a lenta e sempre travada produção, edição e publicação literária e de quadrinhos, bem como a própria produção artístico-cultural como um todo. Chega disso. Chega. ALEP MAGAZINE é o MVP – produto mínimo viável – de uma coletânea digital de... eh, ainda não sabe o que é esse tal de MVP? Pois continue conosco, ao longo desta e de todas as demais edições deste ano, pois nossa maior meta é o mentoring e coaching de futuros escritores, roteiristas e quadrinistas e (por que não?) de profissionais do traço e do texto que queiram enveredar pelos caminhos do Empreendedorismo e da autopublicação consciente, tornando-se autores também de seu próprio destino! Ainda que “a violência possa ser usada no lugar da conversação, as palavras reterão sempre seu poder. Palavras oferecem os meios para um
seu poder. Palavras oferecem os meios para um fim, e para aqueles que as ouvem, a anunciação da verdade (...) mas se você vir o que eu vejo, se você sentir como eu me sinto, e se você procurar o que eu procuro”, nossa caminhada, juntos, nos conduzirá a um mesmo sonho realizado: trabalhar e ganhar a vida fazendo aquilo que tanto amamos. Esta citação extraída do discurso televisivo do Codinome V, personagem na obra em quadrinhos mais influente de todos os tempos – V de Vingança, de Alan Moore e David Lloyd – não é gratuita. Não.
Somos perigosos. Pessoas munidas de sonhos e determinação sempre o são. O mundo que se cuide. Abraços e... sejam todos bem-vindos.
COMO AS ESCOLAS / AGENCIADORAS DE QUADRINISTAS PARA O EXTERIOR PODERIAM INCENTIVAR UM HIPOTÉTICO MERCADO NACIONAL DE QUADRINHOS? ... foi outra pergunta feita a interessados, editores, quadrinistas e até mesmo a coordenadores das próprias escolas. Nestes estabelecimentos, as Escolas/ Agenciadoras de Quadrinistas, os alunos podem aprender os meandros dos desenhos, roteiros, colorização, recursos digitais e outras partes dos Quadrinhos. As respostas foram as mais variadas e interessantes. Vejamos: Um usuário da rede social Facebook, presença constante em debates sobre os Quadrinhos, não concordou com o termo “hipotético” de meu questionamento proposto. Afirmando já existir “um mercado nacional de quadrinhos, inclusive com um exemplo tão estável e amplo quanto a Marvel e DC: A Turma da Mônica”. Completando seu aparte, o usuário considera que “a Maurício de Souza Produções tem inovado na linha de quadrinhos”, onde “„MSP 50 Artistas‟ é uma releitura que demonstra a força dos personagens clássicos do Maurício” e, além “da linha „Monica Jovem‟, agora temos também as „Graphic MSP‟, com a MSP batendo de frente com os concorrentes norte-americanos, japoneses e europeus”. Este usuário alarga consideravelmente a abrangência da pergunta-matriz deste texto, ao afirmar ser “um de nossos maiores erros de visão editorial” a não-percepção de que “o mercado de quadrinhos está inserido num mercado maior: o mercado de Entretenimento”. Em sua opinião pessoal, se “não apenas as escolas e agência de quadrinhos, mas se os quadrinistas em geral analisassem „o que deu errado‟ e „o que deu certo‟ e „por que‟, nós produziríamos um entusiasmo pela produção nacional”, este, “o maior
„o que deu certo‟ e „por que‟, nós produziríamos um entusiasmo pela produção nacional”, este, “o maior incentivo de que precisamos”. Outro quadrinista e participativo em um famoso Portal de animes e mangás, considera como uma boa possibilidade as “escolas e agências gerenciarem projetos de alunos e agenciados”, com vistas a “tornar uma idéia amadora em algo vendável”, criando desta forma “mais do que artistas”, mas sim “autores de quadrinhos brasileiros”, que poderiam “vender seu material autoral tanto nas editoras daqui quanto nas de fora”. Tal atuação colaboraria, de fato, no que Fábio considera o mais importante: “termos autores nacionais experientes e de renome surgindo e renovando o mercado sempre”. Uma blogueira conhecida no meio dos mangás e animes, pensa ser das Escolas de Quadrinistas “o papel somente de „ensinar‟ a desenhar mesmo”, ainda que algumas “talvez tenham agentes para o exterior”. Ela credita esta ida de talentos nacionais para o exterior um reflexo do “fraco mercado de quadrinhos local. As editoras não tiveram e nem têm interesse em bancar projetos nacionais”, um dos prováveis motivos destas “agências/escolas levarem seus alunos para fora”. A blogueira sugere a leitura de textos de sua autoria, com considerações válidas “para o mangá nacional, mas talvez, para quadrinho nacional em geral”. De todos os contatados, um único profissional do meio das Escolas e Agenciadoras de Quadrinistas a responder a este meu questionamento, afirmou que “o mercado nacional já está mudando aos poucos”, e acredita que “todos que amam quadrinho vão poder ter mais visibilidade pela internet e assim, chamar a atenção das editoras”.
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Um Coordenador de associação de Quadrinistas do sul do país, também professor de arte, editor e quadrinhista, vê “um sólido mercado de Quadrinhos no Brasil, especialmente no atual momento com a „reinvenção‟ do universo criado pelo Mauricio de Sousa (que podemos considerar como ponto de partida a obra Astronauta Magnetar, de Danilo Beyruth); com a própria publicação de títulos do Mauricio pela Panini (com destaque para Mônica Jovem); as publicações independentes e ainda o trabalho de editoras com Quadrinhos”. Por esta razão, não acha que “as escolas/ agências devam entrar neste mercado ou ter este objetivo”. Outro editor e quadrinista sugeriu uma produção com vistas ao “mercado interno, pensando seu material para o Brasil”, não “para nichos, não para meia dúzia de fãs”. E “correr atrás muito”. Dentre as respostas recebidas, salta aos olhos o valor atribuído – e sem sombra de dúvida, merecido – ao Maurício de Sousa, bem como as suas relativamente recentes novas abordagens editoriais, sempre calcadas em seus famosos personagens. Contudo, pode apenas um produtor – a Maurício de Sousa Produções, editoras e distribuidores associados – responder quase que exclusivamente sozinho por um mercado, em um país de proporções continentais, como o nosso Brasil? O próprio fluxo de talentos devidamente treinados, indo atender a editoras estrangeiras nos fornece a resposta a esta pergunta: não! As Escolas/Agenciadoras de Quadrinistas aparentam funcionar como portal de acesso a interessados em trabalhar para os rentáveis mercados estrangeiros de quadrinhos. Não tenho como saber os percentuais de eleitos para “trampar para os gringos”,
percentuais de eleitos para “trampar para os gringos”, mas surge a inevitável questão: e os outros? Os que não chegam lá? Existem editoras e redações de jornais e agências de publicidade em quantidade suficiente para estes nacionais exercerem seus talentos? A pura e simples inexistência de editoras de quadrinhos, em quantidade adequada e atendendo ininterruptamente, de um lado os leitores e do outro os autores, demonstra o grau de encolhimento a que está submetido o tal mercado brasileiro de quadrinhos. Como contribuição pessoal a esta exposição de idéias e opiniões, e do alto de minha diminuta estatura de quadrinista e fanzineiro - que produz e vai vender seus fanzines de hq´s em escolas, empresas, cruzamento de avenidas e por dentro dos coletivos do transporte público, em minha cidade – faço uma sugestão aos gestores e a quem de direito das Escolas/Agenciadoras de Quadrinistas: criem e ministrem, para seus alunos, uma disciplina, algo como Empreendedorismo Para Quadrinistas. Nesta mui hipotética disciplina, os alunos – futuros quadrinistas formados – seriam corretamente orientados a ir pesquisar junto ao público (e provavelmente criar durante o processo) tipos diferentes de abordagens da mídia quadrinhos. Quadrinhos que as pessoas aí de fora, do mundo real, gostariam de ler, e chegariam a procurar e até mesmo a comprá-los. Depois, estes mesmos quadrinistas seriam orientados em como produzir, distribuir e colher os lucros destes novos produtos quadrinísticos. Tais quadrinistasempreendedores, ou neo-quadrinistas, mudariam a história das hq‟s em nosso país.
Chris Guillebeau, em seu livro The $ 100 Startup, define o conceito de sua autoria chamado Convergência, como a intersecção entre uma ou mais atividades prazerosas para o indivíduo, em geral um talento nato ou auto-didata, e aquilo por que os outros demonstram interesse. Para ocorrer o fato convergente, as duas premissas devem estar presentes simultaneamente. Trata de um item em comum entre o que aciona o interesse da pessoa praticante e o que as outras pessoas aceitam gastar seus recursos, não apenas o dinheiro. O Empreendedor dos Quadrinhos, quando produtor e atuante em um ou mais aspectos da mídia Quadrinhos, deve ter este seu talento nato como sua “moeda de troca pessoal” perante o restante do mundo e é de alguma forma comercializável. A existência destes dons natos ou aprendidos na prática ou estudo permite ao Empreendedor posicionar-se, e ganhar relevância perante pessoas interessadas naquilo que ele sabe fazer. O Empreendedor Quadrinista, quando “busca definir seu produto, deve visualizar a união de sua paixão específica – no caso o prazer de produzir Quadrinhos, ou apenas em alguma de suas etapas, como o roteiro, ou desenhos, ou colorir, artefinalizar, etc. – com algo pelo que as pessoas costumam pagar ou pagariam para obter”. Guillebeau chama atenção para o fato de que “nem tudo aquilo que desperta nossas paixões ou para o que nos sentimos especialmente vocacionados interessa ao resto do mundo ou é comercializável”. Empreendedores, micro e
comercializável”. Empreendedores, micro e pequenas empresas “podem prosperar no espaço de intersecção dos dois círculos acima, onde a paixão ou a competência se cruzam com a utilidade”. Mesmo assim, pessoas de competências não diretamente ligadas, mas às vezes apenas relacionadas com o requerido nos empreendimentos também podem alcançar êxito, se desempenharem a contento os aspectos administrativos e de gestão nos seus respectivos negócios. O Empreendedor dos Quadrinhos deve buscar estas correlações de competências, avaliando criticamente se é bom em mais de uma tarefa relacionada ao seu futuro empreendimento. Se a resposta for negativa, deve-se empenhar em capacitar-se e sanar estas deficiências, sob pena de, se não o fizer, ser sua pouca habilidade em assuntos correlatos uma razão para seu fracasso. Chris Guillebeau apregoa a necessidade de se capacitar no máximo possível de interdisciplinas valiosas no mundo do empreendedorismo, cujo resultado será a presença, em si, de fatores do conhecimento aplicável, pelo simples fato de serem úteis em sua vida dos negócios. Sendo polivalente, o Empreendedor dos Quadrinhos será o maior criador de valor em sua empreitada. O autor propõe sua fórmula “não tão secreta”: PAIXÃO e COMPETÊNCIA + UTILIDADE = SUCESSO
Guillebeau apresenta os fundamentos de se lançar qualquer negócio como muito simples, “sendo que o Empreendedor não necessita, fundamentalmente, de um MBA em gestão de
Na página ao lado: gráfico mostrando o conceito de Convergência. Na imagem ao lado: capa do livro de Chris Guillebeau.
Se o leitor tiver um grupo de pessoas interessadas, sem, contudo, dispor de produto algum para vender, não existirá negócio algum. Do contrário, se possuir produtos para venda, mas sem quem lhes adquira, também não há negocio.
fundamentalmente, de um MBA em gestão de empresas (se for possível, claro, será muito bem-vindo), nem de investir capital de risco”. O fundamental duto ou ou serviço, serviço, de um é dispor de “um produto público-alvo de desejo manifesto em adquiri-lo e de canais para receber os seus pagamentos”, disposto da seguinte forma:
E em ambos os casos, o negócio também não se concretiza sem os meios de pagamento sempre os mais simples e fáceis possíveis.
1. Produto ou serviço: o que pretende vender; 2. Os clientes: pessoas dispostas a pagarem pelo que lhes propõe; 3. Formas de pagamento: o meio de receber os pagamentos por seu produto;
Ao Empreendedor Quadrinista cabe a realização de uma sequência produtiva, sendo esta a única forma de garantir a abordagem adequada ao tipo de obra quadrinística que se deseja atingir. Trecho extraído do livro GUIA PRÁTICO DO EMPREENDEDOR DOS QUADRINHOS, à venda em http://clubedeautores.com.br/ ou em http://www.perse.com.br/ Skoob - http://www.skoob.com.br/autor/10333
... é uma frase de Arthur Robert Ashe Jr., renomado tenista norte-americano, curiosamente semelhante ao Effectuation, postulado desenvolvido pela pesquisadora Saras Sarasvathy, na qual existe uma “lógica de pensamento usada por empreendedores experientes para construir negócios de sucesso, descoberta por meio de pesquisas científicas”. A lógica effectual “se baseia em uma visão do mundo e de negócios em constante construção pelos seres humanos (...) utiliza-se de um conjunto específico de meios para criar possíveis efeitos - que podem ser representados por novos negócios diferentes dos tradicionalmente conhecidos”, tendo como fundamento o princípio “se eu posso controlar o futuro, eu não preciso prevê-lo”. Segundo a teoria Effectuation, existem cinco princípios criados a partir de técnicas que os empreendedores utilizam para reduzir as previsões sobre o futuro e, assim, conseguir criá-lo. São eles:
Princípio 1 – Pássaro na Mão (trabalhe com o que você tem): as possibilidades imaginadas pelos
empreendedores se originam a partir do que eles possuem no momento, ou seja, a partir de quem ele é, o que ele sabe e quem ele conhece.
Princípio 2 – Perdas Toleráveis (aposte o que se pode perder): os empreendedores experientes limitam o risco ao que eles podem perder em cada etapa, ao invés de buscarem oportunidades dentro do conceito “ou tudo ou nada”.
Princípio 3 – Limonada (faça do limão uma limonada): a lógica effectual aceita o fator surpresa
ao invés de ficar construindo diferentes cenários possíveis. Grandes empreendedores lidam com más notícias e surpresas como possibilidades de se criar um novo mercado.
Princípio 4 – Colcha de Retalhos (forme parcerias): construa parcerias com potenciais stakeholders. Obter comprometimento destes
stake-holders.
Obter comprometimento destes parceiros-chave nos estágios iniciais de um negócio reduz a incerteza e faz com que se criem novos mercados com os reais interessados.
Princípio 5 – Piloto de Avião (controle x previsão): ao se concentrar em atividades que
conseguem controlar, os empreendedores de sucesso confiam que suas ações tem maior chance de alcançar resultados. Uma visão effectual do mundo é direcionada pela crença que o futuro não é previsível e, portanto, deve ser criado. Nas duas etapas iniciais “meios” e “objetivos”, Sarasvathy demonstra como “o empreendedor imagina diversos objetivos a partir dos meios que possui”. Esses objetivos devem estar enquadrados de acordo com risco que ele escolhe correr, ou seja, das “perdas toleráveis”, sendo “a construção e a conquista dos objetivos apenas lados diferentes da mesma moeda”. Como a atividade primordial do quadrinista é a de, efetivamente, produzir Quadrinhos, nada mais coerente do que apenas e tão somente... produzir Quadrinhos! A produção constante de hq’s não apenas caracteriza um quadrinista como tal, mas o tira da “estaca zero” da inatividade, iniciando e dando continuidade ao seu papel e evolução técnica como um verdadeiro autor de quadrinhos. E isto independente de dominar correta e suficientemente todas as etapas produtivas de uma história em quadrinhos, ou mangá, ou comics, ou fumettis, etc. Mariano e Mayer orgs apud Goleman em seu livro Biblioteca Básica de Marketing, considera como “a inteligência nos negócios dos Empreendedores não se limita apenas a estes”, mas também aos “bancos de dados, redes de parceiros, colegas de trabalho e de outros lugares com os quais poderemos contar quando precisarmos”.
Se o Empreendedor Quadrinista é um bom desenhista, mas um roteirista insuficiente. Ou se sabe escrever, mas não entende nada de ilustração. Ou se ainda trata-se de um colorista competente, mas têm dificuldade nos roteiros e caracterização de personagens, convém buscar formas de capacitar-se, conforme os autores citados. Livros sobre roteiros, cursos sobre desenho, oficinas de como quadrinizar, etc., bem como outras abordagens correlatas á mídia dos Quadrinhos, como cursos de produção audiovisual – nas disciplinas roteiro, decupagem e minutagem – ou em oficinas de animação. Todas estas e ainda outras mais são formas válidas do Empreendedor Quadrinista obter melhoras em funções de produção da mídia Quadrinhos nas quais não se sente ainda bom o bastante. Sarasvathy trata da etapa da interação, postulando que o Empreendedor Quadrinista realiza “interações para facilitar o processo de captação de parceiros para o novo negócio”, resultando em “uma cadeia de interações effectual que põe em marcha dois ciclos - um ciclo expansivo de meios e recursos mobilizados que cada novo parceiro-chave acrescenta ao negócio, e outro ciclo de restrições sobre os possíveis objetivos e resultados do projeto que converge com os objetivos da organização resultante”. Desta forma, “cada novo parceirochave tem alguma coisa a dizer sobre no que o artefato – no caso, o produto Quadrinhos, seja revista, livro, e-book, etc. - efetivamente resultará, mais do que sobre se ele será ou quão valioso ele será”. Chamado também de Abordagem Efetiva, o
Effectuation baseia-se em dinamismo e criatividade,
objetivando desenvolver idéias, com vistas a tornálas em negócios ou empreendimentos. Para iniciá-lo, o Empreendedor deve responder três perguntas básicas: “quem eu sou?”, “o que sei fazer?” e “quem eu conheço?” Ao responder com franqueza e honestidade estas questões, o praticante de Effectuation estará capacitado a avançar rumo a um conhecimento diferenciado e valioso de seu negócio. Sarasvathy ainda defende o uso constante de sua criação, postulando que o Effectuation pode ser utilizado a cada nova decisão, em especial nas estratégicas e de planejamento.
A busca de stake-holders, os parceiros-chave ou sócios não pode ser feita via persuasão, pois isto invalidaria o aspecto básico de compromisso. O correto da Abordagem Efetiva é apenas anunciar seu negócio, e deixar que os interessados venham contatar o Empreendedor-proponente. Empreendedores comuns usam da abordagem causal tradicional e tendem a prever acontecimentos futuros, algo inexistente na abordagem Effectuation, pois nesta o Empreendedor compreende ser o futuro um resultado de suas ações no presente, descartandose, assim, previsões futuristas correlatas à sua atividade industrial ou empresarial. A
atividade
empresarial
selecionada
via
Effectuation, motivada pela diretiva básica “o que eu sei fazer”, termina sempre em um negócio conhecido por parte do empreendedor, resultando em empreendimentos mais propensos ao sucesso.
Empreendedores inseguros ou temerosos quanto ao próprio ato de investir em novo negócio conscientizam-se de o que realmente está em jogo, envolvem-se com iniciativas relacionadas aos seus próprios conhecimentos e acercam-se de parceiroschave igualmente conhecedores e comprometidos, por meio da Abordagem Efetiva. Tal alinhamento de características só pode beneficiar e aumentar as chances de sucesso do negócio. Usar o Effectuation impede o Empreendedor de arriscar-se em atividades ou mercados desconhecidos, motivados por booms financeiros ou modismos empresariais passageiros. Também reduz ao mínimo possível os efeitos prejudiciais de um possível fracasso empresarial, posto estar limitado ao conhecimento próprio do Empreendedor e das perdas toleráveis definidas. Na prática, o Effectuation busca olhar o empreendimento tendo como “lente” o próprio Empreendedor, e sempre levando em conta seus conhecimentos, suas posses e quem mais vier a acompanhá-lo no negócio. Marketing, público-alvo e aspectos financeiros são submetidos aos saberes do Empreendedor, justamente quem deve capacitar-se, nos aspectos tanto generalista quanto (ainda mais) especialista. (*)
Sentiu as três dimensões zunirem em sua agora alterada carne, quando desceu rumo ao planeta. Ventos estelares compunham espirais de partículas. Adentrou a atmosfera, e foi como se reencontrasse um velho amigo, a encher os pulmões, dando-lhe boas vindas. Respirar de novo.
E de novo. E outra vez. Sentiu o acúmulo de oxigênio subir até sua cabeça. Abandonou sua percepção superior das coisas, e viu como um homem. E o que antes era uma esfera distante, cresceu, agigantou-se, e agora ocupa mais da metade da cúpula celeste. A gravidade o convoca. Sua perspectiva muda. Se no profundo espaço sideral inexistem acima e embaixo, quando seus pés reluzentes tocam o solo, o céu afirma-se. O céu límpido, dominado por um sol causticante, ofuscou um pouco sua visão agora humana, em parte por reluzir em sua pele prateada.
Tentou visualizar a si mesmo, pelo ponto de vista dos habitantes do planeta Terra. E lembrouse de todas as histórias sobre alienígenas e discos voadores. Riu consigo mesmo, da curiosa ironia. A existência de extraterrestres soava absurda, em especial para quem chegara a poucos instantes do outro lado do universo... ... ou do que os humanos consideravam ser o universo. Sua visão deixa o confortável espectro médio, percebido pelos humanos, e adentra o multicolorido mar de ondas eletromagnéticas do planeta. Dos raios ultravioletas, passando pela luz branca notada pela visão humana, até os comprimentos de onda mais baixos, infravermelhos. As refulgentes linhas Ley rasgam a cúpula celeste, emanando suas energias ancestrais nesta ou naquela direção. Acionando seus poderes, ele voa. Seu corpo flutua, subindo camada após camada das energias gravimétricas, tão simples, tão manipuláveis. Aves assustam-se ante sua passagem. O deserto abaixo acelera, correndo sob seus pés. Aquela paisagem lhe parecia tão alienígena, como todas as outras vistas por ele. Não se sentia ligado, nem maravilhado por este planeta, ou ao menos não tanto quanto esperava. Retorquiu um sentimento funesto, de solidão. Uma longa faixa escura corta o deserto, indo de horizonte a horizonte. Ele arqueia o corpo, num arco parabólico para melhor inspecioná-la. “Uma estrada”, ele conclui pelo aspecto simétrico inerente de coisa fabricada. Listras contínuas e faixas laterais demarcam o traçado da via. Um pouco mais a frente, seus olhos notam uma forma esbelta inclinada sobre o que parece uma máquina. “Uma mulher e um automóvel”.
... CONTINUA.
Episódios 04 & 05:
A RÁDIO DO SOLDADO MORTO Criação, Roteiro, Desenhos, Arte-final e Retículas: FRANK DELMINDO