagem dos vinhos e demais suportes gráficos. Ao nível dos rótulos, a evidência maior está nos Monte das Servas, com uma nova imagem, um novo tipo de letra e um cortante diferente. Nos Herdade das Servas destaca-se a inclusão da assinatura, mas de forma
bastante discreta. Para assinalar esta mesma efeméride, os irmãos Carlos e Luís Serrano Mira vão, em breve, lançar um livro que conta a história da sua família, que se cruza e funde com a história do vinho no Alentejo. O Herdade das Servas Colheita Seleccionada tinto 2015 resulta da conjugação de quatros castas: Alicante Bouschet (40%), Touriga Nacional (30%), Cabernet Sauvignon (20%) e Trincadeira (10%). É um vinho límpido, dominado pelo vermelho violeta, com aromas de cereja, amora e especiarias, resultantes do estágio parcial de 12 meses em barricas de segundo e terceiro anos de carvalho francês e americano. As notas florais são outra das características deste tinto, que, na boca, se revela estruturado, equilibrado e volumosos, com corpo cheio. O final é persistente. Prevê-se uma longevidade entre
cinco a 10 anos. Já o Monte das Servas Escolha tinto 2016 é feito a partir das castas Aragonez (40%), Alicante Bouschet (30%), Trincadeira (20%) e Syrah (10%), vinho que estagiou seis meses em cubas de inox e foi submetido a um repouso de dois meses em garrafa. Nas notas de prova, destaca-se a limpidez do vinho, de cor vermelho granada, e o aroma de frutos vermelhos. É floral e denota leves notas vegetais. No sabor, é elegante, equilibrado, mas complexo, com um final de boca persistente. O produtor recomenda “o consumo enquanto jovem”.
Marcolino Sebo Wines and Oils apresenta o seu Monte da Vaqueira Tinto 2017 O
produtor borbense Marcolino Sebo Wines and Oils apresentou o seu Monte da Vaqueira Tinto 2017, um vinho Regional Alentejano, baseado nas castas mais típicas da região, Trincadeira, Aragonez e Alicante Bouschet. É um vinho com 13º, de cor rubi carregado e aroma a fruta madura. Na boca, é macio, redondo, encorpado e ligeiramente acídulo, sendo generoso no seu conjunto. Ideal para grelhados, carnes vermelhas e queijos regionais, servido a uma temperatura de entre 18º a 20º centígrados.
Proveniente de vinhas cultivadas em solos argilo-xistosos, o Monte da Vaqueira Tinto 2017 teve fermentação em cubas de inox com temperatura controlada, seguida de maceração. O Monte da Vaqueira Tinto 2017 tem PVP de três euros. Além do Monte da Vaqueira 2017 tinto, são também apresentadas as variedades branco e rosé. Foram produzidas 250 mil garrafas de cada. Jorge Santos foi, mais uma vez, o enólogo responsável pela criação do novo tinto deste produtor alentejano. Textos Actualidad€ actualidade@ccile.org Fotos DR março de 2018
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setor imobiliário
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Vanguard Properties lança 15 empreendimentos entre Lisboa e o Algarve A promover 15 empreendimentos residenciais e turísticos em Portugal, num investimento de mais de 550 milhões de euros nos próximos cinco anos, a Vanguard Properties assume-se como um dos maiores promotores imobiliários no mercado residencial nacional. Um dos maiores projetos em carteira da Vanguard Properties é o Muda Reserve, que fará nascer em Grândola cerca de 200 moradias, hotel, vários espaços comerciais e quintas, integrando áreas de agricultura biológica.
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Texto Clementina Fonseca cfonseca@ccile.org Fotos DR
Muda Reserve é um dos projetos de assinatura da Vanguard Properties, ligado a um grupo de origem suíça, que está a investir em diversos projetos em Portugal, avaliados em cerca de 550 milhões de euros. O grupo tem previsto lançar e concluir num horizonte de cinco anos mais de 15 projetos imobiliários, em diversos pontos de Lisboa e região sul, onde se destaca o Muda Reserve, na aldeia de Muda (em Grândola), de 350 hectares de área em plena paisagem alentejana. O projeto divide-se numa zona residencial de 150 moradias (as Villas da
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Aldeia, cujos lotes variam entre 670 e 2.300 metros quadrados, com áreas de construção entre 150 e 700 metros quadrados) – que incluirá áreas de serviços, comércio e infraestruturas desportivas– e outra área, que os promotores designaram por Casas da Aldeia, que integra um conjunto de cerca de 50 unidades geminadas, com tipologias que variam entre T0 e T3, com diversos equipamentos de apoio, como campos desportivos, piscina, zona comercial, entre outros e ainda uma área de cultivo de produtos biológicos, a explorar pelos proprietários das habitações ou por uma entidade de exploração comum. Na zona rural, irão ser desenvolvidas cerca de 50 casas de até 500 metros de área de construção, mais 100 metros quadrados de alpendre, em quintas com cinco hectares, com uma vasta área para agricultura biológica. Na transição entre a zona urbana e rural, irá ser desenvolvido um hotel de charme, o qual constituirá um pólo de apoio e animação, explica José Cardoso Botelho, managing director da Vanguard Properties. O responsável sublinha “o caráter rural, ambientalmente sustentável do projeto, que é chave na mão, assegurando, assim, a harmonização da arquitetura das casas em toda a zona”. O investimento no projeto Muda Reserve ascenderá no total a 200 milhões de euros e deverá começar a en-
trar em comercialização no início do próximo semestre. A Vanguard Properties é um grupo de investimento imobiliário português, “liderado por um family office europeu que está a fazer um investimento muito forte em Portugal”, que contempla 15 empreendimentos imobiliários a construir de raiz ou adquiridos a terceiros e que a empresa irá terminar, repartidos entre Lisboa, Oeiras, Grândola/ Comporta e Lagoa, no Algarve (foto na pág. ant., em baixo). O grupo assume-se como o “maior promotor na área residencial em Portugal, com um total de 320 mil metros quadrados de área de construção acima do solo”. No centro de Lisboa, o grupo está também a construir e comerciali-
setor imobiliário
zar vários empreendimentos de luxo, como o Castilho 203 (foto em cima, à dir.) ou o Infinity Tower (foto em cima, à esq.), projetado para Campolide e que será um dos edifícios mais altos de Lisboa (com 80 metros de altura e 26 pisos acima do solo). Os imóveis que integram os empreendimentos do grupo têm como público alvo tanto o mercado nacional, como compradores de nacionalidades como a espanhola, francesa, belga, suíça, brasileira ou norte-americana. “O impacto do imobiliário na economia nacional é maior do que à primeira vista parece, impulsionando muitas outras áreas”, durante um largo período de tempo, destaca ainda o gestor.
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“Convergir com a Europa, até 2030, implica atingir 3% da riqueza produzida em atividades de I&D” O desenvolvimento das atividades de I&D é fundamental para aumentar o emprego qualificado e atrair e reter talentos, tão necessários à recuperação económica do país, sublinhou o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Tal só será possível com uma “estreita colaboração” entre entidades públicas e privadas, contando ainda em alguns casos com parcerias com congéneres espanhóis, adiantou Manuel Heitor, num recente almoço de empresários organizado pela CCILE.
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Texto Actualidad€ actualidade@ccile.org Fotos Sandra Marina Guerreiro sguerreiro@ccile.org
ão cada vez mais os projetos no âmbito de parcerias constituídas entre instituições portuguesas – públicas e privadas – de ensino e de investigação, desenvolvimento e inovação (IDi) e congéneres espanholas, no contexto da política de consolidação dos investimentos nesta área que o Executivo português está a desenvolver, com vista à recuperação e convergência económicas com a Europa. A afirmação foi proferida pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, num almoço-debate organizado pela Câmara de Comércio e Indústria LusoEspanhola (CCILE), realizado em Lisboa, no passado dia 22.
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O ministro salientou, nomeadamente, Por outro lado, Portugal e Espanha as parcerias de âmbito ibérico firmadas estão envolvidos numa “rede inédita com instituições espanholas de coope- de supercomputação, que estamos a ração científica e tecnológica, que visam construir em estreita colaboração com potenciar os desenvolvimentos nestas o Centro de Supercomputação de Baráreas a nível europeu, dando desde logo celona e com o Governo espanhol, para cinco exemplos recentes de cooperação, que a Península Ibérica possa participar que incluem, nomeadamente algu- de forma ativa na Rede Europeia de Sumas empresas ou fundações privadas. percomputação”, como uma estrutura Manuel Heitor referiu, assim, acordos única, para apoiar o desenvolvimento celebrados pelo seu Ministério, nome- empresarial, nomeadamente a nível de adamente a nível da investigação mé- processamento de grandes quantidades dica e clínica, envolvendo a Fundação de dados, nos setores da saúde, financeipara a Ciência e Tecnologia (FCT) e a ro ou energia. espanhola Fundação La Caixa, de for- Além destes dois, Manuel Heitor desma a financiar a investigação clínica em tacou ainda outros projetos transnahospitais portugueses e espanhóis para cionais recentemente lançados, como estudo de novas terapias médicas. a “Agenda Atlântica”, que envolve
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Espanha e Portugal no Centro Internacional de Investigação do Atlântico, incidindo sobre tecnologias espaciais e oceânicas, para analisar e valorizar as regiões atlânticas no contexto atual das mudanças climáticas, explicou Manuel Heitor, perante a plateia de cerca de 200 empresários, gestores e outras individualidades presentes no evento. De salientar ainda os “projetos de âmbito transfronteiriço já identificados na última Cimeira Luso-Espanhola como prioritários no espaço europeu, como, por exemplo, a Rede Ibérica de Investigação e Inovação de Montanha”, no nordeste transmontano, que irá colaborar com congéneres da Galiza, adiantou, ou ainda a iniciativa da fundação Prima-Parceria para a Investigação e Inovação na Região Mediterrânica, com sede em Barcelona e que, além dos dois países ibéricos integra ainda Itália, para a investigação e inovação no Mediterrâneo, alargando ao norte de África, em termos agroindustriais, da gestão sustentável da água e da eficiência energética. A finalidade deste projeto de I&D será, designadamente, o desenvolvimento dos sistemas de agricultura endógena dos dois países ibéricos. “Pretendemos criar, até 2030, 25 mil empregos qualificados em Portugal” Os exemplos da cooperação entre os dois países referidos por Manuel Heitor no encontro inserem-se no contex-
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02 sula Ibérica, conseguirmos atingir 3% da riqueza produzida em atividades de I&D”, conclui o ministro, salientando que, “no caso português, isto implica multiplicar por quatro a despesa privada em I&D”. Para tal, há que “criar, até 2030, 25 mil empregos qualificados em Portugal”, resume Manuel Heitor, apontando o caminho da recuperação do investimento para valores pré-crise de 2008, quer em Portugal quer em Espanha. Só em 2016 se conseguiu começar a recuperar o investimento dedicado à IDi, tendo Portugal aumentado to do reconhecimento da necessidade o valor em 0,1%, juntamente com Esde “convergir para a Europa, até 2030, panha, através da cooperação instituo que implica claramente multiplicar a cional e de parcerias público-privadas despesa pública e privada, e, na Penín- entre os dois países (ver também artigo
Eduardo Gutiérrez elogiou Portugal pelos “avanços positivos na educação” e o trabalho conjunto das universidades portuguesas e espanholas
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na pág. 26).Só deste modo se poderão para as atividades espaciais, a chamada recuperar parte dos profissionais quali- “Lei do Espaço”, para fomentar a IDi ficados que abandonaram o território ao nível das novas atividades aerospaibérico, desde 2010, para outras regiões ciais no espaço atlântico. No mesmo encontro, o embaixador menos afetadas pela crise. Em vista estão, desde logo, profes- de Espanha em Portugal, Eduardo sores, investigadores e pós-graduados, Gutiérrez, sublinhou os “avanços posique se espera que integrem o mercado tivos na educação em Portugal”, tendo empresarial. O Governo pretende que, até 2030, os licenciados abranjam já metade de toda a população empregada, contra os atuais 33%. Também ao nível das instituições de ensino superior, se pretende “atrair estudantes de todo o mundo”, dentro de uma rede ibérica que permita a mobilidade de estudantes e professores. “Num esforço de inovação, estamos a reformar o regime legal das instituições de I&D, facilitando as parcerias internacionais estratégicas, nomeadamente com Espanha”, adiantou o ministro. Finalmente, referiu, no seu discurso, que foi lançado um novo regime legal 56 act ualidad€
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em conta os últimos dados do PISA (Programme for International Student Assessment) e da OCDE e referiu diversos projetos e programas de cooperação pública ou público-privada que têm sido desenvolvidos pelas autoridades e instituições espanholas ligadas à educação, em articulação com con-
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géneres em Portugal, no âmbito do outros – a escolher a via do ensino e a tempo, a professores. Eduardo Gutiensino superior e do desenvolvimento lecionar nas escolas básicas ou secun- érrez, que terminou o seu discurso já tecnológico. dárias a língua castelhana. em português, citou o Presidente da O diplomata sublinhou ainda o facto E destacou, por fim, os programas República de Portugal, que afirmou de existirem licenciaturas e pós-gradu- comunitários Erasmus, que permitem que “a educação é o motor de um país ações, de universidades portuguesas, a estudantes de vários países aprende- e tem um impacto direto na economia em línguas estrangeiras, incluindo o rem em universidades portuguesas ou e na sociedade”, embora os frutos dessa espanhol, havendo depois muitos des- espanholas, ou mesmo facilitar essa aprendizagem demorem “20 anos no tes licenciados – sejam portugueses ou mobilidade, por curtos períodos de mínimo” a surgir. 01.O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, durante o seu discurso
08.Miguel Seco, Luis Anula, Francisco Dezcallar e Luís Castro e Almeida
02.O embaixador de Espanha em Portugal, Eduardo Gutiérrez
09.Nuno Gonçalves do Carmo, Carla Gouveia, Margarita Hernández, Sandra Silveira e Maria Celeste Hagatong
03.Paulo Sá e Cunha, Pedro Rodrigues e Mário Duarte 04.Luís Mira Amaral e José Amado da Silva 05.Juan Matias, Paula Caetano, José Amado da Silva e Luis Anula 06.Eduardo Andrade, Crispin Stillwell, Sadayoshi Takagawa e Jorge Moreira 07.José Henriques, Rui Mesquita e Tiago Almeida
10.Bernardo Amaral, Miguel Matos, Eduardo Serra Jorge e Dulce Anahory 11.Luís Castro e Almeida, Maria Celeste Hagatong, Maria do Carmo Oliveira e Bernardo Pinheiro-Torres 12.Jorge Vieira, José Gabriel Chimeno, Jose Luis Vega e Miguel Seco 13.Piedad Viñas, Agustín Galán e Natalia Briales
Patrocínios
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Setor automóvel sector automóvil
Por Nuno Ramos nrc.gmv@gmail.com
Lancia Stratos
O regresso de um mito
Embora não com o cunho oficial da Lancia, o Stratos vai regressar às estradas. É o renascimento de um projeto iniciado em 2010, que teve a mão do conceituado piloto português, Tiago Monteiro.
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Fotos DR
Fiat Chrysler Automobiles tem investido bastante no melhoramento e rejuvenescimento da Alfa Romeo e Maserati, mas não se pode dizer o mesmo relativamente à Lancia, limitada a um único modelo, exclusivo para o mercado italiano (Ypsilon), a marca está reduzida a uma sombra do que já foi. No entanto, através de uma edição limitada, a FCA decidiu retomar a produção de um dos seus mais respeitados modelos, o Stratos. Trata-se de um modelo de produção muito limitada, apenas 25 unidades previstas, que será produzido pela Manifattura Automobili Torino com base num protótipo revelado em 2010 e que, na época, contou 58 act ualidad€
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com a ajuda de Tiago Monteiro no seu desenvolvimento. A apresentação deste novo projeto pela MAT terá lugar no Salão de Genebra, no início de março, com três variantes previstas. Uma para pista denominada GT, uma mais versátil que deverá ser inspirada no universo dos ralis, denominada Safari, e, por fim, uma outra que ainda não foi divulgada. A MAT apesar de fundada apenas em 2014, a Manifattura Automobili Torino tem ganho cada vez mais relevância no panorama automóvel. A empresa está envolvida no desenvolvimento e produção de máquinas como o Scuderia Cameron Glickenhaus SCG003S e o mais recente Apollo Arrow. O seu fundador, Paolo Garella, é um
veterano no meio automobilístico, fez parte da Pininfarina e já esteve envolvido na criação de mais de 50 projetos de automóveis únicos nos últimos 30 anos. A base deste novo Stratos é o Ferrari F430 e tal como o Stratos original, o motor continuava a ser da marca do cavallino rampante, ainda que agora se tratasse de um V8 em vez de um V6. Esta nova máquina manterá as dimensões compactas do protótipo de Stoschek, onde se inclui a curta distância entre-eixos, tal como o Stratos original. Também o peso deverá ser contido, abaixo dos 1300 kg, tal como o protótipo de 2010. O design exterior e o interior do novo
sector automóvil Setor automóvel
Lancia Stratos,serão inspirados no mo- equipa o modelo mantém-se nos 503 segundos e atingirá uma velocidade delo clássico da década de 1970. cavalos, mais 310 cavalos do que o do máxima de 270 quilómetros/ hora, liÉ inteiramente construído em fibra de Stratos dos anos 70, que era propul- mitada eletronicamente. carbono, característica que lhe permi- sionado por um motor V6, também Os preços, ainda não foram divulgate ter apenas 1240 quilos e uma distri- da Ferrari. dos, mas visto a limitada produção, buição de peso de 50/50. A potência Em termos de desempenho, vai dos não devem ser acessíveis a todas as do motor V8 Ferrari de 4.3 litros que zero aos 100 quilómetros/ hora em 3,2 bolsas.
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Serviço de Tradução certificada e intérprete Servicio de traducción certificada e intÉrprete Avenida Marquês de Tomar, nº 2, 7º andar - 1050-155 LISBOA Telefone 213509310 Fax 213526333 março de 2018 jnieto@ccile.org; smarques@ccile.org
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Imposto
Até
Declaração a enviar/Obrigação
Entidades Sujeitas ao cumprimento da obrigação
Observações
*À data da preparação desta informação ainda não estava disponível o novo modelo.
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IVA
Declaração periódica mensal e respetivos anexos, relativa às operações efetuadas em janeiro/2018
Contribuintes do regime normal mensal
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Segurança Social
Envio da declaração de remunerações com as contribuições relativas ao mês de fevereiro/2018
Entidades empregadoras
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IRS
Entrega da declaração mensal de remunerações, relativas a fevereiro/2018
Entidades devedoras de rendimentos do trabalho dependente sujeitos a IRS (ainda que isentos ou excluídos da tributação)
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IRS/IRC/ SELO
Pagamento das retenções na fonte de IRS e IRC efetuadas ou do Imposto do selo liquidado em fevereiro/2018
Entidades devedoras dos rendimentos e do Imposto do selo
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Segurança Social
Pagamento das contribuições relativas a fevereiro/2018
Entidades empregadoras
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IVA
Entrega da declaração recapitulativa relativa às transmissões intracomunitárias de bens e/ou prestações de serviços realizadas em fevereiro/2018
Contribuintes do regime normal mensal, ou do regime trimestral quando o total das transmissões intracomunitárias de bens tenha excedido 50.000 € no trimestre em curso ou em qualquer dos quatro trimestres anteriores
É aplicável aos sujeitos passivos isentos ao abrigo do artº 53º do CIVA, que tenham efetuado prestações de serviços a sujeitos passivos de outros Estados Membros quando tais operações se considerem aí localizadas
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IVA
Comunicação dos elementos das faturas emitidas em fevereiro/2018
Sujeitos passivos do IVA
- Por transmissão electrónica de dados (faturação eletrónica), em tempo real, através do Webservice da AT; - Por envio do ficheiro SAF-T(PT), mensalmente, através do Portal da AT; - Por inserção direta no Portal da AT
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SELO
Envio da declaração mensal de Imposto do Selo relativa a fevereiro/2018
Sujeitos passivos de Imposto do Selo
Nova declaração*
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IRS
Comunicação da opção pelo regime de contabilidade organizada
Sujeitos passivos de IRS (Categoria B)
Através da declaração de alterações
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IRC
Pagamento Especial por Conta (PEC)
Sujeitos passivos que exercem a título principal, uma atividade de natureza comercial industrial ou agrícola
1ª prestação (50%) ou a totalidade do PEC
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IRS/IRC
Envio da declaração mod. 30 – Rendimentos pagos ou colocados à disposição de não residentes, em janeiro/2018
Entidades devedoras dos rendimentos
Obtenção de nº de identificação fiscal especial para o não residente
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IRC
Envio da declaração para opção (ou alterações) pelo regime especial de tributação dos grupos de sociedades
Sociedade dominante
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IVA
Pedido de restituição do IVA suportado em 2017 noutro Estado membro da EU
Sujeitos passivos do IVA
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Pode ainda ser enviada até 30 de setembro
bolsa de trabajo Bolsa de trabalho
Página dedicada à divulgação de Currículos Vitae de gestores e quadros disponíveis para entrarem no mercado de trabalho Código
Sexo
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F
Data de Nascimento Línguas
Área de Atividade
PORTUGUÊS/ INGLÊS
CONSULTORA DE VENDAS E PUBLICIDADE
BE170166
F
14/04/1993
ESPANHOL/ PORTUGUÊS/ INGLÊS
ADMINISTRATIVA
BE170167
M
17/12/1988
INGLÊS/ FRANCÊS
CONSULTOR
BE180101
F
ESPANHOL/ ITALIANO/ FRANCÊS/ INGLÊS
SECRETÁRIA DE ADMINISTRAÇÃO
BE180102
F
GALEGO / ESPANHOL / PORTUGUÊS / INGLÊS / CATALÃO
DESENHADORA GRÁFICA
BE180103
F
15/07/1967
INGLÊS/ FRANCÊS/ ESPANHOL/ ITALIANO
ANALISTA FUNCIONAL/ PROGRAMADOR/ MODELAÇÃO DE DADOS/ GESTÃO E COORDENAÇÃO DE PROJETOS
BE180104
F
03/03/1981
INGLÊS/ FRANCÊS/ PORTUGUÊS
ADMINISTRAÇÃO
BE180105
M
11/02/1972
INGLÊS/ PORTUGUÊS
ÁREA COMERCIAL
BE180106
F
23/01/1971
ESPANHOL/ INGLÊS
ASSISTENTE DE DIREÇÃO
BE180107
F
INGLÊS/ FRANCÊS/ ESPANHOL
ASSESSORIA DE ASSUNTOS PÚBLICOS PARA ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS. INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS
BE180108
M
05/06/1990
CATALÃO/ ESPANHOL/ INGLÊS/ ITALIANO/ FRANCÊS
CONSULTOR ANALISTA / MARKETING DIGITAL
BE180109
M
04/01/1992
INGLÊS
CONSULTOR
BE180110
M
12/07/1968
INGLÊS / FRANCÊS
ADMINISTRATIVO
Os Currículos Vitae indicados foram recebidos pela CCILE e são cedidos aos associados gratuitamente. Para tal, os interessados deverão enviar um e-mail para rpinto@ccile.org, solicitando os contactos de cada uma das referências. A CCILE não se responsabiliza pelo conteúdo dos mesmos. Los Currículos Vitae indicados han sido recibidos en la CCILE y los facilitamos a nuestros socios gratuitamente. Para ello deberán enviarnos un e-mail para rpinto@ccile.org, solicitando los contactos de cada referencia de su interés. La CCILE no se responsabiliza por el contenido de los mismos.
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n ovm em ab rç ro de 2018 4
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barómetro financeiro
barómetro financiero
Atividade económica e consumo privado abrandam atividade económica continua a A crescer, mas a um ritmo menor do que nos meses anteriores, de acordo com os dados do Banco de Portugal. Assim, o indicador de atividade económica cresceu 2,4% em janeiro, quando comparado com o mesmo período do ano passado, revelando o ritmo mais lento de crescimento desde fevereiro de 2017. Além de ser o mais lento do último ano, representa também o quinto mês consecutivo de abrandamento. Já no último trimestre do ano passado, o PIB cresceu 2,4%, o que corresponde a um abranda-
Economia europeia com o melhor trimestre dos últimos oito anos
A economia europeia continua a dar sinais de forte crescimento, sendo que a expansão terá acelerado no primeiro trimestre para o ritmo mais forte em oito anos. De acordo com a IHS Markit, apesar do índice de gestores de compras PMI para a Zona Euro ter recuado em fevereiro para 57,5 pontos (contra 58,8 em janeiro), o ritmo de expansão na Zona Euro permanece forte. A atual leitura deste índice, que mede a atividade do setor dos serviços e indústria, aponta para um crescimento do PIB de 0,9% no primeiro trimestre na Zona Euro, o que, a confirmar-se, representa o ritmo de expansão mais forte em oito anos. A melhoria do sentimento dos empresários "é um bom presságio, sugerindo que as empresas acreditam que este abrandamento será temporário", refere a entidade, adiantando que a taxa de crescimento deste setor "permanece impressionante".
mento face aos trimestres anteriores. As previsões apontam mesmo para que, este ano, a economia abrande o seu ritmo de crescimento. Depois de o PIB ter aumentado 2,7% em 2017, registando a maior expansão desde 2000, as estimativas oficiais apontam agora para que a economia portuguesa cresça entre 2,3 e 2,4% em 2018. No que respeita ao consumo privado, o indicador revelado pelo Banco de Portugal aponta também para uma travagem no crescimento. O consumo cresceu 2%, o menor aumento desde janeiro do ano passado.
Exportações portuguesas cresceram 10,1% em 2017 As exportações portuguesas regressaram no ano passado ao crescimento de dois dígitos e os dois maiores responsáveis foram os combustíveis e os automóveis, que representaram 32% do aumento total das vendas de bens ao exterior. Entre 2016 e 2017, as exportações de mercadorias aumentaram mais de cinco mil milhões de euros, o que equivale a uma variação de 10,1% (a mais elevada desde 2011). Desse montante, 1.600 milhões de euros vieram de dois grupos de produtos, precisamente os que integram combustíveis e veículos automóveis. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), de realçar ainda o grupo dos aparelhos médicos e de precisão, ótico e de relojoaria (de onde vem 9% da variação), os bens alimentares e bebidas (8%) e os metais base (8%). Quanto aos mercados de destino das exportações de bens, a recuperação de alguns mercados foi, igualmente, decisiva para o crescimento das exportações em 2017, com o Brasil e Angola a voltar a ganhar importância, enquanto na Europa, a Espanha, França e Alemanha juntos representaram 38% do aumento das exportações no ano passado.
Inflação na Zona Euro baixa para 1,3% em janeiro A taxa de inflação na Zona Euro ficou nos 1,3% em janeiro deste ano, indicou o Eurostat, na segunda leitura relativa aos preços no consumidor. No mês de dezembro de 2017, a taxa de inflação estava nos 1,4%, enquanto em janeiro desse ano se fixava nos 1,8%. O maior contributo para a taxa de inflação na área do euro foi dado pelo setor dos serviços, seguido pelo segmento da alimentação, álcool e tabaco, energia e pelos bens industriais não-energéticos.
Já no conjunto da União Europeia, a taxa de inflação no passado mês de janeiro ficou nos 1,6%, baixando face aos 1,7% verificados em dezembro e ainda em janeiro de 2017, adianta o gabinete europeu de estatística. As taxas de inflação mais baixas foram registadas por Chipre, Grécia e Irlanda. Por outro lado, a Lituânia, Estónia e Roménia foram os Estados-membros que registaram a taxa de inflação mais elevada. Em Portugal, em janeiro, a taxa de inflação fixou-se nos 1,1% quando em dezembro estava nos 1,6%. Textos Actualidad€ actualidade@ccile.org
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intercâmbio comercial intercambio comercial
Intercambio comercial luso
español en 2017
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e acaban de hacer públicos los datos estadísticos referentes al comercio exterior español del año 2017 y que se recogen en los siguientes cuadros. Por lo que al comercio hispano portugués se refiere se observa un aumento en ambos sentidos. Las ventas españolas de bienes y servicios superan los 19.843,9 millones de euros lo cual representa un incremento del 10,0% en relación a 2016 cuyas ventas arrojaron, en ese año, la cifra de 18.031,5 M€. A su vez las compras españolas a Portugal en 2017 alcanzaron los 11.001,2 millones de euros frente a los 10.903,4 millones el año anterior lo que representa un ligero incremento del 1%. Estas cifras representan el mejor resultado de siempre, tanto en ventas como en compras con un saldo positivo para España de 8.842,7 millones de
euros y una tasa de cobertura de 180,4%. En el cuadro al lado se recoge la evolución del comercio hispano portugués en los últimos veintidós años y pone de manifiesto el crecimiento continuo de este comercio a pesar de algunos periodos difíciles que tan duramente han fustigado las dos economías ibéricas. En 2017 se mantiene la distribución geográfica del comercio exterior español de las últimas décadas en la que el mercado portugués mantiene la cuarta posición entre los principales clientes de España con un peso relativo del 7,2% y la octava posición entre los principales proveedores del mercado español (3,6% del total de las importaciones españolas). Como dato comparativo en 2007 Portugal absorbía el 8,6% (16.002,9 millones de euros) de las exportaciones
Fuente: Datacomex Secretaria de Estado de Comercio.
Balanza
1.Balanza comercial de España con Portugal en enero-diciembre de 2017 VENTAS ESPAÑOLAS 17
COMPRAS ESPAÑOLAS 17
COMPRAS ESPAÑOLAS 16
Saldo 16
Cober 16 %
1.466.668,97
851.614,13
615.055
172,22
1.306.388,32
835.926,87
470.461
156,28
feb
1.497.298,88
908.400,89
588.898
164,83
1.412.560,60
883.173,09
529.388
159,94
mar
1.782.642,64
1.027.991,04
754.652
173,41
1.538.563,58
935.140,90
603.423
164,53
abr
1.570.079,36
948.408,69
621.671
165,55
1.455.584,35
927.226,61
528.358
156,98
may
1.727.541,71
985.698,49
741.843
175,26
1.524.966,29
950.808,56
574.158
160,39
jun
1.722.502,69
926.660,01
795.843
185,88
1.600.531,67
969.597,82
630.934
165,07
jul
1.632.006,65
860.328,97
771.678
189,70
1.560.278,35
955.344,56
604.934
163,32
ago
1.453.118,61
798.746,21
654.372
181,92
1.351.994,55
742.789,86
609.205
182,02
sep
1.762.712,45
888.575,41
874.137
198,38
1.624.411,19
959.544,67
664.867
169,29
oct
1.755.813,79
933.307,97
822.506
188,13
1.559.048,72
893.131,11
665.918
174,56
nov
1.834.134,01
1.013.297,56
820.836
181,01
1.597.647,04
993.441,19
604.206
160,82
dic
1.639.428,96
858.205,08
781.224
191,03
1.499.512,94
857.227,02
642.286
174,93
19.843.948,71
11.001.234,46
8.842.714
180,38
18.031.487,61
10.903.352,26
7.128.135
165,38
Valores en miles de euros. Fuente: A.E.A.T y elaboración propia
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Cober 17 %
VENTAS ESPAÑOLAS 16
ene
Total
Saldo 17
Rankings 2.Ranking principales países clientes de España enero-diciembre de 2017
totales españolas, que totalizaron 185.023,2 millones de euros, y en ese mismo año Portugal vendió a España productos y servicios por valor de 9.267,6 millones, es decir, el 3,2% del total de las importaciones españolas cuya cifra total superó los 285.038,3 millones ese año. Por lo que a la distribución sectorial se refiere y que se recoge en los cuadros 4 y 5 la partida 87-Vehículos automóviles; sigue liderando tanto la oferta española (1.816,9 millones de euros) como la demanda (1.164 millones) y esta partida representa el 9,7% del comercio bilateral. Otra importante partida es la 27-Combustibles, aceites minerales con ventas por valor de 1.180,3 millones de euros y 924,4 millones en compras. El peso de esta partida en el comercio bilateral es del 6,8%. De destacar, igualmente, la partida 39-Materias plásticas; sus manufacturas con un peso relativo de 6,7% en el comercio entre los dos países que corresponde a un volumen de ventas 1.273,9 millones de euros y 799,9 millones de euros de compras. Cataluña en términos globales representa la Comunidad Autónoma con el mayor peso relativo en el comercio bilateral, habiendo alcanzado en 2017 un total de 6.280 millones de euros, de los cuales 4.669,8 millones corresponden a las ventas catalanas y 1.610,1 millones a las compras catalanas a Portugal. La Comunidad de Madrid lidera las compras españolas con 1.936,0 millones de euros y el segundo puesto en la oferta española con 2.739,8 millones (16,2% del comercio bilateral). Galicia, con una cifra de intercambios de 4.651,8 millones de euros representa un importante peso en el comercio entre Portugal y España. Se habrá de destacar que este conjunto de tres comunidades autónomas representa el 52% del comercio entre los dos países.
Orden País
Importe
1
001 Francia
41.636.815,57
2
004 Alemania
30.946.490,17
3
005 Italia
22.243.043,29
4
010 Portugal
19.843.948,71
5
006 Reino Unido
18.950.318,65
6
400 Estados Unidos
12.461.488,50
7
003 Países Bajos
9.549.180,01
8
017 Bélgica
8.258.136,08
9
204 Marruecos
8.024.801,65
10
720 China
6.257.646,47
11
052 Turquía
5.730.520,09
12
060 Polonia
5.465.957,88
13
412 México
4.598.367,64
14
039 Suiza
4.129.361,15
15
952 Avituallamiento terceros
2.925.516,34
16 17 18 19
208 Argelia 508 Brasil 732 Japón
2.672.600,60 2.509.150,82 2.446.272,54
4.Ranking principales productos comprados por España a Portugal enero-diciembre de 2017 Orden Sector
Importe
1
87 VEHÍCULOS AUTOMÓVILES; TRACTOR
1.163.973,05
2
27 COMBUSTIBLES, ACEITES MINERAL.
924.445,41
3
39 MAT. PLÁSTICAS; SUS MANUFACTU.
799.926,80
4
84 MÁQUINAS Y APARATOS MECÁNICOS
563.885,58
5
72 FUNDICIÓN, HIERRO Y ACERO
554.442,71
6
94 MUEBLES, SILLAS, LÁMPARAS
437.892,85
7
85 APARATOS Y MATERIAL ELÉCTRICOS
431.353,80
8
61 PRENDAS DE VESTIR, DE PUNTO
424.458,11
9
03 PESCADOS, CRUSTÁCEOS, MOLUSCOS
356.130,89
TOTAL
11.001.234,46
Valores en miles de euros. Fuente: A.E.A.T. y elaboración propia
5.Ranking principales productos vendidos por España a Portugal enero-diciembre de 2017 Orden Sector
Importe
1
87 VEHÍCULOS AUTOMÓVILES; TRACTOR
1.816.904,32
2
84 MÁQUINAS Y APARATOS MECÁNICOS
1.403.537,51
3
39 MAT. PLÁSTICAS; SUS MANUFACTU.
1.273.904,76
4
27 COMBUSTIBLES, ACEITES MINERAL.
1.180.269,77
5
85 APARATOS Y MATERIAL ELÉCTRICOS
1.067.183,31
951 Avituall.y combust. intercambios comunitarios
2.395.573,39
038 Austria
2.378.084,67
6
02 CARNE Y DESPOJOS COMESTIBLES
657.007,05
SUBTOTAL
213.423.274,23
7
03 PESCADOS, CRUSTÁCEOS, MOLUSCOS
616.221,80
TOTAL
277.125.735,95
8
62 PRENDAS DE VESTIR, NO DE PUNTO
584.932,83
Valores en miles de euros. Fuente: A.E.A.T. y elaboración propia
9
15 GRASAS, ACEITE ANIMAL O VEGETA
20
3.Ranking principales países proveedores de España enero-diciembre 2017 Orden País 1
004 Alemania
Importe
2
001 Francia
33.331.259,04
720 China
25.661.941,46
4
005 Italia
20.183.685,37
5
400 Estados Unidos
13.823.565,29
6
003 Países Bajos
12.487.098,86
7
006 Reino Unido
11.443.924,44
8
010 Portugal
11.001.234,46
9
017 Bélgica
7.807.904,71
10
204 Marruecos
6.284.068,13
11
052 Turquía
6.116.842,81
12
060 Polonia
5.217.969,83
13
208 Argelia
4.580.016,01
14
288 Nigeria
4.385.775,34
15
061 República Checa
4.175.844,14
16
508 Brasil
4.064.838,03
17
412 México
4.058.997,30
18
732 Japón
3.928.345,74
19
664 India
3.877.359,15
20
632 Arabia Saudí
3.684.132,59
SUBTOTAL
225.010.832,06
TOTAL
301.870.069,09
Valores en miles de euros. Fuente: A.E.A.T y elaboración propia.
19.843.948,71
Valores en miles de euros. Fuente: A.E.A.T. y elaboración propia
6.Evolución del Intercambio Comercial Portugal-España 2017
38.896.029,35
3
544.635,59
TOTAL
7.Ranking principales CC.AA. proveedoras/clientes de Portugal enero-diciembre 2017 CC.AA.
VENTAS ESPAÑOLAS 17
COMPRAS ESPAÑOLAS 17
Cataluña
4.669.835,32
Madrid, Comunidad de
1.936.013,96
Madrid, Comunidad de
3.064.444,76
Galicia
1.912.046,78
Galicia
2.739.774,59
Cataluña
1.610.141,42
Andalucía
2.114.379,88
Andalucía
1.005.924,43
Castilla-La Mancha
1.422.462,80
Comunitat Valenciana
950.305,22
Comunitat Valenciana
1.170.051,24
Castilla y León
645.247,43
Valores en miles de euros. Fuente: A.E.A.T y elaboración propia.
março de 2018
ac t ua l i da d € 65
oportunidades de negócio
oportunidades de negocio
Empresas Portuguesas
Oportunidades de
negócio à sua espera
BUSCAN
REFERENCIA
Empresas españolas importadoras de vestidos de noche
DP171104
Empresas españolas proveedoras de desechables para industria alimentaria
DP180101
Fabricantes españoles de copos de patata desidratada para hacer puré instantaneo
DP180102
Empresas españolas fabricantes de cemento 42,5N OPC CEM II
DP180201
Empresa española distribuidora de pellets Empresas españolas fabricantes de carrocería, remolque, semirremolque, componentes eléctricos y electrónicos y piezas de automóviles Empresas españolas proveedoras de ácido oleico Empresas españolas interesadas en representar el proyecto "My Perfect Way" (paquetes turísticos de senderismo y montañismo) Empresa portuguesa especializada en decoración y joyería, busca empresas españolas del mismo sector para presentar sus productos
DP180202
Empresa portuguesa de equipamentos para motoristas busca agentes comerciales para el mercado español
OP170802
Empresa portuguesa del sector de metalomecánica busca agentes comerciales para el mercado español
OP170803
Empresa portuguesa de construcción de quioscos y espacios comerciales busca agentes comerciales para el mercado español Empresa portuguesa de prestación de servicios de instalación de fibra óptica en la red de cliente o en el área de la construcción
DP180203 DP180204 OP170602 OP170801
OP171001 OP171002
Empresas Espanholas PROCURAM
REFERÊNCIA
Empresas portuguesas do setor agropecuário
DE170902
Empresas portuguesas fabricantes de parafusos franceses e normais Distribuidores de amêndoas em Portugal Empresas portuguesas de mão de obra de alvenaria (pedreiros), cofragem, outros
DE171001 DE171101 DE171102
Contabilistas em Lisboa que falem espanhol
DE171103
Empresas portuguesas fabricantes de malas em pele Empresas portuguesas fabricantes de rolamentos, engrenagens e dispositivos de transmissão mecânica Empresa espanhola do setor dos congelados procura agente comercial para Portugal Empresa espanhola representante de marcas e produtos relacionados com a medicina desportiva/ ortopedia e puericultura, procura profissionais de vendas com experiência no setor farmacêutico Empresa espanhola especializada em decoração e no setor infantil, procura agentes comerciais para Portugal Empresas portuguesas importadoras/ distribuidoras em Portugal, para apresentar os seus produtos (vinhos e cervejas) Empresas portuguesas de venda online de tecnologia para apresentar a sua empresa (do mesmo setor) para expansão em Portugal
DE180201 DE180202 OE170302
Empresa espanhola do setor energético procura assessor/ agente comercial para Portugal
OE170801
OE170304 OE170305 OE170601 OE170602
Legenda: DP-Procura colocada por empresa portuguesa; OP-Oferta portuguesa; DE - Procura colocada por empresa espanhola; OE- Oferta espanhola
Las oportunidades de negocios indicadas han sido recibidas en la CCILE en los últimos días y las facilitamos a todos nuestros socios gratuitamente. Para ello deberán enviarnos un fax (21 352 63 33) o un e-mail (ccile@ccile.org), solicitando los contactos de la referencia de su interés. La CCILE no se responsabiliza por el contenido de las mismas. As oportunidades de negócio indicadas foram recebidas na CCILE nos últimos dias e são cedidas aos associados gratuitamente. Para tal, os interessados deverão enviar um fax (21 352 63 33) ou e-mail (ccile@ccile.org), solicitando os contactos de cada uma das referências. A CCILE não se responsabiliza pelo conteúdo das mesmas.
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oportunidades de negocio
oportunidades de negócio
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ac t ua l i da d € 67
espaço de lazer
espacio de ocio
Fernando Pessoa y la vanguardia portuguesa en el Reina Sofía La exposición del museo Reina Sofía “Pessoa. Todo arte es una forma de literatura” acerca al espectador a la poco conocida escena vanguardista portuguesa de la primera mitad del siglo XX. Coproducida junto a la Fundación Calouste Gulbenkian, se exhibe en Madrid hasta el 7 de mayo.
L
Texto Belén Rodrigo brodrigo@ccile.org Fotos DR
as reflexiones y escritos del una senda propia sin adherirse de poeta luso Fernando Pessoa manera definitiva a ninguna de las (1888-1935) es el hilo argu- corrientes predominantes. Pessoa no mental de la muestra que tan se ocupó tanto de las artes visuales buena acogida está teniendo en pero coincidió en todas las revistas Madrid. Más de 160 obras de arte, vanguardistas portuguesas con todos entre pintura, dibujos y fotografía, tienen el cometido de dar a conocer a los protagonistas de la vanguardia portuguesa. Obras que pertenecen a artistas como José de Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Sarah Affonso, Júlio o Sonia y Robert Delaunay. Pessoa y los artistas visuales coterráneos de aquella época nunca fueron miméticos seguidores de las innovaciones surgidas en los centros neurálgicos como París. El futurismo, el cubismo o el orfismo fueron analizados con interés tanto por Pessoa como por los más destacados artistas del momento en Portugal, pero todos ellos buscaron
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março de 2018
los artistas de las vanguardias, tal y como recuerda uno de los comisarios de esta muestra y subdirector del Reina Sofía, João Fernandes. El poeta luso creó “sus propias vanguardias y sus propios conceptos”, alrededor
espacio de ocio
de los cuales se vertebra la exhibición: “Paulismo, interseccionismo y sensacionismo”. De ahí que se presta también atención a las revistas en la que escribió Pessoa, como ‘A Águia’, ‘Orpheu’, ‘K4 O Quadrado Azul’, ‘Portugal Futurista´ o ‘Presença’. El título de la exposición es una cita del poeta a través de uno de sus múltiples heterónimos, Álvaro de Campos, que invitaba a encontrar “el texto silencioso”, el “poema”, que oculta todas las manifestaciones artísticas. “Para Pessoa todas las artes son una forma de literatura. Construyó un momento muy particular en la historia de las vanguardia portuguesa, que es periférica y que asume su periferia”, explica Fernandes. En palabras del propio Pessoa, “el arte es una manera de admirarnos a nosotros mismos. De ahí que la moda sea el arte espontáneo de la gente sencilla. El pensamiento es el espejo del alma; por eso la expresión de nuestras sensaciones, que constituye el arte, siendo una interpretación de las sensaciones por el pensamiento, es vernos en el espejo espiritualmente”. La exhibición cuenta con un importante conjunto de documentos, entre ellos cartas, manuscritos, revistas y libros, en los que es posible acompañar las diversas e importantes relaciones que fluían entre intelectuales y artistas de Portugal y España en aquel periodo. Almada Negreiros y Ramón Gómez de la Serna, por ejemplo, mantuvieron una gran amistad. Hay tam-
bién documentos fílmicos, entre los que se encuentra la primera película de Manoel de Oliveira (1908-2015): “El Duero, trabajo fluvial” (1931), en su versión ya con sonido de 1934. Estructura de la muestra Según Ana Ara, otra de las comisarias de la exposición, el recorrido de esta muestra arranca con un espacio dedicado al pensamiento y figura de Pessoa, que está presidido por un retrato del poeta realizado por José de Almada Negreiros. Este apartado incide en la producción teórica que atribuyó a más de cien heterónimos, como Alberto Caeiro, Ricardo Reis o Bernardo Soares. Aguafuertes de Souza-Cardoso ilustran la participación de Portugal en la Primera Guerra Mundial, junto a una colección de caricaturas de la época de Manuel Laranjeira, Almada Negreiros o Américo Amarelhe que ponen el contrapunto satírico. En otra de las salas se aborda el paulismo, que Pessoa define como “el culto insincero de la artificialidad”. Aquí se incluye el tríptico de la vida de António Carneiro, de herencia simbolista, que ha salido de forma excepcional de Portugal. El origen del paulismo, explica Ana Ara, reside en el poema “Pauis” (Humedales), publicado en 1914 en la revista “A Renascença” y que evoca “imágenes repletas de contradicciones y decadentismo”. Bajo el título de interseccionismo se reúnen obras ligadas a los
espaço de lazer
lenguajes de vanguardia, que tienen en común la superposición de planos, a medio camino entre el futurismo y el cubismo. Una de las salas está dedicada a las artes escénicas, que ejercieron una notable influencia en estos artistas, en particular los Ballets Rusos, que estuvieron en Lisboa en 1917 y 1918. Almada Negreiros se inspiró en ellos para pintar los frescos del Cine San Carlos de Madrid, hoy la discoteca Kapital. Para los comisarios, el Sensacionismo fue la más importante de las teorías de Pessoa, aunque en su época tuvo escasa difusión. El recorrido acaba con el periodo de la segunda modernidad portuguesa. Mário de Sá Carneiro, Souza-Cardoso y Santa Rita fueron las figuras más prominentes. La muerte prematura de los tres y la llegada de la dictadura de Salazar contribuyeron a que esta nueva corriente se diluyera de forma temprana. Las obras de la exposición proceden de diversas colecciones privadas y de instituciones como la Fundación Calouste Gulbekian, la Biblioteca Nacional de Portugal o el Centro Pompidou, entre otras. Desde el museo afirman que se ha generado una gran expectación en torno a la muestra que servirá para dar a conocer mejor la cultura portuguesa. Fernandes recuerda que Pessoa “es un autor conocido y leído en España pero no lo son sus compañeros de revista o los artistas que participaron con él en las publicaciones”. março de 2018
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espaço de lazer
espacio de ocio
Prado, a “cozinha puzzle” de António Galapito
Apreciador da informalidade e da diversidade londrinas, o chefe António Galapito quer servi-las em Lisboa, no Prado. Na cozinha deste restaurante monta-se um puzzle, com “produtos locais frescos de qualidade”, sem preocupação com rótulos, nem com a estabilidade da ementa. A carta vai mudando, em função do que chega dos fornecedores e da capacidade de armazenamento da dispensa e do frigorífico.
N
Texto Susana Marques smarques@ccile.org Fotos DR
a cozinha de António Galapito entram ingredientes sazonais, locais, e frescos como os animais autóctones, que são aproveitados na totalidade para a confeção dos pratos que o chefe e a sua equipa vão criando. “A cabeça do porco é transformada numa carne fria, um fiambre”, outras partes nutrem “os mini chouriços, que fazemos e servimos aos clientes”, conta António Galapito, garantindo que nada se perde da carne, do peixe ou de qualquer outro alimento que entre no Prado. À ética, alia-se a economia, já que além de reduzir o desperdício, comprar um animal inteiro sai
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mais barato e multiplica as opções de pratos. Os mesmos objetivos sustentam a opção por fornecedores locais: curtas distâncias permitem poupar no transporte e no tempo e poluir menos. O problema é a disponibilidade dos produtos, lamenta: “Trabalho com carnes de animais autóctones e encontrar fornecedores de vaca ou de porco preto é fácil, mas se eu quiser borrego português já é mais difícil. O mesmo acontece com alguns legumes e frutas. Há muitos produtos de qualidade em Portugal, mas há determinados legumes que não se cultivam cá e poderiam cultivar-se”. Por exemplo, o chefe considera que “há poucas variedades de batata”.
espacio de ocio
António Galapito sente saudades de Londres, onde “a qualidade, a acessibilidade e a diversidade dos produtos era incomparável”. O chefe adapta-se à nova realidade, mas sabe que a falta de alguns produtos limita a evolução. De Londres, onde trabalhou em vários projetos do chefe Nuno Mendes (Bacchus, Viajante, The Corner’s Room e Taberna do Mercado), sente falta também da informalidade: “Londres influenciou-me muito e sinto muitas saudades de alguns restaurantes. O ambiente é espetacular. São muito informais, e isso é muito agradável”. Em Londres, é fácil encontrar boas referências de comida de todo o mundo, mas o critério que preside à escolha de António Galapito não é, no fundo, a geografia: “Desde que seja boa, é irrelevante de que país é a comida”. Nos restaurantes de Nuno Mendes, há uma mistura de influências. O último em que António Galapito trabalhou, a Taberna do Mercado (instalada no Spitalfields Market, o mercado de Shoreditch) é o que mais aposta na comida portuguesa. A cozinha do Prado também acusa influências de vários lugares, ainda que a maioria dos ingredientes sejam locais e da época, assegura António Galapito, um defensor do conceito farm-to-table, uma abordagem à cozinha onde os alimentos vão diretamente do produtor ao consumidor: “A minha cozinha é casual, visualmente muito simples, ainda que a confeção possa ser com-
plexa. É um trabalho de equipa (seis cozinheiros), e cada prato é como um puzzle, ao qual vamos acrescentando peças. Trabalhamos com molhos, com fumados, com uma enorme grelha”. A primeira coisa a chegar à mesa é o pão, que é feito na padaria lisboeta Gleba (Alcântara), um projeto liderado por Diogo Amorim, que produz pão através de técnicas artesanais. “O pão é feito com trigo Barbela e é ótimo”, advoga António Galapito, que apenas lhe acrescenta “uma manteiga de cabra, temperada com sal fumado e alface do mar em pó”. Na ementa do dia em que entrevistámos o chefe, figurava como entrada tosta de toucinho fumado com maçã florina e poejo– “uma maçã produzida em Portugal, muito perfumada e saborosa”. Também era possível pedir berbigão, com acelgas, coentros e pão frito. A carta incluía também pratos como os bróculos roxos, com massa de pimentão e trigo serraceno; peixe espada preto, com nabiças e nabos; lula, soro (o mesmo usado para fazer queijo) e alho francês; creme de couve-
espaço de lazer
-flor, ovo e estufado de Arouquesa (vaca); serrajão (conhecido como bonito), caldo de porco e rabanetes verdes; palito de entrecosto de porco preto. O chefe destaca também os pratos especiais, como bico da pá com abóbora assada e manteiga tostada ou feijão branco, línguas e sames de bacalhau. António Galapito alerta que estes pratos podem ficar na carta por algum tempo, mas também podem sair ou ser alterados, em função dos ingredientes de época disponíveis. Já no capítulo das sobremesas, pode haver uma longevidade maior para propostas como o gelado de cogumelos, cevada, dulse e caramelo, ou a maçã com gelado de natas caramelizadas e massa folhada. A garrafeira, composta por vinhos naturais, é comandada pela sommelier Maria Rodriguez. “Trabalhamos com poucas adegas, a maioria portuguesas, e temos alguns vinhos biológicos estrangeiros”, informa o chefe. O Prado abriu em dezembro de 2017 e ocupa o rés do chão de uma antiga fábrica de conservas, na Baixa lisboeta. Os proprietários desafiaram António Galapito a abrir o seu primeiro restaurante e a voltar para Portugal. “Está a correr bem. Estamos quase sempre cheios e o feedback tem sido positivo”, garante.
Restaurante Prado Travessa das Pedras Negras, 2, Lisboa Tel.: 210 534 649
março de 2018
ac t ua l i da d € 71
espaço de lazer
espacio de ocio
Agenda cultural Livro
“Ferramentas de Team Coaching”
Depois do best-seller “Ferramentas de Coaching”, que vai atualmente na sétima edição, Ana Teresa Penim e João Alberto Catalão lançam “Ferramentas de Team Coaching”. A obra é destinada sobretudo a profissionais de coaching e de recursos humanos, líderes de equipas, especialistas em capital humano e gestão de talento, psicólogos, treinadores, agentes do mundo académico e a todos os interessados no desenvolvimento de equipas. O livro “ t e m c o m o principal objetivo contribuir para a transformação das equipas e orientar o comportamento d o s m e m bros integrantes da equipa para que estes possam aprender e concretizar em conjunto, maximizando tanto o seu potencial individual como o coletivo”. Nesta obra, pode ler-se que “a chave do desempenho das equipas está na dinâmica particular de relações entre os seus membros. Este fator não consegue ser percebido quando observamos como cada indivíduo se comporta isoladamente. E é exatamente aqui que entra o processo de team coaching (…) Este processo cria uma base fundamental de trabalho para o autoconhecimento, faz emergir direções claras para a mudança e facilita acordos de funcionamento para o crescimento e desenvolvimento da equipa”, adianta a obra.
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Exposições
Retrospetiva de Álvaro Lapa em Serralves “Álvaro Lapa é uma das figuras mais enigmáticas da arte portuguesa do século XX, com um corpo de trabalho tão relevante e visualmente atrativo quanto elusivo”, frisa o comunicado do Museu de Serralves que dedica ao artista a mais abrangente retrospetiva alguma vez realizada. “Álvaro Lapa: No tempo todo” é o nome da mostra com mais de 290 obras (pintura, desenho e os alguns objetos) produzidas ao longo de quatro décadas. Nascido em Évora, em1939, o artista viveu muitos anos no Porto (morreu em 2006), onde deu aulas de Estética na Faculdade de Belas Artes do Porto, marcando “gerações consecutivas de artistas”. De acordo com o comunicado, a exposição, comissariada por Miguel von Hafe Pérez, “junta obras de importantes museus e de coleções institucionais e privadas, incluindo coleções pertencentes a artistas, arquitetos e escritores que definiram, também eles, a paisagem artística e intelectual em Portugal na segunda metade do século XX”. O mesmo documento sustenta que “a obra de Álvaro Lapa estrutura-se, em grande medida, em torno dos géneros da paisagem e do retrato, e frequentemente nos espaços entre eles”. Destaque para os “Campésticos” — um neologismo inventado pelo artista que combina as palavras ‘campo’ e ‘doméstico’ — que “aliam o espaço doméstico à horizontalidade da paisagem”. De assinalar que “o léxico visual de Lapa consiste em séries narrativas que incluem a palavra escrita, fragmentos de linguagem e trechos de conversas, bem como elementos pictóricos e autorretratos abstratizantes”. O trabalho do artista “é também marcado por uma intensa e prolongada relação com a literatura, refletida na sua série de pinturas intitulada “Cadernos”, dedicada a figuras literárias como Homero e Rimbaud”. Serralves apresenta ainda um ciclo de artes performativas, cinema e pensamento, estruturado em propostas de diversas disciplinas artísticas, a maioria inéditas, que mostram a influência da obra do artista, do ponto de vista estético e concetual, junto de pensadores, investigadores e artistas ativos no teatro, performance e artes visuais.
Até 13 de maio, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto
A história dos rádios No passado dia 13 de fevereiro, assinalou-se o Dia Mundial da Rádio, recordando a data da primeira emissão da United Nations Radio, em 1946, que chegou em simultâneo a seis países. A data foi também pretexto para a exposição “Radiofonia, a Paixão da Rádio”, que mostra vários aparelhos da coleção de Sansão Vaz, natural de Valença: “A família de Sansão Vaz é detentora de cerca de cinco centenas de telefonias, recetores/emissores de
espacio de ocio
guerra e aparelhos de gravação. A história da sua coleção é iniciada em 1985 com a compra, permuta, retomas e reparações infinitas. A coleção inclui recetores desde 1928 até à década de 60, onde predominam as marcas Philips, RCA, His Master’s Voice, Marconi, Telefunken, Siemens, Roberts Radio, Ultra, Viking, entre outras.” A mostra é organizada pela Fundação Caixa Agrícola do Noroeste e pelo Museu de Olaria-Barcelos, contando com o apoio da Câmara Municipal de Paredes de Coura e do Crédito Agrícola de Paredes de Coura.
Até 16 de março, na Galeria Noroeste, em Paredes de Coura
Coleção da Fundação Bienal de Arte de Cerveira para ver em Cascais Para celebrar os 40 anos da Bienal Internacional de Arte de Cerveira, o Centro Cultural de Cascais mostra várias obras de escultura, pintura e fotografia de Helena Almeida, José Rodrigues, Pedro Calapez, Pedro Cabrita Reis, Ângelo Sousa e Álvaro Lapa, entre outros autores consagrados e emergentes.
espaço de lazer
Com curadoria de Luísa Soares de Oliveira, a mostra decorre no âmbito da programação do Bairro dos Museus de Cascais e na sequência de uma colaboração entre a Fundação Dom Luís I e a Fundação Bienal de Arte de Cerveira.
Até 31 de março, no Centro Cultural de Cascais
Festival
Música, dança e artes plásticas no Lisboa Dance Festival A música eletrónica é o “prato principal” a servir no Lisboa Dance Festival, que conta no cartaz com nomes como Joe Goddard, NAO, Moomin, Steffi, Prins Thomas, KKing Kong, DJ Kitten, Rastronaut, Paraguaii, PGU Panic, Mirror People, DJ Marfox e Xinobi . A terceira edição do festival vai animar, em simultâneo, seis espaços do Hub Criativo do Beato, nos dias 9 e 10 de março, proporcionando momentos de música tecno, house, eletro-disco, eletro-pop, etc. Num outro espaço do Hub Criativo do Beato estarão em exibição algumas obras de artistas que desenvolvem trabalho em torno da música, da dança e da performance. A exposição é organizada em parceria com a BoCA - Bienal de Arte Contemporânea e inclui “uma vídeo-instalação de Dellsperger – “Body Double 35” –, uma colaboração entre os artistas Brice Dellsperger (artista plástico) & François Chaignaud (performer e bailarino), este último artista residente da BoCA em 2017/2018”. A programação do festival inclui também debates para refletir “o movimento cultural de Lisboa (nomeadamente no que concerne à música e dança) e a própria cidade”.
Dias 9 e 10 de março, no Hub Criativo do Beato, em Lisboa Textos Susana Marques smarques@ccile.org Fotos DR
“Estrela” da coleção do Novo Banco no Museu dos Coches A pintura a óleo do séc. XVIII, “Entrada Solene, em Lisboa, do Núncio Aspotólico Monsenhor Giorgio Cornaro”, considerada a obra mais importante do núcleo de pintura da coleção de arte do Novo Banco ficará exposta em permanência no Museu Nacional dos Coches, em Lisboa. Este é o primeiro passo dado no âmbito do protocolo entre a Direção Geral do Património Cultural e a NB Cultura, marca do Novo Banco recentemente criada para “preservar, promover e partilhar com a sociedade portuguesa o seu relevante património cultural e artístico, através de parcerias com entidades públicas e privadas, como museus e universidades, de âmbito nacional e regional”. O Novo Banco assinou no passado dia 29 de janeiro o referido protocolo, que “servirá de referência para esta estratégia de preservação e fruição pública da coleção de arte do Novo Banco, composta por um núcleo de pintura com “mais de 90 obras relevantes de pintura portuguesa e europeia de várias épocas”; uma coleção de fotografia contemporânea, que está “entre as melho-
res coleções empresariais do mundo”; uma coleção de Numismática, que é “uma das maiores e mais completas coleções de numismática portuguesa”; e inclui ainda a Biblioteca de Estudos Humanísticos, que é “das mais valiosas bibliotecas particulares especializadas em estudos humanísticos”.
No Museu Nacional dos Coches, em Lisboa março de 2018
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últimas
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Statements Para pensar
“As exportações têm crescido, mas têm que crescer muitíssimo mais [sublinhando ainda que] há um ponto a que o Governo está muito atento, que é o financiamento das exportações (...) Essa é uma prioridade para os nossos exportadores: terem capacidade financeira para exportar” Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, “Jornal de Negócios”, 12/2/18
“Acredito firmemente que uma união financeira, que compreenda uma união bancária e uma união dos mercados de capitais, é um alicerce indispensável de uma União Económica e Monetária funcional. Um sistema financeiro integrado deve ser a imagem da política monetária comum e, sem ele, não é possível colher todos os benefícios da moeda única”
• Assessoria ao Comércio Externo • Missões Empresariais • Serviço de Tradução e Intérprete • Recuperação de IVA • Seminários / Conferências • Almoços de empresários • Revista Actualidad€ Economia Ibérica • Torneio Ibérico de Golfe e Padel • Eventos sociais • Formação
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Mário Centeno, presidente do Eurogrupo, “Jornal Económico”, 20/2/18
“É encorajador que os nossos líderes tenham identificado a conclusão da união bancária como uma prioridade de topo, sobre a qual esperam tomar decisões concretas em junho (...) Por que é que tal é importante? Porque o que me preocupa é que a fragmentação aumenta os custos para todos. Limita as opções das empresas e cidadãos” Idem, ibidem
“O investimento tem de subir substancialmente para aumentar o potencial de crescimento da economia a médio prazo. Preservar o equilíbrio externo enquanto aumenta o investimento exige também fortalecer as taxas de poupança nacionais. Juntamente com as iniciativas em curso para desenvolver o capital humano, as reformas estruturais devem incluir esforços para continuar a melhorar o ambiente de negócios” Relatório do FMI sobre Portugal, “Jornal Económico”, 23/2/18
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