Microbiota intestinal e síndrome metabólica. Existe relação?
Nutricionista Paula Castilho: Formada pela São Camilo, especialista em nutrição clínica enteral e parenteral (GANEP), especialista em nutrição estética (IPGS), especialista em nutrição esportiva (FMU), mestranda em Saúde Pública (USP), Membro do centro de pesquisa em cicatrização (UNIFESP), Diretora da consultoria Sabor Integral.
Quem são??? Microbiota dominante: Bifidobacterias Microbiota subdominante: Lactobacillus Microbiota residual: Patogênicas – Clostridium, Pseudomonas e Klebsiella
A microbiota intestinal tem sido classificada de acordo com a relação da bactéria com o organismo humano e não pela concentração do organismo
Bifidobactéria
As bidobacterias são organismos primários que produzem grandes concentrações de lactato e acetato restringindo o crescimento de bactérias potencialmente patogenias como a E. coli e clostridum perfringens.
As bifidobacterias que são protetoras para saúde têm um declínio dramático com o envelhecimento, alem de ocorrer um aumento de bactérias patogenias como o clostridium e enterobacterias.
Microbiota intestinal normal
Síntese de vitaminas
Eficiente na motilidade Função, digestão, Absorção
Integridade da mucosa
Efeito terapêutico Eficiente: absorção de medicamentos
Microbiota intestinal normal
Absorção de nutrientes Biotransformação De esteróides em ácidos biliares
Barreira imunológica
Microbiota intestinal
Desbiose: mudança na quantidade e qualidade da microbiota intestinal, muda atividade e e local de distribuição (aumento das bactérias patogênicas) Permeabilidade ( degradação e absorção) Açúcares Acesso de bactérias, toxinas Sistema imunológico Alteração dermatológica Alteração estética Equilíbrio energético e controle do peso
Doenças crônicas
Causa ou coadjuvante no desenvolvimento de doenças crônicas ou degenerativas - Obesidade (aumento da gordura corporal) - Diabetes (resistência a insulina) - Hipertensão Arterial - Pancreatites - Obstipação e diarreia - Alergias e intolerâncias
Estudos
Ratos com ausência da microbiota intestinal são mais suscetíveis a infecções e tem menor vascularização, menos enzimas digestivas, parede muscular mais fina, produção de citoquina, mucosa linfonoidal, motilidade e níveis de imunoglobulinas.
Obesidade
Os estudos demonstram que os obesos apresentam uma redução na quantidade de Dominante e subdominante e aumento da residual (responsável pela adiposidade)
A quantidade de Dominante e subdominante está 50% menor em obesos, com aumento proporcional da residual.
Trilhões de bactérias que normalmente reside na flora intestinal humana afetam a aquisição de nutrientes e a regulação energética.
Os lipopolissacarideos bacterianos da microbiota intestinal seria um fator de gatilho linkando inflamação e dieta rica em gordura induzindo a obesidade.
Diabetes
Indivíduos do sexo masculino com diabetes tipo 2 apresentam número significativamente menor de Dominante e subdominante , quando comparados com indivíduos não-diabéticos.
A glicemia promove alteração na razão Dominante e subdominante x Residual
Os autores do estudo levantaram a hipótese de que essa alteração pode contribuir para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 por meio de uma resposta inflamatória induzida por endotoxina, principalmente o lipopolissacarídeo (LPS).
Resumindo
Permeabilidade: aumento da absorção intestinal de glicose, aumento da glicemia e insulinemia.
Estes estudos trazem evidências de que a microbiota intestinal participaria da digestão de polisacarídeos, aumentando a quantidade de glicose no fígado e, portanto, a lipogênese.
Tratamento
Principal: DIETA
1° retirada de alimentos alergênicos
2° uso de prébioticos, probioticos e simbioticos
Pré-BIÓTICO
Ingredientes nutricionais não digeríveis que afetam beneficamente o hospedeiro estimulando seletivamente o crescimento e atividade de uma ou mais bactérias benéficas do cólon, melhorando a saúde do seu hospedeiro
A principal ação dos Prebióticos é estimular o crescimento e/ou ativar o metabolismo de algum grupo de bactérias benéficas do trato intestinal.
Constituem o "alimento" das bactérias probióticas.
Prébiótico
6 a 12g/dia durante 7 dias (minimo)
Glutamina: 5 a 10g/dia (30 dias)
Ômega 3: 1 a 3g/dia
Alho: 1 dente de alho amassado por dia
Gengibre e cúrcuma: antiinflamatório
Oligossacarídeos (FOS) e inulina ( alcachofra, cevada, centeio, raiz de almeirão, cebola, banana, alho, aspargo e yacon (uma variedade de batata)
Probiótico
Probioticos são organismos vivos usados freqüentemente como reguladores dietéticos que influenciam a composição da flora intestinal de forma benéfica quando administrado corretamente.
Probi贸tico
Evitar por 7 dias
Açúcar, alimentos alergênicos, automedicação, aveia, carne, doces, enlatados, farinhas refinadas, glúten, gordura, laticínios, leguminosas, leguminosas, manteiga e margarina, mel, oleaginosas, ovo, produtos de padaria, refrigerantes
Não devem ser utilizados
Cafeína, corantes, gordura trans, glutamato, nitatos de potassio e sódio, adoçantes artificiais,
Permitido
Arroz, milho, quinoa, frutas, peixes, tapioca, cereais de arroz
Por quê? Baseia-se no modelo dos 4R Remoção de patógenos, xenobióticos, alimentos alergênicos Reinoculação de simbióticos, probióticos e prébióticos Recolocação de enzimas digestivas em alguns casos Reparo por meio da dieta não irritativa, usando substancias renovadoras da mucosa
Quanto tempo de suplemento???
Mínimo de 3 meses contínuo
Indicação de acordo com a resposta do paciente
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Obrigada!!!! Paula Castilho paulacastilho@usp.br