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mvp ANO I I Abril – 2015 N.º 08


ENTREVISTA

CAIQUE FELIPE

por Dylan Moraes (dylanmoraes@gmail.com)

Um dos fundadores do Coletivo Conexão Nanquim, grupo marcado pela qualidade autoral de seus participantes, Caique Felipe cedeu esta entrevista para as páginas virtuais da ALEP MVP. Vamos ao embate! ALEP MVP: Qual a sua veia artística? Você desenha, escreve, roteiriza? Eu sou roteirista e escritor basicamente, e trabalho como designer gráfico. De vez em quando arrisco uns desenhos, mas nada sério. ALEP MVP: Como surgiu a Conexão Nanquim? Pareceme que eram dois grupos separados, não? Sim, o começo foi na época da Ação Magazine, éramos um grupo de fãs que se reuniu para fazer uma revista online para o pessoal poder postar em algum lugar seus trabalhos. Com o tempo e ajuda de muita gente acabou que deu muito mais certo do que o esperado e o projeto cresceu. Um ano depois a gente se uniu a um projeto semelhante, a Conexão HQ e antes o que era Revista Digital Nanquim virou a Conexão Nanquim. ALEP MVP: Quais os objetivos da Conexão Nanquim? Que causas ou metas o Coletivo se propunha a alcançar? Basicamente ser um lugar onde os artistas pudessem mostrar seu trabalho e alcançar mais leitores do que conseguiria sozinho, fornecer um espaço pra discussão e divulgação desses trabalhos e interação com os leitores. Queríamos dar visibilidade pra galera e também um espaço de desenvolvimento conjunto, onde os autores pudessem trocar experiências e evoluir profissionalmente. ALEP MVP: Quais objetivos ou metas foram, de fato, alcançadas? Existem novas conquistas sendo objetivadas? Eu estou satisfeito. Tivemos em nossas páginas autores muito capacitados, muitos venceram concursos, assinaram com editoras e ganharam muita notoriedade. Muitos que começaram com a gente ainda bem “cru” hoje mostram uma evolução

concursos, assinaram com editoras e ganharam muita notoriedade. Muitos que começaram com a gente ainda bem “cru” hoje mostram uma evolução surpreendente. Agora vamos entrar numa nova fase, a Conequim vai retornar com o objetivo de profissionalizar, agora vamos à fase de um empreendedorismo muito maior. ALEP MVP: Você é adepto do pensamento “o silêncio é a melhor é a melhor resposta”? Como encara as críticas ao projeto da Conexão Nanquim? Muitas vezes, sim. Eu já briguei publicamente em defesa do projeto e de seus autores, mas vi que isso apenas alimentava os Trolls, por isso não mais respondo críticas publicamente. Recebo com maior prazer questionamentos e críticas e as respondo com igual prazer, mas não perco tempo com quem quer apenas ver o circo pegar fogo. Toda crítica é ponderada e estudada, se for pertinente vamos estudar uma forma de resolver, se não for será ignorada.

ALEP MVP: Como encara os haters da atual cena autoral dos mangás e hq’s em geral? Poderia apontar algo de positivo na atuação deles? Posso, acho positivo, até certo ponto. Cada um tem uma visão, se a deles é de que criticando tudo e todos farão um mundo melhor, quem sou eu para julgar? Quando eu não concordo (que é quase sempre) eu só ignoro.

ALEP MVP: Quais as 3 maiores lições você aprendeu com toda a experiência da Conexão Nanquim? Vale tanto individuais quanto em relação ao grupo: A primeira é que o autor brasileiro de quadrinhos tem que ser mais realista com relação à produção nacional. Não dá pra querer no seu primeiro quadrinho fazer um Dragon Ball ou um novo Batman, temos que começar simples curtos e divertidos. Temos que experimentar nossas possibilidades, explorar nosso potencial. A


Não dá pra querer no seu primeiro quadrinho fazer um Dragon Ball ou um novo Batman, temos que começar simples curtos e divertidos. Temos que experimentar nossas possibilidades, explorar nosso potencial. A segunda é que para qualquer projeto dar certo é necessário ter objetividade. Ter menos pessoas focadas trabalhando é melhor que ter muitas que aparecem de vez em quando. A organização mais objetiva do projeto teria evitado muitos dos problemas que tivemos. Por fim aprendi que precisamos produzir mais. O melhor jeito de aprender é fazendo. Estudar e fazer não são duas coisas distintas, elas estão intercaladas e são um ciclo continuo. Alguém que estuda e trabalha arte nunca se aposentará e nunca se formará será para sempre um artista e um estudante.

ALEP MVP: Uma imagem em post fixo de grupo do Facebook anuncia o retorno às atividades da Conexão Nanquim, prevista para meados do meio do ano. Você confirma este retorno? O que podemos esperar desta nova fase do Coletivo? Confirmo! Podem esperar o retorno de algumas das obras populares, o relançamento de outras e novidade. O projeto vai entrar numa fase mais profissional, vamos fazer diversas ações para tornar o projeto maior e além disso começar a torna-lo rentável. A ALEP MVP agradece a participação de Caique Felipe. Fique à vontade para falar de seus projetos vindouros, parcerias autorais, sites, etc. Vamos em frente!


MINHA OPINIÃO

QUADRINHOS E FORDISMO por Lucas Cotrim (lucascotrim@yahoo.com.br)

Toda a indústria de quadrinhos independente do local e da época em que seja feita depende de três fatores Desenho

Desenho, Roteiro e uma Produção Regular (1). Durante muito tempo os quadrinistas se concentravam somente no desenho, depois alguém lembrou que o roteiro era algo que devia ser estudado. Porem a produção regular é ainda visto como um luxo que só editoras grandes podem ter. É previsível que muitas webcomics sejam publicadas com irregularidades afinal não possuem lucro ou recebem algum tipo de financiamento, só que no mercado brasileiro com raras exceções até as grandes editoras não estão interessadas em uma serie regular de quadrinhos. Nos últimos anos o mercado nacional de quadrinhos impressos se resume quase a “formatos de Luxo”, grandes revistas com capa dura que só são encontradas em livrarias e vendidas por R$ 30,00 reais ou mais, na pratica é como se fossem livros em forma de quadrinhos. As editoras preferem investir neste tipo de mercado pois mesmo com uma venda pequena ainda é possível ter lucro por causa dos autos preços. Esse tipo de mercado gera uma elitização tanto dos leitores que serão mais ricos, geralmente mais velhos e exigentes já que estão pagando caro pelo produto quanto dos autores que precisarão já ter um público disposto a investir bastante dinheiro em sua obra. Quadrinista de início de carreira e sem bons contatos não tem chances num mercado como este e por isso precisa conquistar um leitor que não aceite pagar caro por sua quadrinho. Como é possível criar uma quadrinho barata sem grande investimentos? Não é fácil na verdade essa

sem grande investimentos? Não é fácil na verdade essa é a grande barreira entre o quadrinista amador e o sucesso. Um desenho fraco pode ser compensado com um bom roteiro um roteiro clichê pode ser tolerado caso o traço do desenho seja bonito mas nada pode compensar uma produção irregular. Quando estamos falando de quadrinhos o prazo máximo entre um capitulo e outro é um mês e isso se os capítulos tiverem 20 páginas ou mais se o número for menos o prazo também será menor. Se manter este prazo já é difícil para um profissional que pode dedicar no mínimo oito horas por dia para a produção de quadrinhos podemos considerar que é praticamente impossível para um quadrinista amador que tem trabalho e/ou estudo, ao menos pelo método tradicional. Como produzir quadrinhos num curto período de tempo e em grande quantidade? No início do século passado um homem encontrou uma resposta para esse problema. Em 1914 Henry Ford introduziu a linha de montagem em sua indústria de carros, pela primeira vez cada funcionaria ficava responsável por uma etapa especifica da produção o resultado foi um grande aumento na produção sem a necessidade de um grande aumento na carga horaria da época. É obvio que existe inúmeras diferenças entre a indústria automobilística e a indústria de quadrinhos e que o Fordismo recebeu algumas críticas no decorrer dos anos, mesmo assim um estudo sobre a linha de montagem pode ser útil para quem quer iniciar um projeto. Mas como aplicar essa filosofia de trabalho? Primeiramente devemos lembrar que a produção de


Primeiramente devemos lembrar que a produção de uma HQ assim como a produção de um carro pode ser divididas em diferentes etapas e cada uma destas etapas pode ser feita por pessoas diferentes neste ponto especifico a indústria de quadrinhos não é tão diferente da automobilística. Um dos maiores problemas dos estúdios e projetos de editora é que no fundo eles são um amontado de quadrinhos individuais sendo divulgados pelo mesmo site ou Blog. A única cooperação entre os membros é na hora da divulgação que na pratica se restringe aos próprios autores e amigos próximos. Em outras palavras não existe uma cooperação de fato. Já nas editoras provisionais as coisas são diferentes, cada história oficial do Batman ou do Superman tem um roteirista, dois desenhista (um faz a arte final e o esboço), um colorista, um tradutor além é claro do editor. Lembrando que a divisão de trabalho nem sempre significa menos serviços, um roteirista só faz roteiros mas por outro lado tem que fazer três ou mais roteiros de quadrinhos diferentes ao menos foi assim como grandes nomes como o Stan Lee que criou ate um jeito novo de se fazer roteiro(1) para se adaptar a alta demanda, A verdadeira vantagem do Fordismo é a especialização os funcionários produzem suas respectivas atividades de maneira mais rápida e melhor sem exigir um grande aumento de esforço. E se você estiver fazendo a sua historia sozinho? Neste caso eu não tenho exatamente uma solução mas apenas uma maneira profissional de se lhe dar com o problema. Basicamente você deve produzir a sua quadrinho de maneira irregular mas sem dizer a ninguém, depois que toda a sua historia completa ou ao menos o que será equivalente a uma primeira temporada crie um blog ou um site e vá divulgando a sua historia em formas de capítulos que são postados em datas especificas, isso ira evitar que os leitores se frustrem com a demora na historia. Além disso você pode aumentar as chances de sua historia ser aceita por

esboço), um colorista, um tradutor além é claro do editor. Lembrando que a divisão de trabalho nem sempre significa menos serviços, um roteirista só faz roteiros mas por outro lado tem que fazer três ou mais roteiros de quadrinhos diferentes ao menos foi assim como grandes nomes como o Stan Lee que criou até um jeito novo de se fazer roteiro (1) para se adaptar a alta demanda, A verdadeira vantagem do Fordismo é a especialização os funcionários produzem suas respectivas atividades de maneira mais rápida e melhor sem exigir um grande aumento de esforço. E se você estiver fazendo a sua história sozinho? Neste caso eu não tenho exatamente uma solução mas apenas uma maneira profissional de se lhe dar com o problema. Basicamente você deve produzir a sua quadrinho de maneira irregular mas sem dizer a ninguém, depois que toda a sua história completa ou ao menos o que será equivalente a uma primeira temporada crie um blog ou um site e vá divulgando a sua história em formas de capítulos que são postados em datas especificas, isso irá evitar que os leitores se frustrem com a demora na história. Além disso você pode aumentar as chances de sua história ser aceita por uma editora seria, afinal de contas qualquer editor vai preferir investir num projeto já feito do que em um projeto que pode ou não sair. Espero que este pequeno texto tenham sido útil, na próxima edição irei falar de alguns “argumentos” que os quadrinistas amadores mais usam. (1) Mais informações sobre esse método no blog do meu amigo Joe: http://joedelima.blogspot.com.br/2010/06/tipos-deroteiro-metodo-marvel.html Acima: Linha de montagem da fábrica da Ford, linha de produção de desenheiros. Semelhanças intercambiáveis? Ao lado: Henry Ford, criador do Fordismo.


EMPREENDEDORISMO PARA AUTORES

A (FALTA DE) PRODUÇÃO DE QUADRINHOS NO BRASIL

por Dylan Moraes (dylanmoraes@gmail.com)

Do mesmo modo como dublar um filme, seja blockbuster hollywoodiano ou a mais nova obra do cinema iraniano e colocá-lo em exibição no Brasil não é fazer cinema; ou gravar um cover daquela canção famosa e postar no “mundialmente consagradas. Youtube não é ser músico em terras burajirujinas; também o ato de traduzir para a língua portuguesa e republicar aqui comics, mangás ou demais quadrinhos estrangeiros não é produzir quadrinhos no Brasil, ainda assim, você verá o termo “Editor” espalhado nos expedientes destas revistas. Não fique frustrado. A raça humana não é muito afeita à sinceridade. A interessante participação de um membro em nosso grupo casou com minha opinião pessoal de como um mercado editorial voltado quase que exclusivamente para mercados estrangeiros influenciou, sobremaneira, a própria realidade editorial nacional. Não somos um pólo produtor de quadrinhos. Somos um grande mercado consumidor de papel impresso, copiados dos comics, mangás e do que for e vier a ser sucesso comercial no futuro. A produção nacional de quadrinhos? Praticamente... inexiste. “Ah, mas tem o Maurício de Sousa”, alguém dirá. Irritante como vivem tentando arrastar o Maurício, de seu distante ponto afastado, e colá-lo na curva gaussiana da regra “quadrinista nativos não fazem sucesso no Brasil”. Maurício de Sousa é a exceção à regra que todos tentam inverter e transformar na própria regra. “Quadrinistas não fazem sucesso no Burajirujin, exceto o Maurício de Sousa”, pronto. Fechou. E o que as Editoras estabelecidas, as novas Editoras e as ressurgidas publicam? Quadrinho estrangeiro. De preferência, aquele que estiver na crista da onda, atualmente, o mangá, o poderoso quadrinho japonês. Se as Editoras estão erradas em fazer isso? Sinceramente... não! Discriminar as hq’s estrangeiras aqui republicadas seria como reclamar dos filmes em exibição nos cinemas, dos cd’s de músicos internacionais à venda nas lojas. Vai assistir quem quiser, vai ouvir quem quiser. O problema é que, na esteira do predomínio de hq’s gringas nas bancas, o surgimento do fã-quadrinheiro, esta figura recorrente, apaixonada pela Sailor Moon ou Batman, vai lá e comete (mais um) plágio de seu personagem

vai lá e comete (mais um) plágio de seu personagem preferido. Maravilhado com a alta qualidade artística e autoral dos estrangeiros republicados, porém se a formação profissional, contada em anos a fio de produtividade, o fã-quadrinheiro estará, logo, logo, batendo na porta da Editora e ouvindo desta a frase “seus desenhos ainda estão horríveis, não te publicaremos”. Caso aprenda a desenhar, e retorne, poderá ouvir “sua arte está boa, mas o roteiro permanece péssimo, não te publicaremos”. Tempos e mais tempos depois, e se tiver a pachorra de retornar, ouvirá um “desenho e roteiro estão ok, mas... você já possui uma fanbase, algumas milhares de pessoas para comprar sua hq? Senão... ah, você já sabe.” Roteirizando bem – desconstruindo arquétipos feito um Alan Moore tupiniquim – e desenhando bem – um Ryoichi Ikegami tapuia – o antes fã-quadrinheiro, agora quadrinista de fato, precisa ralar para chamar a atenção dos leitores de hq´s republicadas, um tipo de cliente assemelhado aos consumidores de artigos importados que não precisa viajar para Miami, pois seus comics e mangás e bandas desenhadas estão logo ali, na banca de revistas da esquina. Desconhecedor dos aspectos mais elevados da profissão dita escolhida como, por exemplo, a diferença estética versus temática. De comunicação autoral burocrática junto aos leitores, vítima da falta de exemplos de uma boa gestão editorial para os quadrinhos nativos, o quadrinista brasileiro nativo sofre a (in)existência do quadrinho nacional. Pessoas interessadas em mudar a realidade destes autores? Não vejo e, se alguém o souber, me avise por gentileza. Se o quadrinista nacional não assumir a autoria de seu próprio destino, obtendo os meios e produzindo o ambiente em que possa, ele próprio – ou o mais provável – em cooperação com seus assemelhados, como esta realidade um dia irá mudar? Ω


O AUTOR EMPREENDEDOR Produza, divulgue e comercialize obras variadas e seja um(a) autor(a) de sucesso por Dylan Moraes Sinopse Apertados pelas pessoas e suas expectativas a nosso respeito, pelas condições ou necessidades apresentadas pela vida, e principalmente por posturas pessoais, sejam aceitas por nós mesmos ou impostas pelo ambiente, a incentivar ou limitar a busca por nossos sonhos ou profissões almejadas, terminamos por “deixar a vida nos levar”. Aceitamos o que nos é imposto. Não lutamos. Conformamo-nos. Quando o indivíduo possui um dom, algo de destaque em seu ser, tal conformismo pode chegar a ser prejudicial. Comum é o sentir-se como a ave presa na gaiola, o peixe fora d´água, uma criatura separada daquilo que a define. Tal condição de não adequar-se à vida independe de sua situação financeira, classe social, nível de escolaridade, sexo ou idade. Nas sociedades de consumo, o indivíduo costuma ser medido pelo montante de valores que produz. Contudo, ao atuar naquilo que ama, qualquer autor (a) realiza sua dimensão autoral e, se for mesmo este o seu sonho e maior objetivo, a auto realização pessoal e felicidade será automática. Se não for assim, então aquela forma de arte, prática esportiva ou profissão específica não era tão valiosa assim para esta pessoa. O conteúdo aqui presente busca formar o Autor Empreendedor, uma figura consciente das demandas presentes na profissão ou atividade autoral escolhida, focada no estabelecimento de metas e realização de objetivos, e sempre buscando aprender o necessário para atingir o sucesso. Leia um trecho Versão impressa

por

R$ 27,90

Categorias: Comercial, Artista Individual, Artes Gráficas, Educação, Artes, Administração Palavras-chave: autor, cinema, empreendedor, empreendedorismo, escultura, literatura, mangás, quadrinhos

Características Número de páginas: 152 Edição: 1(2015) Formato: A5 148x210 Coloração: Preto e branco Acabamento: Brochura c/ orelha Tipo de papel: Offset 75g Acesse e compre: https://www.clubedeautores.com.br/book/183296--O_AUTOR_EMPREENDEDOR#.VRoYM-25djo


MATÉRIA DE CAPA

GRAND PRIX BMA-CATARSE por Dylan Moraes (dylanmoraes@gmail.com)

Sabe corrida automobilística? Tipo Fórmula 1, Nascar, até mesmo a corrida maluca, aquela do Dick Vigarista e da Penelope Charmosa? Pois bem, substitua o público torcedor nas arquibancadas, por internautas da web e redes sociais, interessados em mangás – e vá lá, em comics também; O grid de largada, por um concurso de novos talentos; E a cobiçada linha de chegada, por um site de crowdfunding, a popular vaquinha do financiamento coletivo. E temos essa corrida (ainda mais) maluca do Grande Prêmio BMA-Catarse. Um Concurso... Diferente – Me corrijam se eu estiver errado, mas a maior e primordial razão de se participar de um concurso é granhar o prêmio oferecido neste, não? “Entonces”, o que dizer de um concurso que premia os vencedores com... er, hã... nada? Coisa alguma? Nadinha?! O Brazil Manga Awards – BMA, pr’os íntimos – é um concurso organizado pela Editora JBC, representante comercial local de uma das mais influentes e poderosas editorias internacionais do planeta. E o BMA não oferece nenhum prêmio em dinheiro, mesmo com tanto prestígio e poder econômico-financeiro a salvaguardá-lo? Não estar sendo endossado pelos japoneses, ou ser uma iniciativa “cultural”, apenas suportada com ressalvas pelos nipônicos, são suposições possíveis para explicar a falta de premiações em dinheiro para os participantes. Ainda assim, pasmem, a Editora se reserva o direito de compilar, imprimir e auferir lucro monetário com as obras selecionadas dos autores nacionais, amadores ou profissionais, comercializando-as por meio de seu selo Ink Comics. Porém, calma: existe uma moeda-de-troca aceita nesta

nesta incomum relação patrimonial participante-Editora: chama-se Divulgação. Tornar seu traço ou obra conhecida mas, principalmente, celebrizar o nome do participante cuja obra será publicada constitui o valor proposto aos autores – se selecionados – como prêmio do BMA. A menos que algum arqueólogo tenha encontrado entalhes nos rodapés das paredes, contendo o nome dos trabalhadores que ergueram as ancestrais pirâmides do Egito – vale até pixação, estilo “Ozymandias faraônicos esteve aqui” – desde que o mundo é mundo, a divulgação não paga contas no fim do mês, não põe comida na mesa e não dá sustento à família de quem se prontifica a investir seus talentos, tempo e os valores intrínseco e monetário de páginas de mangás em tal expediente incerto. Entretanto, dispomos nos dias de hoje de algo que faltava aos operários das pirâmides do Egito antigão: chama-se Internet e, nesta, os sites de crowdfunding. Linha de Chegada – Versão moderna daquelas vaquinhas do tipo “vamos rachar um refrigerante, cada um colabora e todos podem beber”, os sites de crowdfunding possibilitam o financiamento de autores e a tiragem de material impresso das suas obras. E aqui entra de tudo: música, cinema, teatro, literatura e, claros, os mangás burajirujinos. Mais conhecido site brasileiro de crowdfunding, o Catarse abriga em sua aba de Quadrinhos numerosos projetos, dos fracassados aos bem-sucedidos e, enquanto bons projetos de ilustres desconhecidos naufragam e não são financiados, o sucesso dos notórios ganhadores de concursos de mangás, BMA incluso, é costumeiro e repetitivo.


Alguns autores independentes, cujas webcomics já reuniram a valiosa fanbase, apenas usam os sites de crowdfunding como ferramenta, viabilizando material impresso e retornando para a segurança de seus próprios sites ou coletivos. Não partem lá do longínquo grid de largada beemeaniano. Antes, aterrissam pelo meio do circuito, alcançando a linha de chegada mais rápido.

repetitivo. Para quem está incluso e disputa constantemente este Grand Prix Celebrização/ crowdfunding, os exemplares estão sendo impressos e novas campanhas, idealizadas. Quem está de fora dispõe de outra visão. Apenas Outro Sintoma – Nas últimas décadas, os quadrinhos, sejam mangás ou comics, confirmaram o que se temia destes em relação ao mercado consumidor: são um produto de nicho, de baixas tiragens para poucos compradores. Se, como considerado por muitos, os quadrinhos estrangeiros aqui republicados representariam o lado comercial e mais “amplo” das hq’s consumidas, o crowdfunding ofereceu porto seguro para o outro lado da moeda, os quadrinhos autorais, preponderantemente de autores locais. Dezenas de apoiadores viabilizam projetos de centenas de exemplares, em cenário de, por e para nichos. Seria cômico não fosse constrangedor os loas entoados e brados vociferados nomeando o crowdfunding de “solução para o quadrinho nacional” e “crescimento horizontal” para a simples aglomeração de desassistidos e excluídos, agora com alguma possibilidade de Acima: Símbolo do BMA. Sem premiação, a edição deste ano prorrogou as inscrições para participantes. Sinal de queda no volume de inscritos? Ao lado: Logo do Catarse. Site permanece como maior referência em financiamento coletivo do país. alguma possibilidade de progressão, graças ao financiamento coletivo.

Ponto de acesso e platô seguro para alguma atividade autoral, o Grand Prix BMA-Catarse perdurará por quanto ainda? Quanto tempo, até os proponentes visarem não apenas algumas poucas pilhas de volumes impressos, mas sim a aquisição de impressoras off-set e demais equipamentos de uma gráfica de verdade, tornando-se eles próprias suas Editoras? Com cada autor tornando-se sua própria Editora, esta curiosa corrida beemeaniana-catártica tornar-se-ia uma lenda local, ponto inicial de como os Quadrinhos, moribundos, saíram da UTI do mercado de nicho para a vida plena dos produtos visando os mercados de massa. Ω Site do BMA – Brazil Manga Awards: http://brazilmangaawards.com.br/ Site do Catarse: https://www.catarse.me/pt/projects


GUIA PRÁTICO DO EMPREENDEDOR DOS QUADRINHOS Cod:N1387371057615

Autor(es) DYLAN MORAES

R$33,29 E-book Não Disponível Sinopse “Ah, se, quando comecei nesta carreira lá atrás, eu soubesse de tudo o que eu sei hoje, tantos e tantos anos depois”. Tal frase já percorreu os pensamentos de muitos autores, das mais diversas mídias, como o Cinema, Música, Teatro, etc., chegando até a escapar-lhes pelos lábios. Um pensamento utilitarista a seguir seria “alguém poderia escrever um livro, mostrando o ponto de partida e opções para quem gosta e quer trabalhar como autor”. Pois GUIA PRÁTICO DO EMPREENDEDOR DOS QUADRINHOS é este livro.

Infomações e descrição da obra Categoria(s): Administração e Negócios Idioma: Português Edição/Ano: 2013 Número de páginas: 218 Peso: 288

Tipo de Capa: Capa cartão Acabamento: Brochura sem orelha Papel: Offset 75g Formato: 14 x 21 cm Miolo: Preto e branco

ACESSE E COMPRE EM http://www.perse.com.br/novoprojetoperse/WF2_BookDetails.aspx?filesFolder=N1387371057615


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