ANO I I Maio – 2015 N.º 09
OPINIÃO
O MURRO, A PONTA DA FACA E O NACIONAL por Frank Delmindo (frankdelmindo@hotmail.com) Não surpreende a afluência de quadrinheiros e suas obras para o vindouro site de webcomics "do momento". Tal ocorrido é até mesmo previsível, afinal, para onde mais iriam as produções autorais quadrinheiras do Burajirujin? Entra ano, sai ano, quadrinistas surgem e "se vão" quando ao vida adulta chama e a produção nacional de quadrinhos continua sendo um beco-se-saída editorial. É o murro-em-ponta-de-faca, como exemplificado na hq de uma página de um autor, postada em uma rede social.
ASTRONAUTAS SEM ESPAÇONAVE - Ser quadrinheiro em terras brasileiras pode ser comparado a treinar para tornar-se um astronauta: por melhor astronauta que se torne, você sabe que jamais alcançará o espaço, pelo simples fato de não existir aqui NASA - Agência Aeroespacial norte-americana - nem outro meio qualquer de fazê-lo. Tornar-se um quadrinista de fato demanda anos e anos de prática, atividade, por vezes no fanzinismo/fanedição, tal é a grande interdisciplinaridade do quadrinizar: indo dos personagens, roteiro, passando pela arte, desenhos, arte-final, acabamentos, domínio de ritmo, narrativa, subjetividade, abordagens estéticas. Ufa! Praticamente cursar uma faculdade inteira. Tudo isso sendo estudado - via autodidatismo, pois quase inexistem cursos profissionalizantes do ramo nono-artístico - e ouvindo ao redor os eventuais e infalíveis "você está ficando velho para isso", "por que você não tenta um concurso" e o diretíssimo "deixa isso de arte e vai trabalhar, vagabundo". Nos EUA, quadrinistas podem ser publicados pelas majors Marvel e DC, além de muitas outras, "entrando em órbita" ao redor de seus mercados editoriais. No Japão, mangakás podem atuar na poderosa Shueisha Shogakukan e também em dezenas de outras casas editoriais. Na Europa, existem mais editoras para quem quiser produzir funnies, fumettis, banda desenhada e outras nomenclaturas nacionais conferidas aos quadrinhos.
No Brasil, temos a deprimente cena do quadrinista local, canetas nanquim descartáveis no bolso, mesa digitalizadora debaixo do braço e Deviantart com seu nome na internet, a fitar a inalcançável constelação de leitores do mercado editorial nacional. Existem aqueles que, via a NASA do país estrangeiro, alcançam de fato o espaço e as estrelas. Tornar-se um destes é tão ou mais difícil do que um jogador de futebol chegar aos grandes clubes europeus.
RESULTADO DE UM PROCESSO HISTÓRICO - após o término da Segunda Guerra Mundial, os países vencidos e os ainda em desenvolvimento sofreram com a forte dominação cultural dos países vencedores, em especial a advinda dos Estados Unidos. A predominância dos quadrinhos estrangeiros aqui republicados advém deste processo histórico, evidenciado pelos mercados do cinema, música, televisivo e outros. O fim da bipolarização mundial ocorrida na Guerra Fria, as sucessivas crises econômicas internacionais e o fenômeno disruptivo da globalização - da qual a Internet é apenas o mais caro aspecto - estão implodindo a dominação cultural. O mercado editorial dos quadrinhos no Brasil foi da cultura de massa - comics - para a da segmentação dos nichos - mangás - e por incompetência própria ou não permissão do monopólio oligárquico da distribuição convencional do canal bancas, nenhuma editora conseguiu firmar produção e comercialização de quadrinhos nativos neste país. A incensada Holy Avenger, revista em quadrinhos nacional de forte apelo mangático conseguiu florescer por vários anos, após o fim da hegemonia dos comics, sendo triturada e liquidada no exato momento da chegada dos mangás originais ao mercado editorial local. Enquanto não existirem editoras locais - não conte com as republicadoras de comics, mangás, etc. - empenhadas e voltadas para o nacional, nossos quadrinistas talentosos e abnegados continuarão sendo os astronautas sem uma NASA para levá-los até as estrelas, autores impossibilitados de alcançar seus leitores. Punhos a esmurrar as pontas de facas da cena nacional. Ω
GUIA PRÁTICO DO EMPREENDEDOR DOS QUADRINHOS Cod:N1387371057615
Autor(es) DYLAN MORAES
R$33,29 E-book Não Disponível Sinopse “Ah, se, quando comecei nesta carreira lá atrás, eu soubesse de tudo o que eu sei hoje, tantos e tantos anos depois”. Tal frase já percorreu os pensamentos de muitos autores, das mais diversas mídias, como o Cinema, Música, Teatro, etc., chegando até a escapar-lhes pelos lábios. Um pensamento utilitarista a seguir seria “alguém poderia escrever um livro, mostrando o ponto de partida e opções para quem gosta e quer trabalhar como autor”. Pois GUIA PRÁTICO DO EMPREENDEDOR DOS QUADRINHOS é este livro.
Infomações e descrição da obra Categoria(s): Administração e Negócios Idioma: Português Edição/Ano: 2013 Número de páginas: 218 Peso: 288 Tipo de Capa: Capa cartão Acabamento: Brochura sem orelha Papel: Offset 75g Formato: 14 x 21 cm Miolo: Preto e branco
ACESSE E COMPRE EM http://www.perse.com.br/novoprojetoperse/WF2_BookDetails.aspx?filesFolder=N1387371057615
O AUTOR EMPREENDEDOR
MAKE IT OR BREAK (*) por Dylan Moraes (dylanmoraes@gmail.com) Desenho Ryan Mathews e Watts Wacker propõem a comparação do percurso da inovação com o de um rio, sendo a concepção e primeiros desenvolvimentos da idéia criativa o equivalente à nascente de águas. Claudio d’Ipolitto apresenta o conceito de Cadeia Criativa, onde pode-se visualizar a progressão dos elos da corrente da criatividade e tudo o que acontece antes de uma ideia tornar-se produto na área criativa. Vejamos no gráfico abaixo como as duas cadeias – produtiva e criativa – se interligam:
podem ser plateia para curtas e médias metragens, para realizadores audiovisuais ou cineastas amadores.
Em seu ambiente de atuação, indivíduos criativos concebem uma idéia criativa, qualquer uma, desde um novo ritmo musical a novo game. Um fato importante é que esta criação ocorre de maneira particular, sem contatos avaliativos com um possível público-alvo de consumidores do futuro produto originado desta idéia recente.
No tocante a muitos mercados artísticos, e até mesmo esportivos ou empresariais, existem agentes avançados que buscam talentos promissores, como dizem Ryan Mathews e Watts Wacker em seu livro The Deviant´s Advantage, buscando obras ou idéias promissoras na nascente dos rios. São os caçadores de talentos das gravadoras, os produtores musicais do mundo da música, os olheiros dos times de base e de peneiras de novíssimos talentos do futebol, e os agentes de órgãos de empreendedorismo ou de fomento à produção em eventos que buscam novos e promissores empreendimentos.
Em todos estes casos, as pessoas nas plateias e de expectadores servem como beta testers, sendo clientes do produto primitivo, oriundo da idéia básica. Níveis de aceitação e comportamento destes clientes darão ótimos feedbacks para o consequente desenvolvimento da obra ou produto.
Sob o lema "seja o novo", a coletânea de mangás nacionais AÇÃO
A fase seguinte é a de testes, onde pessoas selecionadas por desenvolvedores terceiros ou pelos próprios criadores, travam contato e testam a criação, opinando a respeito dela. Músicos tocando em uma festa de quintal de uma residência ou em como atração Os próprios autores ou criadores podem usar as ao vivo de um barzinho são exemplos desta fase. Escritores ou quadrinistas podem disponibilizar trechos opiniões e dicas de seus clientes primitivos, chegando a de suas obras literárias ou em quadrinhos para um separar e classificar os tipos de públicos-alvo a serem público leitor específico. Atores ou atrizes ou atingidos, e testando quais reagem melhor aos seus teatrólogos podem realizar espetáculos teatrais, produtos criativos. perante expectadores informais, em uma escola ou Músicas podem receber arranjos diferenciados evento comunitário. Escolas e eventos locais também trabalhados. Romances podem ser confrontados podem ser extraído plateia para curtas e médias metragens, ou (*) Trecho do livro O AUTOR EMPREENDEDOR, autoria de Dylan Moraes, disponível para venda em com suas versões impressas, onde podem ser pensados para realizadores audiovisuais ou cineastas amadores. https://www.clubedeautores.com.br/book/183296--O_AUTOR_EMPREENDEDOR#.VRoYM-25djo um produto direcionado para públicos diferenciados,
ou trabalhados. Romances podem ser confrontados com suas versões impressas, onde podem ser pensados um produto direcionado para públicos diferenciados, tais como edições de luxo para consumidores abastados ou edições mais econômicas para leitores de menos poder aquisitivo. Espetáculos teatrais podem ser mais ensaiados e, portanto, evoluir em sua execução. Games podem ter seus códigos mais trabalhados, resultando em mais ou melhores funções e jogabilidade para futuros usuários. Após as etapas de concepção e desenvolvimento e de teste das obras, ocorre o make or break, onde os Autores Empreendedores decidem se:
Caminham rumo a um mercado maior – Independente do que comentam nas biografias dos grandes empresários e homens de negócios, ser pequeno e operar de acordo com seu tamanho não é demérito. Algumas profi;
Ficam restritos ao público informal doméstico, como os da festinha de quintal ou espetáculo teatral de bairro e comunidade;
Relegam suas obras ou esquecimento e ostracismo.
produtos
ao
profissões e atividades são conhecidas e até mesmo possíveis apenas por operarem me escalas pequena;
Ficam restritos ao público informal doméstico, como os da festinha de quintal ou espetáculo teatral de bairro e comunidade – Tal escala é ainda melhor do que a anterior, chegando ao minúsculo. Ainda assim, pode ser a melhor opção para quem não nutre o interesse de alcançar escala em seus negócios;
Relegam suas obras ou produtos ao esquecimento e ostracismo – A antítese de todo o pensamento empreendedor, desfazer-se de suas idéias e enfiar a cabeça no chão do cotidiano, abandonando aspirações e metas pessoais. Algo difícil, mas muito mais corriqueiro do que se possa imaginar Chegando a ser comum para a vida de muitos. Ω
EMPREENDEDORISMO PARA AUTORES
6 DICAS PARA OBTER MAIS LEITORES por Dylan Moraes (dylanmoraes@gmail.com)
Em seu livro Up Your Productivity – lançado no Brasil sob o título Aumentando Sua Produtividade – Qualitymark Editora – o autor Kurt Hanks traça valioso paralelo entre suposições simples e princípios comprovados, tendo por base a comunicação entre Emissores (quem envia a informação) e Receptores (quem recebe a informação). Hanks considera a Comunicação como sendo “vital para a produtividade” no mundo empresarial, e “se um gerente puder transmitir aos funcionários da empresa exatamente o que quer e de maneira eficaz, é muito mais provável que consiga o objetivo desejado”. Cerca de 70% do tempo prático do ser humano é gasto com alguma forma de comunicação. Óbvio que os períodos de tempo de autores, cineastas, mangakás, quadrinheiros e correlatos, bem como o tempo de leitores, expectadores e audiência em geral estão incluídos neste imenso processamento de informações, por meio da Comunicação. O autor expõe 4 pontos cruciais e infalíveis, sempre presentes quando o assunto é a Comunicação:
A Comunicação é crítica em todos os processos. Quando for eficaz, vai capacitar indivíduos e grupos inteiros a alcançar seus objetivos;
A maioria de todas as Comunicações vai falhar. Seja por não ter sido formulada, transmitida ou recebida corretamente.
A maioria das Comunicações está baseada em suposições erradas. Ou em qualquer outra característica cronicamente incorreta; 1.
A Comunicação só pode ter
A Comunicação só pode ter sucesso quando baseada em princípios inteligíveis. Qualquer outra abordagem a fará fracassar, dando de cara na muralha da incompreensão.
Hanks compreende como tais idéias são, “de tão básicas, também menosprezadas”. Sua obviedade faz “a maioria das pessoas não procurar aplicá-las, nem quando chamam sua atenção”. O autor comprovou, durante sua longa carreira de administrador e surpreendedor, a eficácia certeira dos princípios corretos a seguir, em todo tipo, tamanho ou forma de comunicação. Confrontemos as relações Suposições Simples x Princípios Comprovados de Kurt Hanks, com a comunicação inerente a todas as obras autorais, haja vista conter, todas, inevitavelmente, muitas informações.
Suposição Simples – A informação contida em sua obra tem um valor inerente. X Princípio Comprovado – A informação contida em sua obra só é valiosa quando o receptor (leitor, expectador, plateia, etc.) assim o determina.
Desde que o mundo é mundo, as pessoas decidem se alguma comunicação é importante aos seus entendimento e intelecto. Até as mais doutrinadoras e panfletárias comunicações só alcançam êxito em lobotomizar quem quer que seja se lhes for dado ouvidos e importância. Conflitos de
lhes for dado ouvidos e importância. Conflitos de gênero (quem curte comédia romântica não vai curtir um terror gore), de estética (rockeiro não vai querer ouvir cd de samba ou pagode) ou temática (evangélicos não devem gostar de hq de magia negra ou ocultismo) representam boa parte do, digamos, “desencaixe” entre obra e público consumidor.
que finalidade sua obra se presta. Eis mais um dos determinantes do sucesso de qualquer autor(a).
Suposição Simples – Mede-se o sucesso da comunicação em sua obra por índices subjetivos X
Suposição Simples – A meta de qualquer comunicação em uma obra é enviar informações
Princípio Comprovado – Mede-se o sucesso da comunicação em sua obra comparando-se resultados desejados com resultados obtidos
X Princípio Comprovado – A meta da comunicação em uma obra é provocar mudanças Seja a simples diversão de quem lê, até o maravilhamento provocado por um texto primoroso ou ilustrações desbundantes, obra boa e vendável é a que provoca alguma mudança em quem a conhece. Usando a forma, o conteúdo ou ambos em conjunto, o autor deve buscar e alcançar mudanças em quem trava contato com sua obra.
Suposição Simples – A comunicação é melhor quando flui do emissor (autor) para o receptor (leitor, ouvinte, expectador, plateia, etc.) X Princípio Comprovado – A comunicação é melhor quando flui do receptor para o emissor
Esta pode ser uma baita desmotivada em muita gente, mas... lá vai! Sabe aquele trabalhão que deu você bolar personagens, parir – parto natural, claro – o roteiro, desenhar, reticular e letrear todas as páginas da sua hq, depois postar na internet, ir na rede social e divulgar feito um louco para, no final, ter só algumas dezenas de curtidas e retweets?! Uma das curtidas recebidas é da sua própria mãe, inclusive... Dura realidade. Não importa quanto esforço você empenhe na produção e divulgação, se não houver comunicação desta – sua obra – com o público receptor, o resultado será pífio. Seja com um bom resultado, ou execrada e muito pelas redes sociais, uma obra só se comunicará mal com o público se receber o silêncio e o ostracismo em troca.
Suposição Simples – O significado da sua obra está nos meios ou nas mídias de comunicação
Quer agradar o leitor e reunir grandes e rentáveis audiências para sua obra? Investigue e, por meio de suas obras, descubra o que gosta, o que funciona e o que não funciona junto aos leitores. Mesmo quando vaiado ou tiver sua obra execrada por público e crítica, a comunicação desta com o público foi excelente, pois veio do receptor direto para os ouvidos do emissor.
Princípio Comprovado – O significado da sua obra acha-se no público receptor
Não sabe como investigar o gosto e as respostas dos leitores? Pois jogue nos sites de busca os termos “questionário dirigido”, “pesquisa qualitativa” e “produto mínimo viável”, leia tudo que encontrar a respeito destes assuntos e torne-se um autor investigador.
Em uma analogia primária, o público leitor é um tipo de “fechadura”, enquanto que sua obra, autor(a), pode funcionar como a “chave” a abrir o interesse contido nos leitores, espectadores, ouvintes, etc. Deste ponto de vista, todo autor(a) deve ser um fabricante de clientes para suas obras. “Você faz quadrinhos?”, perguntaria alguém. “Não, eu faço leitores”, responderia o autor.
Suposição Simples – A comunicação em sua obra é um fim desejável em si mesma X Princípio Comprovado – A comunicação em sua obra é só um meio destinado a um fim
Dos programas radiofônicos da Alemanha nazista, passando pelos estudos bíblicos televisivos, até um corriqueiro banner de um site de internet, tudo – das doutrinas hitleristas, do conhecer texto bíblico ou promover vendas on line – é um fim almejado, para o qual aquela comunicação específica está sendo realizada. Suas obras, Autor(a) Empreendedor(a), irão apenas entreter? Quem sabe, informar? Cabe a quem produz determinar a que finalidade sua obra se presta. Eis mais um dos determinantes do sucesso de qualquer autor(a).
X
Claro, existem sempre os intelectua(lóide)is, que veem a Arte como um fim em si mesma, não querem “prostituir” sua arte, comercializando, preferindo deixá-la para após sua morte, serem descobertos e valorizados por críticos e entendidos, daqueles que vêem nas cenas finais do anime Evangelion, algum significado que não o do orçamento da produção estourado e o improviso decorrente desta falta de grana. Kurt Hanks ainda faz menção, em seu livro, à Lei de Malek, segundo a qual “qualquer idéia simples será escrita do modo mais complicado”. Buscando contradizer o citado, escrevemos o mais simples possível: Autor(a), produza leitores. Mais simples, impossível, “Malek”.
Ω
MATÉRIA DE CAPA
HOLLERADO
por Dylan Moraes (dylanmoraes@gmail.com)
Não. A ALEP MVP não vai tratar de rock alternativo, nem de nenhum outro gênero musical. Primeiro, por não dominarmos o assunto e, segundo, por mantermos nosso foco no binômio Empreendedorismo x Carreira Autoral. O interessante acerca desta banda é o seu curioso comportamento empreendedor. Dividirei em tópicos os pontos mais relevantes deste interessantíssimo case autoral:
ORIGEM SIMPLES, OBJETIVO CLARO E OUSADIA – Oriundos da pequena Manotick, cidade de Ontario, no Canadá, os quatro membros do Hollerado – dentre os quais, 2 irmãos – viviam trabalhando em empregos que odiavam. Tal ódio declarado advinha de não estarem se ocupando do que realmente gostam de fazer: “tocar nossos instrumentos, fazer música (...) é o que amamos fazer, mais que tudo (...) queremos ter carreiras e catálogos dos quais possamos nos orgulhar”. Tinham trabalhos comuns e amor à arte de sua predileção, elegendo um objetivo simples. Fazer o que amavam. Desconhecidos como qualquer músico iniciante, não eram aceitos nos programas de shows e espetáculos. Então, ousavam. Dirigiam “o mais longe que podiam de suas residências no Canadá”, paravam “onde fosse acontecer um show” e alegavam “estar perdidos para uma determinada apresentação marcada e... bingo”. Ao se oferecerem para um show curtinho, eram aceitos e obtinham a chance de se apresentar ali, perante uma plateia de verdade. Quando a apresentação terminava, cadê a gasolina pr’o carro, na viagem de volta pra casa? Numa ousadia quase delinquente, os membros do Hollerado: a) compravam centenas de cd´s virgens e um gravador de cd numa loja qualquer, a vítima da ocasião; b) gravavam centenas de cópias de seu cd demo, a partir de um laptop próprio, dentro de seu carro lá no estacionamento da referida loja; c) devolviam o gravador de cd para a loja, alegando alguma bobagem (nos EUA, um cliente pode voltar e
fazer: “tocar nossos instrumentos, fazer música (...) é o que amamos fazer, mais que tudo (...) queremos ter carreiras e catálogos dos quais possamos nos orgulhar”. Tinham trabalhos comuns e amor à arte de sua predileção, elegendo um objetivo simples. Fazer o que amavam. Desconhecidos como qualquer músico iniciante, não eram aceitos nos programas de shows e espetáculos. Então, ousavam. Dirigiam “o mais longe que podiam de suas residências no Canadá”, paravam “onde fosse acontecer um show” e alegavam “estar perdidos para uma determinada apresentação marcada e... bingo”. Ao se oferecerem para um show curtinho, eram aceitos e obtinham a chance de se apresentar ali, perante uma plateia de verdade. Quando a apresentação terminava, cadê a gasolina pr’o carro, na viagem de volta pra casa? Numa ousadia quase delinquente, os membros do Hollerado: a) compravam centenas de cd´s virgens e um gravador de cd numa loja qualquer, a vítima da ocasião; b) gravavam centenas de cópias de seu cd demo, a partir de um laptop próprio, dentro de seu carro lá no estacionamento da referida loja; c) devolviam o gravador de cd para a loja, alegando alguma bobagem (nos EUA, um cliente pode voltar e desfazer no ato, sem burocracia, toda compra da qual não gostar. Imagino os gringos gargalhando, largados, se tentassem instalar lá uma invencionice daqui chamada PROCON); c) colocavam os cd´s copiados com suas músicas em um saco plástico (de onde vem o nome do primeiro cd da banda, Record in a Bag, algo como “Gravado Ensacado”) e d) dirigiam até um shopping center mais próximo e ficavam vendendo o Record in a Bag numa barraquinha desmontável, para os pedestres no local. Garantindo o da gasolina, voltavam para casa já pensando na próxima incursão. Mantiveram tão interessante e aventureiro modus operandi por cerca de dois anos.
canadense. Adicionaram guloseimas – quiçá jujubas e bombons – no mesmo saquinho plástico e... os lojistas se recusaram a distribuir o produto. Depois de muita insistência, finalmente encontraram um que aceitou distribuir o Record in a Bag na sua rede de lojas. O resultado: dez mil cópias vendidas no Canadá e o primeiro single, Juliette, figurando no top 5 das rádios alternativas canadenses.
gravador de cd para a loja, alegando alguma bobagem (nos EUA, um cliente pode voltar e desfazer no ato, sem burocracia, toda compra da qual não gostar. Imagino os gringos gargalhando, largados, se tentassem instalar lá uma invencionice daqui chamada PROCON); c) colocavam os cd´s copiados com suas músicas em um saco plástico (de onde vem o nome do primeiro cd da banda, Record in a Bag, algo como “Gravado Ensacado”) e d) dirigiam até um shopping center mais próximo e ficavam vendendo o Record in a Bag numa barraquinha desmontável, para os pedestres no local. Garantindo o da gasolina, voltavam para casa já pensando na próxima incursão. Mantiveram tão interessante e aventureiro modus operandi por cerca de dois anos.
TRABALHO ÁRDUO, EMPREENDEDORISMO E MAIS OUSADIA AINDA – No início de 2009, o Hollerado lançou o seu primeiro álbum, grátis na internet. Na mesma época, na turnê Residência, marcaram shows diários, durante um mês inteiro, em Nova York, Boston, Quebec, Ontario, Toronto, Ottawa e Montreal, num total de 28 apresentações seguidas. Somando-se as distâncias, os músicos da banda Hollerado dirigiram impressionantes 20 mil quilômetros, muitas vezes pelas congeladas estradas do inverno canadense. Haja garra de empreendedor e haja amor e prazer pela música, para aguentar tamanho papoco! No início de 2010, o Hollerado montou selo próprio para lançar seu cd Record in a Bag no mercado canadense. Adicionaram guloseimas – quiçá jujubas e bombons nolado: mesmo saquinho plásticoda e...banda; os lojistas Na página–ao os quatro membros se recusaram a distribuir o produto. Acima e ao lado: Capas dos cd’s do Hollerado. Depois de muita insistência, finalmente encontraram
Incansável, a banda Hollerado teve acesso ao financiamento de turnês musicais do país, e ao receber recursos para um espetáculo na China, exploraram a oportunidade ao máximo. Fizeram uma turnê de várias semanas pelas províncias do interior chinês. Inventivos, os membros do Hollerado ousaram, como de costume. Gravaram uma de suas músicas em mandarim (um dos idiomas nativos, ao lado do cantonês) lançaram na Internet e, meio ano depois, receberam convite para voltar ao país em nova série de shows. Nisso, alguém pensa, “os caras tocam rock alternativo, deve ser maior chatice”. De acordo com os próprios membros, no meio de mais de uma centena de apresentações anualmente, o Hollerado “faz covers, tocam músicas que nem conhecem direito (...) pois tocam tanto para si mesmos quanto para o público em geral”, pois reconhecem que sem
seus ouvintes e espectadores, “não teríamos nada e ainda estaríamos em Manotick, nos tais empregos, à época tão odiados”. EXPLORANDO AS OPORTUNIDADES – O que diferencia o Hollerado e o resultado obtido em sua carreira autoral, de todas as demais bandas
carreira autoral, de todas as demais bandas independentes tem nome. Chama-se Atitude. Atitude para explorar as oportunidades. Ao invés de ficar socados num barzinho de esquina, fazendo showzinhos semanais, os caras iam para o corpo-a-corpo com o público, o mais longe que a gasolina no tanque do automóvel permitia. Ao invés de reclamar toda a vida das Gravadoras não os descobrirem, copiavam cd´s demo às centenas, e os comercializavam praticamente na clandestinidade. Depois, mantiveram a fórmula do cd ensacado, adicionando atrativos e arriscando ainda mais, fazendo milhares de cópias. Exploraram ao máximo a oportunidade de tocar em outro país, transformando uma apresentação em uma turnê, tão bem-sucedida que rendeu convite de retorno, um semestre depois. O Hollerado nos mostra como empreender usando as ferramentas do seu ofício (instrumentos musicais, shows ao vivo), recursos operacionais (o automóvel de tanque de combustível meio-cheio, meio-vazio, o
de tanque de combustível meio-cheio, meio-vazio, o laptop, cd´s demo copiados e vendidos para comprar combustível) e explorando ao máximo as oportunidades alcançadas (financiamento para show foi espichado para uma turnê). Ainda assim, o amor pela forma de arte escolhida, a música, constitui o maior recurso dos empreendedores do Hollerado, sem o que todos os imensos esforços e trabalho árduo dificilmente teriam sido vencidos, talvez sequer enfrentados. Uma salva de palmas empreendedores do Hollerado!
para
os
músicos
Site Oficial do Hollerado: http://www.hollerado.com/ Canal do Youtube: https://www.youtube.com/user/Hollerado Carta do Hollerado ao blogueiro Bob Lefsetz, referênciabase para este estudo de caso: http://antiquiet.com/misc/blogs/2010/10/holleradosguide-to-life/
e
O AUTOR EMPREENDEDOR Produza, divulgue e comercialize obras variadas e seja um(a) autor(a) de sucesso por Dylan Moraes Sinopse Apertados pelas pessoas e suas expectativas a nosso respeito, pelas condições ou necessidades apresentadas pela vida, e principalmente por posturas pessoais, sejam aceitas por nós mesmos ou impostas pelo ambiente, a incentivar ou limitar a busca por nossos sonhos ou profissões almejadas, terminamos por “deixar a vida nos levar”. Aceitamos o que nos é imposto. Não lutamos. Conformamo-nos. Quando o indivíduo possui um dom, algo de destaque em seu ser, tal conformismo pode chegar a ser prejudicial. Comum é o sentir-se como a ave presa na gaiola, o peixe fora d´água, uma criatura separada daquilo que a define. Tal condição de não adequar-se à vida independe de sua situação financeira, classe social, nível de escolaridade, sexo ou idade. Nas sociedades de consumo, o indivíduo costuma ser medido pelo montante de valores que produz. Contudo, ao atuar naquilo que ama, qualquer autor (a) realiza sua dimensão autoral e, se for mesmo este o seu sonho e maior objetivo, a auto realização pessoal e felicidade será automática. Se não for assim, então aquela forma de arte, prática esportiva ou profissão específica não era tão valiosa assim para esta pessoa. O conteúdo aqui presente busca formar o Autor Empreendedor, uma figura consciente das demandas presentes na profissão ou atividade autoral escolhida, focada no estabelecimento de metas e realização de objetivos, e sempre buscando aprender o necessário para atingir o sucesso. Leia um trecho Versão impressa
por
R$ 27,90
Categorias: Comercial, Artista Individual, Artes Gráficas, Educação, Artes, Administração Palavras-chave: autor, cinema, empreendedor, empreendedorismo, escultura, literatura, mangás, quadrinhos
Características Número de páginas: 152 Edição: 1(2015) Formato: A5 148x210 Coloração: Preto e branco Acabamento: Brochura c/ orelha Tipo de papel: Offset 75g Acesse e compre: https://www.clubedeautores.com.br/book/183296--O_AUTOR_EMPREENDEDOR#.VRoYM-25djo