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Gestão e Estratégia
CTT empenhados na inovação e diversificação de negócios O negócio postal está a evoluir, acompanhando a transformação da sociedade em torno da digitalização de diversas áreas. Assim, os CTT - Correios de Portugal estão apostados igualmente em entrar cada vez mais em áreas digitais e negócios inovadores. Cada vez mais empenhados no e-commerce e na digitalização, os CTT contam ainda com startups tecnológicas, que lhes possam trazer valor acrescentado para os seus negócios core, enquadra Carlos Bhatt, responsável da Gestão da Inovação dos CTT. Uma das novidades deverá vir de robôs, que poderão auxiliar os carteiros na distribuição de cartas e encomendas.
Textos Clementina Fonseca cfonseca@ccile.org Foto DR
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Acompanhar as novas tendências do mercado é uma das prioridades do grupo ctt - correios de Portugal, que não se quer atrasar na transformação digital e em todas as vertentes da inovação que hoje se apresentam às empresas do seu setor. Neste domínio, a empresa conta com uma unidade de negócio dedicada em especial à Gestão da inovação, que procura novos modelos e soluções para incorporar nos diferentes projetos e processos das áreas de atividade core da empresa.
O responsável por esta divisão, carlos Bhatt, refere que além desta vertente, a empresa tem vindo a desenvolver a sua própria transformação digital de acordo com a estratégia da direção digital, transformação e inovação. Esta transformação tem sido realizada quer em termos de melhoria de processos internos, quer com vista a facilitar a interação com o cliente. Através de uma estratégia de criação de modelos de negócio inovadores, os ctt assumem-se como uma empresa orientada para o cliente e para as suas necessidades, com uma oferta segmentada para particulares e empresas, com soluções que começam no envio de correio e expresso, passam pelas melhores ofertas de poupança, crédito seguros, e por um portefólio alargado de produtos de conveniência na sua rede de lojas e, ainda uma oferta completa de soluções para apoiar as empresas no seu processo de digitalização e crescimento. tais serviços incluem publicidade, pagamentos, logística, incluindo fulfilment, outsourcing de processos e apoio à presença no mundo do comércio eletrónico.
Projetos de inovação a curto, médio e longo prazo
O programa “Modelo Mais inovação” que os ctt implementaram tem um alcance corporativo, ou seja, destina-se às várias empresas do grupo (ctt, ctt Express e Banco ctt e ainda a negócios como o dos cacifos/lockers).
A estratégia de inovação dos ctt está estruturada de acordo com o timing de implementação dos projetos, já que alguns têm uma execução imediata e outros se destinam a horizontes temporais de médio ou longo prazo. como exemplo de um programa com impacto direto no curto prazo, o Responsável da Gestão da inovação dos ctt salienta a plataforma inov+, uma plataforma interna de promoção da cultura de inovação e de recolha de ideias inovadoras junto dos colaboradores dos ctt. “A ideia é dinamizar esta cultura colaborativa e participativa em torno da inovação”, de onde podem surgir projetos que depois são implementados no grupo, refere ainda carlos Bhatt. uma das ideias sugeridas e já implemetada em algumas lojas piloto, foi o reaproveitamento de resíduos de papel produzidos nos edifícios ctt, transformando-os em farripas utilizáveis para embalamento de encomendas e disponibilizando-os gratuitamente ao público nas lojas ctt, potenciando assim a economia circular de papel, permitindo igualmente poupar o valor de aquisição de farripas que antes existia.
Em termos de iniciativas de inovação com impacto no médio prazo (um a dois anos), os ctt têm um programa de interação com startups, denominado ctt 1520 StartuProgram. Este programa pretende reforçar a ligação dos ctt ao tecido empresarial nacional e impulsionar o desenvolvimento de projetos de parceria e co-inovação dentro da empresa, privilegiando a atuação em setores alinhados com as prioridades dos ctt, nomeadamente e-commerce, operações & logística, comunicações, fintech, retalho e publicidade. “O programa de interação com startups visa abrir as portas dos ctt ao respetivo ecossistema, procurando projetos que se enquadrem no nosso negócio, potenciando áreas de colaboração conjunta e com os benefícios recíprocos que daí advêm”, enquadra carlos Bhatt. desde a sua criação, o programa já mapeou mais de 1.800 empresas, com 29 projetos atualmente em curso: 12 em parcerias comerciais, 17 em projetos de co-criação (quatro em piloto-técnico e 13 em produção) e uma aquisição – a Recibos Online. Em 2021, os ctt criaram o Fundo de investimento techtree, com uma dotação atual de cinco milhões de euros, para apoiar atividades de inovação nas PME e startups (seed, series A e growth). Recentemente, os ctt anunciaram o investimento em duas startups portuguesas com soluções na área das Operações e logística, a Kit-AR, na área de realidade aumentada para a produção industrial e na Sensefinity, na área da logística. Ambas as startups são reconhecidas pela Agência Nacional de inovação como entidades com idoneidade para a prática de atividades de investigação e desenvolvimento (i&d), o que permitiu o investimento do fundo techtree ao abrigo do programa SiFidE ii. “Estamos a dinamizar este programa e a trabalhar na re-ativação da marca ctt 1520 StartuProgram, através da remodelação do website, lançamento de uma newsletter, organização dos eventos “ctt Sessions 1520 let’s talk”, com a comunidade empreendedora e, celebração de parcerias com players relevantes do ecossistema, como por exemplo a Portugal Ventures, o lAcS e a Microsoft for Startups”, refere carlos Bhatt.
Ainda neste âmbito das parcerias tecnológicas, os ctt participam no programa de open innovation “Mobility Booster” organizado pela aceleradora de startups BGi. O objetivo, segundo carlos Bhatt, é encontrar startups com soluções inovadoras na área da mobilidade para o desenvolvimento de um projeto-piloto na distribuição de correio e encomendas. Em causa, está o desenvolvimento de um robô que apoie o carteiro na entrega porta a porta, aumentando a eficiência do processo e reduzindo o impacto ambiental associado. Estes follow-me robots são uma solução inovadora que já foi adotada por alguns operadores postais na Europa, revela ainda carlos Bhatt.
A startup selecionada para o programa, que tem uma duração de oito meses, terá um financiamento do European institute of innovation & tehnology - Eit urban Mobility, parceiro da BGi, para desenvolver o referido projeto-piloto para os ctt.
Este programa de Open innovation é realizado em Portugal, Bulgária, Grécia e Malta e conta com o envolvimento de seis grandes empresas e de 30 startups. com esta iniciativa, os ctt, através do programa 1520 StartuProgram, passam a fazer parte da rede internacional Eit urban Mobility e a ter acesso a parceiros da rede, criando assim mais um canal de identificação de startups para o 1520, mas também para o fundo de investimento techtree.
A BGi é uma aceleradora internacional de deep tech, com mais de 10 anos de existência, spin out do Mit Portugal Entrepreneurship initiative. É, atualmente, parceiro do European institute of innovation & technology (Eit) urban Mobility em Portugal e coordenador do Eit urban Mobility Portugal Hub desde 2020. O Eit é um organismo da união Europeia, criado em 2008, para reforçar a capacidade de inovação da Europa e é parte integrante do Horizonte 2020, o Programa-Quadro de investigação e inovação da uE. O Eit é o maior ecossistema de inovação da Europa, com mais de dois milhares de parceiros, fomentando o talento empreendedor e apoiando novas ideias.
A unidade de Gestão da inovação dos ctt dedica-se ainda – no âmbito dos
CTT reconhecidos pela COTEC como “Empresa Inovadora 2022”
Os CTT – Correios de Portugal foram reconhecidos, pelo segundo ano consecutivo, pelo seu posicionamento na área de inovação, empreendedorismo e ligação ao tecido empresarial português e são novamente, para a COTEC, a empresa merecedora do “Estatuto Inovadora 2022”. Esta distinção reforça a posição dos CTT como uma empresa com elevados padrões de solidez financeira, competências de inovação e desempenho económico. Resultado de uma parceria entre as Instituições do setor financeiro e a COTEC Portugal, o Estatuto Inovadora COTEC tem como propósito distinguir as empresas de desempenho superior através do reconhecimento do exemplo, elevação da notoriedade e reforço do valor pelo mercado. Para João Bento, CEO dos CTT, “a inovação está no nosso ADN, pelo que, esta distinção vem reconhecer todo o trabalho que temos desenvolvido ao longo dos últimos anos. É com grande orgulho que a recebemos, a qual vem reforçar de forma muito positiva aquilo que já é o posicionamento dos CTT na área da inovação e do empreendedorismo”.
projetos de inovação a mais longo prazo – à captação de incentivos financeiros à investigação, desenvolvimento e inovação (idi), em programas quadro nacionais (Portugal 2020, Plano de Recuperação e Resiliência, SiFidE) e comunitários. carlos Bhatt destaca que os ctt viram ser aprovadas recentemente na derradeira Fase ii da call c5 – inovação Empresarial do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), três Agendas Mobilizadoras em cujos consórcios participaram. A presença dos ctt neste tipo de programas permite por um lado reduzir o risco da implementação de projetos de inovação mais exploratórios através do financiamento obtido, mas também reforçar a rede de colaboração com entidades relevantes do sistema científico-tecnológico nacional e com players de outras indústrias.
Tendências e futuro do setor postal
A área de Gestão da inovação dos ctt está igualmente interessada em perceber o futuro e as grandes tendências que se avizinham e neste sentido, promove palestras periódicas sobre temas inovadores e disruptivos, tendo recentemente elaborado e publicado o “ctt Relatório de tendências 2022”. Este documento pretende identificar os principais fatores de mudança e as tendências que irão impactar no curto, médio e longo prazo, os setores onde os ctt atuam, nomeadamente correio, expresso & encomendas e logística, banca e serviços financeiros e retalho. Para a elaboração deste documento, para além de extensa pesquisa bibliográfica, foram consultados e entrevistados diversos peritos internacionais do setor.
Os ctt empregam mais de 12 mil pessoas em Portugal, onde operam com 2.356 Pontos ctt e mais de cinco mil agentes Payshop.
Em 2021, os ctt obtiveram rendimentos operacionais de 848 milhões de euros e um resultado líquido de 38,4 milhões. Nesse mesmo ano, os ctt transportaram 484,6 milhões de objetos de correio endereçado e 73,8 milhões de objetos expresso, tendo Espanha representado 45,9% das receitas do segmento expresso e encomendas.
Horta Osório aconselha cautela às empresas na gestão do endividamento
As medidas para impulsionar a economia resultaram, mas a inflação volta a ameaçar a recuperação, sobretudo em Portugal, cujo ritmo de crescimento tem sido “muito lento”, observa António Horta Osório, numa análise da economia mundial, que abriu a “QSP Summit”, a 28 de maio, no Porto. O ex-gestor bancário e atual chairman da Bial recomenda prudência face à inevitável subida de taxas de juro e diz que o país tem a obrigação de “fazer mais e melhor”.
Texto Susana Marques smarques@ccile.org Foto DR
“A s respostas à pandemia de covid -19, que causou grandes recessões em todos os países do mundo, resultaram numa significativa recuperação económica”, sublinha António Horta Osório, o orador convidado a inaugurar a 15ªedição da “QSP Summit”, que abriu a 28 de maio, no teatro Rivoli, no Porto, e prosseguiu na Exponor, em Matosinhos, nos dias 29 e 30, com conferências sobre gestão e marketing.
O gestor analisou a economia mundial, começando por observar os bons resultados das “medidas decisivas e corajosas, coordenadas entre os bancos centrais e os governos”, introduzidas para compensar as perdas causadas pela pandemia: “Portugal tem-se portado bastante bem e estamos ao nível dos valores de PiB da pré-pandemia. Graças aos programas governamentais, o rendimento disponível diminuiu mais lentamente que o PiB. Quase todos os países recuperaram o nível de emprego.” No entanto, quer a maior liquidez, quer as interrupções nas cadeias de abastecimento, exacerbadas pela guerra da ucrânia, provocaram a subida da inflação, como explica o gestor: “A dimensão e a rapidez das medidas adotadas, quer orçamentais, quer monetárias, levaram ao ressurgimento da inflação, que começou a subir a meio de 2021 e tem vindo a intensificar o seu crescimento, acima do que esperavam os bancos centrais. As pessoas pouparam durante a pandemia, ganharam poder de compra e o consumo aumentou, o que fez disparar os preços. também a guerra da ucrânia impactou fortemente os preços do petróleo e do gás natural, com subidas de 50%. Os preços dos alimentos já aumentaram mais desde 2021.”
O gestor alerta para o o impacto significativo da inflação no poder de compra das famílias, pelo que será necessário apoiar os mais desfavorecidos: “A inflação subiu bastante mais e mais depressa do que era espectável, quer em Portugal, quer nas outras economias mundiais e isso implica uma atenção muito especial, sobretudo devido ao aumento do preço da energia e da
alimentação que pesam muito mais do que o índice da inflação no cabaz das famílias mais desfavorecidas. É muito importante ter em atenção este fenómeno.” O Governo tem dado apoios, mas poderão não ser suficientes e há capacidade para os aumentar, se necessário, nota o gestor. Neste contexto, cautela é a palavra de ordem: “O meu conselho às famílias portuguesas, dependendo da capacidade de cada uma, é de prudência, se possível poupar um pouco mais, reduzir a dívida. As empresas devem tentar alongar prazos de financiamento a taxas fixas se possível, ter os spreads o mais possível fixos por um período mais longo, porque estamos numa fase de grande incerteza e as taxas de juro só têm uma direção que é a de subida.”
O ex-gestor bancário não tem dúvidas de que “para controlar a inflação, os bancos centrais irão inevitavelmente aumentar as taxas de juro que deverão chegar aos 2% ainda este ano”. Além de afetar as famílias, a subida das taxas de juro representa também uma dificuldade acrescida no controlo do endividamento, já que os governos não poderão contar com as baixas taxas de juro para ajudar a controlar a dívida.
No caso português, a balança comercial foi abalada com a pandemia, devido ao impacto no turismo, mas está a recuperar. O défice orçamental e a dívida externa também aumentaram, mas “poderá haver condições para que dívida chegue aos 120% do PiB ainda este ano”, considera António Horta Osório.
Neste cenário, António Horta Osório reflete sobre a relação entre comércio e PiB: “A evolução do comércio mundial é crítica para o crescimento do PiB, e é fundamental para Portugal, sendo um país pequeno com uma economia muito aberta ao exterior. O comércio é um dos principais fatores de riqueza, logo o crescimento tem que se focar no comércio e na inovação.” Disparidade salarial entre Portugal e o resto da Europa
O gestor observa que “a retoma sincronizada da economia mundial tem sustentado o crescimento português”. contudo, “os impactos da guerra da ucrânia, a tomada de medidas monetárias por parte dos bancos centrais para controlar a inflação e as políticas comerciais protecionistas estão a agravar as perspetivas económicas de forma significativa”. As previsões apontam para que “Portugal cresça ligeiramente acima da média europeia, no período 2021-24, mas abaixo de Espanha e da Grécia e muito abaixo da irlanda”, assinala António Horta Osório, frisando que “a falta de crescimento provoca uma enorme disparidade no nível de rendimento entre Portugal e os outros países da Zona Euro”. O gestor lembra que “Portugal cresceu, em média, 1% por ano, nos últimos 20 anos, enquanto a irlanda cresceu 6%”. As perspetivas de crescimento não são animadoras e assim não se podem aumentar salários: “O nosso crescimento tem sido fraco e vai continuar a ser fraco. Não o estamos a fazer bem e temos que o reconhecer para fazer melhor. continuo a insistir que estamos a falhar há muito tempo como país. temos um salário médio de 1.100 euros por mês, quando um espanhol tem 50% a mais e um irlandês tem três vezes mais”. O gestor diz que não podemos estar satisfeitos com essa situação. “Podemos e devemos fazer mais e melhor. É uma obrigação nacional para com as futuras gerações”, concluiu, referindo que cabe ao Governo “traçar um plano que possa levar ao crescimento, aumento da produtividade e consequente aumento dos salários”.
Ritmo de crescimento do PIB abranda em 2023
Recorde-se que o Governo de António costa prevê um crescimento de 4,9% da economia portuguesa este ano e de 3,3% no próximo ano, de acordo com os números do Programa de Estabilidade apresentado em março.
Já o Banco de Portugal, projetou em junho um crescimento 6,3% da economia portuguesa para este ano. No entanto, prevê um crescimento de 2,6% para 2023, revendo em baixa as anteiores projeções de 2,9%.
Por seu lado, a comissão Europeia reviu em alta as previsões para o crescimento da economia portuguesa este ano, de 5,8 para 6,5%, mas para 2023 Bruxelas antecipa que o PiB cresça apenas 1,9% e não os 2,7% antes estimados.
A estratégia da JJ Teixeira para ser a maior carpintaria da Península Ibérica Juntar a carpintaria à “alfaiataria” é a aposta da JJ Teixeira, que trabalha há 45 anos com madeira, sobreviveu à crise de 2008 e tornou-se “na maior carpintaria da Península ibérica”. Com uma faturação de 24,5 milhões de euros, a empresa é uma referência para vários arquitetos, que procuram “serviço por medida” aliado à “capacidade industrial”. Miguel Teixeira, administrador da empresa, partilhou com a Atualidade os seus planos de expansão.
Textos Susana Marques smarques@ccile.org Fotos DR
João teixeira aprendeu a arte de trabalhar a madeira e em 1977 abriu a sua própria carpintaria, em Vila Nova de Gaia, com uma máquina universal (uma ferramenta de multifunções muito usada por carpinteiros ao longo de várias gerações) e, em dois anos, tinha já uma carpintaria industrial. A funcionar na mesma mesma morada, mantendo o cariz de empresa familiar, mas com instalações alargadas, a JJ teixeira emprega agora 244 colaboradores internos e mais de 400 externos, sendo “a maior e mais versátil da Península ibérica”, com “mais de 150 projetos a decorrer atualmente em todo o mundo”, revela o filho, Miguel teixeira (na foto), que entretanto se juntou à direção da empresa.
A JJ teixeira faturou 21,4 milhões de euros, em 2019. A pandemia não abalou o dinamismo da empresa, beneficiando do crescimento do setor da construção, o que permitiu terminar 2020 com um volume de negócios de 24,2 milhões e em 2021 cresceu para os 24,5 milhões. A administração espera “chegar aos 28 milhões de euros até ao final deste ano”, tendo em conta o volume de obras em carteira.
Este crescimento deve-se ao mercado interno e externo, já que o valor das exportações representava 18% em 2019, passou a pesar 22% na faturação de 2020 e 24% no último ano. França, Angola, costa de Marfim, Noruega e Reino unido são os principais destinos de exportação. Na mira da JJ teixeira estão países como a Bélgica, os EuA e os camarões, avança Miguel
teixeira: “Estão no topo das prioridades de expansão internacional para os próximos três anos.” O gestor admite que o mercado externo, sobretudo Angola, foi a solução para se manterem à tona quando rebentou a crise económica de 2008, que afetou gravemente o setor da construção. “Foi uma fase difícil, mas conseguimos recuperar, investimos na modernização da empresa e das nossas capacidades unindo a carpintaria à engenharia e à arquitetura, ao design e à arte”, observa o gestor.
Atualmente, a produção anual é de quase 430.000 peças, a partir de 1645.61m3 de madeira utilizada, “na maioria (80%) pinho e sempre que possível de origem nacional”. Na entrevista à revista Atualidade, o gestor explicou que “há empresas que produzem mais, mas apostam num só produto, como portas, por exemplo”. Mas carpintarias com as características e versatilidade da JJ teixeira não há muitas: “Aliamos o saber artesanal à tecnologia de ponta e fazemos um serviço completamente à medida do que querem os nossos clientes. Apostamos no conceito de ‘alfaiataria’ industrial’. trabalhamos em madeira como elemento estrutural (esqueleto de um edifício), mas também produzimos peças decorativas, portas, fazemos acabamentos. O nosso lacado é exemplar. ”
Este serviço de quase “alfaiataria” tem conquistado a preferência de arquitetos portugueses e estrangeiros. Já é assim desde 1987, data em que colaboraram com Alcino Soutinho na construção do edifício da câmara Municipal de Matosinhos. “O meu pai teve desde sempre a preocupação de perceber o que queriam os clientes. A lógica de reunir com o arquiteto e trabalhar com ele existe há muito tempo. contratámos engenheiros e designers para melhor responder aos diferentes desafios”, sublinha Miguel teixeira, apontando mais algumas obras emblemáticas que contaram com a participação da empresa: o Prata Riverside, com Renzo Piano Arquitetos, o One living e o Palacete Henrique Mendonça, ambos projetos dos Frederico Valsassina Arquitetos, o Mosteiro de Alcobaça, do Arquiteto Souto Moura, a Reabilitação do Mercado do Bolhão, da autoria do Arquiteto Nuno Valentim, a Fundação champalimaud do Arquiteto João Nuno laranjo ou a casa das Freiras e casa da Bonança, com o Atelier Mário Martins, que recebeu Menção Honrosa nos Architecture Prize.
A empresa acolhe também residências artísticas de alunos de Belas Artes, já que consideram “fundamental a transferência de saber nos dois sentidos”, porque “é empoderadora quer para os alunos, quer para os nossos profissionais”.
Esta versatilidade e multidisciplinaridade obrigam a dois tipos de investimentos: recursos humanos capacitados e a tecnologia, assinala Miguel teixeira: “A formação de mão-de-obra especializada é o mais desafiante porque nem sempre as pessoas querem apostar na área da carpintaria. Além do meu pai, que continua a acompanhar todos os processos com muita jovialidade, temos aqui grandes mestres, como o carpinteiro que trabalha desde o início na empresa. São pessoas capazes de passar conhecimento valioso numa profissão que tem muito futuro. A madeira sempre foi um material muito usado na construção e é cada vez mais uma tendência, quer como estrutura, quer como acabamento, porque dá garantias de estabilidade, durabilidade, sustentabilidade e estética. Se os jovens quiserem aprender e trabalhar nesta área, penso que têm aqui uma oportunidade com muito potencial. Estamos sempre disponíveis para trabalhar com as escolas, que deveriam estar mais próximas das empresas. Seria importante uma maior readequação do ensino às necessidades de formação das empresas”
A empresa tem investido igualmente em tecnologia e digitalização. Na visita à oficina, mostram-nos “uma máquina de corte gigante, única no mundo, que faz os cortes em série, mas com diferentes medidas”. Em 2015, a empresa transitou para uma indústria 4.0, introduzindo “uma linha de automatização da produção, com capacidade de produção diária de 2.000 peças, assegurando mais eficiência, rigor e precisão em cada produto, através de novos processos construtivos inovadores que lhe confere um bom equilíbrio e uma boa performance”.
O próximo passo visa tornar a JJ teixeira mais sustentável. A empresa produz 25% da energia que usa através de de painéis solares instalados na fábrica e prevê “investir 1,4 milhões de euros no reforço da sua capacidade e na otimização dos seus recursos produtivos, como o sistema de aspiração, a racionalização energética e a transição verde”, bem como na expansão para as três novas geografias já referidas.
No âmbito da sustentabilidade, a JJ teixeira vai iniciar este ano um programa de replantação de árvores, que permita minimizar o seu impacto no meio ambiente: “Estamos a trabalhar com uma associação ambiental, para fazer os
cálculos de medição da quantidade de madeira utilizada em cada projeto com vista à sua reposição, replantando árvores em território nacional, acrescendo uma taxa adicional ao preço final do produto.” Os desperdícios de madeira da empresa já são aproveitados, indica Miguel teixeira: “são aspirados através de um sistema transversal aos vários pavilhões da fábrica e reaproveitados para várias finalidades, como a criação de novos produtos, o aquecimento das instalações e a produção de pellets e briquetes.”
Acresce que “sendo a madeira um material escasso”, a empresa opera “com base nas certificações PEFc™ e FSc™, comprovando a gestão e o tratamento responsáveis da matéria-prima e auxiliando clientes a integrar uma cadeia de sustentabilidade desde a primeira fase do processo”. Miguel teixeira está confiante no futuro da empresa e aponta o caminho: “O desafio é manter a dinâmica familiar e a energia que o meu pai tem imprimido ao projeto ao longo destes anos, bem como continuar a apostar na formação das pessoas, perceber o que precisam para trabalhar em boas condições para ter uma boa equipa.”
“Wood Stories,” o filme da JJ Teixeira que homenageia a madeira
A madeira comunica com todos os sentidos e isso é referido pelos vários arquitetos que participam no filme “Wood Stories”, um tributo da JJ Teixeira à madeira, a matéria-prima que a empresa trabalha há 45 anos, “enquanto material natural, flexível, expressivo e quase intrínseco no projeto de arquitetura”. No seu aniversário, a empresa apresentou o rebranding da marca, “que traduz o seu reposicionamento modernizado”, como explica o administrador Miguel Teixeira: “Em ano de aniversário, decidimos celebrar a paixão que move a família e as centenas de colaboradores que fazem parte do universo JJTeixeira pela madeira. Uma paixão que ganha forma e vivência através da arquitetura e, por isso, este é também um documentário que visa projetar a arquitetura portuguesa contemporânea, com o importante apoio e curadoria da Building Pictures e da sua fundadora Sara Nunes, que tem feito um trabalho extraordinário de promoção deste setor. Queremos com este documentário aliar-nos a essa missão, projetando-o em todo o mundo, através dos nossos canais e ações de promoção internacional”. O filme, produzido pela Building Pictures, materializa esse novo posicionamento, alicerçado em oito histórias, que representam diferentes dimensões associadas à madeira e à carpintaria, e baseia-se “nos testemunhos de oito gabinetes de arquitetura, numa reflexão entre o seu trabalho e o uso da madeira, na sua perspetiva e contexto de aplicação, de forma particular”. Aires Mateus, Carrilho da Graça, Correia Ragazzi, Depa, Diogo Aguiar Studio, João Mendes Ribeiro, Menos é Mais e Oitoo são os arquitetos intervenientes que falam da forte ligação entre a arquitetura portuguesa e a madeira e enaltecem “a carpintaria como uma arte complementar do trabalho do arquiteto, na qual a madeira é elemento de conforto, de versatilidade e de escolha sustentável e consciente”. Sara Nunes, realizadora do filme, assinala que durante as filmagens lançaram várias perguntas sobre a madeira e identificaram “pontos em comum entre os arquitetos”. Assim, construíram “uma narrativa que coloca todos os arquitetos convidados em diálogo”. O documentário permite concluir que todos temos uma relação com a madeira: “De capítulo em capítulo, descobrimos que as histórias dos arquitetos são também as histórias de todos nós porque, afinal, – e como o arquiteto João Mendes Ribeiro realça – ‘não há ninguém que não goste da madeira’.” O documentário conta com o apoio da Ordem dos Arquitectos Sessão Regional Norte, da Faculdade de Arquitectura do Porto e da Casa da Arquitectura.
“O futuro da mobilidade será amigo do ambiente, partilhado, conectado e autónomo”, antecipou Jorge Delgado, secretário de Estado da Mobilidade Urbana, um dos oradores da “Conferência Ibérica sobre mobilidade sustentável: desafios e oportunidades para a descarbonização da mobilidade”, realizada no mês passado em Lisboa.
Texto Actualidad€ actualidade@ccile.org Foto DR
Portugal e Espanha estão apostados em tornar-se referências na área da mobilidade sustentável, como afirmaram recentemente diversos responsáveis, quer do mundo empresarial, quer do Governo português e ainda de organismos oficiais espanhóis, na “conferência ibérica sobre mobilidade sustentável: desafios e oportunidades para a descarbonização da mobilidade”, realizada a 5 de julho, em lisboa.
A conferência, promovida pela Fundação Repsol, juntamente com a ciP-confederação Empresarial de Portugal, a cHP-câmara Hispano Portuguesa e a câmara de comércio e indústria luso-Espanhola (ccilE), teve como objetivo debater os fatores-chave para o desenvolvimento em direção a uma mobilidade sustentável e inteligente em Portugal e Espanha.
“A mobilidade encontra-se num segundo ponto de inflexão tecnológico, sendo evidente a necessidade de um salto disruptivo no modo como nos deslocamos e como transportamos pessoas e bens. O futuro da mobilidade será amigo do ambiente, partilhado, conectado e autónomo”, afirmou, na abertura do encontro, o secretário de Estado da Mobilidade urbana, Jorge delgado.
Por seu turno, o presidente da câmara de lisboa referiu que “existem três desafios essenciais: o económico, que deve assegurar que o crescimento é compatível com a redução de emissões. crescer tem que ser compatível com o combate às alterações climáticas, e a Europa já provou que isso é possível, pois cresceu ao mesmo tempo que fez um esforço para reduzir emissões. O [desafio] tecnológico, que, através da ciência, terá que resolver a questão dos custos de produção, e o [desafio] social, pois é preciso consciencializar as pessoas para a necessidade desta mudança”, adiantou carlos Moedas.
O presidente da Repsol, Antonio Brufau, salientou, por sua vez, a oportunidade de promover a transformação da mobilidade e torná-la mais eficiente e inteligente, utilizando tecnologias comprovadas, bem conhecidas e de eficiência demonstrada, ao mesmo tempo que se deverá apostar nos últimos desenvolvimentos tecnológicos, com o objetivo de melhorar os serviços e a qualidade de vida dos cidadãos, ajudando a reduzir as emissões e a otimizar os recursos.
Já o presidente da confederação Empresarial de Portugal (ciP), António Saraiva, considerou que “a viabilidade e a segurança futuras da indústria automóvel na sua transformação para uma mobilidade sustentável foram sinalizadas como prioritárias”.
O evento incluiu algumas mesas-redondas de debate, tendo na primeira, dedicada ao tema da inovação e digitalização para a mobilidade, reunido personalidades como o presidente da EMEl (Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de lisboa), luís Filipe Marques, a diretora-geral para o Planeamento e infraestruturas de Mobilidade da câmara Municipal de Madrid, lola Ortiz, o secretário-geral da ABiMOtA (Associação Nacional das indústrias de duas Rodas), Gil Nadais, o responsável da iNSiA (instituto universitário de investigação Automóvel da universidade Politécnica de Madrid) Felipe Jiménez, o representante de Alba innovación da Petronor-Repsol, Aitor Arzuaga, e o representante da administração do iNESc tEc (instituto de Engenharia de Sistemas e informática, tecnologia e ciência de Portugal) José carlos caldeira.
Os oradores concordaram com o “trabalho rigoroso” que está a ser realizado pela Administração Pública, o setor energético, a indústria dos transportes e a ciência, para continuar a avançar na senda do desenvolvimento de tecnologias e serviços para a descarbonização da mobilidade, especialmente através da digitalização, eficiência energética e novos combustíveis.
Neste bloco, ficou claro que o futuro da mobilidade vai exigir uma visão unificada, impulsionada pela neutralidade tecnológica e a ação coordenada de todos os agentes, juntamente com a sociedade, para alcançar os objetivos de descarbonização, no quadro de uma transição energética justa e inclusiva, que não deixe ninguém para trás.
Posteriormente, o presidente da AFiA (Associação de Fabricantes para a indústria Automóvel), José couto, o secretário-geral da AcAP (Associação Automóvel de Portugal), Hélder Pedro, o diretor-geral da Anfac (Associação Nacional Espanhola de Fabricantes de Automóveis e camiões), José lópez-tafall, o diretor-geral da Sernauto (Associação Espanhola de Fornecedores Automotivos), José Portilla, e a vice-presidente executiva da Faconauto, Marta Blázquez, que participaram na segunda mesa-redon-
da, que se centrou nos desafios e oportunidades para o setor automóvel na descarbonização dos transportes na Península ibérica.todos os oradores salientaram a importância da indústria automóvel em Espanha e Portugal e de como pode contribuir para que os dois países se tornem numa referência na nova mobilidade do futuro– descarbonizada, sustentável, digitalizada e autónoma. um processo que requer empenho, esforço de todos e inovação ao longo de toda a cadeia de valor, como salientaram.
Os participantes sublinharam ainda que este é um desafio que passa muito pela vertente tecnológica e para o qual é necessário promover uma regulamentação que preserve a competitividade e o emprego no setor automóvel.
Por último, o representante da direção da ccilE Francisco dezcallar e o presidente da cHP - câmara de comércio Hispano-Portuguesa, António calçada de Sá, destacaram a importância da colaboração entre Espanha e Portugal para a criação de novas soluções que permitam a ambos os países tornarem-se benchmarks na mobilidade do futuro. Ambos salientaram, igualmente, a dimensão e a força do setor automóvel e o compromisso das empresas e instituições para com a transição energética.
A conferência realizada em lisboa inseriu-se na “Open Room”, o espaço digital da Fundação Repsol centrado na promoção do debate e do conhecimento rigoroso sobre os requisitos para a transição energética.
Assembleia da Fedecom debateu temas regulatórios e financeiros e contou com receção do rei de espanha
AAssembleia da Fedecom (Federação de câmaras Oficiais de comércio de Espanha na Europa, África, Ásia e Oceânia) e a Fececa (Federação de câmaras Oficiais de comércio de Espanha na América) reuniram-se nos passados dia 5 e 6 em Madrid. Previamente, mantiveram uma reunião na Secretaria de Estado de comércio (organismo que tutela a câmara de Espanha e as câmaras de comércio hispânicas no exterior), com o objetivo de analisar os instrumentos de apoio à internacionalização das empresas, através de diferentes instituições de capital público (icEX, icO, cEScE, cOFidES). Foram ainda debatidos temas de ordem regulatória, no âmbito do novo decreto Real 1179/2020, que passou a regular o funcionamento das câmaras no exterior, nas quais se inclui a câmara de comércio e indústria lusoEspanhola (ccilE). da parte da tarde, decorreu a Assembleia regular da Fedecom, na qual foi aprovada a Estratégia 20222024 deste organismo associativo (foto ao lado). Já no dia seguinte, os representantes das duas Federações estiveram na sede da câmara de Espanha, presidida por José luis Bonet, para abordar, entre outros assuntos, o reforço da colaboração entre as câmaras de comércio em Espanha e as câmaras de comércio no exterior. concluídos os trabalhos, os representantes das 44 câmaras participantes do encontro foram recebidos, em cerimónia privada, pelo Rei Felipe Vi, no Palácio da Zarzuela (foto ao lado).
Casa de S.M. el Rey Foto