Alessandra Coelho - Caquexia no câncer como a nutrição pode ajudar

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Caquexia no Câncer: Como a

nutrição pode ajudar?

Mylene M. Rodrigues Faim

Coord. Administrativa e Nutricionista da EMTN – Hospital Alemão Oswaldo Cruz Nutricionista Especialista em Nutrição Hospitalar – HC/FMUSP Especialista em Nutrição Parenteral e Enteral - SBNPE


Caquexia no Câncer Origem Do grego “kakos” má e “hexix” condição, estado.  A caquexia é uma síndrome complexa e multifatorial diretamente relacionada ao prognóstico adverso e à redução da sobrevida;  Observada em pacientes oncológicos em 30 a 80% dos casos; casos  Também é observada em pacientes com falência cardíaca congestiva, moléstias digestivas, defeitos tubulares renais, queimaduras, sepse e AIDS; Revista Brasileira de Cuidados Paliativos 2011, 3 (3) – Suplemento 1 Support Care Cancer. 2003:11(2):73-8.


Caquexia no Câncer Muitas diferentes definições...

Finalmente em 2010/ 2011, foi definida como: “Síndrome multifatorial, na qual há perda contínua de massa muscular(com perda ou ausência de perda de massa gorda), não pode ser totalmente revertida pela terapia nutricional convencional, conduzindo ao comprometimento funcional progressivo do organismo” Revista Brasileira de Cuidados Paliativos 2011, 3 (3) – Suplemento 1 Support Care Cancer. 2003:11(2):73-8.


CÂNCER

Efeitos do Tratamento Quimio/ Radio

Efeitos do Tumor

Alterações metabólicas (macronutrientes/ gasto energético)

Anorexia Alterações físicas Alterações psicológicas

Redução de ingestão de nutrientes

Distúrbios metabólicos

CAQUEXIA NO CÂNCER Eur J Oncol Nutrs, 2005 (35)


Consumo Reduzido ANOREXIA DETERIORAÇÃO NUTRICIONAL

CAQUEXIA Alterações Metabólicas


Mortalidade x Caquexia 22% das mortes em pacientes com câncer hospitalizados são causadas pela caquexia 2/3 dos pacientes apresentam caquexia na morte

↓ Resposta à quimioterapia e radioterapia

↑ Morbimortalidade em pacientes cirúrgicos

↑ Incidência de Complicações

Perda de peso > 2,75%/mês é indicador de prognóstico independente para redução da sobrevida

 Causa direta da mortalidade em até 40% dos pacientes, mas é uma síndrome raramente identificada ou diagnosticada, e ainda com menor frequência, tratada – em função da ausência da definição apropriada. Inagaki et al. Cancer 1974; 33:568-73 Andreyev et al; Eur J Cancer 1998; 34:503-9 Tan & Fearon. Curr Opin Nutri Metab Care 2008; 11:400-407


Efeito da perda de peso na sobrevida

Adaptado de DeWys e Cols.


Estágios da Caquexia

Revista Brasileira de Cuidados Paliativos 2011, 3 (3) – Suplemento 1 Support Care Cancer. 2003:11(2):73-8.


Fluxo de Direcionamento ao Tratamento da Caquexia no Câncer

Revista Brasileira de Cuidados Paliativos 2011, 3 (3) – Suplemento 1 Support Care Cancer. 2003:11(2):73-8.


Caquexia


Alterações Metabólicas  Metabolismo de Carboidratos Aumento da neoglicogênese; Degradação do glicogênio hepático; Intolerância à glicose; Resistência à insulina.

 Metabolismo de Lipídeos Redução de massa gorda; Inflamação do tecido adiposo; Hipertrigliceridemia e hipercolesterolemia; Redução da captação e oxidação de gordura no fígado, cérebro e músculos; Redução da síntese de corpos cetônicos no fígado.

 Metabolismo de Proteínas Extensa proteólise; Aumento do turnover; Aumento da produção de proteínas de fase aguda pelo fígado; Aumento da liberação de alanina e glutamina; Apoptose da musculatura esquelética. Revista Brasileira de Cuidados Paliativos 2011, 3 (3) – Suplemento 1 Support Care Cancer. 2003:11(2):73-8. ESPEN, 2006.


Alterações nutricionais na perda de peso induzida por câncer e na deficiência calórica Aumento;

Redução;

Sem alteração;

Variável

grande aumento;

grande redução.

Caquexia do Câncer com perda de peso

Simples inanição com perda de peso

Peso Corpóreo Massa corporal magra Gordura corpórea Gasto energético total Gasto energético em repouso Síntese proteica Degradação proteica Insulina sérica Cortisol sérico Adaptado de Kotler, 2000.


Avaliar o retrato do paciente caquético Estabelecer terapia nutricional adequada!!! ↓ da ingestão alimentar

Anorexia, naúseas, paladar e olfato

Efeitos locais do tumor

Odinofagia, disfagia , saciedade precoce, mal absorção

Fatores psico-sociais

Depressão, ansiedade, aversão alimentar

Radioterapia

Anorexia, náuseas, vômitos, alteração de paladar e olfato, estomatite, mucosite e diarréia

Cirurgia

Alterações na mastigação deglutição

Quimioterapia

Odinofagia, fístulas

disfagia,

vômitos,

alteração

xerostomia,

de

mucosite,

CA Câncer J Clin. 1998 ;48(2):69-80


Nutrição na Caquexia

 Iniciar olhar nutricional precocemente!!!!  Triagem Nutricional adequada;  Avaliação Global (avaliação dos sintomas);  Equipe multiprofissional integrada no cuidado ao paciente;  Planejamento individualizado em conjunto com avaliação funcional e de qualidade de vida;  Acompanhamento da eficácia da terapia nutricional. Revista Brasileira de Cuidados Paliativos 2011, 3 (3) – Suplemento 1 Support Care Cancer. 2003:11(2):73-8. ESPEN, 2006.


Triagem Nutricional



m al e g n a i cio e r T ri nt o t ie ic u N ac l贸g P co n O


Risco Nutricional Conforme Localização Tumoral

Marin Caro et al, Nutr Hosp. 2008; 23 (5): 458 - 468


Avaliação Nutricional na Caquexia Antropometria (peso, altura, CB, CP, IMC)

EDEMA/ASCITE

Estado clínico e emocional

Velocidade de perda de peso Avaliação dietética

Tipo de tratamento (radio/quimio)

Marcadores bioquímicos (PCR, hemograma completo, função renal e hepática) Acompanhamento BEM próximo do paciente e familiar!!!!


Avaliação Nutricional em Pacientes com Câncer

Ganho de peso

Pouco frequente

Drogas usadas no tratamento • Aumentam o apetite • Provocam retenção hídrica • Podem provocar aumento do peso corporal

Rev. Latinoam Enfermagem. 2002;10(3):321-33


Limitações na Avaliação do Consumo Alimentar

Avaliação do Consumo Alimentar

Dificuldade de Ingestão

Estágio do Câncer – Gasto Energético

Variabilidade na absorção

Dificuldade de avaliar o que realmente é ingerido Importância do envolvimento da copeira e cuidador

Cabral & Correia. Dieta, Nutrição e Câncer. 2004. p 329-33.


Recomendação Nutricional

 Compensar a alta perda muscular do paciente e gasto energético!

ESPEN Guidelines on enteral nutrition: Cardiology and pulmonology. Clinical Nutrition, 2006. Revista Brasileira de Cuidados Paliativos 2011, 3 (3) – Suplemento 1 Support Care Cancer. 2003:11(2):73-8.


Papel do EPA na atenuação da perda de peso induzida pelo câncer CÉLULAS TUMORAIS EPA

EPA Resposta imune ao tumor ↓ Produção de citocinas pró-inflamatórias: IL-1, IL-6, TNF alfa

↓ Fator indutor de proteólise

↓Resposta de fase aguda (↓PCR)

↑ Apetite ↑ Ingestão de Alimentos

↓ Gasto energético em repouso

Normalização do metabolismo de macronutrientes

↑ Massa Magra Corporal

Atenuação de Perda de Peso e Muscular Induzida pelo Câncer Wigmore SJ, et al Nutrition Jan 1996:12(1Suppl):S27-30 Wigmore SJ, et al Clin Sci (Lond) Feb 1997; 92(2):215-221 Barber MD, et al Nutr Cancer 2001; 30:118-124 Endres S., et al N Engl Med. Feb 2 1989; 320(5):265-271 Jho D, et al Am Surg, Jan 2003; 69 (1):32-36


 Estudo com 26 pacientes com câncer pancreático;  Receberam EPA começando com 1g/dia na primeira semana e aumentando até 6g/dia a partir da semana 4.  Após 1 mês 16 pacientes ficaram com peso estável ou tinham ganho algum peso.


 Estudo com 64 pacientes com câncer;  Receberam 2g EPA/dia e 200mg de vitamina E para evitar a oxidação do ômega 3.  Divididos em dois grupos tratamento e placebo: Bem nutridos e desnutridos.  Não houve nenhuma significativa diferença na produção de IL-1 e IL-6;  O estado de desempenho de Karnofsky foi significativamente melhor (P<0,001) no grupo desnutrido tratado;  Sobrevida significativamente melhor no grupo bem nutrido em relação aos desnutridos, sendo que o melhor dado foi nos bem nutridos e suplementados, e os piores no grupo placebo desnutrido. Aumento significativo na sobrevida (P<0,025) para todos os pacientes suplementados em comparação ao placebo.


Recomendação Nutricional

 Inibe a produção de citoquinas pró-inflamatórias;  Favorece o aumento de peso e massa muscular;  Reduz a degradação muscular;  Melhora o sistema imune;  Melhora o apetite e Performance Status (PS) Sistema escore que quantifica o bem estar do paciente oncológico.


 Redução dos efeitos dos radicais livres produzidos na quimioterapia! • Vitamina A  Vitamina C  Vitamina E

Combate o estresse oxidativo e auxilia na manutenção do sistema imune.

 Zinco  Selênio

Ladas EJ et al. Antioxidants and câncer therapy:.a systematic review. JCO, 2004


EstratĂŠgias Nutricionais


Estratégias Nutricionais  Dieta hipercalórica e hiperproteica;  Fracionamento;  Cardápio diferenciado de preparações;  Suplementação nutricional especializada;  Adequação da temperatura;  Adequação de temperos e texturas;  Propiciar momentos de descontração e maior interação entre equipe de cuidado e paciente;  Envolvimento da copeira no processo de cuidado;


Cardรกpio Diferenciado


Cardรกpio Diferenciado


Cardรกpio Diferenciado - Suplementos Chantdrink com morangos

Sopa creme de palmito


Cardápio Diferenciado – Alívio dos Sintomas

Cardápio de Sucos para Alívio dos Sintomas

Manual de condutas para pacientes oncológicos – Hosp. Samaritano


Nutrição Especializada


Terapia Nutricional

Nutrição Enteral???? Nutrição Parenteral???

ASPEN,2009 (Grau de evidência B)


Como a nutrição pode ajudar???



Muito obrigada! mylene@haoc.com.br

Rua João Julião, 331 • Paraíso • CEP: 01323-903 • São Paulo • SP Tel.: 11 3549 1000 • Fax: 11 3287 8177 • www.hospitalalemao.org.br

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