Água Viva 90

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2015 #90 4o trimestre

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Comitiva Watec Israel enche de esperança o futuro das bacias PCJ

Água no

DESERTO CANTAREIRA

Volume é insuficiente e bacias PCJ podem sofrer novamente com falta de água PG 08

ETE SAN MARTIN

Com inauguração de Campinas, bacias PCJ passam a ter mais de 70% de tratamento de esgoto PG 04

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RECONHECIMENTO

Consórcio PCJ amplia referência e respeitabilidade internacional PG 09

1 Fechamento autorizado. Pode ser aberto pela ECT


PREFEITURAS CONSORCIADAS

PALAVRA DO

PRESIDENTE

EMPRESAS CONSORCIADAS

Crescendo nas adversidades

H

á uma crença de que é em períodos de crises que surgem grandes oportunidades. Não tem discussão: em momentos conturbados a meta é encontrar soluções. Descobrir saídas criativas é enxergar o elo de integração entre aqueles que possuem estrutura, mas também crivos e barreiras, com outros que possuem recursos financeiros, mas a falta de oportunidade para realizar investimentos. O Consórcio PCJ estava preocupado em 2012 com a renovação da outorga do Sistema Cantareira, programada para ocorrer dois anos depois de forma democrática e institucionalmente impecável. Para tanto, buscou parcerias públicas e privadas, promoveu talk-shows, nos quais as Bacias hidrográficas envolvidas debateram o interesse comum em acordar uma renovação de outorga que atendesse minimamente dentro do possível as duas regiões. Em dezembro de 2013, devido às baixas precipitações e prenúncios de que os índices de reservação de água nos reservatórios do Sistema seriam insuficientes para a garantia de abastecimento durante as próximas estiagens, o Consórcio PCJ assumiu o papel de divulgação da situação hídrica à comunidade, sem um olhar exageradamente otimista ou pessimista, propondo ações de contingenciamento e de medidas de racionalização de água, dentre as quais podemos citar a construção de pequenos reservatórios e cisternas como a ocorrido no setor agrícola, entusiasmando a indústria, bem como, o setor de abastecimento público com campanhas, obras emergenciais, e medidas de estimulo à redução de consumo, como nunca havia sido registrado. Automaticamente, quem havia pensado em construção de reservatórios em anos anteriores, receberam elogios, prestígio pela mídia e se tornaram exemplos de boa gestão da água. As Bacias PCJ e do Alto Tietê, fortemente impactadas pela estiagem, não esmoreceram e nem admitiram ser derrotadas pela ocorrência de eventos extremos climáticos, atípicos, contundentes e devastadores, mas, que do ponto de vista da criatividade e capacidade de reação são extremamente provocadores. Tínhamos uma base de trabalho sólida de anos anteriores a frente da entidade que alavancou em 2013 uma gestão dupla: de orientação quanto às boas práticas para contenção da crise hídrica e de interlocução das demandas dos municípios, empresas e agricultores, sobre as carências técnicas e financeiras, para suportar o momento de escassez hídrica. Ao mesmo tempo, que promovíamos a capacitação para em caso de repetição de eventos extremos, quer sejam de estiagem ou de cheias, estarmos preparados para enfrenta-los, garantindo o desenvolvimento dessas duas regiões hidrográficas, que representam o primeiro e terceiro parque industrial do Brasil, capaz de garantir a sua credibilidade, extensiva a todo o país, da possibilidade de vencer crises climáticas mesmo que associadas a crises econômicas. Encontrar culpados e não negociar ou não criar alternativas seria o mesmo que conformar-se com as consequências climáticas que estão acima de nosso controle, quanto à sua ocorrência, mas que a todo momento nos desafia para enfrenta-las, com lealdade aos parceiros, trocando experiências e possibilidades e passando para os investidores estrangeiros que os brasileiros possuem a capacidade de reação, e uma entidade chamada Consórcio PCJ, com mais de duas décadas e meia de existência, reflete o poder de planejamento e de criação antecipada de uma entidade, preparada para ter a humildade de interagir em todos os momentos principalmente nas crises, externando a expressão: “A vida há de vencer!”.

REINALDO NOGUEIRA 2

Presidente Consório PCJ Prefeito de Indaiatuba

Usina Costa Pinto

Usina Santa Helena

EXPEDIENTE CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DAS BACIAS DOS RIOS PIRACICABA, CAPIVARI E JUNDIAÍ CNPJ nº 56.983.505/0001-78 Entidade de Utilidade Pública (Lei Estadual nº 11.943/05 e Municipal nº 4.202/05) CONSELHO DIRETOR: PRESIDENTE DO CONSÓRCIO PCJ: Prefeito de Indaiatuba - Reinaldo Nogueira; VICE-PRESIDENTE DO PROGRAMA DE PARCERIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS REGIONAIS: Prefeito Benjamin Vieira de Souza - Bill (Nova Odessa); VICE-PRESIDENTE DO PROGRAMA DE COOPERAÇÃO INSTITUCIONAL: Prefeito Tarcísio Cleto Chiavegato (Jaguariúna); VICE-PRESIDENTE DO PROGRAMA DE GESTÃO E POLÍTICAS DE RECURSOS HÍDRICOS: Prefeito Luiz Oscar Vitale Jacob (Amparo); VICE-PRESIDENTE DO PROGRAMA DE PLANEJAMENTO E SUSTENTABILIDADE PARA AMPLIAÇÃO DAS DISPONIBILIDADES HÍDRICAS: Prefeito Saulo Pedroso de Souza (Atibaia); VICE-PRESIDENTE DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL: Prefeito Carlos Evandro Pollo (Pedreira); VICE-PRESIDENTE DO PROGRAMA DE APOIO AOS ASSOCIADOS EM TECNOLOGIAS E SISTEMAS DE GESTÃO: Rogério Tadeu Ramos Sarro (Odebrecht Ambiental - Limeira); VICE-PRESIDENTE DO PROGRAMA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS: Hélio Rubens Gonçalves Figueiredo (SABESP); VICE-PRESIDENTE DO PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO REGIONAL: Prefeito Palmínio Altimari Filho – Du Altimari (Rio Claro); VICE-PRESIDENTE DO PROGRAMA DE SISTEMAS DE MONITORAMENTO DAS ÁGUAS: Arly de Lara Romêo (SANASA); VICE-PRESIDENTE DO PROGRAMA DE SANEAMENTO E RESÍDUOS SÓLIDOS: Prefeito Antonio Meira (Hortolândia).

CONSELHEIROS DAS PREFEITURAS MUNICIPAIS E EMPRESAS: Piracaia, Holambra, Louveira, Saltinho, Cordeirópolis, Americana, Piracicaba, Limeira, Campinas, Rhodia, Arcelor Mittal, AmBev, Águas do Mirante e DAE Jundiaí. AGENTES DE INTERLOCUÇÃO CONSULTIVA: Valinhos e Cosmópolis. CONSELHO EDITORIAL: Francisco Carlos Castro Lahóz SECRETÁRIO EXECUTIVO DO CONSORCIO PCJ; Jussara Cordeiro Santos SUBSECRETÁRIA EXECUTIVA DO CONSÓRCIO PCJ; Andréa Borges GERENTE TÉCNICA; Vieira Junior TEXTOS e Murilo Ferreira de Sant’Anna JORNALISTA RESPONSÁVEL (MTB 56896)


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CAPTAÇÃO DA ÁGUA DA CHUVA

Conselho Fiscal quer que cidades das Bacias PCJ sejam exemplo

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er sustentável faz bem para o meio ambiente e para o bolso. É com essa premissa que o Conselho Fiscal do Consórcio PCJ está apoiando que as cidades da região apresentem e aprovem projetos de lei que incentivem e dêem descontos em impostos às pessoas que implantarem sistemas de armazenamento e reaproveitamento da água da chuva, além de aquecedores solares e outras iniciativas que contribuam para uma maior eficiência ambiental. A ideia de se conceder incentivos à população por meio de descontos em impostos é uma bandeira conhecida do Consórcio PCJ, que sempre apoiou a iniciativa. Ela tem se intensificado desde o ano passado, com o exemplo muito bem-sucedido da cidade de Bragança Paulista, que tem dado descontos no IPTU e no ISS para as construções que contam com sistemas de reuso, captação de água de chuva, aquecimento solar, geração de energia elétrica e permeabilidade acima de 50% do terreno. Em Bragança Paulista, as construções que possuem captação de água de chuva ou sistemas de reuso sofrem uma redução de 4% nos tributos. Já as construções aquecimento solar e geração de energia elétrica possuem redução de 2%, e para áreas com 50% de permeabilidade do terreno, a redução dos impostos é de 4%. Além disso, com o projeto de lei para o incentivo já aprovado, a administração tem investido na implantação desses sistemas nos prédios públicos da cidade. Só em 2016, a previsão é de que 20 cisternas sejam instaladas em escolas do município. De acordo com o secretário de meio ambiente da cidade, Francisco Chen, esse não é um trabalho fácil, pois requer um esforço grande de conscientização. “Por isso o poder público tem que dar o exemplo e estamos instalando esses sistemas para mostrar que o custo é muito baixo, mas o retorno grande. Além disso, estamos realizando diversas oficinas de capacitação e conscientização com a população para mostrar como é simples e barata a im-

Minicisterna E.M. Maria Losasso Sabella, em Bragança Paulista

Visita do Conselho Fiscal às bacias de retenção em Piracicaba

A IDEIA É QUE TODAS AS CIDADES DAS BACIAS PCJ TENHAM APROVEITAMENTO DE ÁGUA DA CHUVA” JULINHO LOPES, presidente do Conselho Fiscal

plantação desse sistema. É claro que se trata de um trabalho longo, mas que com certeza já está nos trazendo frutos”, diz. Com o aproveitamento da água da chuva por parte das residências, e zona rural através de Bacias de Retenção, o principal

ganho seria a mitigação das enchentes, já que boa parte da água que seria enviada de forma rápida aos rios ficaria armazenada para utilização em outro momento. O presidente do Conselho Fiscal do Consórcio PCJ e vereador de Rio Claro, Julinho Lopes, atenta para esse ponto. Um dos grandes defensores da ideia, ele conta que Rio Claro já possui uma lei que obriga as novas construções públicas a contarem com os sistemas sustentáveis, mas projeta trabalhos de conscientização para que a lei se torne uma cultura. “O Consórcio PCJ será determinante nesse processo. A nossa intenção é que todas as cidades das Bacias PCJ tenham sistemas de aproveitamento de água da chuva. Com isso, teremos mais disponibilidade hídrica e também contribuiremos para a redução das enchentes, um problema que quase todos os municípios sofrem nos últimos tempos”, afirma.

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TRATAMENTO DE ESGOTO

ETE San Martin, em Campinas, beneficiará 15 mil pessoas

Campinas inaugura ETE San Martin e alcança 95% de tratamento de efluentes

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s bacias PCJ não param de avançar. Desta vez, a cidade associada de Campinas foi a contemplada com mais uma ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), fazendo com que o município atinja 95% no cuidado com o esgoto gerado no município. Com isso, as bacias PCJ passam a contar com 16 municípios acima de 90% no quesito e alcançam a marca histórica de 72% de tratamento de esgotos. A sub-secretária executiva do Consórcio PCJ , Jussara Cordeiro, esteve presente à solenidade, representando o presidente da entidade e prefeito de Indaiatuba (SP), Reinaldo Nogueira. A nova ETE tem capacidade para tratar 35 litros por segundo de esgoto e contribuirá para a despoluição do Ribeirão Quilombo, afluente do

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Rio Piracicaba. Foram investidos na obra R$ 14.188.731,62, sendo R$ 3 milhões com repasse OGU/PCJ e R$ 11.188.731,62 com recursos próprios da Sanasa. “O saneamento é a primeira condição para a qualidade de vida, não há como as pessoas terem saúde sem que a gente tenha água de boa qualidade”, disse o presidente da Sanasa, Arly de Lara Romeo. A unidade beneficiará aproximadamente 15 mil pessoas dos bairros Vila San Martin, Vila Olímpia, Parque Cidade e Campo Florido, além do Terminal Intermodal de Cargas (TIC). “A entrega da ETE mostra o avanço da cidade de Campinas que terá 100% do esgoto tratado daqui alguns anos”, comentou o prefeito de Campinas, Jonas Donizette.

Autoridades estiveram presentes na inauguração

Bacias PCJ rumo aos 100% Segundo dados apurados no Relatório de Gestão das Bacias PCJ e o Relatório de Qualidade das Águas Interiores da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) em 2014 cerca de 72% de todo o esgoto gerado nas bacias PCJ passavam por tratamento. As inaugurações dos últimos anos, como é o caso da San Martin, em Campinas, e as ampliações, como a da ETE Quilombo, em Nova Odessa, foram primordiais para a obtenção desses números. As bacias PCJ têm feito um esforço grande para cumprir a meta final do Plano das Bacias PCJ 2010 a 2020, que é de tratar 98% de todo o esgoto gerado até o ano de 2035. Segundo o coordenador de sistemas da Agência PCJ, Eduardo Cuoco Léo, nos últimos anos foram injetados através do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro) e Cobranças PCJ, um total de aproximadamente R$294 milhões no tema, o que contribuiu para que os números avançassem mesmo com o crescimento verificado na região. “Calcula-se que a remoção das cargas orgânicas domésticas potenciais, que na época da elaboração do Plano de Bacias estava na ordem de 47%, tenha evoluído para aproximadamente 70%”, aponta. Embora os números sejam satisfatórios e merecedores de comemoração, Léo atenta que é preciso verificar com certo cuidado o indicador de evolução. “Observa-se que há, na realidade, referências aos 100% tratado em relação ao coletado. Em algumas situações, isso pode vir a causar falsas impressões, pois um município pode ter 100% de tratamento e desempenho ruim para coleta de esgoto. Há, ainda, um desafio de considerar a eficiência dos processos de tratamento. O Plano das Bacias PCJ passará por uma atualização a partir deste ano e, como vivenciamos de forma aguda a crise hídrica, temos que pensar em tecnologias e soluções que possam dar suporte às demandas futuras”, pondera.


Sorek, a maior usina dessalinizadora do mundo

MATÉRIA DE CAPA

Comitiva Watec Israel 2015 enche de esperança o futuro nas bacias PCJ

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e o objetivo das bacias PCJ é buscar ra o outro lado do Oceano Atlântico em e encontrar soluções para vencer a busca de soluções inteligentes para o encrise hídrica, então a comitiva Wa- frentamento da falta de água. tec Israel 2015 pode ser consideraA Watec Israel é uma as maiores feida um sucesso. Organizada pelo Consór- ras do mundo e trata diretamente de cio PCJ e a Missão Econômica de Israel, a boas práticas, novas tecnologias, modelos viagem reuniu cerca de 30 representan- de gestão e novidades do setor. Em sua tes de serviços de água, entidades e em- quinta edição, o evento aconteceu entre presas ligadas à gestão dos recursos hídri- os dias 13 e 15 de outubro de 2015 e recos, prefeituras e ONGs que partiram pa- uniu expositores e a maiores referências

do tema, entre elas, o Consórcio PCJ e a comitiva das bacias PCJ. “Essa foi uma viagem para buscarmos solução para o nosso problema. Os contatos que tivemos com a gestão e as soluções inteligentes que fizeram de um deserto um lugar habitável nos dão a certeza de que estamos no caminho certo”, avalia o presidente do Consórcio PCJ, Reinaldo Nogueira.

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MATÉRIA DE CAPA

Uma chuva de possibilidades Israel vive uma seca severa há pelo menos 7 anos, nesse período, o país não teve grandes precipitações. Mesmo assim, a população israelense não foi penalizada em momento algum com a falta de água. Isso porque Israel possui um dos melhores sistemas de gestão das águas do mundo. Mesmo com 60% de seu território formado por desertos, o país produz mais de dois “Cantareiras” por ano apenas com a dessalinização da água do mar e o tratamento de efluentes. Iniciativas como essa fizeram com que o país saísse da crise hídrica em 10 anos. Israel também possui a maior usina dessalinizadora do mundo, a Soreq, um dos grandes pontos das visitas técnicas realizadas pela comitiva do PCJ. A usina ocupa uma área de 100 hectares e está a pouco mais de dois quilômetros distante do mar. Ela trata 150 milhões de metros cúbicos de água salina por ano, o equivalente a 7m³/s. “De fato, é uma possibilidade para nós. O Consórcio já até apresentou um estudo propondo a retirada da água do mar em

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CONHECER OS NOVOS SISTEMAS FOI UMA EXPERIÊNCIA ENRIQUECEDORA E REPLETA DE EXPECTATIVAS” EDUARDO CAMARA FILHO, diretor de novos negócios da Bauminas

FOI INCRÍVEL VER O PROCESSO EFICIENTE QUE SALVOU ISRAEL DA CRISE. TODOS NÓS VIAJAMOS EM BUSCA DISSO E PUDEMOS VER DE PERTO AS AÇÕES QUE PODEM MINIMIZAR OS PROBLEMAS NO BRASIL” GENNY SION, MAS Consulting

Sistema de Tratamento de Efluentes é um dos mais eficientes do mundo

Bertioga (SP) e pensamos que pode ser uma solução para os próximos anos”, comenta o secretário executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz. A comitiva das bacias PCJ desembarcou no país no dia 10 de outubro e, até o dia 17, também pode conhecer mais quatro empresas especializadas em gerenciamento de recursos hídricos. Foram vistas tecnologias como a da companhia Netafim, que disponibiliza sensores capazes de captar a real necessidade de água de uma planta e liberar apenas a quantidade de água necessária para o processo, otimizando custos e recursos naturais. A comitiva também conheceu a ETE Shafdan, considerada a maior estação de tratamento de efluentes de Israel, responsável pelo tratamento de 30% de todo o efluente gerado no país e fornecedora de matéria orgânica para reuso na agricultura. Em seguida, os participantes também visitaram Eshkol, principal reservatório de água da região e que possui um sistema de tratamento de última geração, utilizando até peixes no processo.


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7 ANOS

é a duração da atual seca em Israel. Mesmo assim, população não sofreu com falta de água

O Sistema de Gotejamento de Israel aproveita ao máximo a água disponibilizada

Comitiva durante visita ao Aqwise

Sede do Mekorot

Feira WATEC em Israel

Integração é ponto de destaque Um dos pontos de maior destaque na visita foi a crescente integração entre o Brasil e Israel. “É importante para o Brasil poder aprender sobre as técnicas israelenses e adquirir tecnologias de ponta que não existem no país, como os sistemas de redução de perda e reuso de água, irri-

gação por gotejamento, tratamento e até dessalinização da água do mar”, afirma a gerente de desenvolvimento de negócios da Missão Econômica de Israel em São Paulo, Ana Cláudia Felisardo. O Consul Israelense, Boaz Albaranhes, reforçou que a relação entre os países

Comitiva em visita ao reservatório de Eshkol

só tende a crescer e trazer benefícios para ambos os lados. “Esta relação tem sido muito produtiva. A ida do Consórcio a Israel fortalece ainda mais este vínculo. A água tornou-se um problema mundial e é nossa obrigação oferecer o que sabemos ao mundo”, afirma.

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PODE FALTAR ÁGUA DE NOVO

Cantareira ainda não entrou em seu volume seguro, afirmam especialistas

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Sistema Cantareia recebe maior volume de chuvas”. “Represas têm sexta alta seguida”. “Sistema deixa o Volume Morto”. Essas são apenas algumas das manchetes que os veículos de imprensa trabalharam e que passaram a fazer parte do dia a dia das pessoas nos últimos meses, contrastando com o cenário de seca e crise hídrica dos anos de 2013, 2014 e 2015. As chuvas que caíram sobre as Bacias PCJ a partir de outubro de 2015 foram acima do esperado. Dezembro de 2015, por exemplo, registrou 259,4 mm de chuva, sendo que a média histórica para o período é de 219,4 mm. O fato transformou o dia 30 daquele mês em uma espera não apenas pelo ano novo, mas também pelo momento que o Cantareira deixaria o Volume Morto após quase dois anos de pura angústia e estresse hídrico. “O volume de chuvas acima da média nos trouxe esperança, pois fez com o que os reservatórios se recuperassem de um jeito melhor do que o esperado. Porém, o fato de termos saído do Volume Morto não deve, jamais, nos trazer tranquilidade, pois temos pela frente um período rigoroso de estiagem”, destaca o coordenador de projetos do Consórcio PCJ, José Cezar Saad. O professor e pesquisador da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Antonio Carlos Zuffo, já havia previsto as cheias em estudo realizado no fim do ano passado e divulgado no Informativo Água Viva (Edição de Setembro). Naquela oportunidade, o professor explicou que o fenômeno El Niño, provocado pelo aquecimento das águas do oceano pacífico e que altera o clima no mundo todo, deveria causar grandes precipitações no sul do Brasil, havendo grandes chances de aquele volume também se expandir à região sudeste, nas bacias PCJ. Zuffo, no entanto, faz um alerta e reforça que o fenômeno deve ter o seu ciclo encerrado em março de 2016. Após esse período, se observados os períodos históricos, a região deve entrar novamente em um período de precipitações mais baixas, muito semelhante ao ocorrido entre 2013 e 2014. “O nível considerado de “segurança” para o enfrentamento da estiagem no Cantareira, por exemplo, é 80% ou mais. Dessa forma, com os 43% atuais, um período de estiagem pela frente (julho a setembro) e com menos chuvas a partir de outubro de 2016, a região voltaria a sofrer com a estiagem”, alerta. “Por isso, não devemos ficar iludidos com o Rio Piracicaba transbordando nem com a alta dos reservatórios. Precisamos é reservar água para a estiagem”, pontua.

Cheia dos rios não deve deixar confortável a situação das bacias PCJ

(...) NÃO DEVEMOS FICAR ILUDIDOS COM O RIO PIRACICABA TRANSBORDANDO NEM COM A ALTA DOS RESERVATÓRIOS. PRECISAMOS É RESERVAR ÁGUA PARA A ESTIAGEM” ANTONIO CARLOS ZUFFO, professor e pesquisador da Unicamp

Na mesma linha de Zuffo, Saad reforça que o investimento em conscientização e no reaproveitamento da água é imprescindível nesse momento. “Precisamos incentivar cada vez mais o consumo racional, o reuso, o aproveitamento e o armazenamento da água da chuva. Se não reservarmos agora, podemos sofrer com a falta de água depois”, diz.


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RESPEITABILIDADE INTERNACIONAL

Consórcio PCJ amplia reconhecimentos e referência internacional

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orte no Brasil, forte no mundo. Assim pode ser resumida a imagem do Consórcio PCJ e de toda a região das bacias PCJ quando se fala em gerenciamento dos recursos hídricos. Bem por isso, em 2015, a entidade contou com inúmeros eventos e participações internacionais que trouxeram ainda mais conhecimento e novas possibilidades para melhorar a administração dos recursos na região. Em abril de 2015, a entidade divulgou o seu trabalho e atividades no Fórum Mundial da Água, na Coréia, através de conteúdo digital na feira do evento. Em junho, a visita de uma comitiva francesa da Agência de Água Loire Bretagne à associação trouxe um ganho de experiência

para ambos os lados. Durante o encontro, o chefe de projetos da Agência francesa, Hervé Gilliard, fez observações e elogios sobre o sucesso da gestão no Brasil. Como resultado, iniciou-se as discussões para a elaboração de um manual de instruções aos comitês de bacias para a instalação da agência de água e dos instrumentos de gestão previstos na Política Nacional de Recursos Hídricos. Outro ponto interessante da expansão internacional do Consórcio PCJ foi a filiação da entidade ao Observatório Regional da Água da Província de Santa Fé, na Argentina, em junho de 2015. Membros da Secretaria Executiva da entidade participaram do “Encontro Internacional de Cooperação para uma Gestão Sustentá-

vel dos Recursos Hídricos”, na cidade de Rosario e, durante a ocasião, assinaram uma parceria para que a associação se tornasse assessora do Observatório Regional da Água, organizado pelo governo da Província de Santa Fé. No segundo semestre de 2015, o Consórcio PCJ também recebeu uma comitiva de gestores de recursos hídricos de Lima, no Peru. “Sem dúvida, o Consórcio apresentou ações além da conscientização ambiental e que nos servirão de exemplo”, comentou Lorena Gaviño, analista de desenvolvimento sustentável da empresa Backus, no Peru. “A existência do Consórcio PCJ é importante não só para as bacias PCJ, mas também para o Brasil. É uma organização muito influente em diversos meios, que abre portas para muitos contatos entre organizações, empresas e entidades do setor. Estamos muito felizes com a parceria que temos e estamos sempre à disposição do para enriquecer e unir ainda mais esta relação”, diz o cônsul econômico de Israel, Boaz Albaranes. Para o presidente do Consórcio PCJ, Reinaldo Nogueira, “essa troca de experiência está implantada no DNA do Consórcio PCJ desde a sua fundação. Esperamos que isso continue, pois, agora, além de buscarmos informações também podemos levar a nossa experiência para o mundo”, destaca.

VOCÊ SABIA? O Consórcio PCJ foi um dos fundadores e elegeu primeiro presidente da Rede Brasil de Organismos de Bacias Hidrográficas – REBOB, em 1998.

Comitiva de Peruanos e Catarinenses na sede do Consórcio PCJ

Em 2013, a entidade foi escolhida para integrar o Comitê de Ligação da Rede Internacional de Organismos de Bacias (RIOB) e recebeu o reconhecimento do Presidente e do Primeiro Ministro da França pelos seus trabalhos na área de gestão dos recursos hídricos.

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ANTÔNIO MEIRA

O desafio de gerir os Resíduos Sólidos

O

s resíduos sólidos estão na pauta de qualquer município brasileiro. Por isso, o prefeito de Hortolândia e vice-presidente do Programa de Saneamento e Resíduos Sólidos do Consórcio PCJ, Antonio Meira, é o entrevistado da nova edição do Informativo Água Viva. Meira, que iniciou a sua vida política aos 24 anos, quando foi eleito vereador que representava o Distrito de Hortolândia à época na Câmara Municipal de Sumaré, foi um dos principais personagens do governo do prefeito Angelo Perugini, presidente do Consórcio PCJ entre os anos de 2009 e 2012. À frente de um dos programas mais requisitados dentro do Consórcio PCJ, ele comenta as experiências de sua cidade com o tema e afirma: a criação de consórcios é o caminho para a gestão dos resíduos na região. Confira a entrevista.

tolândia, cidade onde sou prefeito, implantamos o Sigah (Sistema Integrado de Gestão Ambiental de Hortolândia), que concentra ações de manejo dos diversos resíduos gerados na cidade. Faz parte do Sigah, por exemplo, a URE (Usina de Resíduos Sólidos da Construção Civil) que recebe e processa materiais como entulho, transformando em matéria prima como pedras, utilizada em obras realizadas pela própria Prefeitura. Os PEVs (Pontos de Entrega Voluntária) também se enquadram neste sistema, funcionando como pontos de coleta ambientalmente correta e gratuita de resíduos recicláveis. Já são cinco PEVs em funcionamento em Hortolândia. Temos estudos para, no futuro, implantarmos uma usina de Tratamento de lixo domiciliar na cidade, tratando também os resíduos domésticos. AV  Hortolândia, Sumaré, Nova Odessa, Americana e Santa Bárbara d’Oeste, participam de um consórcio de resíduos. Essa é a melhor saída para os municípios? AM  Sim, sem dúvida. Os consórcios são soluções eficazes para a questão do lixo. No entanto, é preciso que cada município também faça seu planejamento de maneira individual. As ações de sucesso podem servir de exemplo e ser compartilhadas nos consórcios.

ÁGUA VIVA  Por que é tão complicado às municipalidades se adequarem a essa pauta? ANTONIO MEIRA  Investir em tecnologia de tratamento de resíduos para a erradicação definitiva dos lixões demanda investimentos e estudos. São necessárias ações de alto custo para isso se efetivar. Já estamos neste caminho, mas não é um processo rápido. Além disso, é preciso que os órgãos licenciadores estejam em sincronia com os municípios, para agilizar e desburocratizar estes processos.

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AV  Na sua visão, quais ferramentas podem ser utilizadas nas bacias PCJ para que a gestão dos resíduos avance? AM  As principais ferramentas são os consórcios entre os municípios para que as soluções sejam compartilhadas; a adoção de estudos e planejamento, com a elaboração de Plano Diretor de Resíduos, a fim de otimizar o reaproveitamento de materiais e a coleta seletiva; e a geração de empregos por meio de cooperativas. Em Hor-

A GESTÃO DO LIXO ESTÁ DIRETAMENTE LIGADA À GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS.

AV  Qual a importância de uma boa gestão dos resíduos para a gestão das águas? AM  A má gestão dos resíduos interfere negativamente na qualidade da água, uma vez que nossa região possui córregos e rios cortando a área urbana. Nas áreas rurais, uma preocupação é quanto às embalagens de agrotóxicos, que podem contaminar os mananciais. Por isso, a gestão do lixo está diretamente ligada à gestão dos recursos hídricos. Gestão de resíduos eficientes significa manter nossos rios limpos e garantir o abastecimento.


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POR SEREM SUSTENTÁVEIS

Empresas associadas ao Consórcio PCJ são reconhecidas em premiações

Usina Costa Pinto

Usina Santa Helena

RECONHECIMENTO

Selo Amigo da Água chega para premiar boas práticas O Consórcio PCJ lançou durante a sua 76ª Reunião Ordinária, em novembro, o Selo Amigo da Água. A certificação será concedida todos os anos pela entidade às empresas e municípios parceiros que desenvolveram projetos para o melhor aproveitamento e a gestão do recurso, com ações como reaproveitamento, redução do consumo, preservação, recuperação e valorização das nascentes, rios, lagos, entre outras.

A

s empresas ArcelorMittal, de Energia, foi também a única do Elektro e Ypê, todas asso- Brasil a receber o prêmio na cateciadas ao Consórcio PCJ, re- goria “Relações com a Comunidaceberam prêmios por suas de”, devido ao programa Elektro ações sustentáveis e pelo respei- nas Escolas, voltado à educação pato demonstrado ao meio ambiente. ra o uso mais eficiente de energia, O Guia Exame de Sustentabilidade e o Energia Comunitária, que tro2015 elegeu a ArcelorMittal como a ca lâmpadas e faz uma revisão das empresa mais sustentável na cate- instalações elétricas das casas de goria Mudanças Climáticas do Bra- famílias de baixa renda. Usina Santa Helena marca de limpeza e higiene sil e a Elektro como a empresaUsina mais CostaAPinto sustentável no âmbito de energia. pessoal, Ypê, conquistou pelo noJá a Ypê foi contemplada com o prê- no ano consecutivo o prêmio Top mio Top Of Mind do Jornal Folha de Of Mind na categoria Meio AmbienSão Paulo, sendo apontada como a te e pela primeira vez, o Top Destaorganização mais lembrada pelas que Regional – Centro Oeste, com o pessoas quando o assunto é o res- amaciante de roupas. A empresa é peito e a valorização ao meio am- referência na captação de água de chuva em suas plantas. Essa iniciabiente e à sustentabilidade. Líder mundial no setor de aço, tiva permitiu, por exemplo, que a a empresa ArcelorMittal chamou unidade de Salto (SP) tenha reduzia atenção do Guia Exame por ter do durante o ano de 2014 o consuse empenhado, desde 2009, em mo de água em 33%. Na unidade de um projeto de redução de emis- Anápolis (GO) a redução foi de 19%, são de gases. A iniciativa compen- em Simões Filho (BA) a redução foi sou 1,4 milhão de toneladas de car- de 10% e, em Amparo (SP), na sede bono e resultou na queda de 10% da empresa, nos últimos quatro anos, das emissões totais da empresa no houve um aumento de 6% na produBrasil. Na unidade de Tubarão, no ção, mas redução de 8% da captação estado do Espírito Santo, a empre- de água do rio Camanducaia. sa ainda reaproveita esses gases e calor para gerar energia termelétrica, o que garante a autossuficiência da unidade capixaba. Ainda pelo Guia Exame de Sustentabilidade, a distribuidora de foi a redução no consumo energia, Elektro, com sede em Cam- de água em uma das pinas, além de Destaque no Setor plantas da Ypê

33%

“Esta é uma forma de gabaritarmos e reconhecermos as ações de instituições e administrações que se comprometem com a causa em nossa região”, diz o secretario executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz. Durante o encontro, o Consórcio PCJ concedeu o certificado de colaborador ambiental do ano de 2015 aos municípios de Americana, Amparo, Bragança Paulista, Campinas, Capivari, Indaiatuba, Limeira, Paulínia, Piracicaba, Rio Claro, Valinhos; e às empresas CPFL, DAE Jundiaí, Goodyear, SANASA e Ypê.

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MAIS DE 4 MILHÕES DE MUDAS

Viveiros são exemplo de recuperação e preservação

A

receita é simples: quanto mais áreas verdes, mais rios saudáveis. Desde que foi fundado, em 1989, o Consórcio PCJ seguiu à risca esse mandamento. Através de seu Programa de Proteção aos Mananciais, a entidade mantém uma parceria longa e produtiva com 16 viveiros da região e que propiciou a incrível marca de mais de 4 milhões de mudas plantadas em toda a bacia. O viveiro de Piracicaba é um dos que possuem grandes histórias. O espaço completou 20 anos em novembro de 2015 e, para comemorar, realizou um evento com a presença de autoridades e lideranças do movimento ambiental. O prefeito Gabriel Ferrato, que era o secretário de Planejamento na época da insta-

Produção de mudas é um dos pontos fortes da parceria lação do Viveiro, comentou que, já naquela época, existia uma preocupação nessa questão. “Por isso, hoje, Piracicaba é referência nesse aspecto”, disse. Localizado em uma área de 60 mil metros quadrados, o viveiro conta com mais

de 80 espécies nativas e produziu 100 mil mudas somente em 2015. “É um esforço de longo prazo, mas temos visto e provado dos frutos”, diz a engenheira agrônoma, Clementina Rossin, que está à frente do espaço há quase dez anos.

DESTAQUES AMBIENTAIS

Melhores Projetos de 2015 nas Bacias PCJ são premiados O Consórcio PCJ realizou em dezem- Na ocasião, as melhores iniciativas reabro no município associado de Valinhos lizadas na área pelos municípios partici(SP), o Seminário de Avaliação do Proje- pantes foram premiadas em duas cateto Gota d’Água, organizado pelo progra- gorias: destaques do ano e menção honma de Educação Ambiental da entidade. rosa. Abaixo, confira os vencedores:

Os vencedores BRAGANÇA PAULISTA (SP) Ações de Educação Ambiental no combate à escassez de água

EXTREMA (MG) Educação Ambiental com foco nas problemáticas ambientais locais

JAGUARIÚNA (SP) E se essa fosse a última gota?

RIO CLARO (SP) Multiplique essa Gota

MENÇÃO HONROSA

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Participantes do projeto Gota d’Água 2015

O Consórcio PCJ ainda concedeu Menção Honrosa aos municípios de Americana, Nova Odessa, Rio das Pedras, São Pedro, Valinhos e Vinhedo, pelas atividades de educação ambiental desenvolvidas em 2015.


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