Jsnome 59

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NÚMERO

59

julho de 2020

Especial farsa de Inês Pereira


editorial

O

texto dramático só tem a sua leitura concluída com a encenação, sendo que cada representação é única, pois apresenta não apenas as réplicas do texto, mas também a sua interpretação e representação por parte dos atores, bem como o resultado do trabalho do encenador e de muitos outros colaboradores. Deste modo, pode afirmar-se que a melhor forma de entender uma peça de teatro é encená-la, daí a nossa opção pela representação como etapa final da aprendizagem do texto dramático. Foi sugerido aos alunos do 10º ano, turmas A e B, a dramatização de algumas cenas da Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente. Após a leitura e a interpretação em grande grupo, as turmas dividiram-se em equipas, de acordo com as preferências dos alunos, e cada grupo escolheu uma ou duas cenas para representar. O primeiro desafio seria a elaboração de um projeto que teria como objetivo a representação, de acordo com os recursos existentes. Assim, as personagens foram encanadas pelos alunos, os ensaios tiveram lugar, com a colaboração do professor Fernando Afonso, que interveio principalmente na turma do 10º B. Foram convidados todos os docentes dos conselhos de turma para assistir à representação final, que se realizou no auditório José Saramago. À sessão do 10º A assistiram ainda alguns alunos do 10º B. A partir das representações, os alunos produziram alguns textos de contextualização, crítica e reflexão que aqui vos apresentamos como testemunho desta experiência pedagógica. A caracterização física das personagens presente nos textos dos alunos resulta da necessidade de adaptar a peça as “atores” que encarnaram cada uma das personagens—tratou-se de um exercício de “faz-de-conta”, como aliás toda a encenação. Alexandra Lemos Cabral

Colaboradores

Equipa responsável Alexandra Cabral Ana Paula Rosa Paula Barros

Coordenação Alexandra Cabral

Logotipos André e Joana

Adrian Maia Alexandra Cabral Alexandre Inácio Ana Azevedo Ana Rita Matos André Ferreira André Xavier António Raimundo António Torres Beatriz Grytchyna Bernardo Morais Caio Faria Carolina Frischknecht Carolina Jesus Catarina Iria David Ramusga David Santos Dinis Pereira Dinis Santos Diogo Silva Duarte Silva Eduarda Peixoto Francisco Lima Gonçalo Resende Gonçalo Santos Inês Lopes Joana Barbosa

jornalsemnome@gmail.com 2

João Silva João Tavares Ketlyn Souza Lara Mateus Leonor Batalha Leonor Florindo Leonor Pinheiro Luís Chatinho Mafalda Deitado Mafalda Martins Margarida Matias Margarida Miguel Maria Azevedo Maria Cunha Maria Rita Aleixo Mariana Bagulho Marina Pereira Marta Mégre Matilde Santos Miguel Martins Miguel Santos Nicole Carvalho Pedro Ribeiro Pedro Rolão Rafael Auxtero Ricardo Pinto Sofia Duarte Tiago Cardoso Tiago Teles Turma 12º Artes


Farsa de Inês Pereira 10º B

No dia 10 de fevereiro foi interpretada a Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, pelo 10ºB

O nosso grupo interpretou uma cena que começa quando Inês está a fingir que estava a chorar pela morte do escudeiro, e a cena do ermitão. Inês Pereira era hipócrita, sonsa e falsa ( fingia o que sentia ). Inês tinha sardas, era morena , com cabelo e olhos castanhos e com peitos avantajados. Lianor Vaz era alcoviteira, casamenteira e tinha motivações afetivas e financeiras. Lianor era loira, com olhos castanhos esverdeados, com peitos muito avantajados, e tinha um tom de pele claro . Pero Marques era camponês, ingênuo e não sabia comportar-se como um homem casado. Pero era moreno, de olhos castanhos escuros, tinha cabelo castanho pelos ombros, encaracolado, e um bigode. Ermitão era um suposto frade, completamente apaixonado por Inês desde pequenos. O ermitão tinha cabelo loiro liso, barba loira, olhos castanhos e pele clara. Quanto à movimentação, aos gestos e ao cenário, Inês começa sentada , Lianor aparece mostrando estar preocupada. Depois Lianor vai buscar Pero, casa-os e vai-se embora, deixando-os juntos, sentados um ao lado do outro a conversar. De seguida aparece o ermitão a pedir esmola, Inês levanta-se e vai ao seu encontro, deixando Pero sozinho. Depois de falar com o ermitão acaba por se envolver sexualmente com ele fora de cena, tirando o seu vestido e o seu xaile e ficando com um outro mais atrevido e volta para Pero. Depois de voltar para Pero pede-lhe para ir a uma romaria para ir ter com o ermitão. Fazemse a caminho e para passarem o rio Inês vai às cavalitas de Pero. Relativamente ao vestuário de Inês, esta queria casar com um homem “avisado”, mas acabou por se casar com Pero que tinha um estatuto inferior ao dela por isso Inês desiludiu-se com o casamento, já que o escudeiro, que a tinha tratado mal, tinha sido morto na batalha. Para fazer o papel de Inês foi demonstrada tristeza, arrogância, alegria e adultério. No guarda-roupa foi utilizado um vestido rosa largo, 5 dedos acima do joelho, uma maquilhagem discreta , sapatos, um xaile rosa e um vestido preto de fecho à frente, duas mãos acima do joelho . O vestido rosa com o xaile e maquilhagem simbolizam o seu estatuto perante a sociedade e, como casada, o vestido preto simboliza o adultério cometido com o ermitão. Lianor era casamenteira e, como ganhava dinheiro com os casamentos, assim que soube que o escudeiro morrera, foi juntar Pero Marques com Inês Pereira, para obter lucro. Para fazer o papel de Lianor foi demonstrada preocupação, lealdade e ambição por interesses próprios; no guarda-roupa foi utilizado um vestido vermelho a cinco dedos acima do joelho, uma maquilhagem forte e sapatos . A sua roupa simboliza o seu trabalho como alcoviteira e casamenteira. Pero Marques era camponês e sempre quis casar com Inês, pois gostava dela e era muito ingênuo ao ponto de não se importar e não ter notado logo o facto de Inês o ter traído. Para fazer o papel de Pero foi demonstrado carinho, devoção e ingenuidade; no guarda-roupa foi utilizado um par de calças azuis escuras, uma camisa de flanela vermelha, um colete castanho, um boné à alentejano, um anel, um par de cornos e sapatos. A sua roupa simboliza o facto de ele ser camponês, o anel simboliza o seu casamento com Inês e os cornos simbolizam o adultério cometido por Inês com o ermitão. O ermitão era louco por Inês desde pequenos e para chamar a sua atenção vai pedir-lhe esmola e acabada por envolver-se com ela sexualmente, traindo Pero Marques. Para fazer o papel de ermitão foi demonstrado afeto e atração física, e no guarda-roupa foi utilizado um camisa comprida, um par de calças, um terço e sapatos. A sua roupa simbolizava a sua existência enquanto ermitão. Os nossos pontos fortes relativamente à nossa parte da peça foram a interpretação de cada personagem, a nossa expressividade. Tivemos um fator cómico , tivemos a criatividade de inverter os papéis de mulher e homem, mas poderíamos ter melhorado na parte de decorar as falas. De uma forma geral tivemos um ótimo desempenho, a nossa cena foi muito boa e achamos que conseguimos superar as expectativas da professora Alexandra Cabral e do professor Fernando Afonso. Nicole Carvalho, David Ramusga, Ricardo Pinto, Mafalda Martins

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Farsa de Inês Pereira 10º B

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u concordo com a reflexão do grupo - constituído pela Nicole, pelo David, pelo Ricardo e pela Mafalda sobre as cenas por este interpretadas. Tendo em conta aos aspetos a melhorar, cuido que poderiam ter desenvolvido mais o seu trabalho. Também acho que deveriam ter referido mais realisticamente os sentimentos e pensamentos de cada personagem, encarnando-as perfeitamente. Apoio que o ponto mais forte da representação deste grupo foi sem dúvida o fator cómico, que estabeleceram, através da caracterização, da inversão dos sexos correspondentes às personagens e da expressividade. Leonor Batalha

A

representação do grupo da Nicole, da Mafalda, do David e do Ricardo foi boa, na minha opinião, e concordo com a sua reflexão. Gostaria de salientar que, para mim, um dos pontos fortes deste grupo foi o vestuário, bastante adequado às personagens e claramente bem pensado. Tal como o grupo referiu, cada peça do vestuário e adereço utilizado representava a personagem em questão. Outro ponto que gostaria de salientar foi a personagem do ermitão, que fez um ótimo trabalho ao decorar todas as falas, sendo que todas elas eram em castelhano. Achei muito criativo o facto de os rapazes interpretarem as personagens femininas e de as raparigas interpretarem as personagens masculinas, e considero que esta escolha contribuiu muito para o efeito cómico da cena. Este grupo apresentou uma evolução face aos ensaios, uma vez que na apresentação final existia equilíbrio entre as cenas sérias e as cenas cómicas, ao contrário dos ensaios. Penso que algumas personagens não conseguiram decorar bem as falas, o que deveria ser melhorado, e, quanto à reflexão, poderiam ter desenvolvido mais a autocrítica e os pontos a melhorar.

Sofia Duarte

N

a minha opinião, a encenação realizada por David, Ricardo, Nicole e Mafalda foi boa, uma vez que estiveram muito bem ao criarem o cómico (o objetivo principal da peça). Um dos fatores que se destacou foi, de facto, a inversão da figura feminina e masculina, e vice-versa. Demonstrou muita criatividade e, de algum modo, sentido de aventura, pois experimentaram uma coisa diferente mesmo sabendo o risco que corriam de não correr bem. Conquanto, no final, o resultado compensou esse risco. Relativamente ao texto de apreciação crítica em si, acho que se desviaram um pouco do propósito principal do mesmo, que era refletir sobre os pontos fortes e fracos da encenação, perdendo se um pouco e dando mais ênfase à história da obra do que realmente à crítica que devia ter sido feita (fazendo apenas um parágrafo para a mesma e não abordando os tópicos essenciais). Acrescento ainda que o texto podia estar melhor estruturado, uma vez que não se percebe claramente em que consiste a introdução nem o desfecho, e a conclusão podia ter sido melhor estruturada de modo a ter uma finalização mais objetiva.

Mariana Bagulho

R

elativamente à apreciação crítica elaborada pelo David, Nicole, Mafalda e Ricardo na minha opinião está boa uma vez que concordo com o que disseram, tendo sido, por isso, sincera. Em relação ao vestuário de facto, usaram-no de acordo com a mensagem que queriam transmitir, nomeadamente do adultério, da profissão de alcoviteira e da condição de campónio. É de salientar também que desde os ensaios melhoraram bastante visto que conseguiram incorporar a parte cómica das várias personagens, não ofuscando nenhuma delas. No entanto só precisavam de ter decorado um pouco melhor as suas falas. Assim, concluindo, no geral, estiveram muito bem apesar do aspeto que poderiam ter melhorado.

Margarida Miguel

O grupo constituído pelos colegas David, Ricardo, Mafalda e Nicole demonstrou uma grande evolução na sua capacidade de balanceamento das brincadeiras desde o seu primeiro ensaio. Os colegas foram capazes de entreter, fazer rir e espantar todo o anfiteatro. Como dizem tantas vezes, os colegas "deram-lhe muito forte". Estão de parabéns. João Tavares

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Farsa de Inês Pereira 10º B

Houve muitas encenações da “Farsa de Inês Pereira”, mas aquela que vamos criticar é a encenação

feita pelo grupo do David Ramusga, da Nicole, da Mafalda Martins e do Ricardo. Este grupo destacou-se pelo seu empenho em tornar as cenas cómicas, sendo um dos grupos mais engraçados. Eles também foram os que usaram mais adereços e assim adicionaram mais expressividade à cena. Individualmente, cada membro, ao desempenhar a cena do casamento de Inês Pereira e Pero Marques e a traição deste por Inês, teve os seus pontos fortes e fracos. O David Ramusga, que usou um vestido vermelho, seios e maquilhagem, projetou bem a voz, desempenhando o papel de Lianor Vaz, e foi uma das personagens mais cómicas, devido à entoação com que falava e aos gestos que adicionavam expressividade à cena, tais como o facto de se agarrar ao peito o tempo todo e estar sempre a ajeitar o cabelo. Ricardo Pinto partilha também estas qualidades, usando um vestido rosa, inicialmente, e um vestido preto e justo, após a traição de Inês Pereira, interpretada por ele e pela Mafalda. Este membro também manteve o tom mais engraçado da peça fazendo uma voz aguda. Nicole, que usou um colete castanho, uma camisa aos quadrados, uma boina e cabelo a fazer de bigode e mais tarde uns chifres devido á traição, fez uma interpretação boa do Pero Marques, ainda que não tenha projetado muito bem a voz. Estes três membros, ao contrário da Mafalda, que usou um capuz e o cabelo a fazer de barba, não conseguiram decorar todas as falas. Apesar das falas dela serem em espanhol, logo serem mais complicadas, ainda assim ela foi capaz de desempenhar muito bem o papel de ermitão. Uma das cenas mais marcantes foi quando o Ricardo, às cavalitas da Nicole, cantou com ela, sendo ele uma ótima escolha para desempenhar o papel de Inês, pois tem uma ótima voz. Em conclusão, este grupo desempenhou a peça com criatividade e de uma forma engraçada sendo uma das suas maiores falhas o facto de não terem decorado as falas na totalidade. Gonçalo Santos e Maria Rita Aleixo

A

propósito da representação do 10ºB da “Farsa de Inês Pereira”, nós iremos falar sobre o grupo dos alunos David Ramusga, Ricardo Pinto, Mafalda Martins e Nicole Carvalho, que representaram a cena do casamento de Inês e Pero até à cena final. Nestas cenas representadas pudemos ver: o casamento de Inês e Pero; o aparecimento do ermitão e o seu passado com Inês e por fim vimos Pero e Inês irem em romaria ver o ermitão, embora a peça acabe antes de chegarem ao seu destino. Este grupo fez algo deveras interessante, que foi trocar os géneros, pois os rapazes representaram papéis femininos e as raparigas representaram papéis masculinos. O David Ramusga representou Lianor Vaz. Esta personagem tem como objetivo casar Inês Pereira e ajudá-la a ultrapassar a morte do marido; a energia ,intenções e alma da personagem foram muito bem encarnadas, embora tenha havido algumas falhas no decorar das falas, mas que não afetou o desempenho da personagem. O Ricardo Pinto representou Inês Pereira. Esta tem como objetivo casar com alguém que a deixe fazer o que quiser. O estado de espírito e as intenções da personagem foram muito bem encarnadas; embora esta tenha levado papel, isso não afetou a comunicação e encarnação da mesma; Inês Pereira e Lianor Vaz tiveram muitos pontos em comum em termos de vestuário: ambas tinham vestidos, maquilhagem e mamas falsas, o que contribuiu para o fator cómico. A Mafalda Martins representou Pero Marques. O objetivo desta personagem é casar com Inês Pereira. Esta personagem foi muito bem encarnada, mesmo que não soubesse todas as falas de cor, pois a personagem tinha barba falsa e cornos para contribuir para o fator cómico da peça. Em geral, este grupo teve muitos aspetos positivos, como a encarnação dos personagens, o movimento e realizou uma representação altamente cómica, o único aspeto negativo foi o papel e as pequenas falhas na memorização. Em conclusão o grupo foi muito bom, tendo em conta que não são profissionais e não têm muita experiência na área do teatro.

Maria Azevedo, Marta Mégre eTiago Cardoso

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Farsa de Inês Pereira 10º B

N

o dia 10 de fevereiro, segunda-feira, a nossa turma (10ºB) representou a Farsa de Inês Pereira, escrita por Gil Vicente em 1523. O nosso grupo teve como personagens intervenientes Inês Pereira e a sua Mãe, interpretadas pela Joana Barbosa e pela Inês Lopes, respetivamente. As nossas cenas foram as duas primeiras da farsa. Concretamente, a primeira cena é o monólogo de Inês, no qual ela exprime os seus sentimentos em relação à sua vida caseira e a segunda cena começa quando entra a Mãe e reclama do comportamento de Inês. Na nossa perspetiva, a encenação do nosso grupo, apesar de poder melhorar, correu bastante bem. Nas primeiras aulas de preparação para a encenação, nós tínhamos pensado em fazer as três primeiras cenas da peça, que incluiriam também Lianor Vaz, interpretada pela Mariana Domingues, mas, infelizmente, ela adoeceu e não pôde participar nesta atividade. Isto levou-nos a ter de diminuir o número de cenas e, como ainda assim, a nossa apresentação acabava com a entrada de Lianor, nós pedimos ao nosso colega João Tavares para fazer essa entrada, para que a dramatização não terminasse sem sentido. Um outro desafio que sentimos foi no ritmo das falas. Durante os ensaios estávamos a falar demasiado rápido, e, segundo alguns colegas, no início da encenação também o fizemos, mas, felizmente acabámos por apanhar o ritmo certo na apresentação. Nesta, o nosso tom de voz foi audível e a nossa dicção esteve boa, logo todos acabaram por compreender bem as falas. Em relação aos movimentos em palco, não fizemos tantos quanto os que tínhamos planeado. Como Inês estava farta das suas obrigações, mostrava-se irritada e, por estar sentada, mexia apenas os braços para mostrar a indignação sentida. Quando a Mãe entrou em cena, dirigiu-se a Inês, enquanto reclamava do comportamento da filha. Após essa entrada, Inês começava a cruzar os braços e a revirar os olhos, pois não queria ouvir os conselhos que a Mãe lhe dava. No final da segunda cena, Inês levantou-se repentinamente, por não querer falar mais no assunto. Nesse momento, entrou Lianor Vaz e começaria a terceira cena. Também pensámos que, durante a fala mais longa da Mãe, ela podia andar de um lado para o outro. No entanto, esquecemo-nos desse pormenor no momento de encenação. Quanto ao cenário, adereços e guarda-roupa, achamos que foram os adequados. Inês levou um vestido castanho, pois, naquela época, as mulheres não usavam calças e o vestuário castanho era mais barato que os demais. A Mãe ia vestida com uma saia preta, comprida, e uma camisa branca, visto que era muito comum, no século XVI, a utilização de saias até aos pés. Na cena inicial foi necessária uma cadeira para Inês estar sentada, uma cesta de costura e um bordado que ela teria consigo, uma vez que estaria a renegar do seu “lavrar”. Esta encenação foi uma forma diferente e criativa de nos ensinar, avaliar e pôr à prova, sendo que nós tivemos de ver várias interpretações da peça no Youtube de estudar cada verso das falas das personagens, para compreender as suas características. Por exemplo, Inês é uma jovem com o desejo de ser livre e com uma ideia pré formada sobre o casamento e sobre o marido perfeito. Ela considera-se prisioneira na sua própria casa. No entanto, esse seu sentimento é uma desculpa para o facto de ser preguiçosa. O seu objetivo de vida é casar com um homem “avisado” e escapar da vida caseira, tendo mais tempo para si e para se divertir. Por sua vez, a Mãe é uma mulher simples, que leva o seu trabalho a sério, contrastando com Inês, e, apesar de reclamar com a sua filha, preocupa-se com ela, tendo como motivação arranjar um companheiro de vida para Inês. Em suma, consideramos que fizemos um bom trabalho, mesmo com algumas falhas. Divertimo-nos e aprendemos bastante no processo que nos levou a esta encenação, quer quando estávamos a ensaiar em casa e na sala de aula, como no momento da apresentação. Foi ainda uma oportunidade de mostrarmos o nosso trabalho a outros professores da turma. É uma experiência que gostaríamos de vir a repetir! Inês Lopes e Joana Barbosa

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Farsa de Inês Pereira 10º B

O papel que eu desempenhei na encenação da Farsa de Inês Pereira foi o da Mãe.

Eu, a Mãe, sou uma senhora com aproximadamente quarenta anos, com cabelo castanho, olhos castanhos e com um vestuário adequado à época. Sinto-me na “obrigação” de aconselhar e ajudar a minha filha, Inês Pereira, a encontrar o homem “avisado” que ela tanto procura, apesar de achar que ela nunca o vai encontrar, pois é um bocadinho preguiçosa (“Olhade lá mao pesar/ como queres tu casar com fama de preguiçosa?”). Além disso, eu também me sinto preocupada com o futuro da minha filha, pois não quero que ela se case com qualquer homem. Tenho uma relação mediana com a minha filha e, como já referi anteriormente, tento aconselhá-la da melhor maneira para que ela seja uma mulher livre, já que é isso que ela tanto quer. Quando vejo que Inês consegue finalmente casar com o homem “ideal”, o escudeiro Brás da Mata, deixo-a ir à sua vida, pois Inês pensava que agora estaria finalmente livre do seu “lavrar” e com o homem “avisado” que tanto queria. Porém, isto não acontece, pois o escudeiro apresenta-se como um homem agressivo que acabará por morrer na guerra. Além da relação que tenho com a minha filha, também tenho uma relação de “negócios” com Lianor Vaz, uma alcoviteira que tenta arranjar o marido ideal para Inês, acabando por fazê-lo, pois foi ela que acabou por apresentar o marido com quem Inês acabaria por ficar, Pero Marques. Este era um homem que não era aquilo que Inês pretendia já que não era um homem avisado. Ao longo da minha vida, assisti à evolução de várias pessoas, porém a que me surpreendeu mais foi a Inês, pois esta no início só queria casar com um homem culto e “avisado”, acabando por casar com Pero Marques, que era totalmente o oposto do que ela inicialmente estava à procura. Inês Lopes

E

m relação à apreciação crítica efetuada pela Joana e pela Inês, na minha opinião, está sincera e como tal eu concordo com o que disseram. Por um lado, de facto deveriam ter estabelecido um maior contacto entre elas, realizado mais movimentos pelo "palco" e falado um bocadinho mais devagar (apesar de depois terem retomado o ritmo); por outro lado, encarnaram muito bem as personagens e "o que estavam a sentir no momento" notando-se, por isso, que fizeram uma boa interpretação da Farsa. Assim, do meu ponto de vista, no geral estiveram bem, apesar de haver alguns aspetos que poderiam ter melhorado.

Margarida Miguel

R

elativamente à encenação concretizada pela Inês e pela Joana, eu gostaria de afirmar que tiveram um bom desempenho. Uns dos principais aspetos a valorizar é a expressividade, tendo elas alcançado uma boa encarnação das personagens e conseguido uma caracterização realista, tanto através do vestuário como dos adereços utilizados. A Inês e a Joana merecem um grande mérito, pois conseguiram enfrentar com sucesso todos os obstáculos impostos (a ausência da Mariana, por exemplo). Outro ponto de valor foi o facto de, apesar da personagem Inês Pereira ter um grande monólogo, a Joana ter decorado praticamente todas as falas, e para o caso de se esquecer de alguma, o grupo teve a excelente ideia de agregar à cesta de costura um papel com as falas.

Leonor Batalha

Concordo plenamente com a reflexão da Inês e da Joana. Foi um grupo que desempenhou bastante

bem a sua cena. Conseguiram decorar todas as suas falas, embora fossem muito extensas. Penso também que tiveram uma boa entoação e expressividade, encarnando cada personagem, e o vestuário era adequado à época. É importante salientar que, apesar de ter um membro do grupo em falta, fizeram um ótimo trabalho com a representação da cena. Considero que poderiam ter melhorado na movimentação, e, apesar de terem evoluído bastante quanto ao ritmo das falas, poderiam ter falado um pouco mais devagar. Apesar disso, sinto que o empenho que ambas puseram na atuação e a energia que transmitiram durante a mesma compensa os pontos fracos anteriormente referidos. Sofia Duarte

A

penas acho que poderiam ter melhorado a nível de dinâmica, mais precisamente de movimentação, apesar de esta ter melhorado bastante deste dos ensaios. Contudo, foi óbvio o empenho e dedicação colocada neste trabalho por parte da Inês e Joana.

Matilde Santos

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Farsa de Inês Pereira 10º B

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o dia 10 de fevereiro, no auditório José Saramago, o grupo constituído pela Inês Lopes e Joana Barbosa representou a Farsa de Inês Pereira, em específico, a primeira cena do auto. As colegas Joana e Inês representaram as personagens Inês Pereira e sua mãe, respetivamente. A cena inicial corresponde a apresentação da protagonista: Inês Pereira. Nesta, passa-se um monólogo em que Inês mostra o seu desejo de casar com um homem educado e sabedor e reclama acerca do tédio que vive a realizar as suas obrigações domésticas, como mulher da época. Quando sua mãe entra em cena e não a acha a trabalhar, age ironicamente para com a filha, comentando que sabia que estaria a trabalhar. As duas discutem em relação aos desejos de casamento de Inês com um homem que a livrasse do cativeiro. A representação das colegas acaba com a entrada de Leonor Vaz em cena, representada por um outro colega, a pedido das meninas, para substituir a colega Mariana Domingues, que estava doente, na altura. Ao longo dos ensaios, as colegas melhoraram a sua performance em palco, desde o primeiro dia. Porém, mesmo tendo melhorado bastante a expressão nas falas, a dinâmica em palco foi considerada, na nossa opinião, um ponto fraco. A memorização das falas estava "no ponto", o que lhes permitiu acrescentar a expressividade de articulação da voz. Outro aspeto forte foi o vestuário. Inês usou um vestido e o cabelo solto, representando, assim, o seu estado de solteira. Em suma, apesar da curta duração da apresentação, as colegas Inês e a Joana foram capazes de representar a primeira cena do Auto com grande distinção. Mesmo assim, deu-nos a impressão de ter ficado um pouco estática demais, parte dessa culpa pertencendo à própria falta de dinâmica da cena.de qualquer forma, o nosso grupo está bastante agradecido por esta oportunidade de trabalho e divertimo-nos imenso tanto ao representar como ao assistir. João Tavares e António Raimundo

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o decorrer das encenações da Farsa de Inês Pereira foi-nos atribuída a tarefa de realizar uma apreciação crítica da Cena I, na qual a Inês desempenhas o papel de mãe e a Joana o papel de Inês. Nesta cena Inês encontra-se a lavrar e simultaneamente renega desta sua função, uma vez que não aprecia desempenhar trabalhos domésticos. Entretanto, sua mãe entra em casa já calculando que a sua filha não estava a fazer o seu trabalho; assim, recorrendo à ironia, esta critica-a (“Como queres tu casar / com fama de preguiçosa?”- v.v. 53-54), pois Inês vitimiza-se dizendo que se encontra constantemente fechada em casa, idealizando, por isso, uma escapatória no casamento. No seio da atuação em apreciação, podemos destacar tanto aspetos positivos como negativos. Por um lado, valorizamos não só o facto de saberem bem as suas falas como também de se enquadrarem no contexto da época através do uso de vestuário e adereços adequados. Por outro lado, achamos que estiveram um pouco estáticas, podendo, assim, melhorar os seus movimentos corporais através de um maior contacto entre elas, no sentido de provocar mais cómico e desse modo envolver mais os espetadores chamando a sua atenção. Além disso, a mãe poderia ter tido uma melhor dicção e Inês deveria ter estabelecido um maior contacto visual com o público. Em suma, apesar de a encenação ter sido boa, consideramos que há alguns aspetos que deveriam ter melhorado. Ana Sofia Azevedo e Margarida Miguel

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Farsa de Inês Pereira 10º B

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o dia 10 de fevereiro, a turma 10º B encenou, no auditório José Saramago, a Farsa de Inês Pereira, no âmbito da disciplina de Português. A turma foi dividida em grupos, cada um representando uma ou mais cenas. As cenas escolhidas pelo nosso grupo foram desde a chegada dos Judeus casamenteiros, que foram contratados por Inês para lhe encontrarem o marido ideal, até ao casamento da própria com o escudeiro. Nestas cenas intervém Inês Pereira, uma jovem burguesa que aspirava ascender de classe social através do casamento com um homem discreto, avisado e que soubesse tocar viola. Participa também o Escudeiro, um homem que ambicionava casar com Inês para obter riqueza, para tal apresentando ser o ideal de Inês, porém não passava de uma farsa. Este vinha acompanhado pelo Moço, que era irónico perante o Escudeiro, e, apesar de este o desprezar, acabou por ajudá-lo a enganar Inês, pois queria ser beneficiado. Integram também esta cena os Judeus, Latão e Vidal, ambos considerados personagens cómicas, que representam várias culturas não correspondentes à cristã, sendo por tal ridicularizados. Por fim, participa a Mãe de Inês, que tentava persuadir Inês a não casar com o Escudeiro, estando sempre contra a palavra da filha. Para representarmos esta cena tivemos de fazer algumas escolhas relativamente ao cenário, gestos, guardaroupa, entre outros. Apesar de não termos tido muita liberdade quanto ao cenário, ainda conseguimos colocar duas cadeiras para a Inês e a Mãe se sentarem. Quanto aos gestos e à expressividade, pensamos ter tido um bom desempenho. A Inês e a Mãe, no início, mostram desprezo para com os Judeus, tapando o nariz e afastando-se com sua chegada, uma vez que estes eram marginalizados na altura. Os Judeus, ao longo da peça, empurram-se e discutem com o fim de obter um efeito cómico . O Escudeiro mostra desprezo perante os Judeus pelas mesma razões anteriormente referidas, empurrando-os para chegar até Inês e, depois disso, ignorando-os. A Inês e a Mãe trocam olhares e falam durante a peça, tendo como objetivo comunicar ao público que Inês está determinada a casar com o Escudeiro, afastando-se e ignorando a Mãe, que está contra a decisão de Inês. Tendo em conta a época a que a peça nos remete, julgamos que conseguimos adquirir, e, de certa forma, improvisar, um guarda-roupa e adereços adequados. Inês vestiu uma saia comprida, para mostrar que na altura a sociedade era conservadora relativamente às mulheres, e tinha o cabelo solto, representando o seu estado civil de solteira e a sua juventude. O Escudeiro tinha uma camisa e um polo para demonstrar a sua nobreza, enquanto que o Moço vinha descalço e apresentava uma roupa velha, mostrando ter pouco dinheiro, uma vez que o Escudeiro não lhe pagava. A Mãe tinha uma saia comprida e um poncho, representando a sua maturidade e idade, e tinha o cabelo preso, uma vez que, tendo uma filha, pode-se assumir que terá casado. Os Judeus apresentavam vestes diferentes do resto das personagens, para realçar a sua cultura diferente e a sua marginalização na época. Consideramos que poderíamos ter melhorado a nossa movimentação e dinâmica em palco, o nosso ponto fraco, que foi prejudicada em parte pelo facto de alguns membros do elenco não terem decorado completamente os seus papéis. Pensamos também que algumas personagens do nosso grupo podiam ter desempenhado um papel mais cómico. Embora tenhamos tido estes pequenos obstáculos, realizámos um bom trabalho, nomeadamente quanto ao nosso empenho, dedicação e cooperação entre o elenco. Gostaríamos ainda de salientar na parte técnica a nossa expressividade e os gestos, que, embora haja sempre área de melhoria, considerámos bons. Para finalizar, gostámos imenso desta proposta de trabalho diferente e achamos que cumprimos os objetivos definidos. Alexandre Inácio, Eduarda Peixoto, Mafalda Deitado, Matilde Santos, Pedro Rolão, Sofia Duarte

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Farsa de Inês Pereira 10º B

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u, Vidal um dos judeus contratados por Inês para lhe arranjar o marido ideal, desempenho uma função importantíssima nesta peça, pois sem mim e o Latão (o outro judeu), Inês não teria percebido que um homem avisado e discreto não era o que queria. Chega de falar dos outros e toca a falar em mim. Então, a minha religião é judaica, e sou um bocadinho sem jeito, pois quem me criou assim o quis. Eu penso de uma forma um bocadinho confusa, para as mentes cristãs, pois eles não têm olhos para o negócio, logo, olham-me de lado e acham-me engraçado. Resumidamente, eu sou a alma daquela festa toda, e além disso ganho dinheiro para encontrar maridos desesperados para meninas solitárias. Embora por fora pareça uma pessoa muito segura de mim, na verdade sinto-me um pouco triste, pois as pessoas desprezam-me, e isso fere-me os sentimentos. O meu objetivo desde que Inês contratou os meus serviços, enquanto casamenteiro, foi encontrar-lhe um marido que fosse discreto, avisado e sabido de viola. Infelizmente, estas características são típicas da corte. Encontramos Badajoz, que era o pretendente ideal, mas este recusou-a. Falamos com outros pretendentes, mas ninguém queria Inês, só mesmo um escudeiro “com feição de atafoneiro” de quem espero que ela tenha gostado. A meu ver, nenhuma das personagens gostava de mim, só mesmo o meu querido companheiro Latão. Mesmo assim deixaram-me assistir ao casamento, embora me sentisse deslocado. Concluindo, considero que realizei um bom trabalho, embora pudesse ter encontrado um marido melhor para a Inês, mas eu recebo o mesmo, por isso não me preocupo. Agora só me resta voltar para um mundo que não aceita e respeita a minha religião, embora já esteja habituado. A minha vida será sempre assim, e este arranjo foi um mero exemplo do modo como me tratam, por isso cuido que não possa fazer nada para mudar, além de ser um mero casamenteiro. Eduarda Peixoto

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meu nome é Maria Pereira. Sou mãe de Inês Pereira, que quis casar para fugir das suas tarefas, e, devido a vários acontecimentos consequentes a esta decisão de minha filha, conheci dois Judeus, o escudeiro Brás da Mata e o seu Moço. A minha filha, Inês, disse-me que estava farta das suas tarefas e que queria casar-se. Achei esta decisão muito precipitada e ainda tentei convencê-la a pensar melhor, mas ela ignorou-me completamente. Fiquei ainda mais surpresa quando disse que queria um marido discreto e avisado. A Inês sempre foi muito teimosa e determinada, posso até dizer rebelde. O facto de ela só ter decidido casar para não trabalhar faz-me pensar que ela também é um pouco preguiçosa, mas rapidamente me apercebi de que a minha filha já tinha tomado a sua decisão. Ela chamou dois Judeus casamenteiros para lhe arranjarem um marido e, apesar da minha desconfiança inicial, fiquei positivamente surpreendida por eles se demonstrarem tão empenhados na sua tarefa, que até trouxeram um homem para Inês! Tentei aconselhá-la a pôr-se bonita, mas ela não quis. Não entendo como Inês pensa arranjar um marido sendo barulhenta e teimosa como é, as mulheres devem ser quietas e estar no seu lugar, é disso que os homens gostam. Além disso não se quis arranjar! Se eu ainda fosse nova como a minha filha, todos os dias teria a certeza de que estava apresentável. Quem me dera poder andar com o meu cabelo solto e ser nova e esbelta como a minha Inês, mas esses tempos já lá vão. A certa altura, entrou o escudeiro Brás da Mata. Declarou o seu amor pela minha filha e elogiou-a bastante, mas eu percebi logo o tipo de pessoa que ele era. Não passava de um mentiroso que se julgava melhor do que realmente era. Atrever-me-ia mesmo a dizer que parecia ser interesseiro. Pedi, um pouco agressiva e desesperadamente, admito-o, a Inês para não se casar com aquele trapaceiro, mas ela estava encantada. Apesar de não apoiar a decisão da minha filha de se casar, só quero o melhor para ela, como qualquer outra mãe! Se ela se quer casar, só peço que se case com alguém honesto, que realmente queira o seu bem e não o seu dinheiro. É tudo o que quero. De vez em quando, o Escudeiro segredava ao seu Moço, o que só aumentava a minha desconfiança. Falando no Moço, quase não notei a sua presença ao longo de todo este episódio. Permanecia sempre num canto, falando, às vezes, com Brás da Mata, embora muito baixo. Vinha vestido de uma maneira estranha, parecia não ganhar muito dinheiro. Enfim, Inês acabou por casar com Brás da Mata. Preferia que se tivesse casado com alguém melhor e mais honesto, mesmo que não fosse “discreto e avisado”. Espero que Inês seja feliz e que o Escudeiro seja um melhor marido do que eu estou à espera, assim como espero que Inês seja uma boa esposa e que aprenda que a vida de casada não é só diversão, mas também requer trabalho.

Sofia Duarte

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Farsa de Inês Pereira 10º B

Em relação à reflexão efetuada pelo Alexandre, Eduarda, Mafalda, Matilde, Pedro e Sofia na minha opini-

ão está boa, uma vez que durante a representação das cenas conseguiram captar a atenção dos espetadores através do uso do cómico e de um vestuário adequado. No entanto penso que algumas personagens deveriam ter melhorado a sua dicção indo assim de encontro com o que o próprio grupo disse. Concluindo, apesar de haver alguns aspetos que deveriam ter sido melhorados, no geral estiveram bem.

Margarida Miguel

N

a minha opinião, a representação realizada por Alexandre Inácio, Eduarda Peixoto, Mafalda Deitado, Matilde Santos, Pedro Rolão, Sofia Duarte foi bastante boa e conseguiram captar muito bem a atenção do público, não só com momentos cómicos mas até com a sua expressividade. Acrescento ainda que este grupo entendeu realmente as relações entre as personagens e conseguiu transmiti-las muito bem.

Mariana Bagulho

E

ste grupo esteve muito bem, tendo-se destacado os judeus, que desempenharam muito bem os seus papéis, dando à encenação momentos muito cómicos.

David Santos

E

m relação a este grupo, concordo com a sua apreciação critica e acho que o grupo teve um desempenho bastante bom, suportado pelos aspetos cómicos, principalmente. O grupo teve também uma grande evolução, apesar de ter demonstrado desde o primeiro ensaio uma boa fluidez. Porém, em relação aos pontos fracos, deveriam ter decorado melhor as falas. Os Judeus, a meu ver, na encenação anterior, no ensaio geral, estiveram melhor em relação à sua complementaridade, mas mesmo assim representaram realmente muito bem e considero-os um dos pontos fortes do grupo. Por último, o grupo representou a peça com uma enorme clareza e fluidez .

Pedro Ribeiro

C

oncordo com a reflexão feita pelo grupo em relação ao facto de que alguns membros poderiam ter as falas mais decoradas, poderiam ter tido uma postura mais cómica e um vestuário mais adequado. No entanto, parte do grupo conseguiu estabelecer um equilíbrio, fazendo com que o resultado final fosse o esperado. Penso que o grupo trabalhou bastante bem, sendo assim visível a evolução que tiveram ao longo dos ensaios, a nível da movimentação em palco, da expressividade e da relação entre as personagens. Com isto, considero que o trabalho final foi bastante bom e que referiram bem os tópicos na reflexão do grupo.

Ana Azevedo

N

o âmbito da representação do 10º B da Farsa de Inês Pereira, podemos apreciar os papéis encenados por: Sofia Duarte, a mãe; Matilde Santos, a Inês Pereira, Eduarda Peixoto, o Vidal; Maria Mafalda, o Latão; Pedro Rolão, o Escudeiro (Braz da Mata) e Alexandre Inácio, o Moço. A cena escolhida insere-se no excerto da obra onde os judeus casamenteiros apresentam a Inês, ainda solteira, um pretendente (Braz da Mata) com as caraterísticas idealizadas pela mesma, seguindo-se o seu casamento. Na nossa opinião, a mãe poderia ter projetado melhor a voz e ter sido mais expressiva, movimentando-se mais; no entanto, encarnou muito bem a personagem, utilizando uma voz autoritária e mostrando-se a voz da razão. Os judeus, Latão e Vidal, tinham uma boa conexão e criaram muitas vezes o cómico pela sua linguagem, até pelos seus movimentos. O mesmo não se verificou entre o Escudeiro e o Moço pois, apesar de se movimentarem bem, não tinham a conexão que deviam ter e não ficou patente o caráter autoritário do Escudeiro, por exemplo, no diálogo em que o Moço lhe dá a viola. Por último, temos Inês Pereira. que, apesar de ter tido um bom desempenho, podia ter-se movimentado mais, de modo a dinamizar a sua personagem, sendo que esta é rebelde e leviana (não leva a vida muito a sério). Deviam ainda ter ensaiado mais a peça de modo a que todas as personagens soubessem bem as suas falas, conseguindo assim melhorar a sua atuação. Estiveram, no entanto, muito bem no que toca aos adereços, pois levaram a viola e trajes adequados, o que complementou a exibição da peça. Concluindo, no geral, a representação foi muito bem desempenhada, uma vez que apelou ao cómico, captando a atenção dos espetadores. Mariana Bagulho e André Xavier

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Farsa de Inês Pereira 10º B

No decorrer das encenações da Farsa de Inês Pereira, escolhemos a cena na qual Lianor Vaz intro-

duz a Inês um pretendente, Pero Marques, um agricultor com posses, ingénuo, rude e inculto. É também simplório, uma vez que não sabe o que é uma cadeira nem “para que vale uma destas”. É respeitador, carinhoso e apaixonado por Inês, demonstrando-o na carta que lhe escreveu. No entanto, Inês, uma rapariga leviana, não revela o mesmo interesse, pois ele não se enquadra nas características que já idealizou para o seu futuro marido, mostrando-se, por isso, insensível e zombeteira ao ridicularizá-lo quando lê a carta. Face a esta recusa de Inês, a mãe é a voz da razão e, juntamente com Lianor Vaz, alcoviteira e casamenteira, tentam convencer Inês a aceitar este marido, visto que tem uma situação económica estável ("De morgado é o vosso estado?/ Isso veria dos céus"); para isso recorrem a provérbios, que põem causa a imaturidade e impulsividade de Inês. A experiência sintetizada nas frases populares funciona, no contexto, como um conjunto de argumentos de autoridade destinados a fundamentar as afirmações da mãe e de Lianor. Na encenação da parte da peça que nós escolhemos, cena II, tomámos a liberdade de interpretar algumas situações, de acordo com a nossa leitura do contexto, tais como: Lianor Vaz entra em cena apressada, pois vem entusiasmada e muito satisfeita com o pretendente e marido que arranjou para Inês; enquanto esta lê a carta trazida por Lianor, na qual Pero Marques apaixonadamente se apresenta e manifesta a sua vontade de casar com Inês; a mãe e Lianor "perseguem-na", tentando ler o conteúdo. Acabada a leitura da carta, Pero Marques (mostrando a sua verdadeira maneira de ser) entra em casa de Inês e da mãe, apresentando-se pessoalmente e mostrando as suas intenções. Ao contrário de Inês, a mãe recebe-o com simpatia e convida-o a sentar-se, enquanto ele realiza inúmeros movimentos à volta da cadeira sem perceber a utilidade deste objeto. Esta nossa adaptação teve como objetivo tornar a representação mais dinâmica e cómica, no sentido de captar a atenção e envolver os espetadores, levando assim a uma melhor compreensão do texto. Em suma, ao longo dos ensaios, fomos melhorando alguns aspetos da nossa atuação, tais como o movimento do corpo, entoação, e dicção, com a ajuda do professor Fernando, que nos deu dicas nos ensaios para melhorarmos estes aspetos. Para além disto, todos nós nos empenhámos em dar o nosso melhor para melhorar a nossa performance e para que a representação desta peça tivesse sido uma experiência enriquecedora e significativa. Ana Azevedo, André Xavier, Margarida Miguel e Mariana Bagulho

N

a Farsa de Inês Pereira, eu encarnei o papel de mãe da Inês, na cena II, parte em que Lianor Vaz lhe apresenta um possível pretendente. Apesar de tudo, a mãe só quer que Inês arranje um bom marido e, por isso, quando Lianor vai buscar Pero Marques, esta faz questão de pôr Inês o mais aperaltada possível: “Touca-te bem,/ pois que pera casar anda”. A mãe acaba por ter um papel importante no momento em que Lianor aconselha Inês a casar, através do reforço das ideias da amiga: “Pardeus amiga, essa é ela”. A mãe, no geral relaciona-se bem com todas as personagens, apesar de não ir muito na conversa do escudeiro (segundo pretendente apresentado a Inês). Em suma, a mãe, como pessoa sábia, vai sendo a voz da razão junto de Inês, apesar de esta não lhe dar ouvidos. Além disso, no fundo, acaba por ter razão quando afirma que Pero Marques seria um bom pretendente para Inês, pois o auto finaliza com os dois a casarem.

Ana Azevedo

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Farsa de Inês Pereira 10º B

No âmbito da encenação da Farsa de Inês Pereira, eu encarnei a personagem Inês Pereira.

Inês Pereira é uma jovem preguiçosa, que ambiciona casar com um homem que tenha determinadas caraterísticas idealizadas por ela (um homem avisado, discreto, que saiba tanger viola, etc.) de modo a livrar-se dos seus deveres domésticos (“renego deste lavrar”). Podemos então dizer que é uma mulher leviana, pois não leva a sua vida e os seus deveres muito a sério. Inês é também rude e cruel, recorrendo bastantes vezes à ironia para zombar do seu primeiro pretendente, Pero Marques, uma vez que este não corresponde ao exemplo de marido que ela deseja, mostrando-se, então, pretensiosa. Com o avançar da peça, Inês, ao invés de escolher Pero Marques (um marido manso) escolhe Braz da Mata (um escudeiro mentiroso que só quer casar com ela por interesse) e é vítima de violência doméstica. Com isto, Inês percebe o erro que cometeu ao escolher um homem “discreto e avisado” que a tratou mal, em vez de Pero Marques, um homem honesto, com boas intenções, que realmente gostava dela (utilizando o mote: “mais vale asno que me carregue, que cavalo que me derrube”, onde Pero é o asno e o Escudeiro é o cavalo). No final da peça, Inês adquire uma postura e pensamentos muito diferentes, comparativamente com o início. Casa com Pero Marques, revelando que aprendeu a lição, escolhendo um marido manso. Ela tinha uma boa relação com a mãe, apesar de esta a avisar muitas vezes que o Escudeiro não era de confiança (acabando por estar certa), existindo, no entanto, um certo conflito de gerações entre as duas, uma vez que a mentalidade da mãe (da geração passada) defende que as mulheres deviam ficar em casa a fazer os deveres domésticos, ao contrário das intenções de Inês, que se sente injustiçada ao queixar-se por não se poder divertir. Concluindo, Inês é uma personagem com um caráter bastante forte, sendo até ingénua, às vezes, mas que aprende a sua lição e que tenta não repetir os erros do passado. Mariana Bagulho

A

quando da encenação da Farsa de Inês Pereira, o meu grupo fez a representação da Cena II, na qual eu desempenhei o papel de Lianor Vaz. Eu, Lianor Vaz, sou uma alcoviteira e casamenteira, sendo que por vezes assumo o papel de conselheira (“Seja sapo ou sapinho/ ou marido ou maridinho,/ tenha o que houver mister,/ este é o certo caminho!”) e levo os meus trabalhos muito a sério. Apesar de não ser muito velha, também já não “caminho para nova”; no entanto pareço muito jovem, a verdade é que ninguém me dá a minha idade. Eu gosto de pensar como uma rapariga livre, sem compromissos, mas levando sempre os meus deveres relativamente a sério e esperando algo em troca, dinheiro, e quanto mais, melhor! Em relação ao marido que arranjei para Inês Pereira, Pero Marques, só posso dizer que foi um dos meus melhores desempenhos, e, como acabaram por casar, suponho que o meu objetivo foi cumprido, pois não só ganhei dinheiro, como a minha amiga ficou feliz. Tenho de admitir que fiquei muito contente, mas também, como já dei a entender, à exceção do “percalço” que tive com aquele malvado clérigo, devido ao qual fiquei deveras assustada, eu costumo estar sempre assim. Toda a gente gosta de mim (pelo menos acho eu), porque, se formos a ver bem as coisas (à exceção dos judeus que, verdade seja dita, não gostamos muito uns dos outros, pois os nossos objetivos de encontrar um bom marido para Inês se sobrepuseram), tenho muitos amigos e contactos; sou amiga da Maria (mãe de Inês), de Inês, de Pero, entre muitos outros. Quando Inês me disse que queria que eu lhe arranjasse um marido, fiquei muito contente. Ao fim e ao cabo, só quero o melhor para ela, só queria que ela tivesse gostado logo dele no início e que não tivesse chamado os judeus, não teríamos de ter passado por tanto, mas pronto! Em conclusão, como podem ver, não me importo de vos contar como sou, uma senhora como outra qualquer e que só quer o melhor para os que conhece. Margarida Miguel

N

a minha opinião, o grupo da Margarida Miguel, Mariana Bagulho, Ana Sofia e do André teve um desempenho muito bom durante a encenação da farsa, no auditório. Concordo com tudo o que disseram na reflexão e considero que fizeram um ótimo trabalho a nível de movimentos em palco, expressividade e da criatividade que puseram na cena em que Inês lia a carta de Pêro Marques. No entanto acho que se o André tivesse decorado melhor as suas falas, a prestação deste grupo seria ainda melhor e mais desenvolvida e que poderiam ter mencionado este ponto na sua reflexão. Gostei bastante desta encenação!

Joana Barbosa

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Farsa de Inês Pereira 10º B

G

ostei bastante do desempenho deste grupo, constituído pela Ana, Margarida, Mariana e pelo André, na interpretação desta cena. Concordo com a sua reflexão, e, tal como foi referido, penso que tiveram em grande atenção os gestos de cada personagem, a sua movimentação em palco, o vestuário, e a entoação de cada fala, refletindo o estado de espírito das personagens, o que mostrou uma grande dedicação. Achei muito boa ideia a inclusão de certos pormenores ligados à expressividade e movimentação cénica que não estavam presentes na peça original, referidos na reflexão deste grupo. Conseguiram dar uma nova dinâmica à cena interpretada, dando-lhe um carácter cómico que antes não possuía, e, consequentemente, tornando a cena mais interessante. Penso que a única coisa em falta nesta apreciação crítica é a apresentação mais desenvolvida das áreas que poderiam ter sido melhoradas.

Sofia Duarte

R

elativamente a este grupo, a sua reflexão está muito bem feita e também estiveram muito bem ao nível da representação, embora um dos membros do grupo não tenha conseguido decorar todas as falas. Ao nível da expressividade, caracterização das personagens e movimentação em palco, estiveram muito bem.

David Santos

R

ealizaram uma boa encenação. Na minha opinião, notou-se que este grupo esteve muito bem em relação ao vestuário e às movimentações em palco, tornando a encenação muito interessante. No entanto, acho que deveria melhorar a expressividade de alguns membros do grupo. Concordo com o que disseram na apreciação crítica, mas acho que também poderiam ter mencionado os aspetos que consideram que poderiam ter sido melhorados.

Inês Lopes

A

encenação da peça, realizada por este grupo - composto pela Ana Azevedo, pelo André, pela Margarida Miguel e pela Mariana Bagulho — foi agradável e cómica. Estes conseguiram transmitir o pendor cómico que Gil Vicente pretendia revelar, através da ridicularização de algumas personagens e da sua expressividade. A personagem Pero Marques podia estar mais expressiva e realista, no que toca à sua encarnação. Em geral, gostei muito da sua prestação em cena e noto que a maioria dos elementos do grupo se esforçou ao máximo para decorar as falas na perfeição.

Leonor Batalha

N

a representação do 10ºB da Farsa de Inês Pereira, iremos atentar no grupo constituído pelo André, a Margarida Miguel, a Ana Sofia e a Mariana Bagulho, que encarnaram as personagens de Pero Marques, Lianor Vaz, Mãe de Inês Pereira e Inês Pereira, respetivamente. As cenas representadas pelo grupo em questão compreendiam a entrega da carta de Pero por parte de Lianor Vaz. A mesma traz consigo uma proposta de casamento para Inês e Lianor apresenta-a, elogiando Pero. Ajuda-o no seu objetivo, sendo este desposar Inês. Segue-se a chegada e apresentação de Pero Marques, que se mostra desajeitado, desconhecedor de regras sociais, humilde, e cai no ridículo. Na representação foi visível um esforço para que a peça não ficasse demasiado estática, tendo esse esforço o seu apogeu na sequência da leitura da carta por parte de Inês Pereira, em que sua mãe e Lianor Vaz tentam, de modo cómico, espreitar o conteúdo da carta e Inês, indignada, afugenta, repetidas vezes, ambas, sendo este um dos pontos altos da encenação. A caracterização da Mãe, incluindo um lenço na cabeça, uma almofada para fazer de barriga e um avental, e de Lianor Vaz, vestida com trajes ligeiramente reveladores e de certo modo berrantes, roçando o exagero, são caracterizações bem desenvolvidas. Em oposição, a falta de caracterização por parte de Inês Pereira e de Pero Marques acentuou-se. Pero Marques não soube com segurança as suas falas, levando a uma constante quebra no ritmo da encenação. A sua expressividade em palco foi, se não nula, bastante escassa. Inês, apesar de não apresentar nenhuma caracterização especifica, com guarda-roupa do dia-a-dia, desempenhou com qualidade o seu papel, tanto a nível da expressividade como da entoação. Quer a Mãe, quer Lianor Vaz desempenharam o seu papel de forma segura. Assim, não sendo uma atuação excecional, teve os seus momentos, já referidos anteriormente. Fechando assim a nossa crítica, na nossa opinião, este grupo, não tendo uma atuação magnífica, mostrou um esforço, por parte dos atores, para entreter o público e não falhou nesse objetivo. David Santos e David Ramusga

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Farsa de Inês Pereira 10º B

N

o dia 10 de fevereiro foram interpretadas cenas, em grupos, pelos alunos do 10ºB, da Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente. O nosso grupo interpretou uma cena que se inicia com a entrada de Brás da Mata e termina com o seu casamento com Inês, incluindo ainda a cena em que Inês recebe uma carta de Arzila, vinda do irmão. As personagens participantes nestas cenas são Inês Pereira, uma jovem teimosa, imatura, exigente e determinada a encontrar um marido com certas características (avisado, discreto e que saiba tanger viola); o Escudeiro (Brás da Mata), que tenta ser credível face às suas mentiras para casar com alguém economicamente mais estável, acabando por se mostrar um homem controlador, arrogante e possessivo; a Mãe, que passa a cena preocupada a proteger e aconselhar a filha (Inês) e deseja que esta case com um homem decente; os Judeus (Latão e Vidal), que se complementam um ao outro e têm papel de casamenteiros, portanto querem ser recompensados por fazer com que Inês se case com o Escudeiro, revelando-se falsos, espertos, interesseiros e heréticos; e por fim o Moço, que é honesto, desrespeitoso, interesseiro e deseja que o Escudeiro case com Inês para ser bem pago e ter boas roupas e calçado. Relativamente ao cenário, à movimentação e aos gestos, Inês e a Mãe começam sentadas, ambas com boa postura, e a Mãe mostrando uma expressão de preocupação. Ao seu lado estão os Judeus (Latão e Vidal), em pé, desengonçados, com uma postura cómica e gestos que se complementam. O Escudeiro entra em cena, convencido, de nariz empinado, e vangloria-se perante todos. Ao seu lado também entra o moço, com uma postura cómica e gestos expressivos, ridicularizando o Escudeiro nas suas costas. Na segunda parte da interpretação estão em cena só o moço, com uma carta, e Inês, a varrer o chão. Quanto ao vestuário, a Mãe e a Inês usaram vestidos; o Escudeiro, uma blusa cinzenta e calças de ganga azuis e o Moço vestiu uma camisola verde, calças de ganga azuis e um gorro. Os Judeus tinham ambos uma manta comprida e um solidéu para os diferenciar culturalmente. No que toca aos adereços, foram utilizados um anel, uma vassoura e a carta de Arzila para Inês, uma guitarra para o Escudeiro, uma nota de cinco para o Latão, e uma cabeleira para uma personagem secundária. Alguns dos pontos fortes a referir, relativamente à nossa representação, foram o facto de esta ter tido um pendor cómico, todos tínhamos as falas decoradas e conseguimos uma boa encarnação nas personagens, embora pudéssemos ter melhorado a projeção vocal. Em geral, achamos que o nosso desempenho em cena foi bom e que conseguimos alcançar as expectativas impostas pelo professor Fernando Afonso e pela professora Alexandra Cabral. Maria Cunha, Leonor Batalha, Gonçalo Santos, Margarida Matias, Pedro Ribeiro e Maria Rita Aleixo

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Farsa de Inês Pereira 10º B

Eu, Fernando, mais conhecido como “Moço”, trabalho, ou melhor, trabalhava, para o Escudeiro Brás da Mata, e vou contar o meu lado da história. Não sou uma pessoa de muitas palavras, porque não gosto de me intrometer nos assuntos dos outros, mas fui incapaz de ficar calado quando o meu amo, o Brás da Mata, tentou enganar aquela pobre senhora, a Inês Pereira. Ele, corajoso? Não me façam rir, o desgraçado foi morto por um pastor enquanto fugia de uma batalha! Sim, sei que não devia ter feito troça dele, mas já não aguentava mais. Parece que sou maleducado por responder torto ao meu amo, mas só o fiz porque estava muito revoltado com a vida. Não tinha o que comer, “ (…) dormia no chão e com o telhado por manta (…)”.O meu amo prometeu que me ia dar sapatos, que eu também não tinha, assim que ele casasse, o que sinceramente não devia ter feito, porque, como eu disse na altura, ”Homem que nem preto tem/ casa muito na má hora”. Bem, morreu sem me dar nada. Por um lado, a morte dele foi uma coisa boa, porque consegui deixa de trabalhar para aquele “tavanês,/ mor doudo que Deus criou” e já não tenho que fazer parte das mentiras dele. Por outro lado, fiquei sem emprego, agora não tenho ninguém para servir e por isso vou continuar na pobreza. Mas logo hei de arranjar outro amo, é o meu objetivo agora que me livrei daquele mentiroso descarado. Tive pena da Inês Pereira, coitada. Eu bem disse “ó como ficará tola,/ não fosse casar ante/ com mais sáfio bargante/ que coma pão e cebola”, mas ninguém me deu ouvidos. Mas que sei eu afinal, não é? Sou apenas um jovem saloio e pobre, ninguém me liga nenhuma. Mas espero ser menos pobre no futuro, ainda que não seja bem uma escolha, caso contrário morrerei de fome. E também tenho que arranjar roupas novas, estas que tenho agora estão tão rasgadas e gastas que nem aquecem o meu corpo extremamente magro, devido ao facto de comer muito pouco, coisa que não sei se já mencionei antes. Sou um pouco infeliz, por todos os motivos que já referidos, mas tenho esperanças de no futuro servir alguém decente, ao contrário do covarde interesseiro que era o Brás da Mata, que Deus o tenha, e espero ter melhores condições de vida. Rita Aleixo

No 10 de fevereiro, o 10ºB apresentou a Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, no auditório da escola.

Sendo um dos constituintes da turma, eu encarnei a personagem Latão, um dos judeus casamenteiros, que tem um papel fundamental na peça, pois apresenta um importante pendor cómico. A minha personagem está na meia idade, tem cabelo castanho e pele de cor mais escura. Usa vestes compridas e um solidéu, característicos da sua religião. O solidéu apresenta, nele pintada, uma estrela de David, que representa a religião judaica. Eu demonstro um carácter herético, que alude à ignorância ou desrespeito que se dizia que os judeus tinham, na época, face às coisas sagradas. A personagem que desempenho é materialista e pensa, acima de tudo, no dinheiro, “Dai-nos cá senhos ducados”. Este, como ofício, é casamenteiro e, por isso, tem como objetivo principal, encontrar, juntamente com o seu parceiro Vidal, um pretendente para Inês Pereira, para, assim, obter a devida recompensa. Os judeus têm um papel de complementaridade, ou seja, eu e o meu colega, que desempenhou o papel de Vidal, usámos como principal fator cómico a nossa união, demonstrando uma relação bastante forte. Ao longo da peça, eu, bem como o Vidal, tentamos convencer Inês de que Brás da Mata era o pretendente ideal, gabando-lhe inúmeros feitos e características, nenhum destes sendo verdade. Concluindo, a minha personagem tem como motivação a concretização do casamento de Inês Pereira e Brás da Mata e, mesmo sabendo que este é um impostor, Latão encobre a verdade. O que ele pretende é ser recompensado, independentemente do sofrimento que, posteriormente, causará a Inês quando esta descobrir a verdadeira personalidade do escudeiro, um homem vil, cruel e falso.

Leonor Batalha

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Farsa de Inês Pereira 10º B

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m relação à apreciação crítica feita pela Leonor, Margarida, Maria Rita, Maria Cunha, Gonçalo e Pedro, pelo facto de terem conseguido acrescentar cenas cómicas à peça e todos terem interpretado muito bem os seus papeis e decorado as falas, eu gostei muito da sua encenação apesar de considerar que deveriam ter melhorado as suas projeções vocais. Em suma, acho que desempenharam bem os seus papeis, realizaram movimentações pelo "palco" e decoraram as suas falas, transmitindo a pretendida mensagem aos espetadores.

Margarida Miguel

A

interpretação deste grupo, na qual integram a Maria, Leonor, Margarida, Maria Rita, o Gonçalo e o Pedro, foi, na minha opinião, uma das que mais se destacou e uma das melhores. Um dos pontos fortes deste grupo foi a sua movimentação em palco e a sua atenção aos pormenores e aos gestos. Mesmo quando não era a vez de uma personagem intervir ela reagia ao que acontecia à sua volta, nunca se encontrando estática, o que deu uma boa dinâmica à cena. Revelaram uma grande evolução, especialmente no que toca ao fator cómico. Para mim, durante os ensaios, as cenas cómicas não estavam muito bem coordenadas e não tinham o efeito desejado, mas, na apresentação final, verificou-se um bom equilíbrio entre as cenas sérias e as cenas cómicas, especialmente com os Judeus. Penso apenas que alguns personagens poderiam ter um vestuário mais adequado à época e, tal como foi referido na reflexão do grupo, a projeção vocal poderia ter sido melhorada. Houve uma parte em que algumas personagens se esqueceram de um conjunto de falas, mas foi apenas um deslize e nada que considere muito importante.

Sofia Duarte

R

elativamente a este grupo, acho que desempenharam muito bem os seus papéis. Um dos pontos positivos e de destaque foi a expressividade, tanto em primeiro plano como em segundo. Esta expressividade mostra que perceberam bem a peça e ajuda os outros a percebê-la. Para mim, foi um dos melhores grupos.

David Santos

A

meu ver, o grupo da Maria Cunha, Maria Rita, Margarida Matias, Leonor Batalha, Pedro Ribeiro e Gonçalo, foi excelente! A reflexão que o grupo fez também estava muito boa, sendo que eu queria acrescentar que a forma criativa como recriaram a música dos Judeus foi muito cómica, provocando o riso a toda a gente. A única coisa de que eu discordo é do tom de voz. Acho que, ao contrário do que disseram, foi bastante audível. Concluindo, penso que este grupo foi o que mais evoluiu ao longo do tempo e que o trabalho deles em palco foi impecável.

Joana Barbosa

P

enso que o grupo, composto por Maria Cunha, Leonor Batalha, Gonçalo Santos, Margarida Matias, Pedro Ribeiro e Maria Rita Aleixo, cumpriu com sucesso a tarefa pedida através de uma boa movimentação em palco e do constante efeito cómico, com a finalidade de chamar a atenção do público. Por outro lado, acho que poderiam ter melhorado a parte do vestuário, fazendo com que este fosse mais adequado à época. Em suma, penso que o grupo trabalhou bem em equipa para que o resultado final do trabalho fosse o desejado e fez uma boa reflexão.

Ana Azevedo

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Farsa de Inês Pereira 10º B

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ós observámos atentamente o grupo constituído pelo Pedro Ribeiro, a Maria Rita, a Margarida Matias, o Gonçalo Santos, a Leonor Batalha e a Maria Cunha, que representavam, respetivamente, o Escudeiro, o Moço, a Mãe, os Judeus (Vital e Latão) e Inês Pereira. Este grupo representou as cenas do casamento de Inês com o Escudeiro e o momento em que o Moço entrega a Inês a carta que anuncia a morte de Brás da Mata. Na nossa opinião, este grupo representou muito bem as suas cenas. Todos encarnaram bem as personagens: por exemplo, Inês mostrava-se ambiciosa, a Mãe censurava a sua opção de casamento, o Escudeiro era astuto e confiante, o Moço denunciava os defeitos do seu amo e os Judeus demonstravam a sua ganância, sendo também cómicos. No entanto, na cena em que o Moço é despedido, ele não se devia mostrar contente, mas sim desolado por perder o seu emprego. Outro momento de que também gostámos foi a encenação que fizeram da música dos Judeus, pois, de forma criativa, conseguiram pôr toda a gente a rir. Os adereços foram outro ponto forte. O moço levava consigo uma viola, uma vassoura, umas chaves e a carta que anunciaria a liberdade de Inês. O guarda- roupa utilizado era também adequado. Todos tentaram retratar as vestes da época e apresentaram pormenores interessantes, como os solidéus dos Judeus. Além disso, como precisavam de uma outra personagem para o casamento de Inês (Luzia), o Gonçalo tirou o seu solidéu e colocou uma peruca, para mostrar que já não estava a interpretar o Judeu. Mais um aspeto positivo deste grupo, foi todos terem decorado as falas, o que lhes permitiu estarem concentrados e terem uma boa dicção. Ao longo dos ensaios houve uma grande evolução, que se percebeu na altura da encenação final. A expressividade de todos eles melhorou bastante e os movimentos em palco também evoluíram positivamente. Concluindo, nós achamos que esta foi uma das melhores dramatizações da nossa turma e que, tirando a representação da cena em que o Moço ficou desempregado, a atuação foi excelente. Inês Lopes e Joana Barbosa

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o dia 10 de fevereiro, a turma 10ºB, dividida em grupos, encenou no auditório José Saramago a Farsa de Inês Pereira, que consiste na história de uma jovem burguesa que aspira casar. Cada grupo encenou uma ou mais cenas, sendo-nos pedido que avaliássemos um destes grupos. O alvo desta crítica é o grupo constituído pelo Pedro Ribeiro, Maria Rita, Margarida Matias, Gonçalo Santos, Maria Cunha e Leonor Batalha, que interpretaram respetivamente o Escudeiro, Moço, Mãe, Vidal, Inês e Latão. O grupo referido interpretou as cenas em que o Escudeiro se apresenta a Inês, o casamento dos mesmos e a chegada da carta na qual é revelada a Inês a morte cobarde do Escudeiro. As cenas mencionadas, na nossa opinião, foram bem representadas, e, apesar de existirem algumas áreas de melhoria, podemos afirmar que este foi um dos melhores grupos da turma. O Escudeiro teve uma boa entoação e expressividade, assim como a maior parte dos membros, embora pudesse encarnar melhor a personagem, através de expressões faciais mais adequadas e de um vestuário mais credível. O Moço destacou-se na sua colocação cénica, nunca permanecendo estático; porém, algumas das suas expressões e movimentos pareciam forçados. Esta personagem, por vezes, falava demasiado rápido, não existindo um momento de pausa adequado entre as suas falas e as do Escudeiro. A Mãe, apesar de apresentar uma linguagem corporal e gestos de acordo com o contexto, poderia ter melhorado a sua expressividade e o vestuário, uma vez que não demonstrou a sua idade através das vestes. Os Judeus foram os que mais se destacaram e o ponto forte deste grupo. A sua atuação melhorou consideravelmente desde os ensaios até à representação final, sendo que, antes, as suas intervenções cómicas pareciam um pouco forçadas. O Vidal, por exemplo, demonstrou uma grande melhoria, nomeadamente na sua expressividade e no efeito cómico. O Latão, apesar de se ter esquecido de uma fala, também melhorou, conseguindo equilibrar o lado sério e o lado cómico das cenas. Ambos apresentaram uma boa movimentação e colocação em palco. A Inês teve uma boa entoação e expressividade, conseguindo encarnar bem na personagem. Também apresentou movimentos e gestos expressivos. Embora não demonstrasse pontos fracos, também não foi uma personagem muito memorável, quando comparada com os Judeus. No geral, quase todas as personagens apresentaram os mesmos pontos fortes, como a entoação e a expressividade, a colocação cénica, os gestos e movimentos, sendo que cada uma se destacou numa área diferente, valendo a pena salientar que estas características foram melhor executadas neste grupo do que nos restantes, na nossa opinião. Para nós, a parte mais memorável foi o casamento, pois foi uma abordagem criativa, diferente da dos outros grupos, nomeadamente nos movimentos, colocação e criação do cómico. Este grupo possuiu um número escasso de aspetos negativos, sendo o mais notório o vestuário pouco adequado por parte de todas as personagens, quando comparados aos outros grupos. As características que poderiam ser melhoradas, referidas anteriormente, são, na verdade, muito específicas e com pouca importância para a apreciação geral da peça. Sendo assim, os pontos fortes são muito mais significativos do que os fracos. A interpretação das cenas por parte deste elenco foi bastante boa, salientando-se as situações cómicas, com poucos pontos fracos. Demonstraram uma grande evolução face aos ensaios, sendo um dos nossos grupos prediletos. Eduarda Peixoto e Sofia Duarte 18


Farsa de Inês Pereira 10º B

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sexto grupo do trabalho de português (João Tavares, Maria Azevedo, António Raimundo, David Santos, Tiago Cardoso e Marta Megre), na representação da Farsa de Inês Pereira, representou a cena da chegada dos judeus/apresentação do escudeiro. A cena representada consiste na descrição e apresentação do escudeiro a Inês Pereira pelos judeus casamenteiros e tem como personagens Inês Pereira, a sua mãe, Latão, Vidal, o escudeiro e o moço. Inês Pereira, a protagonista da peça, é uma rapariga preguiçosa e ambiciosa que apenas pensa em casar com um homem com as qualidades cobiçadas na época, para que possa ascender social e economicamente, sem ter que trabalhar nem realizar as suas obrigações como mulher. A mãe de Inês, uma mulher inteligente, é sua conselheira, mostrando-se sincera e realista. Esta pretendia que a filha se casasse com um pretendente que lhe garantisse segurança económica. Os judeus Latão e Vidal são personagens aldrabonas, falsos e materialistas, usadas maioritariamente para a criação de momentos cómicos na peça. Estes dois procuram arranjar um pretendente que agrade a Inês, pelo menos até ao casamento, puramente para a obtenção de lucro. Latão e Vidal descrevem o escudeiro da melhor maneira possível, para impressionar Inês. Porém, quando este chega, denunciam, através de apartes dirigidos ao público, a verdade acerca do mesmo. Representam, desta forma, a ganância e a hipocrisia dos casamentos arranjados. O escudeiro é um membro da baixa nobreza pobre e desfeita, cuja aparência e atitude difere bastante da realidade. Representa a virtude e as qualidades apenas aparentes, agindo como um nobre de posses, quando, na verdade, é pobre e cobarde, tendo sido morto por um pastor enquanto desertava da batalha. Mostra-se gentil, educado, avisado e bem-falante, quando é, realmente, cobarde, rude e egoísta. Pretende casar com Inês apenas por interesse económico, para poder sustentar os seus luxos. O moço é, como os judeus, uma personagem usada para revelar ao público a verdadeira situação do seu amo. Este é leal, apesar de não ser tratado devidamente pelo amo, e é cúmplice do mesmo, pactuando com ele. O moço pretende servir o seu amo, com a esperança de ser pago pelos seus serviços. Relativamente ao cenário, os únicos detalhes dignos de nota foram as duas cadeiras para Inês e sua mãe se sentarem. O vestuário e adereços usados foram um vestido, usado por Inês, uma guitarra e dois chapéus: uma cartola usada por Latão e um quipá usado por Vidal. Relativamente à nossa adaptação dos gestos das personagens na representação, a colega que representou Inês Pereira fingiu-se desconfiada e com nariz empinado durante a descrição do escudeiro por parte dos judeus, devido ao preconceito antissemita da época. A que representou a mãe atuou de forma cínica, irónica e desaprovadora, pois percebeu logo a situação verdadeira do escudeiro e o problema no qual Inês se estava a meter ao casar-se com este. Os dois judeus disputaram a atenção de Inês e de sua mãe, empurrando e interrompendo-se, pois queriam ser pagos devido aos seus serviços como casamenteiros, aclamando exageradamente o escudeiro. Porém, depois de este último entrar em cena, tornam-se irónicos, em apartes, demostrando, assim, a verdade sobre o mesmo. O escudeiro agiu de uma forma narcisista e confiante, mostrando desprezo por todos os que não eram Inês. O moço atuou ironicamente para com o seu amo, em apartes, de forma a revelar a outra faceta do escudeiro. Na nossa opinião, representámos as cenas com bastante atenção aos detalhes como, por exemplo, o diálogo e os gestos dos judeus, com o moço em segundo plano. Porém, sabemos que também existiram falhas e pontos fracos na nossa representação, como as paragens nas falas devido ao número relativamente elevado de versos para decorar. Independentemente dos pontos fracos, o nosso grupo gostou imenso desta oportunidade e acha que viveu uma experiência interessante. João Tavares, Maria Azevedo, António Raimundo, David Santos, Tiago Cardoso e Marta Megre

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isicamente, sou alto esbelto, bonito, de boas feições e bem vestido. Sou, também, mentiroso, arrogante, vaidoso, controlador, egoísta e, no que toca a interesses, só penso e me interesso pelo meu próprio bem "Sei bem ler,/ e muito bem escrever/e quanto a tanger viloa/logo me vereis tanger",[…] "E se me vires mentir/ gabando-me de privado/ está tu dissimulado(...)". O meu grande objetivo é enriquecer, porque apesar de ser da nobreza, não tenho "nem preto", e para conseguir concretizar este desejo preciso de casar. Entre todas as pessoas que conheço, embora nenhuma delas seja muito influente ("E se me vires mentir/gabando-me de privado...)", destaca o meu moço, um ladrão imprestável ("Fui despedir um rapaz/por tomar este ladrão"), a minha mulher, Inês Pereira, cuja beleza não consigo descrever("(...) Obrou bem a natureza em dar-vos tal condição(...),"(...) Deus vos salve fresca rosa(...)", a sua mãe, que não conheço bem, e os judeus Latão e Vidal, que me arranjaram mulher. A perceção que eu tenho da situação em que me encontro é que o Moço se quer ir embora devido a eu não lhe dar condições de vida suficientes; Inês casou-se comigo porque se queria casar com um homem culto, mesmo que fosse pobre. A mãe de Inês estava relutante sobre o nosso casamento ao princípio, mas penso que já se habituou à ideia.

António Raimundo

Na representação da peça “Farsa de Inês Pereira” encenei a personagem da Mãe.

A minha personagem é muito perspicaz: sabendo o que se passa à sua volta, tem sempre uma postura superior em relação aos outros e acha que Inês não está a pensar muito bem no que quer para si, tendendo assim, no decorrer da peça, a reprovar constantemente o que Inês escolhe para si e tendo receio que a sua escolha lhe traga infelicidade e prejuízos. O objetivo da minha personagem é fazer com que Inês se case com um homem de índole e estável, que lhe dê o que precisa e não miséria. Para isso, a minha personagem muitas vezes aconselha Inês a não casar com o homem que esta idealiza (“Muitas vezes, mal pecado,/ é milhor boa simpreza”). A Mãe é uma personagem bastante desconfiada relativamente às outras personagens, exceto com Lianor Vaz, uma amiga que se demonstra fiel no decorrer da peça e que arranja um pretendente para Inês. Pero Marques é o pretendente arranjado por Lianor Vaz. Mãe funciona como a confidente de Inês, aconselhando o que achava melhor para ela, mas, quando se apercebeu de que Inês não lhe daria ouvidos, deixou-a escolher o que queria. No entanto, nunca deixava de perceber o que se passava à sua volta, sendo que no final Inês ficou exatamente com o homem que a Mãe lhe tinha aconselhado, Pero Marques.

Maria Azevedo

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ou Latão, um dos judeus casamenteiros, e o meu companheiro é Vidal. "Não sabeis o quão longe fomos [...]" para encontrar um pretendente decente para Inês Pereira. Desempenhamos um trabalho que, apesar de parecer honesto, vive à base do comércio com uma das emoções e sentimentos humanos mais básicos: o amor. Eu, devido às discriminações que sofro, sempre fui privado de muita da comida que o resto do povo come e, por isso, tem um aspeto carrancudo e desfigurado. Apenas faço o meu trabalho para poder ganhar "senhos ducados", fazendo-o, portanto, para sobreviver. Sou, tal como Vidal, ganancioso, aldrabão e alcoviteiro. Cumprimos, juntos, os estereótipos de judeus e alcoviteiros da época. Apenas queremos, no contexto em questão, arranjar um pretendente com as qualidades apreciada em homens, sendo estas a sabedoria e educação. Porém, admito que o que importa realmente para nós é apenas que essas virtudes sejam, pelo menos, aparentes até ao casamento, pois é nesse momento que asseguramos o nosso pagamento. Quanto à minha relação com todos, não tenho a melhor amizade com a mãe de Inês, pois esta parece ser a única que conhece a realidade por detrás das nossas palavras sobre o Escudeiro. Quanto a este último, Deus me perdoe, porque sabe o quão rude este realmente é, mas é a única forma de conseguirmos dinheiro. Quanto a Inês, coitada dela! Mal sabia o "bicho do mato" com quem casou, enquanto as nossas palavras a enganavam. Finalmente, a Vidal apenas desejo o melhor para os nossos negócios. Concluindo, sendo um judeu alcoviteiro, não tenho nenhuma esperança em ascender. Apenas me interessa o dinheiro e recebê-lo-ei, através de qualquer método, sujo ou não. Ser um aldrabão, numa época quinhentista, nunca traz as melhores das recompensas.

João Tavares

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personagem cujo papel desempenhei, no meu grupo, na encenação da Farsa de Inês Pereira, foi o moço, Fernando. Eu, o Fernando, sou o moço, sou humilde, um pobre coitado que me deixo levar pelas mentiras de meu amo, ao mesmo tempo que acabo sendo explorado pelo mesmo, cumprindo o meu dever sem qualquer recompensa, atual ou futura. Na maior parte do meu tempo, sou infeliz, pois durmo mal e ando sem qualquer dinheiro no bolso, sem tirar que passo fome e uso roupas gastas e rotas. Neste caso, meu objetivo, como personagem desta encenação, é prestar serviço ao meu amo; ao mesmo tempo, mostro aos poucos as fraquezas e o quão pobre o mesmo pode ser. (“Homem que não tem nem preto, / casa muito na má hora”). A minha relação com outros personagens, neste caso, para com o escudeiro, Brás da Mata, é de criado para amo, sendo eu, infeliz e pobre, e o meu amo, um mentiroso aldrabão e vigarista; a minha relação com o mesmo causa-me extrema infelicidade e descontentamento, (“Meu amo, quero m’ir!”). Eu julgo que não tenho muito mais para mostrar-vos, considerando o que sou e a maneira como vivo a minha vida ao lado do meu amo, deixando-me levar numa maré de infelicidade e de mentiras contadas pelo mesmo, ao longo da historia. Tiago Cardoso

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a encenação da Farsa de Inês Pereira, realizada pela minha turma, 10ºB, a personagem cujo papel desempenhei foi a do judeu Vidal. Este judeu, ao longo de toda a encenação, mostra uma relação muito forte com o seu companheiro Latão. Estes dois personagens completam-se durante toda a peça, fazendo transparecer que os dois são apenas um. Com as outras personagens tem simplesmente uma relação de intermediário na concretização do casamento de Inês Pereira. Como foi dito anteriormente, o grande objetivo de Vidal era, juntamente com Latão, arranjar marido para Inês e realizar o seu casamento, acontecimento esse realizado como pretendido, ao unir Inês e o escudeiro Braz da Mata. Vidal apresenta-se com uma aparência e uma linguagem pouco cuidadas. A sua aparência é pouco cuidada, tendo barba, o cabelo despenteado e algumas manchas de sujidade na pele. As suas roupas são simples, sujas e um pouco rasgadas, típico das classes sociais inferiores, nas quais se enquadra. Vidal, tal como o seu companheiro Latão, é mentiroso e enganador, pois apresenta o escudeiro a Inês, dizendo que este é um grande homem, ideal para ela e cheio de qualidades, mesmo sabendo que Braz da Mata é exatamente o oposto. Isto acontece devido a ser interesseiro e ganancioso, pois fá-lo apenas para conseguir o dinheiro que Inês lhe dá por lhe conseguir arranjar marido. Vidal mostra-se indiferente a todos os acontecimentos da peça, tendo apenas como interesse que Inês case com o escudeiro, cumprindo assim o seu principal objetivo e recebendo a sua recompensa por tal feito. David Santos

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u concordo com a reflexão concretizada por este grupo e acho que perceberam ao pormenor em que consiste esta peça, transmitindo as emoções que cada personagem sentia. Infelizmente, tiveram aquele deslize, no momento em que a peça apresentou algumas paragens, devido ao esquecimento das falas, por parte de alguns elementos do grupo. Mas, fora isso, e também com a ajuda do efeito cómico conseguido pelos judeus, a representação adquiriu um toque único.

Leonor Batalha

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oncordo com a maior parte da reflexão deste grupo, constituído pelo João, António, David, Tiago e pela Maria e a Marta, sobre o seu desempenho na representação das cenas escolhidas. Um dos pontos fortes do grupo foram os momentos cómicos, principalmente entre os dois Judeus, nas ações em segundo plano, e, por vezes, entre o Escudeiro e os Judeus. Outro ponto forte foi também a entoação e expressividade verificada em alguns membros do grupo. Como foi referido na reflexão, existiram momentos em que certas personagens se esqueceram das suas falas. Também notei que algumas personagens, embora interagissem e falassem uma com a outra, não pareciam ter muita conexão, provavelmente devido às paragens feitas nas falas, devido aos esquecimentos. Penso que essa característica poderia ser melhorada e que, sem esse problema, a encenação teria corrido melhor. Sofia Duarte

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o contexto da encenação realizada por João Tavares, Maria Azevedo, António Raimundo, David Santos, Tiago Cardoso e por Marta Megre, sou da opinião de que a obra não foi bem interpretada do ponto de vista da relação entre os judeus e entre o escudeiro e o moço, uma vez que os judeus são “cúmplices” e criam bastantes situações de cómico, e o escudeiro tem uma atitude de superioridade para com o moço, coisa que não transpareceu durante a representação. No entanto, Inês e a sua mãe estiveram bastante bem e demonstraram perceber realmente as características e relação entre as duas personagens. Posso ainda acrescentar que o grupo deveria ter ensaiado um pouco mais, de forma a não faz paragens durante a peça, tornando-a assim mais dinâmica. No geral a reflexão está bem feita e tocaram nos tópicos principais a melhorar, assim como nos positivos.

Mariana Bagulho

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u concordo com a reflexão do grupo constituído pelo João, António, Tiago, Maria, Marta e David, que a meu ver estiveram bastante bem na encenação da peça, mas também apresentaram pontos fracos porque em alguns casos não decoraram as falas. Os pontos fortes do grupo foram a entoação e expressividade, mesmo que em algumas partes da peça isso não se verificasse devido a paragens. Outro ponto forte foi a movimentação e gestos das personagens. Porém, como referido, poderiam ter decorado melhor as falas, de modo a dar fluidez à peça, diminuindo as pausas e dando melhor a perceber os gestos e até a própria movimentação das personagens. Por último, a representação foi bastante boa, mas, se tivessem decorado as falas, teria sido melhor.

Pedro Ribeiro

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o dia 10 de fevereiro, a nossa turma, 10ºB, apresentou em grupos algumas cenas da peça Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente. Relativamente ao grupo composto pela Maria Azevedo, António, João, Tiago, David Santos e Marta, podemos referir alguns aspetos positivos e negativos. A Maria Azevedo desempenhou o papel de mãe de Inês e conseguiu transmitir a preocupação sentida pela personagem relativamente à filha, Inês. A Marta interpretou o papel de Inês Pereira, demonstrando uma boa encarnação da personagem - mostrou-se teimosa, determinada e exigente. O António encarnou a personagem escudeiro (Brás da Mata). Esta personagem não foi bem representada, pois não transmitiu nenhuma emoção ou motivação. O João e o David Santos representaram os judeus, conseguindo alcançar o objetivo principal destas personagens, um efeito cómico e de complementaridade. O Tiago desempenhou o papel de moço, não tendo esta personagem atingindo as expectativas pretendidas. O grupo em questão representou a cena desde a entrada dos judeus, que apresentaram um pretendente a Inês, até à declamação do escudeiro. Alguns dos pontos fortes a referir, relativamente à encenação deste grupo, foram uma caracterização cómica e uma boa movimentação cénica. Quanto aos aspetos negativos, achamos que deviam ter decorado melhor as falas, que a maioria das personagens devia ter sido mais expressiva e que deviam ter utilizado mais adereços, bem como um vestuário mais adequado à época. Em geral, pensamos que este grupo tinha bastantes aspetos a melhorar. No entanto, tiveram uma boa prestação, tendo em conta que nenhum de nós é profissional nesta área, teatro. Leonor Batalha e Maria Cunha

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No passado dia 12 de janeiro, o nosso grupo protagonizou

uma cena da Farsa de Inês Pereira. Representamos a cena do casamento entre Inês e o Escudeiro. Nesta parte da peça as personagens intervenientes são Inês (Marina), o escudeiro (Gonçalo), a mãe (Beatriz), Latão (Dinis), o moço (Tiago) e Vidal (Tiago). Inês é uma jovem moça que anda à procura de um marido para se livrar da sua mãe e das tarefas domésticas. A mãe é uma dona de casa preocupada com o futuro da sua filha. O escudeiro é um tirano que conquista Inês, mas, assim que tem o coração desta na sua mão, acaba com o seus gestos românticos e demonstra ser tanto maldoso como rude, tal como era com o seu moço, que é o seu humilde criado, que aceita ser escravizado por Brás da Mata, sempre com a esperança de receber algo em troca. Por fim, Latão e Vidal são dois judeus que ajudam o escudeiro na sua missão de conquistar Inês. Apesar de não termos tido uma grande opção de escolha no que toca ao cenário, agradecemos à nossa professora por nos ter cedido o auditório José Saramago, onde nos sentimos mais confiantes, o que aumentou exponencialmente a boa performance da nossa representação. No geral, o nosso grupo aproveitou o pouco espaço que tinha ao máximo e também efetuamos um bom posicionamento, conseguindo assim interagir com o público e com os outros atores em simultâneo. A utilização de adereços adequados facilitou a expressividade e o dinamismo da nossa encenação, bem como uma boa perceção da cena pela parte dos espectadores. Apesar do vestuário utilizado por nós não estar de acordo com os trajes utilizados pela sociedade da altura, pensamos que não tenha interferido na qualidade da encenação. Na nossa opinião, a encenação foi razoável, tendo-se destacado o nosso colega Tiago, que conseguiu conciliar as duas personagens que representava na perfeição, dando sempre o melhor de si. A boa vocalização, a nossa interação com o público e a utilização de adereços adequados cativou a atenção dos nossos colegas, bem como a dos professores que estavam a assistir. Concluída a encenação, achamos que poderíamos ter melhorado em alguns aspetos, tal como na melhor movimentação de algumas personagens em palco e também no que toca à memorização das falas. Beatriz Grytchyna, Dinis Pereira; Gonçalo Resende, Marina Pereira, Tiago Teles

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a cena que encenei, juntamente com o meu grupo, da Farsa de Inês Pereira, representei um dos judeus, Vidal. Aparentava ser um homem pobre, que eu acabei por tornar num guardador de ovelhas, que pensava e sentia de uma forma alegre, vendo as coisas de uma forma positiva. Juntamente com Latão, o meu objetivo era tentar que Inês Pereira se casasse com o escudeiro. Porém, quando disse : “Mas ela como se cala/ Tem atento o ouvido…/ Este há de ser seu marido/ segundo a coisa s’abala.”, é como se eu estivesse a achar que Inês estava atenta ao longo discurso do escudeiro mas, todavia, continuava a achar e a querer que eles se casassem. Em relação à interação com outras personagens, como o meu personagem interagiu quase na totalidade apenas com Latão, acabei por tentar dinamizar um pouco mais essa interação entre ambos, acrescentando alguns gestos não só entre as personagens mas considerando também com o meio à minha volta. Para concluir gostaria de referir que penso que todos nós representámos bem as nossas personagens mas acho que o modo como encarnei a minha personagem pode ter tornado a cena mais dinâmica, ao acrescentar algo que cativou a atenção do público.

Tiago Teles

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A personagem que encenei foi o escudeiro.

O escudeiro é um tirano que está apaixonado por Inês. Apresenta-se a Inês como sendo o seu "príncipe encantado" com quem ela sempre sonhou e, em consequência dos seus gestos românticos, acaba por conquistar o coração da donzela. Apesar de ter conquistado a sua amada, não agradou à sua mãe. Mas a felicidade pouco tempo durou, pois, logo a seguir ao casamento, o escudeiro mostrou o seu pior lado a Inês, agredindo-a física e verbalmente. Tais atos de crueldade já eram praticados com o moço, que, apesar de ser um ser pobre e estar sempre esfarrapado, ajudava o seu senhor, com a esperança de receber algo em troca. Através da descrição dos comportamentos do escudeiro, é possível obter uma ideia geral de que este era um tirano e uma pessoa horrorosa, que apenas pensava em si e escravizava/menosprezava todos em seu redor. Andava sempre trajado a rigor e tinha-se em muito boa consideração, tal como diz em "Sei bem ler/ E muito bem escrever/E quanto a tanger viola/Logo me vereis tanger". O seu objetivo foi cumprido, pois conquistou Inês com bastante facilidade, o que não aconteceu com Pero Marques, que, ao contrário do escudeiro, não a conseguiu impressionar positivamente. Através da análise do escudeiro, é possível concluir que este, apesar de ser um tirano, conseguiu o que queria, mostrando assim que, muitas vezes, a tirania prevalece.

Gonçalo Resende

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meu ver, a representação no geral estava mal preparada, pois deveriam de ter mostrado mais expressividade (mãe e Inês). Também acho que o judeu/moço mostrou demasiada expressividade, pois estava a atrair as atenções todas para si, quando deviam estar no escudeiro e em Inês, embora tenha representado muito bem a sua personagem.

Catarina Iria

Na minha opinião este foi um dos grupos que teve uma melhor performance. Gostei bastante da maneira como fizeram a plateia rir, principalmente o Tiago Teles, que demonstrou um grande à vontade em relação à representação. Acho que todos tiveram uma grande evolução, desde os primeiros ensaios até à representação final. Estão todos de parabéns!

Bernardo Morais

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o geral, gostei muito da representação deste grupo, na qual se notou uma grande evolução em todas as personagens, devido a um à vontade que foram adquirindo ao longo dos ensaios, encarnando cada vez melhor cada personagem. Na minha opinião, a único aspeto menos bom foi algumas elementos não terem conseguido decorar totalmente as falas, o que iria contribuir para uma maior expressividade deste grupo. A representação do Tiago destacou- se nesta representação, pois foi o elemento que se exprimiu melhor e encarnou melhor a sua personagem .

Miguel Santos

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Farsa de Inês Pereira 10º a

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o âmbito da representação da Farsa de Inês Pereira, decidimos representar a segunda cena. Esta cena é desempenhada por quatro personagens, Inês Pereira (representada por António Torres), Pero Marques (representado por Ricardo Marques) , mãe ( representada por Luís Chatinho) e Lianor Vaz ( representada por Francisco Lima). Esta cena fala-nos da parte em que Inês lê a carta que Pero escreveu com a intenção de casar com ela, mas esta não se conforma com a sua rusticidade e concorda em recebê-lo só para se rir dele. Lianor vai então buscar Pero e , enquanto isso, a Mãe aconselha-a a arranjar-se e a receber bem Pero Marques. Quando este chega, comporta-se de modo ridículo e demonstra ser patético e não ter maneiras. Vendo -se a sós com Pero , Inês retira qualquer hipótese de casarem e ele vai-se embora. Em relação ao cenário, apenas colocámos umas cadeiras para parecer que estávamos em casa e usamos a mesa do computador para a mãe se esconder. No que toca ao vestuário, decidimos escolher umas roupas alusivas à época. A Inês encontrava-se vestida com um vestido comprido e uma peruca comprida para mostrar que era uma rapariga gira e jeitosa; a mãe, com um avental e uma peruca, mostrando ser mais idosa; Pero Marques com uma roupa casual e com alguns adereços que mostraram que era camponês e Lianor Vaz com uma peruca loira e comprida. Nesta cena começamos com a mãe, a Inês e a Lianor Vaz, as três em casa. Enquanto Inês lia a carta pelo palco com um ar de desprezo e gozo, a mãe e Lianor Vaz andam atrás dela para tentarem ler alguma coisa da carta; depois Lianor vai até a plateia chamar Pero e este vem de lá penteando-se e chega perto de Inês fazendo uma parte cómica, porque não se sabe sentar na cadeira. A Mãe e Lianor Vaz acabam por sair de cena e a Mãe volta a entrar, tendo uma pequena discussão com Inês depois de esta ter desperdiçado a oportunidade de casar com Pero. Em relação à evolução de cada personagem, a que teve melhor desenvolvimento foi a Inês , sendo a parte que lê a carta a que mais evoluiu, pois a sua expressão corporal foi bastante notória, o que dá ênfase ao que está a ser dito. As outras personagens também tiveram um desenvolvimento considerável desde o primeiro ensaio. A representação da peça ajudou-nos a compreender melhor a obra, pois conseguimos entender melhor as atitudes e intenções de cada personagem. Com esta representação conseguimos também, superficialmente, perceber como é o trabalho de um ator. Em relação ao nosso grupo, realizamos uma boa representação , mas ainda temos aspetos a melhorar para chegar à perfeição. Na nossa opinião, os nossos movimentos e a nossa expressividade foram expressivos, mas faltou a alguns membros do nosso grupo decorar as falas, o que comprometeu em parte a nossa performance. De um modo geral, achamos que podia ter sido melhor, mas não foi mau de todo, gostamos muito deste tipo de avaliação e gostávamos de repetir !

António Torres, Luís Chatinho e Francisco Lima

O grupo que representou uma das cenas da Far-

Pereira) e perucas (Lianor e Mãe), o que potenciou o lado cómico da peça. A movimentação e os gestos das personagens foram razoáveis embora Pero Marques pudesse ser mais expressivo quando se dirige a Inês. Outro aspeto que juntou expressividade à peça foi o facto de a mãe e Lianor Vaz se terem levantado para irem espreitar o que estava escrito na carta e Inês as afastar. Além disso, quando Inês e Pero estavam a falar, a Mãe apontava para ele e Inês desprezava-o. Apesar de terem pontos fortes, poderiam ter incluído um cenário e ter decorado as falas, principalmente Pero Marques e Inês Pereira. Em suma, o grupo teve um bom desempenho, mas com algumas falhas importantes, não o impedindo de ter sido cómico e de representar com expressividade, em especial Inês Pereira, com a sua voz mais feminina e o seu ar de desprezo.

sa de Inês Pereira é constituído pelo António Torres, Luís Chatinho, Francisco Lima e Ricardo Marques, que representaram, respetivamente, Inês Pereira, mãe, Lianor Vaz e Pero Marques. Na cena representada, Inês Pereira está solteira e recebe uma carta de um pretendente, Pero Marques. Lianor Vaz e a mãe aconselham-na a casar-se depressa e chamam Pero Marques para se encontrar com ela. De seguida, este declara o seu amor por Inês, mas esta troça dele por não corresponder às suas expectativas. Pero Marques vai-se embora desolado, mas com esperança de que Inês case com ele. No geral, foi uma boa representação, os adereços e o guarda-roupa usados foram muito adequados à peça representada, foram utilizados vestidos (Inês 25


Farsa de Inês Pereira 10º a

A personagem que eu encarnei foi a mãe. Sou uma mãe que quer o

melhor para a filha, como refiro numa das falas (“ touca-te bem se vier,/ pois para casar anda”), querendo transmitir a minha filha para se arranjar , pois Pero Marques seria um bom homem para ela. Sou determinada, pois insisto em que ela devia casar com Pero. Relativamente ao meu pensamento, só quero o melhor para a minha filha, Inês, e sinto que, se ela não casar com um homem rico , vai acabar por sofrer o resto da vida. O meu objetivo é que Inês se case com um homem rico, e não com um homem à vontade dela, que apenas saiba tocar viola e seja discreto: “ sempre ele há de tanger/ e tu hás de bailar , / se não tiveres o que comer/o tanger à de te fartar? “. Na cena que encenei interagi com três outras personagens: Inês , Pero e Lianor Vaz. Com a Inês tive sempre uma relação típica entre mãe e filha, mostrando querer o melhor para ela; com Pero tentei sempre mostrar que a minha filha seria uma boa mulher e ao mesmo tempo ser uma sogra simpática. Com Lianor Vaz, somos amigas; apesar de ela ser alcoviteira, tentamos ambas mostrar a Inês que Pero devia ser seu marido. Relativamente ao problema que acontece ao longo da peça, acho que a Inês não tem muito juízo e, apesar de eu me aborrecer com ela para se decidir em relação ao homem que vai casar, ela continua a não me dar importância e a fazer as coisas à sua maneira. Concluindo, acho sou a personagem mais séria e com mais juízo nesta peça e tento incutir estes valores em Inês, mas não é fácil, pois ela só faz aquilo que lhe apetece, sendo bastante gozona com os outros .

Luís Chatinho

Na encenação da Farsa de Inês Pereira, coube-me representar a personagem Lianor Vaz.

Lianor Vaz era uma mulher formosa, produzida e atiradiça, muito coscuvilheira e definitivamente muito “despachada”. Com esta caracterização, falo de saber sempre de todos os assuntos/acontecimentos que se passam, saber das conversas todas, mesmo e principalmente as que não lhe dizem respeito, como era o caso do problema de Inês. Lianor Vaz também tratava dos seus problemas, ou aconselhava outras pessoas, de uma maneira pouco razoável, como sucedeu no caso de Inês, que queria casar com calma e com o homem certo e Lianor Vaz diz-lhe: “Não queirais ser tão senhora, / casa filha /que te preste.”, ou seja, diz a Inês que não vale a pena a perder tempo a procurar o homem perfeito . Nesta cena, Lianor Vaz estava mais em sintonia com a mãe de Inês, uma vez que ambas defendiam quem lhe tinha escrito a carta. Também interage com Inês aconselhando-a e dando a sua opinião acerca do assunto/problema. Lianor Vaz tem como objetivos, nesta cena, ajudar Inês, tentando aconselhá-la, mas não consegue porque a sua maneira de pensar e de agir é completamente diferente da de Inês. Nesta cena, Lianor Vaz não tem muita influência na história nem nas ações das outras personagens, uma vez que tem poucas falas e é uma personagem pouco ativa. Aparenta também não ter muita consciência do problema de Inês, agindo de maneira ingénua. Concluindo, Lianor Vaz é uma personagem mais “cómica” e “entusiasta”, e embora não participe nem influencie muito na cena, deixa a sua marca ou efeito nela. Francisco Lima

N

o meu ponto de vista, a vossa encenação foi bastante bem conseguida. Alguns aspetos fortes do vosso grupo foram a boa vocalização em palco, bem como a boa postura durante a encenação. Também é de notar que o vestuário e o bom aproveitamento do espaço são de louvar! A única anotação negativa que tenho a fazer foi o facto de não terem decorado as falas, mas independentemente disso, têm os meus parabéns!

Gonçalo Resende

N

a minha opinião, este grupo representou a sua cena muito bem, tendo sido muito expressivos. A meu ver, o vestuário estava muito indicado para esta cena, principalmente o vestuário da Inês. O único aspeto que para mim foi menos positivo foi o facto de alguns elementos do grupo não terem decorado totalmente as suas falas. No meu entender, todos os elementos do grupo estiverem bem durante a representação, mas acho que a Inês se destacou em relação às outras personagens pela sua expressividade e pela sua boa dicção

Miguel Santos

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Farsa de Inês Pereira 10º a

N

a minha opinião, este grupo, no geral, fez uma boa encenação, mas teve pontos mais fortes e outros mais fracos. Estavam bem caracterizados para a encenação e eram expressivos a falar. A encenação teria sido perto do perfeito se tivessem decorado as suas falas, mas de resto estava tudo bem representado.

Miguel Martins

O

grupo para que nos foi solicitado uma apreciação critica era composto por quatro elementos, o António Torres, que desempenhava o papel de Inês Pereira, O Francisco Lima, que fez de Lianor Vaz, o Luís Chatinho, que encenou o papel de mãe, e o Ricardo Marques, que atuou como Pero Marques. Este grupo representou as cenas em que Inês Pereira começou a ler a carta escrita por Pero Marques à sua mãe e a Lianor Vaz. Nesse momento da atuação, encontravam-se em palco todos os elementos do grupo, à exceção de Pero Marques. Inês lê a carta com desprezo e fica com uma má impressão de Pero. A mãe e Lianor Vaz tentavam aconselhar Inês a ter mais consideração por Pero e pediram-lhe que aproveitasse a oportunidade de casar com tal homem. No meio do desenrolar desta cena Pero Marques entra em palco e dirige-se à casa de Inês. Nesse mesmo local, Pero mostra a sua vontade de casar com ela, demonstrando ser uma pessoa honesta e de bem, apesar de, também, através das suas ações e atitudes, dar a Inês uma imagem de um homem ingénuo. A mãe e Lianor Vaz saem de cena para deixarem Pero a sós com Inês, mas este mostra mais uma vez ser um “galante despejado”. Pero acaba por voltar a sair do palco e a mãe e Lianor retornam para junto de Inês. O cenário que o grupo utilizou era adequado e estava bem caracterizado para o espaço e para o material que havia. No geral entoaram todos as suas falas com um tom de voz adequado e com expressividade apelativa , apesar de um aspeto não muito positivo, que se deveu ao facto de não terem as falas decoradas e estarem a usar um papel como auxiliar no decorrer da atuação. No que diz respeito ao vestuário utilizado, houve aspetos negativos e positivos: o António estava bem caracterizado para a personagem que encarnou, o Luís e o Francisco usaram umas perucas, mas poderiam ter-se caracterizado melhor no aspeto do vestuário. O Ricardo não usou qualquer adereço para além da sua bolsa. O António foi o elemento do grupo que se destacou pela sua expressividade e pelo seu tom de voz cativante; se tivessem decorado as falas, a sua atuação estaria perto do perfeito.

A encenação a que nós assistimos e iremos avaliar foi representada por Ricardo Marques, Francisco Lima,

António Torres e Luís Chatinho, que interpretaram as personagens Pero Marques, Lianor Vaz, Inês Pereira e mãe, respetivamente. No que diz respeito à representação do Ricardo Marques, achamos que poderia ter sido mais expressivo e, principalmente, ter decorado as falas. O facto de ter lido afetou, negativamente, a sua expressividade. Relativamente à interpretação do Francisco Lima, o seu papel não era tão destacado quanto os outros, porém teve um bom desempenho e conseguiu decorar as falas. O António Torres teve uma excelente performance em termos de expressividade, o único senão foi o facto de não ter memorizado as suas falas. Por fim, o Luís Chatinho representou de uma forma cómica o seu papel, tendo sido mais expressivo corporalmente do que verbalmente. O excerto da peça encenada consistia na visita de Pero Marques a casa de Inês, onde estavam presentes, também, Lianor Vaz e a mãe de Inês. Nesta cena, Pero Marques tenta casar com Inês, usando os seus "trunfos", porém de forma desajeitada, uma das suas principais características. Ao longo da peça, o grupo revelou altos e baixos. Dentro dos aspetos positivos, tiveram uma movimentação no palco bem coordenada; conseguiram atingir o nível cómico, típico das farsas; uma boa expressividade dos elementos do grupo referidos anteriormente, pois conseguiram uma boa interpretação dos sentimentos e personalidade das personagens. Foi possível identificar, também, aspetos negativos, como falta de expressividade em alguns atores, principalmente na representação de Pero, que deveria ter sido mais desajeitada; apesar de ter decorado as falas, Francisco Lima não se conseguiu lembrar de uma das réplicas, que resultou numa quebra de imersão dos espectadores, o que, apesar disso, não teve um impacto muito grande, de forma a prejudicar o seu trabalho. De um modo geral, o grupo conseguiu captar a atenção da audiência, o que é muito importante numa atuação; para além das suas falhas, a encenação foi bem conseguida, tendo ainda espaço para melhorar.

João Silva e Rafael Auxtero

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Farsa de Inês Pereira 10º a

A

cena que o nosso grupo escolheu para interpretar inicia-se quando entraram em cena os judeus casamenteiros. No decorrer da cena intervêm o escudeiro e o moço. As personagens intervenientes nesta cena são: Latão, Vidal, a mãe, a Inês, o moço e o escudeiro. Ao longo da peça , entendemos as características e intenções de cada personagem entre as quais se destacam: Latão age como um idiota, ganancioso, espertalhão e tem uma estatura mais baixa que a do Vida. A representação a nosso ver conseguiu, psicologicamente, atingir o mesmo nível que é o mostrado no texto e a escolha da pessoa para o papel encaixou muito bem, devido ao seu tamanho, comparado com o do Vidal. Foi usado uma capa e um bigode para a atuação da personagem, e para acentuar a personalidade usou-se um sotaque do Norte. Vidal, tal como Latão, tinha uma personalidade cómica, o que foi bem demonstrado no decorrer da representação. O elemento do grupo recorreu também a um sotaque típico do Alentejo, e para dar um ar mais religioso (judeu), levava um terço ao pescoço. A mãe, nesta cena, age de uma maneira preocupada, mas aborrecida com a escolha de Inês. O ator que a interpretou, conseguiu representar muito bem o papel, agindo de forma preocupada e zangada, tanto verbal, como fisicamente. O elemento usou uma peruca, pois o mesmo era do género masculino. Apresentou também uma postura direita, sempre com as pernas juntas, como uma mulher tinha que se sentar naquela época. A Inês, como personagem principal desta peça, sentia-se presa, e tinha uma vontade insaciável de casar. Era uma pessoa com pouca paciência e determinada. O elemento do grupo não conseguiu demonstrar alguns destes aspetos, pois em certos momentos da atuação faltou-lhe ênfase na sua expressividade. Fisicamente também lhe falharam alguns pormenores, como o vestuário, mas a peruca de cabelos longos ajudou significativamente. Quanto ao moço, poderia ter sido melhor, tanto na expressividade, como na aparência, pois o moço no texto sente-se revoltado contra o escudeiro e na atuação não se conseguiu ver essa revolta. Por fim, o escudeiro conseguiu atuar tal como é descrito no texto: aborrecido ao ir visitar a Inês, amuado e muito convencido. No aspeto físico também foi muito preciso, uma capa, um escudo e uma espada, tal como um escudeiro da altura. Na questão da movimentação, o grupo acha que foi bem conseguida, ainda assim com alguns defeitos e podendo ser melhorada. Os elementos do grupo, chegaram à conclusão de que a sua representação conseguiu expressar o que foi apresentado no texto muito bem, mas, mesmo assim, reconhecem que tiveram os seus erros, e pretendem melhorar numa próxima atuação. Rafael Auxtero, João Silva, Duarte Silva, Dinis Santos, Adrian Maia, Caio Faria

N

esta encenação eu desempenhei o papel da Inês. Estive à esperado do escudeiro em minha casa, onde recebi a visita dos judeus, em que o Duarte e o Dinis atuaram, com o papel do escudeiro pertencendo ao Rafael e o moço sendo o Caio. Na minha conceção a Inês seria uma moça muito bela e bem arranjada, refinada e exigente, o que pode ser visto quando recusa Pero Marques por ele ser pouco educado e “desleixado”. Eu acho que ela usaria um longo vestido próprio da época, teria cabelos castanhos longos, para mostrar a sua juventude e realçar a sua beleza. Na peça é demonstrado que suas atitudes são decorrentes do desejo de se casar cedo e poder viver uma vida feliz; porém, acaba por se arrepender de ter escolhido o escudeiro, mostrando que as suas atitudes são impulsivas e sem pensar muito; a sua relação com sua mãe era igual às das jovens dos tempos atuais, obedientes no limite, mas querendo viver sua própria vida. No meio da peça é possível perceber que ela está irritada pelo facto de sua mãe estar a intrometer-se nas suas decisões; ao fim da peça ela decide ficar com Pero, uma decisão bem tomada, já que agora ele é o seu “cãozinho”. Todo o contexto da peça serve para mostrar o ponto de vista dela, uma garota inocente amadurecendo. Em suma, adorei fazer o papel desta personagem incrível e espero poder atuar em mais peças como esta. Adrian Rolim Maia

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Farsa de Inês Pereira 10º a

A cena que eu e o meu grupo encenamos foi a entrada dos judeus na casa de Inês Pereira, onde se encon-

tra Inês e a sua mãe; simultaneamente, o escudeiro caminha para casa de Inês. Nesta representação interpretei a mãe de Inês Pereira e esta foi a minha perspetiva: Sou uma mulher elegante, de cabelos curtos (para uma mulher) e de estatura média. Ao longo da vida fui moldada pelos acontecimentos à minha volta, sempre aprendendo a melhor forma de agir e adquirindo sabedoria. Sou uma pessoa que se preocupa, mas nunca vou impor a minha vontade, penso que avisar as pessoas da minha perspetiva é sempre importante, porém acho que isso é suficiente, tal como demonstrei na peça, pois avisei várias vezes a minha filha, mas nunca a obriguei a casar com quem eu queria. Também penso que uma mulher deve ter sempre uma boa postura! Sempre ensinei a minha filha assim, pois desde pequena me ensinaram a estar desta forma: costas direitas, pernas juntas, cabeça para cima e não olhar nos olhos das pessoas quando falo com elas, mas mostrar modéstia. Eu sempre achei que a Inês é demasiado sonhadora e que pensa que a vida é fácil o suficiente para se casar com um homem pelas suas características e não pelos benefícios monetários. O meu objetivo, ao longo da peça, foi tentar fazer a Inês perceber que não era por ter um homem discreto e simpático que iria ter uma boa vida, pois para isso é necessário dinheiro que nos proporcione uma boa qualidade de vida. Na minha opinião, a minha relação com a Inês não é muito afetuosa, porém continuo a ser a sua mãe e a amá-la, por isso, mesmo que ela siga o caminho que eu não queria, vou sempre ajudá-la! Quando o escudeiro estava a caminho da nossa casa, ajudei-a a manter a postura, mesmo sendo contra a minha vontade que ela se casasse com ele. A minha relação com os judeus é horrível, eles são extremamente desagradáveis e não consigo conter a minhas caretas de aborrecimento. Por fim, penso que o escudeiro não é suficientemente bom para a minha filha, a meu ver, Pero Marques seria uma melhor opção, porque iria proporcionar uma vida melhor à Inês. Ao longo do tempo fiquei com a perceção de que os judeus eram uma má influência para a Inês e que faziam tudo menos ajudar, pois não apresentavam as pessoas indicadas à minha filha, isto é, pessoas com posses . Reforço também que a minha impressão do escudeiro não foi a melhor, pois penso que ele não é adequado à minha filha e que Pero Marques seria melhor.

João Tomás Silva

E

u, Escudeiro, faço parte da Farsa de Inês Pereira e entro em cena logo a seguir aos judeus, que tinham como intenção juntar-me a Inês Pereira. A verdade é que sou homem com um aspeto físico maravilhoso e tenho que admitir que sou muito convencido e ganancioso, e apresento sempre um ar superior. Na cena em que entro, estou a caminho de casa da Inês e, sinceramente, nunca senti tanto aborrecimento na minha vida, mas, quer ela seja “garrida ou honesta”, "o melhor da festa é achar siso e calar". Ao meu lado, vem o Moço, o meu leal companheiro, que adora estar comigo e faz tudo o que lhe mando. Ao falar da Inês, já fico com desgosto, " moça de vila será ela/ com sinalzinho postiço/ e sarnosa no toutiço/ como burra de Castela". Não pretendo falar das outras personagens intervenientes, porque no decorrer da cena não tenho nenhum diálogo com eles. Digo, por fim, que é com grande desgosto que sigo para casa de Inês, junto do meu moço, porém um homem como eu conseguirá aproveitar-se-á dela como se fosse minha.

Rafael Auxtero

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e forma geral, gostei muito das cenas representadas por este grupo, devido à sua muito boa expressividade, a qual se destacou na interação entre o Latão e o Vidal, que para mim foi o momento mais cómico destas cenas. Também acredito que o facto der as falas estarem tão bem decoradas por todos os elementos do grupo permitiu a muito boa expressividade, que já referi anteriormente. Na minha opinião, todos os elementos do grupo estiveram muito bem, mas destacaram-se o Latão e o Vidal pela sua muito boa interação, e a mãe, que representou muito bem o seu papel de mãe desiludida com a sua filha.

Miguel Santos

N

esta apresentação achei que estiveram muito expressivos, utilizaram adereços e decoraram as falas. Gostei bastante da representação dos judeus, mostraram expressividade e divertiram o publico tornando a peça mais interessante e apelativa. 29


Farsa de Inês Pereira 10º a

N

o dia 12 de Fevereiro, a nossa turma realizou encenações da Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, no auditório José Saramago e coube-nos escrever uma apreciação crítica sobre o grupo do Adrian Maia, Caio Faria, Dinis Pedro, Duarte Silva, João Silva e Rafael Auxtero. Neste grupo, o Duarte e o Dinis desempenharam o papel de Latão e Vidal, respetivamente; O Adrian e o João representaram a Inês e a mãe; e o Rafael e o Caio fizeram de Escudeiro e moço. As representações foram todas muito acertadas. O João, que fez de Mãe, desempenhou um papel de alguém irritado e desapontado com Inês, encarnou muito bem a personagem. A Inês, representada pelo Adrian, vestido a rigor (peruca e adereços femininos), tal como o João, fez muito bem o seu papel. O Duarte e o Dinis representaram muito bem , sendo muito desajeitados e trapalhões e conseguindo chamar a atenção do público. O Rafael e o Caio também fizeram um excelente trabalho na representação, o Rafael preocupado com a sua imagem e o Caio indiferente às palavras do escudeiro. Todos os membros tinham as falas decoradas. A cena representada foi uma das que estudamos no nosso manual. Latão e Vidal vão falar com Inês e sua mãe sobre o seu pretendente (escudeiro) que estes lhe tinham "arranjado". Mais tarde entram em cena o escudeiro e o moço para falar com Inês e sua mãe, para lhes mostrar que ele era um bom homem para Inês. Este grupo teve bastantes aspetos positivos. Começando pelas falas, todos os membros tinham-nas de cor. O vestuário também estava bastante adequado, uma vez que foram usadas perucas, aventais, espadas, bigodes e muitos outros adereços. A expressividade das personagens podia ter sido um pouco mais acentuada em algumas, como, por exemplo, no moço. Este podia ter mostrado mais emoção nas suas falas, uma vez que era desprezado e mal tratado pelo escudeiro. O grupo também esteve muito bem em alguns pormenores como, por exemplo, o Duarte e o Dinis sempre às "turras" um com o outro e em constante desentendimento. O grito inicial do Duarte, por exemplo, foi muito bem conseguido, uma vez que cativou no geral a atenção de todos. Generalizando, as falhas foram mínimas, comparando com os pontos fortes. De vez em quando alguém se atrapalhou com uma ou outra palavra, mas nada que prejudicasse a cena ou a representação. Concluindo, foi uma encenação muito bem conseguida em diversos aspetos, tendo em conta a representação, o vestuário, os adereços, a expressividade e principalmente a forma como cativaram o público e conseguiram a sua atenção.

Francisco Lima e Ricardo Marques

O grupo, constituído pelo Duarte, o Dinis Pedro, o Adrien, o Caio, o Rafael e o João, escolheu apresentar a peça desde a entrada dos judeus até ao diálogo entre o moço e o escudeiro. A cena começa quando os judeus chegam à casa de Inês, após a busca do marido perfeito para esta. Latão e Vidal chamam então Brás da Mata, um membro da baixa nobreza, que acreditam ser a escolha certa para Inês. Este aproxima-se, discutindo com o seu criado, e a encenação termina. As primeiras personagens a falar são os judeus, Latão e Vidal, representados pelo Duarte e pelo Dinis, respetivamente. Na nossa opinião, ambos desempenharam bem o seu papel como personagens cómicas: a relação “amor-ódio” entre ambos está bem presente; nota-se que há uma certa proximidade entre eles, embora estejam sempre a discutir. Apesar de terem estado os dois bem, gostámos um pouco mais da performance do Duarte, já que se notava que estava um pouco mais à vontade. A Lara gostou particularmente do facto de ele ter feito uma voz engraçada. A mãe e a Inês, embora não tenham um papel muito importante nesta parte da ação, também estiveram bem. Apesar de serem ambas representadas por rapazes (o João era a mãe e a Inês era o Adrien), conseguiram passar uma sensação de feminilidade (o Adrien até fez a barba de propósito para o teatro). Teríamos gostado de os ver de saia, mas, claro, isso não diminui o facto de eles terem interpretado o seu papel de forma excelente. Em relação ao escudeiro, representado pelo Rafael, também não temos queixas a fazer. Houve uma melhoria ao longo dos ensaios, e o tom de voz dele estava “no ponto”, mostrando arrogância e superioridade especialmente em relação ao moço (Caio) . Neste, provavelmente porque é um pouco mais tímido, não se notou tanta expressividade como no resto das personagens. A atuação deste grupo foi, na nossa opinião, uma das mais bem preparadas, tendo em conta que decoraram o texto e, à exceção de alguns engasgos insignificantes, entoaram corretamente as suas falas. A movimentação das personagens em palco, apesar de simples, foi bem preparada e as interações entre elas bem conseguidas. À exceção do escudo e da capa do escudeiro, os adereços não eram muito complexos. Concluindo, achámos a atuação dos nossos colegas bastante bem concebida. Notou-se que eles se empenharam para encenar a peça, e o resultado foi muito satisfatório. Além disso, o facto de terem representado a mesma cena que nós contribui para nos apercebermos de que o mesmo texto pode ser interpretado de maneiras diferentes. Carolina Frischknecht e Lara Mateus

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Farsa de Inês Pereira 10º a

No âmbito da representação da Farsa de Inês Pereira, o nosso grupo refletiu em conjunto e decidiu repre-

sentar a cena que seria mais adequada para nós, a última. Nesta cena estão presentes três personagem, Inês Pereira (representada por Miguel Martins), Pero Marques (representado por Bernardo Morais) e ermitão (representado por Miguel Martins ). Esta parte da peça contextualiza-se na altura em que o escudeiro morre, e Inês, depois de ficar viúva, casa-se com Pero Marques. Nesta cena, Inês é uma personagem bastante maldosa e tem um comportamento adúltero em relação ao seu marido, Pero Marques, que, sendo ingénuo, aceita cumprir todos os desejos da esposa, incluindo carregá-la às costas para ela se reencontrar com o ermitão, que representa todos os falsos cristãos e quer manter uma relação adultera com Inês Em relação ao cenário, sabendo que o auditório José Saramago possui dois quadros de giz, um em cada ponta da sala, pudemos escrever num dos quadros “casa” e no outro “rua”, conseguindo assim representar os dois cenários. No que toca ao vestuário, achamos que escolhemos as roupas acertadas para todas as personagens. Ermitão encontrava-se com uma bata preta e com o capucho posto, Inês vestia uma saia rosa e um grande casaco cinzento, enquanto Pero apenas usava roupa casual do dia a dia, um pouco camponesa, própria de morgado. A razão pela qual escolhemos esta roupa foi porque pensámos que seria o mais adequado para aquelas personagens, tendo em conta a parte da peça em que estavam presentes e os movimentos das mesmas. Nesta cena começámos com Pero e Inês dentro de casa e Ermitão do lado de fora a pedir esmola, mostrando um ar de sofrimento. Quando o mesmo acaba de falar, Inês dirige-se ao exterior para satisfazer o ermitão. Já fora de casa, o ermitão pede esmola a Inês, enquanto tenta seduzi-la. Outra vez dentro de casa, Inês dirige-se a Pero e diz que quer ir dar um passeio, e este, sendo um homem que cumpre todos os desejos da sua mulher, aceita. A meio do passeio, Inês e Pero deparam-se com um rio, e imediatamente Inês pede a Pero para a levar nas suas costas, e este, sem hesitar, aceita o pedido. No final da peça, o casal canta uma música em conjunto, a qual adaptámos para rap. Em relação à evolução de cada personagem, achamos que o ermitão foi quem mais evoluiu durante os ensaios, sendo a parte em que este tenta seduzir Inês aquela em que mais evoluiu, pois o à vontade com que a personagem foi representada foi-se consolidando gradualmente. Inês e Pero também evoluíram ao longo dos ensaios, mas não tão substancialmente como o Ermitão, pois estes dois mostraram sempre um grande à vontade para representar desde o primeiro ensaio. O nosso grupo gostou bastante desta atividade. A nosso ver, a representação da peça ajudou-nos a todos a entender melhor a Farsa de Inês Pereira, pois, vendo a peça ser representada, conseguimos entender melhor a atitude e os pensamentos das personagens em cena, assim como é muito mais divertido ver os alunos a representá-la. Em relação ao nosso grupo, achamos que tivemos uma boa performance, mas ainda teríamos aspetos a melhorar. Na nossa representação movimentámo-nos bem, apresentamos uma boa dicção e ainda conseguimos ser algo engraçados, adaptando e modernizando algumas das partes da nossa cena, como, por exemplo, a canção final, que adaptámos para rap, um estilo de musica mais moderno. Apesar de tudo, achamos que ainda conseguiríamos ser mais expressivos e melhorar o cenário, ou seja, não escrever apenas “casa” e “rua” nos quadros, mas sim trazer mais adereços para representar melhor o local onde se desenrola a cena. Outro aspeto que poderíamos ter melhorado seria o vestuário, pois na nossa representação apenas usámos roupas básicas, mas poderíamos ter usado roupas mais características da época. Tendo em conta que gostámos imenso desta iniciativa, gostaríamos que houvesse mais como esta! Bernardo Morais, Miguel Martins e Miguel Santos

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Farsa de Inês Pereira 10º a

A personagem que eu desempenhei na Farsa De Inês Pereira foi Pero Marques.

Eu, Pero, sou uma personagem bastante ingénua, e tendo a cumprir todos os desejos da minha esposa, Inês Pereira. Sou uma pessoa grande e bem educada, pois o que eu quero, acima de tudo, é que Inês goste tanto de mim como eu gosto dela. Uma pessoa que gosta bastante de mim é a mãe de Inês Pereira, que, desde o início, apoia a ideia de eu e a sua filha nos casarmos, pois diz que o que Inês precisa é de estabilidade financeira, e isso eu tenho. Não vou muito com a cara do ermitão, pois desconfio que este e a minha mulher andem a ter um caso. Quando eu e Inês estávamos dentro de casa e o ermitão apareceu, Inês dirigiu-se lá fora e voltou algum tempo depois, bastante decomposta; “ corregê-vos esses veos e pônde-vos em feição ". Foi devido a este comportamento de Inês que comecei a pensar que talvez ela me ande a enganar. A meu ver, apesar de não cumprir os requisitos que Inês tem para o seu marido ideal, acho que sou a pessoa certa para ela, daí não entender o porquê de Inês andar a ter um caso com o ermitão. Bernardo Morais

Encenei a personagem de Inês Pereira nas últimas duas cenas na Farsa de Inês Pereira.

Eu, Inês, sou uma pessoa elegante, formosa, desprezo Pero Marques por este ser ingénuo e engano-o com outras pessoas, fazendo de Pero um “cornudo”. Ou seja, eu aproveito o facto de Pero ser ingénuo para fazer o que quero dele, como se pode ver nos versos: “Olhaí cá, marido amigo,/ eu tenho por devoção/ dar esmola a um ermitão./ E não vades vós comigo.” . Pero não percebe as minhas intenções com o ermitão e não consegue perceber o que eu fiz com este, como se verifica nos versos: “Corregê-vos esses véos,/ e ponde-vos em feição”. Eu, Inês, de uma certa forma tinha como objetivo aproveitar-me do facto de Pero ser tão ingénuo para “gozar” com ele, como se vê nos versos em que eu lhe cantava uma música: “Marido cuco me levades./ E mais duas lousas […] Bem sabedes vós, marido,/ quanto vos amo:/ sempre foste percebido/ pera gamo./ Carregado ides, noss’amo,/ com duas lousas. […] Bem sabedes vós marido/ quanto vos quero./ Sempre foste percebido/ pera cervo./ Agora vos tomou o demo/ com duas lousas. […]” . E Pero respondia: “Pois assi se fazem as cousas.” Eu estava a chamar-lhe “cornudo” e ele não entende a minha mensagem. Eu engano o meu marido com outros como já referi anteriormente, como se pode ver nos seguintes versos: “I-vos, meu santo,/ que eu irei um dia destes/ muito cedo, muito prestes.”, quando digo ao ermitão que voltarei à ermida para voltar a namoriscar com este. Na minha opinião, a minha personagem revela-se atrevida, pelo simples facto de após o seu marido falecer (Escudeiro Brás da Mata) e de ela, arranjar um novo parceiro, continuar a seduzir outros homens, como o ermitão. Gostei bastante de representar a personagem Inês Pereira, pois, de certa forma, com esta atuação, consegui entender melhor a peça e perceber cada personagem. Adorei a iniciativa e apelava pela repetição de cenas neste contexto. Miguel Martins

Na Farsa de Inês Pereira, desempenhei a personagem de ermitão nas últimas duas cenas desta peça.

Eu, ermitão, sou uma pessoa bastante atrevida e perversa, pois a minha personagem seduz Inês, de modo a conseguir ter uma relação amorosa com ela. Logo, eu penso de forma obscena, como se pode ver por estes versos: “Señora teengos servido/ Hazed que el tiempo passado/ no se cuento por perdido”. Ao longo deles, eu executo uns certos gestos de modo a seduzir Inês. Em relação ao meu vestuário, vesti uma bata branca, que deveria ser castanha, com um capuz, vestuário que é típico de um frade. Durante cena também peço esmola a Inês, mas eu não queria o dinheiro, o que queria era estar mais tempo com ela. Na minha perspetiva, tenho uma boa relação com Inês, pois ela gostou, de certa forma, da minha sedução, já que se não tivesse gostado, quando estivesse junto de Pero iria contar-lhe o episódio, o que não fez. Também acredito que a minha relação com Pero é um pouco de indiferença, porque eu seduzi Inês, mesmo sabendo que ele é seu marido e também porque Pero nunca soube que eu tinha seduzido a sua mulher, por Inês me ter encoberto nessa parte. Na minha opinião, a minha personagem não se importou com o contexto em que se integra, pois ele integrase numa parte de cena em que o inicial marido Inês, o escudeiro Brás da Mata, já falecera, e em que ela se casa com Pero Marques, mas, mesmo sabendo destas circunstâncias, eu seduzi Inês, tendo em conta que queria ter uma relação com ela, o que mostra indiferença relativamente ao contexto em que me integro. Em conclusão, gostei muito de representar a personagem ermitão na Farsa de Inês Pereira, sendo uma personagem muito atrevida e perversa que seduz, de modo a obter alguma atenção de Inês e iniciar uma relação amorosa com ela, mesmo sabendo que Inês é casada com Pero Marques. Eu gostei muito desta iniciativa e gostava que se repetisse mais vezes. Miguel Santos

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Farsa de Inês Pereira 10º a

A vossa representação foi, para mim, uma das mais engraçadas (destaco as partes em que o ermitão sedu-

zia Inês e a canção no final) e acho que a maior parte da turma concorda comigo. Têm razão quando dizem que o ermitão foi o que mais evoluiu: notou-se plenamente que o Miguel conseguiu ultrapassar uma certa timidez para melhor representar a sua personagem. No geral, gostei bastante da vossa atuação, notava-se que todos compreenderam bem a natureza das personagens e as suas intenções e que se divertiram ao fazê-lo.

Carolina Frischknecht

Para mim, o vosso grupo esteve excelente na representação da cena escolhida. Foi muito bem conseguida, as

representações estavam muito boas, as falas decoradas, o vestuário estava adequado às personagens e de certa maneira conseguiram introduzir temas atuais na encenação, no caso da música final, o que atraiu o público e adicionou humor à peça. Parabéns pelo trabalho!

Francisco Lima

Nas aulas de Português estivemos a realizar encenações da Farsa de Inês Pereira de Gil Vicente e nós fo-

mos encarregados de fazer uma apreciação crítica do grupo constituído pelo Miguel Santos , Miguel Martins e Bernardo Morais, que representaram as personagens ermitão, Inês Pereira e Pero Marques, respetivamente. Na nossa opinião o aluno que desempenhou a melhor representação foi o Miguel Martins, pois tinha as falas decoradas, estava bastante à vontade e conseguiu encarnar muito bem a personagem. De seguida, o Miguel Santos, que nos ensaios não começou muito bem, mas, com trabalho e dedicação, conseguiu atingir os objetivos, desempenhando um bom papel; no entanto, faltou-lhe um pouco de expressão corporal. O Bernardo tinha as falas decoradas, mas, a nível de expressão, não estava tão à vontade. A cena representada fala-nos da chegada do Ermitão a casa de Inês, pedindo-lhe esmola; porém, Inês acaba por reconhecê-lo. Ele diz-lhe que só se tornou ermitão porque Inês o tinha abandonado e começa a tentar seduzi-la, acabando por marcar um encontro com ela. No dia marcado, Inês pediu a Pero que a levasse à ermida, dizendo que queria ir em romaria. O marido consente e os dois partem, atravessando o rio. Pelo caminho Inês pede ao marido que cantem uma canção em conjunto. Nessa música apercebemo-nos de que Pero foi traído por Inês . Ao longo da representação foram notórios diversos aspetos positivos e negativos, como o facto de a Inês ter conseguido transmitir muita expressividade , o que foi evidente no “rap” inventado na ultima parte. O ermitão mostrou o seu ar sedutor, deixando o público muito animado, mas mesmo assim faltou-lhe um pouco de expressividade . Relativamente ao Pero, é a personagem mais contida, mas também desempenhou bem o seu papel. Pela negativa, destacou-se a parte em que o ermitão tentava seduzir a Inês, pelo facto de que este devia ter sido mais proativo, utilizando mais gestos e expressões faciais. Concluindo, na nossa opinião este excerto foi muito bem encenado e os pontos fracos foram insignificantes relativamente aos pontos fortes. Gostávamos de dar os parabéns aos nossos colegas, pois a sua evolução desde os ensaios à encenação final foi notória e realizaram um ótimo trabalho. António Torres e Luís Chatinho

Desde o início do segundo período que a nossa turma, 10ºA, tem vindo a encenar a Farsa de Inês Pereira.

A cena que vamos analisar é aquela em que participam o ermitão, representado pelo nosso colega Miguel Santos, Inês, representada por Miguel Martins, e Pero Marques, representado por Bernardo Morais. Nesta cena, o ermitão aparece à porta de Inês e Pero para pedir esmola, mas acaba por seduzir Inês, mostrando assim o seu lado mais “selvagem”. Após a saída do ermitão, Inês e Pero Marques saem de casa e partem num passeio. Alguns aspetos positivos deste grupo foram o facto de todos terem decorado as suas falas, de se terem vestido a rigor para a atuação e de se terem conseguido meter "dentro" da personagem, o que permitiu uma boa interpretação. Na nossa opinião, a personagem melhor interpretada foi Inês, pelo nosso colega Miguel Martins, pois não notámos diferenças entre ele e uma rapariga, já para não falar do seu vestuário e da maneira como cativou o público com o seu rap no final da peça. Também houve um bom aproveitamento do espaço pelos nossos colegas. Por outro lado, também houve aspetos negativos, como a má vocalização do nosso ermitão, a má postura de Pero Marques e o facto de a nossa Inês estar sempre de costas viradas para o público. Em suma, este grupo fez uma boa prestação, apesar de terem cometido algumas falhas, que se devem ao facto de não serem profissionais na matéria e das poucas aulas que tinham por semana para ensaiar.

Gonçalo Resende e Marina Pereira

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Farsa de Inês Pereira 10º a

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scolhemos representar a peça desde a entrada dos Judeus até ao casamento de Inês com o Escudeiro. Decidimos representar esta cena, porque era a única com personagens suficientes (o nosso grupo tem seis pessoas). As personagens presentes nesta cena são Inês, a mãe, os dois judeus, o escudeiro e o moço. Inês Pereira foi representada pela Ana Rita. Ela é a típica rapariga adolescente: acha que tem constantemente razão e não gosta que lhe deem ordens, especialmente se estas forem contra aquilo que ela quer. Vê no escudeiro a realização de todos os seus sonhos, e por isso entra em conflito com a mãe, que a tenta aconselhar a não casar com ele. A Ana Rita usou uma saia comprida, como era costume altura, e uma coroa de flores, representando a sua juventude. O tom de voz usado era especialmente entediado, quando se dirigia à mãe e aos Judeus, mas sonhador e apaixonado sempre que fala com Brás da Mata. Ao lado de Inês, está a mãe representada, pela Ketlyn. É uma senhora mais velha, um pouco severa; no entanto, ama bastante Inês: tenta aconselhá-la até se aperceber de que já não há nada a fazer, uma vez que Inês considera que sabe o que é melhor para ela. Tal como a Ana, a atriz vestia uma saia comprida. As únicas personagens com quem a mãe interage, além de Inês, são os judeus: ela despreza-os e não confia na proposta de que Brás da Mata seja a escolha certa para a filha. Tanto Inês como a mãe estão sentadas no meio do palco, uma vez que são as donas de casa e, além disso, Inês é o centro da ação. O Diogo e o André representaram os judeus, Latão e Vidal (respetivamente). São personagens cómicas: sendo simples e grosseiros homens do povo, o objetivo de muitas das suas falas e interações é fazer rir o público. Eles passam a primeira parte da ação a discutir um com o outro, e a interromperem-se mutuamente. Ainda assim, mostram que são camaradas. Vestimos os atores com capas, uma vez que as personagens acabaram de chegar de uma viagem. Os judeus entraram pela esquerda do público, e são as personagens que mais se movem em palco. Enquanto cantam a canção das “Canas do Amor” , dançam por entre o público. As restantes personagens são o escudeiro e o seu moço. O Escudeiro foi representado pela Lara, que vestia uma capa azul, de ar mais respeitável que as dos judeus, uma vez que Brás da Mata vem de uma classe social mais elevada. O escudeiro interage com o moço, relevando a sua verdadeira natureza. No entanto, enquanto se dirige a Inês, mostra-se galante, embora não passe de um truque para a levar a casar com ele, já que precisa do dinheiro dela. O moço, representado pela Carolina, é o fiel acompanhante de Brás da Mata. É um rapaz do povo simples, mas esperto: sabe quais são as intenções do amo, que o despreza. Todas as suas falas ao longo desta cena mostram o quão insatisfeito está com a sua condição económica e com a maneira como o amo o trata. Ele carrega a viola do Escudeiro, e traz um barrete (que tira quando chega à presença de Inês Pereira, a mando do amo) e sapatos rasos e sujos, que representam a sua pobreza. Este par entra pelo lado oposto ao dos judeus e dirige-se ao centro da cena. No entanto, fazem uma pausa, um pouco afastados, durante o seu diálogo. Em relação à atuação, achamos que fizemos um bom trabalho Todos interpretámos corretamente as personagens e a maneira como interagem entre si; e todos gostámos da experiência. No entanto, também havia alguns aspetos a melhoram: nem todos sabiam as falas de cor e podíamos ter feito melhor em relação às personagens que se encontravam em cena sem falar, que às vezes acabavam por ficar ali só a olhar. Mas, no geral, achamos que fizemos uma boa atuação. Lara Mateus, Carolina Frischknecht, Ketlyn Sousa, Ana Rita Matos, Diogo Silva e André Ferreira

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Farsa de Inês Pereira 10º a

Sou mãe de uma adolescente em idade de se casar. Tenho uma boa condição económica e pertenço à baixa

burguesia. Penso ter uma boa relação com minha filha Inês, mas imagino que não deva ser nada fácil, para ela e nem o é para mim. Ela não vive com o pai e eu tenho de fazer o papel dos dois. No momento, não sei o que se passa na cabeça de Inês! Ela quer casar, mas a seu gosto! Ela apareceu aqui com dois judeus casamenteiros, atrapalhados e com umas conversas muito confusas. O ocorrido não me trouxe muita confiança! Falavam de um tal escudeiro, pelo discurso parecia boa coisa (mas sei que aqueles judeus não eram flor que se cheire). Eu decidi esperar, para ver quem era o tal escudeiro. Dei conselhos à Inês sobre como ela deveria comportar-se à frente do escudeiro. Quando o Brás da Mata chegou a nossa casa, percebi logo que aquela conversa dos judeus era mesmo falsa. Mas Inês agradou-se com o pretendente! Eu avisei-a de que Brás da Mata não era a melhor escolha. Ele nem emprego tinha, como iria sustentar a minha Inês, a minha filha? Sem mencionar que ele aparentou ser muito orgulhoso e arrogante. Inês não me ouviu, quis casar na mesma. Fiquei com o coração na mão quando cedi o tal desejo. Brás da Mata não me inspira muita confiança e aquele moço que andava com ele era um coitado! Tenho certeza de que não fiz bem em deixar a minha filha Inês casar com o escudeiro, mas espero que ela esteja bem e feliz com sua escolha!

Ketlyn Souza

N

a encenação da Farsa de Inês Pereira, o meu grupo encenou o excerto que vai desde a entrada dos judeus até ao casamento de Inês com o escudeiro. A minha personagem foi o escudeiro. Eu, Brás da Mata, faço parte da baixa nobreza, mas, apesar disso, não tenho grandes posses. Sou alto, bem apresentado, e sinto-me superior às restantes personagens. Vi em Inês uma oportunidade de enriquecer um pouco, mas não sinto nada por ela, só quero mesmo casar e enriquecer. Tenho um fiel companheiro, o moço. Embora o despreze completamente, não me consigo ver a viver sem ele por perto, pois ele é o. meu único "amigo". Não interajo com os judeus, pois nesta altura estes não são bem aceites pela sociedade e eu, como elemento da nobreza, nem devia estar perto deles. Sobre a Inês e a mãe não tenho muito a dizer. Inês foi só um meio para atingir um fim (melhorar um pouco a minha vida) e conquistála, usando aqueles adjetivos todos e declarações de amor, foi um pouco complicado (como é óbvio, ela já tinha uma grande admiração por mim desde que me viu), isso sim foi um belo teatro! No entanto, enganar a sua mãe foi bem mais complicado, mas por fim lá consegui a mão de Inês com a bênção de sua mãe. Depois de conseguir casar com Inês, tenciono trancá-la "como freira de Odivelas", pois discrição foi o que ela procurou. Concluindo, eu, Brás da Mata, um grande mentiroso, galante, interesseiro e convencido, caso com Inês Pereira somente para melhorar a minha condição de vida e enriquecer às suas custas.

A

pesar das minhas curtas falas, eu, o moço, sou uma personagem importante da Farsa de Inês Pereira, mesmo que a minha principal função seja dar a conhecer ao público a faceta arrogante e egocêntrica de Brás da Mata. Sou um membro do povo, um rapaz simples, cujo único objetivo é sobreviver. Porém, o meu amo parece determinado a impedi-lo, já que teima em não me pagar. Pudera, é tão preguiçoso que” não tem nem preto”. A minha relação com ele não me favorece de todo. O escudeiro trata-me abaixo de cão, despreza-me, mas mesmo assim sou-lhe leal. Podia tê-lo deixado, e estive quase a fazê-lo, mas no final decidi confiar em que ele acabaria por pagar o meu serviço. Afinal, mesmo depois de ter partido para a guerra, cumpri as suas ordens, guardando Inês Pereira em casa. Respeito-a como mulher do meu senhor, mas não havia nada a fazer: há que cumprir ordens. Não pensem, no entanto, que sou ingénuo: sem muito bem que Brás da Mata só casou com Inês por dinheiro, e o quão pelintra e vaidoso pode ser. Mesmo assim, ao servi-lo posso pelo menos ter a garantia de um teto, e usar esta peça para denunciar a sua arrogância. Carolina Frischknecht

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o meu ponto de vista, este grupo foi um dos melhores, sendo que entraram todos na personagem, ambos os judeus, a Inês também , o escudeiro poderia ter sido ainda melhor se tivesse decorado as falas, mas estas eram bastantes e talvez o tempo não tenha sido suficiente. De resto, quero salientar a representação da mãe e do moço me fizeram acreditar que eram uma mãe e um moço ali à minha frente e não uma representação. Concluindo, uma boa apresentação com um bom aproveitamento do espaço, que poderia ter sido melhor se todos soubessem as falas de cor. Os meus parabéns!

Marina Pereira

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Farsa de Inês Pereira 10º a

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a minha opinião, este grupo teve uma excelente evolução ao longo dos ensaios e quero destacar a Ketlyn, que teve uma boa apresentação. Em geral, foram todos muito bons. Claro que poderiam melhorar, como todos nós, no decorar das falas, por exemplo. Gostei muito do texto que fizeram pois esta muito detalhado e bem explicado.

António Anghel

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cena que este grupo representou começa com os judeus a apresentar o escudeiro a Inês. Antes de o escudeiro conhecer Inês, pensava que ela era uma rapariga do campo sem modos mas quando a viu percebeu que isso não era verdade. No caminho, ao encontro de Inês, o escudeiro e o moço têm uma discussão, após o que o escudeiro pede ao criado uma viola para impressionar Inês. Quando o escudeiro chega ao pé de Inês e a pede em casamento, esta aceita, acabando assim a cena. Na nossa opinião, os judeus estiveram muito bem, pois interagiam muito um com o outro e isso fez com que a cena se tornasse bastante engraçada. Porém, achamos que a Lara poderia ter estado melhor, pois ainda não tinha entrado bem no papel devido a não ter decorado as falas. A Carolina também esteve excecional, pois exteriorizou muito bem as emoções que o moço estava a sentir. Ao longo dos ensaios houve uma grande melhoria de todos os integrantes do grupo, em geral; no entanto, quem mais se destacou, a nosso ver, foi a Ketlyn, pois, apesar da sua timidez, conseguiu estar muito à vontade e com muita expressividade. A Ana Rita, apesar de ter poucas falas, também interpretou muito bem o seu papel. O grupo movimentou-se bem em palco; no entanto, poderia ter estado mais à vontade. O vestuário era bastante adequado à época e o facto de terem trazido uma guitarra melhorou a sua “performance”. Em geral, o grupo poderia ter estado melhor, se todos os elementos tivessem decorado as falas, pois entrariam melhor no papel. Em suma, gostámos de ter tido o privilégio de assistir a esta encenação, na qual estiveram todos muito bem, para quem nunca tinha representado. Achámos também que esta experiência nos amadureceu e fez com que estivessem mais à vontade com a turma e criássemos laços de amizade uns com os outros.

Leonor Florindo e Leonor Pinheiro

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as cenas representadas, os judeus apresentam a Inês um pretendente discreto, o escudeiro, sendo que a mãe não apreciava a forma de trabalho deles. O escudeiro vai cantando até Inês, acompanhado do seu moço, que reclamava, pois queria receber sapatos e outras regalias como recompensa pelo seu trabalho. Logo a seguir, o escudeiro apresenta-se a Inês e esta recebe-o como marido. Na nossa opinião, os judeus foram muito bons em conjunto, por exemplo, quando cantaram; porém, o Latão deveria ter sido mais claro e o Vidal poderia ter-se expressado melhor. A mãe desempenhou o seu papel muito bem, teve uma postura tanto corporal como vocal muito adequada. Infelizmente não podemos dizer o mesmo da Inês, pois ela deveria ter decorado melhor as suas falas. As ações representadas pelo escudeiro e pelo moço foram muito cativantes, porém o escudeiro poderia ter decorado melhor as suas falas, pois a sua personagem não estava bem interpretada, necessitava de mais expressividade. Mas, para compensar isso, o moço integrou todos os aspetos necessários, tendo sido assim o melhor do grupo. Concluímos assim que a representação em grupo foi espetacular, sendo apenas necessário melhorar alguns aspetos individuais.

António Anghel e Simão Espírito Santo

N

esta cena entram Latão e Vidal, os dois judeus casamenteiros que vieram oferecer o escudeiro Brás da Mata a Inês. Já combinado o encontro entre os dois jovens, Brás da Mata planeia ir a casa de Inês, acompanhado do seu moço. Estes combinam contar uma série de mentiras para enganar a rapariga. Já na casa de Inês, o escudeiro age conforme ela queria, ou seja, trata-a bem, com belas palavras, tange viola e canta. Ele pede-a em casamento, mas a mãe diz a Inês que não o deveria aceitar, pelo que os Judeus contra argumentam, elogiando Brás da Mata e levando Inês a aceitar o pedido de casamento. Falando agora da representação em si, houve aspetos bastante positivos, mas outros nem tanto. Neste grupo existiu muita expressividade, principalmente o Latão, que, ao ser tão expressivo, de certa forma obrigou Vidal a elevar a sua fasquia. Achamos que, neste grupo, as personagens em que se notou uma maior evolução foram a Inês e a mãe, pois ao longo dos ensaios foram adquirindo um maior à vontade e encarando melhor as personagens. A nosso ver, o moço apresentou uma boa dicção e teve uma boa performance, mostrando uma certa indiferença e visão crítica face ao escudeiro; este, apesar de ter tido uma boa expressividade, não conseguiu decorar totalmente as falas, perdendo-se um pouco na personagem. Logo, achamos que o único aspeto a melhorar era o Escudeiro ter decorado as suas falas, pois assim adquiriria uma maior expressividade, ficando a representação perfeita. Em suma, achamos que estas cenas foram bastante bem conseguidas, fazendo com que a plateia as percebesse perfeitamente, já que os pontos fracos foram muito poucos e não significativos comparados com os pontes fortes, dos quais se destacou a expressividade do grupo.

Bernardo Morais e por Miguel Santos

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Farsa de Inês Pereira 10º a

O nosso grupo subdividiu-se e representou duas cenas da Farsa de Inês Pereira.

Na primeira cena, Inês, uma bela jovem, preguiçosa, ociosa, não querendo fazer as tarefas domésticas para o resto da sua vida, procurava um pretendente que correspondesse às suas expectativas. Lianor Vaz, uma mulher com interesses monetários a partir do seu trabalho de alcoviteira, entregou a Inês uma carta de Pero Marques. Este era um homem ingénuo, rude, desajeitado e simples, que pretendia encontrar o seu amor. Nessa carta, Pero Marques declarava o seu amor a Inês, pretendendo casar-se com ela. Inês, ao acabar de ler a carta, desprezou-o e fez pouco dele, mas Lianor e a mãe, uma dona de casa, amiga, confidente e conselheira de Inês, aconselham-na a casar-se depressa e alertam-na para os problemas que terá se se casar com um homem “discreto”. Lianor Vaz marcou um encontro entre Pero e Inês e, neste encontro, Inês fez pouco dele e desprezou-o pela sua ingenuidade e rudeza, já que não correspondia às expectativas do marido desejado, porque ele era do povo. No final do dia, Pero foi-se embora, triste com a recusa de Inês. Na segunda cena, Inês já está casada com o escudeiro, que se revela um homem agressivo, intolerante, oportunista, pois casa-se com ela para ficar com o seu dinheiro. Inês está em casa a cantar e a lavrar, quando chega o escudeiro a reclamar. Afirmando que ela não podia cantar e tinha que lhe obedecer. Dirige-se depois ao moço, o seu criado, mal pago, desvalorizado pelo amo, e diz-lhe que vai partir para a guerra. Para representar os costumes e vestes da época vicentina, as pessoas que representaram Inês, Lianor e mãe vestiram saias e Inês usou uma bandelete de flores. Quem representou Pero levou calças, uma bolsa com o chocalho, a corda, as pérolas e o novelo. O moço foi representado por umas calças de treino e um gorro. O cenário utilizado foi igual nas duas cenas: um desenho no quadro a representar uma parede, uma mesa e uma jarra com flores. Na primeira representação, enquanto Inês lê a carta, a mãe tenta ler também. Pouco tempo depois, entra Pero e senta-se incorretamente na cadeira e, de seguida, corrige a sua postura. Em seguida, Lianor Vaz e a mãe saem da cena, deixando Inês e Pero sozinhos; quando este se apercebe de que ficou sozinho com ela, vai-se embora para não a comprometer e regressa a mãe. Na segunda representação, Inês está a lavrar e a cantar. De seguida, chega o escudeiro, acompanhado pelo moço, que segue sempre atrás dele ao longo da representação. Inês levanta-se, o escudeiro bate-lhe na cara, depois vai recuando e o escudeiro bate-lhe e acaricia-lhe o braço. Nesta representação, há aspetos a melhorar: mais expressividade, na primeira cena, e criatividade para tornar a peça mais cómica. Decorar as falas poderá contribuir para melhorar a expressividade, como aconteceu com Pero, o escudeiro e o moço. No entanto, também há pontos fortes. Conseguimos representar bem a segunda cena, utilizamos movimentos e ações de violência doméstica e acessórios, como os que estavam dentro do saco do Pero na primeira cena. Em suma, achamos que a nossa representação foi bastante razoável; no entanto, poderíamos melhorar em todos os aspetos, mas mais em específico os referidos acima. Contudo, valeu pela experiência e maior conhecimento da obra. Catarina Iria, Carolina Jesus, Leonor Pinheiro, Leonor Florindo

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Farsa de Inês Pereira 10º a

Na encenação da Farsa de Inês Pereira, eu representei o papel de Inês.

.Eu, Inês Pereira, era uma rapariga jovem e bonita e o meu objetivo era casar com um homem discreto. Ao longo da peça, experimentei diferentes modos de pensar e sentir. Por exemplo, antes de Pero Marques chegar, eu troçava da sua maneira de escrever e também de agir, mas, quando ele realmente chegou, desprezei-o, pois era um homem muito desajeitado e sem qualquer tipo de modos. Tudo o que eu queria num homem era que fosse discreto, tudo menos o que Pero Marques era. A Lianor Vaz e a minha mãe, ao longo do tempo, sempre me disseram para não ser tão exigente, porque naqueles tempos a primeira boa oportunidade era para ”agarrar”. Também no início, ao ler a carta, fiquei surpreendida por um homem quase analfabeto estar a escrever-me, até pensei que fosse engano, como quando eu disse: “Na vida de seu avô, / ou onde me viu ora ele?/ Lianor Vaz, este é ele?”. Sentia-me também muito desiludida por não ter encontrado um homem que realmente me agradasse. Acho que também não dei qualquer oportunidade a Pero Marques, pois antes de ele chegar a casa já tinha desistido da ideia de casar com um homem tão desajeitado como ele. Em suma, eu não deveria ter logo desistido dele sem sequer o ter conhecido em pessoa.

Leonor Florindo

Na encenação da Farsa de Inês Pereira, desempenhei o papel de Inês.

Inês é uma jovem bela, de cabelos longos. É preguiçosa, ociosa e trocista. Pretende livrar-se da vida doméstica, casando-se com uma homem “discreto”, que seja de um estatuto social acima do seu e que corresponda às suas expectativas (“… que saiba tanger viola(…) / porque é isso que me degola.”). Ela sente-se presa, já que não pode sair, e espera casar-se, para poder fazer tudo o que quer. Para Inês, a mãe e Lianor Vaz são suas conselheiras, avisam-na de que deve casar-se depressa. Esse aviso acontece, pois ambas defendem o casamento com Pero Marques e por isso afirmam que se Inês demorar muito tempo a resolver-se pode ficar solteira. Inês no início da peça troça de Pero Marques, pois não o acha bom nem atraente, pois é do povo e ela quer alguém mais sofisticado. Depois, Inês casa-se com o escudeiro, que não aparenta ser o que é, e Inês, em vez de ser livre, não, continua com as tarefas domésticas e sem sair de casa (“Porque me dais tal prisão?”). No final da peça, Inês casa-se, por fim, com Pero , que, como é ingénuo, faz tudo o que ela quer. Concluindo, Inês, ao longo da peça, percebe que mais vale ter um “asno”, mas bom, ou seja, casar -se com um homem do povo que a deixe fazer tudo, do que um “cavalo folão”, ou seja, um homem de estatuto socias mais elevado, que aparente ter muitas riquezas e regalias e que a trate mal e não a deixe sair de casa , como ela gostaria.

Catarina Iria

Na Farsa de Inês Pereira desempenhei o papel de Lianor Vaz, uma alcoviteira que ajuda Inês a

encontrar marido e a aconselha, de modo a que esta faça as escolhas certas no que toca ao casamento. Aconselha Inês a escolher um marido rapidamente e que lhe faça as vontades todas (“ Queres casar a prazer / no tempo de agora Inês? / Antes casa em que te pês, / que não é tempo de escolher(…)”). Esta personagem é vistosa, espalhafatosa, divertida e muito atrevida. Tem interesses monetários no casamento de Inês por isso quer ajudá-la a escolher o noivo. O seu objetivo é que Inês case, para ganhar dinheiro com isso. Na primeira cena, Lianor Vaz entra em casa de Inês e começa a contar à mãe da rapariga, sua amiga, que de caminho para lá tinha sido assediada por um padre, mas mostrava-se divertida com o acontecido. Lianor Vaz , apesar de ter o papel de conselheira, acrescenta à peça um lado bastante cómico. Para concluir, Lianor Vaz , no terceira parte da peça, mostra-se contente com a decisão de Inês de casar com Pero Marques, pois seguiu os seus conselhos, finalmente. Carolina Jesus

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Farsa de Inês Pereira 10º a

A meu ver, este grupo esteve bastante bem. Quero destacar a prestação do António e da Catarina, que fi-

zeram um excelente trabalho, apesar dos "engasgos". Claro que havia aspetos a melhorar, como o facto de as falas não estarem todas decoradas, o que ajudaria na interpretação do papel de cada um, mas, mesmo assim, a representação das cenas foi muito bem conseguida.

Lara Mateus

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a minha opinião, a atuação foi bastante bem conseguida: todos deram a impressão de conhecerem as personagens, foram expressivos e articularam bem as falas. Podiam, no entanto, ter melhorado alguns aspetos. Por exemplo, se Pero Marques soubesse as falas de cor, a finalidade cómica da peça teria sido atingida, uma vez que a sua representação foi bastante satisfatória e engraçada. Este problema também se notou na segunda parte da atuação, já que se o escudeiro não tivesse “bloqueado” e lido parte do papel, a cena teria saído quase perfeita, já que a interação entre Brás da Mata e Inês foi muito bem conseguida: notava-se a violência do marido, assim como o medo e arrependimento de Inês por ter casado com ele.

Carolina Frischknecht

No dia 12 de janeiro, a nossa turma encenou a Farsa de Inês Pereira, dividida em várias cenas que foram

distribuídas por diferentes grupos. O grupo que estamos a apreciar é constituído por Leonor Florindo e Catarina, que representaram ambas Inês Pereira, Leonor Pinheiro, a mãe, António Anghel, o escudeiro, Carolina Jesus, a Lianor Vaz, e Simão, Pero Marques. Este grupo representou a cena em duas partes. Na primeira parte, Inês Pereira lê a carta de amor escrita por Pero Marques, e Lianor Vaz e a mãe tentam convencê-la a casar-se com ele, o que acaba por não acontecer por Inês o achar um vilão atrevido. Na segunda parte, Inês, já casada com o escudeiro, é vítima de violência por parte do marido. Neste grupo valorizámos bastante a encenação do Simão e da Leonor Florindo, por terem o texto decorado, terem encarnado muito bem as personagens e por se terem expressado bem. O António e a Catarina também estiveram bem, apesar de poderem ter falado num tom mais alto e interiorizado melhor a personagem, visto que a cena era muito expressiva. Por parte da Carolina e da Leonor Pinheiro, acreditamos que poderiam ter dinamizado mais a cena ao tentarem convencer Inês a casar-se com Pero Marques. Para concluir, gostaríamos de referir que, no geral, o grupo desempenhou um bom trabalho, embora pudessem ter sido mais expressivos e dinâmicos.

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m geral, foi uma ótima encenação, pois as duas cenas que o grupo representou estavam muito bem representadas e transmitiram exatamente o que se propunha. Sobre a primeira cana, destacou-se o Simão de entre os outros membros do grupo, em que a Leanor Florindo fez o papel da Inês, a Carolina Jesus fez o papel da Lianor Vaz, a Leanor Pinheiro fez a mãe e o Simão fez o Pero Marques. Cada um incorporou uma personagem de forma ótima e foram muito divertidos. Temos apenas uma reclamação: a maioria teve de ler as suas falas no meio da representação por conta da falta se ensaio: é uma pena, mas estavam muito bem. A primeira cena foi interpretada pela Leanor Florindo, Leanor Pinheiro, Carolina Jesus e Simão. Nesta cena Inês é apresentada ao Pero Marques pela primeira vez, por Leanor Vaz, sua amiga que a entrega, uma carta escrita por Pero. Algum tempo depois, o próprio Pero aparece para conhecer Inês de perto; porém, como era homem de poucos modos e que nasceu no campo, acaba por se atrapalhar, fazendo assim Inês rejeitá-lo enquanto a sua mãe tenta desesperadamente convencê-la a casar-se com ele. Já a segunda cena foi interpretada por Leanor Pinheiro, pela Catarina e pelo Antônio Anghel que, respetivamente, interpretaram o moço, a Inês e o escudeiro. Nesta cena Inês está casada com o escudeiro, que apenas se casara com ela por interesse, tanto que nesta cena ele agride-a, tranca-a em casa e ordena ao moço que fique de olho em Inês enquanto ele vai para a guerra. Em conclusão, nós pensamos que, se este grupo tivesse tido mais tempo para ensaiar, eles poderiam ter decorado as falas e melhorado as interpretações; porém, em geral, saíram-se muito bem e fizeram um ótimo trabalho. Adrian Rolim Maia e Caio Silvestre Faria

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Farsa de Inês Pereira 10º a e B

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