Farmacoterapia dos Produtos Naturais
Taninos
Prof. Dr. Alexandre de Barros FalcĂŁo Ferraz
Taninos
Características Gerais substâncias fenólicas solúveis em água
elevada massa molecular formam complexos insolúveis em água com colágeno proteínas e alcalóides fibrila
Pontes de H
protofibrila
BactĂŠrias entram em contato com o couro
iniciam processo de degradação do couro
HistĂłria dos Taninos Historicamente, o uso de plantas ricas em taninos estĂĄ ligada Ă s suas propriedades de auxiliar transformar a pele do animal em couro.
Taninos se complexam com o colágeno e impedem a degradação do couro
Curtimento do couro: forma ligações entre as fibras de colágeno resistência da pele ao calor, água e abrasivos
Na boca há muita proteínas e para processo de digestão
Alimentos ricos em taninos precipitam as proteĂnas e enzimas deixando a boca seca
função biológica Boca seca = Dissuasório alimentar apetite frutos verdes = teor de taninos sabor adstringente palatabilidade
inibição ao ataque de herbívoros dificuldades de ingestão e digestao pela complexação com as enzimas digestivas
Para diminuir a complexação das proteínas na boca precisamos de proteinas
Por isso muitos deles são apreciado numa refeição contendo proteinas
Classificação: Taninnos hidrolizáveis Poliol central (geralmente -D-glicose) com o ácido gálico ou ácido elágico
OH
HO
HO
O HO O HO
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HO OH
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OH GALOTANINOS OH OH OH
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HO
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HO ELAGITANINOS
OH
OH
HO
OH OH
OH
Classificação: Taninos condesados polímeros formados pela condensação de unidades flavonoides OH OH HO
O OH
OH
OH
OH HO
O
n= 1-8 OH
OH OH
OH HO
O OH OH
Catequina é um flavonoide
Efeitos biológicos: antioxidante Prevenção de doenças degenerativas (câncer, esclerose múltipla, aterosclerose, diabetes, artrites, etc )
Mecanismo de ação dos taninos: envolve a habilidade de complexar com macromoléculas (proteinas, enzimas, polissacarídeos) *Cura de feridas e queimaduras Complexo tanino-(proteína/ polissacarídeo) forma camada protetora sobre a pele/mucosa danificada Abaixo ocorre o processo natural de cicatrização (reestruturação do epitélio e formação de vasos)
Maytenus ilicifolia
Espinheira-santa Maytenus ilicifolia (Celastraceae)
Farmacógeno : folhas extrato padronizado em 3,5% de taninos totais Farmacopeia + 2,0 % totais
Adulterações ou confusões: Iodina rombifolia, Maytenus aquifolia e Zollernia ilicifolia
Iodina rombifolia Santalaceae
Maytenus ilicifolia Celastraceae
Maytenus aquifolia
Maytenus ilicifolia
Zollernia ilicifolia
Indicação: dispepsias e como coadjuvante no tratamento da gastrite e úlcera gastroduodenal. Mecanismo de ação: atua como regulador das funções estomacais e promove a proteção da mucosa gástrica Interações: com esteroides anabolizantes, metotrexato, amiodarona, cetoconazol e imunossupressores (Brasil, 2016). Por apresentar taninos em sua composição o uso desta planta poderá ocasionar a redução na absorção de alguns medicamentos (antianêmicos orais com ferro)
Contraindicações: em crianças menores de 6 anos
Ăşlcera gĂĄstrica (processo similar)
Efeito protetor no desenvolvimento de úlcera gástrica em animais, equivalente àquele obtido com cimetidina e ranitidina. Reações adversas: boca seca, náusea e gastralgia
Posologia: 2 cápsulas via oral de oito em oito horas
Quer saber mais !!!! Santos-Oliveira R, Coulaud-Cunha S, Colaço W. Revisão da Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek, Celastraceae. Contribuição ao estudo das propriedades farmacológicas. Brazilian Journal of Pharmacognosy. 19(2B): 650-659, 2009
Schinus terebinthifolius
Schinus terebinthifolius (aroeira-da-praia)
Farmacรณgeno: Cascas
640 mg do extrato seco de Schinus terebinthifolius contém 1,6 mg de ácido gálico
Os extratos de Schinus terebinthifolius apresentam ação antiinflamatória, cicatrizante, antioxidante e antimicrobiana Extratos mostraram tolerabilidade em contato com a pele, efeito no tratamento de vaginose bacteriana, lesões benignas no útero, gastrite e úlceras pépticas tipo II no palato.
Kios Indicação Gastrite e má digestão Contraindicado
Alérgicos (Anacardiaceae), pacientes com doenças cardíacas, renais e hepáticas crônicas. Período de Utilização Para sintomas dispépticos associados à gastrite, até 4 semanas
Estudo in vivo: S. terebinthifolius em ratos usando (1/4 dose p/humanos) mostrou efeito protetor da mucosa gástrica contra as ulcerações induzidas*, elevação do pH e do volume do conteúdo gástrico, redução das hemorragias gástricas e do trânsito intestinal (Carlini e et al., 2010) *Modelo de estudo: estresse de imobilização em baixa temperatura
Estudo clínico fase 2: aroeira auxilia no tratamento de sintomas dispépticos em pacientes com gastrite e na erradicação do H. pylori, de forma similar ao omeprazol.
Além das vantagens de ser um medicamento fitoterápico, de baixo custo, fácil acesso, podendo ser usado por um período mais prolongado, sem apresentar complicações conhecidas dos tratamentos propostos atualmente (Santos et al., 2010) . Kios: Melhor preço R$ 59,56
OMEPRAZOL 20MG 28 CÁPSULAS - XXXXX- GENÉRICO R$18,82 por R$ 4,33
Kronel (Gel) extrato hidroalcoólico de Schinus terebinthifolius padronizado em ácido gálico (0,322mg/g de gel). Indicação: processos inflamatórios e infecciosos vaginais (cervicites, vaginites, cervicovaginites) Uso popular: banhos de assento como antiinflamatório e cicatrizante.
Efeitos adversos: Relatos esporádicos de ardor e queimação, de baixa intensidade, foram observados em mulheres que fizeram uso deste medicamento logo após uma relação sexual Estudo clínico fase 2 estudo realizado (Hebron) indicou que o gel vaginal de aroeira é efetivo e seguro para o tratamento da vaginose e sugere efeitos benéficos na flora vaginal.
Estudo clínico fase 3 227 mulheres (18-40 anos) com vaginose bacterina. A taxa de cura do gel com extrato de S. terebinthifolilus foi menor do que obtido com gel de metronidazol.
Posologia: Em todos os estudos clínicos o gel de aroeira foi utilizado uma vez ao dia Período de Utilização: máximo 15 dias
aplicação via vaginal de 6g (conteúdo do aplicador cheio) à noite, ao deitar, durante 10 dias ou a critério médico.
ORIENTAÇÕES DE USO 1. Após retirar a bisnaga da embalagem, com a própria tampa virada para baixo, fure a bisnaga. (Fig. 1) 2. A seguir, coloque o aplicador no bocal da bisnaga e gire até encaixar completamente. (Fig. 2) 3. Após o encaixe, pressionar a bisnaga de baixo para cima, de modo a preencher completamente o aplicador. (Fig. 3) 4. Vire a bisnaga para baixo, retire o aplicador. (Fig. 4) 5. Deitada, com os joelhos afastados, insira o aplicador no canal vaginal, o mais profundamente possível e empurre o êmbolo do aplicador, inserindo todo o conteúdo no canal vaginal. (Fig. 5)
Sabonetes lĂquidos com extrato de S. terebinthifolius
Precisa de mais dados !! MONOGRAFIA DA ESPÉCIE Schinus terebinthifolius RADDI (AROEIRA-DA-PRAIA)
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019 /setembro/18/cp-28-2014-schinus-terebinthifolius.pdf
Stryphnodendron adstringens
Família: Fabaceae
Stryphnodendron adstringens
Farmacógeno: Cascas
Ação: cicatrizante, diminui o processo inflamatório e o inchaço do ferimento, estimulam a formação da pele, além de exercer ação antisséptica e antimicrobiana
Não indicado a feridas que necessitem de desbridamento (remoção do tecido morto da ferida)
ou ferimentos que necessitem de alta vascularização
60 mg do extrato seco correspondem a 30 mg de fenóis totais e 27 mg de taninos totais
Mecanismo de ação: promove a cicatrização pela formação de uma crosta espessa, seca e irregular na região da lesão. Diminui o processo inflamatório e o inchaço do ferimento, estimulando a formação da pele, e exerce ação antisséptica e antimicrobiana Interações: evitar o uso concomitante com sais de prata, bases proteicas e princípios ativos vasodilatadores (Brasil, 2016).
Contraindicações: Não deve ser usado se existir a suspeita de osteomielite (infecção no osso), artrite com infecção ou de infecção na pele ao redor da ferida.
Não deve ser utilizado também em lesões que apresentem comprometimento de ossos ou estruturas de suporte (como tendões).
Ficou com dúvidas !! Souza-Moreira, TM., Queiroz-Fernandes GM., Pietro RCLR. Stryphnodendron Species Known as “Barbatimão”: A Comprehensive Report. Molecules 2018, 23, 910; doi:10.3390/molecules23040910 MONOGRAFIA DA ESPÉCIE Stryphnodendron adstringens (MART.) COVILLE (BARBATIMÃO). Organização: Ministério da Saúde e Anvisa
Pinus pinaster
Flebon® Pinus pinaster Família: Pinaceae Farmacógeno: cascas
extrato seco de Pinus pinaster padronizado em 35mg de procianidinas por comprimido.
Indicação: prevenção das complicações causadas por problemas circulatórios venosos, prevenção da síndrome do viajante da classe econômica e no tratamento da fragilidade dos vasos e do inchaço (edema), especialmente nos membros inferiores.
Mecanismo de ação: Capacidade antioxidante do extrato seco das cascas de Pinus pinaster auxilia na proteção aos radicais livres que causam danos vasculares. Aumenta a resistência vascular protegendo a parede dos vasos danificados e reduz a permeabilidade dos vasos prevenindo o inchaço (edema).
Posologia Problemas circulatórios venosos, fragilidade dos vasos e inchaço (edema) 1 cp (50 mg) 3x/dia por 30 dias, podendo ser usado por até 60 dias.
Síndrome da classe econômica: tomar 4 cp – 3h antes de embarcar, 4 cp – 6h depois da primeira tomada do medicamento e 2 cp no dia seguinte. Dose máxima diária é de oito comprimidos (400 mg/dia). Por apresentar taninos em sua composição o uso desta planta poderá ocasionar a redução na absorção de alguns medicamentos (antianêmicos orais com ferro)
Ficou com dĂşvidas ??? Ying-Ya Li, Jiao Feng, Xiao-Lu Zhang and Ying-Yu Cui. Pine Bark Extracts: Nutraceutical, pharmacological, and toxicological evaluation. Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics April 2015, 353 (1) 9-16; DOI: https://doi.org/10.1124/jpet.114.220277
Hamamelis virgiana
Hamamélis
Hamamelis virgiana (Hamamelidaceae) Farmacógeno: folhas e cascas
Extrato das folhas padronizado na pomada no mínimo de 0,15% de taninos totais calculados como pirogalol. Indicações: lesões cutâneas menores, contusões e entorses, inflamação local da pele e membranas mucosas, hemorróidas e varizes
Classificação: antivaricoso tópico Indicação: auxiliar no tratamento tópico para o alivio sintomático das hemorroidas e varizes. Mecanismo de ação: efeito vasoconstritor e regularizador da circulação, favorecendo o retorno sanguíneo, restabelecendo o equilíbrio entre a circulação arterial e venosa.
Aplicação na pele e nas mucosas promove uma contração dos vasos sangüíneos, resultando em redução da permeabilidade capilar e uma ação antiinflamatória local.
precipitam proteínas formando uma membrana na região lesionada que comprime o tecido, promovendo uma ação vasoconstritora local.
Vasoconstritor – hemostático (hemorróidas)
Lidocaína, Mentol , Azuleno, Aesculus hippocastanum, Hamamelis virginiana
Erva-de-bicho, Aloína, Beladona e Cephaelis ipecacuanha
Não são fitoterápicos!!!
Erva-de-bicho, Hamamelis, Davilla rugosa, Benzocaína, Epinefrina, Fenol e Mentol,
Quer saber mais!! ASSESSMENT REPORT ON HAMAMELIS VIRGINIANA L., CORTEX HAMAMELIS VIRGINIANA L., FOLIUM HAMAMELIS VIRGINIANA L., FOLIUM ET CORTEX AUT RAMUNCULUS DESTILLATUM
https://www.ema.europa.eu/en/documents/herbalreport/assessment-report-hamamelis-virginiana-l-cortexhamamelis-virginiana-l-folium-hamamelis-virginiana-l_en.pdf
Farmacoterapia dos Produtos Naturais
Prof. Dr. Alexandre de Barros FalcĂŁo Ferraz