NÚMERO
66
junho de 2021
JMCarinhas
editorial
N
esta última edição de 2020/21, continuamos com o tema “pandemia”, agora analisado do ponto de vista da sociologia. A partir do mote “Ciência, saúde e bem-estar, em tempos de pandemia. Que caminhos?”, os alunos do 12º H produziram os artigos que aqui divulgamos. Os alunos de Inglês do 11º ano dão-nos a sua opinião sobre o mundo do trabalho a partir de afirmações de Steve Jobs e de Confúcio. A Mariana Serra, do 8º ano, apresenta aqui um soneto sobre o amor a partir do famosíssimo “Amor é fogo que arde sem se ver”, de Luís de Camões. Ainda a pandemia, desta vez através da página do diário de um adolescente. E acresce uma reflexão sobre o cansaço juvenil nos tempos que correm. A professora Nazaré Oliveira relata-nos a participação da escola no “Parlamento dos Jovens”, bem como no projeto “Euroescolas”, cujo texto também publicamos. A equipa de saúde divulga algumas atividades no âmbito do projeto “Atento e confiante, eu sou capaz”. As nossas ilustrações são dos alunos de Artes do 11º ano, sob a temática “A luz e a cor ao longo do dia”. Damos as boas-vindas Comissão Administrativa Provisória, que toma posse no próximo dia 30. À direção que cessa funções, o nosso muito obrigado pelo empenho, pela eficiência e pela entrega ao longo destes últimos oito anos. Despedimo-nos, desejando o maior sucesso aos nossos alunos nos exames que se aproximam. Alexandra Cabral
Colaboradores
Katia Magrin
Equipa responsável Alexandra Cabral Ana Paula Rosa
Coordenação Alexandra Cabral
Alice Ferreira Ana Batel Ana Martins Ana Nunes Ana Paula Rosa André Rosa Beatriz Cruz Beatriz Passeira Bernardo Botelho Carina Inocêncio Carla Ascenso Carolina Santos César Amândio Cláudia Galambas Fernanda Mesquita Fernando Afonso Filipa Ramos Francisco Moura Helena Rodrigues Inês Ribeiro JMCarinhas Joyce Trigueiros Laura Gonçaves Luísa Faorlin Margarida Miguel Maria Etelvina Gaspar Mariana Domingues Mariana Jorge Mariana Serra Miguel Maria dos Santos Miguel Rangel Nazaré Oliveira Gonçalo Resende Katia Magrin Lara Mateus Pedro Silva Sofia Abreu Rui Branco Rui Silva Teresa Hieu Tiago Bruno
Logotipos André e Joana
jornalsemnome@gmail.com 2
Pandemia
Os tempos atuais/pandemia A
pandemia teve um enorme impacto na vida de todos nós, infelizmente alguns sentiram de um modo mais direto, mas todos tivemos oportunidade de o sentir de forma indireta. Famílias sem conseguirem colocar comida na mesa por terem encerrado os seus estabelecimentos devido aos estados de emergência, doenças e distúrbios mentais a aumentar devido à solidão de ser obrigatório ficar confinado em casa, o facto da economia do país a voltar a um estado degradante, e claro, todas as pessoas que já não se encontram connosco devido a este vírus fatal. Falando agora a nível pessoal, tive a sorte de ter todos os meus familiares saudáveis e de continuar a ter um teto e refeições e, por isso estou completamente grata. A nível mental posso dizer que teve algum impacto negativo em mim, sendo que lido com ansiedade. Todas as nossas vidas deram uma enorme volta, este vírus veio-nos mostrar que tomávamos demasiado a vida, como a conhecíamos, garantida, e agora, graças a isso acabamos por valorizar todas as pequenas coisas e liberdades que tínhamos. Nunca imaginaríamos que o simples gesto de ir tomar um café com amigos ou dar um abraço seria prejudicial para a saúde pública e que estaríamos a violar a lei, mas infelizmente essa é a realidade em que nos encontramos atualmente. Penso que falo por todos quando digo que agora valorizamos bastante cada abraço dado, cada riso num convívio de amigos, cada sorriso que conseguimos ver sem uma máscara, cada almoço de família e até mesmo apenas a visão de um evento com milhares de pessoas. Voltar a ter estas simples coisas que agora as vemos como “luxos” parece uma realidade bastante distante, mas cada um de nós tem a responsabilidade de a tornar mais próxima e por isso temos de cumprir as normas de proteção. Reconheço que possa ser difícil ficar em casa, especialmente para as pessoas que não têm o melhor ambiente familiar ou que lidam com algum distúrbio mental, no entanto, temos de fazer um pequeno esforço para atingirmos um grande objetivo – “a retoma à vida normal”. Alice Ferreira
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Pandemia
Laura Gonçalves
ANO 2020 No começo do ano 2020, a nossa sociedade deparou-se com uma pandemia, algo que não acontecia desde 2009 com a Gripe A, tendo apenas algumas memórias dessa altura. É possível afirmar que a pandemia que estamos a viver atualmente desde o começo de 2020 até agora tem-se revelado cada vez mais mortífera e perigosa. O Covid-19 tem mudado as visões das pessoas, seja a da sua própria mortalidade com os altos números de mortes que temos diariamente, seja a de estarmos perante uma sociedade e o quão egoístas, racistas e ignorantes certas pessoas podem ser. No começo da pandemia imensas pessoas correram para os supermercados com o objetivo de comprarem números exorbitantes de produtos não deixando nada para quem mal tinha tempo para respirar no meio disto tudo. Foram também recorrentes os ataques racistas a pessoas com descendência asiática visto que o vírus teve origem na cidade de Wuhan na China. Estes ataques foram meros abusos verbais visto que os sujeitos racistas tinham receio de se aproximar de qualquer pessoa asiática uma vez que os podiam infetar. Escusado será dizer que com esta mentalidade de os sujeitos não eram os mais informados mesmo sendo pessoas de alto estatuto e/ou renome. Durante o confinamento, a tecnologia veio a tornar-se um dos meios mais úteis, através da introdução do teletrabalho, algo que raramente se falava. No entanto, uns meses passados, tentando ver o lado positivo do teletrabalho (que iria abrir portas para novos ambientes de trabalho em casa sem a necessidade de nos deslocarmos para o edifício da nossa empresa), tudo se revelou cansativo e redundante. As rotinas tornaram-se entendiantes e simples. Levantar, ter aulas online e voltar a deitar. Foram implementadas bastantes restrições e cuidados como desinfetar as mãos frequentemente, evitar ajuntamentos, manter uma distância de 2 metros e utilizar máscara. Apesar de muitas pessoas se preocuparem e cumprirem as restrições, por outro lado muitas delas simplesmente ignoram colocando os que os rodeiam em risco. A razão pela qual ainda vivemos nesta situação no ano de 2021, está relacionada com o facto de os cidadãos não evitarem ajuntamentos e não cumprirem as regras de distanciamento e uso de máscara. A mentalidade das pessoas ainda se baseia na ideia de que o vírus só afeta os outros e nunca nada acontece connosco. Infelizmente fui um dos inúmeros casos em Portugal. A minha mãe trabalha no atendimento público o que a leva a interagir com várias pessoas durante o dia e como todas as noites estou com ela acabei por contrair o vírus. Depois desta experiência cheguei à conclusão de que se uma pessoa começa a sentir febre ou falta de sabor e olfato, significa que algo não está certo e por isso o melhor será tomar os cuidados necessários para se proteger e aos outros evitando sair de casa ou fazer viagens e em caso caso de dúvida contactar a saúde 24. Para concluir, na minha opinião a sociedade não estava pronta para uma pandemia devido à ignorância das pessoas, à falta de profissionais de saúde nos hospitais e centros de saúde e à falta de conhecimentos relativamente a este vírus. Por outro lado, uma vez mais a tecnologia dos dias de hoje mostrou se bastante essencial mas também banal e mundana de tal forma que muitas pessoas acabaram por desenvolver uma aversão à mesma. Reforçando a ideia de que a nossa sociedade não estava preparada considero que depois de tudo o que passámos continuamos a não estar prontos, mas por outro lado é preciso manter a cabeça erguida e esperando e lutando por dias melhores. André Rosa
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Pandemia
Bernardo Botelho
A Pandemia COVID-19 Um novo ano tinha começado. 2020 chegara e todos estávamos entusiasmados com um novo ano…. começar de novo, abrir um novo capítulo, criar experiências pela primeira vez, sentir novas oportunidades. Tudo parecia, na verdade, normal. Cada um acordava e deslocava-se para a escola ou o trabalho, reuníamo-nos, à noite, em família, sem imaginar no impensável. Nos intervalos, nas escolas, estávamos todos juntos; ia ter com os meus amigos e sentávamo-nos numa mesa a contar as novidades. Quando a escola acabava, eu e uma amiga íamos passear até onde o vento nos levasse. Tudo parecia controlado e certo. Fevereiro chegou, estava no Porto com a minha família num casamento e os temas das conversas eram todos à volta de um tal vírus que teve origem na China. Tinha chegado a Portugal – dizia-se. Era o primeiro caso de Covid, que mais tarde foi falso alarme, o que nos deixou a todos mais descontraídos. Foi só um “susto”. 1 de março, fiz 17 anos. Tive a melhor festa com amigos mais chegados. Dançamos, cantámos, divertimo-nos, sem imaginar que, no espaço de uma ou duas semanas, o terrível estava prestes a acontecer. O vírus espalhava-se por todo o mundo, era oficial... tínhamos entrado numa pandemia e o confinamento era inevitável. Durante meses, não pudemos sair de casa, conviver com os amigos, ir a um simples café, ter aquele carinho tão importante para nós de um amigo, um simples abraço! Aquele era o “novo normal” – diziam. Em poucos meses, o inimaginável aconteceu. O futuro era, afinal, escuro e triste. 2020 era um ano que não queríamos nas nossas vidas. Mas, pensando agora… muito de positivo aconteceu. A maioria das famílias, incluindo a minha, aproximou-se mais e passou a estar mais tempo junta. A minha irmã está em Coimbra na Faculdade, o meu pai trabalha por turnos e eu e a minha mãe estamos na escola, em horários diferentes. A pandemia ofereceunos tempo; criou momentos para fortalecer a minha família. Pessoalmente, percebi que estes meses foram também bons para poder refletir se na verdade valia a pena ficar mal e ir abaixo pelas pessoas que perdi. Foi um tempo de silêncio para eu lidar com os meus sentimentos e emoções. Foi uma oportunidade para compreender quem, na verdade, é amigo verdadeiro e está presente mesmo na ausência. Para além disso, uma das maiores conquistas, durante estes meses, foi o facto de me sentir uma nova pessoa e recomeçar o meu novo capítulo, abrir os olhos para ser uma melhor pessoa e aprender a gostar de mim. Por fim, pude igualmente crescer mentalmente de uma forma diferente; ser mais independente. Cultivei o gosto pelo desporto. Cresci ao ter de gerir estes tempos difíceis. As pessoas cresceram e passaram a dar mais valor ao que é simples e ao que verdadeiramente importa: os sentimentos, as relações com os outros, a solidariedade, o planeta em que vivemos. É também importante referir que sinto que todos nós ficamos mais humildes, puros, como se houvesse um tempo para nos regenerarmos. Para concluir, no meu ponto de vista, todos estamos já habituados a esta nova realidade, por muito difícil que tenha sido. Devemo-nos focar, então, nas coisas boas que chegaram e que, sem dúvida, de outra forma, seriam mais difíceis de encontrar. Juntos conseguiremos ultrapassar esta fase! Beatriz Passeira
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Pandemia
Ana Martins
O último adeus à vida… Faltavam três dias para eu completar os meus dezasseis anos. Dia 12 de março eu só ouvia os meus professores a segredar nos corredores da escola que o governo está a ponderar o encerramento das escolas. O que os professores tanto segredavam aconteceu. No dia 13 de março de 2020 as escolas portuguesas fecharam. Foi anunciado o “lock down”, durante duas semanas… diziam eles… Chegou o dia que tanto esperava, o meu aniversário, ainda estava tudo muito incerto, as pessoas em pânico. A minha mãe fechou logo as portas de casa a partir do meu dia de anos, foi o aniversário mais estranho que já tive, nesse dia só vi o pânico, o desespero, o mundo a ir abaixo. Contudo, a minha mãe deu-me autorização para ir à porta do prédio dar um abraço ao meu namorado. Pensando que teria mais oportunidades para estar com ele, tudo começou a desenrolar-se muito rápido, mal sonhando eu, com a tragédia que estaria por vir. Duas semanas, um mês, dois meses, três meses depois, estava a olhar para um pássaro a voar da janela e só conseguia pensar na sorte que ele tinha por estar livre e por ter oportunidade de sentir o ar puro da natureza. Os meus dias eram passados assim, ou a ver pássaros da janela ou a falar online com os meus amigos e com o Diogo. Foram quatro meses assim, até o estado anunciar que podíamos “voltar a sair”, foi nessa altura que eu fiquei arrasada com as consequências deste vírus. Eu visualizava as publicações dos meus colegas nas redes sociais, que saiam para frequentar o parque, estar com quem amavam, fazer lanches ao ar livre com os amigos, e eu não podia… a minha família tinha (e tem) um pânico enorme deste vírus, por um lado é bom, significa que querem o meu bem e assim há menos perigo de eu contrair o covid-19. Ainda hoje eu fico em casa e vejo os outros felizes, muitos desses outros não cumpriam as regras implementadas pelo estado, e isso deixava-me ainda mais deprimida, visto que há quem sofra ao cumprir as regras para o bem de todos e há quem não se importe com o esforço e o bem-estar dos outros e vive a vida como se tudo tivesse voltado à normalidade. Observo as atitudes dessas pessoas e penso: eu estou aqui, sem abraçá-lo ao pé das árvores do Parque do Bonfim, sem ver a beleza da baixa de Setúbal ao lado dele… sinto-me triste porque não tive oportunidade de dizer um último “adeus” à vida, porque quem me dava era ele.
Joyce Trigueiros
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Pandemia
César Amândio
Os dias atuais Sempre fui muito observadora e talvez por isso desenvolvi um interesse em prestar atenção à face das pessoas, não só numa tentativa de perceber o que se passa com as mesmas, mas também porque cada um de nós tem uma fisionomia distinta. Este é um dos meus hobbies, identificar parecenças entre aparências e personalidades. Neste momento, sinto imensa dificuldade em desempenhar este meu passatempo. É triste olhar em redor, pois todos parecem partilhar a mesma frustração e medo de que a realidade não volte a ser aquela que conhecíamos. Às vezes penso que a frase que melhor define este momento é a de que passamos a ser uma sociedade que chora em silêncio por detrás das máscaras cujo uso passou a ser obrigatório desde que a pandemia do Covid-19 teve início. Choramos em silêncio porque o novo Corona vírus está a ter inúmeras consequências a nível mundial. A economia ficou muito abalada, principalmente porque muitos países já tinham evidenciado sinais de crise. No mundo extremamente globalizado que vivemos os prejuízos na exportação e na importação fazem com que cada vez mais grandes empresas fechem a uma velocidade brutal. A alta taxa de desempregados é alarmante e sem a atribuição de subsídios pelo governo não seria possível o sustento de milhares de famílias. Mas isto é só a ponta do Iceberg, a pandemia trouxe à tona a tamanha desigualdade existente que está muito mais próxima de nós do que imaginávamos. Um exemplo disso são colegas que estudam connosco e que ainda não têm condições de ter um computador em casa ou de ter acesso à internet. Se é difícil estarmos confinados no conforto de casa tendo meios de comunicação ao nosso dispor imaginemos o quão duro será ter de ver um pai burlar o confinamento em busca de trabalho porque este é o único meio de colocar comida na mesa dos filhos. Esta crise sanitária que vivemos além de salientar a grande desigualdade contemporânea só mostrou o quão importante é termos um sistema de saúde que funcione decentemente e que possa ser acessível a todos aqueles que o mais necessitam. Também evidenciou o quão crucial é termos líderes políticos que não rejeitem a ciência. Infelizmente vimos muitas mortes e assistimos simultaneamente a um certo desrespeito em relação a tudo o que foi dito por autoridades de saúde sobre medidas de segurança e comportamentos a adotar, provocando desta forma mais instabilidade social e política. Desta vez não foi apenas o Corona vírus que proliferou em larga escala, o vírus da indiferença também teve o seu palco. O presente está um caos, contudo, podemos desta situação tirar lições que ficarão para a vida futura. Com certeza que fomos obrigados a repensar na importante lição sabida há muito tempo: a de que dependemos uns dos outros. A sociedade regride, progride ou fica estagnada consoante os passos de todos, e não só aos nossos ou aos de terceiros. Precisamos aceitar de uma vez por todas que os outros são agentes de transformação de uma realidade que também é nossa e vice-versa. Acredito verdadeiramente que a pandemia nos forçou a pensar mais no próximo, e por próximo não me refiro apenas a familiares ou amigos, mas também, a pessoas com quem partilhamos ruas, supermercados, escolas e restaurantes. O indivíduo deve pensar no coletivo, em benefício de si e dos demais. Finalizo esta reflexão a prestar o meu mais verdadeiro agradecimento a toda a equipa de saúde e de pesquisa, àqueles que estão a buscar soluções urgentes e àqueles que pensaram no próximo antes de saírem de casa desprotegidos. Aproveito para exprimir os meus sinceros sentimentos àqueles que perderam entes queridos. É importante termos a noção de que não estamos a lidar com um vírus inofensivo ou com uma simples gripe, estamos a lidar com um vírus mortal, que destrói vidas, famílias, relacionamentos, amizades, planos e sonhos. Espero que tudo melhore e fico a torcer para que possamos sair o mais breve possível desta situação e por sua vez mais humanos e estejam com vontade de não ver isto repetir-se, nem a pandemia, nem a pura negligência. Luísa Faorlin
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Pandemia
Filipa Ramos
Positivismo pandémico No dia 2 de março de 2019 foram registados os primeiros casos de covid-19 no nosso país e é seguro dizer que desde aí a nossa vida tem mudado. Começámos por confinar, uma experiência que nos levou a passar 24 horas fechados em casa como autênticos aquários sem água. Não fomos feitos para resistir à monotonia das mesmas paredes e mobílias. Parecia algo vindo de um filme apocalíptico americano, só faltava o Brad Pitt salvarnos a todos, mas acho que desta vez também ele estava de mãos atadas. Mas assim foi, confinámos a nível mundial e os arco-íris desenhados nas janelas dos milhares de apartamentos davam-nos um certo conforto coletivo de realmente não estarmos sozinhos neste episódio da história mundial. Entre o medo e angústia global creio que nem tudo tenha sido mau, mas isso sou eu que levo o positivismo de mão dada. As famílias aproximaram-se, houve tempo para reflexões demasiado complexas para serem feitas na correria da antiga realidade, veio ao de cima a compaixão de se tratar de um problema global e o ambiente pôde finalmente respirar de alívio. Não excluo da minha análise todos aqueles que perderam o trabalho ou alguém próximo devido a esta pandemia, mas pelos mortos só se oferece flores, e se pensarmos a um nível global este marco histórico poderá vir a ser o ponto de viragem de uma sociedade altamente consumista, que precisava urgentemente de um susto. Usemos esta pandemia para alertar aos perigos e às fragilidades do planeta, não podemos insistir no sacrifício do ambiente na busca por produções massivas. Pergunto-me se isto não será a natureza a autorregular-se e a exclamar que necessitamos de uma mudança drástica nos nossos princípios. Talvez seja demasiado cedo para o dizer, mas espero muito ansiosamente que no rescaldo da pandemia sejamos responsáveis para com a nossa raça e para com a sua fragilidade. Voltar ao antigo normal é um caminho perigoso que cada vez nos parece mais curto, porque o Planeta Terra aguenta muitas pandemias, nós é que não. Ups, talvez isto tenha soado muito negativo, mas é com muita esperança que olho para os próximos meses, confiante de que nós, humanos, seremos capazes de usar este episódio como forma de aprender e melhorar. Pedro Silva
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Choose a job
“Your work is going to fill a large part of your life, and the only way to be truly satisfied is to do what you believe is great work.” Steve Jobs In my opinion, work is an essential part of life, because once we step into the “working jungle”, we can't leave anymore, as our family’s support is based on it. However, if we don't like our job, we will feel miserable for the rest of our lives, because every single day that we have to wake up and go to work, it will feel like a “stab in our backs”. That is to say that when we work, our happiness depends on the type of job we do. If we don't put out our best efforts at work, we will think that we have failed both ourselves and our lives - but if we do great work, we will feel fulfilled and satisfied.
Margarida Miguel
In my opinion, when we work in a job that we feel that it is right for us, no matter the reason why we feel that way, we can be truly satisfied. Our job is a very important part of life. As an active worker we can develop our skills and improve ourselves. A person should do a job only if he/she feels that it is the right thing to do, and not just because it is the best way to have more money in the bank. In conclusion, to live a happy life every day, also in our workplace, we should find a job where we feel worthy and complete. Mariana Domingues
The quote above means that if we make the right choice on pursuing the career we have always dreamt of, we will feel pleased and, consequentially, much happier while working. From my perspective, our job has a major impact on our personal life, by going after the right career and working in an area that we enjoy, we will feel happier. Because of being happy at work, you’ll have a better outcome. Besides this, people who appreciate their jobs are more optimistic, motivated, laid-back and are less likely to develop mental health conditions, such as depression or anxiety. Gonçalo Resende
Our job is where we spend most of our time. So, it is essential that we choose the right profession, that is, the job we choose must be the one we love and have always dreamt of being. This way we will have motivation, passion and energy to go to work every day. Thus, I must say that I fully agree with the idea of choosing a job with our heart and not just focussing on money or career perspectives. Although our job is how we earn our salary, and it’s the way we become financially independent, if we choose the perfect job for us, we won’t get tired, because our work will feel like a hobby for us. In conclusion, jobs must be what we want and not what we are told to be.
Miguel Maria dos Santos
When Confucius says “Choose a job you love, and you will never have to work a day in your life” I completely agree with him. If you pick a career that is interesting for you, you are most likely to become a more successful and a better professional. By loving what you do, you won’t be as stressed, and you will do your work with a higher quality and efficiency. For instance, I want to become a surgeon. Since I’m going to work in the job of my dreams, I won’t get as tired, and I will be less prone to develop mental illnesses associated to stress, such as burnouts or depression. When he says “you will never have to work” he means that by doing what you aspire, you will never get tired of it. Lara Mateus
I agree with Confucius's point of view - choosing a job out of motivation is different from choosing it rationally.
I believe that choosing a job shouldn´t be about fame or recognition, but instead about passion and interest. While choosing a job with many benefits (but in a field one isn´t genuinely interested in) might seem tempting, it will possibly make the person unfulfilled and unmotivated to work. On the other hand, someone who is truly interested in a specific job or career will certainly feel motivated and willing to go to work every day, having a better working performance and life. Nonetheless, people need to be mindful about this issue and consider the risks and rewards of each situation.
Carina Inocêncio
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Amor é…/ reflexão
Amor Amor é grande emoção taciturna,
É um tal consenso contraditório, É algo opcional obrigatório, É o amanhecer de manhã noturna. É um vil controlo descontrolado, É expressar-nos ao nos conter, É falar tudo sem nada dizer, É sentir-se livre ao ser amarrado. É um sofrimento sofrido eufórico, É voz desesperada indiferente, É um desorganizado metódico. E sem ninguém o saber definir É um sentimento que já vivemos, Mesmo não sabendo quando o sentir.
Mariana Serra Katia Magrin
Surgem cada vez mais evidências dos variados impactos negativos que o stress pode provocar aos jovens. É também cada vez mais evidente que os jovens e adolescentes de hoje em dia demonstram um crescente cansaço (físico e psicológico) devido ao seu quotidiano atribulado. Este cansaço deteriora bastante a saúde mental e física do jovem. Dado este facto, é essencial a análise deste importante assunto. Ao perceber o que origina ou o que perpetua este cansaço e pressão, estaremos melhor preparados para eventualmente tentar resolver o problema. Uma das principais causas para este grave assunto está na escola, a qual apresenta muitos pesos que podem desequilibrar um adolescente. Acredito que uma das possíveis estratégias para atenuar o fenómeno do stress causado pela vida escolar e académica é uma gestão eficiente do tempo. Com efeito, aprender a gerir o tempo de forma eficaz e saudável pode evitar grandes dores de cabeça e noites abusivas de estudos. Por exemplo, um jovem que esteja assoberbado com a quantidade de tarefas que tem para realizar consegue ter uma melhor noção disso mesmo se elaborar um horário organizado. Como que por magia, esse jovem começa a ter mais tempo livre e a ficar com menos pressão académica. Claro que muitas vezes o problema não pode ser resolvido com a elaboração de horários. Nestes casos ajuda bastante encontrar uma atividade que contribua para o relaxamento e descontração do jovem e praticar este hábito regularmente. Penso que eu próprio posso servir como exemplo. Quando me sinto sobrecarregado e frustrado, tocar piano é bastante útil: um hábito que facilita a minha descontração, ao mesmo tempo que me ajuda a “limpar” a cabeça. Concluindo, existem várias estratégias para lidar com o stress, mas é importante notar que cada pessoa é diferente. É também, na minha opinião, relevante mencionar que a nossa saúde é prioritária relativamente à nossa prestação académica. Francisco Moura
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reflexão
Carolina Santos
O cansaço físico e psicológico nos jovens É verdade que hoje em dia, os níveis de ansiedade e cansaço físico e psicológico têm vindo a aumentar e penso que qualquer estudante do décimo segundo ano poderá confirmar este facto. No último ano, devido à pandemia em que nos encontramos, estes fatores têm vindo a aumentar exponencialmente, e agregados a isto, temos os motivos mais comuns para esta exaustão: a escola, os trabalhos, o stress já em relação ao futuro, as responsabilidades familiares e ainda tentar conciliar isto tudo com as nossas atividades extracurriculares. No entanto, enquanto testemunha experiente, também sei que há várias soluções a experimentar, não para acabar com o cansaço, mas para aprender a dominá-lo. Estas soluções variam de pessoa para pessoa, cada uma certamente identificará a mais eficaz para si, mas passam pela prática de exercício físico regular, meditação e técnicas de mindfulness, hobbies não relacionados com a escola, e nos casos mais persistentes, acompanhamento terapêutico. É verdade também que parecem soluções não muito eficazes, mas a verdade é que, por exemplo, o exercício físico regular faz-nos libertar hormonas como as endorfinas e serotonina que nos dão uma sensação de bem-estar, e os hobbies distraem-nos do exterior, ainda para mais, não se perde nada em tentar, logo, porque não fazê-lo? Para além disto, é necessário termos uma rotina de sono. Quantos de nós já não ficamos acordados até madrugada a fazer trabalhos? Mais um argumento indiscutível é que os jovens têm de começar a dar mais prioridade à sua saúde mental e física, até porque, daqui a vinte anos, já não vão interessar a escola nem os trabalhos, mas sim as nossas memórias desse tempo. Por fim, é importante referir que o cansaço é normal, mas que a níveis extremos, tal como tudo, tem as suas consequências, e por conseguinte, é importante saber quando impor um limite e descansar. Beatriz Cruz
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reflexões
Laura Gonçalves
O stress dos jovens Ao longo do último século vem-se prestando cada vez mais atenção à saúde dos jovens, sendo a mental a mais alarmante, pois estão expostos a diversas responsabilidades e tarefas que os sobrecarregam. Mas como podemos alterar esta situação? Na minha opinião, como jovem estudante, este é, de facto, um dos grandes problemas com que o ensino, principalmente, terá de lidar nos próximos anos. Ter um teste “de peso,” mais um trabalho interdisciplinar, para não falar de outras pequenas avaliações pelo meio, no espaço de poucas semanas é um exemplo de como somos pressionados para dar o nosso melhor em tudo, no menor tempo possível. Não é de admirar,pois, que os níveis de ansiedade dos jovens de hoje em dia sejam os maiores de toda a história. Nos piores dos casos, mais raros, temos jovens que perdem a motivação e começam a apresentar sintomas de depressão. E ainda só estamos a falar do secundário, imaginemos a universidade! Mas para todo o problema há uma solução. Países como a Finlândia adotaram um método de ensino menos focado nas avaliações e mais na aprendizagem em si. Com a redução de trabalhos e testes que contam bastante para a avaliação final e o aumento de trabalhos colaborativos e cooperativos em sala, os alunos demonstraram as mesmas capacidades que um aluno comum de qualquer outro país. O que diferencia um método do outro? Os alunos não tinham tantos problemas de ansiedade e stress. Claro que o meio escolar não é o único problema, não vejo sentido em demonizá-lo, porém é um dos maiores fatores para um jovem cansado. Somos demasiado novos para nos sentirmos como Álvaro de Campos na fase abúlica. O que pretendo dizer com isto é que uma das maneiras mais fáceis de facilitarmos a vida dos jovens é melhorando o ensino. As escolas surgiram para criar cidadãos mais bem preparados para contribuir para uma sociedade melhor; é hora de as tornarmos num lugar que nos prepare, ensine e melhore como cidadãos. Tiago Bruno
O cansaço juvenil
A
tualmente, parece que até os relógios giram mais rápidos. Olhamos pela janela e só vemos automóveis de um lado para o outro, sempre a andar; se param, começam logo a buzinar. Pois claro, quem se pode dar ao luxo de ficar parado um minuto que seja nos dias de hoje? Tanta coisa para fazer em tão pouco tempo! Esta pressa toda sem descanso leva ao desgaste físico e psicológico de que muitos sofrem. Mas será que podemos fazer alguma coisa para reverter a situação? Sim! Apesar de começarmos, desde muito novos, com responsabilidades relacionadas, principalmente, com a escola e estas irem aumentando com o passar do tempo, o que nos faz realmente felizes são os pequenos momentos. Temos de aproveitar ao máximo tudo o que o dia a dia nos pode trazer de alegria, o som do vento nas folhas, o sorriso de alguém de que gostamos ou até mesmo os raios de sol a baterem-nos na cara. O melhor é que não precisamos de gastar o nosso tempo precioso para aproveitar estes pequenos momentos, podemos fazê-lo no caminho para a escola ou para o trabalho. Ao tentarmos colecionar estas pérolas de alegria ao longo do dia, podemos enfrentar com mais facilidade os problemas diários que nos costumam desgastar a mente. Claro que, se o cansaço for demasiado, não há vergonha nenhuma em pedir ajuda. Já há muitas pesquisas na área da saúde mental e especialistas estão lá para garantir que ninguém tem de enfrentar nada sozinho. Concluindo, apesar de o mundo atual ser muito agitado e cansativo, vamos sempre ter pequenos momentos que nos aliviam o dia e nunca nos podemos esquecer de que não estamos sozinhos. Ana Nunes
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Diário de um adolescente
Mariana Jorge
Página de um diário de um adolescente em plena pandemia – ano letivo de 2020/2021 Sexta-feira, 16 de outubro de 2020 Querido amigo, Estamos em tempo de pandemia devido a um forte vírus e à COVID-19, por isso já estivemos em quarentena onde ficámos mais de dois meses em casa e não podíamos sair. Rezámos todos para que um dia pudéssemos ver de novo tudo: a nossa gente, a nossa cidade natal, a nossa escola. Não foi fácil para ninguém, mesmo! Muitas pessoas choravam, outras batiam palmas da janela aos profissionais de saúde, outros cantavam o nosso hino, mas todos sempre com uma chama acesa de esperança que nunca se apagou e que ainda hoje está bem acesa. Eu, pessoalmente, aprendi muito nesses difíceis períodos: que devemos dar valor a tudo o que temos e à nossa família. Foram sendo feitas muitas coisas novas, explorou-se outro mundo muito diferente: o mundo virtual. As aulas, as reuniões, as consultas, as explicações, os jornais e até a rádio, tudo era feito através da internet. Muita sorte tivemos, porque havia outro mundo para habitar através de uma vaga palavra intitulada tecnologia. Durante o confinamento reparou-se em muita coisa: quem eram os verdadeiros, quem eram os corajosos, quem eram os cuidadosos para que um dia este vírus possa ter uma cura. Fazia muitas chamadas com amigos e amigas, os professores mandavam muitos trabalhos, fizeram-se avaliações, mas ninguém desistiu. Descobri que os nossos governantes e os nossos ministros, às vezes podem não ter atitudes corretas, mas todos os dias se levantavam para ir à televisão ou fazer discursos perante jornalistas sobre o estado da pandemia. Começou a descer o número de infeções diárias, e à medida que as informações da DGS (Direção Geral da Saúde) iam dando conta dessa situação, começámos a fazer a nossa rotina habitual. Chegou o verão, fomos à praia, soube-nos bem. Fomos de férias. O governo começou a dizer que talvez voltássemos para a escola. Com os cuidados todos já começávamos a imaginar… Até saudades das auxiliares casmurras já tínhamos! Até que um dia quando reparei já estava sentado na minha cadeira a escrever no meu caderno a 1ª lição de um novo ano letivo. Pensámos que iria correr tudo bem, mas não foi bem assim… Perto do dia 14 de outubro batemos o recorde de casos de toda a pandemia: dois mil casos num só dia em Portugal. Estamos mais alerta para que não voltemos todos para casa outra vez. Mas com a força de que estamos todos unidos isto irá passar… Muitas pessoas pensavam que as escolas não estariam abertas mais de duas semanas desde o início das aulas, mas estamos nas férias de Natal e não tivemos de ir para casa, só alguns alunos por pouco tempo. Este Natal vai ser diferente, vamos estar longe da nossa família, mas vamos conseguir, fazendo com que seja o primeiro de todos: um Natal verdadeiro, sem muita festa e muita agitação. Feliz Natal!!! Do teu amigo, Miguel Mósca Rangel 13
Parlamento dos jovens
O PARLAMENTO DOS JOVENS na nossa escola O PARLAMENTO DOS JOVENS, iniciativa da Assembleia da República, tem sido um projeto com forte adesão dos nossos alunos, particularmente no ano letivo de 2019.2020, com o tema VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E NO NAMORO - COMO GARANTIR O RESPEITO E A IGUALDADE, tendo concorrido o máximo de listas permitido – cinco – com dez candidatos a deputados cada uma. Devido aos constrangimentos que a pandemia provocou e às alterações e ajustamentos que tiveram de ser feitos, trabalhámos a distância e preparámos a Sessão Nacional, que só pôde ser realizada no passado dia 25 de maio do corrente ano, sempre com o empenho e dedicação das nossas deputadas Rita Moura (eleita porta-voz) e Leonor Viegas, apesar dos seus novos afazeres académicos, uma vez que este ano letivo já se encontravam no 1º ano da faculdade, respetivamente, na Faculdade de Psicologia e na Faculdade de Medicina de Lisboa. Em videoconferência com a Assembleia da República, na qual estava a Mesa Nacional, todos os jovens deputad@s levaram a cabo o programa oficial a partir dos locais determinados oficialmente, tendo ficado o nosso círculo eleitoral com o de Lisboa e o de Santarém na delegação da DLVT, decorrendo os trabalhos com grande interesse e participação de todos os deputados de todo o país, incluindo os dos Açores, Madeira e e os que representavam o círculo eleitoral Europa. Nunca desistimos deste projeto nem desanimámos pelo facto de sabermos que tudo estava “em suspenso” por causa do confinamento. Foi uma longa espera, sim, mas tudo se cumpriu e orgulhosamente nos vimos, mais uma vez, em representação do nosso distrito, na Sessão Nacional. Infelizmente, não se pôde realizar presencialmente na Assembleia da República, apesar da Mesa Nacional dirigir, a partir daí, todos os trabalhos. Esperam-nos mais desafios como este, seguramente, porque não nos faltará a vontade nem a determinação de continuarmos a promover a cidadania ativa e exigente, cada vez mais necessária à construção de um país e de um mundo mais justo, mais igualitário, mais humano, mais unido. Obrigada às dezenas e dezenas de jovens envolvidos na nossa escola! Obrigada, deputadas Rita Moura e Leonor Viegas! Obriga, jornalista Inês Romão. Grande orgulho trabalharmos assim. Nazaré Oliveira
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euroescola
O EUROSCOLA, é um programa/concurso organizado pelo Instituto Português do Desporto e Juventude, I. P., e pelo Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal, ao qual a nossa escola concorreu, e que este ano teve o tema Cidadania e participação jovem, qual o papel das novas tecnologias? Objetivos: Familiarizar os jovens com o funcionamento das instituições europeias, consciencializar os jovens sobre a sua condição de cidadãos europeus e a sua intervenção na organização futura da Europa e oferecer aos jovens uma tribuna onde possam exprimir as suas opiniões e valorizar o seu envolvimento no projeto europeu. Visa, igualmente, selecionar a nível nacional as escolas que irão representar Portugal nas Sessões EUROSCOLA do Parlamento Europeu em Estrasburgo, onde, durante um dia, jovens de toda a União Europeia debatem temas europeus, e é dirigido a alunos do 10º e 11º ano das escolas que tenham participado no PARLAMENTO DOS JOVENS, como foi/é o caso da nossa. A partir do início de janeiro e até março, as alunas candidatas - Fernanda Mesquita, do 10ºH e Margarida Miguel, do 11ºB – foram extraordinárias na sua dedicação e no seu trabalho, todo planeado e executado a distância e através da Plataforma Teams. Esse trabalho escrito, que aqui publicamos na íntegra, foi o melhor e com uma excelente classificação, como se pode observar na tabela recebida:
Parabéns, queridas alunas!
Nazaré Oliveira (coordenadora)
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euroescola
Cidadania e participação jovem, qual o papel das novas tecnologias? As
pactos maioritariamente positivos nos jovens, tal não significa que, também, não possam ser utilizadas incorretamente, v.g. quando promovem o bullying, quando espalham boatos, segredos e fake news pelas redes sociais ou quando são usadas para aliciar os jovens para entrarem nas fileiras do autoproclamado Estado Islâmico ou outras organizações criminosas. Assim, é notório salientarmos que é fundamental que as novas tecnologias estejam, de facto, ao serviço da democracia, de modo a não serem um meio para a divulgação e para o incentivo de ideias extremistas que vão contra os princípios e valores da EU, valores indivisíveis e universais da dignidade do ser humano, da liberdade, da igualdade e da solidariedade, assentes nos princípios da democracia e do Estado de direito, presentes na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, como podemos observar em https://eur-lex.europa.eu/legalcontent/PT/TXT/?uri=celex:12012P/TXT, ao mesmo tempo que institui a cidadania da União e cria um espaço de liberdade, segurança e justiça que coloca o ser humano no cerne da sua ação. Recordamos, a este propósito, a importância que teve a assinatura do Tratado da União Europeia em Maastricht, no ano de 1992, não só por ter definido o objetivo da adoção de uma moeda única como, particularmente, por ter reforçado a democracia e a transparência, visando o aumento e participação dos cidadãos no processo de integração. Se não se cumprirem estas orientações, serão transgredidas quer a democracia quer a segurança, uma vez que as novas tecnologias estariam, desse modo, a ser utilizadas com base em maus propósitos. Efetivamente, a compreensão das novas tecnologias e o modo como estas devem ser utilizadas é uma conceção que abarca muito mais do que competências digitais, cada vez mais importantes, tal como esclarece o Relatório da Rede Eurydice (2017) sobre a Educação para a Cidadania na Europa, disponível em https://op.europa.eu/en/publication-detail//publication/e0f2801c-184c-11e8-ac73-01aa75ed71a1 quando aponta para a necessidade de haver, igualmente, o conhecimento dos conceitos democráticos fundamentais, incluindo a compreensão da sociedade e dos movimentos sociais e políticos, o processo de integração europeia e das estruturas da União Europeia, o espírito crítico, a capacidade e o desejo de participar construtivamente no domínio público incluindo o processo de decisão através de eleições (2) , análise que articulámos com os resultados de um inquérito do EUROSTAT, em 2019, sobre esta matéria (3) , quando nos diz que 94 % dos jovens da UE-27 utilizaram diariamente a Internet, em comparação com 77 % para toda a população, mas que, no tocante a atividades cívicas de jovens entre os 16 e os 29 anos, uma percentagem muito inferior publicou as suas opiniões sobre questões cívicas ou políticas
novas tecnologias fizeram emergir uma série de meios que visam facilitar o dia a dia das pessoas, não só a realização das nossas atividades diárias como, também, a comunicação, para a qual contribuiu, entre outros, o aparecimento das redes sociais, nas quais a juventude tem uma participação regular ativa. Com o passar dos anos, os jovens têm tido um papel social cada vez mais notório, daí que, desde 2002, tenha sido desenvolvido pelo Conselho da UE e em conformidade com o princípio da subsidiariedade consagrado no artigo 5º do Tratado da UE, uma estratégia para a juventude que seja capaz de dar resposta aos desafios que nós, enquanto cidadãos europeus, enfrentamos, uma vez que, de facto, os jovens, ao possuírem um alto nível de qualificação e habilidade na utilização das tecnologias da informação e da comunicação e dos media sociais, enriquecem as ambições desta organização, tal como é referido pelo relatório da UE sobre a juventude, disponível em https://www.europarl.europa.eu/doceo/document/A-82018-0162_PT.html Efetivamente, paralelamente ao que foi dito, é-nos possível aferir que as novas tecnologias constituem uma grande plataforma a partir da qual os jovens mantêm esse papel ativo na sociedade, permitindolhes influenciar, de uma maneira ou de outra, o mundo em que vivem. Tendo isto em mente, uma das personalidades que o fez foi, por exemplo, Greta Thunberg, que através das redes sociais espalhou a sua causa pelo mundo, chegando ao coração de milhares de jovens e adultos. Também não podemos esquecer o seu papel nos movimentos sociais. Veja-se, a título de exemplo, o que aconteceu em Portugal, nesse âmbito, com o Movimento da Geração à Rasca (MGR) e o Que se lixe a troika, realizados a 12 de março de 2011 e a 15 de setembro de 2012, respetivamente, nos quais a participação dos jovens foi particularmente relevante nestas ações de protesto, tendo sido inclusive quatro jovens os organizadores do MGR, o primeiro e o maior a que assistimos (1) a seguir à Revolução de 25 Abril de 1974, sem falar de tantas outras ações pelo mundo fora, apoiadas e difundidas pelas redes sociais, a favor da democracia, contra as alterações climáticas, contra os extremismos, ações e iniciativas que, de outra forma, muito provavelmente não teriam ganho tanta projeção e visibilidade nem teriam reunido tanta gente. A Internet e as novas tecnologias de informação e comunicação são, pois, uma realidade incontornável nas nossas vidas e peças fundamentais na construção de sociedades mais justas, pois, ao permitir a união de diversas vozes e a participação cívica e política, reforçam a coesão e contribuem para o esclarecimento e a procura de soluções que a todos beneficie. Todavia, apesar de as novas tecnologias terem im16
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através de sítios Web ou participou em consultas em linha ou votou para definir questões cívicas ou políticas (15 % e 12 % no período de três meses anterior ao inquérito de 2019). É necessária, portanto, uma prática cidadã mais ampla, mais acessível, verdadeiramente inclusiva e igualitária, devendo por isso ser assegurado a todos os jovens, a todas as crianças, não só equipamentos e ligações à Internet, como aliás recomenda a Estratégia da União Europeia para a Juventude 2019-2027 (4), mas também uma vida digna, “sem muros nem ameias”(5) . Reiteramos, por isso, a necessidade da integração da disciplina de Educação para a Cidadania na organização curricular dos diferentes níveis de ensino e em todos os estados-membros, com vista ao desenvolvimento de uma verdadeira cultura de participação e de um ativismo ao serviço da democracia e do Estado de Direito. A crise pandémica que vivemos veio evidenciar a importância das novas tecnologias e do digital na vida de toda a gente, no entanto, e recordando as prioridades traçadas por Portugal na Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (6), desejamos profundamente que a “Europa Digital” não esqueça nunca a “Europa Social”, e que o combate à discriminação, à pobreza e à exclusão social seja sempre a prioridade das prioridades. Escola Secundária du Bocage – Setúbal
EUROSCOLA 2021 (1) Disponível
em http://hdl.handle.net/10071/18225 ainda, a nosso ver, o conhecimento da História da Europa que todos os jovens dos estados-membros deviam conhecer. (3) https://ec.europa.eu/eurostat/statistics-explained/index.php/Being_young_in_Europe_today_-_digital_world?action=statexpautotranslate&lang=pt (4) Ver Resolução do Conselho da União Europeia e dos Representantes dos Governos dos Estados-Membros reunidos no Conselho relativa ao quadro para a cooperação europeia no domínio da juventude: Estratégia da União Europeia para a Juventude 2019-2027, disponível em https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:42018Y1218(01)&from=PT (5) In UTOPIA, poema e música de Zeca Afonso https://youtu.be/wGezZErd7E4 (6) Ver em https://www.2021portugal.eu/pt/programa/prioridades/ (2) E
Inês Ribeiro
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Atento e confiante...
Visualização do vídeo Bridge (no telemóvel) para debate e dramatização
Dramatização do vídeo Bridge
Atento e confiante, eu sou capaz! A nossa escola, no presente ano letivo, está a dar continuidade a sessões para o desenvolvimento de competências sociais e emocionais, agora no âmbito do novo projeto “Atento e confiante, eu sou capaz!”, integrado no Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar (PNPSE). Estas sessões destinam-se a todos os alunos da escola (do 7º ao 12º ano) e são promovidas pelo Serviço de Psicologia e Orientação da escola, Projeto de Saúde, Coordenação da Educação para a Cidadania e dinamizadas pelas psicólogas com a colaboração de professores da escola. Nas primeiras sessões, com início em janeiro, pretendeu-se que os alunos de 7.º ano desenvolvessem atividades de auto e hetero conhecimento, identificassem sentimentos do próprio e dos outros, interagissem e cooperassem com os pares, refletissem sobre a necessidade de gerir conflitos e aprendessem técnicas de respiração e relaxamento. Estas sessões, em regime presencial nos espaços exteriores da escola, incluíram dinâmicas de apresentação, visionamento do vídeo Bridge seguido de dramatização, reflexão e debate (importância do trabalho colaborativo, o bem individual e o bem comum, gestão de conflitos) e, por último, técnicas de respiração e relaxamento. O facto de as sessões terem tido lugar ao ar livre contribuiu, sobretudo em tempos de pandemia, para um ambiente descontraído, propício à dinâmica de grupo, reflexão e partilha de ideias. Os alunos manifestaram uma atitude muito colaborativa e participaram com grande entusiasmo e interesse nas atividades propostas. Sofia Abreu, Ana Batel, Cláudia Galambas, Fernando Afonso, Maria Etelvina Gaspar, Rui Silva
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Atento e confiante...
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inda no âmbito do projeto “Atento e confiante, eu sou capaz!”, da nossa escola, integrado no Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar (PNPSE) foram desenvolvidas, durante os meses de fevereiro e março, em regime não presencial online, atividades com os alunos de 8º ano. Nas sessões pretendeu-se que os alunos aprendessem a manifestar sentimentos e interesses através de linguagem não verbal, valorizassem a opinião do outro de acordo com a sua individualidade e experiência de vida, desenvolvessem as relações interpessoais e aprendessem técnicas de respiração e relaxamento. As atividades desenvolvidas começaram com a apresentação individual dos alunos para o grupo/turma (verbal e não verbal e nesta última utilizando técnicas de expressão corporal) seguida de uma atividade gráfica “Receita do monstro”, que incluiu a partilha dos “monstros”, a reflexão e debate sobre as diferentes interpretações de uma mesma instrução. Para terminar, os alunos praticaram técnicas de respiração e relaxamento tendo como suporte um vídeo. A reação a estas sessões foi muito positiva, uma vez que foram vivenciados momentos de convívio, partilha e bem-estar entre os alunos. Sofia Abreu, Ana Batel, Cláudia Galambas, Fernando Afonso, Maria Etelvina Gaspar, Rui Silva
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