PRIMEIROS PASSOS
PRESENTES INVISÍVEIS PODEMOS ESTAR RODEADOS DE BÊNÇÃOS SEM PERCEBER WILONA KARIMABADI
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Ilustração: Xuan Le
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Foto: arquivo pessoal
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s noites de terça-feira eram horríveis, principalmente às 19 horas. Por volta das 18 horas eu já começava a ter uma sensação esquisita no estômago. Era pavor. Por volta das 18h30, quando começávamos nossa viagem, eu contava todos os semáforos do caminho, sentindo grandes nós retorcendo na minha barriga. Era o dia da minha aula de piano com Ludmilla Berkwick, e isso era terrível. A casa dela, onde eram ministradas as aulas, era meio assustadora para uma menina de 9 anos de idade. Era escura e parecia não ter sido redecorada fazia um século. Seus gatos sempre ficavam roçando nas minhas pernas enquanto eu tocava, com muitos erros, as minhas lições. A senhora Berkwick não era muito mais alta do que eu, e sempre usava vestidos e colares longos – inclusive um preso aos seus óculos. Seus dedos eram curtos e gordos e seus anéis pareciam nunca ter deixado suas mãos. A senhora Berkwick começava as aulas com bom humor. “O que temos para hoje?”, perguntava ela com seu sotaque polonês. Mas, pouco depois de eu começar a “tocar” minhas peças, ela colocava a cabeça entre as mãos e a sacudia. “Ah, não, não, não!”, murmurava. Aqueles 30 minutos de aula pareciam horas, para mim e para ela.
“Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, que não muda como sombras inconstantes” (Tg 1:17, NVI)
Justiça seja feita, as coisas poderiam ter sido melhores se eu tivesse me esforçado para aprender a tocar piano. Porém, eu detestava estudar e deixava para praticar em casa pouco antes de ir para a aula. Era por isso que eu me sentia tão mal no caminho para a aula. Muitos anos mais tarde, bem depois de eu já ter me livrado das aulas de piano, eu me lembrei da minha professora. Pesquisei seu nome no Google e, para minha surpresa, descobri muita coisa sobre ela que gostaria de ter conhecido antes. Ela nasceu na Rússia e foi uma criança-prodígio no piano. Tornou-se uma famosa concertista de piano na Polônia, interpretando as músicas do compositor polonês Frédéric Chopin. Contudo, por ocasião da Segunda Guerra Mundial, quando descobriram que o pai de Ludmilla era judeu, a vida dela ficou em perigo. Ela acabou se escondendo na Alemanha até o fim da guerra e se mudou depois para os Estados Unidos. A senhora Berkwick nunca mais conseguiu recomeçar sua carreira e passou a dar aulas de piano. Se eu tivesse compreendido que ela era uma pianista tão especial e extremamente talentosa, talvez tivesse me esforçado mais e feito valer a pena as aulas com ela. Provavelmente ao nosso redor existam pessoas colocadas por Deus para compartilhar com a gente seus incríveis dons. O problema é que costumamos não prestar atenção nisso. Caso aproveitássemos melhor as oportunidades, poderíamos nos esforçar e aprender mais. Ao se aproximar de 2020, ore para que Deus o ajude a manter seus olhos bem abertos para ver os presentes que Ele tem colocado ao seu redor: pessoas especiais para abençoar você. ] WILONA KARIMABADI é editora da KidsView Magazine
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R e v i s t a A d ve n t i s t a // A d ve n t i s t Wo r l d // Dezembro 2019
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40791 – RA Dez2019
26|11|2019 2:16
Designer
Editor(a)
Coor. Ped.
C. Q.
R. F.
Custos