Diário Oficial - Alerj Notícias (26/04/18)

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2 ESTA PARTE É EDITADA ELETRONICAMENTE DESDE 1º DE JULHO DE 2005

PARTE II PODER LEGISLATIVO

ANO XLIV - Nº 076 QUINTA-FEIRA, 26 DE ABRIL DE 2018

CAMPANHA » Alerj adere ao Abril Verde, movimento nacional contra acidentes de trabalho

INTERIOR » Evento celebra os 200 anos do município de Nova Friburgo

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Números revelam uma violência segmentada Comissão coleta dados sobre morte de jovens negros e pobres no estado Rafael Wallace

Especialistas defenderam, em audiência pública, os investimentos em políticas públicas de prevenção da criminalidade e não a continuidade do foco na aplicação na punição

ELISA CALMON

IMPRESSO

A

cada 100 assassinatos cometidos no Estado do Rio, 92 não resultam em condenação. Este foi um dos dados apresentados ontem (25/04) durante audiência pública promovida pela Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar a morte de jovens negros e pobres da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Para o professor Ignacio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), o baixo índice de resolução deste tipo de crime está relacionado ao contexto socioeconômico da maioria das vítimas. “As pessoas que morrem

têm baixo recurso, pouca visibilidade e, por isso, não impulsionam reações do poder público”, disse o especialista. A reunião trouxe à tona ainda outros números. Em 2016, 6.262 pessoas morreram de forma violenta no estado, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP). Os dados indicam o perfil das vítimas: 64,3% eram negras ou pardas, 35,7% tinham entre 18 e 29 anos e 30% moravam na Baixada Fluminense. Os números foram apresentados nesta quarta-feira (25/4) durante Para promover um diagnóstico preciso, o ISP categoriza as mortes violentas de quatro formas: homicídios dolosos, latrocínio, lesão corporal e morte decorrente de intervenção policial. Em 2016, 925 pessoas

87,4% É o percentual de negros ou pardos mortos em autos de resistência no estado

morreram no estado a partir de confrontos com agentes de segurança, conhecidos como auto de resistência. Dentre eles, 97% são homens, 87,4% negros ou pardos e 42,2% tinham entre 18 e 29 anos. O estudo mostra ainda que negros possuem 8% a mais de chance de morrer dessa forma. POLÍTICA DE CONFRONTO Esses números apontam fa-

92

a cada 100 homicídios não são solucionados no Estado do Rio lhas nas políticas atuais de Segurança Pública, de acordo com o presidente da CPI, deputado Zaqueu Teixeira (PSD). “Precisamos inverter essa lógica de confronto que mata jovens e policiais. O investimento em inteligência é a única garantia no combate à impunidade”, afirmou o parlamentar, destacando as baixas taxas de elucidação de crimes, principalmente, de homicídios.

A demografia, os índices de acesso à educação e a renda média da população nos 20 anos anteriores. Esses são os principais fatores que influenciam os índices municipais de homicídios contra jovens. De acordo com Ignacio Cano, isso demonstra a importância do investimento em políticas públicas de prevenção e não apenas de punição. “As políticas sociais não são importantes só para o presente, mas para o futuro. Enquanto não houver esse investimento, vamos continuar amargando altos índices de violência”, analisou o especialista. Os deputados Osório (PSDB), Waldeck Carneiro (PT), Márcio Pacheco (PSC) e Tia Ju (PRB) também participaram da audiência.


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