Controle de Qualidade em Processos Agrícolas Mecanizados

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CONTROLE ESTATÍSTICO DE PROCESSOS APLICADO À COLHEITA DO TOMATE PARA PROCESSAMENTO INDUSTRIAL Túlio de Almeida Machado Murilo Machado de Barros João Paulo Barreto Cunha

Introdução O tomate (Solanum lycopersicum) é um importante produto agrícola, no qual é produzido em todas as regiões do globo, possuindo indústrias em todos os grandes centros. A sua forma de consumo pode ser dividida em dois diferentes grupos: tomate para consumo in natura (ou tomate “de mesa”) e tomate a ser processado pela indústria. De acordo com a FAOESTAT (2018), o cultivo do tomate no mundo ocupa uma área de aproximadamente 4.762.457 ha. Entre os anos de 1994 e 2008 houve um aumento de 52,95% da área cultivada, e a produção obteve um incremento de 121,06% alcançando 182.256.458 toneladas. Como o aumento da produção vem através dos anos crescendo mais do que as áreas cultivadas, denota-se aumento na produtividade. Este fato indica que as técnicas utilizadas no cultivo dessa cultura têm sido aprimoradas. Atualmente, a China é o maior produtor de tomate do mundo produzindo aproximadamente 61.631.581 toneladas. O Brasil, no mesmo ano, produziu 4.110.242 toneladas, ocupando a décima posição. A área destinada de produção de tomate no Brasil no ano de 2020 foi de aproximadamente 55.885 ha (IBGE, 2018). De acordo com RUBIN et al., (2019), estima-se que 35% da área utilizada no país para esta cultura seja para o cultivo de variedades voltadas ao processamento industrial. Com o crescimento da produção de tomate voltado à indústria, a colheita mecanizada passou a ser parte essencial neste processo. Portanto, diagnosticar perdas decorrentes do processo de colheita pode auxiliar em uma maior eficiência de produção e contribuir com a redução do desperdício de alimentos, pois, anualmente 1,3 milhões de toneladas de resíduos de alimentos são desperdiçados em todo o mundo (BENITEZ, 2016). A busca pelo desenvolvimento de máquinas e mecanismos para a colheita do tomate de variedade para indústria surgiu no final da década de 1940. Hanna e Lorenzen foram os primeiros desenvolvedores desses equipamentos e observaram que o tomate possuía baixa resistência ao processo de colheita mecânica devido aos frutos não suportarem os impactos decorrentes dos processos de corte, separação, classificação e carregamento. Alguns frutos esmagavam em contato com as lâminas de corte, outros eram muito fixos às plantas e não se separavam quando submetidos ao rotor/agitador. Mesmo quando conseguiam passar pelas etapas anteriores, não conseguiam se mover adequadamente até a correia transportadora. A espessura do epicarpo era fina e não suportava o lançamento do fruto que saía da colhedora até o transbordo. Finalmente, em 1959, a equipe encontrou uma variedade de tomate com forma oval e epicarpo mais espesso, que suportava a colheita mecanizada chamado vf-145 conhecido como tomate quadrado (PEÑA, 2013). SIMS JR. et al. (1976), já indicavam, naquele momento, que o sistema de colheita totalmente mecânico era viável do ponto de vista econômico e de engenharia, desde que fossem realizadas algumas práticas culturais adequadas para esse fim. No Brasil, a colheita mecanizada (Figura 1) ganhou importância a partir da década de 90, com a expansão da cultura na região Centro-Oeste. O cultivo nessa região é realizado em grandes áreas, fazendo-se necessário o uso de processos mecanizados (CORTEZ et al. 2002; MACHADO et al. 2011).

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