Agosto/Setembro 2020 Ano 8 | Edição 52 Distribuição Gratuita ISSN: 2317-4331
PONT & VÍR ULA
TATIANE E RODRIGO Unidos pelo Amor e pela Arte
PARTICIPANTES DA ANTOLOGIA PONTO & VÍRGULA POEMAS, CONTOS E CRÔNICAS - N. 16 Coordenação: Irene Coimbra Irene Coimbra
Adriano Pelá
Alceu Bigato
Alciony Menegaz
Aldair Barbosa
Aline Cláudio
Antonio C. Tórtoro
Arlete Trentini dos Santos
Carlo Montanari
Fátima Vidal
Fernanda Lima
Fernanda Ripamonte
Fernando de O. Cláudio
Gilson Rollemberg
Gisele Paulino
Heloísa M. Alves
Idemar de Souza
João Nery
Júlio César Bridon
Luzia Madalena Granato
Marlene Cerviglieri
Marly Marchetti
Nely Cyrino de Mello
Neusa B. dos S. Garcia
Perce Polegatto
Raul R. N. de Abreu
Rita Mourão
Rúbia Borborema
Simone Neves
Tatiane S. Melo
Wlaumir Souza
2 Revista Ponto & Vírgula Agosto/Setembro 2020
ÍNDICE AGOSTO/SETEMBRO
Foto: Natan Ferraro
Pág. 1 Capa: Tatiane e Rodrigo - Unidos pelo Amor e pela Arte Pág. 2 Participantes da Antologia Ponto & Vírgula Poemas, Contos & Crônicas - N.16 Pág. 3 Índice, Editorial e Expediente Págs. 4 - 5 Matéria de Capa Pág. 6 Poetas em Destaque Pág. 7 Poetas em Destaque Pág. 8 Quando tenho os olhos rasos d'água - Conceição Lima Pág. 9 E era menino, e aconteceu-me... - Perce Polegatto Poema do contra - Carlos Eduardo de Brito Aragão Pág. 10 Mini poemas Pág. 11 Cantinho Literário de Bridon e Arlete Pág. 12 O que os jovens volúveis e os adultos maduros mais apreciam... - José Antônio de Azevedo Pág. 13 Revolta da vacina - Sérgio Roxo da Fonseca Pág. 14 Artistas em destaque na exposição virtual "Entre Frestas" do Ateliê Miguel Angelo Pág. 15 Publicidade Pág. 16 Foto em Destaque - Aline Cláudio
EDITORIAL
Agosto e setembro chegaram e, voando, se foram. A Pandemia Coronavírus continua. Se por um lado há o medo de muitos, por outro, pessoas ignoram sua gravidade. Época de eleições... Políticos aparecem com suas promessas eleitoreiras sem jamais cumpri-las. Felizmente, há os que lutam pela justiça e dão o sangue na luta do dia a dia. Nós, da Revista Ponto & Vírgula, estamos nessa luta. Os “alimentadores de almas!”: poetas, escritores e artistas não são alienados, como muitos dizem. Estão sempre atentos a tudo que acontece e, através da palavra escrita e verbal, da arte e da música, vão passando suas mensagens, educando pessoas e mudando sua maneira de pensar e de enxergar o mundo. É por essa razão que sempre homenageamos e destacamos, como Capa de nossa Revista, essas pessoas tão especiais. Neste bimestre, nossos homenageados são: Rodrigo Luiz Ferreira e Tatiane Santos Melo. Rodrigo, grande artista, não reconhecido como merece. Apesar do trabalho diário, ainda encontra tempo para se dedicar às Artes e assim vai embelezando o mundo. Ao seu lado, a sensível Tatiane Santos Melo, escritora aprendiz (como se denomina), apesar da luta exaustiva, sempre encontra tempo para se dedicar à Literatura e, com seus textos e poemas, também passa suas mensagens para esse mundo tão carente de poesia. É com enorme prazer que os homenageamos e os destacamos como capa de nossa revista, nesse bimestre! A você, leitor/a, desejamos uma excelente viagem através das letras e das imagens que encontrará nas páginas que se seguem Irene Coimbra | Editora
EXPEDIENTE Direção Geral: Irene Coimbra de Oliveira Cláudio - irene.pontoevirgula@gmail.com Edição: Ponto & Vírgula Editora e Promotora de Eventos | Diagramação: Aline Cláudio Impressão: Ribergráfica - A Cor da Qualidade | Fotos de Capa e Matéria: Tatiane S. Melo Anuncie na Revista Ponto & Vírgula. Associe sua marca à Educação e Cultura! Mídias: Impressa, Digital e Audiovisual. Publicidade e Venda: Irene – (16) 3626-5573 / WhatsApp: (16) 98104-0032 Tiragem: 1 mil exemplares Agosto/Setembro 2020 Revista Ponto & Vírgula 3
Os artigos assinados são de responsabilidade do autor. A opinião da revista é expressa em editorial.
Conheça o artista
Rodrigo Luiz Ferreira
Tenho 43 anos e sou operador de grampeadeira em uma gráfica aqui em Ribeirão Preto. Desde pequeno já tinha interesse enorme em artes e manifestações artísticas como música, teatro, cinema e literatura. Na adolescência, cheguei a estudar piano. Na Escola Estadual Walter Ferreira (onde estudei até a oitava série) e Santos Dumont (onde concluí o ensino médio), era um frequentador voraz da biblioteca. Adorava ler, mas meu hobby favorito sempre foi o desenho e a pintura. Embora não tenha conseguido (ainda) fazer disso uma profissão e, apesar da vida tão corrida dos dias atuais, sempre tento achar um tempinho para desenhar e pintar. Sou muito agradecido a vários amigos, colegas de trabalho e familiares, que sempre me apoiaram e me incentivaram a prosseguir no ramo artístico, especialmente à minha amada “escritora favorita”, Tatiane Santos Melo por ter sempre sua mão ao lado da minha esse tempo todo.
"Bruna" giz pastel seco "Mulher" canetas esferográficas "Gaby" lápis e grafite Contato: rodlferreira77@gmail.com (16) 99762-0041 4 Revista Ponto & Vírgula Agosto/Setembro 2020
Conheça a escritora
Tatiane Santos Melo
Livros Hei de me atirar nos braços da Literatura! Irei devorar cada livro que me encantar, seja qual for o gênero. Pode ser poesia, romance, suspense e até terror. Vou degustar cada capítulo lido com grande fervor e deixar me levar por essa doce aventura por noites a fio! Quero focar nesse mundo imaginário como uma criança perdida no reino da fantasia. Descobrir lugares, pessoas e histórias sem sair de casa. Perceber que apesar da solidão, o livro pode vir a ser a minha melhor companhia. Por fim me livrarei desse vicio de redes sociais, que nada há para me acrescentar. Agosto/Setembro 2020 Revista Ponto & Vírgula 5
Foto: Luiz Henrique Cruz
Sou apreciadora de coisas que já não são comum nos tempos de hoje, ainda gosto do romantismo antigo, das cartas escritas a mão, prefiro livros físicos aos em PDF. Amo músicas antigas! Aquelas letras tocam minha alma! Como diz Clarice Lispector "Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca." Não me considero uma escritora, sou bem amadora nesse ramo. Escrevo quando a inspiração me vem. E é engraçado porque eu tenho que escrever num papel para não esquecer, depois eu releio, mudo uma coisa aqui outra lá. E sempre sai um texto de puro sentimento. Eu brinco dizendo que é Clarice que sussurra as palavras em minha mente. Tenho muitas lembranças marcantes em minha vida e uma delas, bem especial, que não esqueço nunca. O dia em que conheci Irene Coimbra. Vi o livro Simplesmente Poemas, com uma amiga, de trabalho, olhei e gostei. Fui à Feira do Livro e lá estava, no Estande dos Autores Locais... Simplesmente Poemas. Parei para ver o livro e quando comecei a folheá-lo, uma pessoa toda sorridente se aproximou e perguntou se eu havia gostado do livro. Rapidamente respondi que sim, e a pessoa, alegremente, disse que era Irene Coimbra, a autora do livro. Eu, maravilhada por conhecer uma escritora, acabei comprando no livro e acabei ganhando uma amiga muito especial! Na Feira do Livro de 2009, fui chamada, por ela, para auxiliá-la no Estande dos Autores Locais locais, onde pude conhecer muitos escritores formidáveis. São lembranças marcantes!
POETAS EM DESTAQUE Gaiô Gaiofatto
Gleidston César
Fernanda R. Mesquita
Maria Auxiliadora Nogueira Zeoti
Saquinho de Pedras
Árduas memórias
Gaiô Gaiofatto
Gleidston César
No meu saquinho de pedras, cada qual carrega um sonho que acalenta o burilar, talhar de novo o ser em qualidade de amar.
Rendo-me, sou silêncio! Pedra talhada pelo tempo.
Todo dia, cada hora faz do instante seu viver. Deixar ser o que se é, de si mesmo faz-se a ponte para o outro que se quer. E as pedrinhas se exercitam, se bendizem a céu aberto: lucidez e confiança constroem em algo novo um coração de esperança.
Emudeço as lágrimas! Sim, sou segredos. Selo as minhas horas e as lembranças ocupam o meu tempo. Caminho por pedras que fizeram do meu silêncio árduas memórias.
O meu limite
Louvor à Natureza
Fernanda R. Mesquita
Maria Auxiliadora Nogueira Zeoti
Pensei chegar ao fim... ... ao fim dos meus limites! Senti a vida num horizonte bloqueado, pensei deixar-me adormecer nesta dormência e permanecer flutuando sem nada sentir, na ilusão que o vazio é doce. Foi então que senti, (e senti que ainda sentia) um ligeiro formigueiro ainda vivo dentro de mim. Estremeceu e fez-me estremecer! Desapareceu depois de me dizer que dentro de mim o limite é apenas o começo de alguém que eu ainda não conhecia: - Eu mesma... para além dos limites!
Natureza, essência magnífica! Sinto tua pulsação maior, geradora de tudo. Extasio-me a cada dia mais ao descobrir teus mistérios. Mergulho neste azul de paz, nesta harmonia. Natureza! Recebo este esplendor. Encho meu ser desta terapia. Descubro a interação entre mim e ti. Encontro a força desta energia. Natureza mãe! Aprendi a falar com Deus em teus remansos. Meu espírito renasce deste bem, porque é parte de ti.
6 Revista Ponto & Vírgula Agosto/Setembro 2020
POETAS EM DESTAQUE
Idemar de Souza
Nossas Vidas - V Idemar de Souza Eu passava por ali, como o fazia há seis décadas ou mais e, de súbito, se me põe certa figura conhecida, à frente: era Rosaura! Linda como da primeira vez que a vi: contente... e lindos os cabelos, qual a um campo, a se colherem, de trigais. Os seus olhos azuis, de amor carentes, denunciavam a intensão, aquela mesma, calorosa, esperançada, lá de décadas passadas, a não vingar por culpas minhas, ressentidas e inconsoladas, só agora apercebidas, a darem causa à essa pendente solução a aguardar por uma ocasião tal como essa, oportuna... e divina. E como foi grande a surpresa minha, como grande foi a dela, - Reconhecera-se a existência desse idílio em nossas vidas.ao intervir a senhora Beatriz, dizendo consentir tal união, aquela ainda agorinha que seláramos, confiosos, a curar nossas feridas... mas foi um sonho mais a revolver lembranças da singular menina!
Florescendo o Amor no Campo de Girassóis! Raul Ramos Neves de Abreu
Raul Ramos Neves de Abreu
Estranho, mas estou caminhando entre milhares de Girassóis... A Luz Solar, vagarosamente, iluminando cada pétala, aquecendo suavemente a tudo e a todos... E, como Guia, fantástica, todas elevando-se em reverência! Sinto a presença que ao longe esboça sua imagem, linda, iluminada como as flores, seus olhos, seus cabelos, seu corpo... Emociona-me observá-la na vastidão, toda iluminada em perfeita harmonia, como também é o seu delicado sorriso. Procuro aproximar-me para abraçá-la, enquanto ouço um ecoar de exclamações, como se as pétalas, admiradas, acompanhassem meus passos, à procura apaixonada do seu Ser! Passo horas admirando a tudo... Como a Natureza é perfeita! Por vezes sementes se espalham, e fincam-se seguras de novas vidas. Assim também vou me aproximando... Sua beleza é tão pura, meu desejo tão sutil... A tarde inicia uma brisa e sombras... Os Girassóis, em despedidas, iniciam curvando-se, em reverência aos carinhos de Luz recebidos. O dia vai se findando, assim como ofuscando minha visão, e levando consigo a sua delicada imagem que só reside em meu coração !
Foto: Jill Wellington
Agosto/Setembro 2020 Revista Ponto & Vírgula 7
QUANDO TENHO OS OLHOS RASOS D’ÁGUA Por Conceição Lima | Livro Voz Interior
C
ansada de labutar nas trevas da incompreensão, há tempos formulei, com todo o fervor, um grande e secreto desejo: “Quero ser luz, luz, luz! Iluminar caminhos (o meu, o daqueles a quem amo e, principalmente, o caminho daqueles que me amam, que me buscam)”. Enunciei aos céus, silenciosa e emocionadamente, esse secreto anseio de não mais ferir, contradizer, mas sim “iluminar” pessoas! Entretanto, nada vi acontecer de concreto durante muito tempo. Pelo contrário, as dificuldades, os conflitos, o dizer “não” quando os outros esperavam um “sim”, o desabafo agressivo arremessado da garganta, tudo isso parece que vinha aumentando ainda mais a escuridão de meus entrelaçamentos pessoais e profissionais, criando maior distância entre o meu fazer sombrio e o meu desejo de iluminar. Hoje, nesta noite, chorei... Não mais de saudade, nem de angústia e muito menos de desespero.Também não chorei de tristeza, de ressentimento, de alegria ou até mesmo de emoção. Chorei de... Não sei dizer ao certo... Não chorei pelo passado, nem pelo presente ou pelo futuro. Era um chorar manso, mas muito intenso. Muito, muito dolorido, mas sem um laivo de amargura. Eis que esta noite chorei! Chorei sem pudor, sem esconder a cara, sem fechar os olhos, sem contrair a face! Então, inesperadamente, ergui os olhos para as luzes que me iluminavam e vi!... Vi o brilho das luzes crescer, crescer, intensificar-se em enormes auréolas. Foi então que entendi!... O enorme luzeiro cresceu dentro de mim e me ensinou a grande verdade: para ter luz, muita luz é preciso aprender a chorar. Digo aprender a chorar, porque não se trata de lágrimas arrancadas pela dor ou pelo prazer, mas de lágrimas vertidas pela alma em doce repouso. Também aprendi que, antes de pretender “iluminar” quem quer que seja, era preciso iluminar-me primeiro. E sempre que possível (percebi) fazer isso através da mansidão daquelas lágrimas que intensificam as luzes reais e condicionam as luzes pessoais! É mesmo verdade: Quando se tem os olhos rasos d'água, a luz brilha com muito maior intensidade. ***
O MELHOR DA NATUREZA EM SUA MESA Frutas nacionais e importadas do produtor para sua mesa. Atacado: (16) 3638-7464 Ceagesp (Rod. Anhanguera, KM 322, GPB Box 07& 09) Varejo: (16) 3632-4794 Rua Bernardino de Campos, 621 Email: frutao@superig.com.br 8 Revista Ponto & Vírgula Agosto/Setembro 2020
EU ERA MENINO, E ACONTECEU-ME... Por Perce Polegatto
E
u era menino, e aconteceu-me encontrá-lo por acaso. Três garotos carregavam um saco que se mexia. Um deles afrouxou a abertura para que eu visse o dorso de um animal imundo, quase sem pelos. Iam jogá-lo no rio. Segurei o maior deles pelo braço: eu ficaria com o bicho. Estranharam-me, e outro explicou que era só um cachorro velho, sarnento. Insisti, não tinha importância. Meu avô trouxe remédio para sarna, ajudava-me a dar banhos nele e a fazê-lo comer, além de ter sugerido seu nome. Pateta era magricela e passivo, incapaz de morder alguém, mesmo se provocado. Meninos da vizinhança queriam saber a raça da malograda mascote: eu inventara uma palavra que pronunciava com orgulho. “Mentiroso! Esse cachorro não tem raça nenhuma!” – o mesmo que puxou seu rabicho pelado, antes de sair correndo. Pateta guinchava de dor, mas não dava mostras de reagir contra quem o agredia. Eu o tomava ao colo, enternecido, e o levava para casa, para longe dos perigos do mundo. Pateta lambia-me o rosto, mas nunca brincava ou corria. Parecia sempre triste e doente. Dois rapazes passavam em frente de casa, um deles acertou um pontapé nas costelas do Pateta. “Olha só, que traste!”, riu esse que eu surpreendi em flagrante, gritando-lhe que fosse chutar a mãe. “Ih, é o dono dele, que azar...”, fez o outro com um cínico aceno de cabeça, brincando com sua superioridade – eles pareciam enormes para mim. Pateta deitou-se ao pé do muro, gemendo com fraqueza. “Vai, vai com esse cachorro, moleque!”, disse o agressor, num gesto de desdém. Abracei-me ao Pateta. Chorei por ele pela primeira vez. Compreendi que não havia chances para uma criatura tão inofensiva e sem forças. Se ao menos soubesse revidar, se não fosse tão passivo... Na saída da escola, entre a correria das crianças, fiquei feliz em saber que era esperado por meu avô. “Vô, o senhor veio me buscar?” Ele se curvou, com um sorriso cansado, passando-me às mãos um doce com o papel da confeitaria. “Pepo...”, disse ele pausadamente. “O Pateta morreu.” Do romance “Os últimos dias de agosto”. ***
*Poema do contra Carlos Eduardo de Brito Aragão
Pai, De ti não gosto Nunca direi que Quero ser igual a ti. Nunca trabalhaste Jamais direi que Tu és um vencedor. Pisaste No caminho reto Nunca alcançaste o caminho torto. Felicidade! Para quê? Quero te ver chorando Nunca Conte comigo. *** *Calma! Não se assuste! Leia o poema do último para o primeiro verso e verá que tudo vai mudar. Agosto/Setembro 2020 Revista Ponto & Vírgula 9
MINI POEMAS
Perspectiva de Sonhos Alvim Barbosa (maio de 1955)
Nova Era Gaiô Gaiofato
Sua lembrança Maria Auxiliadora N. Zeoti
EU, não sendo o que SOU e que devia SER, indago o que SOU, ou o que posso SER, já que não SOU o que queria SER. Poderei conceber o que SOU e o que desejo SER, sem nunca conseguir a perspectiva total dos meus SONHOS: SOU E SER.
Pronto!!! O infinito escalei. Em pontos de luz, retalhos de sonhos costurei. Trouxe o dia pra dormir. Fecho os olhos, Nas estrelas o aspergi: ouro puro de outras eras, tudo que sou está aqui.
Algo intacto entre os achados de um navio submerso... Tem as marcas da emoção e não pereceu. Renovar-se-á quando lapidada. Delineará relevos, traços, contornos. Algo maior como peça de arte.
Pecado Original José Micheli
Meu coração Nelson Jacintho
Ciclone Raquel Naveira
Diga-me então, Oh, voz nunca ouvida, por que esta solidão? De que mistura, de que matéria sou eu? Quem na raiz da mente agitada? Seria um insano vivido há três mil anos? Ou serei eu mesmo caminhando para isso?
Meu coração já foi triste, já bateu descompassado, já se perdeu no deserto, já se afogou no banhado. Hoje bate, todo certo, já respira aliviado, desde que um dia sentiu o teu bater ao seu lado.
Estamos no centro do ciclone Girando no redemoinho. No centro do ciclone, perturbados, correndo na velocidade do vento. No centro do ciclone, numa atmosfera de pânico, explodindo de pressão.
Por quê? Alciony Menegaz
Teus olhos Lucília J. de Almeida Prado
Poema da dúvida Cecília Figueiredo
Quantas dúvidas, quantas interrogações! Tudo seria mais simples se não houvesse tantas dúvidas, tantas interrogações. Pensamentos que vagueiam procurando respostas. Não sei se elas existem...
Mergulhar nos teus olhos de olhar tão profundo, mergulhar nos teus olhos e, como um vagabundo, na fração de um segundo, mergulhar nos teus olhos e esquecer o mundo.
Tenho medo do que não sei, e daquilo que sei, tenho respeito... Porque o não saber, inspira a dúvida da dúvida e o saber, a angústia da certeza.
10 Revista Ponto & Vírgula Agosto/Setembro 2020
CANTINHO LITERÁRIO Por JC
Bridon & Arlete Trentini Studio Cine Foto Mary
Senhor JC Bridon
Cabelos Brancos Arlete Trentini dos Santos
Senhor, dá-me forças para continuar a missão que me destinaste com muita calma, serenidade e harmonia.
Quando o cabelo embranquece, não fico aqui só nas preces.
Que eu seja paciente com todos, que saiba escutar tudo, com muita humildade e gratidão. Que eu seja tão puro, que Tuas palavras me confortem e me tranquilizem. Que eu seja compreensivo e que transmita somente o bem.
Eu viro camaleão, me mudo em diversas cores. A cada dia sou outra, sendo a mesma mulher. Isso me dá alegria, faz de mim, nova guria. Minha alma de poeta com nada disso se inquieta. Do livro: Alinhavando Poesia – Pág. 46
Que eu seja honesto e que meu exemplo ajude a todos que precisarem de meu auxílio. Senhor, que meus pensamentos traduzam a paz e a esperança que todos sonham ter. Do livro: Momentos de Reflexão – Pág. 86
Foto por Joel Henry
Agosto/Setembro 2020 Revista Ponto & Vírgula 11
O QUE OS JOVENS VOLÚVEIS E OS ADULTOS MADUROS MAIS APRECIAM... Por José Antônio de Azevedo
O
Foto: Natan Ferraro
que os jovens volúveis e os adultos maduros mais apreciam na chamada vida moderna é a propaganda imposta pela mídia televisiva e virtual no mundo da economia globalizada e sociedade alienada no consumismo e libertinagem. Garotos e moças embelezadas pela tecnologia da maquiagem deturpados pelo excesso de cremes e falta de imaginação estão inchados de elogios pelos bajuladores e esvaziados de ideias por garotas de bundas e seios siliconados, mas a cabeça vazia de pensamentos racionais. [...] É miss para cá, são garotos para lá, garotas disto e daquilo, e por aí se vai... Agora há concursos para tudo, desde a mais linda garota de novela, até a torcedora mais empetecada e encantadora de um time de futebol. Tudo caminhando para lugar nenhum, no rumo incerto para o nada. Trajam-se com indumentárias cada vez mais apertadas, com um manequim comprimido arrochando a cintura ou com "Tudo caminhando para um roupão mais folgado, consentem com tudo sem o bom senso. lugar nenhum, no rumo in- menor Todos os atributos são novidades para um prazer fugaz certo para o nada." e vazio de utilidade. [...] Tanto os jovens, como os adultos maduros, privilegiam o sexo mais que o poder e o ter, sem observar que sem o poder, nem o ter, é mais difícil gozar do sexo. No entanto, fazer sexo sem amor, somente para descarregar as energias corporais, atualmente é como comprar banana na quitanda. Se não fosse assim, seria fácil resolver os problemas daí advindos em face das drogas e da criminalidade. Garotas e garotos de programa são encontrados facilmente nos classificados de jornais e revistas, na Internet, nas esquinas de quaisquer lugares da cidade e até nos mais recônditos rincões rurais. O mundo tem necessidade é de casais andando de mãos dadas, descansando nos bancos dos jardins e se refazer dos dias cansativos e estressantes. [...] Os compromissos simples, sem preocupações exageradas, foram tragados na marcha louca da evolução, em todos os sentidos, sobretudo na tecnologia. As pessoas deixaram de interagir presencialmente para viver virtualmente. Na marcha cega da evolução, pode-se fazer de tudo, desde que não se interrompam a carreira profissional e a produção cada vez maior de bens e serviços. [...] Trecho do texto “A sociedade” do livro “Comendo fogo e cuspindo cinzas” Págs. 65/66 José Antônio de Azevedo, escritor independente, iniciou-se na vida literária aos 65 anos, quando começou a usar o computador como instrumento para escrever e arquivar seus escritos. Autor dos seguintes livros: Sentido da Vida; Transição; O Homem no Mundo; O Coração Infarta Quando Chega a Ingratidão; Comendo Fogo e Cuspindo Cinzas e o mais recente Seguindo os passos no Caminho da Vida. 12 Revista Ponto & Vírgula Agosto/Setembro 2020
REVOLTA DA VACINA Por Sérgio Roxo da Fonseca
N
o início do século XX, o Rio de Janeiro não mantinha serviços suficientes para enfrentar as epidemias como a da febre amarela, febre bubônica e varíola. O Presidente Rodrigues Alves autorizou o prefeito Pereira Passos tomar medidas no sentido de não apenas urbanizar a cidade, como também implantar serviços de saúde, questões que sobrevivem até hoje em todo o Brasil. Foi então aberta a Avenida Central, hoje Rio Branco, com a demolição de vários cortiços, expulsos seus pobres moradores para morros localizados nas imediações do porto. Favela era o nome de um dos morros, pois ali se plantavam favas. Surgiram as favelas. Todos nós conhecemos qual foi o resultado dessa política. O Prefeito foi apelidado de "Bota Abaixo". Na área da saúde, nomeou-se o Dr. Oswaldo Cruz, paulista de São Luiz do Paraitinga, para desenvolver um projeto de eliminação das epidemias. Sob o nome de "mata-mosquitos", o Dr. Oswaldo Cruz criou grupos de pessoas com o poder de ingressar nas residências com o objetivo de eliminar os mosquitos transmissores das epidemias. Houve fortíssima reação contrária. Em seguida, executou uma política de vacinação obrigatória, resultante de lei. Afirma-se que funcionários invadiam residências e aplicavam a vacina à força. Os cadetes da Praia Vermelha, os intelectuais positivistas, entre outros, rebelaram-se contra a vacinação obrigatória. Eclodiu o episódio denominado Revolta da Vacina, ocorrido entre 10 e 16 de novembro de 1904. A imprensa posicionou contra a vacinação. Há ilustrações noticiando que pessoas vacinadas haviam se transformado em lobisomem. Políticos de renome, como Rui Barbosa, alinharam-se contra o governo. Obrigar alguém a vacinar-se era ferir a sua liberdade individual, violando a sua dignidade pessoal, segundo essa visão. Melhor morrer do que virar lobisomem. Houve choques armados. Pelo menos cinquenta pessoas morreram no Rio. Com apoio do Exército, os governos saíram vencedores. O Dr. Oswaldo Cruz levou a cabo sua política contra a insalubridade. Ganhou notoriedade internacional.Teria sido o primeiro nobelista brasileiro, se então já existisse o Prêmio Nobel. O pensador francês Anatole France, ao visitar o Rio em 1906, saudou-o dizendo: "O senhor fez o mesmo que Hércules. Matou a hidra. É um benfeitor da humanidade". Até a sua morte, o Dr. Oswaldo Cruz, quando reconhecido na rua, era vaiado pelas mesmas pessoas cujas vidas tinham sido por ele salvas. Sérgio Roxo é advogado, Procurador de Justiça aposentado do Ministério Público de São Paulo e professor da Faculdades COC
Agosto/Setembro 2020 Revista Ponto & Vírgula 13
Artistas em destaque na exposição virtual "Entre Frestas" do Ateliê Miguel Angelo Miguel Angelo Barbosa
Hélio Vanucchi
Ieda Pinheiro
Semíramis M. Rocha
Sônia Albuquerque
Stella Mello
Neide N. de Castro
Leila C. Pelizar
Regina Selegato
Renato Curvelo
Maria José
Lícia Valim
Nice Forti
14 Revista Ponto & Vírgula Agosto/Setembro 2020
Agosto/Setembro 2020 Revista Ponto & VĂrgula 15 
E U D ES TA Q EM FO TO
Foto: Aline Cláudio 16 Revista Ponto & Vírgula Agosto/Setembro 2020