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2 As turmas B e D do 12º ano realizaram um trabalho de grupo que envolveu as disciplinas de Português e Biologia intitulado: “Leituras partilhadas sobre Património genético.” O produto final deste trabalho foi um poster científico elaborado por cada grupo, tendo a avaliação sido feita pelos professores das duas disciplinas envolvidas. Após a elaboração dos pósteres, os alunos realizaram comunicações orais, explicitando alguns aspetos que, nos pósteres, foram apresentados de forma muito resumida. Esta atividade pretendeu: • Valorizar os conhecimentos sobre genética em interação com o meio ambiente, no desenvolvimento de uma atitude cientificamente informada e responsável promotoras da saúde, bem-estar e melhoria da qualidade de vida do indivíduo. • Estimular o gosto pela leitura científica, fulcral na formação individual coerente e consistente com as escolhas e tomada de decisões ao longo da vida. • Desenvolver o espírito crítico, o pensamento criativo e a dimensão ética da ação humana. • Propiciar oportunidades de aprofundamento da criatividade. • Melhorar competências de informação e comunicação, linguagens e textos, argumentação oral e escrita.

Na sequência do projeto: “O mar dá bom clima” desenvolvido pela Ocean Alive (ano letivo 2019-2020), em que a nossa escola participou com uma turma de 8º ano, surgiu o convite para a realização de quatro palestras pela bióloga Diana Rodrigues, cujo trabalho de investigação para o doutoramento tem por base o estudo da poluição marinha por microplásticos na zona de Setúbal. A comunicação dos resultados obtidos e a metodologia do trabalho do investigador foram os pilares destas palestras, em que participaram alunos do 9º e 12º anos presencialmente e uma turma de 8º ano a distância.

Carlos Bico

Na disciplina de Biologia, no âmbito do domínio Reprodução e Manipulação da Fertilidade e em articulação com a Promoção e Educação para a Saúde e com a Educação para a Cidadania, os alunos de 12.º ano, turma C, desenvolveram trabalhos onde foram analisados temas como: Métodos Contracetivos; Diagnóstico de Infertilidade; Infeções Sexualmente Transmissíveis e as Formas de Prevenção; Maternidade e Paternidade; Direitos Sexuais e Reprodutivos; A lei e a Bioética associadas à Manipulação da Fertilidade Humana. No domínio Património Genético, foram elaborados pósteres científicos que tiveram como base Genes, Genomas – temas que se tornaram cada vez mais importantes na nossa vida quotidiana, mas sobre que é difícil manter-nos informados, de tal forma as novas descobertas se sucedem a um ritmo cada vez mais acelerado. Além do que, sobre inúmeros temas como a clonagem, a engenharia genética e os organismos geneticamente modificados, produzem-se complexas interações entre três níveis do saber: a ciência fundamental, as aplicações práticas e as implicações sociais. A leitura de obras, relacionadas com a genética, foi uma forma de se aprofundar o conhecimento nesta área. Importa que os jovens fiquem preparados para enfrentar com confiança as questões científico-tecnológicas que a sociedade lhes coloca, que sejam capazes de ponderar criticamente os argumentos em jogo, de modo a formularem juízos responsáveis e, assim, participarem nos processos de tomada de decisão. Isilda Silva

Grafismo

Colaboradores

Miguel Boullosa

Logotipo

Bernardo Botelho

Coordenação Alexandra Cabral

Adrian Maia Alexandre Inácio Ana Sofia Azevedo António Raimundo Afonso Nascimento António Torres Beatriz Badalo Bruna Fernandes Caio Faria Carlos Bico Carolina Frischknecht Carolina Sousa Danilo Victor David Bernardo David Santos Diego Silva Diogo Silva Dinis Pereira Filipe Carvalho

Gabriela Silva Gonçalo Santos Gonçalo Resende Guilherme Reis Inês Lopes Isabella Oliveira Isilda Silva Joana Barbosa; Joana Tavares João Oliveira João Perdigão João Soares João Silva Lara Mateus Leonor Batalha Luís Chatinho Madalena Faria Mafalda Nascimento Manuel Gonçalves Maria Azevedo Maria Deitado Mariana Domingues

Mariana Lopes Mariana Sousa Margarida Matias Margarida Miguel Marta Mégre Matilde Couto Matilde Lourenço Pedro Correia Pedro Ribeiro Pedro Rolão Rafael Auxtero Rafael Reis Ricardo Marques Rita Aleixo Rita Pereira Rodrigo Pereira Salvador Figueiredo Sofia Chirkova Sofia Costa Sofia Duarte Sofia Fernandes Tiago Teles


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Palestra Microplásticos na água, fundo e peixes no mar da Arrábida Introdução No passado dia 9 de fevereiro, a bióloga marinha Diana Rodrigues disponibilizou-se para dar uma palestra aos alunos do ensino secundário, acerca da sua tese dedicada à poluição por microplásticos em Portugal, nomeadamente na zona costeira do Parque Natural da Arrábida, e aos impactos da ingestão destas partículas em espécies marinhas de peixes. Assim, na palestra a bióloga esclareceu a definição de microplásticos e qual a sua origem, como estes afetam os ecossistemas marinhos e que ações podemos praticar no nosso quotidiano para evitarmos a poluição oceânica de microplásticos.

O que são microplásticos e qual a sua origem? Os microplásticos são fragmentos de material plástico cujo tamanho pode variar entre 0.1 μm (1.10⁻⁶ m) e 5 mm. No entanto existem também nanoplásticos, partículas de plástico cujo tamanho varia entre 1 e 100 nanómetros (nm) (0.001 μm - 0.1 μm), e macroplásticos, que são fragmentos plásticos de maiores dimensões, com um tamanho superior a 5 mm. Para além disso, os microplásticos podem assumir diversos formatos, sendo, por vezes, fragmentos irregulares e com arestas vivas, esféricos ou fibras.

Fig. 1 - Microplásticos de diversas dimensões e formas. Os microplásticos podem também ser compostos por diferentes tipos de plástico, no entanto, os mais comuns são o PET (Polietileno tereftalato), o PEAD (Polietileno de alta densidade) e o PVC (Policloreto de Vinilo).

Fig. 2 - Símbolos dos tipos de plástico mais comuns. Através da presença destes símbolos num objeto podemos deduzir o tipo de plástico que o constitui.

Os microplásticos podem ser divididos em duas categorias principais, de acordo com a sua origem: microplásticos primários e secundários.

Microplásticos primários Os microplásticos primários são pequenos pedaços plásticos fabricados intencionalmente adicionados para fins específicos incluindo fertilizantes, produtos fitofarmacêuticos, cosméticos, detergentes domésticos e industriais, produtos de limpeza e tintas. São normalmente utilizados como abrasivos (por exemplo, sob a forma de agentes esfoliantes e de polimento presentes em produtos cosméticos, conhecidos como «microesferas»), no entanto também podem assumir outras funções como o controlo da espessura, da aparência e da estabilidade de um produto. São também utilizados para dar brilho sob a forma de “glitter” em produtos cosméticos ou em tintas.

Microplásticos secundários - Os microplásticos secundários são microplásticos formados não intencionalmente devido ao uso e desgaste de pedaços maiores de plástico. Estes resíduos podem ser fragmentados de diversas maneiras: degradação por exposição à luz, degradação fotoquímica, ou através de processos químicos e biológicos. O tempo a que os materiais plásticos estão expostos aos processos de degradação vai influenciar as dimensões dos microplásticos. Deste modo, a grande maioria dos materiais plásticos como embalagens, pneus e palhinhas acabam por sofrer fragmentação e originar microplásticos. Outra origem de microplásticos são as fibras sintéticas como por exemplo poliéster, nylon, acrílicos e elastano, uma alternativa barata a fibras naturais como algodão e lã, que são adicionadas aos tecidos para os tornar mais baratos e de modo a conferir elasticidade ou impermeabilidade. Estas fibras sintéticas podem ser removidas das roupas durante a sua lavagem ou secagem e ser transportadas pela água residual até aos cursos de água e posteriormente para o oceano, onde persistem em suspensão.


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Quais são os impactos ambientais dos microplásticos? Quando se pensa nos possíveis impactos ambientais da poluição gerada pelos microplásticos, admite-se que esta apenas afeta o ecossistema marinho. No entanto, esta poluição tem uma influência muito mais abrangente, seja direta ou indiretamente. Assim, os organismos marinhos acabam por ingerir os microplásticos, pois, pelas dimensões destes materiais, não conseguem distingui-los do plâncton, e, desta forma, ou morrem ou propagam estes plásticos por toda a cadeia alimentar, até ao consumidor de última ordem, o ser humano. E de que forma poderá esta pequena percentagem de microplásticos ingerida afetar o nosso organismo? Esta pesquisa ainda está a ser explorada, mas, desde já, podemos afirmar, com certezas, que não terá nenhum impacto benéfico.

O que podemos fazer para evitar a poluição de microplásticos nos ecossistemas? Com intuito de minimizar a nossa pegada ecológica, podemos adotar certas medidas amigas do ambiente, como: limpar o filtros das máquinas de secar a roupa (para evitar a poluição das águas pelas fibras das roupas); ter sempre em mente a política dos 7 R’s (repensar, recusar, reduzir, reparar, reintegrar, reciclar e reutilizar); evitar o uso de utensílios de plástico descartáveis, como palhinhas ou talheres de plástico, e o uso de produtos de cosmética que contenham microesferas, como esfoliantes para a cara ou corpo; não deitar lixo para o chão (uma das regras mais simples, mas

Manipulação Biotecnológica da Fertilidade Humana DIAGNÓSTICO DE INFERTILIDADE Mariana Sousa; Mariana Lopes; Sofia Chirkova Escola Secundária du Bocage 12.º ano – Turma C Palavras-chave: Infertilidade; Gravidez; Sistema Reprodutor; Hormonas; Gâmetas Este trabalho tem como objetivo desenvolver o tema da infertilidade humana. Este é um dos principais problemas que afeta uma grande parte dos casais, levando, frequentemente, a um grande stress entre os parceiros, o que pode resultar em consequências negativas para a saúde mental de ambos e influenciar o ambiente familiar. Para ocorrer uma gravidez natural, ou seja, o desenvolvimento de um novo ser é necessário haver fecundação que corresponde ao momento em que o espermatozoide consegue penetrar o óvulo. Após a fecundação, há formação do zigoto, que irá se desenvolver e formar o embrião e, posteriormente, o feto. Algum problema neste processo, pode ocorrer devido à infertilidade de um dos membros do casal ou ambos. A

também das mais ignoradas); optar por um vestuário à base de algodão puro, ao invés, de roupas de fibras sintéticas (à base de polímeros de plástico) e reduzir as lavagens destes materiais sintéticos; etc.

Conclusão Os seres humanos geraram cerca de 8,3 bilhões de toneladas métricas de plástico desde 1950. Apenas 9% dos resíduos plásticos são reciclados e a grande maioria acaba em aterros e no meio ambiente, onde se desagrega em micropartículas que poluem as águas e o ar, prejudicam a fauna marinha e, finalmente, são ingeridas pelos seres humanos. Os microplásticos representam um sério problema nos ecossistemas marinhos e para o ser humano, surgindo como uma profunda marca da ação humana na natureza. Uma noção de responsabilidade também se acresce a nós, setubalenses, pelo facto de termos dois dos mais importantes santuários marinhos, o Parque Natural da Arrábida e o Parque Marinho Professor Luiz Saldanha. Assim, devemos ter em mente a importância da sua preservação, contribuindo através de uma boa e consciente utilização dos diversos tipos de plásticos. Tal como a bióloga Diana referiu na sua palestra, cada um de nós possui o dever de agir para combater este problema. Face a um problema que apresenta dimensões tão globais e impactos tão profundos, a união do esforço e determinação individual humano é essencial.

"A diferença começa pela ação individual de cada pessoa." Leonor Batalha e Manuel Gonçalves

infertilidade é a incapacidade/dificuldade de um casal engravidar ou levar a gravidez até ao seu termo natural, tendo relações sexuais sem o uso de métodos contracetivos, num período de 1 ano. Existem 2 tipos de infertilidade, a infertilidade primária, quando não existem antecedentes de gravidez, sendo este tipo o mais comum e infertilidade secundária, quando existem antecedentes de gravidez e verifica-se uma dificuldade em engravidar novamente. Muitas vezes os conceitos de esterilidade e infertilidade são considerados sinónimos, mas existe uma grande diferença. Ao contrário da infertilidade, a esterilidade é a incapacidade absoluta de um indivíduo ou casal de engravidar. No caso do homem, a infertilidade corresponde à incapacidade de produzir espermatozoides em quantidades suficientes e/ou que sejam viáveis, ou seja, que consigam fecundar o óvulo e provocar uma gravidez. Outros fatores que podem levar à infertilidade masculina são problemas anatómicos ou fisiológicos ao nível do aparelho reprodutor, gametogénese anormal e anomalias bioquímicas nos espermatozóides. Estes problemas podem ser causados por diversos motivos, entre estes temos doenças sexualmente transmissíveis, infeções urinárias, varicocele, que corresponde à dilatação das veias testiculares, e problemas genéticos, como a síndrome de Klinefelter. Distúrbios hormonais, como a andropausa, e malformações congénitas, como hipospadias, caracterizada pela abertura anor-


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mal da uretra, e criptorquidia, caracterizada pela posição incorreta dos testículos também contribuem para a infertilidade. No caso da mulher, vários fatores podem influenciar a sua fertilidade. Dentro destes destacam-se a ausência da ovulação, ou seja, a incapacidade de desenvolver oócitos maduros ou de os libertar, ovulação pouco frequente, problemas anatómicos ou fisiológicos ao nível do aparelho reprodutor e a inibição da nidação ou rejeição do embrião após esta fase. As mulheres nascem com uma quantidade definida de folículos ováricos, que diminui gradativamente com a idade, e, consequentemente, diminui também a sua capacidade de gerar um novo ser. Entre as principais causas de infertilidade na mulher destacam-se doenças crónicas, menopausa precoce, problemas genéticos e alterações hormonais, que podem ser causadas pela síndrome de Ovário Poliquístico (SOP), pela secreção reduzida da hipófise, pelo excesso de prolactina e por doenças da tiróide. Problemas a nível estrutural do aparelho reprodutor feminino, como a endometriose, caracterizada pelo crescimento do endométrio em locais para além do útero, a inflamação das trompas, que impede o encontro do óvulo com o espermatozóide, e alterações no útero, como o útero septado contribuem para a infertilidade. Para além de todos os problemas mencionados até agora, infeções nos órgãos reprodutores causadas por fungos, vírus ou bactérias que irritam o útero, as trompas e os ovários podem dificultar a gravidez. Também é importante mencionar que o estilo de vida do casal pode influenciar a fertilidade de ambos, como o sedentarismo, o stress e o consumo de álcool e tabaco. Para diagnosticar a infertilidade é importante realizar um exame físico a ambos os membros do casal. Na mulher, são realizadas análises hormonais, ecografias, para observar o estado dos ovários e útero, histerossalpingografias, que permitem verificar o estado das trompas de Falópio através de um raio-X e histeroscopia de diagnóstico, para observar o útero através de uma sonda. No homem, são realizados espermogramas, com o objectivo de avaliar a qualidade do esperma, testes à presença de anticorpos, testes de migração de espermatozoides e testes de fragmentação do DNA, que avaliam a integridade do material genético constante na

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cabeça dos espermatozóides. Hoje em dia, felizmente, a infertilidade já não é vista como um motivo de vergonha, mas sim, como uma doença que pode ser tratada. Os principais objetivos dos tratamentos para a infertilidade são: tratar a causa da infertilidade, se possível, aumentar a probabilidade de ocorrer fecundação e reduzir o tempo necessário para engravidar. Isto pode ser feito através do uso de medicamentos com hormonas que estimulam a ovulação, corrigindo o problema e aumentando as chances de a mulher engravidar naturalmente no caso de pacientes com a síndrome de Ovários Poliquísticos e que sofrem de alterações hormonais. Por outro lado, a cirurgia é um dos processos mais utilizados quando se fala de endometriose, de inflamações e infeções nas trompas de Falópio e no útero. No homem, quando o paciente tem problemas na ejaculação, como ejaculação retrógrada ou ausência de ejaculação, o tratamento consiste no uso de medicamentos que favorecem a saída do esperma. Quando é verificado pelo médico a dilatação nas veias indicativa de varicocele, a recomendação é que seja feita cirurgia para solucionar o problema. Como alternativa, para o casal, é possível que o médico utilize técnicas de reprodução assistida, tais como a técnica de inseminação intrauterina, a fertilização in vitro (FIV) e a microinjeção de gâmetas. Neste trabalho, ao aprofundarmos o tema da infertilidade humana, pudemos concluir que este problema tem uma incidência nos casais bastante elevada, sendo que a probabilidade de a infertilidade ter origem no homem ou na mulher é bastante semelhante. Ao compreender as diferentes causas desta condição, é possível, com acompanhamento médico, encontrar a solução e tratamento mais adequados para cada família. Desta maneira, a infertilidade já não é considerada um obstáculo impossível de resolver, devido ao avanço tecnológico e aos inúmeros tratamentos atualmente disponíveis.

truir a população relativamente aos cuidados e proteções a tomar no âmbito de diminuir o índice de transmissibilidade de infeções sexuais. As infeções sexualmente transmissíveis (IST’s) são DESENVOLVIMENTO DA SEXUALIDADE doenças infecto-contagiosas transmitidas através do contacto sexual, por via sanguínea ou por via maternoInfeções de transmissão sexual e as formas fetal (durante a gravidez, o parto ou a amamentação). Estas infeções também podem ser transmitidas por de prevenção meio não sexual, através do contato de mucosas ou de António Torres; Leonor Batalha; Mafalda Nascimento pele não íntegra com secreções corporais contaminadas. Se não forem tratadas adequadamente, as IST’s poEscola Secundária du Bocage dem ter graves implicações para a saúde sexual e re12.º Ano de escolaridade – Turma C produtiva do indivíduo ou até mesmo levar a pessoa à morte. Assim, a contração destas infeções pode causar: Palavras-chave: IST’s; prevenção; sintomas; agen- infertilidade ou esterilidade em ambos os sexos; inflates infeciosos; transmissão. mação nos órgãos genitais masculinos, podendo causar impotência; inflamação no útero, nas Trompas de Falópio e nos Nos dias de hoje, é de uma elevada importância ins- ovários, podendo provocar uma infeção corporal; uma maior


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probabilidade de desenvolver cancro no colo do útero e no pénis; o nascimento precoce, malformações corporais do bebé, morte do mesmo na barriga da progenitora ou morte pós-natal. As IST’s podem ser provocadas por diversos agentes infeciosos, como vírus, fungos, bactérias ou parasitas unicelulares. Algumas das principais IST’s são a SIDA, a gonorreia, a sífilis, a clamídia, o herpes genital, o HPV e a hepatite B. A SIDA é provocada pelo vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), que ataca o sistema imunológico, deixando a pessoa infetada, designada por seropositiva, mais debilitada e sensível a outras doenças. A gonorreia é causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, que infecta o revestimento da uretra, do colo do útero, do reto e da garganta ou das membranas que cobrem a parte frontal do olho. A gonorreia costuma ser evidente nos homens, porém é comum passar despercebida nas mulheres. A principal manifestação clínica da gonorreia é a uretrite (inflamação da uretra), tendo como principais sintomas, por exemplo, a urgência para urinar e a inflamação na ponta do pénis (no orifício da uretra). A sífilis é uma infeção causada pela bactéria Treponema pallidum. Esta bactéria entra pelas mucosas ou pela pele, alcança os gânglios linfáticos regionais e rapidamente se dissemina ao longo do corpo. Esta infeção tem cura e o tratamento pode ser realizado através de injeções de penicilina, de acordo com a fase da doença em que o paciente se encontra. Os primeiros sintomas são feridas indolores no pénis, no ânus ou na vulva que, se não forem tratadas, desaparecem espontaneamente. Contudo, os sintomas têm tendência a evoluir, variando de acordo com a fase da infeção. A clamídia é uma doença infecciosa causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. Esta pode ser facilmente curada através do uso de antibióticos ao longo de 7 dias. No entanto, para garantir a cura, durante esse período é aconselhado que se evite o contacto íntimo desprotegido. Os sintomas mais comuns nas mulheres são corrimento amarelado ou claro, sangramento espontâneo e dor ao urinar. Por sua vez, nos homens os sintomas mais observados são ardência ao urinar e dor nos testículos. O herpes genital é uma infeção causada pelo vírus do herpes simples (HSV), que se caracteriza pelo surgimento de pequenas bolhas e úlceras dolorosas na região genital. Apesar de ser uma infeção que pode ser tratada e controlada, não existe cura para o herpes genital. Assim, quem tem contato com o HSV fica contaminado para o resto da sua vida, podendo

ou não manifestar sintomas recorrentes da infeção. A maioria das pessoas que são infetadas por este vírus não desenvolve a doença, permanecendo assintomáticas e sem sequer ter conhecimento do contágio. Contudo, estas continuam a ser hospedeiras do vírus, podendo transmiti-lo a outros indivíduos, daí o índice de contágio desta infeção ser bastante elevado. O Papilomavírus humano (HPV) é um vírus com mais de 200 variantes, associado a diversas doenças como as verrugas da pele, as verrugas genitais, a papilomatose do recém-nascido, e diversos cancros, dos quais se destacam o cancro da pele, o cancro do colo do útero e o cancro do canal anal. A infeção por HPV é a infeção viral de transmissão sexual mais frequente nos adolescentes. A vacinação é uma medida eficaz na sua prevenção, porém só previne algumas variantes do vírus. A hepatite B é uma doença infeciosa que atinge o fígado, sendo causada pelo vírus B da hepatite (HBV). Os sintomas presentes estão associados às doenças crónicas do fígado e costumam manifestarse apenas em fases mais avançadas da doença, na forma de cansaço, tonturas, enjoos ou vómitos, febre e dores abdominais. Os principais fatores de risco para a contração de IST’s são a utilização incorreta ou a não utilização do preservativo, o início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros sexuais, má higiene, partilha de brinquedos sexuais, entre outros. A melhor estratégia para prevenir o aparecimento de uma IST é a prática de sexo mais seguro e o preservativo é o método mais eficaz para tal. É também fundamental estar consciente dos riscos, sobretudo quando se desconhece o estado clínico dos parceiros sexuais. Outra forma de detenção passa por, assim que aparecem os primeiros incómodos ou lesões nas zonas genitais, consultar um médico. É essencial para a prevenção destas infeções de transmissão sexual a realização periódica de exames para o seu despiste, uma vez que os sintomas podem ser difíceis de detetar. Em conclusão, é importante sensibilizar e alertar a população, principalmente os jovens, sobre os cuidados a ter durante as relações sexuais para, assim, minimizar a propagação destas infeções. O uso correto do preservativo é a única forma de prevenir a transmissão destas infeções por via sexual. É também de igual importância realizar periodicamente exames ginecológicos e urológicos, de forma a detetar atempadamente uma possível IST.


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Maternidade e Paternidade Afonso Nascimento, Carolina Frischknecht, David Santos Escola Secundária du Bocage 12º ano -Turma C Palavras Chave: parentalidade; coparentalidade; estilos parentais É do conhecimento geral que a infância se trata do estágio mais formativo da vida de um indivíduo, na qual este se dedica a explorar o mundo que o rodeia e a comunidade em que se insere. Para isto, é necessário ser-lhes fornecido um ambiente e direção apropriados, cabendo esta tarefa aos seus pais: o nosso trabalho abordará então o modo como os comportamentos parentais afetam os seus filhos, tanto física e psicologicamente, como no modo como estes vêm a interagir com a sociedade. A escolha feita pelos pais sobre como educar os filhos vem em primeiro lugar quando pensamos sobre o modo como a maneira de agir destes afeta a vida das crianças. O sistema usado por Diana Baumrind para classificar os estilos parentais de cada família apresenta-se como o mais popular hoje em dia: de acordo com Baumrind, há três principais tipos de estilo, o autoritário, o permissivo e o autoritativo. Em primeiro lugar temos o estilo autoritário, caracterizado pela importância dada ao respeito pela autoridade e à obediência. Pais autoritários recorrem a práticas punitivas mais exigentes e praticam pouca flexibilidade na imposição de regras. O estilo permissivo, pelo contrário, é característico de pais que não tentam alterar ativamente os comportamentos dos filhos, recorrendo a explicações ou manipulações para conseguirem a sua obediência. Finalmente, o estilo autoritativo apresenta-se como um meio termo entre os dois anteriores: pais autoritativos valorizam nos filhos tanto a autonomia como a obediência, e mostram-se dispostos a discutir com eles as suas medidas educativas e a comunicar. É ainda considerado um quarto estilo, o negligente, embora este se trate praticamente da total ausência de parentalidade. Como é de esperar, a falta da presença da educação e cuidado por parte dos pais reflete-se severamente na psique das crianças, que tendem a desenvolver problemas mentais ao crescer, e são mais propensos a se virarem para a delinquência.

Embora a classificação de Baumrind seja mais eficaz na teórica do que na prática, há um consenso em como crianças que viveram com pais permissivos se tornam mais dependentes, e podem até vir a desenvolver problemas comportamentais e má performance escolar; e em como pais autoritários criam crianças mais agressivas, ressentidas e com maiores problemas de autoestima. Efetivamente, os pais autoritativos parecem ser os mais bem sucedidos: o balanço entre o afeto e a autoridade mais facilmente permite criar crianças com boas capacidades de interação e de adaptação à sociedade. O sistema familiar é dependente não só da relação entre os pais e os filhos, como da relação entre ambos os pais. Por este motivo, o divórcio e o efeito que este tem nas crianças tem sido arduamente estudado ao longo dos anos. A mudança ambiental pode causar uma parafernália de sentimentos negativos nas crianças, chegando até a casos de depressão ou ansiedade, caso não haja um bom manejo da situação. A existência de um ambiente hostil e de constantes discussões irá sempre piorar um contexto que só por si já gera confusão na vida da criança. Surge assim o conceito de coparentalidade. Inicialmente surgido para descrever dinâmicas familiares em casais divorciados, hoje em dia este conceito aplica-se a qualquer casal que assuma a educação e cuidado de uma criança, independentemente da relação que possa existir entre eles. Este sistema centrase na ideia de responsabilidade partilhada, e de que ambos os progenitores têm responsabilidades e direitos iguais ao educar uma criança, sendo que a relação entre ambos não deve interferir no seu bem estar. Podemos ainda constatar que a própria saúde dos pais, tanto física como mental, tem um importante impacto nas vidas das crianças. A saúde mental dos cuidadores impacta diretamente a saúde mental das crianças: dependendo de fatores como a idade da criança e a severidade da doença, os filhos podem chegar a desenvolver sintomas que espelham os dos próprios pais. Vários estudos mostram que, por exemplo, filhos de pais com depressão são mais sensíveis a desenvolverem eles próprios depressão, o mesmo aplicando-se a filhos de pais com ansiedade. O mais importante neste caso será a comunicação. A negação é muito comum nestes casos, em que os pais acham que manterem uma imagem de força e saúde perante os filhos lhes proporcionará uma sensação de segurança. O mais correto, no entanto, seria abrir-se para com eles, falar sobre o que está mal, ensiná-los a enfrentar os próprios problemas com coragem, mesmo que isso signifique expor as suas fragilidades. Além disso, este comportamento ajudará também as crianças a confiar neles e a


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procurá-los como ajuda no futuro, ao invés de esconderem os próprios receios e problemas dos pais. Finalmente, é relevante indicar que todos os fatores anteriormente mencionados não existem num vácuo. Estilos parentais alteram-se de família para família e ao redor do mundo; e doenças mentais vêm

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Métodos contracetivos - não naturais Recursos e serviços, em matéria de saúde sexual e reprodutiva, na sociedade Carolina Sousa; Joana Tavares; João Oliveira Escola Secundária du Bocage 12º ano - Turma B Palavras-chave: Contraceção; Fecundação; Vida sexual; Planeamento familiar; Saúde O estudo dos métodos contracetivos leva a uma maior consciência da sociedade e à normalização do assunto, permitindo minimizar erros comuns no passado, como gravidezes indesejadas ou transmissão de ISTs (infeções sexualmente transmissíveis). O investimento nesta área leva, consequentemente, a uma melhor saúde pública e a uma evolução da sociedade. Este trabalho foi feito no âmbito das disciplinas de Português e de Biologia, uma vez que se encontra de acordo com a matéria lecionada e os objetivos específicos das disciplinas. A área da saúde sexual apresenta bastantes vertentes, mas este trabalho dará especial ênfase aos métodos contracetivos não naturais e aos recursos e serviços disponíveis para a população portuguesa, relativamente a este tópico. Para a realização deste trabalho, recorremos à Internet, a estudos de médicos especialistas na área, a páginas informativas de hospitais portugueses, por exemplo do Hospital Lusíadas, e a informações adquiridas noutros anos letivos em aulas de educação sexual ou através de familiares ou educadores. Os métodos contracetivos não naturais impedem a gravidez através de dispositivos locais, de medicamentos com hormonas sexuais sintéticas ou de intervenção cirúrgica. Estes podem classificar-se como métodos de barreira, intrauterino, cirúrgicos ou de emergência. Os métodos intrauterinos são utilizados no interior do sistema reprodutor da mulher, no útero. O Dispositivo Intrauterino (DIU) é um pequeno dispositivo em forma de T constituído por hastes finas, que é introduzido na cavidade uterina com o objetivo de evitar a gravidez. Pode ter vários formatos, libertar hormonas (designado SIU: Sistema Intrauterino) e ser constituído por cobre ou prata. Este método garante contraceção durante 5 a 7 anos ou até mais conforme os casos, no entanto, pode haver aumento das dores

muitas vezes exacerbar problemas já existentes no seio familiar. A educação e saúde das crianças muitas vezes, encontra-se fora do alcance dos pais, dependendo de fatores como condição social, cultura e mesmo relações extrafamiliares. menstruais e do fluxo sanguíneo durante a menstruação e não protege das ISTs. Os métodos de barreira impedem a passagem dos espermatozoides para as trompas de Falópio, impedindo a fecundação. Um exemplo deste tipo de método contracetivo são os preservativos masculinos e femininos, o diafragma e o espermicida. Os preservativos são feitos de látex e vêm previamente lubrificados. É o método mais usado no mundo pois é bastante acessível, protege contra ISTs e é 98% eficaz, apesar de haver o risco de se romper. Outro método é o diafragma que consiste numa membrana de silicone em forma de cúpula, envolvido por um anel flexível. Esta membrana diminui a ocorrência da doença inflamatória pélvica, porém, é difícil de colocar e pode provocar irritação vaginal. Existe ainda o espermicida, constituído por substâncias que diminuem as capacidades de fecundação dos espermatozoides e os destroem e que pode ser adquirido sem prescrição médica. Contudo, tem uma taxa de eficácia entre 94% e 74%, menor do que outros métodos e leva a um maior risco de infeção urinária e possíveis reações alérgicas tanto no homem como na mulher. Os métodos cirúrgicos são formas de contraceção permanente e definitiva, logo, apenas se deve recorrer a estes métodos quando se está seguro de que não se pretende ter filhos ou se houver algum problema de saúde que obrigue a que esta medida seja tomada. Tanto a vasectomia como a laqueação de trompas consistem no corte/obstrução dos canais que guiam os gâmetas (espermatozoides e oócitos II) impedindo assim a sua união, a fecundação. É um método que apresenta bastantes vantagens para casais que não pretendem ter filhos, uma vez que tem 99% de eficácia, mas também desvantagens, como o preço elevado e as possíveis complicações após a cirurgia. A contraceção de emergência é utilizada na ocorrência de uma relação sexual desprotegida ou numa falha do método contracetivo utilizado (por exemplo: o preservativo romper). Este bloqueia ou atrasa a ovulação, impede a fertilização e impede a nidação. Pode ser utilizada até 5dias após a relação, mas quanto mais cedo for utilizada maior a eficácia (de preferência dentro das 24h seguintes). Após 3 semanas da contraceção de emergência, é aconselhável fazer um teste de gravidez. A contraceção de emergência é a única forma de poder evitar uma gravidez após uma relação sexual desprotegida, mas não protege contra as ISTs e não deve ser consumido em excesso, no caso da “pílula do dia seguinte”. Na nossa sociedade existem vários recursos associados à saúde sexual, bem como várias organizações que se dedicam somente a educar e ajudar a população no contexto da vida e saúde sexual, como, por exemplo, a Associação para o Planeamento da Família (APF). A APF ajuda os indivíduos a fazerem esco-


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lhas livres e conscientes no âmbito da vida sexual e reprodutiva, contribuindo para a igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres, no contexto dos Direitos Humanos. Esta tem advogado alterações legais e políticas, garantindo a saúde sexual dos indivíduos, uma maternidade/paternidade segura e responsável, a prevenção do recurso ao aborto, a prevenção de ISTs, apoio de pessoas e casais em situação de infertilidade e a prevenção da discriminação e violência com base no género. Existem atualmente várias iniciativas de consciencialização para a normalização deste tema, como, por exemplo, aulas de educação para a cidadania e educação sexual, intervenções de promoção da saúde, trabalho com mães adolescentes e grupos vulneráveis, projetos de ajuda a vítimas de abusos sexuais, entre outras.

Manipulação biotecnológica da fertilidade humana INFERTILIDADE MASCULINA João Silva; Matilde Lourenço; Rafael Auxtero Escola Secundária du Bocage 12.º ano –Turmas B/D Palavras-chave: Infertilidade masculina; Espermograma; Reprodução Medicamente Assistida. No âmbito da disciplina de Biologia, após o estudo da gametogénese (produção de gâmetas que permitem a fecundação), surge a necessidade de compreender o porquê de em certos casos a fecundação não ocorrer. Existem diversas hipóteses para não ocorrer a fecundação, entre elas a infertilidade masculina, tópico deste trabalho. Assim este trabalho tem como objetivos explicar o que é a infertilidade masculina, as suas causas, métodos de prevenção e os recursos e serviços disponíveis na comunidade para indivíduos inférteis. A infertilidade é clinicamente definida como a incapacidade de conceber um filho ou de levar uma gravidez a termo após um ano de relacionamento sexual regular e sem utilização de contracetivos. Tem-se observado um aumento da infertilidade nos países desenvolvidos, devido ao adiamento da idade de conceção, à existência de múltiplos parceiros sexuais, aos hábitos sedentários e ao consumo excessivo de gorduras, tabaco, álcool e drogas, bem como aos químicos utilizados nos produtos alimentares e aos libertados na atmosfera. As principais causas da infertilidade são: •Diminuição da qualidade do esperma (alteração do espermograma). •Criptorquidia (descida incompleta dos testículos) causa azoospermia secretora (produção insuficiente de espermatozoides), também as anomalias do cariótipo (mutação cromossómica) causam azoospermia secretora. •Ejaculação retrógrada (o sémen reflui para a bexiga urinária) e anejaculação (ausência de

O direito ao Planeamento Familiar é garantido a todos pela Constituição da República Portuguesa, pela Lei nº3/84 e reforçado pela Lei nº 120/99. Esta lei determina que os métodos contracetivos sejam fornecidos gratuitamente nos centros de saúde e hospitais públicos e o direito destes a todas as pessoas, independentemente do seu estado civil. Em suma, os métodos contracetivos não naturais impedem a gravidez através de dispositivos locais, uns mais eficazes e seguros do que outros, mas que têm como principal objetivo melhorar a vida sexual de cada indivíduo de acordo com os seus ideais, ambições e estilo de vida. Cada indivíduo pode, ainda, recorrer a uma consulta de Planeamento Familiar, de modo a descobrir o método que melhor corresponde às suas necessidades e desejos.

ejaculação). •Azoospermia obstrutiva (obstrução dos canais deferentes e/ou dos epidídimos). •Lesões no escroto e tumores malignos. •Varicocele (doença que provoca uma dilatação das veias do escroto). Além destas causas existem determinadas profissões que são mais propícias a desenvolver infertilidade, como é o caso dos ciclistas, camionistas (pessoas que de forma geral passam muito tempo numa situação de pressão para os seus testículos). No entanto, nos dias de hoje existem já na nossa sociedade diversos recursos e serviços que ajudam indivíduos inférteis. Em Portugal, a organização que mais procura ajudar estes indivíduos é a Associação Portuguesa de Fertilidade, que oferece, além de um leque diverso de tratamentos tanto para a fertilidade masculina como para a fertilidade feminina, ajuda psicológica. Esta associação apoia estes indivíduos, promove centros de tratamento de infertilidade, informa, forma uma rede de apoio psicológico e educa a sociedade divulgando métodos de preservação e prevenção. A prevenção a nível da infertilidade passa por manter hábitos saudáveis como: ter uma nutrição equilibrada, praticar desporto cerca de 3x/semana, utilizar calças largas e ventiladas, não consumir tabaco, álcool e substâncias tóxicas, manter um sono regular e aos 18 anos realizar um espermograma para despiste. Felizmente nos dias que correm existem várias formas de combater a infertilidade, como: •Tratamento hormonal •Cirurgia •Extração cirúrgica de espermatozoides •Tratamento com recurso a procriação medicamente assistida (PMA) e/ou utilização de um dador. Dentro da PMA existem diversos processos, como, por exemplo, a fertilização in vitro (FIV). Por fim, quem sofrer de infertilidade deve consultar um especialista de Reprodução Medicamente Assistida (RMA), quer nas consultas de infertilidade dos hospitais públicos, quer nas clínicas privadas dessa especialidade.


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Em conclusão, foi possível compreender, com este trabalho, as razões pelas quais certos indivíduos são inférteis, o que fazer de forma a prevenir a infertilidade e quem contactar em caso de infertilidade. Quem desejar saber mais sobre infertilidade deve OS MÉTODOS CONTRACETIVOS NATURAIS E A INFERTILIDADE FEMININA Mariana Domingues; Margarida Miguel; Pedro Rolão; Sofia Fernandes Escola Secundária du Bocage 12º Ano –Turma B Palavras-Chave: saúde reprodutiva; métodos contracetivos naturais; infertilidade feminina; sexualidade; parentalidade. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), a saúde reprodutiva é a condição de bem-estar físico, mental e social relacionada com o sistema reprodutor em todas as fases da vida. Inerente a este conceito, está, portanto, implícito que as pessoas possam ter acesso a uma vida sexual satisfatória e segura, no contexto da qual a decisão sobre se pretendem ter filhos e quando recaia unicamente sobre elas. Deste modo, com a finalidade de aprofundar o tema da manipulação da fertilidade, iremos desenvolver tópicos como os métodos contracetivos naturais e a infertilidade feminina. Além do mais abordaremos, também, a consequência dos comportamentos paternais na saúde e no bem-estar físico e emocional dos jovens na vivência da sua sexualidade. Primeiramente, forcar-nos-emos no aspeto da contraceção natural. Ao contrário da contraceção química, ou da não natural, a contraceção natural requer que não se tenha, na sua maioria, relações sexuais durante o período fértil da mulher, sendo, para isso, necessário o conhecimento do próprio ciclo menstrual. Por consistirem na observação das variações fisiológicas são igualmente designados de métodos de abstinência periódica. Estes métodos naturais, em bora apresentem várias vantagens, no sentido em que não utilizam hormonas sintéticas e impedem, portanto, a ingestão ou colocação de substâncias estranhas no corpo, têm também várias desvantagens, dado que apresentam uma baixa eficácia, não previnem a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis e, acima de tudo, exigem a perceção de mudanças ao nível do corpo da mulher, da temperatura e até hormonal, que, para muitas, são inidentificáveis. São exemplos de métodos de contraceção natural o método do calendário ou de Ogino-Knaus; o método da temperatura corporal basal; o método do muco cervical; o método sintotérmico; o método do coito interrompido; o teste de ovulação; o método da amenorreia lactacional; e, também, a abstinência sexual. Todavia, quando os casais pretendem ter filhos (têm um projeto parental) não utilizam nenhum tipo de contraceção, para que exista fecundação e, consequentemente, se obtenha a gravidez tão desejada. Porém, existem inúmeros casos em que não é possível realizar esse desejo de forma natural, visto que a mulher nem sempre possui as condições necessárias à ocorrência de gravidez. Deste modo, a infertilidade feminina torna-se um grande

consultar o site da Associação Portuguesa de Fertilidade - https://apfertilidade.org/infertilidade/. Abaixo encontra-se o link para um vídeo que se assemelha ao nosso resumo: https://youtu.be/F4hkhmjzGD0 obstáculo para os casais que pretendem construir uma família recorrendo à forma tradicional. Pode definir-se infertilidade como o fracasso em alcançar uma gravidez clínica após doze meses ou mais de relações sexuais desprotegidas. Este tópico tornou-se um problema de saúde pública, reconhecida pela OMS. Com o objetivo de colaborar e de seguir as recomendações desta organização, exploraremos ao longo deste trabalho as principais causas deste problema, assim como a sua prevalência em Portugal, estabelecendo uma comparação com a população mundial. Associados às causas de infertilidade feminina encontram-se também os estilos de vida que, a longo prazo, podem constituir fatores de risco e conduzir ao mau funcionamento do sistema reprodutor feminino, nomeadamente: a idade; a privação de sono; uma má alimentação; a introdução de substâncias ilícitas (esteroides, por exemplo) e ingestão excessiva de álcool; hábitos tabagísticos; peso inadequado; praticar intensamente exercício físico; stress; entre outros fatores ambientais relevantes. A infertilidade feminina está intensamente correlacionada com o desenvolvimento de variadas doenças, algumas das quais são fruto dos hábitos supracitados, enquanto que outras derivam de disfunções, congénitas ou adquiridas como: endometriose; síndrome dos ovários policísticos; presença de miomas; doença inflamatória pélvica; entre muitas outras causas relacionadas com o mau funcionamento gonadal, do complexo hipotálamo-hipofisário ou irregularidades fisiológicas nas vias genitais que impedem a fecundação ou o desenvolvimento embrionário posterior. Finalmente, no que toca às consequências dos comportamentos parentais na saúde e bem-estar dos jovens, é-nos possível afirmar que estes são fundamentais, no sentido em que influenciam diretamente o seu desenvolvimento físico e emocional, principalmente durante o período da adolescência, etapa caracterizada por desejos conflituosos de autonomia e independência, agrupados com a necessidade de suporte parental. Assim, nesta fase, a relação com os pais sofre alterações profundas, com necessidade de adaptações de ambas as partes. Os pais terão de contrabalançar o desejo de autonomia dos filhos com o discernimento sobre se os mesmos serão suficientemente maduros para decidirem os seus próprios percursos, surgindo, assim, a necessidade de novas estruturas de relações familiares, de definição de regras que diferem das instruídas na infância, e um controlo e proteção adaptados à emergência de novas situações sociais. Ainda que seja apenas uma das muitas influências comportamentais, que nesta etapa aumentam exponencialmente, a família pode ser responsável, segundo alguns estudos, por trinta por cento da variação comportamental na adolescência. Por conseguinte, é notório o paralelismo existente entre este subtema e o início da vida sexual dos jovens, uma vez que o ambiente familiar no qual a abordagem de tais assuntos seja normalizado propicia uma diminuição do começo de uma vida sexual prematura e errada. Em suma,


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através da pesquisa efetuada, foi-nos possível adquirir um maior conhecimento acerca dos temas previamente tratados. Resumindo e clarificando, os métodos contracetivos naturais, apesar de não serem tão eficazes quanto os não naturais, ainda são bastante utilizados, por norma devido à desinformação, gerando, por vezes, situações indesejadas. Para além disso, a infertilidade feminina tem vindo a impedir, ao longo dos tempos, inúmeras mulheres de engravidarem, sendo tal facto normalmente associado ao desenvolvi-

Manipulação da Fertilidade Métodos contracetivos não naturais; técnicas de reprodução assistida. Maternidade e Paternidade Consequências dos comportamentos adotados pelas figuras parentais na saúde, bem-estar físico e emocional das crianças Inês Lopes; Joana Barbosa; Rita Aleixo; Sofia Duarte Escola Secundária du Bocage 12.º Ano –Turma D Palavras-chave: Planeamento Familiar; Contraceção não natural; Reprodução medicamente assistida; Parentalidade; Bioética. A manipulação da fertilidade é um tema que há algumas décadas era ainda muito pouco desenvolvido e que incluía objetivos científicos que pareciam distantes. Contudo, apesar disso, a evolução que se deu em tão pouco tempo veio a provar que os esses objetivos não eram, nem por sombras, inalcançáveis. A sexualidade é um conceito muito importante para o ser humano, pois, até anteriormente ao nosso nascimento, já estamos a ser submetidos aos processos inerentes a este conceito. Assim, a manipulação da fertilidade, um dos ramos de estudo relacionados com a sexualidade, tem também grande impacto na nossa vida. Por essa razão, após o estudo que realizámos em aula sobre temas inerentes à sexualidade, vamos apresentar o nosso trabalho e pesquisas realizadas sobre a manipulação da fertilidade (mais concretamente sobre os métodos contracetivos não naturais e sobre a reprodução medicamente assistida). O estudo de problemáticas como a contraceção, mais especificamente, os diferentes tipos de contraceção, o seu funcionamento e as suas vantagens e desvantagens, permite a partilha de informação verídica relativamente à contraceção e o acesso a métodos de planeamento familiar eficazes e seguros à população, assegurando a manutenção da saúde sexual de forma segura, e a escolha da eventualidade de reprodução de forma consciente. Já o estudo das técnicas de reprodução assistida assegura a possibilidade de indivíduos inférteis, indivíduos sem

mento de doenças no sistema reprodutor feminino. Por último, a influência paternal é um fator de extrema importância para um seguro desenvolvimento da vida sexual dos jovens, bem como para a sua proteção. Posto isto, além de termos descoberto inúmeros pontos de interesse na área, ainda esperamos que seja possível abrir outros horizontes para novas investigações científicas que permitam respostas biotecnológicas para os problemas relacionados com a infertilidade humana. parceiro, ou casais homossexuais, terem filhos biológicos de forma segura e eficaz. O objetivo do estudo destas temáticas e da elaboração deste trabalho é, então, a interpretação de situações envolvendo processos de manipulação biotecnológica da fertilidade, neste caso os métodos contracetivos e as técnicas de reprodução assistida, entendendo o seu funcionamento e a importância da existência destes processos, bem como a reflexão sobre os aspetos bioéticos e regulamentares ligados à manipulação da fertilidade humana. No contexto da temática do sistema reprodutor masculino e feminino, que estudámos em aula, abordámos temas como a fecundação e o funcionamento dos diversos órgãos do sistema reprodutor. No entanto, há casos de pessoas cujos órgãos do sistema reprodutor podem não desempenhar a sua função de produção e libertação de gâmetas de uma forma tão linear quanto a que estudámos. Certas anomalias no funcionamento dos sistemas reprodutores, tanto feminino como masculino, podem originar casos de infertilidade. Porém, com os avanços dos conhecimentos científicos, e através do estudo da manipulação biológica da fertilidade humana, tema abordado neste trabalho, atualmente já é possível que indivíduos ou casais inférteis tenham filhos biológicos. Esta temática, apesar de recente, apresenta bastante relevância para a continuação do nosso estudo da reprodução humana, visto que as técnicas de reprodução medicamente assistidas já fazem parte do nosso quotidiano, e não se cingem a ideais de inovação fictícios. A metodologia seguida, inicialmente, neste trabalho foi a pesquisa e recolha de informação através de artigos e dissertações publicados na Internet, complementados com as informações do manual de Biologia de 12º ano adotado pela nossa escola. Pesquisa esta que foi aprofundada, em seguida, através da procura de documentos médicos e conversas com testemunhos mais familiarizados com o tema do nosso trabalho, permitindo-nos obter mais informação sobre os tópicos trabalhados. Esta recolha de dados levou a uma consequente análise crítica com validação dos resultados encontrados, através do cruzamento de informação, ou seja, da comparação de informações entre diferentes fontes. Seguiu-se, então, a discussão e organização das conclusões resultantes da pesquisa e análise crítica realizada pelo grupo, que iremos agora sintetizar. Os métodos de contraceção, dependendo da sua natureza, têm mecanismos de ação diferentes. Estes métodos podem ser naturais ou não naturais. Neste trabalho iremos trabalhar métodos não


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naturais, mais especificamente, os de barreira, intrauterino, cirúrgico e de emergência. Existem dois tipos de métodos de barreira: os preservativos femininos e os preservativos masculinos A função destes métodos é impedir o encontro dos gâmetas masculino e feminino. Estes preservativos, para além de serem métodos contracetivos, conferem proteção contra doenças sexualmente transmissíveis (DST). Há dois tipos de contraceção intrauterina: Sistema intrauterino (SIU) e o Dispositivo intrauterino (DIU). O dispositivo intrauterino (DIU): é um pequeno dispositivo metálico em formato de T, que é inserido no útero. Este dispositivo causa alterações no endométrio, de modo a promover um ambiente hostil para o espermatozoide, sendo um método não hormonal. O Sistema intrauterino (SIU), também conhecido como DIU hormonal, ou Mirena, é um dispositivo intrauterino, de plástico, que possui um progestagénio (levonorgestrel) em sua composição. Esta hormona, passa a ser absorvida pela corrente sanguínea e causa alterações no endométrio e no muco vaginal impedindo uma possível gravidez. A contraceção cirúrgica divide-se em laqueação das trompas (mulheres) e vasectomia (homem). A laqueação de trompas consiste em laquear (interromper) as trompas de Falópio, de modo a impedir que os espermatozoides e os oócitos se encontrem evitando, assim, a fecundação. A vasectomia, por sua vez, é um processo cirúrgico simples e rápido que consiste no corte dos canais deferentes, de forma a impedir que os espermatozoides passem para a uretra e para a vesícula seminal. A contraceção de emergência é o único método que é utilizado após a relação sexual. Esta contraceção consiste num medicamento-pílula de emergência-que faz o bloqueio temporários da ovulação evitando assim a fecundação. Esta, deve ser tomado o mais brevemente possível após a relação sexual não protegida. A reprodução medicamente assistida é um conceito relativamente recente para a humanidade. Contudo, a evolução científica não se deixou ficar atrás, sendo já possível encontrar-se diversas técnicas de reprodução medicamente assistida para salvaguardar um possível desejo de parentalidade biológica, por parte de pessoas ou casais com infertilidade, ou de casais não heterossexuais. Os métodos que permitem esta evolução são diversos, e o nosso grupo procurou compreender e analisar os seguintes: A inseminação intra-uterina, ou IUI, que visa uma inseminação artificial do esperma humano no interior do aparelho reprodutor da mulher, sem que seja necessário a existência de copulação(este método permite que ocorra fertilização in vivo); a FIV ou fertilização in vitro, método que, apesar de muito confundido com o IUI, apresenta uma diferença significativa, que se deve ao facto de,

nesta técnica, os gametas de ambos os progenitores serem extraídos do sistema reprodutor e a fecundação se dar fora das Trompas de Falópio e do corpo da mulher; a ICSI ou injeção intracitoplasmática de espermatozoides, é outra técnica muito importante para o sucesso reprodutivo de muitos casais e é um processo adjacente à fertilização in vitro; a PGD, ou diagnóstico genético pré-implantação,e a crioconservação de gâmetas e de embriões são duas outras técnicas auxiliares ao processo de FIV que são e podem ser, respetivamente, realizadas; a transferência intratubárica de gametas (GIFT) e atransferência intratubárica de zigotos (ZIFT) foram as duas outras técnicas estudadas que, tal como o processo de FIV convencional, envolvem a extração dos gâmetas femininos e masculinos, sofrendo processos de melhoria em laboratório, mas que quando são inseridos (os gâmetas sem ter ocorrido fusão e o zigoto, respetivamente)novamente o corpo da mulher, são introduzidos nas Trompas de Falópio. Neste trabalho mencionamos ainda os comportamentos adotados pelas figuras parentais, pois exercem influência sobre vários aspetos do desenvolvimento da criança, como a sua saúde ou o seu bem-estar, tanto físico como emocional. Assim, é da responsabilidade dos pais adotar comportamentos que permitam um desenvolvimento adequado à criança. Relativamente à saúde e ao bem-estar físico, o fornecimento de abrigo, higiene, alimentação adequada e a prevenção de acidentes e doenças por parte das figuras parentais são essenciais, permitindo à criança um desenvolvimento saudável. Se essas condições não forem asseguradas, a criança pode sofrer graves consequências, como a desnutrição, doenças ou lesões frequentes, ou um atraso no desenvolvimento físico. Também se devem evitar hábitos não saudáveis, como o tabagismo, junto das crianças, uma vez que este deteriora a sua saúde. Quanto ao bem-estar emocional, os comportamentos e atitudes das figuras parentais, que visam atender às necessidades emocionais das crianças, demonstrando-lhes amor incondicional, validando os seus sentimentos e oferecendo afeto e conforto, têm boas consequências nas crianças, que têm tendência a ser mais confiantes e encarar positivamente o afeto. Se as necessidades emocionais das crianças não forem atendidas, por negligência ou abuso emocional, estas poderão ter uma fraca autoestima, encarar o afeto e carinho negativamente, ter dificuldade em criar relações, ou ainda desenvolver doenças mentais.


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Manipulação biotecnológica da fertilidade humana A lei e a bioética associadas à manipulação da fertilidade humana Manuel Gonçalves, Danilo Victor e David Bernardo Escola Secundária du Bocage 12º ano de escolaridade- Turma C Palavras-chave: bioética, reprodução, leis e moral Neste trabalho vamos apresentar as leis, as questões bioéticas associadas à manipulação da fertilidade humana e discernir sobre importância que estas têm no desenvolvimento científico. A bioética consiste no estudo sistemático das dimensões morais - incluindo visão moral, decisões, conduta e políticas - das ciências da vida, utilizando uma variedade de metodologias éticas num cenário interdisciplinar, tendo surgido como uma tentativa de resposta aos novos problemas sociais e éticos impostos pelo desenvolvimento científico e tecnológico. A bioética surge, assim, como um controlo à procura insaciável de saber pelo Homem, limitando a progressão da ciência segundo uma série de argumentos e normas que valorizam e justificam eticamente os atos humanos que podem ter efeitos irreversíveis sobre os fenómenos vitais e o mundo natural, tendo em vista a preservação da integridade humanista do Homem. É de notar que exatamente por ser uma área regida por dimensões morais, a bioética está sujeita a mudanças, acompanhando a evolução dos valores éticos e morais da sociedade, e a ser influenciada por religiões, costumes e preconceitos prevalentes nos países. Uma das temáticas abordadas e discutidas pela bioética é a manipulação da fertilidade humana e as questões éticas que este tópico realça. Existem diversos métodos de manipulação da fertilidade humana, nomeadamente vários tipos de reprodução medicamente assistida como o coito programado, a fertilização in vitro, a inseminação artificial ou o diagnóstico genético pré-implantação, entre outros. Apresentam-se graves dilemas bioéticos em relação à reprodução assistida visto que a sua aplicação tem desdobramentos que ultrapassam em muito uma terapêutica individual ao atingir gerações futuras e envolver questões relacionadas com o início da vida e o próprio valor da vida humana. Para além disso, por manipular e tentar objetivar a reprodução humana, um processo característico pela sua aleatoriedade, que acaba por dar origem às mais variadas características do Homem, pode colocar-se o argumento da reprodução assistida intervir demais nos processos naturais inerentes à reprodução.

No caso da fertilização in vitro, por exemplo surgem questões éticas que dizem respeito à utilização deste método para reprodução póstuma ou ao destino que se deve dar aos embriões concebidos e que não foram utilizados para a implantação. Uma das alternativas propostas é a doação dos embriões, sendo necessário o consentimento expresso dos dois responsáveis pelo material genético e dos dois beneficiários do tratamento. Esta é a solução mais aceitável eticamente, e legalmente permitida desde que não tenha carácter lucrativo ou comercial e seja única e exclusivamente para fins de procriação humana. Outra alternativa seria a destruição dos embriões, quando o casal não permite o congelamento ou em virtude de má formação ou uma grave anomalia genética. Para além disso existe também a possibilidade de utilização dos embriões excedentes para experimentação, nomeadamente a sua utilização na extração de células estaminais, com um elevado potencial de diferenciação e que poderiam ser uma nova alternativa no tratamento de certas doenças degenerativas. Nestas alternativas, colocam-se questões que se aproximam das questões éticas relacionadas com a interrupção da gravidez, vulgo aborto: ao estarmos a destruir um embrião, não estaremos a matar um ser vivo ou a negar o seu direito à vida, intrínseco a todos os seres, mesmo em casos de malformações ou que isto contribua para um bem maior? Por outro lado, no diagnóstico genético préimplantação dos embriões, surgem questões em relação à possível utilização deste processo na discriminação genética, não só por motivo de patologias genéticas e mutações, mas de características como sexo, raça e traços físicos com base em estereótipos de beleza, discriminação racial ou de sexo ou na busca de eugenia. A utilização deste método para estes fins vai contra os direitos humanos, nomeadamente o direito à vida, não obstante da etnia, género ou aparência do indivíduo. No entanto, é de assinalar que o foco central das questões éticas relacionadas com a reprodução assistida e com a manipulação da fertilidade humana surge na classificação do embrião como ser humano ou apenas como um conjunto de células, ainda sem quaisquer dos direitos fundamentais inerentes à condição humana, que, por sua vez, levanta uma série de problemas de natureza filosófica em relação à definição do ser humano. Os limites e aplicações dos métodos de manipulação da fertilidade humana são legislados por cada país, mediante os princípios éticos definidos pela bioética e na segurança destes processos para os cidadãos e para a sociedade em geral. Em vários países como Portugal, por exemplo, existem órgãos compostos por especialistas de diversas disciplinas com a função de emitir pareceres de natureza moral


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e ética em relação a legislações propostas pelos órgãos no domínio das ciências da vida. No entanto, as leis que legislam estes temas diferem muito de país para país, uma vez que os princípios morais e éticos dominantes em cada um são influenciados pela religião nele predominante, os seus costumes e tradições e o seu desenvolvimento tecnológico e social. Concluindo, a bioética é essencial para um desenvolvimento humanista e moralmente fundamenta-

do da ciência, nomeadamente na manipulação da fertilidade humana, um processo que transcende o presente e é capaz de afetar várias gerações futuras. Para além disso, a bioética surge também como um pilar moral da legislação, inferindo acerca do que é moralmente correto ou errado e assegurando a integridade da sociedade em geral e o respeito pelos direitos humanos.


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