Adventist World Portuguese - March 2019

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PERSPECTIVA

DEVER RELIGIOSO OS DIREITOS HUMANOS DE HOJE REFLETEM PRINCÍPIOS BÍBLICOS DE LONGA DATA. DEFENDÊ-LOS É UMA QUESTÃO DE TESTEMUNHO NELU BURCEA

Foto: Vladislav Klapin

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á 70 anos foi aprovado um acordo inovador para defender um conjunto de princípios e valores que orientaria a comunidade internacional após o trauma da Segunda Guerra Mundial. Sete décadas mais tarde, a Declaração Universal dos Direitos Humanos se tornou uma referência para as legislações ao redor do globo. Trata-se de uma carta de compromisso das nações signatárias em favor da proteção de uma vida digna e plena de seus cidadãos. Hoje esse documento pode ser lido em 514 idiomas e dialetos, o que faz dele o documento mais traduzido do mundo. A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem sido chamada de idealística, pois apresenta uma visão abrangente e integral da dignidade dos seres humanos, ao contemplar aspectos sociais, políticos e econômicos. Entre seus 30 artigos, está o direito à igualdade perante a lei; ao trabalho e à educação; ao lazer e ao descanso; e o direito de participar da vida cultural, artística e científica da comunidade à qual pertence. R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Março 2019

NOSSA MOTIVAÇÃO PARA A DEFESA DA LIBERDADE DE CRENÇA E DOS DEMAIS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO SER HUMANO É A IMITAÇÃO DO CARÁTER DE DEUS Em 2017, a ONU lançou uma campanha de conscientização pública sobre o documento, que se estendeu até 10 de dezembro de 2018, quando a declaração completou 70 anos. Numa época em que a violência e repressão ainda dominam as manchetes, o objetivo da mobilização foi simples: informar e discutir sobre o respeito aos direitos humanos fundamentais. Para mim, que sou religioso, o artigo 18 da declaração tem um significado especial. Nele está escrito: “Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular” (disponível em nacoesunidas.org/docs). Embora o

artigo 18 se refira especificamente à liberdade religiosa, esse não é um direito humano isolado, pois está intrinsicamente ligado a outras liberdades, como a de reunião, pensamento e expressão. Como adventista do sétimo dia, creio que há uma declaração mais antiga e até mais fundamental do que o artigo 18. Ao ler a Bíblia, aprendo que todos nascemos livres e iguais; que fomos dotados pelo Criador com a centelha divina; e que homens, mulheres e crianças têm o mesmo valor e dignidade diante de Deus. Além disso, as Escrituras ensinam que toda pessoa tem seu direito individual – na realidade, a obrigação – de escolher livremente se adora ou não a Deus e se segue ou não Sua vontade. Isso significa que temos a responsabilidade de defender permanentemente a liberdade de religião ou crença para todas as pessoas, independentemente se concordamos ou não com elas. Esse dever não tem que ver somente com um documento aceito internacionalmente, mas, acima de tudo, porque reflete o caráter amoroso de Deus. ] NELU BURCEA é diretor associado do departamento de Relações Públicas e Liberdade Religiosa da sede mundial da Igreja Adventista

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