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ANO I I Julho – 2015 N.º 12


ENTREVISTA

BERNARDO AURÉLIO por Dylan Moraes (dylanmoraes@gmail.com)

ALEP MVP: Você é adepto de quais formas de arte? Bernardo Aurélio: Eu desenho. Nesse campo, me sinto mais seguro fazendo quadrinhos, mas também gosto de fazer ilustrações. Inevitavelmente sou chamado pra fazer caricaturas, mas decidi como meta de ano novo não me arriscar mais com caricaturas, pois é um mundo muito ingrato, as pessoas são muito exigentes quanto a isso. Também gosto de escrever. Faço meus próprios roteiros. Eventualmente, preciso editar minhas próprias coisas, e coisas do meu irmão (Caio Oliveira, do Cantinho do Caio, no Facebook), porque envolver terceiros encareceria qualquer serviço. ALEP MVP: Como você avalia a atual cena quadrinheira nacional? Estamos melhores, estamos piores? Mais monetizáveis ou em crise? Bernardo Aurélio: Estamos melhores, mas isso não é grande coisa. Quando você é acostumado com um cenário de quase negação, qualquer indício positivo parece que está descortinando um mundo. Não sou pessimista quanto a esse cenário, só acho que estamos muito aquém do que poderíamos fazer. Recentemente li uma matéria sobre o Mutarelli e sobre como ele abandonou a mídia dos quadrinhos, sobre como somos bitolados. Tenho de concordar com ele. No Brasil, nós perdemos nossas próprias referências. Mutarelli não é qualquer um. É um cara que venceu fazendo coisa alternativa, que tem obras de peso e de profunda identidade, mas teve de abandonar esse mundo dos quadrinhos porque aqui é muito difícil e ingrato. Vejo você falar em autor empreendedor. Acho isso notável! É preciso mesmo. Cada dia é mais necessário que saibamos empreender e construir o próprio caminho para o trilharmos, mas o cenário que eu vejo é como se cada autor tivesse apenas dois tijolinhos: um onde ele está pisando e outro por onde ele já passou, acontece que pra ele dar outro passo, precisa tirar o tijolinho de trás e colocar na sua frente, entende? E parece ficar todo mundo assim: construindo seu próprio caminho, sem deixar a trilha construída para os outros menos notáveis. Vejo o que o Sidney Gusman fez com o Maurício de Sousa e a cada dia mais penso que não deve ser tão complicado. Bastou um editor, percebe? Claro que ele tinha grandes personagens pra trabalhar, mas a

Sousa e a cada dia mais penso que não deve ser tão complicado. Bastou um editor, percebe? Claro que ele tinha grandes personagens pra trabalhar, mas a mão de obra estava toda aí, ávida pra trabalhar com eles. O que quero dizer é que falta linha editorial. Veja o que a Jambo está fazendo com o Marcelo Cassaro! Estão lançando praticamente tudo do cara, em edições bacanas, Holy Avenger em capa dura e tudo, mas será preciso todos sermos bem sucedidos antes de alcançarmos certa estabilidade nesse meio? Isso não é meio controverso? Basta ir a um FiQ e ver a quantidade de gente talentosa que poderiam estar construindo os catálogos das editoras. Se você tem um projeto bem sucedido no Catarse, logo aparecem duas ou três ofertas de gráficas para imprimir seu trabalho, mas não aparece um editor, saca? O que temos no Brasil muito é gráfica e poucos editores. ALEP MVP: Você tem íntima participação no projeto de lei da Reserva de mercado para o quadrinho nacional, correto? A quantas anda este projeto de lei? Tem chance ainda de acontecer? Na época, como foi a reação de Editoras e autores perante tal proposta? Bernardo Aurélio: Eu corri muito atrás disso e é bom que tenha perguntado. Aconteceu do meu pai, Simplício Mário, tornar-se deputado federal com pouco mais de 5 mil votos. Ele teve uma cadeira lá em Brasília por apenas 2 anos e nesse período eu elaborei um projeto de lei. Escrevi mesmo, posso dizer que sou o autor de um PL e ele versava sobre cotas. E o projeto acabou barrado como inconstitucional, porque obrigava as editoras a publicarem o que não deviam. Poucos anos depois, em 2009, o deputado Vicentinho, do PT, apresentou o mesmo projeto que eu escrevi. O mesmo! Com todas as vírgulas. Você pode ler melhor sobre isso no meu blog (http://bernardohq.blogspot.com.br/2013/04/novidad es-sobre-lei-de-cota-no.html). Tanto que eu, em uma oportunidade de ir a Brasília, procurei o gabinete do deputado, queria dizer a ele que esse lance de cotas nunca iria superar o lobby das editoras. E a verdade é que passei a desacreditar neste tipo de política, que desagrada a todas as editoras e boa parte, talvez a maioria, dos artistas e leitores de quadrinhos. Então fui até o gabinete do Vicentinho com a proposta de alterar o conteúdo da lei e extinguir as cotas obrigatórias por incentivos fiscais, caso a editora atingisse, por vontade


com a proposta de alterar o conteúdo da lei e extinguir as cotas obrigatórias por incentivos fiscais, caso a editora atingisse, por vontade própria, uma meta préestabelecida de quadrinhos nacionais. Na ocasião o PL estava na mão do deputado José Stédille, relator do projeto. Ele foi muito sincero e disse que da forma que estava, com as cotas obrigatórias, o PL não seria aprovado na Comissão e seria dado um parecer desfavorável, tendo o mesmo fim do projeto original do meu pai. Entreguei para o deputado todo a nova proposta e ele deu o parecer favorável com as ressalvas que eu fiz. Tudo isso aconteceu em 2013. As coisas são muito morosas em Brasília. Se você entrar no site da câmara (http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetra mitacao?idProposicao=450497) vai ver que a atual situação do projeto é “Aguardando Designação de Relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC)”. Se você conhece alguém dessa comissão e acredita em leis de incentivo fiscal, mande um e-mail para esse relator. Isso pode ajudar muito o cenário nacional. ALEP MVP: Poderia citar 3 coisas que prejudicam o quadrinista nacional? Seja ele amador ou profissional: Bernardo Aurélio: 1) Preguiça. Somos muito preguiçosos. Estou há meses sem desenhar uma página. Kkk. Mas tenho produzido! Até contratei desenhistas pra quadrinizar um texto meu. 2) Individualismo. Acho que essa é uma característica que interfere em todo artista plástico/gráfico/visual. Não temos na essência de nossa produção a sensibilidade do trabalho coletivo. 3) Falta de editores, como disse anteriormente. ALEP MVP: Que lições você aprendeu à frente de um coletivo ou agrupamento de autores? Todas as dificuldades podem ser contornadas ou existe sempre o insolúvel? Bernardo Aurélio: Gente é um bicho escroto, não é mesmo? Atualmente estou com um projeto coletivo no Catarse, a Revista Feira HQ, que envolve 43 autores nacionais de 10 estados. Faltam apenas 15 dias para o fim da campanha e tenho apenas 5 desses autores como apoiadores. Alguns dos autores não apoiadores são pessoas muito próximas a mim (espero que eles leiam isso). Este projeto é capitaneado pelo Núcleo de Quadrinhos do Piauí, que tem membros que ainda não apoiaram o projeto. Espero que a situação mude em menos de duas semanas. Mas este não é um projeto isolado. Fiz outro para o Catarse chamado “Projeto Akira”, que tinha quase 30 ilustradores envolvidos. Muitos deles não apoiaram. Não foi bem sucedido. Quer dizes, estou sendo dramático? Se você é um autor que será publicado numa revista ou catálogo e este projeto está em um site de financiamento coletivo e você o ignora, você está ignorando e desacreditando a você mesmo. Falta mais empreendedorismo nesse ponto. Agora veja bem, eu ajudei meu irmão a fazer o vídeo e a montar um projeto no Catarse chamado Panza, e esse

Agora veja bem, eu ajudei meu irmão a fazer o vídeo e a montar um projeto no Catarse chamado Panza, e esse projeto pedia mais ou menos o mesmo valor que os dois projetos que citei antes. Panza atingiu a meta em menos de 3 dias. Minha expectativa é que ele dobre ou triplique a meta. Qual é o diferencial desse projeto? Meu irmão! Caio Oliveira e seu Cantinho do Caio no Facebook, que é alimentado quase diariamente, às vezes duas ou mais vezes em um único dia, com ilustrações e quadrinhos dele que agradam milhares de seguidores. Isso é empreender! É sentar todo dia, focar num público e conquista-lo. Gerir um coletivo de pessoas é uma das tarefas mais ingratas que pode existir. Já acreditar no próprio trabalho e construir seu próprio caminho de dois tijolinhos parece a única alternativa. ALEP MVP: Após o crowdfunding como via de atuação para quadrinistas, estamos vendo as plataformas de streaming de quadrinhos emergindo. O que acha de sites como o Social Comics, Dracomics e Lamen? Bernardo Aurélio: Acho ótimo. Estou com um contrato do Cosmic no meu computador para imprimir e enviar para os caras. É um caminho maravilhoso. Porque, veja bem, eu sou livreiro e fico no fiel da balança quanto a isso, mas o coração de autor fala mais forte. Eu entro em sites oficiais da Marvel e DC e vejo gente vendendo edições on line por U$3 ou U$4. Entro no Kindle e vejo obras de domínio público sendo vendidas por R$2 ou obras digitais pelo mesmo preço da obra impressa! Acho isso absurdo! Quer dizer, existe um motivo para aquilo ser digital, e é ser mais barato, por cortar gastos de impressão e distribuição, que corresponde a, pelo menos, 60% do preço de capa de uma revista. Opções tipo “netflix dos quadrinhos” são um bom caminho porque você pode, pelo preço que paga em um título no site da DC, pagar uma assinatura mensal que lhe dá uma infinidade de opções de leitura. É um mundo realmente novo! A ALEP MVP agradece a participação de Bernardo Aurélio. Fique à vontade e fale de seus projetos atuais e vindouros, sites. Vamos em frente! Bernardo Aurélio: Como falei, estamos com um projeto no Catarse, nos últimos dias, corre lá: https://www.catarse.me/pt/feirahq Atualmente estou editando o segundo volume de hqs do Máscara de Ferro, meu personagem que vocês podem conhecer aqui http://omascaradeferro.blogspot.com.br/ mas só vou lançar o projeto no Catarse no fim do ano. Esperar essa poeira do FIQ e Comic Con passarem. Ω


O AUTOR EMPREENDEDOR

MERCADO PUBLICADOR (*) Desenho

Setores de comercialização no qual as obras dos Autores Empreendedores serão disponibilizadas para venda, os Mercados Publicadores costumam ser orientados para cada tipo de produto autoral. Temos o mercado editorial para livros e revistas e demais materiais impressos, o mercado fonográfico para músicos e mídias assemelhadas, o mercado cinematográfico para os filmes, etc. Algumas modalidades artísticas escapam destas definições, devido ao seu contato direto com os consumidores finais, como por exemplo os espetáculos circenses e as companhias teatrais itinerantes.

por Dylan Moraes (dylanmoraes@gmail.com)

fundadas e comprometidas com a distribuição transnacional. Músicos, escritores e cineastas podem lutar para exibir suas obras junto aos produtos estrangeiros, desde que preencham os requisitos técnico-administrativos exigidos. A Autopublicação, ou auto distribuição também pode ser feita, sendo aqui necessário esforço equivalente nas partes administrativas e mercadológicas, sem as quais os produtos autorais nativos independentes não conseguirão chegar às mãos dos consumidores finais.

Sob o lema "seja o novo", a coletânea de mangás nacionais AÇÃO MAGAZINE surgiu, anos atrás, como um alento

Nos demais, é comum a figura dos intermediadores entre autores e público, as chamadas empresas publicadoras, tais como editoras, gravadoras, distribuidoras, casas de espetáculo, redes de salas de exibição cinematográfica e correlatos.

Autores Empreendedores descobrirão ser essencial a qualidade elevada em seus produtos autorais, posto ser inevitável a comparação, quando da competição, om os produtos estrangeiros. O esforços de Marketing dos autores também mostra-se fundamental, pois competirá com os produtos de fora, estes sempre integrados em estratégias mercadológicas sólidas e massificadas, quase sempre atreladas aos produtos transmidiáticos – os mesmos personagens estão presentes e são explorados em mídias variadas: o personagem x aparece no desenho animado da tv, no seriado na tv a cabo, no filme em cartaz nos cinemas, nos games para consoles e pc´s, nos álbuns de figurinhas, nas revistas em quadrinhos, etc.

As Empresas Publicadoras tendem a integrar imensos conglomerados midiáticos transnacionais, sendo sua atividade grandemente orientada para a distribuição local de produtos autorais produzidos em escala industrial. Por si só, isto implica na presença esmagadora de produtos autorais estrangeiros, nos mercados consumidores dos países envolvidos nesta distribuição de bens. Desta realidade surge a Empreendedores devem atentar para diversas dominação midiática internacional, com filmes, práticas, e todos os agentes destas ditas práticas de músicos, games, romances, animações e produtos publicação e distribuição de seus produtos, pois televisivos ocupando todos os espaços disponíveis nas existem canais mais e menos lucrativos, ainda que as redes de distribuição locais, o que causa a exclusão de propagandas e anunciantes os mascarem como autores nativos. Entretanto, existem muitos canais para interessantes para qualquer um. Autores se publicar, e até mesmo via empresas publicadoras Empreendedores devem primar pela própria fundadas e comprometidas com a distribuição distribuição de suas obras, tendo em mente o arcar (*) Trecho extraído do livro O AUTOR EMPREENDEDOR, autoria de Dylan Moraes, disponívelsuas paramercadorias venda em transnacional. Músicos, escritores e cineastas podem com as consequências se entregarem https://www.clubedeautores.com.br/book/183296--O_AUTOR_EMPREENDEDOR#.VRoYM-25djo lutar para exibir suas obras junto aos produtos nas mãos de distribuidores, cujos interesses nem estrangeiros, desde que preencham os requisitos sempre são compartilhados e por vezes contrários aos


distribuição de suas obras, tendo em mente o arcar com as consequências se entregarem suas mercadorias nas mãos de distribuidores, cujos interesses nem sempre são compartilhados e por vezes contrários aos dos autores. Atenção redobrada para o comportamento de colaboradores e distribuidores terceirizados. A interferência de publicadores ou distribuidores diretamente na própria criação das obras ocorre constantemente. Editores costumam revisar e buscar certos direcionamentos para romances literários, promotores musicais podem influenciar consideravelmente nas características de obras musicais, solicitando esta ou aquela abordagem estilística .

estilística dos músicos, estúdios cinematográficos podem ditar normas e impor condições aos realizadores de filmes. Todas estas interferências são motivadas por razões complexas, mas tendem quase sempre ao atender o público consumidor, e assim alcançar maior sucesso e melhor retorno financeiro dos capitais investidos. Autores iniciantes e de sucesso em vendas podem se dar ao luxo da autonomia produtiva, algo bem menos provável para autores consagrados ou subordinados dos publicadores ou distribuidores. Basta apenas aos Autores Empreendedores definir os termos de sua atuação junto a terceiros: de subordinação, de igualdade ou de autonomia. Ω


EMPREENDEDORISMO PARA AUTORES

QUADRINHOS E APRENDIZAGEM PELA LEITURA NAS Em Rising a Reader, publicação do CBLDF – Comicbook Legal Defense Found – uma organização norteamericana sem fins lucrativos cujo objetivo é promover a cultura dos quadrinhos em solo estadunidense, e apoiada por autores famosos, como Neil Gaiman, Jeff Smith, Frank Miller, Jim Lee e Paul Levitz, a autora Meryl Jaffe defende o uso pleno dos Quadrinhos em salas de aula de todos os períodos, ideal para acertos e produzir reações positivas. Eis algumas das qualidades das hq’s apontadas por Jaffe: 1) Poderoso recurso educacional da atualidade – Estudantes são envolvidos por uma impressionante comunicação verbal e visual (infográfica, ícones e fonemas, computadores e material impresso, orientação em percurso não-verbal e imagética, modernos recursos informacionais, etc.) Os Quadrinhos claramente refletem muitos dos recursos dos fenômenos informacionais da internet e de nossa época, por envolverem também a apresentação de conceitos básicos e primordiais, diálogos e a expressão de emoções por meio de imagens e textos concisos. Mesmo permanecendo numa mídia impressa, os Quadrinhos oferecem uma excitante experiência de leitura multimídia para leitores de todas as idades e educadores; 2) Quadrinhos podem atrair leitores de todas as idades – Para formação acelerada de alunos ou o ensino de línguas estrangeiras, os Quadrinhos atraem leitores de faixas etárias variadas por meio de seus incríveis desenhos, ilustrações e textos com seus atrativos de experiência multimídia; IMPRESSIONANTE COMBINAÇÃO PARA EDUCADORES DA ATUALIDADE – Quadrinhos desenvolvem visualmente seus temas, idéias, caracteres e eventos, de forma sequencial, o que facilita em muito seus desenvolvimentos. Proporcionam um excelente meio de estudo das metáforas, pois os desenhos e ilustrações podem desenvolvê-las e reforça-las.

por Luiza H Brain

reforçá-las. As hq’s fomentam e fortalecem várias habilidades nos leitores, todas essenciais para o sucesso da aprendizagem, tanto dentro quanto fora das salas de aula. A autora pormenoriza tais habilidades: (1) Atenção e apego aos detalhes mínimos – Leitura e a integração entre texto e imagens dos Quadrinhos ajudam alunos com leitura ainda lenta a desenvolver a observação e visualizar melhor os detalhes. O texto em trechos curtos auxilia alunos com atenção deficitária, facilitando sua concentração nos desdobramentos do enredo e na linguagem, enquanto os desenhos envolventes prendem sua atenção aos detalhes; (2) Memorização – Os Quadrinhos são uma mídia cujas histórias são narradas tanto visual quanto verbalmente, sendo o recurso visual, cientificamente comprovado de maior influência, apoio para o verbal. Isto forma trilhas adicionais de memorização e de associação, também visuais e verbais, em seus leitores. Dispor de quadrinhos nas bibliotecas escolares e no ambiente familiar, sejam originais ou em prosa tradicional, constituem em excelentes meios para promover habilidades verbais e de memorização; (3) Percepção de Continuidade – As sequência de quadros ilustrados e a disposição de texto ao longo destes contribuem para dividir a obra apresentada em partes menores e, exatamente por seu tamanho reduzido, mais facilmente assimiláveis e reconhecíveis pelo(a) leitor(a), trabalhando e reforçando conceitos de estrutura narrativa de início, meio e fim. Além disso, os alunos podem traçar, com facilidade, outros elementos da obra, personagens, enredo e temas apresentados; (4) Linguagem e seu Uso – Quadrinhos são chamativos para leitores da língua-pátria e de idiomas estrangeiros, por meio de seu texto conciso e vocabulário, reforçados pelo


pelas ilustrações. Estudos revelam os comentários constumeiros dos alunos, atestando o benefício que ler Quadrinhos trouxe para sua formação gramatical e de vocabulário; (5) Pensamento Crítico – Conceitos abstratos como inferência, metáfora e contexto social muitas vezes são difíceis para crianças compreenderem, sendo ensinados através de discussões em sala de aula, constituindo por vezes um verdadeiro desafio para educadores. As hq’s podem auxiliar estudantes de competências linguísticas fracos ou de habilidades cognitivas de ordem superior fracas: a) pistas verbais e visuais por meio de sua compreensão visual, a qual independe do nível de formação do estudante; b) detalhes visuais ajudam a explicar e reforçar o conteúdo e as mensagens abstratas; c) simbologia visual e recursos verbais capacitam leitores a comparar e contrastar com a informação vital apresentada; d) simbologia visual e recursos verbais ajudam o leitor no reconhecimento e compreensão das relações temporais, físicas e sociais; e) metáforas permeiam os quadrinhos, e a narrativa consecutiva visual e verbal reforça a obviedade, tornando mais fácil de entender e mais compreensível; f) apresentação seqüencial de texto e imagens oferece oportunidades naturais para construção e compreensão próprias acerca

de entender e mais compreensível; f) apresentação seqüencial de texto e imagens oferece oportunidades naturais para construção e compreensão próprias acerca do conteúdo presente na obra; g) as hq’s oferecem aos leitores pausas naturais durante suas narrativas, oportunidade de avaliar a obra e certificarse de ter copreendido eventos e motivação dos personagens; h) os espaços entre os painéis também colaboram para a leitura e abstrações, pois força o leitor a buscar suas conexões e conteúdos suprimidos, entre um quadrinho e outro; i) pedaços curtos de texto facilitam o reconhecimento das idéias principais; j) trechos curtos de texto, apoiados pelas imagens e ilustrações estimulam leitores relutantes e de pouco interesse nos conteúdos propostos. Como visto, Quadrinhos podem ser um poderoso aliado de educadores em sala de aula, abrindo também grandes oportunidades de autoria e produção para os roteiristas, desenhistas, coloristas e demais produtores e empresas envolvidas em sua criação e comercialização. Falta apenas uma orientação editorial, visando a apresentação de temas relevantes, segundo o Ensino e seus educadores. Ω


MATÉRIA DE CAPA

A DERROCADA DA VALIANT COMICS NAS BANCAS BRASILEIRAS por Dylan Moraes (dylanmoraes@gmail.com)

Nem nas bancas da capital, muito menos nos mercadinhos da cidade interiorana onde moro, eu vi um único exemplar das revistas da Valiant Comics. Aliás, da editora que republica os quadrinhos da Valiant no burajirujin, vejo apenas The Walking Dead – da Image Comics – e DHP- Dark Horse Presents. Já os mangás e seus trocentos títulos, Marvel/DC, Disney e Mônica se acotovelam nos diminutos espaços de todos os pontos de venda possíveis. Fundada em 1989, a Valiant Comics é uma editora norte-americana de quadrinhos. Um de seus editores (leia-se republicadores) para o mercado brasileiro veio a público recentemente anunciar que “os títulos mensais da Valiant não estavam vendendo o suficiente para serem mantidos nas bancas” do Brasil, restando a opção de investir nos “encadernados para livrarias”. Distantes das webcomics gratuitas e dos exemplares impressos via crowdfunding que dispõem de anos para serem vendidos, a republicadoras da Valiant em território brasileiro não estava vendendo revistas o suficiente, amargando um grande prejuízo. No mundo real, adultos não insistem em uma atividade, se esta não estiver gerando algum lucro. Muito menos se estiver dando prejuízo. O anúncio do cancelamento das mensais da Valiant foi feito em página de rede social da Editora-republicadora, tendo sido desmentido menos de 24 horas depois, e anunciada a possibilidade de continuidade. Porém, apenas se os leitores manifestassem interesse, e seria impressa a quantidade exata e enviada, via Correios, numa operação semelhante à das assinaturas de revistas. Dois dias depois, e com pouco mais de duzentas curtidas na page da Editora, parece ter sido sacramentada a degola da Valiant Comics das bancas brazukas. Neste meio tempo, um dos editores da Republicadora veio à público, em entrevista a um site, chorar as pitangas, de como “havia desigualdade considerável entre a impressão e a grana paga aos gringos, para podermos republicar aqui os comics deles mesmos”, se “a distribuidora fosse mais justa, cobrando só metade do que cobram, a agente ainda assim morreria no prejú”, “leitores só querem saber de Marvel, DC e mangás e ignoram todo o resto” e “a imprensa amadora internética também só liga para os mesmos e ignora tudo o mais”. E O PRÊMIO INGENUIDADE DO ANO VAI PARA... –

E O PRÊMIO INGENUIDADE DO ANO VAI PARA... – Considero válidas todas as questões levantadas pelo republicador da Valiant Comics aqui, no Brasil. Entretanto, a caixa de pandora das mazelas do meio editorial nacional para a Nona Arte é toda feita de vidro: não precisa abrir para ver dentro e identificar todas elas. Leitores e imprensa (dita) especializada são bitolados para os produtos e personagens de sempre? Cara, desde o século passado esta situação mantém-se e está ainda mais exacerbada, com os leitores/telespectadores/plateias sendo bombardeados pelos incessantes ataques do marketing transmidiático dos grandes conglomerados mundiais. E nem vou me deter no monopólio da distribuição convencional em bancas, folclórica cobra engolindo a própria cauda, qualquer dia destes se auto deglutindo por inteira. Sabe, todo este ocorrido com a Valiant no canal bancas me fez recordar de uma proposta marota, aventada no grupo de debates da ALEP: e se quadrinistas brasileiros utilizassem pseudônimos americanizados e fingissem ser uma editora norte-americana, de comics “genuínos”, distribuindo suas hq’s em bancas? Poderiam estes quadrinheiros nacionais fraudulentos alcançar sucesso? A derrocada da Valiant nas bancas brasileiras responde que... não! E nem seria por baixa qualidade dos autores nacionais, pois quem conhece os comics da Valiant afirma ser superior ao material – no momento, em bancas – das majors Marvel e DC. Me parece um contrassenso reclamar de baixas vendas, ao se lançar em um mercado de nicho e sob forte efeito de marketing em escala global, tal qual o mercado editorial brasileiro de quadrinhos republicados. Tenho por opinião que quem comprava as mensais da Valiant não o fazia por ver aqueles personagens, ali apresentados, em desenhos animados na tv a cabo, no cinema, em todo as barraquinhas de games ou sendo citados por Sheldon Cooper & Cia, no episódio da semana de Big Bang Theory. Migrando sua operação para o canal livrarias, a republicadora da Valiant Comics bem que poderia desbravar novos canais de vendas, talvez o de vendas diretas, equipes de vendas, porta-a-porta via máquinas de cartão, etc. Mal não faria, e quem sabe algo de bom surgisse destas experimentações. Ω


O AUTOR EMPREENDEDOR Produza, divulgue e comercialize obras variadas e seja um(a) autor(a) de sucesso por Dylan Moraes Sinopse Apertados pelas pessoas e suas expectativas a nosso respeito, pelas condições ou necessidades apresentadas pela vida, e principalmente por posturas pessoais, sejam aceitas por nós mesmos ou impostas pelo ambiente, a incentivar ou limitar a busca por nossos sonhos ou profissões almejadas, terminamos por “deixar a vida nos levar”. Aceitamos o que nos é imposto. Não lutamos. Conformamo-nos. Quando o indivíduo possui um dom, algo de destaque em seu ser, tal conformismo pode chegar a ser prejudicial. Comum é o sentir-se como a ave presa na gaiola, o peixe fora d´água, uma criatura separada daquilo que a define. Tal condição de não adequar-se à vida independe de sua situação financeira, classe social, nível de escolaridade, sexo ou idade. Nas sociedades de consumo, o indivíduo costuma ser medido pelo montante de valores que produz. Contudo, ao atuar naquilo que ama, qualquer autor (a) realiza sua dimensão autoral e, se for mesmo este o seu sonho e maior objetivo, a auto realização pessoal e felicidade será automática. Se não for assim, então aquela forma de arte, prática esportiva ou profissão específica não era tão valiosa assim para esta pessoa. O conteúdo aqui presente busca formar o Autor Empreendedor, uma figura consciente das demandas presentes na profissão ou atividade autoral escolhida, focada no estabelecimento de metas e realização de objetivos, e sempre buscando aprender o necessário para atingir o sucesso. Leia um trecho Versão impressa

por

R$ 27,90

Categorias: Comercial, Artista Individual, Artes Gráficas, Educação, Artes, Administração Palavras-chave: autor, cinema, empreendedor, empreendedorismo, escultura, literatura, mangás, quadrinhos

Características Número de páginas: 152 Edição: 1(2015) Formato: A5 148x210 Coloração: Preto e branco Acabamento: Brochura c/ orelha Tipo de papel: Offset 75g Acesse e compre: https://www.clubedeautores.com.br/book/183296--O_AUTOR_EMPREENDEDOR#.VRoYM-25djo



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