NÚMERO
58
junho de 2020
ESPECIAL FREI LUÍS DE SOUSA
editorial
Este número de Jornalsemnome é totalmente dedicado à leitura dramatizada da peça Frei Luís de Sousa, da autoria de Almeida Garrett, cuja representação final se efetuou no auditório José Saramago no dia seis de fevereiro. A turma do 11º A, que já em 2018/ 2019 tinha encenado a Farsa de Inês Pereira, mais uma vez se dedicou a encenar excertos de uma peça teatral estudada em aula, o melhor método de estudar o texto dramático, que apenas se concretiza quando representado. Desta feita contamos novamente com o empenho e ajuda do professor Fernando Afonso, que colaborou connosco num grande número de aulas, dando feedback ao desempenho de cada grupo assim que se iniciaram os ensaios, Dadas as características da peça, optamos por uma leitura dramatizada ao invés de uma representação sem suporte de leitura, como fizéramos no ano anterior. No entanto, pelo testemunho que os alunos aqui nos vão fornecendo, pode considerar-se essencial um domínio profundo do texto. Após a representação, que foi contextualizada e autoavaliada por cada grupo, como pode ler-se em seguida, passou-se à apreciação crítica. São todos esses textos que aqui vos mostramos, bem como algumas fotografias da encenação. Os meus agradecimentos à professora Luísa Abreu e ao professor Fernando Afonso pela presença na sessão final e pela colaboração na avaliação dos desempenhos orais. Que em breve seja possível voltarmos a conviver todos tão naturalmente!
Alexandra Lemos Cabral
Colaboradores
Ana Beatriz André Costa André Fonseca Beatriz Borrego Beatriz Duarte Beatriz Ferreira Beatriz varela Camila Cruz Danilo Tachy David Mesquita David Rodrigues Dinis Fernandes Fernando Afonso Gustavo Sousa Inês Ferreira João Conde João Gaspar Juliana Smolders Lourenço Silveira Lucas Souza Luísa Abreu Maria Silva Mariana Campino Mariana Santos Osvaldo Andrade Ricardo Carvalho Teresa Geada
Equipa responsável Alexandra Cabral Ana Paula Rosa Paula Barros
Coordenação Alexandra Cabral
Logotipos André e Joana
jornalsemnome@gmail.com 2
Ato I, cena 2
N
o dia 6 de fevereiro de 2020 foi realizada a interpretação dramática da peça Frei Luís de Sousa pela turma do 11º ano. Foram dramatizadas diversas cenas, entre as quais a cena II do Ato I. Nesta as personagens intervenientes são D. Madalena de Vilhena e Telmo Pais, que ao longo da cena vai afligindo Madalena com recordações do passado. Durante a cena são feitas referências a várias personagens: Manuel de Sousa Coutinho é desvalorizado por Telmo em relação a D. João de Portugal, Maria é caracterizada como sendo uma criança curiosa e de fácil compreensão. Telmo faz alusões ao estado de saúde de Maria e ao desaparecimento de D. Sebastião na batalha de Alcácer Quibir, Madalena receia o seu reaparecimento (ligado à doutrina sebastianista), pois teme também o retorno do seu primeiro marido. Madalena mostra-se muito insegura e amedrontada, e, embora apresente momentos de assertividade na sua conversa com Telmo, o seu tom mantém-se inconstante. Muitas vezes finge ignorância em relação às referências feitas por Telmo. Por sua vez, Telmo é guiado por uma lealdade a D. João de Portugal e por um desdém por Manuel de Sousa Coutinho; no entanto, tem um intenso carinho por Maria, como se de sua própria filha se tratasse. Madalena encontra-se sentada durante toda a cena, primeiramente a ler Os Lusíadas e, após a chegada de Telmo, a conversar com o mesmo. Nesta conversa são retratados diversos temas que permitem ao público ter uma ideia do que se vai desenrolar ao longo da peça. Telmo encontra-se junto a Madalena, sendo que em certas ocasiões tem falas aparte. Em relação à nossa prestação, estivemos bem mas poderíamos ter feito melhor, nomeadamente a representação de Telmo Pais. A falta de um vestuário adequado foi uma grande falha e a expressividade em certas falas poderia ser melhorada No geral o trabalho realizado correu bem, pois, apesar do começo atribulado acabamos por ter uma fantástica performance e por ultrapassar as nossas dificuldades. A dramatização foi um sucesso e alcançamos os nosso objetivos.
João Gaspar e Teresa Geada
A
meu ver, este grupo demonstrou uma evidente evolução no decorrer dos ensaios. Embora tenha ocorrido tal melhoria, devido ao tamanho exagerado da cena de apenas duas personagens, os atores demonstraram pequenas falhas como: aceleração das falas das personagens, pouco contato visual e ainda um tom de voz um pouco monótono. O vestuário de D. Madalena era adequado, embora o de Telmo estivesse um pouco mal trabalhado. No geral, a dramatização foi fantástica e os atores fizeram um trabalho incrível.
Dinis Fernandes
Esta cena foi muito bem representada pelos atores, que conseguiram recriar de forma fantástica a dinâmi-
ca existente entre as duas personagens, que já se conheciam há muitos anos. No entanto, houve certos aspetos que acabaram por correr menos bem, como a velocidade das falas de D. Madalena, que acelerou o diálogo ao longo da peça e o pouco contacto visual entre as personagens. É também importante salientar que estes erros foram em parte corrigidos ao longo dos ensaios e deveram-se principalmente ao tamanho da cena, que era colossal para duas pessoas, com muitas falas demasiado longas para qualquer tentativa de memorização. No geral, a dramatização foi fantástica e os atores fizeram um trabalho incrível, que revelou muito esforço e dedicação. Ricardo Carvalho
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Ato I, cena 2: a crítica
N
uma quinta-feira de fevereiro, foi representada a cena II do ato I pelos alunos Teresa Geada e João Gaspar, que interpretaram as personagens de D. Madalena e Telmo, respetivamente. Nesta cena flui uma conversa entre Telmo e D. Madalena acerca do passado da mesma, o que a deixa desconfortável e reflexiva, uma vez que a possibilidade de D. João, seu anterior marido, estar vivo a atormenta, pois isso faria que com que o seu casamento fosse inválido e Maria fosse bastarda, destruindo assim a sua família. Durante esta encenação Telmo mostra-se crente no retorno de D. João. Esta crença é justificada por uma carta que seu amo escrevera, onde garantiu que “vivo ou morto” haveria de regressar. D. Madalena, após as tormentas provocadas por Telmo, pediu-lhe que não passasse os seus ideais sebastianistas a Maria. No final, D. Madalena revela-se preocupada com a demora de Manuel de Sousa, que tinha ido a Lisboa, e pede a Telmo que vá com o Frei Jorge saber notícias sobre seu atual marido. Esta encenação teve os seus altos e baixos. Alguns aspetos que poderiam ter sido melhorados são, por exemplo, o facto de o guarda-roupa de Telmo não ser o apropriado, visto que não era alusivo à época em que a ação decorria; outro aspeto não tão forte foi a gesticulação e movimentação das personagens, pois mesmo sendo esta cena de pouca ação, os alunos poderiam sido mais expressivos no que toca às emoções sentidas pelas personagens. Outro ponto significativo foi a projeção de voz de Teresa, visto que esta por vezes esteve demasiado presa à leitura do texto (devido à cena ser extensa). Podia ter decorado melhor algumas falas para se conseguir fazer ouvir no auditório ao projetar a sua voz para a frente em vez de para baixo. Apesar dos pontos fracos, a representação também teve pontos fortes, tais como a notável melhoria, em relação aos ensaios, da expressividade de Teresa: por exemplo, quando Madalena chora. João também mostrou algum empenho, que se evidenciou na melhoria dos seus à partes e devido da sua movimentação, quando se ajoelhou perante Madalena, transmitindo assim emoção através dos seus movimentos. De forma genérica, achamos que o João e a Teresa merecem o nosso respeito, uma vez que a cena é extensa e não propriamente fácil (pois não existe muita movimentação, há dificuldade em decorar as falas, devido à sua extensão e à complexidade emocional). A encenação reflete perfeitamente o empenho, pois conseguiram uma boa dramatização, no geral, mas com alguns aspetos a melhorar. David Mesquita e Osvaldo Andrade
N
o dia 6 de fevereiro de 2020, foi encenada a peça “Frei Luís de Sousa” de Almeida Garrett, no auditório José Saramago, pelos alunos do 11ºA. Na cena II do Ato I, os alunos Teresa Geada e João Gaspar deram vida a D. Madalena e a Telmo, respetivamente. Neste momento da ação, Telmo interage com Madalena, fazendo referência a diversos acontecimentos do passado da mesma. Telmo é um aio muito fiel, em quem D. Madalena e Maria depositam toda a sua confiança. Porém, nesta cena, este reforça a ideia de preferência por D. João de Portugal, sobrepondo-o a Manuel de Sousa Coutinho, uma vez que D. João fora criado por Telmo como se fosse o seu próprio filho. Ao longo desta conversa foi salientado a possível vinda de D. Sebastião, o que remete para a provável volta de D. João. Também se fez alusão ao estado de saúde de Maria, filha de D. Madalena e de Manuel de Sousa Coutinho, que se encontra muito frágil devido à tuberculose de que possui. Tudo isto faz com que D. Madalena viva num permanente sobressalto com a ideia de que o seu ex-marido volte e que a sua filha piore. Na nossa opinião estas duas personagens foram muito bem interpretadas, pois os alunos conseguiram transmitir os pensamentos e motivações que os seus papéis exigiam. Consideramos, então, que houve aspetos positivos, tais como a colocação da voz e a sua expressividade, salientando o facto de o aluno João Gaspar se virar para o lado de uma forma convicta sempre que ocorria um à parte, e de a aluna Teresa Geada chorar de forma a mostrar a grande tristeza que D. Madalena sentia. Alguns aspetos negativos foram o vestuário de Telmo, uma vez que não apresentava roupa típica da época, e também a falta de gestos expressivos por parte das personagens. Por outro lado, o cenário foi pouco trabalhado e aproveitado. Para concluir, achamos que os alunos desempenharam o seu papel de uma forma bastante razoável, demonstrando um grande carinho e empenho pelas suas personagens. Para além disso, demonstraram também uma grande coragem ao aceitarem trabalhar esta cena tão importante, merecendo mérito por isso. Inês Ferreira e Juliana Smolders
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Ato I, cenas 3 e 4
N
o dia 6 de Fevereiro de 2020, os alunos do 11ºA encenaram a peça de Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa. O ato I, cenas III e IV, foi desempenhado pelas alunas Inês Ferreira e Juliana Smolders, que representaram D. Madalena e a sua filha Maria, respetivamente. Na cena III ocorreu uma participação especial de Telmo, interpretado pelo aluno Lucas Souza. Estas cenas deram lugar ao momento em que Maria, vinda do jardim, vai de encontro a Telmo e D. Madalena. Esta vinha a refilar pois Telmo não tinha ido ter com ela para ler o romance sobre D. Sebastião, tal como prometido. D. Madalena, ouvindo isto, fica triste e preocupada por se relembrar do seu ex -marido, D. João de Portugal. Posteriormente, Maria e Madalena ficam sozinhas em cena, refletindo sobre diversos problemas de Maria, demonstrando um grande carinho e preocupação mútua. Maria é uma menina de 13 anos que está muito doente de tuberculose. O que ela mais gosta de fazer é ler, estudar e falar sobre assuntos pouco próprios para a sua idade. Ao contrário das outras donzelas, Maria não gosta de brincar nem de se divertir tanto como elas. Porém, o que Maria mais quer, é tentar mostrar aos seus pais o quanto é feliz e tem saúde. Por sua vez, D. Madalena, é uma senhora que vive em permanente sobressalto devido ao possível regresso de D. João de Portugal. Esta também se encontra muito preocupada e muito triste relativamente à saúde da sua filha. A sua maior força é o amor que tem por Maria e o permanente desejo de a ver bem. Relativamente ao cenário, adereços e guarda- roupa, optámos por vestir saias compridas e blusas cobertas, uma vez que, no século XVI, as senhoras eram muito reservadas, não podendo mostrar demasiado o seu corpo. Ao longo da peça foram utilizados diversos adereços, incluindo papoilas, que Maria trouxe, vinda do jardim. Ambas as personagens apresentavam penteados adequados à sua idade e Maria apresentava as faces rosadas para salientar o facto de ter tuberculose. No que diz respeito á movimentação das personagens, estas tentaram demonstrar tranquilidade, devido ao peso emocional que esta cena transmitia aos espectadores. Também se pôde verificar bastante contacto entre as personagens com o intuito de afirmar a grande proximidade e carinho que Maria e Madalena possuíam uma pela outra. Para concluir, consideramos que, no geral, a turma desenvolveu um trabalho bastante satisfatório conseguindo interpretar e transmitir a mensagem essencial da história. Relativamente ao nosso grupo, ambas demos o nosso melhor para dar vida a estas personagens, apresentando alguns pontos mais positivos, como a colocação da voz, a entrega às personagens e a gesticulação, mas também alguns aspetos menos positivos, como a dependência do texto, a falta de aproveitamento do espaço e o pouco contacto visual com o público. Para além de tudo isto, achamos que esta foi uma atividade bastante interessante, pois saímos da nossa zona de conforto e conseguimos desenvolver este trabalho espetacular. Por fim, gostaríamos de salientar que apoiamos sem dúvida este tipo de trabalhos, e também consideramos que é uma maneira muito mais divertida e engraçada de estudar esta obra tão importante que é Frei Luís de Sousa.
Inês Ferreira e Juliana Smolders
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Ato I, cenas 3 e 4
E
u, Maria de Noronha, sou uma jovem de 13 anos que adora andar pela natureza a apanhar flores e que gosta muito de ler e estudar, tal faz-me sentir bem e tranquila. O meu aio, o Telmo, é como se fosse o meu melhor amigo. Adoro quando ele me lê o romance “da ilha encoberta onde está el-rei D. Sebastião que não morreu e que há de vir, um dia de névoa muito cerrada...”. Não percebo porquê, mas somos os únicos cá de casa que queremos que D. Sebastião volte. Minha mãe, D. Madalena, está “ sempre num sobressalto comigo”. Preocupa-se demais e eu não consigo perceber qual a razão! Posso ser alta e magrinha, mas não passo fome. Tenho andado a reparar que ela, Telmo e meu pai têm estado muito preocupados com a minha saúde, mas eu sinto-me “espetacular”. Gostava que a minha mãe estivesse mais alegre, mas ultimamente vejo-a sempre em baixo, e quando chora, nunca sei o que fazer para a animar. Meu pai é um coração mole, é só fazer beicinho que normalmente consigo o que quero. Sou a menina dos olhos dele. O meu tio, o meu tio Frei Jorge, é todo muito religioso, sempre com a Bíblia na mão e a cruz ao peito, mas eu gosto muito dele e acho-lhe muita piada. Uma coisa de que eu não gosto tanto, é de todos acharem que por ser uma menina não percebo os assuntos deles e que não os posso ajudar. Tratam-me como se fosse uma menina de porcelana, mas não sou. O que eles não sabem é que “ eu leio nos olhos, leio, leio, e nas estrelas do céu também, e sei de coisas...”. Apesar de tudo isto, a minha família é tudo para mim e o que mais quero é que eles sejam felizes.
Juliana Smolders
N
a minha opinião, este grupo teve um excelente desempenho na dramatização destas cenas, uma vez que as alunas conseguiram adquirir claramente um bom entendimento dos acontecimentos decorridos , o que se refletiu num maior enriquecimento da interpretação, que se comprovou pela representação das emoções, e, passo a destacar, quando D. Madalena chorou e Maria, abraçando-a, tentou consola-la com as suas falas calmantes e carinhosas (mostrando assim o seu afeto mútuo com sua mãe) e utilizando, desta forma, a sua linguagem corporal para nos ajudar a entender e a cativar a nossa atenção para a dramatização. No que concerne à reflexão, a contextualização da cena está ótima e no geral fundamentaram as suas opções de adereços, movimentos e cenário. Gostaria apenas de deixar em destaque que gostei bastante do pormenor de Maria ter as suas faces rosadas para salientar o facto de estar tuberculosa, uma opção sublime e rica, a meu ver (pois particularmente gosto de pormenores). No entanto, realizo que os aspetos que a equipa considera que poderiam ser melhorados, poderiam ter sido um pouco mais aprofundados. Por exemplo um dos aspetos é “a falta de aproveitamento do espaço”: talvez pudessem explicar de que maneira... De modo geral, o grupo esteve bem, não só na encenação como na reflexão. Percebi ao assistir à dramatização que houve dedicação notória não só da parte da Juliana como também da Inês e também houve uma boa vontade e integridade do Lucas, que se disponibilizou para fazer de Telmo. Estão todos de parabéns.
David Mesquita
Relativamente à prestação teatral destas duas colegas, Juliana e Inês, gostaria de sublinhar a entrega e en-
carnação das personagens atribuídas, assim como o excelente desempenho ao longo da encenação, fruto de um esforço e dedicação evidentes por parte de ambas. Não só foram capazes de nos projetar um contexto histórico divergente e distante do atual, como também alcançaram, com sucesso, o fator da transposição das mentalidades contemporâneas. Posto isto, finalizo esta intervenção com uma nota adicional relativamente ao texto em questão: gostaria que tivessem desenvolvido um pouco mais os valores e princípios de cada personagem, que não são tão evidentes para o leitor e cuja consciência resulta de uma análise aprofundada da obra na sua totalidade. Por tudo o resto, só me resta felicitar as minhas colegas pelo trabalho excecional realizado.
Maria Silva
N
a minha opinião, a dramatização das cenas representadas pelo grupo foi excelente, pois as alunas conseguiram encarnar as personagens de forma a mostrar a relação afetuosa entre as mesmas, por meio de gestos carinhosos. Com a utilização do vestuário adequado e de adereços, como as flores, por exemplo, penso que o grupo se destacou de forma positiva. Para além disso, elas alteraram seu tom de voz, como quando a personagem encarnada por Inês (Madalena) soa preocupada com a filha, mostrando assim as emoções sentidas pela mesma; ou, ainda, o tom de voz usado por Juliana ao interpretar a personagem infantil. Em relação à reflexão, o grupo contextualizou bem as cenas e justificou adequadamente as escolhas feitas para a encenação. Elas também fizeram uma boa "autoavaliação" de seus pontos positivos e negativos.
Yasmin Swerak
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Ato i, CENA v
Frei Luís de Sousa, assim é designada a obra que nos foi atribuída para encenação e representação.
O nosso grupo optou pela encenação da cena V do primeiro ato e a distribuição de personagens foi feita do seguinte modo: André Fonseca interpretou Frei Jorge Coutinho, irmão de Manuel de Sousa, pertencente à Ordem dos Dominicanos. Frei Jorge uma personagem apaziguadora nas situações mais tensas e é amigo e confidente de D. Madalena e de Manuel de Sousa. A personagem também assume um papel importante na intensificação da situação dramática que decorre nesta cena em específico, ao ser o portador da notícia da vinda dos governadores a Almada e da sua intenção de ocupar o palácio de Manuel de Sousa. Mariana Campino interpretou Madalena de Vilhena, mulher de Manuel de Sousa e suposta viúva de D. João de Portugal. Esta é uma personagem nobre, pertencente ao grupo das damas da aristocracia da época. Vive também de forma atormentada o desaparecimento de D. João de Portugal na batalha de Alcácer Quibir. A presença da imagem do primeiro marido domina a sua consciência moral, impedindo a sua felicidade. Demonstra também uma grande humanidade relativamente à preocupação e carinho que tem para com os seus familiares, nomeadamente Maria de Noronha, sua filha. Esta por sua vez, interpretada por Maria Silva, é uma personagem débil e cuja fragilidade de saúde se deve à sua doença, tuberculose. É uma criança angelical, bondosa e com uma maturidade própria da idade, características de uma verdadeira heroína romântica. No que toca aos pormenores da peça, isto é, guarda-roupa, adereços e cenário utilizado, optamos pelo seguinte: Frei Jorge aparece em cena vestido com uma bata branca, um escapulário escuro e, ao peito, uma cruz de Cristo. Madalena apresenta-se solene, com um vestido longo e escuro, em conformidade com o seu estado de espírito. Maria, por sua vez, apresentou-se com vestido alegre e florido e com as faces rosadas. Relativamente ao cenário, utilizamos a sala que nos foi fornecida (auditório) com especial uso das janelas existentes para um determinado momento no final da cena. Um dos maiores desafios desta encenação foi a adoção de gestos e movimentos característicos de cada personagem, nomeadamente na encenação dos intervenientes. A postura de Frei Jorge, sempre calma e severa, é típica de um clérigo de descendência fidalga. Gestos adotados: movimento dos braços sobre a cabeça a apontar para o céu (sinal da crença religiosa incondicional), benze-se após entrar em cena. Madalena tem uma postura mais conservadora e não realiza gestos bruscos nem precipitados, reflexo da educação exigente e nobre que teve na juventude. Maria, por outro lado, é uma personagem mais viva e agitada, apesar da sua doença, cuja curiosidade e personalidade se refletem em gestos mais despreocupados e genuínos, característicos de uma jovem. Muitas vezes mostra-se indignada e muito crítica sobre assuntos que não são próprios para a idade, segundo a mãe, o que mostra a sua maturidade e capacidade reflexiva. Em suma, concordamos que poderíamos ter sido mais exigentes em relação ao cenário, criando um ambiente mais “trágico”. Além disso, podíamos também ter sido mais bem sucedidos na própria interpretação da cena no que diz respeito à interiorização das personagens. Como pontos fortes, destacamos a entoação e gesticulação ao longo da atuação, assim como a coordenação entre personagens e cooperação entre todos.
Maria Inês Silva ,Mariana Campino, André Fonseca
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Ato I, cena V
A
meu ver, este grupo desempenhou um trabalho espetacular e muito dentro no contexto da época. Gostava de salientar o facto de usarem adereços e roupas da época e de Maria apresentar as faces rosadas que salientavam a sua doença. Em relação à reflexão, gostei do facto de escreverem com pormenor o porquê dos gestos e movimentos feitos. Por fim, este grupo desde o inicio sempre esteve muito bem e na representação final não desiludiu. Juliana Smolders
N
a minha opinião, no que toca à representação da cena, considero que o desempenho do grupo foi bom. Destaco a sua gesticulação e o vestuário utilizado pela Maria Inês e pela Mariana Campino. No entanto, aponto também os aspetos que foram menos bem-sucedidos e que já foram mencionados pelo grupo no seu texto de reflexão, e a que dou maior importância, a interiorização das personagens. No caso do texto de reflexão escrito pelo grupo, este conseguiu referir tudo aquilo que foi pedido. Foi utilizado um vocabulário adequado e variado e apreciei especialmente a enunciação dos gestos utilizados e a justificação da sua utilização durante a encenação. No entanto, para o grupo melhorar futuras produções escritas, acho necessário referir um aspeto que me incomodou, de certa forma, que foi o facto de terem feito uso da enumeração demasiadas vezes (três vezes, para ser exato), enumerações estas que fazem lembrar uma "lista de compras", com o uso dos dois pontos ( : ). Por exemplo, quando fazem referência aos pormenores da peça, poderiam ter referido todos os pormenores de seguida, separados por vírgulas, tudo em apenas um parágrafo, evitando aquele aspeto de "lista de compras". Gustavo Sousa
A nossa apreciação crítica, relativa á peça de teatro realizada no dia 6 de fevereiro pelos alunos do 11ºA sobre a ilustre obra de Almeida Garret, Frei Luís de Sousa, vai ter como principal destinatário o grupo que representou a cena V do ato I. Este grupo era composto pela Mariana Campino, que interpretava o papal de Madalena, uma mulher deprimida, o André Fonseca, que fazia de Frei Jorge, homem portador das notícias e que apresentava um caráter bastante apaziguador, e, por último, a Maria Inês, que interpretava Maria, criança extrovertida e curiosa. Esta cena inicia-se com Frei Jorge a trazer a notícia de que os governadores tinham a intenção de se ir aposentar no palácio de D. Manuel de Sousa; contudo, Maria e Madalena reagem de forma diferente às boas-novas. Enquanto Maria se declara entusiasmada, dando asas à sua imaginação e criatividade, Madalena apresenta-se apavorada, dando a conhecer um lado mais individualista. Do nosso ponto de vista, esta foi uma encenação muito bem conseguida, onde predominam inúmeros aspetos positivos, tais como os adereços utilizados: os vestidos por parte das raparigas, que nos faziam relembrar a vida naquela época; o terço e o escapulário, que foram peças essenciais na caracterização de Frei Jorge. Todos estes elementos contribuíram para uma maior vivacidade da peça. A dicção, as expressões corporais e o à vontade em palco demonstrados pelos intérpretes são outros fatores que gostaríamos de realçar, principalmente por parte da Maria. O único aspeto menos positivo, e que talvez pudesse ter sido melhor trabalhado, foi o uso do espaço. Sentimos por vezes um afunilamento do mesmo, devido, provavelmente, à falta de treino nesse ambiente. Concluindo, houve um notório empenho demonstrado pelo grupo, que melhorou em relação aos ensaios. Assim, gostaríamos de parabenizar os colegas pelo trabalho realizado.
David Rodrigues e João Conde
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Ato I, cenas VI, VII
O
nosso grupo, constituído por André Costa, Beatriz Ferreira, Camila Cruz e Osvaldo Andrade, representou as cenas VI e VII do ato I. Nesta peça, Manuel de Sousa regressou de Lisboa, anunciando que a família terá de se mudar pois os governadores querem-se hospedar em sua casa por uns tempos. As personagens intervenientes são Manuel de Sousa, Madalena, Maria e Frei Jorge. O conflito gerado desencadeia algum transtorno por parte por parte de Madalena, uma vez que a casa para onde irá era do seu antigo marido, D. João de Portugal. Já Maria, sente-se entusiasmada com a mudança. Frei Jorge, devido ao “bom reparo” da casa, mostra-se de acordo com a proposta de Manuel, que mostra algum desconforto, pelos mesmos motivos de sua mulher. O que se destaca nestas cenas é o diálogo. Por conseguinte, optamos por um cenário simples, ao dispormos apenas quatro cadeiras no centro. Relativamente ao guarda-roupa, escolhemos um vestuário que nos pareceu adequado à época e às personagens: Madalena usou uma saia comprida e Maria um vestido florido para acentuar a diferença de idades. Ambas tinham o cabelo comprido. E Maria usou "blush" para evidenciar a sua doença. Manuel de Sousa e Frei Jorge, dramatizados por André e Osvaldo, respetivamente, tiveram de improvisar devido a alguns imprevistos, apresentando um resultado aceitável. No que respeita ao movimento e gesticulação, as personagens femininas mantiveram uma postura adequada à época, retratando a etiqueta contemporânea. Manuel, ao princípio, mostrou-se severo para com os seus criados mas, posteriormente, a sua postura mudou, após a aproximação da sua filha e da sua mulher. Devido talvez ao seu cargo religioso, Frei Jorge apenas se mostrou compreensivo e sereno. No geral, a movimentação não é muito marcante, já que as personagens encontram-se sentadas durante as duas cenas. Enquanto grupo, concordamos que a performance de um dos elementos do grupo poderia ter sido melhor, na medida em que tivemos autorização para passar as falas para um papel, evitando confusões. E, tal como referido anteriormente, o guarda-roupa dos elementos masculinos deveria ter sido mais adequado. Concluindo, achamos que a esta atividade nos ajudou na compreensão da obra e, eventualmente, poderemos repetir esta experiência com muito agrado. André Costa, Beatriz Ferreira, Camila Cruz e Osvaldo Andrade
9
Ato I, cenas VI, VII
N
a peça Frei Luís de Sousa, representei Manuel de Sousa. Esta personagem era casada com D. Madalena, que porventura já se tinha casado com um outro homem que, pelo que se sabia, teria morrido na batalha de Alcácer Quibir e chamava-se João de Portugal. Manuel e Madalena tinham uma filha, Maria, bela e esperta, mas que estava doente. As cenas que dramatizei junto com o meu grupo foram as cenas VI e VII do ato primeiro. Nestas cenas, eu venho de Lisboa com uma má notícia; vinha de tal maneira frustrado, que Maria tinha-se apercebido disso antes de eu ter chegado: “ É meu pai que vem aí, e vem afrontado”. Manuel de Sousa era alto, de grande estatura, homem da nobreza, pensava no seu bem e de todos ao seu redor, ou pelo menos, tentava tomar a melhor decisão. Homem muito apaixonado pela sua família, falava de tudo muito bem, mas no que tocava à sua filha… ia abaixo por causa da sua doença. Portanto, como ia a dizer, vinha com uma má notícia: que os governadores tinham escolhido a sua casa para se aposentarem enquanto estivessem em Lisboa. Maria sentia-se feliz com isso; já a sua mãe sentia o contrário e perguntou para onde iriam. Manuel e Sousa respondeu que a única hipótese seria a casa do seu antigo marido. Nesta cena, também entrou o seu irmão, Frei Jorge, com o qual tinha uma relação muito próxima. Este não intervém muitas vezes, apenas para dizer que a casa de João de Portugal está em bom estado para acolher a família. Portanto, nesta cena, o objetivo de Manuel de Sousa é proteger a sua família e tomar as decisões corretas. Em suma, Manuel se Sousa é um homem da nobreza, com um modo de pensar e sentir bem definidos. A sua família é o mais importante para ele, e mantém uma relação próxima com as personagens, pelo menos, nas cenas que representei. Também se mostra um homem despachado e desenrascado pois, quando deu a notícia á família sobre a vinda dos governadores, já tinha dado ordens aos criados do palácio: “Telmo foi avisar as tuas aias do que haviam de fazer, e por lá andam eles…”
André Costa
E
m relação à representação das cenas, este grupo teve, na minha opinião, uma boa prestação, com os seus pontos fortes e fracos. O vestuário foi, como referido pelo grupo no seu texto de reflexão, adequado e representativo da época por parte da Beatriz e da Camila, sendo que o André e o Osvaldo não apresentavam roupa tão conveniente. Para além disso, considero todos encarnaram bem as suas personagens, sendo que quem se destacou mais foi a Beatriz. No entanto, houve uma falha ou outra como o pobre aproveitamento do espaço, sem decorações ou objetos que nos indicassem o sítio onde as cenas decorreram. No que toca ao texto de reflexão, julgo que há alguns aspetos a melhorar: a caracterização das personagens e o que elas sentiam nestas duas cenas, que podia ter sido mais detalhada, recorrendo a mais adjetivos; o vocabulário utilizado foi um pouco pobre; a pontuação foi mal utilizada em algumas frases.
Gustavo Sousa
G
ostaria de, primeiramente, felicitar todos os membros do grupo pelo seu bom desempenho no decorrer desta atividade. Relativamente à encenação, posso destacar as opções de guarda-roupa das duas alunas, Beatriz Ferreira e Camila Cruz, que estavam em uniformidade com o contexto temporal da obra. A maquilhagem utilizada pela Camila para a obtenção da aparência doente e febril de Maria foi, de facto, um elemento de destaque. Quanto ao guarda-roupa dos restantes elementos, considero que as escolhas de vestuário não foram tão apropriadas. Ainda assim, o esforço investido por todos neste aspeto da atuação deve ser valorizado. Para além disto, apesar de ser notória alguma hesitação por parte de certos elementos, no geral, considero que todos tiveram uma boa prestação. No que diz respeito à reflexão do grupo, considero que conseguiram justificar satisfatoriamente as opções relativas à movimentação e gesticulação das personagens e ao guarda-roupa utilizado. Contudo, houve algumas falhas, nomeadamente, em relação ao esclarecimento das motivações das personagens e à sua caracterização, que deveriam ter sido mais pormenorizados. Creio, também, que a análise da dinâmica do grupo (pontos fortes e fracos) não foi muito clara. Por fim, concordo, ainda, com o comentário do Gustavo, na medida em que penso que, por vezes, houve uma utilização defeituosa da pontuação.
Beatriz Varela
10
Ato I, cenas VI, VII
A
meu ver, a encenação feita pelo grupo foi boa, mas com pontos que poderiam ter sido melhorados. Os elementos conseguiram fazer uma representação satisfatória de suas personagens, por meio de gestos e a alteração dos tons de voz, destacando-se a Beatriz Ferreira, que expressava bem as emoções sentidas por Madalena. Em relação ao vestuário, o grupo procurou utilizar roupas adequadas à época, mas acho que quem se destacou foi a Camila, que (para além das roupas) recorreu ao uso de maquilhagem a fim de evidenciar a doença de Maria e até apresentou um penteado dos que são característicos crianças. O grupo poderia, porém, ter utilizado melhor o espaço, com o uso de adereços que fizessem referência ao lugar onde se passava a cena, por exemplo. Em relação à reflexão, acho que evidenciaram bem os motivos das escolhas feitas para a representação, também a análise de seus pontos fortes e fracos foi adequada; no entanto, poderiam ter explicado de forma clara as motivações das personagens.
Yasmin Swerak
N
o seguimento da encenação da peça Frei Luís de Sousa, realizada pela nossa turma, foi-nos proposta a realização de uma apreciação crítica ao grupo que representou as cenas VI e VII do ato primeiro. Este grupo era composto por quatro elementos: a Camila Cruz, que realizou o papel de Maria, uma menina patriota e alegre, mas que se encontrava com graves problemas de saúde (tuberculose); Beatriz Ferreira, que encarnou a personagem de Dª Madalena, uma mulher pouco segura, triste, mas com grande paixão e carinho pela sua família, especialmente por sua filha; Osvaldo Andrade, responsável pelo papel de Frei Jorge, caracterizado como um homem consagrado e de grandes valores; e, por último, André Pires, encenando o papel de Manuel de Sousa, um homem astuto e nobre, que faz tudo para proteger a sua família. De uma forma geral, estas duas cenas baseiam-se na enunciação da notícia de que os governadores iriam ocupar o palácio de Manuel de Sousa e, por isso, este resolve que a família teria de se mudar para o antigo palácio de sua esposa, que era também o palácio do supostamente falecido D. João de Portugal. No seguimento desta situação, gerou-se uma grande controvérsia entre os intervenientes, devido à divergência de opiniões. Relativamente à atuação do grupo, destacamos a prestação bem-sucedida da Camila, visto que encarnou muito bem a sua personagem, mostrando-se alegre e energética; utilizou também um vestuário adequado e maquilhagem para tornar as suas bochechas rosadas. Além disso, esta também projetou bem a voz e utilizou uma boa gesticulação. Em relação à Beatriz Ferreira, consideramos que também teve uma boa prestação, mostrando corretamente a insatisfação de Dª Madalena, face à situação em que se encontrava. No entanto, achamos que podia ter projetado um pouco mais a voz e ter sido mais expressiva. Falando agora da personagem representada por Osvaldo, consideramos que foi também uma representação bem-sucedida, visto que apresentou um tom de voz adequado, uma gesticulação expressiva e uma postura adequada com a personagem de Frei Jorge. Apontamos apenas que se poderia ter aprontado um pouco mais, no que toca ao vestuário e no uso de adereços. Relativamente à representação do André Pires, julgamos também que foi uma prestação razoável, visto que apresentou uma postura que estava em conformidade com a de Manuel de Sousa. Não obstante a sua boa prestação, achamos que este podia ter ensaiado um pouco melhor as suas falas, de modo a não prejudicar a expressividade e gesticulação. Por último, destacamos também o facto de terem incluído outros colegas na sua representação, tornando-a mais dinâmica, apesar de considerarmos que o grupo podia ter elaborado melhor o cenário, de acordo com a primeira didascália do ato primeiro. Em suma, achamos que foi uma encenação muito bem conseguida por parte do grupo, provando a sua dedicação e esforço nesta atividade. Mariana Campino e Lourenço Silveira
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Ato II, cenas IV, V
N
o passado dia 6 de fevereiro, a nossa turma encenou a peça Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, no auditório José Saramago. O nosso grupo, constituído por Beatriz Varela, David Rodrigues, João Conde e Yasmin Swerak, ficou responsável por representar as cenas IV e V do Ato 2. Nestas cenas, as personagens intervenientes são Manuel de Sousa, Frei Jorge, Maria e D. Madalena. Neste momento da ação, Frei Jorge e Manuel combinam ir a Lisboa agradecer ao arcebispo, que conseguiu que os governadores perdoassem Manuel por ter ateado fogo ao palácio onde habitava. Maria, escutando as palavras de Frei Jorge, seu tio, fica imediatamente empolgada com a possibilidade de poder acompanhar o seu pai a Lisboa e conhecer a sua tia, D. Joana de Castro. Deste modo, Maria esforça-se bastante para tentar persuadir o seu pai a deixá-la acompanhá-lo. Já Madalena, que andava bastante frágil e perturbada devido ao facto de estar no palácio do seu primeiro marido, D. João de Portugal, fica transtornada ao saber que Manuel irá a Lisboa e que, para tal, terá de a deixar sozinha. D. Madalena é uma senhora bastante supersticiosa, que vive aterrorizada pelo passado. Encontra-se, portanto, pessimista, porque é sexta-feira e vai ter de ficar sozinha. Ninguém leva a sério as suas preocupações e, por isso, sente-se incompreendida. Já Manuel, ao contrário de Madalena, é um homem racional, com grande estabilidade emocional, não se deixando levar pelo pânico da sua esposa e tentando, até, chamá-la à razão. Esta personagem procura tomar as decisões certas, determinando, por exemplo, que o melhor a fazer é ir a Lisboa. Manuel é também uma figura de autoridade na família, que se impõe sempre que necessário e que apresenta alguma resistência aos métodos de persuasão de Maria. Frei Jorge é uma personagem geralmente calma e que, nesta cena, se demonstra bastante afetiva, por estar em contexto familiar. Este afeto é direcionado, nomeadamente, a Maria, sua estimada sobrinha. Para além disso, Frei Jorge tem uma função apaziguadora, tentando acalmar Madalena através de palavras de consolo que apelam para a esperança em Deus. É também uma figura sensata e prudente, aconselhando o seu irmão a agradecer ao arcebispo. Maria é uma figura espirituosa e determinada, esforçando-se para convencer os seus pais a deixarem-na ir a Lisboa conhecer a sua tia. Demonstra-se uma menina esperta, pela maneira insistente através da qual o tenta fazer. O facto de sofrer de tuberculose e ser uma alma tão nova, alegre e perspicaz é motivo de compaixão das outras personagens, daí também a estima de Frei Jorge pela sua sobrinha. Relativamente ao cenário, planeámos projetar uma imagem alusiva ao palácio de D. João de Portugal, o local da ação, mas, como o projetor não estava disponível, servimo-nos apenas das cadeiras que estavam presentes no espaço. Quanto ao guarda-roupa, tentámos reproduzir aquilo que achámos que seria o estilo de vestuário da época em que a ação de desenrola. Para os papéis de Maria e Madalena, utilizámos saias compridas e xailes. Para o papel de Frei Jorge, optámos por utilizar uma bata branca, alusiva a um hábito, e um terço. O vestuário de Manuel foi, apenas, uma camisa comum. No que diz respeito à movimentação das personagens, procurámos tornar a encenação o mais natural possível e, como a ação se passa em contexto familiar, recorremos muito ao toque: abraçámo-nos, demos as mãos, acarinhámo-nos, etc., de modo a demonstrar o conforto e a proximidade entre as personagens. Consideramos, então, que, globalmente, a equipa fez um bom trabalho. Houve uma grande dedicação e esforço por parte de todos os elementos, o que resultou, a nosso ver, numa boa atuação. Outro aspeto que contribuiu para o nosso bom desempenho foram as boas relações de amizade estabelecidas entre nós, o que fez com que todo o processo fosse bastante agradável. No entanto, achamos que poderíamos ter feito um melhor aproveitamento do espaço, através da utilização de mais adereços, por exemplo. Também concordamos que, dispondo de mais tempo para ensaiar, toda a atuação teria sido mais fluida. Concluindo, esta foi, para nós, uma atividade de grande interesse, tendo em conta a sua diferença em relação a todas as outras atividades em que, geralmente, participamos. Toda a equipa ficou satisfeita com o resultado final. Beatriz Varela, David Rodrigues, João Conde e Yasmin Swerak
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Ato II, cenas IV, V
I
nterpretei, em pleno auditório “José Saramago”, a personagem de Frei Jorge, pertencente à ilustre obra de Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa. Eu, Frei Jorge, sou como um ser bastante racional e lógico; contudo, nestas cenas e devido ao contexto familiar em que me encontro, deixo transparecer um pouco o meu lado mais emocional e amoroso. Considerando aquela época, e igualmente a perceção que tenho enquanto pessoa ligada à igreja, faz-me pensar que eu possa ser mais cheio em termos de fisionomia, mas sempre com uma postura característica de um nobre, um autêntico senhor, com uma grande educação. Entro na cena IV dando a notícia a Manuel de Sousa de que os governadores tinham deixado cair o caso em esquecimento, e que não era mais de que sua obrigação acompanhar-me a Lisboa, para agradecer ao arcebispo (“vamos eu e mais quatro religiosos nossos lá buscá-lo, e tu hás de vir connosco que não teve parte no agravo que te fizeram”). Acabo a encenação com o objetivo de tranquilizar Maria, que se encontrava entusiasmada com o oportunidade de ir a Lisboa, oferecendo-me para ficar a fazer companhia a Madalena durante esse período (“(…)que eu fico fazer companhia à sua companhia”). A minha relação com as outras personagens é próxima, uma vez que sou muito atencioso e estou sempre preocupado com o bem-estar dos outros. Além disso, partilhando laços de sangue com Manuel , desenrolavase em mim um sentimento especial, pois ao saber que aquela era a minha família, a minha querida sobrinha e cunhada, as atitudes provinham muitas vezes do próprio coração. Em relação à perceção que eu tenho daquele contexto todo, sinto que ali se vivia algum pânico e terror, de que algo aterrorizava a família. Existia uma falta de confiança em si mesmos enorme, e acima de tudo, a falta de alguém que os “puxasse para cima”, papel esse que eu próprio assumi. Concluindo, sou uma personagem fulcral nesta fase difícil para a família, por isso sinto-me no dever de a apaziguar. João Conde
N
a encenação da peça Frei Luís de Sousa, desempenhei o papel de D. Madalena, mãe de Maria e esposa de Manuel. Esta personagem é uma senhora elegante e de idade madura que vive constantemente preocupada com a sua filha, que sofre de tuberculose. Para além disso, vive também aterrorizada pelo seu passado, visto que o seu primeiro marido, D. João de Portugal, desapareceu na guerra de Alcácer Quibir e nunca o reencontrou, apesar de todo o seu esforço. Após ter ficado viúva, Madalena voltou a casar, desta vez com Manuel, o seu verdadeiro amor. Maria terá sido fruto do segundo casamento e toda a família foi bastante feliz, até ao momento da peça. Nas cenas IV e V do Ato Segundo, Madalena tenta demonstrar a Manuel, Maria e Frei Jorge que já não se encontra perturbada pelo facto de estar a habitar no palácio do seu primeiro marido. No entanto, ainda está bastante nervosa interiormente. (“Deus ouviu as tuas orações, filha, que as minhas...”). Toda esta máscara de felicidade cai, assim que Manuel informa Madalena acerca do facto de ter de ir a Lisboa agradecer ao arcebispo por ter conseguido o perdão dos governadores. Ao ouvir isto, Madalena é consumida pelo pânico de ficar sozinha naquele palácio. Este estado de espírito é, ainda, agravado pelo facto de ser sexta-feira, dia marcado pelos agouros. Deste modo, concluímos que Madalena é uma personagem extremamente supersticiosa, que se deixa levar facilmente pelo seu lado emotivo e irracional. Para além disso, descobre, ainda, que Maria também quer acompanhar Manuel a Lisboa, o que a deixa em completo desespero, tentando convencer a sua filha a ficar. Acaba, contudo, por ceder, de maneira relutante, ao pedido de Maria. Madalena sente-se incompreendida, porque ninguém parece levar a sério as suas preocupações. A relação entre Maria e Madalena é marcada pela preocupação e pelo amor que a progenitora da mais nova sente por ela, tentando protegê-la ao máximo. Maria, no entanto, tem apenas em mente a conquista do seu objetivo, desvalorizando os sentimentos da sua mãe. Já a relação entre Manuel e Madalena é uma relação de equilíbrio, na medida em que a racionalidade de Manuel contrabalança a irracionalidade da sua esposa. A senhora consegue acalmar-se com as palavras de conforto do seu esposo, existindo uma grande cumplicidade entre os dois. Nesta cena, Frei Jorge tem a função de apaziguar a situação e contribui, também, para o consolo de Madalena. Concluindo, Madalena é uma personagem emotiva e frágil, que acaba por ceder, nesta situação, sentindose incompreendida e derrotada, por não ter conseguido que Manuel e Maria ficassem. A ação termina, deste modo, com uma Madalena perturbada e amedrontada por ter de ficar sozinha. Beatriz Varela
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Ato II, cenas IV, V
Maria, que foi a personagem encenada por mim, é a
ser um garoto e não poder liderar o exército do pai e também deseja ter uma irmão, para que ele possa exercer essa função. A sua relação com a mãe é muito forte e as duas passam muito tempo juntas. Maria tenta sempre acalmar a mãe quando está nervosa e preocupada com superstições que ela não entende. As cenas encenadas pelo nosso grupo mostram bem a relação que Maria tem com todas as personagens: ela demostra muito afeto e é amada por todos. Outra característica que é apresentada nessa parte da peça é o quão esperta Maria é ao tentar convencer os pais a aceitar que ela vá com o pai a Lisboa, ao usar termos como "meu querido pai" ou "minha querida mãezinha" em seu discurso. Concluindo, Maria é uma jovem e inocente personagem, marcada pela doença que tem. Apesar disso, é otimista e cheia de bondade, muitas vezes não percebe os problemas doa pais.
filha de Manuel de Sousa e Madalena. Maria tem tuberculose, o que resulta num aspeto físico frágil, bochechas muito rosadas, boa audição, e também faz com que se canse rapidamente. A personagem infantil também pode ser exaltada por sua bondade e delicadeza, muitas vezes comparada a um anjo. A jovem lê muitos livros e preocupa-se com o povo. A sua afeição pela literatura leva sua mãe, Madalena, a preocupar-se com ela, pois acha que a leitura excessiva deixa-a cansada e também lhe causa pensamentos muito maduros para a sua idade. A amizade de Telmo e Maria também preocupa a mãe, devido aos seus tópicos de conversa: a possibilidade da volta do antigo rei de Portugal, que desapareceu na batalha de Alcácer de Quibir. Esse possível retorno assombra Madalena. Maria, entretanto não sabe disso e continua sua amizade com Telmo. A personagem também tem uma enorme admiração por seu pai, Manuel de Sousa. Chega até a ter pena de não
Yasmin Swerak
Antes de mais gostaria de congratular o grupo pela sua exímia encenação .
Foi, sem dúvida alguma, um dos grupos com melhor performance nesta atividade, visto que não falharam nenhum tópico: todos os membros do grupo encarnaram com grande qualidade as suas personagens, houve uma grande cumplicidade entre os intervenientes, houve uma movimentação e gesticulação adequada e, por último, apesar de se sentir algum nervosismo, tiveram sempre uma postura exemplar, o que mostrou dedicação e trabalho durante todo o período de preparação da peça. É de salientar também o uso adequado do vestuário e de adereços, embora se soubesse que seria bastante difícil encontrar o vestuário referente ao contexto da obra, o que a tornou muito mais rica e apelativa. Em suma, o grupo obteve uma excelente encenação e felicito-os mais uma vez pela sua grande prestação. Lourenço Silveira
A dramatização das cenas IV e V do ato II da peça
teatral Frei Luís de Sousa foi realizada pelos alunos João Conde, que fez de Frei Jorge; David Rodrigues, que interpretou a personagem Manuel de Sousa; Yasmin, que fez de D. Maria e Beatriz Varela, que interpretou a personagem D. Madalena. A cena IV, na qual entram D. Maria, Manuel de Sousa e Frei Jorge, começa com a chegada deste último. Frei Jorge traz notícias da capital, anunciando que o arcebispo conseguira acalmar os governadores e convencê-los a perdoarem Manuel de Sousa., que consequentemente decide ir a Lisboa para lhe agradecer. D. Maria, ao ouvir esta conversa, convence o pai a deixá-la ir com ele, para visitar a Tia Joana de Castro. A cena V, na qual entram D. Maria, Manuel de Sousa, Jorge e D. Madalena, começa com a entrada de D. Madalena em cena. Esta encontra-se muito otimista e bem disposta; no entanto, quando se apercebe de que aquele dia é uma sexta feira, fica muito preocupada e com medo, exigindo que D. Manuel fique com ela durante duas semanas. Porém, Frei Jorge e Manuel de Sousa conseguem convencê-la a deixá-lo ir, devido à gravidade da situação. Além disso conseguiram também convencê-la a deixar D. Maria ir, sendo que Frei Jorge ficou a fazer companhia a D. Madalena. No geral, a expressividade e dinâmica foi muito boa em todas as personagens, o que revelou muita preparação. O guarda-roupa de D. Madalena e D. Maria consistia em vestidos parecidos com o vestuário da época, muito apropriados. Frei Jorge usou um hábito e uma cruz à volta do pescoço, caraterísticos da sua posição
social e ocupação. Manuel de Sousa usou uma camisa para simbolizar o vestuário de um nobre. Toda esta caraterização foi muito apropriada à peça e às personagens em questão. Ao longo da cena as movimentações foram muito bem executadas e apropriadas às situações. Por exemplo: a entrada de D. Madalena, numa leve corrida alegre e agitada, que revela o seu estado de espírito, que era otimista e feliz; a situação em que Frei Jorge, para apaziguar os espíritos de D. Maria, pega na sua mão e caminha com ela ligeiramente, afastando-se das outras personagens para a confortar e dar conselhos em particular. Além disso, a linguagem corporal de cada personagem estava em sintonia com as suas personalidades. Por exemplo: D. Madalena e D. Maria mudam de posição e postura sempre que a situação não é favorável aos seus desejos, o que revela o desconforto que elas sentiam; Frei Jorge manteve uma postura serena e calma ao longo das cenas, apropriada à sua ocupação e posição social. Por último, a expressividade vocal de D. Madalena esteve sempre em sintonia com o seu estado de espírito: estava preocupada e muito agitada à medida que tentava convencer Manuel de Sousa e D. Maria a não ir a Lisboa. Em suma, as cenas foram muito bem interpretadas, com bom treino e planeamento. No entanto, houve certos aspetos que podiam ter sido melhorados, como a caraterização do cenário.
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Danilo Tachy e Ricardo Carvalho
Ato II, cenas XIV, XV
devido aos seus longos vinte anos de cativeiro, aparenta ser mais velho do que é. É calmo, determinado, pois caminhou durante um ano, dia e noite, para chegar ao seu palácio em Almada, e as suas vestes deterioradas mostram que é um peregrino. Frei Jorge é uma personagem gorda e ligeiramente alta. Esta é uma figura apaziguadora e bastante serena. As suas intenções, motivações e pensamentos estão todos baseados na doutrina católica e em ajudar o próximo, uma vez que é um sacerdote. É sensato, prudente e racional quando fala. Relativamente ao cenário, para retratar o salão antigo (descrito na didascália inicial do ato segundo), decidimos destacar os retratos de D. Sebastião, Camões e D. João de Portugal. Para representar este último utilizámos uma foto do Dinis Fernandes, pois este representava o Romeiro. No que toca à movimentação e gestos das personagens, D. Madalena mantinha a postura de uma senhora nobre e delicada (quando estava sentada tinha as pernas e costas direitas). Após a descoberta sobre o seu primeiro marido, esta fica bastante nervosa e exaltada, levantando-se repentinamente e executando gestos de desespero (mãos no peito e na cabeça). O Romeiro apresentava uma postura um pouco desleixada e cansada. Um dos movimentos mais importantes foi o impacto do bastão no chão quando descobriu que a sua mulher estava casada com outro homem, apontando assim para um sentimento de revolta e desapontamento. Para representar os movimentos de Frei Jorge, optámos por uma movimentação mais calma, transmitindo deste modo a sua serenidade e prudência. No que diz respeito ao guarda-roupa, para D. Madalena utilizámos uma saia e uma camisola, com o objetivo de simular o vestuário da altura, para o Romeiro usamos um roupão, chapéu, barba e um bastão e, por último, para o Frei Jorge recorremos ao uso de um fato de lutador de sumo (para lhe conferir a sua estatura de gordo), roupas adequadas a um sacerdote, tais como a alva, o singlo, o terço (enrolado na mão) e um fio com uma cruz ao pescoço. Como balanço da nossa prestação, consideramos como pontos fortes a boa escolha do guardaroupa, a criatividade do cenário (foto do Dinis para representar D. João) e demonstramos bastante expressividade através da entoação da voz e dos movimentos característicos de cada personagem. Como pontos fracos acreditamos que poderíamos ter decorado melhor as falas. Em conclusão, julgamos que, no geral, tivemos um bom desempenho na realização desta dramatização, o que nos permitiu o estudo da peça de forma mais dinâmica.
Para a representação da obra Frei Luís de
Sousa escolhemos encenar as cenas XIV e XV do ato segundo. As personagens intervenientes são D. Madalena, Romeiro e Frei Jorge, interpretadas por Beatriz Duarte, Dinis Fernandes e David Mesquita, respetivamente. Estas cenas desenrolam-se no palácio de D. João de Portugal, em Almada, mais especificamente no salão antigo onde estão alguns retratos de família e ainda os retratos de D. Sebastião, Camões e D. João de Portugal, que se encontravam em evidência. A primeira cena representada inicia-se depois da recente chegada do Romeiro. Este, quando retorna a Portugal, espera encontrar a sua família como a deixou e ser reconhecido por todos. No entanto, descobre que já o consideravam morto e já não tinha lugar naquela família, que reconstruira a sua própria felicidade. No final desta cena D. Madalena e Frei Jorge ficam a saber que D. João está vivo. Posto isto D. Madalena fica aterrada , uma vez que o seu casamento com Manuel de Sousa é inválido e a sua filha ilegítima. Na cena XV, Frei Jorge apercebe-se finalmente de que D. João de Portugal é o Romeiro e, em choque após tal revelação, acaba por cair no chão. Esta é uma cena fulcral visto que nela se dá o clímax da ação, pois Romeiro informa que D. João de Portugal se encontra vivo, e a anagnorisis (reconhecimento) uma vez que é revelada a identidade do Romeiro como sendo D. João de Portugal. Deste modo, as cenas seguintes constroemse e convergem em torno desta. D. Madalena é uma mulher elegante e de estatura média. Enquanto mãe de Maria, é bastante preocupada e protetora, vive em constante sobressalto com medo que o seu primeiro marido, D. João de Portugal, regresse e descubra os seus pecados. Esta é muito supersticiosa, preza a emoção e não a razão. Romeiro apresenta uma estatura média/alta, aparência desleixada (barba e cabelo grande) e,
Beatriz Duarte, Dinis Fernandes e David Mesquita
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Ato II, cenas XIV, XV
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personagem por mim encarnada na encenação das cenas XIV e XV da obra Frei Luís de Sousa foi Frei Jorge. Fisicamente, sou ligeiramente alto e gordo, pois um bom sacerdote tem que se alimentar; psicologicamente, descrever-me-ia como sensato, prudente e racional, especialmente quando falo. Quanto aos meus sentimentos, apenas sentia compaixão por D. Madalena, por Maria e pelo meu irmão… pois os meus sentimentos pessoais são sempre bastante contidos, visto que a situação de frade o impõe. Também diria que sou uma personagem apaziguadora e mediadora, pois, por exemplo, lembro-me de recomendar prudência a D. Manuel de Sousa quando ele tomou a decisão de incendiar a casa. Recordo-me de ter tranquilizado D. Madalena quando esta estava ansiosa pelo regresso de Manuel de Sousa de Lisboa, fiquei até a fazer-lhe companhia para que a pobre Maria pudesse acompanhar seu pai a Lisboa para visitar o Sacramento. E, sendo sacerdote, sou confidente de meu irmão (Manuel de Sousa) e de D. Madalena, por isso estarei sempre disposto a ouvir as suas preocupações. Devido à minha formação católica, os meus principais objetivos são ajudar o próximo e evitar o conflito. Ainda me lembro que, quando D. Madalena e o Romeiro (na altura ainda não sabia que era D. João) tiveram uma conversa que começou a tornar-se conflituosa, eu tive que intervir (“Bom velho, disseste trazer um recado a esta dama, dai-lho já que havereis mister de ir descansar”), evitando assim o conflito entre eles. A minha relação com D. Madalena era de confiança, mas na minha opinião, esta mulher, aliás esta família estava arruinada, pois, se D. João regressasse mesmo, o casamento com meu irmão seria inválido e a pobre da criança, que era bastante fora do normal (ouvia coisas que mais ninguém ouvia, quando por exemplo, ouviu seu pai chegar enquanto que nem eu nem D. Madalena o ouvimos (Ato I, Cena V)), seria bastarda. E quando meu irmão se apercebeu desta possibilidade e se viu numa situação muito complicada, recordome de recomendar ao casal a entrada em religião, pois era a única solução. Fiquei em choque quando descobri que o romeiro era D. João, mas não me lembro muito bem do que aconteceu, apenas de desmaiar. Quanto a Telmo, sempre o tive em consideração, uma vez que educou Maria, que eu sempre considerei e estimava bastante. Concluindo, sempre estive disposto a ouvir as preocupações de todos e sempre tentei resolver os problemas calma e racionalmente, procurando o melhor para esta família arruinada. David Mesquita
Para a encenação da peça Frei Luís de Sousa escolhi interpretar a personagem D. Madalena.
Como D. Madalena, sou uma mulher de estatura média, adulta, morena, e tenho o cabelo encaracolado. Sou uma senhora nobre e bastante delicada. Quanto ao meu modo de pensar, sou muito emotiva (na maioria das vezes prezo a emoção e não a razão), vivendo assim intensamente o que estou a sentir. Enquanto mãe de Maria, vivo em constante preocupação, pois esta está doente e temo que algo de mal lhe aconteça. Por outro lado, adoro a minha família: o meu marido, Manuel de Sousa, e a minha filha Maria são as pessoas mais importantes da minha vida e o meu principal objetivo é protegê-los e fazer tudo o que está ao meu alcance para assegurar a nossa felicidade. Posto isto, vivi anos em constante sobressalto e ansiedade, uma vez que não sabia se o meu primeiro marido (D. João de Portugal) estaria vivo. A ideia de que ele um dia pudesse regressar aterrorizava-me: caso isso acontecesse seria o meu fim! Todos ficariam a saber do meu pecado...o meu casamento não continuaria válido e a minha querida Maria seria ilegítima... Tudo isto...todo este pesadelo que vivi e vivo ainda agora tornou-se realidade...sinto-me completamente perdida e aterrada. Quando, naquele dia, um Romeiro entrou na casa do meu primeiro marido e revelou que este estava vivo...o meu mundo desabou! Só de pensar nisso fico angustiada e nervosa...lembro-me tão bem das minhas palavras: “Jesus, Jesus! Que se não abrem as paredes debaixo de meus pés?...porque não me sepultam já aqui?...Minha filha, minha filha! Estou...estás...perdidas, desonradas, infames!...” Desde este dia nunca mais fui a mesma, a minha família desmoronou-se e eu não sei o que fazer... Graças ao Telmo, o meu amigo, aio e conselheiro, tento lidar com as minhas preocupações, ele está comigo há anos e sabe tudo o que tenho passado com a minha Maria. Esta é uma menina tão doce e frágil! Frei Jorge tem sido crucial nesta fase da minha vida, sabe sempre o que é mais correto e sensato e tem tentado ajudar-nos ao máximo, a meu marido, de quem tanto gosto, e a mim mesma, a tomar a decisão acertada para resolver a nossa situação. Não sei o que me espera...só sei que quero viver feliz com quem mais gosto, ao lado de Manuel de Sousa e da minha filha Maria.
Beatriz Duarte
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Ato II, cenas XIV, XV
N
a minha opinião, este grupo teve uma ótima prestação, sendo que todos os elementos foram capazes de encarnar perfeitamente as suas personagens e de transmitir a intensidade das cenas representadas aos espectadores, o que demonstrou uma grande dedicação da sua parte. No que diz respeito a esta reflexão, considero que também fizeram um bom trabalho, na medida em que fundamentaram devidamente todas as escolhas em relação ao cenário, ao guarda-roupa e à movimentação das personagens. Destaco, particularmente, as opções relativas à movimentação e aos gestos das personagens, que foram bastante acertadas e contribuíram para o equilíbrio da cena, que é especialmente inquietante. A queda final de Frei Jorge permitiu aliviar toda a tensão que se fez sentir durante a cena e propiciou um momento de descompressão. Contudo, penso que a caracterização das personagens e das suas motivações, ao longo da reflexão, poderia ter sido um pouco mais detalhada, assim como a análise dos pontos fortes e fracos e da dinâmica do grupo. Tendo tudo isto em conta, o grupo teve um ótimo desempenho, não só na encenação, como também na execução desta reflexão.
Beatriz Varela
N
a minha opinião, esta foi uma encenação muito bem conseguida, os interpretes realizaram um trabalho muito positivo, encarando, cada um, devidamente o papel que desempenhava. O aspeto mais carismático, e que trouxe uma maior verosimilhança à representação, foram os adereços inovadores utilizados e a boa comunicação demonstrada. A movimentação em palco talvez tenha sido o fator menos positivo, pois apenas na parte final ouve uma maior dinâmica, com a queda de Frei Jorge, e um melhor aproveitamento do espaço. Em relação à reflexão produzida pelo grupo, acho que está coerente com aquilo que protagonizaram, pois cumpriram os tópicos pretendidos, utilizaram uma linguagem clara e sintética, e é notório que houve uma boa compreensão e entendimento dos acontecimentos desenrolados naquelas cenas, o que, de certeza, os ajudou a trazerem uma maior vivacidade na interpretação. Concluindo, gostaria de parabenizar todo o grupo pelo empenho que tiveram na realização da atividade, naquela que foi, para mim, a melhor encenação.
João Conde
A
meu ver, estes três alunos desempenharam um papel fenomenal. Conseguiram transmitir aos espetadores a mensagem e os sentimentos das suas personagens e fizeram-no com imensa qualidade. Estes tinham um tom de voz assertivo e claro, apresentando muita expressividade, como a cena exigia. Gostaria também de destacar o vestuário e os adereços utilizados. Na minha opinião, os alunos conseguiram caracterizar muito bem o vestuário da altura, salientando-se o facto de o aluno David Mesquita, Frei Jorge, estar mesmo a utilizar vestes características da seu estatuto social. O facto de os alunos terem recriado o retrato de D. João, Dinis Fernandes, também deu um caracter diferente e muito criativo á encenação. Relativamente á personagem Madalena, Beatriz Duarte, acho que esta estava muitíssimo bem no seu papel, pois tinha uma expressividade imensa nas suas falas. Outro aspeto que achei muito tocante e que tornou a representação destes três alunos única, foi o desmaio de Frei Jorge ao descobrir que o Romeiro era D. João de Portugal. Relativamente á apreciação critica, considero que está muito boa, pois estes alunos conseguiram sintetizar muito bem o conteúdo essencial da história e também fizeram uma ótima caracterização e introspeção das personagens. Para finalizar gostaria de dizer que, apesar de terem ocorrido pequenas falhas, como o posicionamento em palco, os alunos podiam ter aproveitado um pouco mais do espaço em vez de estarem muito em cima uns dos outros, acabando por haver momentos em que se tapavam, esta encenação estava ótima, revelando por completo o empenho e a dedicação que os mesmos atribuíram a este trabalho.
Inês Ferreira
F
oi, sem dúvida alguma, um dos grupos com melhor performance nesta atividade. Foi um grupo que, logo nos primeiros ensaios, mostrou que tinha entendido na perfeição a peça e as personagens que cada um iria interpretar. Tenho de dar principal ênfase aos adereços utilizados por todos os intervenientes. Apesar da dificuldade de encontrar roupas características da época, trouxeram uma quantidade enorme de adereços. Considero que incluírem a foto do Dinis como D. João foi algo muito bem pensado. A mudança de voz de D. João foi um outro aspeto que acho relevante apontar. Essa mudança de voz permitiu-nos perceber melhor a mensagem do romeiro a dona Madalena. A apreciação critica que fizeram também está muito boa, mostrando de uma forma sucinta e bem organizada, todas as escolhas que tomaram ao longo do ensaio da peça e da caracterização de cada personagem. Tenho de dar os parabéns a este grupo por esta atuação espetacular que nos ofereceu
David Rodrigues
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Ato II, cenas XIV, XV
O
nosso grupo optou por interpretar as cenas XIV e XV do segundo ato. As nossas cenas decorrem no palácio de D. João de Portugal, em Almada, mais especificamente num salão antigo onde se encontram os retratos de D. João, D. Sebastião e de Camões. A atuação foca-se na chegada do Romeiro ao palácio, o que irá provocar grande agitação, pois este traz a notícia de que D. João de Portugal está vivo. As outras personagens em cena, D. Madalena e Frei Jorge, ficam incrédulas com esta informação. D. Madalena, não querendo acreditar no que ouvira, entra em pânico e sai repentinamente do salão. Frei Jorge, por sua vez, acaba por perceber os indícios dados pelo Romeiro e apercebe-se de que este é D. João. D. Madalena, interpretada por Beatriz Borrego, caracterizava-se por ser uma mulher honrada e virtuosa; no entanto, era depressiva e vivia constantemente assombrada com a possibilidade de D. João regressar, o que a impossibilitava de ser totalmente feliz. Posto isto, a sua maior preocupação era afastar a sua filha da desonra e por isso, a sua maior motivação era preservar o bemestar da sua família. O Romeiro, representado por Mariana Santos, era um homem honrado e apaixonado por D. Madalena, cujo único desejo era ver a sua mulher uma última vez. Este era bastante determinado, pois caminhou durante um ano, dia e noite, para chegar ao seu palácio em Almada, depois de ter sido feito cativo durante 20 anos. No entanto, é despertado em si um sentimento de tristeza quando D. Madalena não o reconhece, deixando-o desolado. Por último, Frei Jorge, interpretado por David Mesquita, era um homem sereno. Também o consideramos astuto, pois ao contrário de D. Madalena, este percebeu
qual era a identidade do Romeiro, ficando igualmente perturbado com a sua chegada. Nesta cena, Frei Jorge fica em Almada para fazer companhia a D. Madalena, tendo prescindindo da sua ida a Lisboa, o que demonstra a sua lealdade e preocupação por esta. Durante a dramatização, as molduras presentes no auditório foram utilizadas para simbolizarem os retratos anteriormente referidos e enriqueceram o nosso cenário. Estas foram essenciais para dar indícios da identidade do Romeiro, uma vez que este destaca o retrato de D. João de Portugal durante o seu discurso. Para transportar temporalmente a audiência para a época em que decorre a ação, optamos por utilizar trajes típicos da época. D. Madalena usou uma saia e uma camisola e o Romeiro vestiu uma túnica velha para simular os trajes dos cativos. Frei Jorge, devido ao seu estatuto, vestiu uma alva, vestuário característico de um padre, e colocou um terço ao pescoço. Estes adereços foram utilizados de modo a credibilizar a nossa atuação. Em relação à movimentação das personagens, Romeiro e Frei Jorge iniciaram as cenas em pé, enquanto D. Madalena estava sentada entre ambos. Após se aperceber de que D. João está vivo, entra numa grande ansiedade e corre para fora do salão aos gritos. Frei Jorge também tem uma reação de desespero e cai prostrado no chão. Para finalizar, gostaríamos de fazer uma pequena apreciação crítica da nossa atuação, do que consideramos ser uma cena bastante emotiva e desafiante, pois retrata o início de uma tragédia. Pensamos que no geral fomos bem sucedidos, apesar de nos termos deparado com um grande contratempo, pois um dos membros do nosso grupo estava doente, mas conseguimos ultrapassar essa dificuldade da melhor maneira. Para além disto, julgamos que poderíamos ter feito um melhor aproveitamento do espaço que tínhamos disponível. Concluímos, assim, que esta foi uma atividade de grande interesse, que nos permitiu estudar esta obra de uma maneira diferente e mais didática. Beatriz Borrego, Mariana Santos e David Mesquita
Eu, D. Madalena de Vilhena, sou uma mulher honrada mas psicologicamente afetada pelos meus conflitos
interiores, nomeadamente pela possibilidade do regresso do meu primeiro marido, D. João de Portugal. Posto isto, vivo atormentada com o passado, o que me impede de ser completamente feliz no presente. Sinto-me, assim, numa constante angústia. A minha maior preocupação é a minha adorada filha Maria. Esta é uma menina muito frágil e fraca, que me causa uma constante tormenta. Relativamente ao meu aspeto físico, sou elegante e morena. Com isto, a minha maior motivação é preservar o bem-estar e garantir a integridade da minha família. Fiquei realmente transtornada quando soube que o meu primeiro marido estava vivo, pois isto põe em causa toda a minha felicidade (“Estou…estás… perdidas, desonradas… infames!”) Sou muito próxima da minha filha Maria e de Manuel de Sousa. O único sentimento superior ao meu afeto e preocupação para com Maria é o meu amor por Manuel de Sousa; também sou muito influenciada por ele. Tenho também uma relação afetuosa com Telmo. Perante a chegada do Romeiro e com todos os indícios dados por este de que D. João de Portugal está vivo, considero evidente a ocorrência de uma tragédia. Por último, reconheço a tomado do hábito como solução, pois seguirei a decisão de meu marido, Manuel de Sousa. Para concluir, reconheço que sou uma mulher psicologicamente afetada pelos meus conflitos interiores, mas o meu único desejo era viver feliz ao lado da minha família.
Beatriz Borrego
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Ato III, cena V
No dia seis de fevereiro nós encenámos a cena V do ato III da peça teatral Frei Luís de Sousa, de Almeida Garret. Nesta cena, participam as personagens Telmo (Ricardo Carvalho) e Romeiro (Danilo Tachy). A cena passa-se após a revelação de que D. João está vivo, vinda do Romeiro. Este evento destrói a família de D. Madalena. O Romeiro, que é na verdade D. João de Portugal, pede para falar com Telmo, o único amigo que lhe resta, dando assim início à cena. A cena consiste numa conversa entre Telmo e o Romeiro. Ao longo da conversa, Telmo percebe que o seu interlocutor é na verdade D. João e após este último se aperceber daquilo que realmente acontecera na sua ausência, eles criam uma possível solução para o problema, dando ao público um falso sentido de esperança. A personagem Telmo é uma pessoa idosa, um escudeiro nobre e leal. Ele é uma personagem inteligente e paciente, muito respeitado até pelos seus amos. Apesar de antes desejar o regresso de D. João, ele arrepende-se quando vê a sua família a ser destruída, causando um conflito interior entre o seu amor por D. Maria e por D. João. Ao longo da conversa, é revelado que Telmo passou a amar mais D. Maria que D. João, razão pela qual ele se sente em falta para com o seu primeiro amo e culpado. A personagem Romeiro é um nobre português, muito honrado e com atitude racional, com cabelos e barbas brancas, com um ar muito velho e cansado (por ter passado 20 anos em cativeiro). Ele é o primeiro marido de D. Madalena e o primeiro amo de Telmo. Quando chega a Portugal e descobre que a sua “viúva” tinha casado com Manuel de Sousa, ele age guiado pelos ciúmes, remorsos, saudades e pelo amor que ainda tem por D. Madalena, ao revelar que D. João de Portugal ainda está vivo, apesar de optar por permanecer anónimo. No entanto, ao conversar com Telmo, apercebe-se de que a sua mulher tinha agido de forma honrada e fiel e toma consciência das verdadeiras consequências das suas ações sobre a família de Manuel de Sousa. Com essa realização, ele age de forma racional e honrada para tentar remediar a situação. O cenário ideal para a dramatização desta cena teria sido um semelhante às catacumbas de um castelo, no entanto, por falta de materiais, tal não foi possível. Como a cena é essencialmente um diálogo entre duas personagens idosas, não ocorre nenhuma movimentação significativa. Quanto aos gestos, o Romeiro olhava diretamente para Telmo e colocava a mão no seu ombro sempre que lhe falava como um amigo. Telmo, no início da cena, encontra-se de joelhos, como estava no final do monólogo da cena anterior, e levanta-se subitamente ao ouvir a voz do Romeiro. Quando percebe que o Romeiro é na verdade D. João, Telmo, surpreendido, ajoelha-se novamente e beija a mão do seu amo. O Romeiro usa uma capa castanha com um capuz que oculta o seu rosto e um cajado. O Telmo não tem guarda roupa caraterístico. Na nossa opinião, os pontos mais fortes foram a expressividade e a representação do laço entre as personagens. No entanto, houve outros aspetos que podiam ter sido melhorados, como a movimentação e dinâmica da cena, a caraterização da personagem Telmo e o próprio cenário. Danilo Tachy e Ricardo Carvalho
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meu ver, estes dois alunos realizaram um excelente trabalho, e notou-se uma grande evolução relativamente á primeira encenação feita em aula. O Romeiro teve uma caracterização digna da personagem, contrariamente ao que aconteceu a Telmo, que não apresentou qualquer vestuário característico da altura. Ambas as personagens tiveram pouca expressividade, sendo que em certas ocasiões não transmitiram as suas emoções ao público. O Romeiro podia ainda ter projetado melhor a voz, uma vez que, devido à dimensão do auditório, as suas intervenções não eram audíveis em todo o espaço. Tirando estes pequenos aspetos, o grupo realizou um bom trabalho. E está de parabéns!
Teresa Geada
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Ato III, cena V
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a encenação da peça teatral Frei Luís de Sousa, eu interpretei a personagem Telmo. Sou uma pessoa muito idosa e bem vestida, um membro da baixa nobreza e um escudeiro fiel aos meus amos. Devido ao meu estatuto social, sou muito bem educado e adquiri uma certa sabedoria ao longo dos muitos anos que vivi, razão pela qual D. Madalena respeita tanto os meus conselhos. Eu sempre fui muito leal aos meus amos; no entanto, possuo um certo espírito crítico, que se evidencia quando sublinho o facto de que a Bíblia não se devia encontrar apenas escrita em latim, mas devia ser traduzida, e quando duvido da assunção de D. Madalena de que D. João de Portugal morreu na batalha de Alcácer Quibir. Eu fui originalmente escudeiro do pai de D. João de Portugal, tendo criado o seu filho como se fosse meu. Quando ele casou, conheci a donzela D. Madalena, honrada e fiel, mas que não lhe tinha amor. Após a batalha de Alcácer Quibir, D. João de Portugal foi presumido como morto. No início, D. Madalena não acreditou, mas, à medida que os anos passaram, não teve escolha senão perder a esperança. Eu, por outro lado, como sebastianista que sou, sempre acreditei que o meu amo voltaria um dia. Após alguns anos, D. Madalena casou-se outra vez, com um cavaleiro nobre que, na minha opinião, apesar de ser honrado, não se comparava a D. João. No entanto, D. Madalena realmente amava este marido. Tiveram até uma filha. No início, não podia vê-la, mas a sua atitude angélica e a sua inocência conquistaram o meu coração. Passei a amá-la como uma filha e criei-a com todos os ideais que achava importantes numa donzela portuguesa, como a honra e o sebastianismo. Este último não foi do agrado de D. Madalena, que temia que D. João pudesse voltar e destruir a sua família. Aos 13 anos de idade, D. Maria estava muito doente, algo que nos preocupava mais que qualquer outra coisa. Exatamente 21 anos após a Batalha de Alcácer Quibir, apareceu um romeiro com as notícias que eu sempre quis ouvir, mas que acabei por me arrepender por desejar: D. João está vivo! Depois dessas notícias, vi a minha nova família a fragmentar-se, com desonra e vergonha. Pouco depois da chegada do Romeiro, Frei Jorge, com quem me dava relativamente bem, veio dizer-me que o mensageiro queria ver-me. Naqueles momentos, eu teria feito qualquer coisa para reparar a situação de D. Maria, teria até dado a minha vida! Quando conheci o Romeiro, a sua voz pereceu-me familiar, mas só depois de alguma conversa percebi que este era na verdade D. João de Portugal. O meu amo estava vivo e à minha frente, mas o amor e a lealdade que tinha por ele foram vencidos pelos meus sentimentos por D. Maria. Eu sentia-me culpado e em falta para com o meu primeiro amo. Após muita conversa, decidimos, para remediar a situação, indicar como mentira tudo o que o Romeiro afirmara a D. Madalena e Frei Jorge; mas não funcionou, Frei Jorge sabia a verdadeira identidade do Romeiro, a minha família foi destruída e D. Maria morreu em vergonha. Em suma, os últimos anos da minha vida fora uma verdadeira tragédia, da qual, na minha opinião, ninguém teve culpa. Que cruel que é o destino!
Ricardo Carvalho
Na minha opinião, estes dois alunos conseguiram executar muito bem os papeis que lhes foram atribuídos. Conseguiram transmitir a mensagem essencial da historia e esforçaram-se ao máximo para conseguir retratar o vestuário e o cenário da altura. Porém também existem alguns aspetos negativos como a expressividade das falas de ambas as personagens e também a fluência e o tom de voz do Romeiro, em particular. Para além disto também achei que, apesar de a caracterização de Romeiro estar esplendida, a de Telmo deixou muito a desejar. Em relação á apreciação critica, acho que os alunos desenvolveram um trabalho excelente pois conseguiram descrever os sentimentos que as personagens possuíam ao longo da sua cena, e também conseguiram sintetizar muito bem o conteúdo da historia. Para finalizar, gostava de realçar o quanto é difícil, para alunos que não estão habituados a representar, fazê-lo e de uma forma tão espetacular como a maneira como foi realizada esta peça, e dar os parabéns a estes dois alunos por o terem feito de esta forma maravilhosa.
Inês Ferreira
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Ato III, cena V
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meu ver, este grupo teve um bom desempenho, no geral, no que toca à dramatização, visto que houve uma boa interiorização e interpretação das personagens, o que proveio do seu empenho e dedicação para entender e perceber a cena, tal como as personagens. Gostaria de assinalar que, na minha opinião, da parte de Romeiro houve uma ótima caracterização. Mas em contraste com estes pontos fortes, existiram pontos menos positivos, tais como o vestuário de Telmo, a falta de um cenário (como já referido), o que acho um pouco retrógrado, pois poderiam ter tentado inovar ao, por exemplo, construir um cenário que simulasse as catacumbas do castelo, algo para que, na minha opinião, este dois alunos possuem o potencial, tal contribuiria para um grande enriquecimento e redobraria a atenção dos espectadores para a peça (eu entendo que este cenário é arrojado de simular, no entanto acho que se teriam destacado bastante em relação aos outros neste aspeto, se o tivessem tentado, pois mesmo com poucos materiais disponíveis mostrariam ainda mais o vosso empenho) no que foi um ponto menos forte na maioria dos grupos. Gostaria apenas de deixar a seguinte dica construtiva para os futuros trabalhos do grupo: “ Para ter o que outros não têm, têm que fazer o que os outros não fazem”, isto é, para se destacarem pela positiva têm que ser arrojados e inovadores, fazendo algo que se distinga ou se tente distinguir dos outros. Outro aspeto menos bom também considero que tenha sido a colocação de voz, expressividade e vivacidade de algumas falas do Romeiro. Gostaria apenas de destacar, em particular, apenas uma fala de Telmo que ocorreu quando o romeiro se despedia de Telmo e o mesmo perguntou, numa ansiedade crescente “Até quando, senhor?”, em que senti que deveria ter havido uma maior expressividade dessa ansiedade crescente nesta fala importante, pois percebemos que o Romeiro planeia ir-se embora. No entanto, tirando este caso particular, as falas de Telmo possuíram sempre vivacidade. Quanto à reflexão do grupo, acho que esta está formidável, em virtude da excelente síntese da cena, que nos põe automaticamente a par dos acontecimentos e devido à enunciação e fundamentação dos aspetos valorizados, tanto positiva como negativamente. Finalizando, concluo que os elementos tiveram um bom desempenho na dramatização no geral, mas acho que têm potencial para melhorar alguns aspetos futuramente. Também considero que a apreciação está muito bem produzida. As minhas congratulações tanto como ao Danilo como ao Ricardo! David Mesquita
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o âmbito desta apreciação crítica, iremos falar sobre a representação da cena V do Ato Terceiro por parte do Ricardo, como Telmo, e do Danilo, como Romeiro. Nesta cena, o Romeiro revela a Telmo a sua verdadeira identidade, ou seja, Telmo fica a saber que o Romeiro é o seu velho amo e amigo D. João de Portugal, primeiro marido de D. Madalena. Depois de uma extensa conversa, D. João de Portugal ordena a Telmo que diga a D. Madalena e à sua família que tudo o que o Romeiro havia dito em relação a D. João não passava de uma mentira. Em relação ao seu desempenho, apontamos os seguintes aspetos positivos: o guarda-roupa do Danilo estava ideal, dado o papel que desempenhou, com um manto castanho velho, uma barba postiça e um bastão; o tom de voz do Ricardo era adequado, tenho em conta o espaço onde a peça foi representada, ouvindo-se clara e distintamente em todo o auditório. No entanto, a dupla também apresentou algumas falhas, nomeadamente a gesticulação, que não parecia natural; a encarnação das personagens poderia ter sido melhor, pois, na nossa opinião, não estavam imersos nos seus papéis; o Ricardo, em contraste relativamente ao Danilo, não apresentou vestuário apropriado à personagem que representou, usando roupa casual sem nenhuma relação com a da época; em comparação com o Ricardo, o Danilo não apresentou um tom de voz satisfatório sendo, por vezes, inaudível e incompreensível. No geral, a representação desta dupla deixou algo a desejar, devido aos aspetos negativos que enunciámos e porque consideramos que ambos tinham um grande potencial para fazer uma melhor apresentação. Gustavo Sousa e João Gaspar
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Ato III, cenas VI, VII
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o passado dia 6 de fevereiro, a turma do 11ºA encenou partes da obra Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett. No âmbito desta atividade, tivemos a oportunidade de estudar esta obra de uma maneira diferente. O nosso grupo escolheu encenar as cenas VII e VIII do ato terceiro, onde intervêm as seguintes personagens: D. Madalena, Manuel de Sousa Coutinho, Telmo e Frei Jorge. Nestas cenas, D. Madalena encontra-se em grande agitação emocional, pois sabe que D. João de Portugal está vivo, o que de certa forma a faz viver com a ideia de pecado. Por essa razão, D. Madalena procura desesperadamente o diálogo com Manuel de Sousa com o objetivo de tentar remediar a situação. Manuel de Sousa, no ato terceiro, encontra-se num certo conflito interior, sem saber exatamente qual a decisão que deve tomar devido ao regresso de D. João de Portugal. Com isto, decidiu deixar a vida que tinha, a filha e a mulher e tomar hábito, entrar em religião. Portanto, nas cenas VII e VIII deste ato, Manuel de Sousa evita ao máximo mostrar o que sente a D. Madalena, apesar de ser evidente (pelas didascálias e a pontuação utilizada nas suas falas) que continua apaixonado por ela e que toda esta situação ainda o incomoda. Apesar disso, mostra-se determinado e decidido na escolha que tomou, pedindo até a sua mulher para se juntar a ele nesta decisão de tomada do hábito. Telmo Pais, nas cenas anteriores deste mesmo ato, falou com o Romeiro e acabou por saber que este era, na verdade, o seu antigo amo e amigo, D. João de Portugal. Este último, após falar com Telmo, pediu-lhe que dissesse a D. Madalena e à sua família que o Romeiro não passava de um impostor e que tudo o que este havia dito em relação a D. João era mentira. Com isto, na cena VII, Telmo pretende dizer isso mesmo a D. Madalena, mas Frei Jorge não o acha correto, ordenando-lhe que não cumpra a promessa que fez a D. João. Ora, esta ordem de Frei Jorge deixou Telmo confuso e com uma certa repugnância, já que este preferia cumprir a promessa que fizera a seu amigo, o que iria também ajudar, segundo o seu ponto de vista, D. Madalena na situação em que se encontrava e prevenir a separação da sua família. No entanto, Telmo acabou por seguir as ordens de Frei Jorge, indignado e contra a sua vontade. Por último, Frei Jorge, um homem sensato e de valores provenientes da doutrina católica, por saber que o seu irmão vivia em pecado mortal com D. Madalena, sugere que cada um siga a vida consagrada para tentar remediar a situação, procurando também que ambos não sejam mal vistos pela sociedade. Relativamente ao cenário, o nosso grupo tentou recriar, de acordo com a didascália inicial do ato terceiro, o espaço em que iríamos encenar, colocando uma cruz no fundo do auditório e algumas mortalhas. Em relação aos gestos e movimentação das personagens, tentámos seguir as didascálias, mas também incluímos outras movimentações com o intuito de enriquecer ainda mais a nossa encenação como, por exemplo, no início da cena VII, Manuel de Sousa estava ajoelhado, a rezar diante da cruz. Por último, o nosso grupo teve alguma preocupação com o guarda-roupa e uso de adereços, como o caso do Frei Jorge, que estava paramentado com uma alva branca, uma cruz ao peito (assim como todas as outras personagens), um terço no bolso e uma Bíblia na mão. As restantes personagens aprontaram-se de acordo com a época, apesar de ter sido difícil arranjar o tipo de roupa em questão. No geral, consideramos que a nossa apresentação tenha sido bem-sucedida, com alguns pontos fortes como a projeção da voz, a boa gesticulação, uma boa encarnação das personagens e rentabilização do espaço. No entanto, poderíamos ter decorado um pouco mais as falas, de modo a não consultar demasiado o guião e podíamos ter apostado mais no vestuário do Manuel de Sousa, Telmo e Madalena e não apenas no do Frei Jorge. Ana Beatriz; Gustavo Sousa, Lourenço Silveira, Lucas Souza
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interpretação feita por este grupo revelou-se ser uma agradável surpresa, na medida em que houve um grande melhoramento faço aos ensaios realizados. Um dos aspetos que gostava de salientar, uma vez que o considero bastante importante numa representação, é a confiança e o à vontade que se demonstra em palco, e isso existiu por parte de todos os membros. Os adereços utilizados contextualizavam muito bem a época, o que foi bastante importante, pois era mais fácil dar asas à nossa imaginação e conseguirmo-nos sentir como se estivéssemos presentes. A reflexão estava igualmente boa, contudo esta poderia ter sido mais detalhada em alguns tópicos. Concluindo, gostei muito da dedicação e do empenho demonstrado por todos, no global, foi um interpretação estonteante.
João Conde
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Ato III, cenas VI, VII
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u, Manuel de Sousa Coutinho, sou uma das personagens principais da peça Frei Luís de Sousa, escrita por Almeida Garrett, onde apresento um papel importantíssimo nas mudanças que ocorrem ao longo da minha história e da minha família. Quando se fala na minha pessoa, diria que aparento ser um homem nobre do final do século XVI, elegante, vestido a rigor como um nobre se vestia nessa época. Psicologicamente, pode-se dizer que sou um homem determinado, ajuizado, de bons valores (até porque o meu irmão, Frei Jorge, pertence à Igreja, portanto sigo a doutrina católica e os seus valores). Acho que também posso dizer que todas as minhas ações são em prol do bem-estar da minha família, especialmente da minha querida filha doente, Maria. Como disse anteriormente, tudo o que faço é para o bem de D. Madalena, minha mulher, e da minha Maria, sendo que os meus objetivos sempre foram, dar a melhor vida possível à minha família e a segurança de que precisam. Sempre tive uma boa relação com quase todas os personagens: D. Madalena, a mulher e o amor da minha vida; Maria, a minha pobre e rica filha; Frei Jorge, meu querido irmão que sempre me ajudou quando precisei; Telmo Pais, um bom e leal amigo da minha família. Não posso dizer, em relação ao Romeiro (ou D. João de Portugal, pois mais tarde fiquei a saber da sua verdadeira identidade), que tenho uma boa relação com ele, por ter sido o primeiro marido de minha mulher, até porque foi o seu aparecimento (ou reaparecimento, no caso de D. Madalena) nas nossas vidas que separou a minha família toda. Até à chegada do Romeiro, sempre tive uma vida calma, apesar do estado de saúde de Maria e até daquele desentendimento com os governadores da cidade, por ter incendiado a minha própria casa. No entanto, a chegada do Romeiro e a ideia de que D. João de Portugal ainda se encontra vivo foi um golpe fatal no rumo da minha vida, de D. Madalena, de Maria e de todos os que, de alguma maneira, se relacionam com este acontecimento. A partir daí, nunca fui o mesmo. Com a ajuda e os conselhos de meu irmão, percebi que o melhor seria deixar a vida toda que tinha para trás e abandonar, de certa forma, D. Madalena e Maria pela Igreja e pela vida religiosa (“Para nós já não há senão estas mortalhas… e a sepultura de uma claustro”; “Ânimo, e ponhamos os olhos naquela cruz!”). Apesar do meu amor pelas duas mulheres da minha vida, achei talvez que fosse melhor e a decisão mais correta. Concluindo, esta minha vida, apesar de ter começado bem, com a acumulação de peripécias e dos pontos baixos, não cessou de piorar e acabei separado de tudo e todos, apenas com um hábito e uma cruz ao peito. Gustavo Sousa
O meu nome é Frei Jorge e sou uma das persona-
por completo a sua vida. Mas, no geral, é um bom irmão. Era casado com uma excelente mulher, D. Madalena de Vilhena, uma senhora simpática e afável, mas pouco segura de si mesma, talvez por ter sempre presente na sua vida a “morte” de seu primeiro marido, D. João de Portugal. D. Madalena apercebeu-se de que D. João está vivo, o que lhe arruinou completamente a vida. No entanto, não soube que este se fez passar pelo Romeiro, o que foi um pouco ingénuo da sua parte, pobre mulher! Eu logo percebi que era ele... Bom, continuando, D. Madalena e meu irmão tiveram uma filha maravilhosa, D. Maria, uma rapariga com grande atitude, sempre bem-disposta, apesar da sua grave doença, que acabou por não resistir aos sintomas! Que Deus cuide da sua pobre alma! Por último, Telmo Pais, o amo de D. Maria. Era um homem já com alguma idade, mas de grandes valores e muito respeitador. Sem dúvida alguma que fez um exímio trabalho com a educação da minha querida sobrinha. Foi, sem dúvida, um homem pelo qual tenho uma grande consideração. Perante a situação que vivi, senti que a Verdade não esteve sempre presente e resultado disso foi o desfecho de toda esta situação que a família de meu irmão viveu, não tanto pela mentira em si, mas pela retirada de D. João e a emissão da sua sobrevivência. Mas sempre soube que esta situação seria inevitável pois foi assim que o Senhor quis. Concluindo, e na minha condição de frade, sublinho que não devemos nunca subestimar a palavra de Deus pois ele é bom e nada faz ao acaso. Temos que zelar sempre pela verdade pois só assim concluímos o nosso principal objetivo, a Santidade.
gens constituintes da peça Frei Luís de Sousa, da autoria de Almeida Garrett. Há uns tempos atrás esta obra foi encenada pela turma do 11º A e, para que me conheçais melhor, irei escrever um pouco sobre a minha personagem. Como sabeis, sou frade. Os frades na época em que vivi não tinham muito cabelo (apenas nas laterais), talvez com o intuito de caminharem para a santidade, tal como Santo António, que também utilizava um corte de cabelo semelhante. É possível que a minha barriga possa ter algum volume, pois, caso não sabais, os frades cozinhavam excelentes iguarias. Apesar de ter um gosto especial por comida, nunca deixei que o pecado da gula me dominasse, pois sempre fui um homem consciente, responsável, bom e verdadeiro. A doutrina católica foi, sem dúvida alguma, uma excelente “escola” pois ensinou-me valores que, nos tempos em que os agora alunos do 11ºA vivem, já não se ensinam. Sempre fui certo em relação ao caminho que iria seguir, pois sempre soube que Jesus Cristo Nosso Senhor e Deus-Pai Todo Poderoso me diriam a Verdade e, por essa razão, zelei sempre pela mesma, pois Deus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Por ser frade, o meu principal objetivo foi, sem qualquer dúvida, mostrar a presença de Deus na vida de todas as pessoas e que nada acontece ao acaso. No entanto, a minha vida não se passou apenas no convento. Sou irmão de um pai de família, Manuel de Sousa Coutinho, um homem astuto, deterrminado e responsável, embora pudesse ser um pouco mais racional no que toca a decisões que lhe poderiam mudar
Lourenço Silveira
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Ato III, cenas VI, VII
A nossa
turma dramatizou algumas cenas da peça Frei Luís de Sousa. Na presente apreciação crítica iremos fazer uma breve reflexão sobre a encenação das cenas VII e VIII do ato terceiro. As personagens intervenientes são Telmo, D. Madalena, Frei Jorge e Manuel de Sousa, representadas por Lucas Souza, Ana Beatriz, Lourenço Silveira e Gustavo Sousa, respetivamente. Nestas cenas, D. Madalena encontra-se num grande desespero e agitação para falar com o seu marido, Manuel de Sousa, de modo a encontrar uma solução para a situação em que ambos se encontram, o reaparecimento de D. João de Portugal. No entanto, Manuel de Sousa já está determinado a entrar para o convento, tentando persuadir também D. Madalena a juntar-se a ele. Este mostra estar confiante na sua decisão, apesar de no fundo continuar a amar D. Madalena e Maria. Telmo tenta falar com D. Madalena para a demover da ideia de que D. João está vivo, uma vez que o prometeu ao Romeiro. Frei Jorge, tendo também conhecimento da verdade sobre a identidade de Romeiro, proíbe Telmo de o fazer, dizendo-lhe que é o mais correto, sugerindo então que D. Madalena e Manuel de Sousa sigam caminhos diferentes. A nosso ver, todos os elementos do grupo tiveram uma excelente prestação. No que diz respeito à interpretação das personagens, consideramos que as encarnaram bastante bem. Relativamente à expressividade, Manuel de Sousa e Frei Jorge foram quem mais se destacou, uma vez que apresentaram uma muito boa entoação na voz, transmitindo assim os seus sentimentos ao público. Apesar de Telmo e D. Madalena também terem tido um bom desempenho, achamos que em algumas falas poderiam ter mostrado mais expressividade. D. Madalena deveria ter-se revelado mais preocupada e desesperada, tendo em conta a sua situação, e Telmo, por sua vez, deveria ter-se demonstrado mais contrariado por ter quebrado a promessa feita ao Romeiro. Gostaríamos de salientar a boa utilização do espaço (uso da sala mais pequena presente no auditório e a entrada feita por Manuel de Sousa pelas escadas) e dos adereços, conferindo grande credibilidade às cenas em questão. Um dos aspetos mais cativantes e originais foi a utilização de vestuário adequado, destacando-se Frei Jorge pelo uso da alva e outros elementos característicos da Igreja. Numa visão geral, este grupo foi um dos melhores, pois revelou um grande desempenho, com grande expressividade e boa caracterização das personagens. Apesar de não terem decorado as falas (como grande parte dos grupos), isso não afetou a sua atuação e não os impediu de realizarem a dramatização com grande sucesso. Beatriz Duarte e Teresa Geada
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o auditório José Saramago, assistimos à representação das cenas VII e VIII do terceiro ato da obra Frei Luís de Sousa, de Almeida Garret. Nestas cenas, participam D. Madalena, Telmo Pais, Frei Jorge e Manuel de Sousa. Nesta parte da obra há um conflito entre as personagens devido à descoberta da identidade do Romeiro. Telmo Pais informa Frei Jorge sobre o pedido prévio de D. João de Portugal; no entanto, o frade rapidamente descarta a possibilidade de considerar o romeiro um impostor. No mesmo momento em que esta conversa decorre, D. Madalena opõe -se à decisão de Manuel de Sousa em relação à tomada do hábito, pois pretexta que não existem provas de que D. João de Portugal esteja vivo. D. Madalena foi representada por Ana Beatriz Costa. Consideramos esta uma personagem bastante emotiva e por isso, difícil de interpretar. No entanto, a atuação foi bem-sucedida destacando-se o seu desempenho, pois demonstrava a tristeza e o desespero da personagem através das suas expressões e gestos. Telmo Pais foi interpretado por Lucas Souza. Apesar de esta não ser uma personagem muito ativa nestas cenas, podemos destacar na sua prestação o seu tom de voz e a sua movimentação pelo espaço. Contudo, podemos mencionar alguns aspetos a melhorar, como, por exemplo, a entrega à personagem e as suas expressões que não estavam de acordo com o estado de espírito da personagem. Frei Jorge foi representado por Lourenço Silveira. Este papel foi bem desempenhado, pois o Lourenço encarnou a personagem de uma maneira excecional, conseguindo transmitir à audiência as suas motivações e a sua determinação perante a tomada do hábito de Manuel de Sousa e de D. Madalena. Por último, Manuel de Sousa foi interpretado por Gustavo Sousa. O seu desempenho foi notável pois, apesar da grande complexidade desta personagem, conseguiu transmitir as emoções sentidas por Manuel de Sousa. Gostaríamos de destacar o seu tom de voz, que demonstrava a sua melancolia e desgosto. Em relação aos aspetos a melhorar, gostaríamos de destacar a simplicidade do cenário, pois consideramos que poderiam ter feito um melhor aproveitamento do espaço. Para além disso, os adereços não foram suficientes para nos transportarem temporalmente para a época, pondo de parte o Lourenço, que tinha um traje adequado à sua personagem. Para concluir, consideramos que no geral, a peça foi bem-sucedida e emotiva, pois através do discurso de D. Madalena e Manuel de Sousa, foi possível compreender e sentir a angústia e a ansiedade das personagens.
Beatriz Borrego e Mariana Santos
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