7-quinonas 2020 VF

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Farmacoterapia dos Produtos Naturais

Quinonas

Prof. Dr. Alexandre de Barros FalcĂŁo Ferraz


Compostos fenólicos fortemente coloridos, que podem variar do amarelo até quase o preto. Quinona (amarelo- vermelho) Antrona e antranol (amarelo) Antraquinona (laranja- vermelho) naftodiantrona (vermelho- violeta)

Oxidação de fenólicos


Frequentemente, sĂŁo encontrados nas regiĂľes internas das plantas e dessa forma pouco participam na cor exterior da planta Rubia tinctorum - alizarina


Apesar disso, na PĂŠrsia, Ă?ndia e antigo Egito os humems descobriram suas cores brilhantes e as utilizaram durante muitos anos como corantes


Sua estrutura básica é constituída por dois grupamentos carbonílicos conjugados a duas ligações duplas carbonocarbono em um anel de seis carbonos. 1,2 benzoquinona

O

1,4 benzoquinona

O

O

O O

1,2 naftoquinona

1,8 antraquinona

O

OH

O

OH

O

1,4 naftoquinona

Tetra-hidroxinaftodiantrona

OH

O O

OH

OH

O

OH

O


ANTRAQUINONAS Compostos fenólicos com uma funcionalidade pquinóide em um núcleo antracênico

Antranol

Antraquinona


Atividade laxante Ação laxante ou purgante intenso (dose-dependente)

Glicosídeos maior potência farmacológica e forma de transporte  lipossubilidade  absorção = liberação no intestino grosso -glicosidases - flora bacteriana – hidrólise tempo de latência = 6-8 h


MECANISMO DE AÇÃO Inibição dos canais de Cl Estimulação direta da musculatura lisa do intestino, aumentando sua motilidade

Inibição da reabsorção de água por inibição da bomba Na+/K

Hidroxilas em C-1 e C-8 são essenciais para a ação laxante


Antraquinonas agem de 6 a 12 horas após a ADM, devido ao tempo para o transporte até o cólon e metabolização nos compostos ativos (heterosídeos agliconas).


Ação irritante das antraquinonas


Intervalo de tempo normal para evacuação

Intervalo de tempo após uso de laxante


Formas reduzidas sĂŁo as estruturas realmente ativas 10 x mais ativas que as formas oxidadas


Formas reduzidas = dessecação do material vegetal sob altas temperaturas ou armazenamento da droga vegetal 1 ano Oxidação indispensável para uso terapêutico !!



Uso racional indicação médica associadas a gomas, mucilagens e óleos período curto nunca para emagrecer


Plantas contendo antraquinonas Indicação Constipação intestinal ocasional de curto prazo Alerta Uso apenas ocasional se um efeito terapêutico não puder ser alcançado por uma mudança de dieta ou pela administração de agentes formadores de massa Precauções Metabólitos ativos, passam para o leite materno em pequenas quantidades


Emprego terapêutico # preparação coloscópicos

de

exames

radiológicos

ou

# manutenção de fezes moles  casos de cirurgia ano-retal # constipação medicamentosa ou não (período breve)


Uso prolongado como laxante # perda de água e eletrólitos ( Na+, Cl-, K+, Ca+2) # alterações morfológicas no reto e cólon (fissuras anais e hemorróidas)

# redução severa do peristaltismo e atonia (intestino preguiçoso) # uso crônico e abusivo de laxantes (círculo vicioso)


Tempo de tratamento Contraindicado por + de 2 semanas sem supervisão médica devido ao risco de desequilíbrio eletrolítico

Normalmente, o efeito é obtido após ADM de 2 a 3 vezes por semana de um laxante com antraquinonas

Cenário clínico para encaminhamento ao médico Mudança no hábito intestinal sem melhora após 2 semanas Presença de dor abdominal, vômitos, flatulência ou sangue nas fezes Tratamento do paciente tem medicamentos que podem causar constipação Falha no tratamento com MIP


Contra-indicações *Pacientes com obstruções intestinais e estenose, atonia, apendicite, doenças inflamatórias do cólon, dor abdominal de origem desconhecida, desidratação grave com depleção de eletrólitos. *Pacientes com distúrbios renais devem estar cientes de um possível equilíbrio eletrolítico

Efeitos adversos

Dor, cólicas abdominais, náuseas e vômitos, câimbras, sangramento retal


Sobredose fezes aquosas, desequilíbrio eletrolítico (hipocalemia/hipocalcemia), acidose metabólica, má absorção de nutrientes, perda de peso, albuminúria e hematúria e hepatite tóxica A depleção de K pode levar a distúrbios cardíacos e astenia muscular em pacientes sob tratamento de cardiotônicos, diuréticos ou adrenocorticosteróides O tratamento repor líquido, eletrólitos e monitorar (K) em idoso


Classe

Exemplo

Possíveis Consequências da Interação

Indutores de hipocalemia

Diuréticos e adrenocorticoides

Aumento do desequilíbrio eletrolítico

Glicosídeos Digoxina e Cardiotônicos e Quinidina Antiarrítmicos

poderá ocorrer intensificação dos efeitos fármacos cardiotônicos ou antiarrítmicos

Fármacos administrados VO

Como estimula o trânsito gastrintestinal poderá afetar a absorção de fármacos administrados por via oral

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Senna alexandrina


SENE Senna alexandrina, Cassia angustifolia, C. senna, C. acutifolia (Fabaceae) Farmacógeno: frutos e folíolos Substâncias ativas: Senosídeos A-F



Ficou com dúvidas !!

ASSESSMENT REPORT ON CASSIA SENNA L. AND CASSIA ANGUSTIFOLIA VAHL, FOLIUM

https://www.ema.europa.eu/en/documents/herb al-report/assessment-report-cassia-senna-l-cassiaangustifolia-vahl-folium_en.pdf


Rhamnus purshiana


Cร SCARA-SAGRADA Rhamnus purshiana (Rhamnaceae) Farmacรณgeno: cascas dos caules


considerada + suave dos laxantes antracênicos Substância ativa: cascarosídeos A - D e aloínas (C-glicosídeos)


Quer saber mais!!

ASSESSMENT REPORT RHAMNUS PURSHIANUS D.C.; RHAMNI PURSHIANAE CORTEX; CASCARA AND HERBAL PREPARATION(S) THEREOF WITH WELL-ESTABLISHED USE AND TRADITIONAL USE

https://www.ema.europa.eu/en/documents/herbalreport/assessment-report-rhamnus-purshianus-dc-rhamnipurshianae-cortex-cascara-herbal-preparations-thereof_en.pdf


Rheum palmatum


RUIBARBO Rheum palmatum (Polygonaceae) Farmacรณgeno: rizomas

Emodina

Crisofanol


Rheum raponticum contêm a raponticina, que apresenta atividade estrogênica, citotóxica, inibidor do citocromo P450, antihiperlipidemico, antioxidante e antibacteriano.

Raponticina é usada para detectar adulteração (R. raponticum) 2º Farmacopeia Europeia, deve ser comprovada a ausência de raponticina nos extratos de R. palmatum Eparema: extratos padronizados de boldo, cáscara e ruibarbo


Fique ligado !!! O extrato derivado das raízes de R. rhaponticum indicado para alívio da menopausa

é

Dados de farmacovigilância sugerem que o extrato de R. rhaponticum é geralmente seguro para consumo Ainda não temos este medicamento fitoterápico no mercado


Precisa de mais informações !!

ASSESSMENT REPORT FOR Rhubarb (Rhei radix) https://www.ema.europa.eu/en/documents/herb al-report/assessment-report-rhubarb-rheiradix_en.pdf


Aloe vera


BABOSA Aloe vera, Aloe ferox (Liliaceae) Farmacógenos  látex (digestivo/laxante) aloína e aloinosídeos A e B (Antraquinonas)

 Folhas (Cicatrizante) Polissacarídeos gel padronizado em 0,018-0,036% de polissacarídeos


 suco de Aloe das folhas seco” e “gel de Aloe”, são muito diferentes em sua composição química e suas propriedades terapêuticas.  gel de Aloe: água (98,5%) + polissacarídeos (pectinas, hemiceluloses, glucomanano, acemannano e derivados da manose)

 gel deve ser preparado de fresco devido à sua sensibilidade à degradação enzimática, oxidativa ou microbiana.


Este relatório de avaliação (EMA) não abrange o gel de babosa, para o qual um uso medicinal não é considerado evidente (Reynolds e Dweck, 1999; Radha e Laxmipriya, 2014)

Presente nas Monografias de plantas medicinais selecionadas pela OMS


Utilizações descritas em farmacopeias e em sistemas tradicionais de medicina Uso externo em feridas leves e distúrbios inflamatórios da pele, pequenas irritações da pele, incluindo queimaduras de 1º e 2º graus, hematomas e abrasões

Utilizações descritas na medicina popular, não suportada por dados experimentais ou clínicos O tratamento da acne, hemorróidas, psoríase, anemia, glaucoma, pequena úlcera, tuberculose, cegueira, dermatite seborreica e infecções por fungos

O Gel de Aloe não é aprovado como medicamento interno, e a administração interna do gel não exerceu nenhum efeito terapêutico consistente


Quer saber mais!! Assessment report on Aloe barbadensis Mill. and on Aloe (various species, mainly Aloe ferox Mill. and its hybrids), folii succus siccatus https://www.ema.europa.eu/en/documents/herbalreport/final-assessment-report-aloe-barbadensis-millaloe-various-species-mainly-aloe-ferox-mill-its_en.pdf


Hypericum perforatum


Hypericum Dioscorides, Galeno e Plínio – afastar espíritos malignos (II a.C.)

Grécia antiga (óleo) - Hypericum perforatum: cicatrizante, antiinflamatório e anti-séptico H. perforatum - pigmento folhas e flores

vermelho

nas


OH

O

OH

NAFTODIANTRONA

Hypericum perforatum

HO

CH3

HO

R

Hipericina OH

O

OH


Hypericum perforatum

368 Floroglucinois descritos 69 em apenas uma espĂŠcie

Hypericum sp (Brasil)

Cicatrizante Citotoxica Antimicrobiana SNC


Atividade antidepressiva

A discussão sobre os compostos responsáveis pela ação do extrato ainda está em andamento


INDICAÇÃO: tratamento dos estados depressivos leves a moderados CONTRAINDICADO: crianças abaixo de seis anos, evitar a exposição ao sol ou aos raios ultravioletas devido ao efeito fotossensibilizante de H. perforatum POSOLOGIA: 1 CP de 1 a 3 vezes ao dia, conforme critério médico. TEMPO DE UTILIZAÇÃO: 2-4 semanas de tratamento para observação dos efeitos terapêuticos INTERAÇÕES: A intensidade da indução do CYP3A depende da dose de hiperforina



Classe

Exemplo

Possíveis Consequências da Interação

Contraceptivos orais

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Redução da efetividade do medicamento. Risco de gravidez indesejada.

Glicosídeos cardiotônicos

Digoxina

Diminuição nos níveis sanguíneos com comprometimento da ação farmacológica.

Inibidores da bomba de prótons, Anti-inflamatório, Bacteriostático

Lansoprazol, Omeprazol, Piroxicam, Sulfonamida

Aumento da fotossensibilidade


extrato de Hypericum administrado em humanos VO em doses clínicas até 1800mg/dia não mostrou fototoxicidade.

estudos farmacocinéticos mostraram que os níveis séricos e cutâneos de hipericina após a ingestão oral de extrato de Hypericum é inferior concentração fototóxica da hipericina (1000 ng/ml). Considerando o resultado de testes clínicos em fototoxicidade, os medicamentos com H. perforatum podem ser considerados seguros quando administrados na dosagem proposta. óleo Hypericum + luz solar = irritações da pele


Classe

Exemplo

Possíveis Consequências da Interação

Antidepressivos, Vários inibidores do apetite, derivados do ergot, broncodilatadores Antiasmático, Teofilina, Varfarina Anticoagulante

poderá causar síndrome seratoninérgica.

Fármacos que são submetidos às enzimas hepáticas citocromo P450

nos níveis sanguíneos dos fármacos rapidamente causar aumento dos efeitos ou potencialização das reações adversas

Omeprazol, cafeína, carbamazepina, varfarina, midazolam, nifedipina, teofilina sinvastatina

nos níveis sanguíneos dos fármacos afetando a ação farmacológica.


Toxicidade Os testes de toxicidade reprodutiva não mostraram diferenças entre o extrato de Hypericum (108 mg/kg) e o placebo em camundongos. Hipericina isolada parece ter propriedades teratogênicas. Por razões de segurança, o uso oral de Hypericum durante a gravidez e lactação não deve ser recomendado.


Precisa de mais dados !!

ASSESSMENT REPORT ON HYPERICUM PERFORATUM L., HERBA https://www.ema.europa.eu/en/documen ts/herbal-report/assessment-reporthypericum-perforatum-l-herba_en.pdf


Farmacoterapia dos Produtos Naturais

Prof. Dr. Alexandre de Barros FalcĂŁo Ferraz


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