Ano XI • Edição 71 • Janeiro a Março de 2020
TECNOLOGIA A SERVIÇO DO SANEAMENTO Como os avanços tecnológicos estão ajudando o desenvolvimento do setor.
MULHER As conquistas das mulheres que atuam no setor de saneamento
MUSEU ÁGUA AESabesp premia os melhores projetos arquitetônicos
FENASAN Vem aí o 31º Encontro Técnico AESabesp/Fenasan 2020!
PROMOÇÃO
ESTANDE PLUS
DIVULGAÇÃO DE MARCA
APOIO INSTITUCIONAL
EXPEDIENTE
Associação dos Engenheiros da Sabesp Rua Treze de Maio, 1642 Bela Vista - 01327-002 - São Paulo/ SP Fone: (11) 3263 0484 Fax: (11) 3141 9041 www.aesabesp.org.br aesabesp@aesabesp.org.br Órgão Informativo da Associação dos Engenheiros da Sabesp Fundada em 15/09/1986 Tiragem: 6.000 exemplares Diretoria Executiva Presidente: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges Diretor Administrativo: Nizar Qbar Diretor Financeiro: Hiroshi Ietsugu Diretora Socioambiental e Cultural: Márcia de Araújo Barbosa Nunes Diretor de Comunicação e Marketing: Agostinho de Jesus Gonçalves Geraldes Diretoria Adjunta Diretoria Técnica: Olavo Alberto Prates Sachs Diretoria de Esportes e Lazer: Evandro Nunes de Oliveira Diretoria de Polos Regionais: Antônio Carlos Gianotti Diretoria Social: Tarcísio Nagatani Diretoria Inovações: Luciomar Santos Werneck Conselho Deliberativo Presidente: Reynaldo Eduardo Young Ribeiro Membros: Abiatar Castro de Oliveira, Alceu Sampaio de Araujo, Alexandre Domingues Marques, Alzira Amancio Garcia, Carlos Alberto de Carvalho, Choji Ohara, Cid Barbosa Lima Junior, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Alves Martins, Gilberto Margarido Bonifácio, Helieder Rosa Zanelli, Ivo Nicolielo Antunes Junior, João Augusto Poeta, Maria Aparecida Silva de Paula, Richard Welsch e Walter Antonio Orsatti Conselho Fiscal Aurelindo Rosa dos Santos, Ivan Norberto Borghi e Yazid Naked Coordenadores Conselho e Fundo Editorial: Nélson César Menetti Membros: Ana Paula Vieira Rogers, Antônio Carlos Roda Menezes, Benemar Movikawa Tarifa, Débora Soares, Luciomar Santos Werneck, Sandreli Droppa Leta e Suely Matsuguma. Polos da RMSP: Eduardo Bronzatti Morelli Assuntos Institucionais: Ester Feche Guimarães Contratos Terceirizados: Abiatar Castro de Oliveira Cursos: Walter Antonio Orsatti Inovação: Luis Felipe Macruz Comissão Organizadora do 31º Encontro Técnico AESabesp - Fenasan 2020 Presidente da Comissão: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges Diretor do Encontro Técnico AESabesp: Olavo Alberto Prates Sachs Diretor da Fenasan: Luciomar Santos Werneck Membros da Comissão Alisson Gomes de Moraes, Alzira Amancio Garcia, Antonio Carlos Roda Menezes, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Alves Martins, Iara Regina Soares Chao, Maria Aparecida Silva de Paula, Mariza Guimaraes Prota, Nélson César Menetti, Nilton Gomes, Nizar Qbar, Paulo Ivan Morelli Franceschi, Rosangela Cássia M. de Carvalho, Sonia Maria Nogueira e Silva, Tarcisio Luis Nagatani, Walter Antonio Orsatti Equipe de apoio Ana Rogers, Bruno Bolívia, Maria Flávia da Silva Baroni, Monique Funke, Paulo Oliveira, Suely Melo, Vanessa Hasson Polos AESabesp da Região Metropolitana - RMSP Polo AESabesp Centro: Patrícia Barbosa Taliberti Polo AESabesp Coronel Diogo: Rodrigo Pereira Mendonça Polo AESabesp Costa Carvalho: Patricia de Fatima Goularth Polo AESabesp Leste: Eduardo Alves Pereira Polo AESabesp MT: Edmilson Barbosa Prado Polo AESabesp Norte: Eduardo Bronzatti Morelli Polo AESabesp Oeste: Bendito Silva Polo AESabesp Ponte Pequena: Rogério Welsel Polo AESabesp Sul: Antonio Ramos Batagliotti Polos AESabesp Regionais Polo AESabesp Baixada Santista: Zenivaldo Ascenção dos Santos Polo AESabesp Botucatu: Leandro Cesar Bizelli Polo AESabesp Caraguatatuba: Pedro Rogério de Almeida Veiga Polo AESabesp Franca: José Chozem Kochi Polo AESabesp Itatiba: Carlos Alberto Miranda Silva Polo AESabesp Itapetininga: Jorge Luis Rabelo Polo AESabesp Lins: Carlos Toledo da Silva Polo AESabesp Presidente Prudente: Gilmar José Peixoto Polo AESabesp Vale do Paraíba: Sérgio Domingos Ferreira Polo AESabesp Vale do Ribeira: Jiro Hiroi Produção Editorial Foco21 Comunicação Jornalista Responsável Ana Paula Vieira Rogers - MTB 27666 anarogers@foco21comunicacao.com Colaboradores Jéssica Marques e Suely Melo Fotos Equipe Estevão Buzato e acervo AESabesp Projeto visual gráfico e diagramação Neopix DMI contato@neopixdmi.com.br www.neopixdmi.com.br
EDITORIAL
Tecnologia, conhecimento e engajamento pelo avanço do saneamento Prezados associados (as), conselheiro (as), diretores (as) e amigos da AESabesp: É um prazer apresentar a todos vocês a primeira edição da Saneas em 2020, que traz um tema apaixonante: a tecnologia a serviço do saneamento. Na reportagem de capa, apresentamos alguns exemplos de como a Sabesp evolui junto aos avanços tecnológicos mundiais – em IoT, BIM, Modelagem Matemática e uso de aplicativos, com o empenho de todas as equipes, e também em outras empresas, além da atuação das startups, mostrando como os avanços tecnológicos ajudam o saneamento na melhoria dos serviços e rumo à tão sonhada universalização. Esta matéria especial traz ainda uma entrevista com o Prof. Maurício Pazini Brandão, engenheiro aeronáutico, formado pelo ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica e Diretor Regional do Escritório de São Paulo do MCTIC – Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. O especialista detalha as iniciativas em tecnologia que estão em curso no país. Março é o mês das mulheres e a Saneas não poderia deixar de homenagear as profissionais do Saneamento do Brasil, por meio de histórias de algumas dessas mulheres. A homenagem se estende à coluna “Vivências”, que apresenta uma trajetória dedicada ao voluntariado. Durante todo o mês, estamos realizando ações para homenagear as mulheres, como a campanha Mulher AESabesp, que está em nossas redes sociais, além da criação de uma Comissão que reúne mulheres atuantes da AESabesp voltada à promoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Estamos preparando a 31ª edição do Encontro Técnico AESabesp/Fenasan 2020, mais uma grande realização da nossa Associação para o setor, e já trazemos algumas novidades para vocês. Deixamos também aqui o convite para visitar a Feira, participar do Encontro Técnico e ainda um chamado especial aos profissionais para que inscrevam seus trabalhos técnicos e participem do Prêmio Jovem Profissional. É a AESabesp atuando intensamente para valorizar o setor de saneamento, em toda sua cadeia produtiva, o compartilhamento de conhecimento e o desenvolvimento dos profissionais para que todos tenham mais saúde e qualidade de vida. Um bom trimestre a todos, boa leitura e até a próxima edição!
Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges A AESabesp não se responsabiliza pela veracidade de conteúdo de anúncios e de artigos assinados.
Presidente da Gestão 2019-2021
ÍNDICE
Tecnologia a Serviço do Saneamento Como os avanços tecnológicos estão ajudando o desenvolvimento do setor.
Entrevista
Tecnologia e meio ambiente Entevista com o Prof. Maurício Pazini Brandão
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Inteligência
Inovação
IoT no Saneamento: a novidade da Sabesp que reduz perdas, contribui com o meio ambiente e melhora o relacionamento com o cliente
Tecnologia BIM na Sabesp: melhorias para a empresa e para o setor de saneamento
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07
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Tecnologia
Visão de futuro
Ponto de vista
As novidades do setor
Modelos Matemáticos no Saneamento, com o especialista Kamel Zahed Filho
Startups no saneamento: inovar para universalizar
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Sistema automatizado de detecção e gestão de vazamentos
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Mulher Artigo Técnico As conquistas das mulheres que atuam no setor de saneamento
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Eficiência Energética: distribuição do Sistema São Lourenço
Museu Água
Fenasan
Museu Água: AESabesp premia os melhores projetos arquitetônicos
Vem aí o 31º Encontro Técnico AESabesp/ Fenasan 2020!
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Modelo de operação otimizada para produção de água
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Vivências
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Voluntariado que aquece o coração
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JNS Engenharia, Consultoria e Gerenciamento NA ERA BIM Tecnologia e Inovação Aliadas à Experiência na Engenharia Consultiva Parceira da SABESP, a JNS se destaca pela constante busca por aplicação de tecnologias e proposição de metodologias inovadoras aliadas à excelência técnica na Engenharia Sanitária.
Revisão e Coordenação de projetos Análises de engenharia Simulação de cronogramas / 4D
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A JNS possui amplo Know-How nos segmentos de Saneamento, Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Desenvolvimento Urbano e Gerenciamento de Projetos e Empreendimentos, reconhecida pela experiência, seriedade e qualidade de seus serviços. Pioneira no desenvolvimento de metodologias para os projetos em BIM no saneamento, oferece soluções para obras localizadas e lineares. Desde 2014 desenvolve para a SABESP estudos e projetos de estações de tratamento de água e euentes com base em modelagem paramétrica e adoção de práticas de interoperabilidade e colaboração intensa entre disciplinas. Uso de BIM/VDC - desde a fase de concepção, projetos Modelagem das condições existentes
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MATÉRIA DE CAPA
TECNOLOGIA A SERVIÇO DO SANEAMENTO
A tecnologia vem revolucionando diversos aspectos do nosso planeta, auxiliando no desenvolvimento de vários setores e na melhoria da qualidade de vida. Com o saneamento não é diferente. Internet das Coisas (ou Internet of Things - IoT), BIM, funcionalidades via aplicativo de celular e Modelagem Matemática, entre outras, têm contribuído para o objetivo maior em nosso país, que é tornar realidade a universalização. Nesta reportagem especial, você conhecerá os avanços que a tecnologia tem impulsionado na Sabesp e no setor pelo Brasil. E ainda uma entrevista especial com o Prof. Maurício Pazini Brandão, engenheiro aeronáutico, formado pelo ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica e Diretor Regional do Escritório de São Paulo do MCTIC - Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Leia a seguir.
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Saneas
ENTREVISTA
Tecnologia e meio ambiente: Por Suely Melo
Prof. Maurício Pazini Brandão aborda as iniciativas do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
N Maurício Pazini Brandão Engenheiro aeronáutico, formado pelo ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica, onde atua como professor desde 1979. É militar, cientista, com mestrado e doutorado. Carreira militar, científica e de gestão na área de Tecnologia e Inovação.
a escala mundial de inovação, com
forte centrada na pessoa do brasileiro. O MCTIC é o
129 países, o Brasil ocupa a 66ª po-
único ministério que tem um poder de ação transversal,
sição e uma forma de mudar este ce-
que atua em todas as áreas. Podemos colaborar com
nário é criando produtos inovadores
qualquer ministério. O nosso papel não é resolver pro-
com selo brasileiro e alcance global. É com esta
blemas e sim gerar soluções que os outros ministérios
visão que o MCTIC - Ministério da Ciência, Tecno-
podem empregar para resolver problemas. Colocadas
logia, Inovações e Comunicações MCTIC trabalha,
essas três políticas do ministro Marcos Pontes, uma das
hoje, em 5 startups “que vão mudar o mundo. Vão
novas secretarias que foram criadas é a do Planejamen-
gerar produtos brasileiros em escala global e que
to, cujo objetivo é gerar estratégias (como executar a
irão trazer riquezas de bilhões de dólares e dinhei-
política). Nessa estratégia, serão gerados programas e
ro novo para o Brasil”. As afirmações são de Mau-
projetos que não vão ser executados pelo MCTIC, mas
rício Pazini Brandão, engenheiro aeronáutico, que
por todas unidades vinculadas às instituições de Ciência
integra o ministério, formado pelo ITA - Instituto
e Tecnologia - públicas e privadas -, por todos os órgãos
Tecnológico de Aeronáutica (há 42 anos), onde
do país que têm interesse na área. Esta secretaria busca
atua como professor desde 1979.
o Funding [captação de recursos para investimento] pú-
Com carreira militar, científica e de gestão na área
blico ou privado. Para isso, existem instituições e meca-
de Tecnologia e Inovação, além de ser empreendedor
nismos em todos os estados, as Fundações de Amparo
e inovador, o professor é Diretor Regional Sul/ Sudes-
à Pesquisa: FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos),
te do MCTIC. Na entrevista a seguir, ele fala sobre o
CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cien-
panorama do Brasil em relação à tecnologia e às ino-
tífico e Tecnológico), EMBRAPII (Empresa Brasileira de
vações voltadas às questões ambientais, bem como
Pesquisa e Inovação Industrial); CAPES (Coordenação
outros temas que o novo ministério abrange. O espe-
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior); BN-
cialista destaca, entre outros tópicos, as tecnologias
DES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
disruptivas, avanços em Inteligência Artificial e iniciati-
Social), falando em termos de governo. E tem todas as
vas que visam solucionar o problema hídrico da região
entidades privadas que podem investir também. A Se-
Nordeste, como a dessalinização.
cretaria vai atrás do Funding para ajudar os programas
Leia a entrevista na íntegra.
e projetos avançarem, e também coleta os resultados, que são indicadores para serem acompanhados ao lon-
Revista Saneas: Quais os planos do governo para
go do tempo. Não temos uma estatística muito clara
ampliar as oportunidades de inovação no país? Que
da mortalidade das startups brasileiras, por exemplo.
setores estão mais avançados nesta questão?
Então, este é um indicador que está sendo criado. Va-
Prof. Maurício Pazini Brandão: O MCTIC tem por po-
mos dizer que no futuro, daqui há uns 10 anos, iremos
lítica um tripé baseado em produzir conhecimento, ge-
ver a evolução disso. Se a mortalidade caiu é porque
rar riqueza e melhorar a qualidade de vida do brasileiro.
estamos fazendo um bom trabalho, mas enquanto não
O produzir conhecimento faz um elo do nosso trabalho
tivermos números para criar um gráfico, não vamos ter
com a área da educação. O gerar riqueza nos liga à área
uma percepção se estamos fazendo um bom trabalho
econômica e o melhorar a vida do brasileiro nos liga
ou não. Isso não existia, esse trabalho está começando
com o poder psicossocial do país. Há uma preocupação
agora no Governo Bolsonaro. Então, veja, nós estamos
Janeiro a Março de 2020
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ENTREVISTA
atacando todos os temas possíveis, principalmente, aqueles que o
uma fábrica no Brasil, consequentemente, vai gerar empregos, es-
mercado nos aborda e considera prioritários. Certamente, alguns já
colas e hospitais. E temos ainda as ações militares, que demandem
estão avançando mais que os outros. Estamos avançando agora na
obter água. Estamos jogando essas soluções e queremos acabar no
área de Inteligência Artificial (AI). Lançamos editais para isto. Avan-
Nordeste com a distribuição de água por meio do carro pipa - uma
çamos bastante na área de águas. Uma das nossas estratégias é
solução que não é definitiva, que está politicamente entranhada,
resolver o problema hídrico do Nordeste. Isso é muito amplo. Outra
gasta muito tempo/dinheiro e pega pouca água, muitas vezes de
área é a de Tecnologia Assistiva [promove assistência e reabilitação
má qualidade. Queremos resolver esse cenário definitivamente. E
com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de pessoas com
isto está atrelado a duas coisas fundamentais: dar água potável e
deficiência]. Se incluirmos os idosos e quem tem dificuldade de mo-
fazer o tratamento dos esgotos. Com isso, virão melhores condi-
bilidade, temos 40 milhões de brasileiros com alguma deficiência
ções sanitárias, menos problemas de saúde, menos gastos e mais
(audição, visão, fala...). Materiais estratégicos, incluindo grafeno,
felicidade. Com 100 dias do Governo Bolsonaro, foi inaugurado um
nióbio, terras raras, estamos atacando também. A princípio, não
laboratório para testar as máquinas prontas de dessalinização, em
vamos abandonar nenhum tema que seja reconhecido como inte-
Campina Grande, na Paraíba. A máquina entra na segunda-feira,
ressante para o desenvolvimento nacional.
testa até quinta e sai na sexta-feira com o laudo. Todas as máquinas estão recebendo a mesma água salobra, e o laudo aponta qual é a
Revista Saneas: Em sua visão, qual é o panorama do meio am-
água que está saindo, se está boa e potável e qual foi o desempe-
biente no Brasil no âmbito das tecnologias e inovações?
nho da máquina, quanto gastou de energia. Podemos chegar no
Prof. Maurício Pazini Brandão: Há um ano, fui com o Ministro
Ministério do Desenvolvimento Regional e dizer que temos soluções
Marcos Pontes a Israel para, entre outras coisas, olhar a questão
para isso.
da dessalinização. É parte de um problema maior em que podemos resumir basicamente o seguinte: existe todo um manejo de
Revista Saneas: A questão do meio ambiente (sobretudo o sa-
água que precisamos tratar. Questão número 1, todos os brasileiros
neamento ambiental - água, esgoto, drenagem pluvial e resíduos
precisam ter acesso à água potável. Focando no Nordeste, que é a
sólidos) e as condições de saúde da população estão intimamente
região mais carente, há lugares onde se perfura o poço e sai água
ligadas. De que forma as novas tecnologias e inovações estão con-
potável. Então, tudo que é necessário é alguma forma de energia
tribuindo para melhorar esta relação? Quais são os avanços, neste
para tirar essa água de lá. A energia pode ser solar, eólica, elétrica,
sentido? Quais são os maiores desafios?
a que vem de rede. Nesses lugares, a solução existe, não é nada di-
Prof. Maurício Pazini Brandão: Deus me deu esse privilégio de
fícil. Em outros lugares, a água sai salobra. Precisamos de máquinas
executar a estratégia [do MCTIC]. Atualmente, trabalho com 5 star-
para dessalinizar a água e gerar água potável. Descobrimos há um
tups que vão mudar o mundo, vão gerar produtos brasileiros em
ano que há mais de 20 empresas no Brasil com tecnologia própria
escala global. Produtos que irão trazer riquezas de bilhões de dóla-
ou importada, que têm máquinas prontas para isso. O resultado
res e dinheiro novo para o Brasil. Nessas 5 tecnologias, 4 são ligadas
da dessalinização é uma água salgada, podemos fazer criação de
à nanotecnologia. Uma delas é na área de combustíveis e vai fazer
peixe, de camarão e de uma erva que a Embrapa descobriu - a
qualquer combustível ser usado de maneira mais eficiente e poluin-
Sálvia, que cresce, absorve o sal da água e serve como comida para
do menos, o que vai contribuir enormemente para a saúde. Das
gado. O gado come a fibra e o sal. Em todo lugar, se há solução
outras três tecnologias, uma é na área de grafeno. Não sabemos
de energia, é possível resolver o problema da água. Outra coisa
ainda quais produtos serão obtidos a partir dele. Mas, por exemplo,
que estamos atacando é pegar esgoto e separar a água do esgoto,
já se fala em membranas de dessalinização, se forçar água salobra
isso é feito em Israel. A princípio a água não é potável, mas que é
a passar por uma membrana de grafeno, do outro lado sairá água
perfeitamente utilizável na agricultura. Estamos preocupados com
potável. Hoje, temos uma série de membranas para obter água po-
o tratamento da água industrial para aumentar o reúso. Ainda em
tável, mas que gastam muita energia. Talvez com uma única lâmina
Israel, visitamos uma empresa chamada Watergen [empresa global
de grafeno já se consiga o resultado. A maior fonte de água que
sediada no país], que doou 11 máquinas de transformação de va-
temos acesso é a água do mar. Podemos pegá-la e tirar água potá-
por de água da atmosfera em água potável. O mercado em Israel
vel, que é o que Israel faz. As outras duas tecnologias são nanotec-
é pequeno e no Brasil é grande. Então, a empresa resolveu instalar
nologias também, uma é para a agricultura, estamos caminhando
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Saneas
para eliminar a necessidade de adubo químico. São novos adubos chamados bioestimulantes, que são alimentos para as plantas. As plantas comem esse produto, agregam à sua estrutura e não sobra rejeito nenhum para o meio ambiente. São orgânicos. Temos resultados de testes: a planta melhora a fotossíntese, cresce 20% a mais, torna-se mais produtiva e gasta 40% a menos de água. O maior consumidor de água é a agricultura. Vai melhorar estupidamente o mundo. A outra classe é de biodefensivos. Estamos encaminhando para acabar com os agrotóxicos. Não vai sobrar nada para contaminar o meio ambiente. É o material orgânico que a planta absorve. Temos testes positivos para controle de fungos agrícolas, como é o caso do café, do cacau e outros que estão sendo desenvolvidos. Dentro da mesma linha, essa startup é capaz de criar nanocontro-
O produzir conhecimento faz um elo do nosso trabalho com a área da educação. O gerar riqueza nos liga à área econômica e o melhorar a vida do brasileiro nos liga com o poder psicossocial do país”
ladores de vetores de doença, como o Aedes aegypti, ou seja, a larva do Aedes come esse material e morre. Então, o mosquito não nasce. Ao invés de combater ineficazmente acúmulos de água, que
e gasta-se muita coisa - podem gerar novas indústrias no país. Tem
muitas vezes não conseguimos identificar e que são os criadores
uma área de Normatização e Inteligência Artificial que pode ajudar
do mosquito, se espalharmos essa substância por aí, o mosquito
na gestão das atividades de medicina na área de fármacos. É um
simplesmente não nascerá. Isso é só um exemplo. A mesma tec-
trabalho grande de integração de tecnologias aplicadas na área de
nologia entra na área de fármacos. Tudo isso é novidade, inovação
medicina. Criamos no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) um
brasileira feita por brasileiros no Brasil. Essas tecnologias vão decolar
laboratório de engenharia que está desenvolvendo meios para levar
em escala global trazendo riqueza e qualidade de vida para o povo
mais engenharia para a medicina. Estamos trabalhando também na
brasileiro. Dessas 5 tecnologias que estou trabalhando, 2 já estão
área de telemedicina. Com a facilidade de comunicação que obte-
entrando no mercado; uma está em fase de certificação (agrícola), e
mos, podemos levar especialistas a aconselharem online um agente
2 (grafeno e nanodefensivos/biodefensivos) ainda vão demorar um
de medicina, que não necessariamente precisa ser um médico espe-
pouco mais. O grande desafio é fazer tudo acontecer com pouca
cialista, pode ser um clínico ou até alguém da área de enfermagem,
gente e pouco dinheiro. Precisa ter equipes muito boas e compe-
para prover um atendimento remoto em uma situação que deman-
tentes alinhadas com a filosofia do MCTIC. Mas dinheiro não é o
daria até em óbito. O Exército está muito interessado nisso, temos
grande problema, fazendo o envolvimento e a articulação correta,
pelotões de fronteira no meio da Floresta Amazônica. Às vezes, na
dinheiro não vai faltar.
comunidade, tem um agente de saúde e com essas ferramentas, um médico clínico, que está lá no meio do mato, vai ter contato
Revista Saneas: Além das Câmaras da Indústria 4.0, Agro 4.0 e
online com especialistas dos melhores hospitais.
Cidades Inteligentes 4.0, o MCTIC e Ministério da Saúde lançaram, em janeiro deste ano, a Câmara da Saúde 4.0, com o objetivo de
Revista Saneas: Nunca se debateu tanto como agora sobre os te-
melhorar o uso da tecnologia no setor. Quais são as perspectivas da
mas ambientais - tanto os veículos de imprensa quanto a sociedade,
Secretaria para o desenvolvimento desta iniciativa?
que ganha cada vez mais voz por meio das redes sociais. Poderia
Prof. Maurício Pazini Brandão: Saúde é uma área que tem um
apontar os pontos positivos e negativos deste cenário?
orçamento muito grande, da ordem de centenas de bilhões de re-
Prof. Maurício Pazini Brandão: É excelente que todas as pessoas
ais, por ano. Essa é uma área que precisa ser devidamente mapea-
possam falar. Temos hoje um sistema político representativo. Ele-
da. Se inserirmos novas tecnologias às iniciativas de engenharia que
gemos pessoas que a princípio irão defender nossos interesses no
já existem no país, vamos poder gastar melhor esse dinheiro. Para
Legislativo. No futuro, como isso vai evoluir? Creio que continuare-
isso, temos a estratégia transversal de levar mais engenharia para
mos tendo representantes, mas eles estarão diretamente conecta-
a área da medicina. Muitos dos insumos usados em medicina são
dos aos seus eleitores e serão cobrados pelo que está sendo discu-
importados. Fazer a nacionalização deles - porque eles têm escala
tido no Senado ou na Câmara, mesmo que não queira, os eleitores
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ENTREVISTA
vão online passar qual é a visão deles. Isso estará público, ele [o
haja um grupo de pesquisa formado por professores e alunos, que
político] não vai poder esconder. Não que ele não possa ter vontade
a partir dessas ideias surgiu algo que possa dar origem a um novo
própria, mas vamos supor que a maior parte das ações realmente
produto, processo ou serviço. E essa ideia mereça ser investigada
represente o eleitor, certamente será eleito. Agora, se contrariar os
mais profundamente, ela passará para o ambiente de trabalho de
interesses dos eleitores, provavelmente não será reeleito. Não vai
interesse do MCTIC. Resumindo, se os assuntos estiverem muito
ter como escapar disso. O cenário até hoje é que o político se ele-
imaturos, no âmbito do conceito e da ideia, devem ser explorados
ge e a princípio não se importa com o eleitorado, age de acordo
nas escolas. Quando tiver amadurecido, conceitualmente fortaleci-
com a cabeça dele, com a pressão dos lobbys. E chegaremos a um
do e teoricamente verificado para que possa entrar no laboratório,
momento em que poderá ter pressão de lobby econômico, mas os
aí sim, é o ambiente de trabalho do MCTIC. Nosso trabalho é rece-
eleitores vão falar o que querem e se ele não contentar os eleitores,
ber, verificar e, se tiver futuro, vamos apoiar. Temos as ferramentas
eles vão ficar sabendo. Estamos inaugurando a rede da representa-
de apoio do governo, que devem ser usadas com critério porque
tividade online e com total transparência. Isso é maravilhoso. Temos
o dinheiro é limitado. Muita gente acha que é dever do governo
que agradecer aos engenheiros eletrônicos, de computação e de
apoiar a sua ideia. Mas precisa ver primeiro se a ideia tem viabilida-
telecomunicações, que produziram essas tecnologias todas, aos en-
de, se está madura o suficiente, porque estamos investindo dinheiro
genheiros aeronáuticos, aeroespaciais, que colocaram satélites em
público nisso. Não impede que ninguém busque dinheiro privado.
órbita, permitindo que as comunicações se exerçam em escala am-
Dessas 5 tecnologias apresentadas, algumas delas evoluíram com
pla. A engenharia muda o mundo. É assim que eu enxergo.
dinheiro público, mas pelos menos duas foram com dinheiro privado e zero participação do governo. É possível ter solução, em
Revista Saneas: Qual é o papel da Internet das Coisas (IoT) na
termos de desenvolvimento, totalmente privada, do governo ou
saúde? Como podem ser realizadas as melhorias na área por meio
público privado. Montamos uma estrutura para atender qualquer
desta tecnologia?
caso que aparecer. Vamos ouvir qualquer cidadão brasileiro que
Prof. Maurício Pazini Brandão: Preferimos trabalhar com a figura
queira ter isso. A entrada na página (Programa Centelha: http://
da Indústria 4.0, que engloba 9 tecnologias. Dentro dela, encon-
www.mctic.gov.br/) já está aí e aquelas que identificarmos que
tramos Inteligência Artificial e IoT. A IoT é um pedaço da chamada
merecem uma atenção especial, vão receber apoio. Esse pipeline
da Indústria 4.0. Só vai existir, se tivermos diversos sistemas que
de tratamento científico e tecnológico também não existia. Foi
conversem entre si, em tempo real, tomem decisões e as executem
criado neste governo.
automaticamente. Precisamos avançar a Inteligência Artificial, a capacidade de cada sistema de perceber o que está acontecendo e
Revista Saneas: Qual é a situação das comunicações no país? Quais
conversar com outros sistemas. IoT, Inteligência Artificial, robótica
são os pontos que precisam ser melhorados? Em que avançamos?
avançada, manufatura avançada, manufatura aditiva, integração
Prof. Maurício Pazini Brandão: Os números da telecomunicações
de tecnologias estão todas dentro da Indústria 4.0, que já tem a sua
variam rapidamente com o tempo. Já vi chegar a 60% e foi evoluin-
Câmara no MCTIC.
do. Hoje, 70% da sociedade brasileira está conectada. O ministro Marcos Pontes verificou que usando a capacidade do satélite de
Revista Saneas: Como a sociedade brasileira em seus diversos se-
comunicações, que está em órbita, poderia levar diretamente do
tores pode participar dos avanços tecnológicos e inovação?
satélite internet para lugares remotos. Para celebrar os 400 dias
Prof. Maurício Pazini Brandão: Primeiro, estamos abertos para
do Governo Bolsonaro (5 de fevereiro) foi divulgado um filme do
receber qualquer pessoa que tenha interesse para interagir conos-
MCTIC comemorando quantas mil escolas remotamente foram co-
co. Já formamos uma doutrina porque somos poucos, temos uma
nectadas. Nas telecomunicações tem-se: links baseados em terra
capacidade limitada de trabalho e de atendimento. Gostaria que o
ou oriundos do espaço. Um lugar remoto, não tem links terrestres
povo percebesse todos os assuntos que estejam no âmbito do TRL
suficientes para o sinal chegar, mas o do satélite chega. Isso está
do 1 ao 3 (saiba mais na página 11). O ambiente de desenvolvimen-
sendo muito explorado e comemorado porque o satélite tinha uma
to disso é a universidade. As universidades hoje estão no âmbito do
capacidade de atender o que não estava sendo explorado. Agora,
MEC. E enquanto as coisas estiverem no âmbito das ideias isso deve
devido ao agronegócio e utilização de máquinas bastante inteligen-
ser desenvolvido nas escolas públicas e privadas. Vamos supor que
tes, precisamos levar comunicações: WI-FI, internet para a área ru-
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Saneas
ral. Resumindo o cenário, podemos ter 70% dos brasileiros conectados, mas isso corresponde à área urbana. Dos 8.500.000 km² do Brasil, a área rural coberta é apenas de alguns % porque a conexão é fortemente urbana. Temos agora empresas que estão surgindo para levar conexão para a área rural, ou seja, ampliar a conexão dos brasileiros em qualquer lugar do país. Inicialmente, essas empresas irão começar com 4G e à medida que o 5G chegar também [será utilizada]. Além das redes terrestres de elo de comunicações, da conexão direta do satélite, estamos trabalhando também com links aéreos - são veículos aéreos não tripulados de altitude, que poderão colaborar nessa cobertura. Eles podem ser links com o satélite e com as bases terrestres. Em relação ao setor automotivo (participei recentemente de uma reunião com a ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores e as provedoras de conexões) e a ANFAVEA já está reocupada com a mobilidade urbana e com os veículos autônomos, que que vão usar tecnologia IoT, 5G, mas para isso tem que ter rede. Enquanto é urbano, tudo bem, e se um caminhão autônomo precisar ir daqui para a Colômbia? Precisamos ter cobertura o tempo todo. Estamos trabalhando nisso.
Novo ministério abrange todos os temas inerentes à sociedade brasileira, inclusive saneamento O professor Maurício Brandão explica que o ministério anterior fo-
Na visão do MCTIC CIÊNCIA: é o principal insumo para a tomada de decisões. Quanto mais acesso a Ciência tiver o decisor, melhor será a qualidade de suas decisões e melhor o impacto delas na sociedade. “É importante perceber isso porque tem muita gente no Brasil hoje, grandes autoridades, tomando decisões e não necessariamente tem nas mãos conhecimento do fato para tomar decisão.” TECNOLOGIA: a instrumentalização da Ciência no caminho da Inovação. INOVAÇÃO: um novo produto, um novo processo, um novo serviço ou uma nova estrutura organizacional colocados à disposição da sociedade. “Enquanto não tiver gerando nota fiscal e retorno econômico, não é inovação. EMPREENDEDORISMO: é qualquer ação que possa ser feita para amadurecer uma dada tecnologia, transformá-la em inovação, particularmente fazê-la escapar ao Vale da Morte e virar um negócio. “O caminho é longo, no meio tem o Vale da Morte, que é onde a maioria das inovações morrem porque não conseguem passar nos critérios”.
cava fortemente em três assuntos: Radiodifusão, Telecomunicações e Tecnologia da Informação. O novo mudou a identidade com o objetivo de abranger todos os assuntos inerentes à sociedade brasileira, como o saneamento, que não era abordado, segundo ele. “Precisávamos de uma nova estrutura”, conta. Como é professor
De acordo com o professor, o ministério está estruturado para
de Engenharia Aeroespacial e o ministro Marcos Pontes é astronau-
ter 7 secretarias, 4 são dedicadas à Gestão, Regulação e Opera-
ta, encontraram em numa ideia da NASA a forma para organizar
ção, e 3 são voltadas para a Ciência, Tecnologia e Inovação. A
o ministério.
Sefae (Secretaria de Políticas para Formação e Ações Estratégicas)
Trata-se de um conceito chamado Technology Readiness Levels
trata dos assuntos da TRL 1 a 6; a Setap (Secretaria de Tecnologias
- TRL [método desenvolvido pela NASA para avaliar a maturidade
Aplicadas), inaugurada em Brasília pelo professor Brandão, cuida
das tecnologias durante a fase de aquisição de um programa],
da TRL de 7 a 9, e a SEMPI (Secretaria de Empreendedorismo e
publicado em 1995, passando a ser usado pelas organizações. TRL
Inovação), que cuida de qualquer assunto de 1 a 9, mas sob o viés
é uma escala que vai de 1 a 9 (1 é Ciência pura e 9 é inovação).
de startups, incubadoras, impactos tecnológicos e transformação
Desta forma, tem-se: 1) Pesquisa Básica; 2) Pesquisa Aplicada; 3)
de uma inovação em negócio.
Concepção de Aplicações; 4) Prova de Conceitos; 5) Prototipação;
“Colocada nessa visão”, detalha o professor, “o ambiente tí-
6) Ensaios Ambientais; 7) Qualificação Operacional; 8) Demonstra-
pico da universidade trabalha a TRL 1, 2 e 3; os Centros de P&D
ção de Requisitos; 9) Emprego Operacional. O conceito, de acordo
(Pesquisa e Desenvolvimento) trabalham tipicamente TRL 4, 5 e 6;
com o especialista, tornou-se uma NORMA ISO, em 2013, e foi
e a indústria está interessada em 7, 8 e 9. A indústria quer uma
traduzida pela ABNT, em 2015. “Encontramos a inspiração para
resposta rápida. Existe interação entre a indústria e a universidade,
estruturar o novo MCTIC”, sublinha Maurício Brandão.
mas será melhor se tiver um Centro P&D no meio”, reforça.
Janeiro a Março de 2020
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ENTREVISTA
Vale da morte
Isso acontece, de acordo com o professor, porque o país não
Conforme o especialista, o Vale da Morte está no TRL 4 a 6. “É
tem produtos inovadores de escala global. Ele novamente recorre
quando tem que entrar no laboratório e isso começa a ficar caro.
ao exemplo da Apple, o iPhone está no mundo inteiro. “Preci-
Se não tiver investidor, morre. Estamos atacando o Vale da Morte
samos criar produtos inovadores com selo brasileiro. Usamos o
com as 3 Secretarias (Sefae, Setap e Sempi). Continuamos com Ra-
Waze (israelense). Precisamos usar produtos brasileiros”, diz.
diodifusão, Telecomunicações e a Secretaria Executiva e Secretaria
Pensando nisso, foi criado o Programa Centelha. “Qualquer
de Planejamento”, informa. As tecnologias foram divididas em 4
pessoa com uma boa ideia pode cadastrá-la no site do ministério
grupos, de acordo com Brandão:
e isso vai sendo filtrado. Isso é novo, começou em 2019”, escla-
1) Tecnologias Estratégicas (são civis e militares);
rece. E lembra que o maior disruptor brasileiro é o avião - levado
2) Tecnologias da Economia de primeiro, segundo e terceiro nível;
ao TRL9, criado por Santos Dumont - o que muitos países não
3) Tecnologia ligadas ao Meio Ambiente e Sustentabilidade; e
querem reconhecer.
4) Tecnologias Sociais.
“Essa é a nova identidade do MCTIC. São políticas de Estado,
Segundo Maurício Brandão, as três maiores razões para uma
não tem nada de política partidária. Não importa quem esteja no
startup desaparecer são: a não absorção do produto pelo mer-
governo. É o que queremos implementar, criar uma cultura que
cado, ele não está preparado para aquilo; não ter dinheiro, uma
se daqui 3 ou 7 anos, a esquerda voltar ao poder, terá que usar. A
startup precisa de investimento; e briga da equipe devido às di-
esquerda pode focar mais a área social, a redistribuição da rique-
ficuldades que aparecem. “Conhecemos essas razões e estamos
za, mas o cerne que está estabelecido aqui, esperamos que seja
estudando os meios de minimizar a morte das startups, ou seja,
imutável e perene”.
fazer com que a taxa de sucesso dela seja ampliada”, diz. “Temos nesse trabalhos três objetivos a atingir: fazer com que as inova-
Tecnologias disruptivas
ções aconteçam. Se elas costumam morrer, vamos tentar mini-
O professor diz que o MCTIC trabalha diversas estratégias, mas des-
mizar isso e fazer acontecer; fazer com que a decolagem dessas
taca uma. Para contextualizar, ele salienta que o que mais falta no
tecnologias seja feita no Brasil - é a única forma de trazer dinheiro
Brasil hoje é dinheiro novo. “Vemos políticos brigando para tirar
para o país, gerar emprego, renda, melhorar a qualidade de vida,
dinheiro de um lugar e colocar em outro. Achamos que a solução
dar ao governo a chance de alavancar economia e o recolhimento
para esse problema é dinheiro novo. E dinheiro novo vem de ino-
de impostos; e quando houver a identificação de quem vai ser
vação, que se for boa, vai entrar em operação e vai mudar o cená-
impactado negativamente, ao invés de fazer uma estratégia de
rio econômico, gerar novas riquezas. Esta é a ideia”, frisa, citando
confronto, temos que fazer uma estratégia de transição. Convidar
Roberto Campos, a quem chama de guru econômico: “se a gente
os impactados a se reajustarem à onda que virá”, acentua.
quiser grandes riquezas, temos que investir em alto valor agregado,
Ele reafirma que as startups precisam de dinheiro para decolar,
aquilo que vem da educação e da tecnologia”.
pois encontram dificuldades e cabe ao governo criar um cenário
“A estratégia”, prossegue o especialista, “é privilegiar as tec-
favorável ao desenvolvimento. “Em termos econômicos, falamos
nologias disruptivas de interesse da sociedade brasileira. Se colo-
em economia circular, que não produz rejeitos. Vamos trabalhar
carmos novidade versus impacto, a grande maioria das inovações
com trocas de tecnologia. Se as novas tecnologias que chegarem,
será revolucionária, que se caracteriza por pegar algo que já existe
reduzirem o custo Brasil, melhorarem produtividade, competivi-
e melhorar alguns % (um dígito por cento). Uma inovação disrup-
dade, sustentabilidade, segurança e ambiente de trabalho, tudo
tiva muda radicalmente o cenário, traz melhorias de indicadores
isso será bom”, avalia o engenheiro. Ele acrescenta que o ideal é
na casa dos 2 dígitos por cento”, exemplifica. Ele lembra de um
atrair investidor do setor privado porque o governo hoje não tem
paper que escreveu há alguns anos sobre as características da ino-
dinheiro. “Não adianta uma startup ter a melhor solução do mun-
vação disruptiva, entre as quais estão “ter uma ideia maluca, caso
do e achar que o governo precisa investir na empresa. A princípio
típico do iPhone. O Steve Jobs não saiu perguntando, ele criou a
tem que buscar investimento privado”, frisa. “Há uma escala de
coisa”, reitera, “o mercado não é o protagonista, não dita o que
inovação mundial de 129 países, e o Brasil está na 66ª posição. É
vai ser feito, o negócio é feito e o mercado se adapta àquele pro-
uma posição ruim”, complementa.
duto; a quebra de paradigmas entre outros”.
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Saneas
INTELIGÊNCIA
IoT no Saneamento: a novidade da Sabesp que reduz perdas, contribui com o meio ambiente e melhora o relacionamento com o cliente Por Suely Melo
Marcello Xavier Veiga Superintendente de Planejamento e Desenvolvimento da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - Sabesp Marcello Veiga é o principal executivo da Superintendência de Planejamento e Desenvolvimento, área que atende toda a Região Metropolitana de São Paulo. Bacharel em Administração e pós-graduado em Finanças. Atuou na área de Controladoria e atualmente coordena as áreas de Planejamento, Gestão sendo responsável pelo desenvolvimento de novas tecnologias para o setor de saneamento.
E
m mais uma iniciativa precursora na
uma empresa do porte da Sabesp necessita cada vez
área de saneamento, que traz inova-
mais de tecnologias que permitam atuação à distân-
ção e eficiência para o setor, a Sabesp
cia. Ao longo dos anos se fez o monitoramento de
iniciou um projeto de IoT (Internet das
consumo por meio de equipamentos de GPRS [Gene-
Coisas) para medir o consumo de água. De baixo
ral Packet Radio Service], que permitia acompanhar o
custo, a tecnologia garante redução de perdas de
consumo dos principais clientes, mas limitava o nú-
água, contribuindo para o meio ambiente, com-
mero de instalações devido ao alto custo dos equipa-
bate a fraudes e melhora no relacionamento com
mentos e da comunicação. Com a oportunidade de
os clientes.
realização deste monitoramento através da utilização
Para explicar sobre o IoT no Saneamento, a Revista
de equipamentos de menor custo, aliado a um custo
Saneas entrevistou Marcello Veiga, Superintendente
de comunicação acessível, a diretoria não hesitou, em
de Planejamento e Desenvolvimento da Sabesp. “Um
2018, em realizar um projeto piloto visando avaliar
projeto desta magnitude é importante não só para São
a cobertura das redes de IoT [Internet da Coisas] na
Paulo, mas para todo o setor de saneamento”, destaca.
região onde atua. A ação foi bastante positiva e per-
Confira a entrevista:
mitiu que, em 2019, a Sabesp realizasse a primeira lici-
Revista Saneas: Como surgiu a ideia de trazer a ino-
tação voltada ao monitoramento de consumo através
vação da Internet das Coisas para o Setor de Sane-
de redes de IoT.
amento? E qual a importância desta iniciativa para
Um projeto desta magnitude é importante não só
São Paulo?
para São Paulo, mas para todo o setor de saneamento,
Marcello Veiga: A Diretoria Metropolitana da Sabesp
uma vez que permite aprimorar as estratégias, focando
atua constantemente na busca pela inovação. E a atu-
principalmente o combate às perdas e a prestação de
ação em monitoramento e controle de equipamentos
um melhor serviço aos nossos clientes, de forma eficaz
sempre trouxe grandes oportunidades, uma vez que
e financeiramente viável. Janeiro a Março de 2020
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INTELIGÊNCIA
Mais sobre a IoT A tecnologia IoT permite a conexão de dispositivos do cotidiano, como geladeiras, fechaduras, câmeras de segurança e TVs, com a internet. O novo sistema foi testado com êxito, em 2018. Diante disso, a Companhia iniciou a instalação de 100 mil hidrômetros inteligentes nos maiores clientes da Grande São Paulo. Eles terão seu consumo de água medido diariamente de maneira remota. CONTRATAÇÃO POR DESEMPENHO Outra novidade neste cenário é a contratação por desempenho. Neste caso, o fornecedor opera o sistema e é remunerado com base na comunicação dos dados. Segundo a empresa, no projeto-piloto, em operação desde maio de 2018, foram instalados 500 pontos. Nessa etapa, a Sabesp verificou, por exemplo, anomalias de consumo. Foi o que aconteceu em uma escola em São Paulo, que se livrou de um vazamento (que causava prejuízos) após a detecção de alta incomum de consumo no período noturno. De acordo com a empresa, 5 hidrômetros inteligentes desta nova etapa foram instalados em prédios da Universidade de São Paulo e já estão em ação. A implantação na Grande São Paulo será gradativa ao longo de 12 meses em consumidores como shoppings centers, condomínios e indústrias. VANTAGENS PARA O CONSUMIDOR O próximo passo da iniciativa é disponibilizar as medições diretamente para o consumidor, por meio do aplicativo Sabesp Mobile, que vai possibilitar que ele faça a gestão diária de seu consumo (em vez de mensal) e verifique com muito mais facilidade eventuais aumentos e reduções do gasto.
relativamente altos, o que dificulta a aplicação em larga escala, mas acreditamos que, a médio prazo, os preços devem reduzir, tornando viável a aplicação em clientes com menor consumo. Revista Saneas: Quais são os principais benefícios para os clientes? Marcello Veiga: Uma vez que a Sabesp passa a monitorar o consumo diário dos imóveis, o cliente também tem acesso a estas informações por meio do APP Sabesp, podendo realizar a gestão de seu consumo. Isso facilita a identificação de possíveis vazamentos e até evita surpresas na conta, já que o APP apresenta ao cliente, ao longo do mês, uma projeção de consumo baseada em seu histórico. A Sabesp também faz uso de ferramentas que permitem identificar anomalias nos medidores e apontar possíveis vazamentos internos no imóvel, condição que melhora muito o relacionamento entre a Companhia e clientes. Revista Saneas: Em relação à sustentabilidade, de que forma o projeto vai impactar positivamente o meio ambiente? Marcello Veiga: Por se tratar de um projeto de combate às perdas, ele já tem todo o impacto positivo voltado ao meio ambiente, pois permite à Companhia atuar rapidamente no controle de desperdício de água e estimula os clientes ao uso racional e eficaz da água. Mas vai além. Esses são medidores com maior vida útil, condição que aumenta o tempo de troca, reduzindo o descarte de materiais. E, indiretamente, ajudamos na redução da emissão de poluentes com automóveis, uma vez que o número de vistorias em imóveis ou de visitas para substituição de medidores diminuem. Além dis-
Revista Saneas: Quais são os desafios na implantação do projeto?
so, em um futuro breve, o cliente poderá receber suas contas por
Marcello Veiga: Mesmo trabalhando, atualmente, somente com
e-mail, evitando a impressão.
100 mil clientes, que representam aproximadamente 2% dos clientes da Região Metropolitana de São Paulo, este é um projeto gran-
Revista Saneas: IOT no Saneamento já está em operação desde
de. São mais de 8.000 trocas de hidrômetros por mês, sendo a
meados de 2018. Qual é a avaliação sobre os impactos gerados?
maior parte delas de grande diâmetro. Requer uma logística bem
Quais os principais problemas detectados?
elaborada por parte do contratado, além de atuação forte das áreas
Marcello Veiga: A avaliação é bastante positiva e desde que a Sa-
comerciais em comunicar todos os clientes que vão receber a tecno-
besp iniciou este trabalho percebemos que o mercado voltado a IoT
logia em seus imóveis.
enxergou a oportunidade existente no saneamento. Desde então diversas opções de uso estão surgindo e a tendência é que a adoção
Revista Saneas: A iniciativa é voltada por enquanto somente a
desta tecnologia cresça no segmento. Isso vai permitir uma gestão
grandes consumidores como prédios universitários, shoppings e
cada vez mais estratégica, elevando os resultados das companhias e
condomínios, por exemplo. Qual é a perspectiva para que serviço
prestando um serviço mais eficaz aos clientes. Até o momento não
chegue ao consumidor em geral?
foram identificados problemas, vamos avaliar o desenvolvimento
Marcello Veiga: Como o foco principal do projeto é reduzir perdas,
deste projeto inovador ao longo dos 60 meses do contrato.
trabalharemos nos 100 mil clientes de maior consumo da diretoria. Ou seja, comércios, indústrias, órgãos públicos e condomínios resi-
Revista Saneas: Sobre contratação por desempenho, poderia ex-
denciais. Hoje os medidores inteligentes ainda apresentam custos
plicar sobre esta questão? Como é feita? Quais são as vantagens?
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Saneas
Marcello Veiga: A contratação por performance ou desempenho é o modelo utilizado pela Sabesp. Neste modelo de contratação, a Companhia paga pelos resultados. O fornecedor realiza todo o investimento em equipamentos e mão de obra no início do contrato e é remunerado, mensalmente, pelos dados entregues ao longo dos meses de contrato, mediante o cumprimento de metas. Se isso não ocorrer, os valores medidos serão menores, condição que leva ao empenho do fornecedor ao longo de todo o contrato para atingir 100% dos resultados e garantir o recebimento total. A grande vantagem deste contrato é o fato de o investimento inicial partir do fornecedor, antecipando assim a execução e postergando o desembolso por parte da Sabesp. Revista Saneas: Como funcionam os hidrômetros inteligentes? Marcello Veiga: Os medidores utilizados são ultrassônicos, estes hidrômetros não possuem partes móveis, o que faz com que não
APP Sabesp
sofra desgaste ao longo da sua vida útil. Ele ainda tem a capacidade de informar eventuais anomalias como: fluxo reverso, tentativa de violação, falta de água, vida útil da bateria e possui uma inteligência eletrônica que protege o aparelho em caso de uso indevido, além da alta sensibilidade para medir em baixas vazões. Revista Saneas: Qual a sua visão sobre o papel da tecnologia e da inovação no setor de saneamento? Marcello Veiga: A inovação se faz necessária no dia a dia de qualquer organização e não só no setor saneamento. A tecnologia é uma grande aliada: ao adotar as ferramentas corretas e contratar de forma adequada, podemos obter excelentes resultados. Um ponto de atenção é a questão do emprego, algumas funções certamente deixarão de existir e outras surgirão. No entanto, empresas e profissionais devem estar atentos às constantes evoluções e preparados para as grandes oportunidades resultantes das novas tecnologias. Revista Saneas: Em sua opinião, a tecnologia pode, de alguma forma, acelerar a universalização do saneamento? Marcello Veiga: Sim, a tecnologia permite uma atuação mais inteligente e eficaz, gerando melhor planejamento, ganhos de produtividade, redução de manutenções e melhoria da qualidade na execução do serviço com menor custo. Revista Saneas: Algo que queira acrescentar? Marcello Veiga: Vale destacar que, em 90 dias de contrato, já foram instalados mais de 18.000 equipamentos e o APP já está acessível a todos os clientes atendidos. Hidrômetros, IoT e Lacre Janeiro a Março de 2020
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INOVAÇÃO
Por Suely Melo
Silvio Leifert Engenheiro civil, superintendente de Gestão de Empreendimentos da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo Sabesp.
Tecnologia BIM na Sabesp: melhorias para a empresa e para o setor de saneamento
P
ara entender sobre como o uso deste mo-
lhoria da eficiência e performance, apresentando grande
delo está impactando a Sabesp, seus pro-
potencial de ganhos nos seguintes aspectos:
fissionais e o setor de saneamento no Bra-
• Maior facilidade na definição das soluções de projeto, já
sil, a Saneas conversou com a Companhia.
que se trabalha com um modelo digital e não simples-
Veja a seguir o que falam os profissionais: Silvio Leifert,
• Maior controle da qualidade do projeto, pois o BIM geren-
Márcia Arce Parreira Martinelli, gerente do Departamento de
cia a integração entre as diferentes disciplinas envolvidas
Desenvolvimento da Gestão de Empreendimentos (TED); com
(hidromecânica, elétrica, civil, automação), permitindo a
colaboração de Francimar N. Rocha, gerente do Departamen-
identificação de inconsistências ou conflitos no projeto;
to Técnico e de Qualidade da Implantação – MEQ, e Silvana
• Maior controle no gerenciamento das versões de proje-
Corsaro Candido da Silva de Franco, gerente de DepartamenMárcia Arce Parreira Martinelli Engenheira civil, gerente do Departamento de Desenvolvimento da Gestão de Empreendimentos da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp.
Francimar Nóbrega Rocha Engenheiro civil, gerente do Departamento Técnico e de Qualidade da Implantação - MEQ da Diretoria Metropolitana da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - Sabesp.
Silvana Corsaro Candido da Silva de Franco Engenheira civil, atua na área de Saneamento, Geoprocessamento, Automação Industrial, Treinamento da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp
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Saneas
mente com um desenho ou representação gráfica;
superintendente de Gestão de Empreendimentos – TE, e
to de Planejamento Gestão e Operação da Produção – MAG. “O processo de implantação de um método tão abrangente quanto o BIM, em uma empresa como a Sabesp, leva tempo e exige persistência e comunicação. Ainda es-
to, incluindo cada disciplina envolvida;
• Maior padronização do projeto, através do uso de bibliotecas de objetos;
• Maior facilidade do entendimento do projeto, quando da verificação e aceite por parte do contratante;
tamos no início deste processo que tem o potencial de im-
• Integração direta com a orçamentação, permitindo que
pactar profundamente nossas atividades e alterar a cultura
alterações em projeto possam se refletir automatica-
da organização”, frisam os entrevistados.
mente na planilha orçamentária;
O papel da tecnologia BIM no Saneamento e melhorias para o setor
Impactos positivos para a empresa e para os seus profissionais em sete anos do uso da ferramenta
A Modelagem da Informação na Construção ou BIM, na
Desde 2013 a Sabesp vem implementando o BIM em ações
sigla em inglês (Building Information Modeling), é conside-
isoladas de empreendimentos. A partir de 2015 uma equi-
rada como “a atual expressão da inovação na indústria da
pe da Sabesp, ainda não dedicada exclusivamente ao as-
construção” (Succar, 2016).
sunto começou um processo de entendimento de todo o
Talvez sua contribuição mais importante seja a possibilida-
contexto BIM e de potencialidades e possibilidades de uso
de de reunir no principal produto de planejamento do setor
para o mercado do saneamento e mais especificamente
da construção, o desenho (ou o modelo, no caso do BIM),
para a atuação da Sabesp de maneira corporativa.
todas as informações necessárias para o desenvolvimen-
Durante esse período, a Sabesp observou que a maturi-
to dos processos construtivos e de operação de um ativo.
dade do BIM para a infraestrutura ainda se encontrava bai-
Como resultado, há a centralização de informações em um
xa, quando comparada aos processos para o mercado da
mesmo local, o que permite o exercício antecipado e virtua-
construção predial, em que a maturidade já encontrava-se
lizado do processo de construção, mitigando problemas no
bastante alta. Nesse sentido, por uma opção estratégica,
momento real da construção e possibilitando a manutenção
decidiu acompanhar os movimentos do mercado, até que
atualizada das características do ativo durante sua duração.
no segundo semestre de 2018 criou o primeiro grupo re-
De forma mais ampla para o setor de saneamento, o BIM surge como um fator contribuinte à busca pela me-
presentativo da organização para discussão do tema. A partir de então a Sabesp deu os primeiros passos para
definir a estratégia de atuação corporativa da empresa com relação ao
à adequada implantação do BIM, integrando pessoas, processos e
BIM e iniciou um trabalho mais amplo e abrangente de disseminação
sistemas no mesmo fluxo de trabalho; e
de conceitos e potencialidades quanto ao uso do método, direcionando
• A resistência à mudança, natural ao ser humano em qualquer pro-
a capacitação do corpo técnico para um olhar específico na atuação da
cesso de alteração de um status quo há muito tempo estabelecido
Sabesp enquanto proprietária e operadora do sistema.
e consolidado.
Esta ação proporcionou um ganho exponencial do entendimento do
O BIM deve ser entendido pela comunidade técnica da empresa
corpo técnico quanto às funções e possibilidades de aplicação do BIM
como uma mudança de procedimentos e não apenas uma mudança
nas atividades da empresa, bem como as dificuldades a serem supe-
tecnológica e de software. Para tanto é fundamental o incentivo ao
radas e necessidades a serem supridas para uma implantação plena,
desenvolvimento de competências técnicas específicas, que possam dar
essenciais à realização da discussão colaborativa e corporativa a ser re-
o suporte ao desenvolvimento de sua implantação da companhia.
alizada para o direcionamento dos próximos passos do BIM na Sabesp.
Também deve-se considerar que, no caso da Sabesp, nossos projetos são desenvolvidos por empresas contratadas, sendo que estas têm pa-
Principais vantagens do BIM em relação aos modelos convencionais utilizados na elaboração de projetos
pel fundamental no entendimento e na aplicação do BIM.
Como principais pontos que podem ser apontados como benefícios da
• O barateamento do processo de industrialização do setor da construção,
utilização do BIM, podemos citar:
• Aumento da qualidade do projeto (desenho); • Diminuição do tempo de execução da obra;
Já de um ponto de vista governamental, de alto nível podem ser colocadas como grandes desafios: que, por vezes, quando comparado aos processos tradicionais de execução, inviabilizam a utilização de ferramentas e métodos emergentes;
• A criação de padrões e normas que proporcionem a integração de
• Diminuição do custo total do empreendimento;
processos e a interoperabilidade dos modelos tridimensionais, tão
• Facilitação/aprimoramento da gestão;
perseguida dentro dos processos BIM.
• Aumento da transparência.
Para além desses níveis de organização, vale destaque para o papel
• Para tanto, as principais funcionalidades a serem utilizadas do BIM que contribuem com o alcance desses benefícios, são:
das associações de representação das empresas que compõem o setor, no sentido de proporcionar um ambiente mais propício à troca e cola-
• Visualização em 3D do projeto;
boração entre suas associadas, promovendo um avanço mais consisten-
• Ensaio da obra no computador (ambiente virtual);
te e homogêneo do ecossistema.
• Extração automática de quantitativos; • Realização de simulações e ensaios virtuais;
Adesão de empresas de saneamento
• Identificação automática de interferências;
Quando falamos no segmento de construção os padrões e processos para
• Geração de documentos mais consistentes e íntegros;
BIM, já estão mais bem estabelecidos e consolidados, incluindo a forte
• Viabilização da industrialização do processo construtivo;
adesão dos fabricantes, projetistas e construtoras. Entretanto esse cenário
• Complementação do uso de outras tecnologias emergentes que utili-
não se repete para a infraestrutura, apesar de termos tido grandes avan-
zam o BIM como base essencial, por exemplo: captação de realidade
ços com o BIM, principalmente em transportes sobre trilhos e rodoviários.
(nuvem de pontos), internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), desenho generativo, dentre outras;
• Colaboração entre as partes interessadas no projeto.
Especificamente para o setor de saneamento, os casos de uso ainda são raros, mesmo quando falamos do cenário internacional. A contextualização nesse caso, portanto, é essencial. Apesar de ser longo o caminho a ser percorrido, acredito que os movimentos do se-
Desafios no uso da ferramenta no Brasil
tor estão sendo feitos. São várias as prestadoras de serviço coirmãs à
Existem dois níveis principais decisórios que devem ser abordados para
Sabesp com iniciativas em BIM e o aprofundamento no assunto vem
responder essa questão, sendo hierarquicamente: nível governamental
claramente acontecendo.
(estadual e federal) e o nível corporativo. Do ponto de vista corporativo, podem ser ditos como principais desa-
Não considero como um entrave, mas talvez uma das principais dificuldades para a adoção plena em todos os níveis e fases dos empre-
fios que impactam na adoção do método BIM:
endimentos no setor, seja a melhoria da comunicação e a melhoria da
• A falta de maturidade e conhecimento sobre o novo método;
interlocução entre as empresas do setor para que haja um movimento
• A superação da visão competitiva para outra colaborativa, essencial
homogêneo e conjunto. Por esse viés, destaque deve ser dado às asso-
Janeiro a Março de 2020
17
INOVAÇÃO
ciações representantes do saneamento e aos próprios poderes públicos
templates, foi feita aquisição de equipamentos, treinamento de pro-
estaduais e federal, no sentido de melhorar a articulação entre os di-
fissionais e desenvolvimento de fornecedores, ou seja, infraestrutura.
versos agentes, organizando, orientando e harmonizando as decisões
Em relação a trabalhos elaborados, podem ser citados: ETE Perus (700
necessárias a serem tomadas.
l/s), Reservatórios Santa Cecília, Mirante e Vale do Sol (3 x 5.000 m³) e 18 km de adutoras, Recuperação do CT Mombaça e linha de recalque,
Construtoras
Recuperação do Dique Biritiba Mirim, Ampliação da ETA Rio Grande
Algumas construtoras já incorporaram o BIM aos seus processos de tra-
(6,5 m³/s), ETE Mairiporã (150 l/s), Reservatório Centro Suzano (10.000
balho e, em alguns casos, independentemente da exigência dos clientes
m³), Reservatório Distribuição Suzano (5.000 m³), Estação de Remoção
pela utilização da metodologia. Elas entendem que a utilização dos mo-
de Nutrientes (3,25 m³/s), Unidade de Recuperação da Qualidade (URQ)
delos para planejamento, acompanhamento e validação dos orçamentos
de Guarulhos (1,0 m³/s) entre outros.
geram ganhos suficientes nos seus processos internos que justificam a produção de modelos BIM, mesmo que não haja a exigência contratual.
Resultados: destaques Novos métodos e práticas requerem, invariavelmente no início, a dis-
Exemplos da utilização da tecnologia dentro da Sabesp?
seminação do conhecimento e a capacitação do corpo técnico, dire-
Existem algumas experiências ocorrendo em áreas específicas da em-
das diversas unidades impactadas em um sentido único e corporativo.
presa com a utilização do BIM para usos específicos. Podem ser citados
cionando o olhar para a amplitude das possibilidades e convergência É isso que a Sabesp vem fazendo para fomentar o avanço da utiliza-
como exemplos:
ção desse método, investindo fortemente na formação e capacitação
• O uso de ferramentas para o desenvolvimento de estudos prelimi-
de seus profissionais, tendo abrangido em 2019 aproximadamente 200
nares para implantação das obras, possibilitando a análise de alter-
oportunidades além da participação em eventos nacionais e internacio-
nativas técnico-econômicas e uma maior assertividade quando do
nais sobre o tema.
detalhamento;
Nesse sentido, o ganho de maturidade do corpo técnico a respeito
• A elaboração de projetos de reservatórios utilizando softwares de
do que é o BIM e como ele deve ser aplicado dentro do contexto cor-
modelagem para qualificar e padronizar o resultado final do projeto.
porativo da Sabesp, podem ser indicados como os principais destaques
O principal objetivo da aplicação nesse caso foi o ganho de tempo e
palpáveis até o momento.
escala (replicabilidade) no desenvolvimento do projeto;
Outro fato relevante foram os primeiros editais para contratação de
• A utilização de processos BIM ligados a fase de projeto e obra para
projetos em BIM com vistas às futuras contratações das obras, amplian-
empreendimento com estrutura de captação e adução de água e co-
do os níveis de sucesso na oferta de benefícios propostos à população.
leta de esgotos. São explorados a projetação com modelagem 3D, a
Simultaneamente, as empresas privadas de projeto e consultoria em
inserção de informações de ativos em objetos do modelo e a digita-
saneamento, nossa parceiras, estão investindo igualmente em seu corpo
lização do canteiro de obras utilizando princípios e conceitos BIM;
técnico visando o alinhamento da metodologia BIM junto a companhia.
• Exercício interno de modelagem de edifícios administrativos aplicanprojetos de arquitetura, estrutura e complementares; e quantificação
Perspectivas da empresa no âmbito do projeto BIM para os próximos anos
e orçamentação do projeto. O objetivo deste caso, foi o entendimen-
A estratégia da Sabesp vem seguindo as diretrizes da Estratégia BIM
do e executando processos de usos vinculados à: modelagem 3D de
to das dificuldades para o exercício do projeto, visando a melhoria da experiência de solicitação dos serviços utilizando BIM, processo corriqueiro na Sabesp, enquanto contratante de serviços e proprietária
Curto Prazo (3 anos)
Objetivo: Qualidade dos projetos Caderno de Orientação para Contratação com amplitude de Projetos – exigência em BIM • Domínio das informações recebidas • Detecção de interferência • Extração de quantidades para orçamento
Médio Prazo (5 anos)
Objetivo: Qualidade da Construção Caderno de Orientação para Contratação com amplitude de Projetos e Obras – exigência em BIM • Planejamento da Construção • Estimativa de custos
Longo Prazo (9 anos)
Objetivo: Qualidade da Operação e Manutenção Caderno de Orientação para Contratação com amplitude de Projetos, Obras, Operação e Manutenção – exigência em BIM • Manutenção de ativos • Rastreamento de ativos
dos empreendimentos. A Superintendência de Gestão de Empreendimentos da Metropolitana (ME), por exemplo, tem desenvolvido suas principais infraestruturas em BIM. Atualmente, está trabalhando na automação dos modelos com o orçamento e já tem empreendimentos acompanhados pela metodologia. No âmbito da ME, são desenvolvidas diversas bibliotecas, famílias,
18
Saneas
BR elaborada pelo governo federal e publicada em 2018. Nesse con-
pelos clientes. Já na Unidade de Negócio de Produção de Água
texto, tem por objetivo:
da Metropolitana (MA), há outra frente de atuação: a implantação
Neste contexto, a visão de futuro da ME é desenvolver as infraes-
de um software BIM, o ProjectWise, para o compartilhamento de do-
truturas necessárias à operação dos sistemas pelos seus clientes com
cumentação técnica e de projetos (2D e 3D) do empreendimento, em
agilidade, qualidade, confiabilidade e menor custo de implantação e
todas as fases do seu Ciclo de Vida. Este recurso permitirá aumento
operação. Para a Diretoria, a utilização da metodologia BIM é funda-
da integração entre as equipes de engenharia e facilitará o fluxo de
mental para alcançar estes objetivos bem como preparar as infraestru-
informações entre elas.
turas para serem geridas com maior nível de automação e eficiência
Estrutura de captação e adução de água
Modelagem interna de edifícios administrativos
ETE Mairiporã – Ampliação da Estação de Tratamento em Módulos para 150 l/s
ETA Rio Grande – Ampliação da Estação de Tratamento para 6,5 m³/s
ETE Riacho Grande – Ampliação da ETE Riacho Grande para 35 l/s
Centro de Reservação Suzano – Reservatório de 10.000 m³
SES de Santana de Parnaíba - Estação Elevatória de Esgotos Fazendinha 2 - 31 l/s
SES de Santana de Parnaíba - Estação Elevatória de Esgotos Fazendinha 1 - 14 l/s
SES Guarulhos – Unidade de Recuperação da Qualidade (URQ), 1,0 m³/s
Estação de Remoção de Nutrientes (ERN), 3,25 m³/s
Reservatório Mirante 5.000 m³ – Acompanhamento da Execução Janeiro a Março de 2020
19
TECNOLOGIA
Outros avanços tecnológicos do setor Usina Solar Fotovoltaica • GRATT INDUSTRIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL
à distribuição de água. Eles permitem, por exemplo, o controle automá-
“Em um mundo cada vez mais preocupado com a sustentabilidade e a
tico dos níveis dos reservatórios, além do controle ótimo de vazão para
preservação do meio ambiente, evitar a poluição, economizar recursos
equilíbrio e proteção do sistema contra possíveis faltas de água para a
naturais e criar alternativas para manter a qualidade de vida são atitudes
distribuição. Os aplicativos inteligentes possibilitam ainda a visualização
fundamentais para o futuro das próximas gerações”. Foi com esta visão
de toda a rede de distribuição da Sabesp em displays gráficos de alta
que a Gratt Industria e Tecnologia Ambiental, em parceria com a Efall
qualidade, além do envio de comandos de controle remotos, sem que
Engenharia, decidiu implantar nos barracões da sua fábrica, em Capin-
haja a necessidade de deslocamento da equipe de operação.
zal, Santa Catarina, uma Usina Solar Fotovoltaica.
Este pode ser considerado o primeiro passo para a ampliação dos
Iniciada em março do ano passado, a implantação foi realizada devido a
sistemas de distribuição de água em um mercado em constante cresci-
necessidade de minimizar o custo operacional e os impactos ambientais
mento. A partir deste fornecimento, os investimentos pretendidos pela
causados pelas formas tradicionais de geração de energia. No mês de
Sabesp nos próximos anos visando a satisfação total de seus clientes,
maio foi dado início ao processo de geração, que formado por 3618
quanto ao abastecimento de água tratada, poderão ser diretamente
placas gera em torno de 130248 kWh/mês.
incorporados ao novo sistema, uma vez que a tecnologia nele utilizada
Destaque no mercado por produzir equipamentos para setores que
está alinhada com o que se tem de mais moderno no mercado.
necessitem processar ou isolar resíduos, a Gratt visa a conservação em
Para mais informações, acesse:
sua totalidade. Hoje a Usina Solar Fotovoltaica da empresa Gratt é con-
www.siemens.com/infrastructure-cities
siderada a segunda maior (em telhado) da América Latina. O sistema de energia solar fotovoltaica é interligado com a rede elétrica
Soluções tecnológicas de alto nível para processo de clarificação - Veolia Water Technologies • ACTIFLO E MULTIFLO
da concessionária local através de painéis fotovoltaicos. Opera gerando
A Veolia Water Technologies possui um portfólio de mais de 350 solu-
energia durante o dia. Toda energia gerada a mais que o próprio con-
ções especializadas e efetivas, dentre as quais Actiflo e Multiflo, com-
sumo da propriedade vai para a rede elétrica e acumula créditos para
provadas com mais de 1500 instalações em todo o mundo.
serem utilizados em troca da energia consumida enquanto a geração
Actiflo®
está inoperante (noite). A energia solar pode ser utilizada por qualquer
Com 25 anos de experiência operacional e mais de 1.000 referências
tipo de equipamento que necessite energia elétrica.
em todo o mundo fazem da Actiflo uma das tecnologias mais univer-
Funcionamento
Para mais informações, acesse: www.gratt.com.br
sais e da mais alta performance no processo de clarificação. A especificidade da Actiflo reside no uso de microsand, que atua como um
Projeto Novo SCOA • SIEMENS
lastro para a matéria floculada e acelera seu assentamento. A tecno-
Com o objetivo de garantir mais qualidade ao serviço e melhorar o tem-
logia recebe melhorias e inovações constantes para se enquadrar nos
po de resposta na distribuição de água tratada para os consumidores
novos requisitos ambientais das autoridades públicas e da indústria.
da cidade de São Paulo, a Siemens, por meio do Projeto Novo SCOA, atualizou o Sistema de Supervisão e Controle do Abastecimento de Água da Sabesp. A empresa já possuía a tecnologia Siemens para Centros de Operação dedicados à distribuição de água desde 2006, e com a conclusão
Principais vantagens:
• Excepcional desempenho de tratamento, independente do campo de aplicação.
• Estabilidade operacional: sem impacto na eficácia do tratamento durante as flutuações súbitas de fluxo ou qualidade da água bruta.
deste projeto, uma nova versão do sistema entrou em operação em
• Resposta rápida a ajustes de tratamento.
abril de 2012.
• Flexibilidade operacional: possibilidade de paradas frequentes e reini-
O foco principal do novo sistema de supervisão e controle foi a aqui-
cializações sem afetar a qualidade da água tratada.
sição de novas funcionalidades e a preparação do sistema para amplia-
• Redução dos custos de construção graças à compacidade do processo.
ções maciças nas instalações da Sabesp para distribuição de água, o que
• Redução no consumo de produtos químicos: economias de até 50%
permitirá o aumento da confiabilidade e agilidade nos serviços. No âmbito da supervisão e controle do fornecimento de água tratada a Siemens possui os aplicativos inteligentes, ou smart water, destinados
20
Saneas
em relação aos clarificadores convencionais.
• O processo pode ser adaptado e integrado a todos os esquemas de tratamento que requerem uma etapa de clarificação.
• Automação completa e possibilidade de controle remoto de monitoramento.
rantir uma vazão mínima de 300 L/s durante as operações, a aQuamec especificou e recomendou a aplicação de um pacote de motobombas
Multiflo™
de transferência série S da Selwood, composto por três bombas S100,
A tecnologia Multiflo é um processo de clarificação universal que pode
do tipo Vortex e uma do modelo S150M, com rotor semiaberto em aço
ser adaptado para atender às diversas necessidades de nossos clientes
AISI 316.
municipais e industriais.
As bombas Selwood foram recomendadas devido à capacidade de
Com mais de 500 fábricas equipadas com Multiflo™ em todo o mun-
autoescorva a seco, à alta vazão de bombeamento e à excelente ca-
do, a Veolia Water Technologies oferece um amplo e eficiente conhe-
pacidade de manipulação de sólidos com diâmetro de até 100 mm,
cimento de aplicação para melhorar e otimizar o processo e atender às
principais características da linha.
suas necessidades operacionais de clarificação e tratamento de água.
Com um portfólio completo de soluções para descontaminação e tra-
A tecnología Multiflo™ pode também ser instalada como tratamen-
tamento de água e efluentes, as empresas aLBriggs e aQuamec comercia-
to primário, secundário ou terciário de águas residuais e águas pluviais
lizam e operam as bombas Selwood há mais de 25 anos, sendo a aQua-
para remoção parcial, normal ou avançada de sólidos em suspensão,
mec a responsável pelo centro de distribuição para toda a América Latina.
bem como contaminantes carbonosos e fósforos.
Para mais informações, acesse: www.aquamecbrasil.com.br
Principais vantagens: suspensão (<10 ppm), Dureza (<20 ppm como CaCO3), Sílica (<10
Analisador Multiparâmetro até 05 canais e duplo canal • INSTRUMENTO MAX5 E LD
ppm) e Ferro (<0,5 ppm).
A EMEC Brasil possui uma ampla e completa linha de instrumentos de
• Efluente de alta qualidade: Baixas concentrações de sólidos totais em
• Pegada compacta: A pegada do sistema é 10 a 20 vezes menor que
medição e controle de parâmetros da água. Na SABESP, os mais utiliza-
a de um sistema de precipitação por amaciamento convencional. As
dos são da Série MAX5 (até 05 parâmetros simultâneos) e Série LD (até
taxas de carga hidráulica variam entre 5-15 gpm / ft2.
02 parâmetros).
• Tecnologia pré-moldada: Pacotes modulares fabricados, montados e
Os instrumentos da Série MAX5 e LD estão instalados e em funciona-
cabeados de fábrica estão disponíveis até 1.000 gpm (35.000 bpd). É
mento em diversas unidades da Sabesp. Foram realizados testes prelimi-
necessário projetar configurações em campo para maiores capacidades.
nares para comprovação de sua eficiência em regiões como Alto da Boa
• Lodo denso: A cinética de crescimento de cristais promovida no pro-
Vista, Bragança Paulista, Biritiba-Mirim, Caraguatatuba, Franca, Itape-
cesso gera um lodo denso (5-20%) que pode ser desidratado de forma fácil e direta.
• Flexível: operação muito flexível com capacidade para lidar com grandes variações no fluxo de influentes e na qualidade da água.
• Robusto: o design hidráulico dos componentes do sistema promove uma distribuição ideal de fluxo e operação consistente, resultando em uma alta qualidade da água.
• Início rápido: o sistema pode ficar totalmente operacional dentro de 30 a 60 minutos.
tininga e Registro, demonstrando excelente performance e resultados. Está sendo realizado teste em São José dos Campos. Em todas as situações, os equipamentos são destinados a leitura de pH, Cloro, Flúor e Turbidez da água em ETAs e Poços, visando redução de tempo, custo, aumento da confiabilidade, histórico de dados e nível de automatização. Além das regiões citadas acima, também há equipamentos instalados em Assis, Botucatu, Osvaldo Cruz, e Presidente Prudente. No total, são mais de 125 equipamentos distribuídos nessas regiões, in-
• Automação do sistema: o processo é totalmente automatizado para
cluindo fornecimento no 2° semestre de 2019 de 10 unid. de MAX5
facilitar a operação com a capacidade de integrar alimentações quí-
para Botucatu e 27 unid. de LD para Presidente Prudente. Na unida-
micas e sistemas de desidratação de lodo.
de, está em fase de testes um novo instrumento multiparâmetro Plug
Para mais informações, acesse: www.veoliawatertech.com
and Play da EMEC, denominado CENTURIO PRO, que é capaz de analisar, monitorar e controlar simultaneamente até 10 parâmetros da
Bomba de transferência para bypass em rede coletora e coletor tronco • AQUAMEC ALBRIGGS
água. Este equipamento apresenta uma série de inovações que visam
Recentemente, uma concessionária de água e esgoto precisava de equi-
tais como amplo display multicolorido e sensível ao toque, amplitude
pamentos de bombeio para a realização de bypass de esgoto não filtra-
do número de canais e informações geradas, melhorias nos modos de
do, durante os serviços de manutenção e reparo em redes coletoras e
controle das bombas dosadoras, entre outros.
coletor tronco de 1200 mm.
melhorar o gerenciamento, controle e comunicação com o usuário,
Para mais informações, acesse www.emecbrasil.com.br/
Após avaliar o cenário emergencial e constatar a necessidade de ga-
Janeiro a Março de 2020
21
VISÃO DE FUTURO
Modelos Matemáticos no Saneamento Kamel Zahed Filho possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo (1978), mestrado em Engenharia Hidráulica e Sanitária pela Universidade de São Paulo USP (1984) e doutorado em Engenharia Hidráulica e Sanitária pela Universidade de São Paulo - USP (1990), sob o título “Previsão de Consumos em Tempo Real no Desenvolvimento Operacional de Sistemas de Distribuição de Água”, com orientação de Kokei Uehara. Tem experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em Engenharia Hidráulica, atuando principalmente nos seguintes temas: previsão de consumos, distribuição de água, consumo de água, saneamento, controle operacional por computador e operação de reservatórios. Áreas de pesquisa acadêmica: Hidrologia, Gerenciamento de Recursos Hídricos, Dimensionamento e Operação de Reservatórios, Modelos matemáticos, Operação de Sistemas de Abastecimento de Água, Sistemas de Informações Geográficas e Sistemas de Suporte à Decisão. Em 2018, foi um dos homenageados pela AESabesp na premiação “Destaque Profissional do Ano”.
“A essência dos modelos matemáticos é criar a possibilidade de se experimentar soluções em um ambiente virtual para depois implantar aquela que se mostra mais adequada”, Kamel Zahed Filho, engenheiro da Sabesp (desde 1985) e Professor Doutor da Universidade de São Paulo - USP. A seguir, o especialista explica as possibilidades de aplicação desta tecnologia no saneamento e sua importância.
O
conceito de modelagem matemática
Os modelos de simulação permitem que se alterem es-
consiste na representação de qualquer
ses dados de entrada variáveis e se obtenha os resultados
fenômeno, por meio de equações ma-
dessas decisões (representados por gráficos, tabelas, indi-
temáticas. Existem inúmeros modelos
cadores entre outros). A busca de uma solução adequada é
em várias áreas do conhecimento humano, como a
feita de maneira iterativa por simulações exaustivas. Exem-
meteorologia, a física, a economia dentre outros.
plos desses modelos são aqueles utilizados em projetos ou
Até haver a possibilidade de cálculos rápidos com com-
em operação de sistemas hidráulicos das redes de adução
putadores, os fenômenos eram estudados por técnicas
ou distribuição de água. Em uma fase de projeto, pode-se
gráficas (ábacos) ou por modelos físicos (modelos reduzi-
variar as dimensões das tubulações e se avalia a capacidade
dos) ou analógicos (como circuitos elétricos servindo para
de transporte de uma dada tubulação. Em uma fase de
representar escoamentos em tubulações sob pressão). A
operação, a dimensão está imutável, mas o modelo pode
partir da chegada dos computadores, diversos fenômenos
simular diversos cenários de vazões transportadas e buscar
passaram a utilizar os modelos matemáticos. Uma linha
uma regra de operação adequada. Na Sabesp, utiliza-se
de modelos que se popularizou foi a dos modelos de si-
modelos de simulação hidráulica há mais de 30 anos.
mulação. Nestes, trabalha-se com uma série de dados de
Os modelos de simulação em saneamento também são
entrada, alguns imutáveis (como séries históricas de con-
utilizados para avaliar, hidraulicamente, as condições de re-
sumos, temperaturas, vazões) e outros variáveis (como
des de esgoto, os processos de operação de represas, ou
vazão a ser descarregada de um reservatório, carga de po-
sistemas de drenagem urbana, as condições de qualidade
luentes a ser lançada em um ponto de uma rede hidráulica
de água de mananciais de superfície ou de redes.
ou de um canal).
22
Saneas
Sistemas de Suporte à Decisão (SSD) Uma evolução dos modelos matemáticos são os denominados Sistemas de Suporte à Decisão (SSD), que são, de acordo com ele, a utilização dos mesmos modelos já descritos, mas com uma interface muito
Na Sabesp, utiliza-se modelos de simulação hidráulica há mais de 30 anos.
mais amigável, que permite maior interação com o decisor. Exemplos são os sistemas de operação de represas, os modelos de operação de Estações de Tratamento (Água e Esgoto) e os sistemas de controle de
algoritmos é a operação de reservatórios em tempo real, onde o tempo
redes de distribuição de água. Uma outra característica desses SSD é a
de processamento não pode ser muito grande, pois as condições do
possibilidade de processarem dados em tempo real. Desta forma, com
processo mudam com certa volatilidade.
o usos de telemetria (transmissão de dados de algum ponto de amostragem para uma central de processamento), os modelos são alimenta-
Análises de probabilidades
dos em tempo real e as simulações podem servir para apoiar decisões
Um outro aspecto importante de se salientar é a consideração de aspec-
operacionais de curto prazo, como é o caso de um Centro de Controle
tos de probabilidades envolvidos nos processos. Uma série de modelos
de Distribuição de água para uma municipalidade ou a operação de
comerciais e outros desenvolvidos em centros de pesquisa já utilizam há
represas em situações críticas de extravasamento.
muito tempo esses conceitos. Assim, questões de riscos e probabilidades podem ser considerados nas análises.
Modelos de otimização Uma outra vertente da modelagem matemática, que são os modelos
Modelos inteligentes
de otimização. Estes modelos procuram uma melhor solução, baseados
Na definição das chamadas funções objetivo, que definem as metas
em uma definição de uma função meta a ser atingida, como mínimo
de otimização e nas equações do processo, que envolvem algumas
custo de uma obra ou o máximo benefício que pode ser obtido de
regras de decisão, é muito comum a utilização das experiências dos
um sistema de reservatórios, com a maximização da vazão fornecida.
técnicos para alimentar os critérios. Na medida em que esses critérios
Nestes modelos, além de um núcleo onde existem as equações mate-
foram sendo incorporados nos modelos, percebeu-se a possibilidade
máticas que representam os fenômenos, ou seja, existe um modelo de
de “treinar” os modelos, ou seja, os critérios vão sendo acrescentados
simulação, há um mecanismo de busca automático da melhor solução,
nas equações dos modelos sempre que os resultados demonstrem uma
sem a necessidade de simulações exaustivas pelo decisor. Esses mo-
melhor solução. De forma simplificada, criou-se uma metodologia para
delos, de acordo com o professor, foram evoluindo e se sofisticando
que os modelos adquirissem mais inteligência, o que se denomina por
nos últimos 30 anos. Os primeiros tentavam utilizar apenas equações
inteligência artificial. Com a possibilidade de cruzamentos de muitas
lineares para representar os fenômenos, pois desta forma, os mecanis-
informações disponíveis em várias bases de dados na rede mundial e em
mos de busca eram relativamente simples e possíveis de serem proces-
redes próprias e grandes capacidades de processamento, permitiu-se
sados pelos computadores dessa época. Aos poucos, com a evolução
que os modelos “percebam” possibilidades de melhoria nas soluções,
da capacidade dos computadores, tanto em termos de memória, como
assim como fazemos com a inteligência humana. Existem muitas pos-
de velocidade de processamento, outros mecanismos, chamados de
sibilidades de aplicação na área de saneamento, algumas já em fase
algoritmos foram sendo utilizados. Assim, as equações não precisavam
de implantação, como atendimento automatizado ao público, medi-
mais serem linearizadas, as funções de otimização passaram a permitir
dores de vazão inteligentes entre outros. Na modelagem, há aplicações
múltiplos objetivos.
em previsões de consumo, que acopladas a modelos de simulação e otimização permitem a redução dos custos de energia do processo de
Algoritmos
abastecimento de água.
Nos últimos 20 anos, diversos algoritmos (métodos de solução) pro-
O assunto é muito vasto e não se esgota nestas pequenas observa-
curaram se inspirar em processos da natureza, como os algoritmos
ções. O importante é salientar a essência dos modelos matemáticos,
genéticos, algoritmos de colônia de formigas, entre outros. Esses al-
que é criar a possibilidade de se experimentar soluções em um ambiente
goritmos possibilitam a solução de problemas de otimização que antes
virtual para depois implantar aquela que se mostra mais adequada. Na
não tinham uma solução viável, mesmo com a grande capacidade de
sua ausência, muitas tentativas e erros seriam feitas em situações reais,
processamento dos computadores. Um exemplo de aplicação desses
com sérios prejuízos nas tentativas sem sucesso.
Janeiro a Março de 2020
23
PONTO DE VISTA
Startups no saneamento: inovar para universalizar Por Luis Felipe Macruz
Luis Felipe Macruz é graduado em Engenharia de Produção pela Universidade Mackenzie e possui MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Já atuou na área de planejamento e execução de projetos de engenharia para saneamento e melhorias operacionais. Atualmente, atua como gestor de Planejamento, Controladoria, Finanças e Qualidade na Sabesp e também como coordenador voluntário de Inovação na AESabesp.
A
ntes de mais de nada, o quê é uma star-
O Inovabra Habitat, o centro de startups do Banco Bra-
tup? Existem diversas definições, desde
desco, que conta com empresa de mais de 20 setores de
as mais “antigas”, da década de 1990,
atuação coexistindo e convivendo em um mesmo ambien-
fruto da bolha da internet quando pro-
te, é um verdadeiro celeiro de inovações. Ou seja, quando
vavelmente o termo se popularizou, que significava
vemos grandes players movimentando para uma direção,
empresa em estágio inicial de sua existência, até as
temos a validação de uma tendência.
mais modernas e aceitas: além de ser uma empresa
Por enquanto, o saneamento ainda não tem seu CT de
jovem, possui um elevado grau de escalabilidade,
empreendedorismo, o INSAN ou coisa assim. Porém, ve-
crescimento exponencial, repetibilidade e alto grau de
mos alguns movimentos em direção à aproximação com
incerteza quanto ao seu futuro.
startups. Um fato muito relevante e amplamente noticiado
Vamos imaginar a Uber, mundialmente conhecida.
pela mídia foi o Pitch Sabesp, no qual a Sabesp postou
Quando da ideia inicial, a empresa estava entrando num
alguns de seus desafios para que empreendedores trouxes-
mercado altamente estruturado, dominado por diversos
sem soluções (para saber mais, acesse: http://www.sabesp.
players (cooperativas, rádio táxi, grupos etc), com uma
com.br/pitchsabesp/#hp . O interessante é que diferente-
ideia que era pedir um motorista, que não era taxista,
mente de empresas do setor privado, a modelagem do pi-
onde quer que você estivesse, pelo celular. Há alguns anos,
tch teve que atender a toda a normativa jurídica a qual está
se alguém mencionasse esta ideia, todo mundo duvidaria,
sujeita uma empresa estatal. O resultado foi surpreendente
certo? Está aí o elevado risco. Escalabilidade e exponencia-
e centenas de empresas se inscreveram.
lidade: é possível repetir a Ideia praticamente para qual-
Outro momento bastante relevante para o setor foi em
quer cidade do mundo e utilizando o mesmo aplicativo e
2018, com a criação do Iguá Lab, o programa de inova-
recursos, portanto, a taxa de crescimento é muitas vezes
ção da Iguá Saneamento que conecta o ecossistema de
de 3 a até mesmo 4 dígitos por ano. Para finalizar, a Uber
startups com os desafios do setor para transformá-lo (mais
abriu seu capital na bolsa de tecnologia americana com
informações neste link: https://igualab.com.br/).
um valor de mercado de U$ 82 bilhões de dólares, uma empresa fundada em 2009.
Em 2019 tivemos também pela primeira vez na Fenasan o Espaço Startups, uma área onde startups puderam trocar experiências, conhecer melhor as necessidades do setor e
Mas o que tem o saneamento com isso? Tudo!
oferecer seus serviços e soluções. Foram mais de 600 vi-
Há alguns anos, grandes empresas perceberam o poder
ainda maior em 2020.
das startups e que seria um grande benefício se aliarem
Estes são apenas alguns exemplos que podemos citar
a elas. Podemos citar como exemplo dois gigantes do se-
de como as startups estão atuando junto ao setor para
tor financeiro do Brasil. Criado em 2015 pelo Itaú e outro
trazer soluções inovadoras. Juntamente com as grandes
parceiro, o Cubo é o mais importante centro tecnológico
companhias, poderão potencializar os resultados e con-
de empreendedorismo da América Latina. De lá pra cá se
tribuir para um Brasil onde todos os brasileiros tenham
originaram diversas soluções utilizadas pelo próprio banco
acesso ao saneamento.
e até mesmo em outras empresas do Brasil.
24
Saneas
sitantes nos três dias de evento e esperamos uma edição
Com inovação rumo à universalização!
ESPECIAL MULHERES
Mulheres no saneamento Engenheiras, biólogas, gestoras, coordenadoras, assessoras, professoras, mestres e doutoras, entre outras. As conquistas das mulheres que atuam no setor de saneamento são evidentes no mercado de trabalho. Nesta edição, a revista Saneas homenageia todas as profissionais que ajudam a desenvolver o setor. Leia a seguir depoimentos de algumas delas:
Por Jéssica Marques
Monica Ferreira do Amaral Porto
Viviana Borges Gerente da Divisão de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Operacional da Produção - MAGG - UN de Produção de Água - MA da Sabesp e presidente da AESabesp
Assessora da Presidência na Sabesp
m março comemoramos o dia internacional da mulher. Embora o tema seja complexo, é um momento de reflexão sobre o papel da mulher na atualidade e uma boa oportunidade para pensarmos sobre a sociedade a que pertencemos.
tuo no setor desde 1978. O tema Água sempre despertou o meu interesse desde a época de estudante O mundo vem mudando cada vez mais rápido. Ao fazermos uma retrospectiva sobre na Escola Politécnica da USP. Fiz Mestrado na área de alguns fatos históricos do papel da mulher na sociedade, percebemos um grande avanço. Hidrologia, que me levou a iniciar a vida profissional Por outro lado, vimos as estatísticas levantarem a desigualdade de gênero e crescer a taxa de como estagiária nessa área. Durante o programa de feminicídio recente no nosso país, e refletimos sobre as transformações sociais as quais vivenDoutorado, me interessei pela área de Qualidade ciamos. Será que estamos tão envolvidos numa condição desigual que não a percebemos? Será da Água. que perdemos a sensibilidade sobre a desigualdade de gênero? Ou será que estamos isolados convivendo apenas com pessoas que não pensam sobre o tema? Será que a sociedade avançou A partir de então toda minha atuação profissional, rapidamente na igualdade de gêneros no século passado e agora, no século 21, caminha a passos seja na área acadêmica ou fora dela, sempre foi lentos? Será que corremos o risco de, no futuro, perder os avanços obtidos nas últimas décadas? nos temas de Gestão de Recursos Hídricos e GesComo o setor de saneamento pode ajudar a sociedade numa convivência mais coerente entre tão da Qualidade da Água, em particular na área homens, mulheres e a natureza, respeitando suas individualidades, para buscarmos um mundo de Qualidade da Água em corpos d’água, e pela melhor para todos? interface do tema, acabei tendo um relacionamento direto com o setor de saneamento. Vivemos uma modernização tecnológica que tende a favorecer uma posição de igualdade de gêneros. Assistimos no final do século 20 e início do século 21 a mulher se firmando no mercado de trabalho, notadamente evoluindo numa crescente escolarização e acesso à informação. A AESabesp tem na inovação e na modernização tecnológica uma força na busca pela universalização do saneamento. Talvez por isso o ambiente da AESabesp favoreça a participação das mulheres. No setor de saneamento podemos dizer que a AESabesp está na vanguarda no que diz respeito às mulheres, com a eleição de três mulheres presidentes da entidade e de diversas diretoras, conselheiras, coordenadoras e especialistas em diferentes fóruns, comissões e grupo de trabalho, com voz, ao longo dos seus 33 anos de existência. A AESabesp em sua missão traz o desenvolvimento sustentável do saneamento. Quando se fala em sustentabilidade está se considerando o equilíbrio entre o econômico, o social e o ambiental. A ONU, em 2015, apresentou uma oportunidade de reunir os países e a população global para decidir sobre novos caminhos de forma a melhorar a vida das pessoas em todos os lugares. As discussões e ações tomadas pelos países resultaram no estabelecimento de 17 objetivos para transformar o mundo, os chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS, numa ambiciosa agenda para 2030. As discussões se baseavam na mesma sustentabilidade que a AESabesp trabalha: com foco nas dimensões econômica, social e ambiental. Enquanto o ODS 6 trata de água potável e saneamento, o ODS 5 preconiza alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas, com leituras, indicadores e metas regionalizados para o Brasil. A AESabesp se aproxima dos ODS para um mundo justo, equitativo, tolerante, aberto e socialmente inclusivo em que sejam atendidas as necessidades das pessoas mais vulneráveis. E, embora o caminho para todas estas discussões seja longo e, por vezes, pareça que divagamos, em outros momentos as ações e fatos parecem convergir para um mesmo objetivo: um mundo melhor para todos.
Sempre trabalhei em ambientes com poucas mulheres. Entretanto, nunca me preocupei com isso. União, respeito, amizade, bom humor, devem fazer parte do nosso dia a dia com todos os colegas de trabalho, independentemente de gênero.
Desta forma, tive diversos marcos na minha carreira como, por exemplo, a pós-graduação, a decisão pela carreira acadêmica, e a participação intensa em redes profissionais, como no período em que fui presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos, e finalmente aceitar o desafio de ir para o governo durante a crise hídrica. Todos esses passos dependeram de dedicação plena ao trabalho. Também destacaria o concurso para Professor Titular e o recebimento do prêmio Engenheiro do Ano em 2016, outorgado pelo Instituto de Engenharia de São Paulo. Acima de tudo, penso que a realização mais importante foi a oportunidade de contribuir, de perto, para a gestão da crise hídrica em São Paulo, graças ao convite do Dr. Benedito Braga para, com ele, participar do Governo do Estado de São Paulo, na Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos. Agora, depois de 41 anos de profissão, meu sonho é apenas o de conseguir convencer a todos os estudantes e jovens engenheiros, independente de gênero, que a carreira é gratificante e a dedicação ao estudo e ao trabalho valem muito a pena. Janeiro a Março de 2020
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ESPECIAL MULHERES
Eliana Kazue I. Kitahara Engenheira do Departamento de Controladoria e Planejamento Integrado de Sistemas Regionais - RCC e ex-presidente da AESabesp
ui a segunda mulher na Sabesp a trabalhar em área operacional. Substituí uma mulher da primeira turma da Tecnologia Sanitária UNICAMP, que saiu para se casar. Assim como ela, nos identificamos muito com as atividades de campo e lidar com funcionários, todos masculinos. Com relação a outras mulheres que estão atuando na Sabesp, vejo que é crescente a aprovação e reconhecimento do trabalho feminino. Fico muito orgulhosa pelo fato, pois acho que mulher tem talento de malabarista, quando tem a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo (lar, filhos, trabalho) e na maioria das vezes a mulher é mais prática, objetiva e intuitiva. Felizmente, em quase 43 anos de prestação de serviço, somente uma vez, na época em que iniciei minha carreira na área operacional, um funcionário quis me desrespeitar. De imediato, coloquei minha posição de descontentamento e comuniquei sua chefia direta. Nunca mais tive caso similar. No início da carreira profissional atuei por muitos anos na Diretoria Metropolitana, onde assumi a responsabilidade sobre a operação e conservação das unidades operacionais dos sistemas de produção de água do Rio Grande, Guarapiranga, Alto e Baixo Cotia. Na época não havia sistema de telemetria e todas as manobras em sistemas complexos operacionais eram realizadas por telefone. Implantei o primeiro posto de Recebimento de Efluentes Não Domésticos na Sabesp, localizado na ETE Jesus Neto, período no qual visitava muitas indústrias e comércios da região Central da RMSP a fim de apresentar as atividades do Setor e buscar o controle de efluentes não domésticos lançados no sistema de esgotamento sanitário da Sabesp e o aumento do faturamento da empresa. Na implementação das obras e início de operação das ETEs Parque Novo Mundo, São Miguel e revitalização da ETE Suzano, localizados na RMSP, assumi a gerência de Departamento AEL. Foi um período de muitas conquistas, melhorias e inovações nos projetos propostos para as novas ETEs, entre elas, implantação de auditórios, abertura das ETEs para visitação de alunos de escolas e sociedade no geral, promovendo a educação Karla ambiental como ferramenta de conscientização social sobre a importância do Tratamento Bertocco de Esgotos na melhoria da qualidade de vida e meio ambiente. Tive vários momentos Ex-presidente da Sabesp marcantes em minha vida profissional e foco a minha gestão na presidência da AESABESP que foi bem conturbada, pois foi na época de crise hídrica. Sem apoio u comecei no setor financeiro para realização da FENASAN e Encontro Técnico, conseguimos de saneamento em 2004. manter os maiores eventos de Saneamento no Brasil (América Latina). Naquela ocasião havia tido uma troca da presidência da Sabesp e a pessoa com quem eu Para o futuro, pelo fato de ter trabalhado com população de estava trabalhando na época, secretário de estado, virou baixa renda e conhecer a realidade de falta de estrutura presidente da empresa. Ele me chamou para ser chefe de gabide saneamento, gostaria de contribuir mais para nete, uma posição mais administrativa. sanar/ amenizar as deficiências existentes, principalmente na área de esgoto. Eu aceitei e em 2004 fui para a Sabesp. Foi um ano muito importante para o saneamento, pois foi quando começou uma discussão aprofundada sobre o marco legal do setor. Eu era formada em Administração Pública e Direito, portanto, além das funções administrativas eu comecei a me envolver com questões regulatórias. Então, saí da parte administrativa e fui para Planejamento Estratégico, Orçamento e era responsável pela discussão da regulação. A maior dificuldade na época não foi nem por ser mulher, mas por eu ser muito nova. Eu tinha 26 anos e isso chamava muito a atenção. As pessoas alcançavam as posições de superintendência mais velhas. Eu lidava com a maioria do público masculino, tinham bem poucas mulheres em posição de comando e todos eram muito mais velhos que eu. A questão de união entre as mulheres é algo recente. Antes você era bem recebida e pronto. Quando fui presidente, vi mulheres ocupando posições mais relevantes e como elas apoiavam o fato de ter uma mulher na presidência. Teve uma evolução e não é exclusiva do setor do saneamento. Além disso, o fato de a presidente da Sabesp ser mulher deixa as demais mulheres mais confortáveis para discutir questões de diversidade, assédio moral e sexual, que até então eram assuntos muito menos debatidos. Na época também foi quando a discussão sobre mulheres em posição de liderança ganhou ênfase. Isso fica evidente no Conselho de Administração. Notei que eram todos homens, mais velhos e que esse ainda é o perfil mais comum em conselhos de empresas de saneamento. Ao longo de minha experiência na Sabesp eu me especializei em saneamento. É muito importante que quem conhece o setor se dedique a ele. Temos a discussão do marco legal e a expectativa de retomada do setor. Não se pode mais depender de recurso público. De alguma forma é preciso atuar para aumentar o volume de investimentos no setor, que é aquém do necessário e mal distribuído. A gente está para experimentar um momento de grandes mudanças e quero usar essa experiência de gestão e conhecimento de estrutura de regulação do setor de saneamento para contribuir com esse período. Acredito que atualmente existem dois focos: o aumento do investimento no novo cenário de crescimento da participação privada no setor e a necessidade de trazer para o saneamento inovações relevantes como as que vem impactando a nossa vida privada.
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Saneas
Samanta Salvador Tavares de Souza Superintendente Comercial e de Relacionamento com Cliente
udo começou em 1996 quando passei em um concurso da Sabesp. Na época eu não tinha conhecimento da dimensão do que era o saneamento. Quando visitei o Sistema Cantareira me apaixonei pela Sabesp e pelo Saneamento.
Sandra Garcia Lopes Gerente de Departamento de Demandas de TI
Desde então, lembro apenas de uma situação em que sofri discriminação por ser mulher e foi no início da carreira, quando assumi a coordenação de atividades operacionais. Hoje não vivencio este tipo de situação. Acredito que a maior dificuldade que enfrentei ao longo da carreira, que na verdade nem chamaria de dificuldade, foi ganhar o meu espaço, conquistar a confiança e respeito profissional.Trabalhei muito e me envolvi nas iniciativas referente a assuntos de Gestão, qualidade, desenho de processos. Uma forma que entendi ser adequada para ampliar minha visão sistêmica e a minha rede de relacionamento. Durante a minha vida profissional tive a oportunidade de trabalhar com mulheres que são verdadeiras líderes que me inspiraram e me fizeram acreditar que era possível conquistar novos desafios. Atuei em várias áreas da empresa e em vários projetos estratégicos. Isso possibilitou um grande aprendizado. Além disso realizei vários cursos para desenvolvimento profissional e pessoal. Também participei de regularizações de abastecimento de água de áreas carentes. Neste momento você entende a diferença que o nosso trabalho faz na vida das pessoas, sou muito grata por ter a oportunidade de ter vivido isso. Na empresa também tive a oportunidade de participar de vários projetos com equipes formadas por grandes profissionais. Dentre eles, gostaria de destacar a participação na implantação da metodologia de Gestão Por Valor Agregado (GVA) na empresa. Na época, estava trabalhando na Unidade que foi escolhida para ser o piloto neste trabalho que serviu de referência para as outras unidades da empresa.
u entrei na Sabesp em 1997 como estagiária. Há um mês que eu estava como estagiária na empresa abriu um concurso. Eu já estava gostando, entrei no concurso, fui bem colocada, no mesmo ano fui chamada e em outubro de 1997 comecei minha carreira como funcionária da empresa. No início eu era muito jovem, na época eu tinha 20 anos. Sempre tive uma cabeça de inovação, de sair do quadrado e naquele momento a empresa ainda era muito conservadora, mas sempre fui persistente. Mostrar soluções e apresentar resultados sempre propondo alguma solução vinculada a resultado facilitou, porque eu me comprometia a fazer a entrega e esse resultado se materializava, com isso fui conquistando a confiança da minha liderança, o que foi abrindo portas para mim. Apesar de ser um mercado que tem uma predominância masculina, eu não me senti discriminada em situações machistas nunca. Sempre fui muito respeitada profissionalmente. Não posso reclamar de discriminação, porque sempre tive o meu espaço na empresa e meus líderes, homens ou mulheres, sempre me respeitaram.
Há pouco tempo assumi uma nova área, Gestão Eu entrei na área financeira e trabalhei lá durante de Demandas de TI. Como sou uma profissional sete anos. Em determinado momento, mudou o supecom experiência no negócio, na “ponta”, estou rintendente da unidade de negócios em que eu trabaaprendendo muito sobre este mundo maravilhoso lhava, ele foi para uma outra unidade, me convidou para da Tecnologia da Informação. Enfrento toda esta ir junto para assumir a área de controladoria daquela supemudança com flexibilidade, resiliência, empatia, adaprintendência. tabilidade e muita motivação. Depois de sete anos de financeiro, recebi um convite para ir para a Hoje meu sonho profissional é ter sucesso neste novo área comercial, que eu não tinha noção do que se tratava. Entrei na desafio que assumi na área de TI e poder cada vez mais área em 2006 e nunca mais saí dela. contribuir para o sucesso da empresa. Pretendo alcançáFiquei em Americanópolis por cerca de dois anos, fui convidada a ser -lo com dedicação, estudo, trabalho em equipe gerente de grandes consumidores da região Sul de São Paulo, depois pase estando sempre aberta para o novo sei a ser responsável por toda a área comercial da região Sul e depois de e com foco no resultado. alguns anos fui convidada a assumir a Região Metropolitana de São Paulo como gerente do departamento de gestão das relações com os clientes. Trabalhar na operação com o cliente me fascinou. Me encontrei profissionalmente a partir do momento em que eu fui para a área comercial e sou apaixonada pelo que eu faço. Acordo diariamente com muita vontade de trabalhar porque para mim o trabalho é um prazer. O momento mais marcante da minha carreira foi o período da crise hídrica. Eu fiquei grávida, vivi aquela pressão doida e em janeiro de 2015 concedi umas 40 entrevistas para as principais mídias. Com todas as mudanças hormonais da gravidez, vivi naquele mundo de crise com tudo ao mesmo tempo. Naquele período me descobri muito como mulher e profissional. Foi o grande momento da minha vida.
Janeiro a Março de 2020
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ESPECIAL MULHERES
Nercy Donini Bonato Gerente do Departamento de Planejamento e Relações Comerciais da Unidade de Negócio Sul na Diretoria Metropolitana e ex-presidente da AESabesp
ngressei na Sabesp em 1979 como estagiária. Foi importante para mim entrar em uma empresa tão grande. Eu era moça e queria trabalhar em obras, mas consegui trabalhar na área de projetos porque obras não era lugar de mulher. Sempre teve figuras femininas na Sabesp que me inspiraram, como a engenheira Ana Lúcia Brasil e Cecília Takarrashi. Antigamente, mulher não entrava em túnel, tinha um grande preconceito com mulheres. Era um sonho trabalhar no projeto Sanegran, que hoje seria o Projeto Tietê. Eu passei para a área de projetos e acompanhava as obras, de certa forma. Mas me encantei por outras áreas e hoje gosto mais de planejamento do que de obras. Trabalho há 20 anos nisso e proporciona uma versão transversal da empresa. Agora estou muito empolgada com o projeto Novo Pinheiros, que é um grande projeto. Fora essa frustração inicial minha, nunca tive mais problema na minha carreira, muito pelo contrário. Tive chefes e líderes que me respeitaram e impulsionaram. A Sabesp dá muitas oportunidades e respeita a mulher como profissional. Tive oportunidade de trabalhar em diversas diretorias. Comecei pela diretoria técnica de construção, passei por planejamento e hoje estou na Diretoria Metropolitana, que acho que é a diretoria que de uma forma geral tem mais mobilidade, penetração, acesso direto, contato com o cliente. Assim, acabei trabalhando com relacionamento com cliente em tantos anos de engenharia. Tenho um grande orgulho de trabalhar na Sabesp, sempre fui respeitada pelos meus colegas engenheiros. Me dedico muito a transferir minha experiência e incentivar outras pessoas a fazer uma carreira brilhante. Ser presidente da AESABESP foi especial, um trabalho importante, era uma época de muita luta e determinação para que a associação crescesse e prosperasse como ela é hoje, uma associação forte no setor, respeitada e conhecida no Brasil e fora. Conheci muitas pessoas e o networking me ajudou muito na carreira. Acredito no trabalho em equipe, cooperativismo. A presidência, de 1993 a 1995, foi um marco na minha vida, eu acho que contribuí e recebi bastante.
AESabesp homenageia as profissionais da associação e do saneamento nas redes sociais Para celebrar o Mês da Mulher, a Associação dos Engenheiros da Sabesp - AESabesp está promovendo a Campanha Mulher AESabesp em homenagem às profissionais da entidade e do Setor de Saneamento. Para participar, basta enviar uma foto (pode ser uma selfie) para campanhas@aesabesp.org.br, com nome completo, empresa e área de atuação ou instituição onde estuda. É um convite às profissionais para que mostrem seu orgulho de participar da AESabesp e do setor, que se dedica ao saneamento, ao meio ambiente e ajuda a construir um mundo mais sustentável. As imagens estão sendo publicadas nas redes sociais da Associação. Mais informações em nosso site www.aesabesp.org.br PARTICIPE! MANDE SUA FOTO E MOSTRE SEU ORGULHO DE SER #MULHERAESABESP.
Comissão promove os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável O mês de março também marca, na AESabesp, a criação de uma Comissão formada por mulheres que se dedicará à promoção dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU e para tornar a AESabesp signatária das Nações Unidas. A Comissão, composta inicialmente pelas associadas que frequentam as reuniões e já atuam em atividades da AESabesp, mas aberta à participação de todos, realizará diversas iniciativas, como eventos e estudos, para as associadas e associados AESabesp e também ações voltadas à conscientização da sociedade. Mais informações em nosso site www.aesabesp.org.br
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Saneas
ARTIGO TÉCNICO
Edson Sene da Costa Ciro Cesar Falcucci Lemos Alessandro Muniz Paixão Aurélio Fiorindo Filho Tarcísio Luis Nagatani Paulo César Lemes Rocha Silvio Tadashi Yamagutti Antonio Alexandre Magnanini
Eficiência Energética: distribuição do Sistema São Lourenço aproveitamento energético por obras de setorização e instalação de Bomba Funcionando como Turbina (BFT) Resumo
sos e Apoio, por exemplo: Água, Esgoto, Qualidade,
Nos sistemas de abastecimento de água há poten-
Serviços e etc. Os Fóruns acompanham as análises crí-
ciais hidro energéticos que permitem a geração de
ticas da MO bem como os planos de ações e também
energia elétrica e a otimização dos setores de abaste-
propõem projetos.
Ivan Carlos Storer
cimento, por meio do emprego de soluções inovado-
No Fórum água de abril/2015 concluiu-se que era
Geraldo Juncione
ras, como o emprego de bombas funcionando como
preciso investir na melhoria da eficiência energética e
turbinas (BFT).
geração de energia onde fosse possível.
Sandra Stringhini Bruno Pereira Toniolo
Esta inovação implantada na Unidade de Negó-
Este Fórum é coordenado pela área de Engenharia
cio Oeste- MO, da Sabesp, em 2017, no Reserva-
da MO e está alinhado com os Objetivos Estratégicos
tório Tamboré, que garantiu a geração de energia
da MO (ver figura 1), além de ser prática do Sistema
de 90 kwh. Projeto este desenvolvido em parceria
de Trabalho da MO para promover o envolvimento e a
com o Banco de Desenvolvimento Alemão o KfW
interação dos empregados de diversas áreas visando ao
que promove também investimentos no Brasil para
alto desempenho e à inovação.
expansão de energias renováveis e a empresa KSB
O Fórum Água visualizou que é possível economizar
(fornecedora de bombas), e a Universidade de Bun-
dinheiro aumentando a eficiência energética e também
deswehr em Munique.
aproveitar a energia residual hoje desperdiçadas no sis-
A implantação deste piloto permitiu a definição da
tema de abastecimento de água.
concepção de novas instalações, este trabalho tem
Neste Projeto será possível gerar energia elétrica me-
por objetivo apresentar a implantação do BFT e os po-
diante aproveitamento da energia residual da água que
tenciais projetos similares na unidade MO.
entra nos reservatórios da MO, entre os processos Adu-
A eficiência energética também foi estudada por se-
ção e Reservação.
torização que consiste em desativar as instalações que
O sistema de abastecimento é composto de diver-
consomem energia elétrica (bombas) mediante as-
sas adutoras entregando água em diversos reservató-
sentamento de tubulações, permitindo a interligação
rios, sendo que cada adutora atende vários reservató-
destas regiões, a um setor próximo, que tenha uma
rios, porém o sistema é dimensionado para abastecer
piezométrica suficiente para promover o abastecimen-
o mais alto deles, e então, em todos menos um, o
to por gravidade.
mais alto, sobra energia que é dissipada em forma de calor, devido ao estrangulamento da válvula de entra-
PALAVRAS-CHAVE: Abastecimento de Água, Eficiência Energética e Bomba Funcionando como Turbina.
da dos reservatórios. Quando uma adutora abastece vários reservatórios, para não ter desperdício de energia (porque o bom-
Introdução
beamento é dimensionado para o mais alto), seria
OPORTUNIDADE
possível, somente se todas as válvulas de entradas tra-
Desde 2014, a Unidade de Negócio Oeste - MO tem
balhassem totalmente abertas, porém seria impossível
como entrada de novos projetos o Fórum de Proces-
de se operar porque toda a água do sistema iria para
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PONTO DE ARTIGO VISTA TÉCNICO
os reservatórios mais baixos, por isso é que se tem uma válvula de
Sabesp”, 9 “Gerar impacto socioambiental positivo” e 10 “Gerar
controle na entrada de cada reservatório.
lucro” (ver figura 1).
A solução então é instalar bombas funcionando como turbina (BFT)
Este desafio de aproveitamento da energia residual nas entradas
na entrada de todos os reservatórios, assim em vez de graduar a vál-
dos reservatórios é compartilhado pelas outras Unidades de Negó-
vula de controle (dissipando energia) será instalado um BFT na entra-
cios da distribuição e também por todo o setor de saneamento no
da de cada reservatório gerando energia que hoje é desperdiçada.
Brasil e no mundo.
O Projeto proposto contribui para a redução da conta de energia
Os participantes do Fórum de Água constataram que era pos-
elétrica, porque esta energia gerada será medida e entregue à Con-
sível aumentar a eficiência energética oriunda da entrada de
cessionária de energia e vendida, assim o valor será descontado
água nos reservatórios e utilizando a prática do processo decisó-
nas outras plantas da MO, dessa maneira, executando-se todas as
rio em grupo por meio do Brainstorming, analisaram as possibi-
obras propostas neste trabalho, será possível “zerar” as contas de
lidades de atuação.
energia elétrica da Unidade de Negócio Oeste - MO.
Para aprofundar os estudos, os trabalhos foram divididos em 2 grupos de trabalhos (GT), sendo um de hidráulica e outro de elétri-
com seis dos Objetivos Estratégicos como a seguir: 2 “Implantar
ca, somando são catorze funcionários da MO e mais cinco funcio-
novas tecnologias”, 4 “Aperfeiçoar processos”, 6 “Manter e con-
nários de outras superintendências parceiras. A coordenação dos
quistar mercados e novos negócios”, 7 “Fortalecer a imagem da
trabalhos ficou com a MOE.
Pessoas einovação
Processos
Cliente e Sociedade
Sustentabilidade
A notoriedade deste Projeto é evidenciada pelo alinhamento
8
9
10
Garantir a disponibilidade hídrica
Gerar impacto socioambiental positivo
Gerar Lucro
5
6
7
Satisfazer o cliente
Manter e conquistar mercado e novos negócios
Fortalecer a imagem da Sabesp
3
4
Assegurar a qualidade dos serviços
Aperfeiçoar processos
1
2
Promover desenvolvimento profissional e pessoal
Implantar novas tecnologias
Figura 1: Mapa Estratégico (fonte: Intranet Sabesp, Abril/19).
30
Saneas
Os estudos foram amplamente discutidos por todos e por fim
água entra no reservatório, perde toda a energia e depois sai por
chegou-se a um plano de ação, baseados na missão, visão e valores
gravidade para a zona baixa e outra parte é bombeada para a
e diretrizes estratégicas.
zona alta. A proposta aqui é em vez de bombear para a zona alta, assentar tubulações de um outro reservatório por gravidade, so-
Objetivo
lução não apontada nas literaturas porque as análises eram feitas
O abastecimento é condição primordial ao atendimento da
pontualmente apenas por setor como se fosse um mundo isolado.
vida, da saúde e do funcionamento das cidades. A implan-
Já uma Bomba Funcionando como Turbina (BFT) é aplicada nas en-
tação destas obras regularizará o fornecimento de água da
tradas dos reservatórios setoriais, aproveitando o residual de energia
região e proporcionará também, o atendimento aos centros
existente, visto que quando a água entra num reservatório ela perde
industriais e comerciais, melhorando as condições socioeco-
toda a sua energia residual, assim a BFT retirará e transformará esta
nômica das localidades, e reduzindo o consumo de energia
energia antes dela se dissipar. Também as BFT’s são aplicadas numa
elétrica mediante o aproveitamento do potencial energético
adutora quando é necessário reduzir a pressão na adutora, hoje são
do Sistema São Lourenço.
instalados as chamadas Estruturas de Controle (EC), porém a energia
O principal aproveitamento energético que se pode ter é des-
não é aproveitada, o ideal seria uma BFT para gerar energia.
ligar as elevatórias de distribuição de água para as Zonas Altas e abastecer esta região mediante assentamento de tubos de um
Benefícios esperados
setor próximo que tenha uma piezométrica suficiente para que
Estas obras de adução, reservação e distribuição de água de nove
se possa desligar as bombas das zonas altas e assim efetivamen-
setores de abastecimento e instalação de BFT que maximizarão
te reduzir o custo com a energia elétrica. Nos setores clássicos a
o aproveitamento do Sistema Produtor São Lourenço, proporcio-
Tabela 1: Elevatórias desativadas por Setorização Elevatória a Ser Desativa
Qual Setor ou Sub-adutora passará a abastecer a região
Potência a Desativar (kw)
Situação
Jandira ZA
Sub-adutora Jandira Mirante via São Lourenço
350
Concluída
1- Itapevi-Centro ZA
Novo Setor Itapevi-Santa Cecília
220
Em andamento
2-Barueri-Tupã ZA
Novo Setor Barueri Vale do Sol
175
Em projeto
3-Barueri Tamboré ZA
Novo Setor Genesis
1275
Em andamento
4-Nove Boosters em Itapevi
Novo Setor Itapevi-Santa Cecília
420
Em andamento
5-EEA Carapicuíba Vila Dirce
Sub Adutora Carapicuíba via São Lourenço
510
Em projeto
6-Booster Fazendinha
Novo Setor Genesis
540
Em andamento
7-Booster Imperial, Sergipe e Poços
Novo Setor Genesis
420
Em andamento
Total
3.910
Tabela 2: Implantação de Bombas Funcionando como Turbina (BFT) Modalidade do aproveitamento energético
Potência a Recuperar (kw)
Situação
Barueri-Tamboré
Entrada de reservatório
90
Concluído
8-EC-1
Controle de pressão na adutora Interligação com Baixo Cotia
450
A licitar
9-EC-2
Controle de pressão na adutora Interligação com Cantareira
1030
A licitar
10-Barueri-Vale do Sol
Entrada de reservatório
70
A licitar
11-EC-3
Controle de pressão na adutora Carapicuíba-Centro
640
A licitar
12-Genesis
Controle de pressão na adutora Genesis
120
A licitar
Local a ser implantada
Total
2.400
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PONTO DE ARTIGO VISTA TÉCNICO
nando eficiência na gestão do serviço de abastecimento, com re-
nologia ainda está em desenvolvimento, não se tem um domínio
gularidade adequada, redução de energia, redução de perdas e
completo da aplicação. Dentre os reservatórios da MO escolhemos o Reservatório Ba-
capacidade de expansão futura. Haverá a regularização do abastecimento de água em nove se-
rueri-Tamboré porque tem grande vazão e uma pressão de entrada
tores de abastecimento nos municípios de Itapevi, Jandira, Barueri,
considerável, sendo assim um excelente potencial de aproveitamento.
Carapicuíba e Santana de Parnaíba que são abastecidos pelo Sis-
Após consenso com os parceiros alemães da escolha do reserva-
tema Produtor São Lourenço, beneficiando 1.100.000 (um milhão
tório, o GT de hidráulica, em agosto/2016, executou a modelagem
e cem mil) habitantes e possibilitará também a desativação de 21
matemática da operação e o resultado foi que é possível instalar um
estações de bombeamento.
BFT com vazão 400 litros por segundo e com um aproveitado de carga de 30 metros de coluna de água (mca), escolhida a bomba que
A ideia
melhor se adequa a este ponto de trabalho o ganho foi de 90 kw.
A fonte inspiradora é o estudo minucioso do Ciclo do Saneamento
Foi definido uma regra operacional para o funcionamento da
ver figura 2, onde se percebe os pontos em que existem energia resi-
válvula de controle e da turbina com uma tabela de como será a
dual, são eles: na entrada das estações de tratamento de água (ETA),
operação durante as 24 horas do dia com os resultados hora a hora.
na entrada dos reservatórios setoriais e na rede de distribuição.
Ciclo do Saneamento
Cidade
De posse resultados hidráulicos que mensuram os ganhos, em novembro/2016, o GT de elétrica fez um benchmarking na Eletropaulo que apresentou os casos em que compram energia de geradores locais e se mostraram muito interessados em comprar a energia, bem como nos orientou em vários aspectos do projeto para uma melhor
Grades Rede de distribuição
Esgostos Represa
Reservatório
Rio
Decantador
aceitação da energia que será gerada. Que foram atendidos e o projeto de interligação foi concluído e entregue em setembro/2017. Hoje o processo adução reservação está totalmente separado do
Captação
processo Distribuição, conforme a figura 3. Floculação Decantação Filtração
A água para entrar no reservatório passa por uma válvula de controle que dissipa a energia excedente.
Figura 2: Ciclo do Saneamento (fonte: site PNQS, Abril/17).
Para o projeto piloto da Bomba Funcionando como Turbina (BFT), o grupo desenvolveu uma parceria com a Universität der Bundeswehr em Munique, escola fundada em 1973. Também faz parte da par-
Adução
ceria um fabricante de bombas a KSB. Desta maneira o trabalho é inédito na Sabesp, poderemos compartilhar o conhecimento dos parceiros que estão mais tempo estudando esta nova tecnologia.
Válvula de controle (Dissipa energia)
Reservação
Figura 3: Processos de Adução/Reservação atual (sem BFT) - (fonte autoral, Abril/17).
A aplicação de BFT’s na distribuição é possível quando há pressões e vazões compatíveis para geração de energia, ou seja, onde
Junto com a implantação do BFT foi executado um by-pass de
há energia sendo dissipada, como por exemplo, nas entradas dos
maneira que a água passará pela BFT primeiro e depois entrará no
reservatórios, e nas válvulas reguladoras de pressão (VRP’s), opta-
reservatório por baixo ao mesmo tempo que vai para a distribuição,
mos por implantar o piloto de entrada dos reservatórios; porque
o que maximizará o ganho e haverá uma integração adução/reser-
esta modalidade está num avançado estágio de tecnologia e efici-
vação/distribuição, ver figura 4.
ência, futuramente serão implantados pilotos substituindo as atuais válvulas reguladoras de pressão por BFT’s, porém neste caso a tec-
32
Saneas
Adução Distribuição Reservação BTF (gera energia)
Região a ser abastecidada pelo reservatório apoiado
Figura 4: Gestão integrada adução/reservação/distribuição, otimizada e unificada pelo BFT - (fonte autoral, Abril/17).
Região a ser abastecidada pelo reservatório elevado Região Intermediária
Figura 6: Exemplo de setorização Zonas alta e baixa e área de VRP (fonte: Sabesp-MP-2016).
Para isso foram instalados controladores lógicos programáveis e conversores de frequência no BFT (ver figura 5) que também será interligado a um medidor de vazão que transmitirá a vazão que será
Reservatório Elevado
Reservatório Superficial
Zona Alta
corrigida para mais ou para menos, conforme previsto na modela-
Figura 7: Setor clássico com Zona Baixa e Zona Alta (fonte: SabespMP-2016).
gem matemática. Simplesmente hoje recuperamos uma energia que era desperdi-
Zona Baixa
çada e no projeto piloto o ganho foi de 90 kw (ver figura 5), então o indicador será Valor Medido dividido pelo Valor Previsto o resultado deverá ser maior ou igual a 80%. Conforme descrito anteriormente este projeto piloto aproveitou a energia residual que temos em 90% de nossos reservatórios e que
Reservatório Superficial Booster com inversão de frequência
hoje são dissipadas na válvula de controle dos reservatórios setoriais.
Eficiência energética por setorização
Zona Alta
Figura 8: Evolução do setor clássico eliminando a torre e adotando inversor de frequência (fonte: Sabesp-MP-2016).
Zona Baixa
Já no processo de Setorização ( ver figura 6) o piloto ocorreu na
Q in
Q out
EEAT de Jandira-Centro que bombeava para o Reservatório Jandi-
1) Isolation valve pressure side
2) Electromagnetic insertion meter
Po Omegwerhouse a 90kw 300-300 A no Poweminal r
3) Flange connection DN300 ANSI standard
4) Flange connection DN350 ANSI standard
5) Isolation valve suction side
A) Flow measurement B) Butterfly valve (existing)
Figura 5: BFT completa com by-pass, medidor de vazão, gerador e CLP- (fonte: KSB - Bombas).
Janeiro a Março de 2020
33
PONTO DE ARTIGO VISTA TÉCNICO
ra-Mirante que foi interligado ao Sistema Produtor São Lourenço (SPSL) mediante execução de Sub-Adutora em diâmetro de 800 mm, e consequentemente eliminando a elevatória visto que com a construção pelo Sistema Produtor São Lourenço (SPSL) da Sub-adutora Jandira Mirante com extensão de 821 metros e diâmetro de 800 mm (32”). Nos setores clássicos (ver figuras 7 e 8) a água entra no reservatório, perde toda a energia e depois sai por gravidade para a zona baixa e outra parte é bombeada para a zona e alta. A proposta aqui é em vez de bombear para a zona alta, assentar tubulações de um outro reservatório por gravidade, solução não apontada inicialmente porque as análises eram feitas pontualmente e não com um
Tabela 3: Custos estimados obras por Setorização Obra de Setorização
Qual Setor ou Zona de Pressão que passará a abastecer a região
Custo Estimado (R$ x 1000)
Sub-adutora Jandira Mirante via São Lourenço
Reservatório Jandira-Mirante
Concluído
Novo Setor Barueri Vale do Sol
Tupã Zona Alta e Derivação Tupã
9.000,00
Novo Setor ItapeviSanta Cecília
Itapevi ZA e Setor Sapiantã e área de nove boosters existente
17.000,00
Novo Setor Genesis
Barueri-Tamboré Zona Alta
63.000,00
Sub Adutora Carapicuíba via São Lourenço
Carapicuiba Vila Dirce
21.000,00
Total
enfoque para o sistema produtor como um todo.
110.000,00
A economia de energia prevista com as obras é de 2.815.200
Resultados obtidos
kw/mês que gera uma economia de R$ 13 milhões por ano.
Implantada a BFT Barueri-Tamboré em Abril/2018 houve a economia de R$ 25.000,00 por mês na conta da energia elétrica,
Pay-back para as ações de Setorização é de 8,2 anos.
confirmando que podemos prosseguir com as outra cinco BFT’s estudadas (ver Tabela 4). Tabela 4: Custos estimados de Bombas Funcionando como Turbina (BFT) BFT a implantar
Modalidade do aproveitamento energético
Custo Estimado (R$ x 1000)
Barueri-Tamboré
Entrada de reservatório
Concluído
EC-1
Controle de pressão na adutora - Interligação com Baixo Cotia
5.500,00
EC-2
Controle de pressão na adutora - Interligação com Cantareira
11.000,00
Barueri-Vale do Sol
Entrada de reservatório
1.000,00
EC-3
Controle de pressão na adutora Carapicuíba-Centro
8.000,00
Genesis
Controle de pressão na adutora Genesis
3.000,00
Total
Figura 9: Vista da BFT Tamboré (entrada de reservatório (fonte: Sabesp-2018).
29.000,00
A geração de energia prevista com as obras é de 1.725.000 kw/mês que gera uma arrecadação de R$ 8 milhões por ano. Pay-back para as ações de BFT’s é de 3,7 anos. Implantada a Sub-adutora Jandira-Mirante pelo Sistema Produtor São Lourenço (SPSL) e houve a economia de R$ 50.000,00 por mês na conta da energia elétrica, com o desligamento da EEAT Mirante Zona Alta, confirmando o sucesso da operação e encaminhando as outras quatro obras de setorização (ver tabela 3).
34
Saneas
Figura 10: Vista da BFT Tamboré (vista para o logradouro) (fonte: Sabesp-2018).
8
Garantir a disponibilidade Hídrica
Abastecimento de água Automação Eficiência energética Redução de perdas
Figura 11: BFT passa a ser operada pelo Centro de Controle Operacional CCO) (fonte: Sabesp-2019)
Figura 12: Telas do sistema de controle do funcionamento da BFT (fonte: Sabesp-2019)
BFT é automatizada, passando a ser operada remotamente
forma de “ilha”, uso interno, nem que fosse apenas para iluminar o pátio do centro de reservação.
Desde o dia 31/07/19, a BFT, localizada no reservatório Tambo-
Este trabalho muda o enfoque quando avaliamos não apenas
ré passou a ser operada pelo Centro de Controle Operacional
um ponto do setor de abastecimento, mas sim o sistema produtor
- CCO, localizado na sede da Companhia na Costa Carvalho no
como um todo, esse nível maior de abrangência faz com que você
bairro de Pinheiros, dessa maneira então melhorando a operação
pense na real necessidade de ter uma estação de bombeamento,
da BFT sem influenciar na operação da água, conforme Figura
seria possível desativá-la mediante uma obra de setorização? Assim
11 e 12.
buscamos a desativação definitiva de quantos estações elevatórias
Para a automação da BFT foram necessários os esforços de vá-
forem possíveis pelo processo de setorização. A entrada em opera-
rios profissionais de diversas áreas da Sabesp como: Unidades de
ção do Novo Sistema Produtor São Lourenço, com certeza, impul-
Negócio (MO), e de Produção de Água da Metropolitana (MA), da
sionou este avanço.
Superintendência de Manutenção Estratégica (MM) e da fabricante
Tão importante quanto foi a busca por novas tecnologias, bus-
KSB; também contribuíram para o desenvolvimento do projeto de
cando parcerias com empresas do setor privado e nas universida-
automação, profissionais da Siemens (fabricante de equipamentos
des, inclusive fora do país, culminando com a instalação do BFT ou
elétricos), da ENEL (concessionária de energia elétrica) e outros pres-
mini hidrelétrica como vem sendo nomeada pela mídia.
tadores de servicos.
Buscar soluções sustentáveis e inovar fazem parte do pensamento da Sabesp. Esse sentimento é um grande aliado em nossa missão
Conclusões/recomendações
de universalizar o saneamento e contribuir na melhoria da qualida-
Um primeiro passo na eficiência energética foi a adoção de inverso-
de de vida da população.
res de frequência. Isso pode ser percebido quando verificamos sua vasta aplicação em nosso parque de elevatórias. Porém esses estudos podem ter sido feitos de maneira pontual, uma vez que se tinha uma estação de bombeamento se buscava o
GLOSSÁRIO CLP - Controlador Lógico Programável BFT - Bomba Funcionando como Turbina
melhor ponto de operação. Já a energia que se dissipava nas entradas dos reservatórios sequer era comentada, talvez por não se ter uma legislação que regulasse a interação com a concessionária de energia elétrica, embora este aproveitamento pudesse ser em
ERRATA: republicamos este artigo para corrigir os nomes dos autores que estavam errados na edição 70. Potência, diferentemente do que foi grafado (kWh), escreve-se kW.
Janeiro a Março de 2020
35
PONTO DE ARTIGO VISTA TÉCNICO
Giovana Bevilacqua Frota(1) Engenheira Civil formada pela USP, atua na Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica.
João Félix de Luca Lino(2) Engenheiro Civil, Sanitarista e Ambiental com especialização em Recursos Hídricos pelo IFCE/ANA e mestrado em Hidráulica e Hidrologia pela UFSC. Atua no Departamento de Recursos Hídricos Metropolitanos da Sabesp. Tem experiência em monitoramento e modelagem hidrológica, projetos de esgotamento sanitário e de abastecimento de água, modelagem hidráulica e análise de transientes hidráulicos.
Modelo de operação otimizada para produção de água a partir de um Sistema de Suporte à Decisão Resumo
para seus Sistemas Produtores e respectivos reservató-
Este trabalho tem por objetivo mostrar a importância
rios, que pode ter como objetivo uma certa vazão de
de modelos de otimização da alocação de água para
produção de água para distribuição ou uma meta de
atender às demandas da população frente a cenários
armazenamento considerando os volumes de cada re-
de precipitações, vazões, disponibilidade e consumo
servatório e em cada Sistema Produtor.
variáveis no tempo. São apresentadas algumas simu-
Neste trabalho, serão apresentadas algumas simu-
lações realizadas no Modelo de Análise da Operação
lações e os resultados obtidos com o uso do referido
Ótima, parte componente do MIGRH integrado ao Sis-
modelo. Para o desenvolvimento das simulações será
tema de Suporte à Decisão - SSD, da Companhia de
criado um sistema fictício, denominado Sistema Equi-
Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP),
valente, com regras e limites estabelecidos apenas para
assim como análises críticas dos resultados obtidos. Os
fins de desenvolvimento deste trabalho.
dados aqui apresentados são meramente ilustrativos. Cristiano de Pádua Milagres Oliveira(3) Engenheiro Civil com mestrado em Recursos Hídricos pela USP, atualmente é gerente e responsável técnico da 4 Elementos Engenharia.
Rafael Miranda(4)
A seguir são apresentadas algumas características do Sistema Equivalente e na Figura 1 é possível observar
PALAVRAS-CHAVE: Modelo de Otimização, Sistema
um esquema geral do mesmo.
de Suporte à Decisão, Produção de Água.
■■ O sistema conta com 1 reservatório, denominado RES; ■■ Volume total inicial de 113 hm3, 100% de volume
Introdução
operacional armazenado;
O avanço da urbanização e a formação de grandes
■■ Existência de uma Estação de Tratamento de Água
conglomerados urbanos traz como consequência um
(ETA) com uma demanda pré-determinada para a
Engenheiro Eletricista formado pela FESP, especialização em Tecnologia da Informação pela FIAP, em Gestão Pública Municipal pela UNIRIO e MBA em Gestão Empresarial na FIA. Atua no Departamento de Recursos Hídricos Metropolitanos da Sabesp.
aumento significativo das demandas de água para con-
produção de água;
Carlos Toshio Wada(5)
oferta regular de água são os reservatórios de arma-
Engenheiro Civil com pós-graduação em Meio Ambiente e Sociedade pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, atua no Departamento de Recursos Hídricos Metropolitanos da Sabesp.
zenamento, utilizados para fazer frente aos períodos
Endereço(1): Av. Pedroso de Morais, 1619 - Pinheiros São Paulo - SP CEP: 05419-001 - Brasil Tel: +55(11) 3091-5549 e-mail: giovanafrota@gmail.com giovana.frota@fcth.br
sumo e, uma vez que a distribuição da água na superfí-
■■ Possibilidade de entrada de água no reservatório a
cie do planeta não se dá de maneira regular, a cada dia
partir da transferência do Ponto 1 (P1) para o RES; e
se torna mais importante desenvolver maneiras eficien-
■■ Possibilidade de saída de água do reservatório a par-
tes de gerir a oferta de água (Collischonn e Dornelles, 2013; Tucci, 2016). Um dos métodos mais adotados para possibilitar a
em que a vazão do corpo d’água não é suficiente para atender às demandas de consumo, e seu uso vem crescendo com o passar dos anos. Porém, o armazenamento por si só não é suficiente, havendo a necessidade também de utilizar os recursos hídricos de maneira eficiente, de forma a minimizar os riscos de escassez (Collischonn e Dornelles, 2013; Tucci, 2016). Face ao exposto, a SABESP possui um sistema de suporte à decisão, SSD, no qual um dos principais componentes é o Modelo de Análise da Operação Ótima
36
Saneas
tir da transferência do RES para Ponto 2 (P2).
Figura 1: Croqui do Sistema Equivalente.
Modelo
Resultados
O Modelo de Análise da Operação Ótima traduz as necessidades
O Índice de Autonomia de Abastecimento (IAA) representa o nú-
e as especificidades de cada Sistema Produtor, respeitando regras
mero de meses que o reservatório é capaz de operar acima de um
de outorga, limites das estruturas e restrições existentes, e também
limite mínimo a partir de um volume pré-estabelecido, com base no
possibilita a definição de dados de entrada de acordo com as ne-
cenário e nas restrições da simulação, considerando o horizonte em
cessidades do usuário. A simulação é realizada para um período de
análise, neste caso, 24 meses a partir de março de 2019. A tabela a
24 meses (a partir do mês anterior), considerando os dados atuais
seguir apresenta o IAA para os três cenários simulados consideran-
dos sistemas, os cenários e as restrições estabelecidas pelo usuário.
do um volume mínimo armazenado de 20%.
Para o desenvolvimento das simulações, serão considerados três cenários de vazões naturais afluentes: 1) a projeção esperada, que
Tabela 3: Índice de Autonomia de Abastecimento (vazão meta de 10,0 m3/s).
considera no cálculo o percentual da vazão natural observada nos
Cenário
Índice de autonomia de abastecimento - IAA
últimos 12 meses em relação à média histórica; 2) a média histórica;
Projeção Esperada
8 meses
e 3) a mínima histórica. A simulação foi realizada para no mês de
Média Histórica
>= 24 meses
março de 2019, com os dados iniciais referentes ao mês anterior
Mínima Histórica
5 meses
(fevereiro/2019). Para os três cenários simulados, a probabilidade de ocorrência,
A Figura 2 e a Figura 3 mostram os resultados das simulações
tendo como referência os dados históricos, está apresentada na
para os três cenários adotados considerando a produção meta na
Tabela 1.
ETA de 10,0 m³/s.
Tabela 1: Probabilidade de ocorrência dos cenários analisados. Cenário
Probabilidade de ocorrência
Projeção Esperada
0,9 %
Média Histórica
34,8 %
Mínima Histórica
0,4 %
Na Figura 2 e na Figura 3, pode-se observar a variação nos volumes operacionais armazenados para o sistema equivalente. É possível notar que o cenário Média Histórica é o que possibilita o maior armazenamento (volume médio previsto para os 24 meses = 67,2 hm3 ou 59,9%) e o cenário Mínima Histórica, por outro lado, representa os menores valores de armazenamento mensal
A priorização definida para os cálculos no modelo foi o atendi-
(volume médio previsto para os 24 meses = 18,7 hm3 ou 16,7%). Já
mento das vazões de produção de água, com o objetivo de ofertar
o cenário Projeção Esperada apresentou volume médio previsto de
uma vazão pré-determinada na ETA. O modelo definirá, com base
28,1 hm3 ou 25,0%. Também é possível notar, nas mesmas figuras,
nas condições iniciais, nos cenários e nas definições pré-estabele-
que, nos cenários Mínima Histórica e Projeção Esperada, os volumes
cidos, a alocação de água que otimizará o armazenamento com o
se esgotam antes do prazo final das simulações (24 meses).
objetivo de tentar atender a produção definida como meta, consi-
A Figura 4 apresenta a Produção do Sistema Equivalente por ce-
derando o volume útil armazenado inicial (em fevereiro/2019) de
nário de análise, apresentando os valores-meta, a produção e as
100% no Sistema Equivalente.
falhas ocorridas no período, que se traduzem pela incapacidade do
Para a simulação inicial foram utilizados as restrições e os limites descritos nas tabelas a seguir.
sistema em atender a meta de demanda estabelecida. Em relação à meta definida de produção, no cenário Média Histórica não é possível observar falhas na produção ao longo dos 24
Tabela 2: Limites de Vazão.
meses de simulação, ou seja, em todos os meses foi possível aten-
Estrutura
Metas de transferência [m3/s]
der à produção meta com a vazão natural afluente definida. Já para
RES para P2
1,5
o cenário Mínima Histórica é possível identificar falhas de produção
P1 para RES
4,0
- que se traduzem na produção insuficiente de água para atendimento da demanda - em 18 dos 24 meses simulados, sendo que a
A meta de produção estabelecida foi de 10,0 m³/s na ETA.
maior falha foi de 8,0 m³/s (em agosto/2020). Finalmente, no cená-
Na sequência, serão analisados os resultados obtidos nos três ce-
rio Projeção Esperada, é possível identificar falhas em 9 dos 24 me-
nários de simulação realizados, considerando o volume operacional mensal do sistema equivalente e a produção de água na ETA.
ses simulados, sendo a maior falha de 3,9 m³/s (em agosto/2020).
PONTO DE ARTIGO VISTA TÉCNICO
Figura 2: Volumes Operacionais Relativos resultantes para o Sistema Equivalente.
Figura 3: Volumes Operacionais Absolutos resultantes para o Sistema Equivalente.
Figura 4: Produção do Sistema Equivalente por cenário.
38
Saneas
A importância das simulações em modelos de otimização conforme apresentado neste trabalho se traduz na tomada de decisão no
utilizados nas simulações anteriores (Projeção Esperada, Média Histórica e Mínima Histórica).
dia a dia dos gestores de grandes sistemas de produção de água.
Na Figura 5 e na Figura 6, pode-se observar a variação nos vo-
Face às variações climáticas, de consumo e do uso e ocupação das
lumes operacionais armazenados para o sistema equivalente, de
bacias, ocorrem mudanças significativas nas demandas e na capaci-
acordo com os cenários de simulação. Da mesma forma, como
dade de produção de água dos sistemas e tais modelos permitem
observado na simulação anterior, nota-se que o cenário Média His-
estimar situações futuras com base em cenários pré-definidos pelo
tórica é o que possibilita o maior armazenamento (volume médio
usuário. Os resultados simulados permitem que o gestor tenha maior
previsto para os 24 meses = 108,0 hm3 ou 96,2%), e o cenário
embasamento na busca pelo equilíbrio na relação produção x con-
Mínima Histórica, por outro lado, representa os menores valores de
sumo, de maneira a reduzir o risco de escassez hídrica nos sistemas.
armazenamento mensal (volume médio previsto para os 24 meses
Em um cenário crítico, com vazões naturais afluentes reduzidas, por exemplo, o gestor poderia tomar a decisão de reduzir a produção ou alterar as vazões de transferências entre reservatórios de maneira a permitir um número maior de meses de autonomia do sistema.
= 34,9 hm3 ou 31,1%). Já o cenário Projeção Esperada apresentou volume médio previsto de 103,9 hm3 ou 92,6%. Comparando as duas simulações, incluindo cada um dos seis cenários (3 cenários de cada simulação), percebe- se que a dimi-
A seguir são apresentados os resultados de uma nova simulação
nuição na meta de vazões produzidas na ETA (de 10,0 m³/s para
considerando agora uma meta de produção de água na ETA com
6,0 m³/s), melhora a condição de armazenamento para todos os
uma vazão de 6,0 m³/s, e os mesmos cenários de vazão natural
cenários simulados.
Figura 5: Volumes Operacionais Relativos resultantes para o Sistema Equivalente.
Figura 6: Volumes Operacionais Absolutos resultantes para o Sistema Equivalente. Janeiro a Março de 2020
39
PONTO DE ARTIGO VISTA TÉCNICO
Por outro lado, mesmo com a redução na meta de produção,
para o cenário Projeção Esperada, quando na primeira simulação
para o cenário Mínima Histórica ainda é possível identificar falhas
foi possível identificar falhas em 9 dos 24 meses simulados (sendo
de produção - que se traduzem por produção de água insuficiente
a maior falha de 3,9 m³/s), na atual simulação, com menor meta
para atendimento da demanda - em 6 dos 24 meses simulados,
de produção, não foram observadas falhas na produção ao longo
conforme Figura 7. Nesta simulação, a maior falha foi de 4,0 m³/s
de período analisado. Para o cenário Média Histórica, assim como
(agosto/2020), mesmo que os resultados sejam melhores do que
ocorrido no cenário Projeção Esperada, não foi possível observar
aqueles obtidos na primeira simulação, quando a meta de produ-
falhas na produção ao longo dos 24 meses de simulação, ou seja,
ção era maior (10,0 m3/s) e ocorriam maiores falhas na produção,
em todos os meses foi possível atender à produção meta com a
com valores que chegaram a 8,0 m /s e em 18 dos 24 meses. Já
vazão afluente definida.
3
Figura 7: Produção do Sistema Equivalente por cenário.
A tabela a seguir apresenta o IAA com a nova meta de produção
simplificada, a título de exemplo, apenas nas tabelas comparativas.
(6,0 m³/s) para os três cenários simulados, considerando um volume
Tal simulação desconsiderou a transferência do RES para P2 (saída de
mínimo armazenado de 20%.
água do reservatório) e utilizou os demais parâmetros e regras simila-
Tabela 4: Índice de Autonomia de Abastecimento (vazão meta de 6,0 m3/s).
res aos da primeira simulação (produção meta na ETA de 10,0 m³/s). Tabela 5: Resumo das Simulações Realizadas.
Cenário
Índice de autonomia de abastecimento - IAA
Projeção Esperada
>= 24 meses
Parâmetros adotados
Simulação 1
Simulação 2
Simulação 3
Média Histórica
>= 24 meses
Meta produção ETA [m3/s]
10,0
6,0
10,0
Mínima Histórica
10 meses
Transferência P1 para RES [m3/s]
4,0
4,0
4,0
Transferência RES para P2 [m /s]
1,5
1,5
0,0
3
Por outro lado, ao invés de reduzir o valor meta de produção na ETA, poderíamos fechar a transferência de RES para P1 (saída de água do reservatório), de maneira a tentar reduzir o número de falhas obtidas na primeira simulação.
Tabela 6: Tabela Comparativa 1. IAA - Índice de Autonomia de Abastecimento [meses] Simulação
Mínima Histórica
Projeção Esperada
Média Histórica
A seguir são apresentadas algumas tabelas comparativas dos re-
Simulação 1
5
8
>= 24
sultados nas duas simulações apresentadas e de uma terceira simu-
Simulação 2
10
>= 24
>= 24
lação realizada. Esta terceira simulação será apresentada de maneira
Simulação 3
6
16
>= 24
40
Saneas
Tabela 7: Tabela Comparativa 2.
são capazes de fornecer dados consistentes, o que se torna
Volume Operacional Relativo/Absoluto Médio
ainda mais complicado quando analisamos horizontes mais
Simulação
Mínima Histórica
Projeção Esperada
Média Histórica
Simulação 1
16,7% / 18,7hm3
25,0% / 28,1hm3
59,9% / 67,2hm3
Simulação 2
31,1% / 34,9hm
Simulação 3
19,0% / 21,3hm3
3
longos. Em face do exposto, conclui-se que, com o uso de mo-
92,6% / 103,9hm
3
96,2% / 108hm
delos hidrológicos de otimização, torna-se mais simples e
41,3% / 46,6hm3
87,5% / 98,2hm3
dinâmica a tarefa de simular cenários e estimar riscos, va-
3
riando as condições de contorno e os valores das variáveis
Tabela 8: Tabela Comparativa 3.
envolvidas. Decisões que antes eram tomadas principal-
Número de Falhas de Produção - Maior Falha obtida
mente com base na sensibilidade e experiência dos gesto-
Simulação
Mínima Histórica
Projeção Esperada
Média Histórica
res, hoje contam também com o suporte técnico de mode-
Simulação 1
18 falhas - 8,0 m3/s
9 falhas - 3,9 m3/s
-
los de suporte à decisão, que fornecem subsídios teóricos
Simulação 2
6 falhas - 4,0 m /s
-
-
e um grande potencial de análise de diferentes cenários,
Simulação 3
17 falhas - 8,0 m3/s
3 falhas - 2,0 m3/s
-
auxiliando na busca pelas melhores decisões.
3
Como pode ser observado nas tabelas acima, os melhores resultados foram obtidos na simulação 2, em que o valor meta a ser produzido na ETA foi de 6,0 m³/s, porém, em uma situação real, nem sempre o gestor tem a opção de reduzir a produção, pois tal iniciativa afeta diretamente a população atendida e pode causar diversos transtornos operacionais na distribuição de água. Desta maneira, a alteração nas transferências realizadas ou mesmo uma conjugação das duas iniciativas podem ser alternativas mais interessantes do ponto de vista social, além de se tratar de situações nas quais já ocorrem melhorias na produção de água do sistema.
Conclusões e recomendações Percebe-se, a partir dos resultados deste trabalho, a importância do uso de modelos de otimização da alocação de água para auxiliar o gestor na tomada de decisão. Nas simulações apresentadas, o gestor poderia optar por reduzir a produção na ETA de maneira a possibilitar um maior índice de autonomia do abastecimento, postergando um cenário de es-
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CÂMBIO
cassez hídrica, ou decidir manter a produção alta, mas reduzir o valor que está sendo transferido para o P2 (saída de água do reservatório), que, no caso analisado não é tão eficiente quanto a redução da produção na ETA, mas já resulta em alguma melhora nos resultados. Uma terceira alternativa ao gestor é não fazer alteração nenhuma, aceitando o risco da escassez hídrica num horizonte mais curto. O modelo de otimização utilizado realiza as simulações com base em diversos cenários determinados a partir de eventos passados. Uma melhoria que poderia ser implementada futuramente, de maneira a trazer resultados mais consistentes com período em análise, é a incorporação
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41
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Weber Pires de Sá Júnior Biólogo (1985), mestre em Ecologia Aquática (1995) pela UFMG e mestre em Ciências de Informações Geográficas (2013) pela University of Minnesota. Diretor Técnico e de Produtos da Engemap Geoinformação. Endereço: Rua Alexandre Dumas, 1601, cj. 67 Chácara Santo Antônio São Paulo - SP CEP: 04717-004 - Brasil. Tel.: +55 (11) 5181- 4986 e-mail: weber@engemap.com.br
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Andrea Regina Venancio da Silva
Resumo
vido à água presente no pavimento que diminui sua
A redução de perdas é um dos grandes objetivos nas
capacidade de resistir esforços do tráfego. E por fim há
operações de saneamento no Brasil. Dentre os tipos
perda de faturamento, que nas empresas brasileiras de
de perdas, os vazamentos ocultos destacam-se por sua
saneamento básico gira em torno de 35%.
representatividade das perdas totais. Normalmente, os
A forma mais comumente empregada para localizar
equipamentos utilizados em sua detecção são de prin-
um vazamento é pelo método acústico, que consiste na
cípio acústico e consistem na capacidade humana de
capacidade humana em escutar certos níveis de ruídos
interpretar diversos tipos de ruídos. Com o objetivo de
e interpretá-los. O vazamento na tubulação é identifi-
aprimorar ainda mais as técnicas de detecção de vaza-
cado por diversos sons diferentes, como por exemplo,
mentos e validação de novas tecnologias para a realidade
o do fluxo de água que passa na abertura existente na
operacional local, foi realizado o teste de um novo equi-
tubulação e o impacto entre esse fluxo e o solo em vol-
pamento desenvolvido para identificação automatizada
ta do tubo. Portanto, a eficiência e acurácia do método
e gestão proativa de vazamentos. Sua eficiência e acui-
tradicional de pesquisa está diretamente associado à
dade foi comparada aos equipamentos tradicionalmente
experiência do operador do equipamento acústico. Sua
empregados nas pesquisas de vazamentos: o geofone
precisão e taxa de acerto dependem do tempo dedi-
e correlacionador de ruídos. Após o teste em setor de
cado à auscultação e revisita a um local já pesquisado,
abastecimento de São Paulo foi possível constatar que
tornando-as inversamente proporcionais à relação de
o equipamento é adaptável às condições operacionais,
tempo por extensão pesquisada.
apontou problemas na rede de distribuição de forma
Portanto, o presente trabalho objetiva apresentar uma
acurada, não teve falsos positivos e se mostrou com a
solução alternativa para detecção de vazamentos, base-
melhor relação de custo por extensão monitorada.
ada no princípio de monitoramento proativo e automati-
PALAVRAS-CHAVE: redução de perdas, gestão de
zado. Buscou-se obter as taxas de acerto, aplicabilidade
Engenheira Civil (2003). MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Projetos pela FGV (2009) e MBA em gestão empresarial pela FIA (2017). Gerente de Divisão de Controle de Perdas da Unidade de Negócios Oeste da SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. Tel: +55 (11) 3838-6300 e-mail: andreasilva@sabesp.com.br.
ativos, pesquisa de vazamento, geotecnologias, apren-
da tecnologia importada à realidade operacional local,
dizado de máquina.
custo em relação ao aluguel ou compra do equipamento e hora trabalhada do operador e o tempo de execução.
Introdução e justificativa
O método consiste na utilização de um correlacionador
Detectar vazamentos ocultos é um dos controles ativos
georreferenciado automático, que recebe a leitura dos
para combater as perdas reais no sistema de abaste-
ruídos executada por sensores acústicos, interpreta au-
cimento de água. Com equipamentos específicos de
tomaticamente através de algoritmos e apresenta os
detecção, a localização de vazamentos invisíveis a olho
resultados através de plataforma online. Sua aplicação
Fátima J. Gonçalves
nu é otimizada. Assim, é possível a manutenção da rede
em grandes extensões da rede de distribuição mostra-se
Mestra em Administração de Empresas pela Universidade Metodista de São Bernardo do Campo, Diretora de Novos Negócios da Trimble Brasil Soluções Ltda. Tel: +55 19 9 9949 5490 email: fatima_goncalves@trimble. com
sem maiores trabalhos para encontrar pontos críticos,
promissora para melhor gerenciamento ativo das redes,
diferente do controle passivo, que faz a manutenção
identificação precisa e confiavel de vazamentos, e maior
somente quando o vazamento se torna visível.
eficiência na emissão de ordens de reparo.
42
Saneas
Além do desperdício, vazamentos de água representam outros tipos de prejuízos à saúde pública. Por
Objetivo
exemplo, em caso de despressurização de uma rede
Analisar a aplicabilidade, vantagens e desvantagens de
para manutenção, agentes nocivos podem entrar na
nova tecnologia de detecção e monitoramento de vaza-
tubulação. Em decorrência deles também podem se
mentos em rede de distribuição de água em comparação
abrir fissuras, buracos e crateras em vias públicas, de-
aos métodos tradicionais de pesquisa por vazamento.
Detecção de vazamentos: materiais e métodos
(que pode ser uma válvula ou cavalete) e seu alcance dependerá do
GEOFONE
material da rede (máximo de 500 metros). Seu uso está limitado a
Até meados do século XX, o controle de perdas era feito de forma
trechos totalmente retilíneos e, dado o tempo de preparo do equi-
que o vazamento só era reparado após se tornar visível, aflorando
pamento para coleta de cada amostra, deve ser já direcionado a
na superfície ou por denúncia dos usuários. A década de 1940 foi
local com forte suspeita de vazamento.
Sua utilização depende de contato com ponto de acesso à rede
o início das pesquisas de vazamentos com utilização do geofone mecânico e, até hoje, o geofone é o instrumento de pesquisa de
CORRELACIONADOR GEORREFERENCIADO AUTOMÁTICO
vazamentos ocultos mais utilizado no Brasil.
Essencialmente são dois equipamentos que compõem uma mes-
O geofone é composto por sensor, amplificador, fones de ouvido
ma solução: o correlacionador georreferenciado automático, que
e filtros de ruído. O sensor é passado sobre a superfície de onde a
é fixo, e o Detector Móvel. O equipamento fixo funciona com o
tubulação se encontra enterrada e, onde for captado o maior ruído,
auxílio de dois tipos de sensores, sendo que não é necessário ir com
é o ponto abaixo do qual se encontra o vazamento não visível. Sua
um computador em campo, instalando somente o equipamento e
utilização está limitada às superfícies pavimentadas, pois são elas
este enviará suas leituras via nuvem em horários programaveis. Isso
que criam o efeito de caixa acústica do qual depende o funciona-
é possível devido a um chip que transmite sinal pela rede móvel,
mento do instrumento.
inserido dentro do equipamento, e capacidade de transmissão via Figura 1: Princípio de uso do geofone. Fonte: adaptado de <http://www. oguztesisat.com/ hizmetler/su-kacagitespiti>
rádio. Os sensores utilizados são o acelerômetro, em caso de redes unicamente metálicas, e sensor hidrofone para redes com qualquer outro tipo de material, grande diâmetro ou redes mistas. • Sensor hidrofone: possui rosca fêmea e deve ser conectado em um ponto da tubulação que permita seu contato com a água. • Acelerômetro: através de atração magnética, basta encostar em um ponto da tubulação metálica, não necessitando seu contato com a água.
Uma vez que o método não é indicado para varredura de grandes extensões de redes, os operadores são direcionados a setores onde já existe forte suspeita de vazamentos, criada pela observação de outros índices, como a vazão mínima noturna. CORRELACIONADOR DE RUÍDOS Com auxílio de dois sensores, esse equipamento faz uma correlação entre os pontos, através da diferença de tempo que o ruído leva para atingir cada um. Os resultados são coletados por computador (denominado “Unidade Principal”), onde apresenta o ponto exato Figura 3: Princípio de utilização dos sensores hidrofone e acelerômetro.
do vazamento. Figura 2: Princípio de uso do correlacionador de ruídos. Fonte: Adaptado de <https:// sanesoluti.com.br/produto/ correlacionador-de-ruido-correlux/>
Os dados das leituras são então correlacionados entre os pares de sensores instalados na rede, interpretados por algoritmo e apresentados de forma georreferenciada em plataforma online. Nesta plataforma de gestão, são visíveis as redes monitoradas, os equipamentos instalados, suas leituras (incluíndo arquivos de audio das gravações) e localização de vazamentos automaticamente detectados. O Detector Móvel, auxiliar desse equipamento fixo, funciona si-
Janeiro a Março de 2020
43
PONTO DE ARTIGO VISTA TÉCNICO
milarmente ao geofone, porém a diferença está no fato de que
tanto, foi definido como ideal sua instalação em cavaletes, utili-
não exige acuidade auditiva apurada do operador. Isso é possível
zando-se excluvisamente sensores hidrofones. Isto, pois, na região
através de aplicativo de celular, que permite que as informações de
do teste, a maior parte dos ramais de ligação são de tubos de Po-
ruídos sejam lidas, interpretadas e apresentadas no visor do Smar-
lietileno de Alta Densidade (PEAD) e o cadastro técnico apontava
tphone. Todas as amostras são gravadas e mantidas no sistema,
para a composição mista da rede na área. A escolha por instalação
que comparará o ruído interpretado entre elas. Quando utilizados
exclusiva em cavaletes também foi favorecida pela possibilidade de
dois detectores móveis, passa a ser possível empregá-los na forma
uso das caixas UMA (padrão da companhia de saneamento local)
de correlacionador, com o aplicativo realizando a interpretação pa-
para abrigo e proteção do equipamento.
reada dos ruídos captados pelos sensores. Os resultados das amostras levantadas pelo aplicativo são apresentados instantaneamente em formato de mapa e gráficos.
Figura 5: Uma unidade do correlacionador georreferenciado automático abrigado em caixa UMA.
Após a instalação do dispositivo fixo em campo (procedimento que leva em média 15 minutos), é feita a programação para os horários de leitura, preferencialmente na madrugada, onde há o míniFigura 4: Detector móvel, funcionando com auxílio de Smartphone, em local com vazamento confirmado.
mo consumo de água. Após rápido procedimento de instalação de cada unidade fixa no sistema online via aplicativo, estes passaram a transmitir suas leituras através da rede móvel. Estas foram armaze-
Adaptações da tecnologia às características da rede local
nadas, correlacionadas e interpretadas automaticamente em servi-
Antes da instalação, é necessária a integração da plataforma do
algorítimo diferencia valores de ruído intermitentes e constantes e,
equipamento com informações da base de dados cadastrais da
a partir das amostras, pondera os resultados em conformidade à
companhia de saneamento, onde se tem todos os dados como
situação normal de operação da rede de distribuição na área moni-
extensões, diâmetros e posições georreferenciadas das tubulações
torada, conforme a figura 6.
dor. Como o sistema emprega o princípio de machine learning, seu
e peças acessórias. A disponibilidade dessas informações é impor-
Os resultados apresentados pelo sistema de monitoramento, ali-
tante, principalmente, na etapa de planejamento da disposição dos
mentado pelas leituras dos dispositivos fixos, orientaram pesquisas
equipamentos e seleção dos pontos de instalação para obter confi-
em campo utilizando o Detector Móvel, geofone operado por espe-
guração com a maior cobertura possível.
cialistas e correlacionador de ruído.
Após a integração, é feita a instalação do correlacionador georreferenciado automático nos pontos de acesso à tubulação, de
Resultados e discussões
forma a ficarem em pontos a uma distância máxima recomendada
Na primeira área monitorada, com um único dia de monitoramento
de 250 metros, para assim executarem correlação por pares. O pla-
e três amostras noturnas, o sistema emitiu um alerta de vazamen-
nejamento da distribuição de pontos de instalação deve seguir o
to. O ruído detectado foi destacado como intenso e constante em
ideal de criar o máximo de pares possível.
todas as correlações realizadas entre os dois sensores que cobriam
Originalmente, o equipamento foi concebido para instalação em
este ponto. Ao longo dos dias seguintes, com a persistência do ru-
hidrantes ou válvulas. No entanto, foi constatado que estes seriam
ído, o sistema elevou a classificação do vazamento para “rápido
limitadores de seu uso no local de interesse, dada a baixa presença
desenvolvimento”, indicando que havia sido detectado aumento
de hidrantes derivados da rede e pelas dimensões dos acessos às
na frequencia e intensidade do ruído. As leituras indicavam que o
válvulas, pequenos demais para abrigarem os equipamentos. Por-
vazamento estava localizado a 26 metros do primeiro sensor.
44
Saneas
Com base na localização apresentada pelo sistema de monitora-
ponto onde se encontrou a obstrução. Após completa a manuten-
mento, foram deslocadas equipes de pesquisa ao local para ave-
ção na área, o alerta de vazamento no sistema foi fechado. As lei-
riguação. Foram utilizados o Detector Móvel e geofone, operado
turas subsequentes à conclusão da manutenção deixaram de apre-
por especialistas. Ambos identificaram dois pontos com alta inten-
sentar qualquer ruído anômalo, conforme a figura 7.
sidade de ruído típico de vazamento, um primeiro a 30 metros do
Na segunda área monitorada, após uma semana de monitora-
primeiro sensor (de maior intensidade) e um segundo a 34 metros.
mento, o sistema não apresentou nenhum alerta. Foram analisados
O correlacionador de ruído tradicional não conseguiu realizar a
todos os gráficos resultantes das correlações na área e indicados 4
correlação neste trecho e trouxe resultado inconclusivo. Isso é cre-
pontos onde havia possibilidade de vazamentos, baseado em indí-
ditado a uma obstrução existente no segmento de rede entre as
cios presentes nas leituras acumuladas.
válvulas que foram utilizadas para acoplagem dos sensores do cor-
Uma equipe composta por membros da empresa representante
relacionador. Esta obstrução, provocada por acúmulo de ferrugem,
da tecnologia e da companhia de saneamento local foi desloca-
foi constatada no ato de reparo da rede. Outro resultado importan-
da ao local para averiguação, com geofone e Detector Móvel. Não
te foi a constatação de que a rede onde estava o vazamento ainda
foi possível confirmar vazamento em nenhum dos pontos, apenas
encontrava-se em carga, sendo que a informação, que possuiam o
manter a suspeita em um dos locais apontados no sistema.
cadastro técnico e o pólo de manobra, era de que tal segmento já encontrava-se desativado. A manutenção foi feita com a seção e capeamento da rede no
Foram realizadas alterações nos horários de coleta e horários de controle da demanda (pressão na área monitorada), mas estes não resultaram em alterações significativas nos resultados das correlaFigura 6: Disposição dos equipamentos instalados e áreas monitoradas ao longo dos testes.
Figura 7: Gráficos de leituras apontando vazamento detectado e leituras dos mesmos pares após reparo.
Janeiro a Março de 2020
45
PONTO DE ARTIGO VISTA TÉCNICO
ções. Foi então encaminhada equipe de outra empresa contratada
VANTAGENS
para pesquisa de vazamento, para que realizassem pesquisa noturna, sem indicação dos locais com suspeita nos trechos monitorados. Esta equipe identificou vazamentos no bairro, mas nenhum deles em qualquer trecho recoberto pelos pares de correlação dos sensores. Foi novamente encaminhado especialista em geofonamento da companhia local, que constatou não haver vazamentos em qual-
Correlacionador Georreferenciado Automático
quer trecho da extensão monitorada. Logo, isso permite concluir que o sistema teve o resultado correto, ao não abrir alerta nenhum, apesar da expectativa de presença de vazamentos no local escolhi-
DESVANTAGENS
• Posição georreferenciada dos alertas de vazamentos; • Melhor relação de custo por extensão monitorada; • Sem necessidade de um operador em horário noturno; • Maior coleta de amostras; • Amplo banco de dados de ruídos.
• Necessária presença de rede móvel. • Instalação limitada a locais com espaço suficiente para o equipamento;
• Imediata instalação e coleta de amostras. • Bom alcance quando utilizado em trechos retilíneos.
• Necessidade de computador (Unidade Principal) em campo; • Necessidade de direcionamento direto a local com suspeita de vazamento; • Coleta de poucas amostras; • Necessidade de operador experiente para posterior confirmação dos alertas de vazamentos.
• Localização pontual do vazamento.
• Baixa eficiência, não indicado para pesquisa em grandes extensões; • Necessidade de operador experiente • Possibilidade de falsos positivos.
do para o teste. Quanto às questões de custo benefício: por depender de um operador experiente, que saiba interpretar os ruídos com a utilização do geofone, o método de geofonamento exige no mínimo um Técnico em Saneamento, com salário médio de R$ 2.473,91 mensais (2019), para uma jornada de 43 horas semanais, o que
Correlacionador de Ruídos
apresenta um custo aproximado de R$ 11,25/hora/operador. Tendo em vista que o ideal dessa pesquisa é ser realizada preferencialmente no período entre 3:00 e 4:00h, incidiria ainda o adicional noturno. O método proposto nesse trabalho, necessitou somente de um técnico de saneamento para a instalação do correlacionador georreferenciado automático (fixo), que durou aproximadamente 15 minutos, e sua confirmação em campo, com a utilização do detector móvel foi possível ser feita por um operador sem experiência,
Geofone
que no caso foi um estagiário de engenharia civil. O valor médio de bolsa-auxílio pago a um estagiário das diversas áreas da engenharia
Tabela 1 - Comparação entre os métodos de detecção de vazamentos
é de R$ 1.022,30, e considerando a carga horária de 30 horas semanais, o custo final é de R$ 6,82/hora/operador. Deve-se conside-
ruídos somente para o controle passivo, pois necessita de mais agili-
rar ainda a eficiência quanto à distância coberta por cada método:
dade. Nada impede, porém, o uso do método para o controle passi-
uma equipe de pesquisa de vazamentos (de duas a três pessoas)
vo, tendo em vista que o detector móvel pode apresentar resultados
utilizando geofone, em média no setor teste, cobre 9 quilômetros
de forma imediata assim como o geofone, ainda sem depender de
em 6 horas úteis de trabalho, chegando assim em uma distância de
um operador experiente.
1.500 metros por hora com uma amostra por trecho. Essas mesmas
Pode-se concluir que o sistema se mostrou confiável tanto para
6 horas de trabalho seriam suficientes para dois operadores ins-
os casos em que abriu alerta e, de fato havia anomalia operacional
talarem 48 correlacionadores georreferenciados automáticos, que
na rede, quanto para o caso em que não abriu nenhum alerta de
fariam a varredura de 12.000 metros de redes ao menos 3 vezes ao
vazamento, mesmo para área onde estes eram “esperados”, mas
dia, pelo tempo que for necessário.
que de fato não existiam. Assim, a tecnologia foi provada como uma
A comparação entre os dois métodos é apresentada ao lado, na tabela 1.
solução útil ao melhor direcionamento e aproveitamento de equipes tanto de pesquisa quanto de manutenção em campo otimizando as pesquisas de vazamentos não aparentes e reparos. Dessa forma,
Conclusão
seu uso de forma extensiva na rede de distribuição em um setor de
É possível afirmar que o método proposto é ideal para o controle
abastecimento passa a ser interessante justamente por representar
ativo, de forma que a detecção de vazamentos seja feita preventi-
não apenas aumento da eficiência na identificação de fontes de per-
vamente, deixando a utilização do geofone e correlacionador de
das, como também ganhos de eficiência em diferentes processos.
46
Saneas
MUSEU ÁGUA
Museu Água:
AESabesp premia os melhores projetos arquitetônicos Premiados (com um valor total de 80 mil reais) foram anunciados pela AESabesp em cerimônia realizada em 17 de fevereiro, no MAM/SP
N
o dia 17 de fevereiro, a AESabesp deu mais um pas-
do setor. Estiveram presentes Roberval Tavares de Souza, Presidente
so rumo à criação do Museu Água de São Paulo. Na
nacional da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambien-
ocasião, a entidade premiou os projetos arquitetônicos
tal - ABES; Márcio Gonçalves de Oliveira, Presidente da ABES-SP; Luis
vencedores do concurso que elegeu as melhores ideias
Augusto Moretti, diretor Financeiro do Conselho Regional de Enge-
para a construção do mais novo empreendimento cultural da capital.
nharia e Agronomia de São Paulo (CREA-SP), representante o seu
A cerimônia aconteceu no auditório Lina Bo Bardi do MAM- Museu de
Presidente, Vinicius Marchese Marinelli; Uladyr Naime, Presidente da
Arte Moderna de São Paulo.
ASEC - Associação dos Engenheiros da CETESB, e Francisca Adalgisa
Na oportunidade, os presentes assistiram a um talk show sobre a importância da iniciativa, com Viviana Borges, Vitor Aly, secretário de Infraestrutura Urbana e Obras, representando o prefeito de São Paulo, Bruno Covas; e Paulo Massato, diretor Metropolitano da Sabesp. O evento contou com a participação de profissionais e autoridades
da Silva, Presidente da Associação dos Profissionais Universitários da Sabesp - APU. Além de oferecer lazer e cultura, o museu também visa ser um espaço de experiências para o conhecimento das diversas formas da água e seus usos.
Veja a classificação dos Premiados:
1º
Lugar 40 mil reais
2º
Lugar 20 mil reais
3º
Lugar
SIAA Arquitetos
Dal Pian Arquitetos
Yuri Vital
10 mil reais
4º
Lugar 5 mil reais
5º
Lugar
Mariana Alves
Alex Brinno
5 mil reais
Para conhecer cada um dos projetos vencedores, acesse: https://www.aesabesp.org.br/museu-agua/ Janeiro a Março de 2020
47
31º ENCONTRO PONTO DE AESABESP/ VISTA FENASAN
sistemas de tratamento de água, adução e abastecimento e sistemas de coleta, tratamento de esgotos, disposição final de resíduos e demais ações do saneamento ambiental.
Vem aí o 31º Encontro Técnico AESabesp / Fenasan 2020!
Olavo Alberto Prates Sachs, diretor cultural da AESabesp e do Encontro Técnico, reitera que serão “12 mesas redondas com temas da atualidade, com palestrantes nacionais e internacionais, tratando de assuntos de âmbito não só de São Paulo - Sabesp, mas também nacional. Entre eles, qualidade de água, marco regulatório, resíduos sólidos, drenagem nas grandes cidades, sociedade 5.0 e gestão do patrimônio em empresas de saneamento entre outros”. São estimados mais de 2.000 congressistas, cerca de 20 mil visitantes e mais de 250 empresas expositoras: as mais renomadas expoentes fabricantes, distribuidoras e prestadoras de serviços do mercado. Veja a lista das empresas confirmadas
31º Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente
para a Fenasan 2020: www.fenasan.com.br/expositores. “Estou muito ansioso pela abertura da 31ª Fenasan. As expectativas são as melhores possíveis quanto ao número de expositores, qualidade dos estandes e apresentações de mui-
31ª Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente
tas inovações. Este ano, sob o tema “Saneamento ambiental: inclusão social para a cidadania”, teremos verdadeiramente a oportunidade de nos consolidarmos enquanto OSCIP e nos identificarmos ainda mais com nossos parceiros, que possuem em suas empresas valores que vão ao encontro da inclusão e da cidadania”, frisa Luciomar Werneck, diretor da Feira. “Na última Fenasan tivemos alguns expositores que se comprometeram com nossa Diretoria Socioambiental e Cultural
M
48
para receber jovens profissionais e estudantes em visita e es-
arque em sua agenda: o 31º Encontro Técnico
tágios como forma de inclusão desses jovens no mercado de
da Associação dos Engenheiros da Sabesp -
trabalho. Alguns desses expositores foram além, priorizando
Congresso Nacional de Saneamento e Meio
aqueles de baixa renda. A universalização do saneamento pas-
Ambiente e a Fenasan 2020 - Feira Nacional
sa pela inclusão, ou melhor, pelo acolhimento de pessoas que
de Saneamento e Meio Ambiente serão realizados de 15 a 17
estão à margem da sociedade e distantes dos grandes centros
de setembro, no Pavilhão Branco do Expo Center Norte, em São
e dos sistemas de saneamento que temos operando pelo Brasil
Paulo, capital. Com realização da Associação dos Engenheiros
afora. A inovação tecnológica nesse momento é fundamental
da Sabesp - AESabesp, esta edição do maior evento de sanea-
para a conquista desses resultados e acredito que na 31ª Fena-
mento e meio ambiente da América Latina terá como tema cen-
san poderemos ver muitas inovações tecnológicas a serviço da
tral: “Saneamento ambiental: inclusão social para a cidadania”.
universalização, da inclusão e cidadania”, completa Werneck.
“A expectativa é de trazermos para a discussão nas mesas
Desde 2010 o evento vem adquirindo projeção internacio-
redondas temas recentes que têm chamado a atenção da po-
nal e contou com a adesão e o apoio cada vez mais signifi-
pulação”, destaca Viviana Borges, Presidente da AESabesp e
cativo de diversas entidades e empresas de todo o mundo. A
da Comissão Organizadora.
participação e a visitação de outros países, como Alemanha,
Alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da
Argentina, Chile, China, Estados Unidos, Holanda, Índia, Isra-
ONU, o evento tem como objetivo divulgar o desenvolvimen-
el, Itália, México e Portugal, tem sido uma constante, com o
to tecnológico do saneamento e de produtos empregados em
aumento de demanda a cada edição.
Saneas
miação eletrizante e merecido tanto para os competidores como para as equipes de profissionais da Sabesp envolvidos na organização. Devido a
250 20mil 2mil
expositores
visitantes na Fenasan
este sucesso, teremos algumas surpresas para
congressistas
2020/2021, dentre elas, uma etapa prévia na Unidade de Negócio Oeste da Sabesp, que servirá tanto para treinamento dos
TRABALHOS TÉCNICOS E PRÊMIO JOVEM PROFISSIONAL O prazo para inscrever traba-
competidores como para o desenvolvimento de novas provas do campeonato. Aguardem!”, adianta Tarcísio Nagatani, diretor social da AESabesp.
lhos técnicos encerra-se em 19 de maio. Esta é uma grande
CURSOS
oportunidade
Walter Orsati, coordenador de
para exposição e visi-
cursos da AESabesp, diz
bilidade dos trabalhos
que para esta edição do
de alunos, professores
evento estão previstos
e profissionais do setor.
cursos como Regula-
Não há necessidade de
ção, com profissionais
ineditismo nos trabalhos, poden-
da Arsesp, Perdas e Lei
do ser encaminhadas monografias do curso do autor ou arti-
das Estatais (realizado na
gos já inscritos e apresentados em outros eventos, desde que
edição de 30 anos, além do
formatados segundo as regras de submissão, disponíveis no
curso sobre Barragens e Sewer-
link www.fenasan.com.br/chamada-trabalhos. O Prêmio Jovem Profissional AESabesp também tem inscrições abertas no mesmo período. A iniciativa busca profissio-
GEMS - sistema de controle de rede de esgoto). “São cursos demandados pela grande maioria do pessoal a nível nacional”, frisa.
nais com idade até 30 anos que, por meio de apresentação de trabalhos técnicos no Encontro Técnico, contribuam com as necessidades do mercado de trabalho e, desta forma, possa colaborar com a formação de jovens profissionais, oferecendo oportunidades de divulgarem seus trabalhos no setor. Esta troca de informações alavancará discussões no âmbito de políticas públicas e desenvolvimento tecnológico, além da possibilidade de ter nos trabalhos apresentados a aplicação de produtos e/ou serviços empregados nas soluções de problemas nas diferentes situações do saneamento e meio ambiente no Brasil e no exterior.
CAMPEONATO DE OPERADORES “O Campeonato de Operadores tem sido um grande sucesso na Fenasan. Em 2019, o campeonato contou com a grande receptividade do público e um evento de pre-
31º Encontro Técnico AESabesp - Fenasan 2020 O maior evento técnico-mercadológico em saneamento ambiental da América Latina Realização: AESabesp - Associação dos Engenheiros da Sabesp Data: 15 a 17 de setembro de 2020 Local: Expo Center Norte / Pavilhão Branco Rua José Bernardo Pinto, 333 - São Paulo - SP Mais informações: www.fenasan.com.br Janeiro a Março de 2020
49
PONTO DE VIVÊNCIAS VISTA
Voluntariado que aquece o coração Por Jéssica Marques Erika Santanna Membro do Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial. Membro do Conselho da Plataforma Nacional Pátria Voluntária. Coordenadora do Curso de MBA em Gestão em Voluntariado para Responsabilidade Social na FACSP (www.facsp.com.br). Coordenadora do GT de Voluntariado da Virada Feminina. Coordenadora do Programa de Voluntariado Corporativo da Sabesp - CH.
D
edicar tempo de vida para fazer al-
Currículo cheio de solidariedade
guém feliz é o que move o dia a dia da
O currículo de Erika esbanja solidariedade. A assistente social
sabespiana Erika Santanna, coordena-
e socióloga já foi conselheira no município de Políticas para
dora geral da Campanha do Agasalho.
Pessoas em Situação de Rua e participou do processo de aber-
A assistente social e socióloga fez da missão de ajudar
tura dos dois maiores albergues da América Latina: Boracéia
o próximo o grande objetivo de sua vida.
e São Francisco, na capital paulista, com atendimento para
“É um trabalho muito íntimo. Quem atua na área de desenvolvimento social entende verdadeiramente
Experiências internacionais também são destaque no histó-
o sentimento do retorno que é fazer o bem. Isso vai
rico profissional de Erika. “Atuei pela ONU na África, coorde-
desde o engajamento dos voluntários até o sorriso de
nando, junto ao Itamaraty e a Vale do Rio Doce, a construção
quem recebe o bem das ações”, detalhou Erika.
da maior Ferrovia do continente. Atualmente cruza 23 muni-
Em 2019, a voluntária esteve à frente da Campa-
cípios e foi um trabalho social intenso para alinhar governo,
nha do Agasalho na Sabesp. Na ocasião, por meio da
sociedade e instituições não governamentais, pois eram vá-
companhia, foram arrecadadas 2,5 milhões de peças
rios dialetos, além da língua do país. A atuação foi em Mo-
de roupas, que foram doadas para instituições assisten-
çambique, local com muitas carências sociais, porém muito
ciais, além de 40 mil cobertores hospitalares entregues
alegre. Foi algo incrível e marcante em minha vida”, lembrou.
para as Santas Casas do Estado de São Paulo.
em São Paulo a realização de um seminário sobre a Agenda
ção da Campanha do Agasalho e em uma ação espe-
ODS 5 (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável), que tem
cial sobre o Projeto Rio Pinheiros. Na primeira, a du-
como meta alcançar a igualdade de gênero e empoderar to-
ração é de aproximadamente seis meses, enquanto a
das as mulheres e meninas. Outra atividade marcante de sua vida foi quando esteve à
Além destas grandes campanhas, Erika também vai
frente do Turma do Bem, uma campanha de arrecadação de ali-
acompanhar a agenda do setor de voluntariado da Sa-
mentos para o Sertão Nordestino. Na ocasião, foram enviadas
besp e o grupo de ações com mulheres da companhia,
toneladas de comida para a população do Nordeste.
o que ocorre o ano todo.
Saneas
Em 2018, Erika também teve a oportunidade de coordenar
Para 2020, a expectativa de Erika está na nova edi-
segunda ação traz uma agenda anual.
50
300 pessoas cada.
“Tudo se transforma quando a gente pensa grande e arre-
“Trabalho voluntário é a minha vida, família, ami-
gaça as mangas de verdade. Para quem pretende ser voluntá-
gos e corporativamente atuo com voluntariado. Fui
rio também, eu diria: dedique parte do seu tempo ao que faz
convidada por uma universidade e em breve lança-
sua alma realmente feliz. Muita gente diz que não tem tempo
remos o primeiro curso de MBA em voluntariado do
para ser voluntário. Mas quem já atuou em uma ação sabe o
país”, conta.
quanto é gratificante”, afirma.
Momentos de Tecnologia AESabesp
Apresente sua empresa aos associados da AESabesp
Os Momentos de Tecnologia são palestras técnicas realizadas nas unidades da Sabesp, contratadas e promovidas por empresas que desejam apresentar seus produtos e serviços aos nossos associados. Concorridas, estas apresentações contam com expressivo comparecimento de associados, técnicos da Sabesp e convidados do setor de saneamento ambiental. O número de palestras realizadas e de profissionais já treinados confirmam o sucesso dos Momentos de Tecnologia AESabesp.
9.250
370
25
participantes durante 11 anos
momentos de tecnologia realizados em 11 anos
média de participantes por palestra
Garanta a participação da sua empresa! Entre em contato: paulo.oliveira@aesabesp.org.br 11 3263 0484 ou 11 3284 6420
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