SOCIEDADE Apesar de estar funcionando há pouco mais de três meses, projeto da ADRA no Amazonas atende cerca de 100 pessoas por dia e já se tornou uma referência no antedimento aos refugiados na região
SERVINDO AOS REFUGIADOS
Projeto da ADRA BRASIL no Amazonas fortalece o trabalho da igreja com imigrantes venezuelanos que vivem na capital do estado CÍGREDY NEVES
agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) estima que cerca de 15 mil venezuelanos estejam morando em Manaus (AM). Em resposta a essa situação, a ADRA Brasil Regional Amazonas, por meio do seu Núcleo de Desenvolvimento, viu a necessidade de criar o projeto CARE (Centro de Apoio e Referência a Refugiados e Migrantes). Inaugurado em dezembro de 2018, o local passou a atender pessoas que chegam sem documentos e que perderam o contato com familiares.
Foto: Fernando Borges
A
Ali elas recebem apoio psicológico, orientação jurídica e ajuda para preparar o currículo, além de poder fazer ligações telefônicas internacionais e acessar a internet gratuitamente. Quem chega ao CARE também é atendido por uma assistente social, cadastrado no Sistema Nacional de Emprego (SINE) e encaminhado para outros serviços oferecidos pela prefeitura e o estado. No espaço também são realizados cursos gratuitos que R e v i s t a A d ve n t i s t a // Março 2019
incentivam o empreendedorismo. Maria, nome fictício para preservar sua identidade, está entre as pessoas que foram atendidas pelo projeto. Ela era contadora pública na Venezuela e sofreu violência política. Estava grávida de 5 meses quando foi espancada pelos cha mados “coletivos”, defensores do governo de Nicolás Maduro. Felizmente, conseguiu chegar a Pacaraima, em Roraima, na fronteira entre os dois países, e
foi socorrida. Sua filha nasceu prematuramente. Por algum tempo, os graves ferimentos causados pelos agressores lhe provocaram muita dor e colocaram sua vida em risco. Depois de chegar a Manaus, em setembro do ano passado, ela descobriu o CARE, onde foi encaminhada ao Instituto da Mulher e conseguiu atendimento médico pelo SUS. Dezenas de refugiados chegam diariamente ao núcleo da ADRA à procura de auxílio. Muitos deles possuem qualificação profissional, mas lhes falta oportunidade de trabalho. Felizmente, muitos dos que têm sido atendidos pela agência humanitária adventista já mudaram de perspectiva. “Algumas dessas pessoas já estão empregadas e recuperaram a autoestima”, conta Rosimélia Figueiredo, coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento. O diretor da ADRA Brasil Regional Amazonas, Brad Mills, acrescenta que o projeto CARE tem sido um ponto de referência no município. “Conseguimos facilitar o acesso às informações necessárias para que os refugiados se adaptem mais rapidamente e consigam emprego”, destaca. Para o chefe do escritório da Acnur em Manaus, Sebastian Roa, a implantação do projeto proporcionou aos imigrantes serviços diferenciados em um só lugar. O plano para os próximos meses é ampliar o leque de serviços e parcerias. Há uma rede de voluntários dispostos a atender, incluindo médicos, dentistas, enfermeiros e psicólogos. No entanto, também há necessidade de insumos e medicamentos para atender essa demanda. ] CÍGREDY NEVES é jornalista e atua como assessora de comunicação da ADRA Brasil Regional Amazonas
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