Abr/Maio/Jun 2022 Ano 10 | Edição 59 R$10,00
PONT & VÍR ULA
ALCIONY MENEGAZ Luz no Palco!
2 Revista Ponto & Vírgula Abril/Maio/Junho 2022
ÍNDICE ABRIL/MAIO/JUNHO 2022 Pág. 1 - Alciony Menegaz Pág. 2 - Publicidade Pág. 3 - Índice, Editorial e Expediente Págs. 4, 5 - Matéria de Capa Págs. 6, 7, 8, 9 - Participantes da 19ª Antologia Ponto & Vírgula Pág. 9 - As três Marias por Maria Luzia Misuraca Graton Pág. 10 - "Evolução da Juventude Acumulada" - José A. de Azevedo Pág. 11 - Cantinho Literário de Bridon e Arlete Págs. 12 e 13 - Poetas em Destaque: Agenor Filho, Nely Cyrino de Mello, Cecília Figueiredo e Marlene Cerviglieri, Fernanda R-Mesquita, M. Auxiliadora N. Zeoti, Adriano R. Pelá e Alceu Bigato Págs. 14 e 15 - Ídolos de ícones e massa por Mário Chamie Pág. 15 - Desabafo por Ely Vieitez Lisboa Pág. 16 - Capítulo 1 de minha história viva - Perce Polegatto; Poeta em Destaque: Idemar de Souza Pág. 17 - Poeta em Destaque - Arthur G.Valério Pág. 18 - Encontro Cultural, com Irene Coimbra, no Hotel Nacional Pág. 19 - O amor suporta tudo, ou quase tudo por Fernando de Oliveira Cláudio Págs. 20 e 21 - Fotos do Sarau de Lançamento da 58ª. Revista Ponto & Vírgula Pág. 22 - Eventos em Destaque: Junho em Ribeirão Preto; Apoiadores Pág. 23 - Publicidade Pág. 24 - Foto em Destaque - Aline Cláudio
Editorial Metade do ano lá se foi!!! Felizmente, graças a Deus, a pandemia está passando e tudo voltando ao normal! Nós, da Revista Ponto & Vírgula, cheios de entusiasmo, esperançosos e confiantes em dias cada vez melhores, continuamos na luta! Divulgar poetas, escritores, artistas plásticos, artesãos, músicos e todos os envolvidos com a Arte, de modo geral, é nosso objetivo!! Foto: Fernando O. Claudio E, nesta edição, é com muita alegria que destacamos a multi artista: Alciony Menegaz!!! Alciony, cantora, que encanta a todos com sua voz potente! Alciony, artista plástica, que surpreende a todos com seus belíssimos quadros! Alciony, poeta e escritora, que prende nossa atenção com seus escritos! E, finalmente, Alciony, a amiga de todos!!! Essa multi artista, dotada de extrema sensibilidade, lançou, recentemente, seu primeiro livro de poemas e crônicas: “Lampejos da Madrugada”, e agora lança seu CD “Luz no Palco”! É por essa e outras razões, que nesta edição, a homenageamos e a destacamos como Capa de nossa Ponto & Vírgula!!! Parabéns, alimentadora de almas!!! Conhecerão um pouco mais sobre ela, nas duas páginas seguintes! Aos poetas e escritores, também alimentadores de almas, que nos encantam e nos emocionam com seus escritos, nossa admiração e gratidão! A você, leitor/a, uma “feliz viagem”, pelas páginas de nossa “Ponto & Vírgula”!
Irene Coimbra Editora
EXPEDIENTE Direção Geral: Irene Coimbra de Oliveira Cláudio - irene.pontoevirgula@gmail.com Edição: Ponto & Vírgula Editora e Promotora de Eventos | Diagramação: Aline Cláudio Impressão: Ribergráfica - A Cor da Qualidade | Fotos de Capa e Matéria: Matheus Urenha Anuncie na Revista Ponto & Vírgula. Associe sua marca à Educação e Cultura! Mídias: Impressa, Digital e Audiovisual. Publicidade e Venda: Irene – (16) 3626-5573 / WhatsApp: (16) 98104-0032 Tiragem: 1 mil exemplares impressos Abril/Maio/Junho 2022 Revista Ponto & Vírgula 3
Os artigos assinados são de responsabilidade do autor. A opinião da revista é expressa em editorial.
Minha história Por Alciony Menegaz
No dia 20 de Março de 1949, na cidade mineira de Prata, às 18:00h de um Domingo, no momento em que passava a procissão de São José, na frente da Maternidade, eu vim ao mundo. Meus pais mudaram-se para Barretos, sendo eu ainda bebê. Papai, Maestro Yolando Menegaz e mamãe, Hermínia Menegaz. Somos em sete irmãos: Érico, César, Sônia, Joana Darc, Daniel e André. Comecei cantando na Rádio Barretos PRJ-8, no Programa infantil “Alegria da garotada”, com três anos. Logo tornei-me a atração, passando a participar dos outros programas e de importantes eventos da cidade, solenidades, apresentações nos clubes, abertura de shows de artistas, etc... Na adolescência, integrei o grupo musical “The Kick-Backs”, liderado por meu pai, Yolando Menegaz, com meus dois irmãos. Por seis anos percorremos cidades deste país em apresentações. 4 Revista Ponto & Vírgula Abril/Maio/Junho 2022
A minha primeira apresentação em TV, foi em Uberlândia, em 1968, no Programa Ataliba Guaritá Neto, na TV Triângulo, acompanhando-me ao violão. Depois vieram os Festivais de música. Em Barretos no FEBAMPO, ganhei o prêmio de melhor intérprete nos três em que concorri, inclusive a gravação em disco (1968) interpretando Tapera. No 4º FEBAMPO fui homenageada. Participei do 1º Festival Universitário de Ribeirão e do Festival do Chapadão em Uberaba, em 1969, em que recebi o prêmio de “Consagração Popular”. Formei-me Professora na turma de 68 do Colégio estadual e Escola Normal Mário Vieira Marcondes de Barretos, o Estadão. Incentivada por jornalistas e radialistas, em 1970 busquei a capital São Paulo, sendo contratada por Abelardo Figueiredo para a casa de shows “O Beco”, como show-woman dos seus musicais. Em
1971 fui contratada pela gravadora RCA Victor que lançou meu primeiro disco, “Alcione” com a música “Isabela” e posteriormente, mais dois compactos, em 1972 e 1975. Participei de inúmeros programas de TV para divulgação dos meus discos: “Clube dos Artistas” e “Almoço com as Estrelas”, de Airton e Lolita Rodrigues, Programa do Bolinha, Clarisse Amaral, Hebe Camargo na Bandeirantes, na Tupy e muitos outros. Neste período, foram muitas reportagens em jornais para divulgação do meu trabalho. Fiz aulas de canto com Madalena de Paula, curso de Teatro com Eugênio Kusnet e aulas de expressão corporal. Entrei para a Faculdade São Marcos para o curso de Letras, mas tive que interrompê-lo por conta dos compromissos artísticos. Em 1972 casei-me com Francis Monteiro, que na época era um dos “Clevers” e se tornou um publicitário reconhecido. No início de 1974 sofri um acidente doméstico com álcool, tendo que me afastar dos palcos por um período. Estava grávida e perdi o bebê. Voltei a cantar com grupos musicais: Jongo trio, Super Som TA, com quem me apresentei no “Studio 54” em Nova Iorque. Também gravei um compacto cantando em inglês, lançado na Venezuela, em 1977. Em 1979 fui contratada pela gravadora Continental, gravando em disco o comercial do cigarro Ella, “Ella sou eu”, na época, sucesso no país. Em 1980 resolvi afastar-me dos palcos, dedicando-me à família, mas continuei gravando comerciais (Jingles) em Estúdios, junto com o Francis e fazendo shows em eventos especiais. Temos três filhos: Thiago Monteiro, produtor musical e pianista, que possui o selo “Blaxtream”,
com Thalita Magalhães; Gustavo Monteiro, Diretor na área da computação e Myrthes Monteiro, atriz, cantora e bailarina, atualmente apresentando-se em Musicais na Europa. Temos também dois netos: Gabriel e Bento. Em 1987 conheci a pintura. Comecei a pintar óleo sobre tela e logo já vi minhas obras em exposições. Em 1988 mudamo-nos para Ribeirão Preto; voltei a me dedicar à pintura e exposições. Em 1997 conheci uma nova maneira de expressar meus sentimentos e arte, através da escrita. Tive minha crônica “A sexta hora” selecionada pela Litteris Editora, para sua antologia. Vieram outras crônicas, poemas; hoje já tenho meus trabalhos literários publicados em 20 Antologias e meu primeiro livro editado: “Lampejos na Madrugada”. Em 2008, através do show “Tributo a Elis” retomei a carreira de cantora, voltando a gravar, com show na Alemanha. No meu CD “Mundo Belo”, a música que dá título é minha. Fiz vários programas de TV como o “Sr. Brasil de Rolando Boldrin”, um especial pela Rede Vida de Televisão e apresentações nas TVs regionais. Em 2009 retornei em show na Alemanha, com Thiago, ao piano. Fui apresentadora do Programa “Música e Arte com Alciony Menegaz” na TVRP/Canal 9, em Ribeirão Preto, em 2013, onde conheci Irene Coimbra, que me convidou para o Sarau Ponto & Vírgula, no Regatas. Naquela tarde conheci Maris Ester, que me levou para a Casa do Poeta. Agora, a vida me contempla com o lançamento do meu CD “Luz do Palco”, produzido pelo meu filho Thiago Monteiro; um projeto Proac, do Governo de São Paulo. Só Gratidão ao Pai Celestial! ***
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Participantes da 19ª Antologia Ponto & Vírgula Irene Coimbra de Oliveira Cláudio, é escritora, poeta, produtora e apresentadora do Programa “Ponto & Vírgula” na TVRP. Fundadora da Revista Ponto & Vírgula em Ribeirão Preto. Coordenadora das Antologias Ponto & Vírgula. Editora e Promotora de Eventos Literários. Membro da Academia Ribeirãopretana de Letras e Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto. Tem sete livros publicados. E-mail: irene.pontoevirgula@gmail.com
Adriano Roberto Pelá, filho de Adriano Pelá e Maria Luzia Pelá, nasceu em Ribeirão Preto, dia 02 de maio de 1945. É casado, pai e avô. Escritor e poeta. Membro da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto e da União dos Escritores Independentes. Autor do livro: Escritos Esparsos.
Alceu Bigato é compositor sertanejo e declamador. Membro da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto. Participou de várias Antologias Ponto & Vírgula e das Antologias da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto. Autor do livro “Lapidador da Natureza”.
Alciony Menegaz, cantora, pintora, compositora e poeta. É membro da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto, da União dos Escritores Independentes, Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto entre outras. Autora do livro: “Lampejos na Madrugada”.
Aldair Barbosa Simões Gomes, mineira de Resplendor, reside em Ribeirão Preto desde 1947. Licenciada em Letras, Língua e Literatura Portuguesas e Inglesas pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras “Barão de Mauá”. Autora de “SILÊNCIO VERDE - Vida e Obra de Alvim Barbosa”, seu primeiro livro, lançado em agosto de 2013.
Aline de Oliveira Cláudio nasceu em Ribeirão Preto/SP. É designer de produto e diagramadora da Revista Ponto & Vírgula. Autora do livro “...se faz caminho ao andar” Arlete Trentini dos Santos, é escritora e poetisa. Embaixadora da Paz da Divine Académie Française des Arts Lettres et Culture e membro de várias academias. Colunista do Jornal Sem Fronteiras e da Revista Ponto & Vírgula. Casada com o poeta Bridon desde 1969. No campo literário já recebeu prêmios e comendas. Mora em Gaspar/SC. E-mail arletesan@terra.com.br 6 Revista Ponto & Vírgula Abril/Maio/Junho 2022
Arthur Gregório Valério é estudante de Medicina na Universidade de Araraquara. Membro da Liga Acadêmica de Saúde Mental e Psiquiatria e Liga Acadêmica de Neurologia e Neurocirurgia. Tem formação em Psicoterapia Humanista Existencial pela Petrus e Pontes (CE). É autor das obras O Retrato (2019), Um Breve Ensaio Sobre O Jardim (2021) e Dignidade e Tragédia.
Carla Barizza é publicitária e apaixonada por criação artística. Seus contos acerca do feminino têm prêmios e publicações. Também é fotógrafa. Instagram: @carlabarizza.foto.arte. Facebook: carla.barizza
Carlo Montanari, contador de causos. 5 livros editados. Vários prêmios Nacionais e Internacionais, como Drummond/Itabira/MG e Diamonds Of Arts/ Áustria. Criador do Projeto Semeando Livros Mundo Afora.
Cirlene de Pádua, poeta, escritora, membro da Academia Francana de Letras e AFESMIL (Academia Feminina Sul-Mineira de Letras). Várias obras publicadas, entre elas “dona moça toda prosa”, a mais recente.
Conceição Lima é natural de Alpinópolis/MG, mas reside atualmente em Ribeirão Preto/ SP, onde se dedica, prioritariamente, à missão de Escritora, tendo já produzido 26 obras: 12 livros solo, 3 coautorias e 11 coletâneas, além de artigos, crônicas e poemas em revistas e jornais do país, impressos e online. É membro da Academia Ribeirãopretana de Letras, Academia Sul-mineira de Letras e Casa do Poeta e Escritor de Ribeirão Preto. Durval Fabris Ferraz Junior, filho de Nair Barbosa e Durval Fabris Ferraz, nasceu em Ribeirão Preto em 28/08/1979. Tem ensino médio completo e é trabalhador autônomo. Poeta principiante. Participou da 15ª Antologia Ponto & Vírgula.
Elisa Alderani nasceu na Itália. Mudou-se para Ribeirão Preto em 1978, onde reside até hoje. Em 2008 publicou o livro: “Flores do meu jardim = Fiori del mio giardino”, edição bilingue. É membro da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto e da União de Escritores Independentes e União Brasileira de Trovadores. Fátima Moreira é de Cajuru/SP e, atualmente, reside em Ribeirão Preto. Cursou Comunicação Social. Membro da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto e União dos Escritores Independentes de Ribeirão Preto. Participou de Antologias da Casa do Poeta e Ponto & Vírgula! Autora do livro “Dupla Face”
Fernando de Oliveira Cláudio é formado em Relações Internacionais. Escritor, Cinegrafista e fotógrafo amador.
Heloisa Martins Alves é professora de língua portuguesa e literatura brasileira e portuguesa. Coautora do projeto combinando palavras, desenvolvido na Escola Estadual Otoniel Mota. Vice presidente da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto. Membro União dos Escritores Independentes de Ribeirão Preto, da Academia de Letras e Arte de Ribeirão Preto e Projeto Incubadora Cultural, parceria com a USP de Ribeirão Preto. Idemar Gonçalves de Souza, nasceu em Brodowsqui, em 1.944, residindo, atualmente, em Ribeirão Preto. Graduado em Direito e Ciências Sociais. Gosta muito de escrever. Participa de todas Antologias Ponto & Vírgula. Membro da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto.
Júlio César Bridon dos Santos, nasceu em Gaspar/SC. É poeta e escritor. Já publicou quatorze livros, sendo dois em Francês e um bilíngue: Inglês/Português. Comendador da ALG; Delegado da ALAV; Embaixador da Paz da Divine Académie Française des Arts Lettres et Culture e membro de várias Academias.
Luzia Madalena Granato é escritora, poetisa, psicóloga e pedagoga. Membro da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto e Academia Luminiscência Brasileira. Autora dos livros: Doenças da Alma, Arte de Reconhecer-se e Recomeçar; Retratos – 1ª e 2ª edição e Guerreira de Cárceres de Almas, Mulheres e Homens Diamantes; Pétalas que exalam perfume.
Maria Luzia Misuraca Graton, nasceu em Ituverava/SP. Mora em Ribeirão Preto e para passar o tempo gosta de escrever. Participou de várias oficinas de literatura. É membro da União de Escritores Independentes e da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto.
Maris Ester A. de Souza é natural de Ribeirão Preto, autora do livro: Nua para o Criador, Vestida para a Humanidade. Atual presidente da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto. Membro da Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto, União dos Escritores Independentes de Ribeirão Preto e Academia Brasileira de Letras de Araraquara. Neusa Bridon dos Santos Garcia nasceu em Timbó, município catarinense, aos 2 de setembro de 1941. Escreve para o Recanto das Letras, participa ativamente da Câmara Brasileira de Jovens Escritores ( RJ ) onde escreve seus poemas a cada mês; iniciou essa trajetória em julho de 2012. 8 Revista Ponto & Vírgula Abril/Maio/Junho 2022
Perce Polegatto é autor de três romances: “Os últimos dias de agosto”, “A seta de Verena”, “Marcas de gentis predadores” e três livros de contos: “A conspiração dos felizes”, “Lisette Maris em seu endereço de inverno”, “Inconsistência dos retratos”. Textos, divulgados também no blog “Aventura do dia comum” www.percepolegatto.com.br
Regina De Lucca Baldini é escritora e atriz. Autora dos livros “Tira o Pé da Minha Marmita!" Volumes 1 e 2, editados pela Ed. Qualitymark/RJ. Textos e Interpretação em: “Condomínio da Cidinha” e “Obahu de Histórias”
Renata Carone Sborgia é formada em Direito e Letras. Mestra em Psicologia Social pela USP. Docente, escritora, revisora, consultora de português e comunicação. Livros publicados nas áreas de Língua Portuguesa, Literatura, Educação e Saúde.
Wlaumir Souza Graduado em Filosofia Pela PUC - BH e Pedagogia pela Faculdade São Luís de Jaboticabal. Mestre em História e Doutor em Sociologia pela UNESP. Membro das Academias: Luso-Brasileira de Artes e Poesias, cadeira 17; Academia Ribeirão-Pretana de Educação e da Academia Ribeirãopretana de Letras.
As três Marias: Maria Luzia Misuraca Graton
Pintura: Dimitrios Gonalakis
As três Marias... Não digo das estrelas, que estão nas alturas. Delas nada sei! Digo das três Marias, que aqui na terra estão. São as graciosas filhas do Sr. João. Maria Tereza! Seus olhos são claros como a lua, os cabelos alourados, sua face é uma rosa! Acredita que o amor é eterno e a vida é preciosa! Só diz a verdade! É filha da bondade. Em tudo vê beleza! Não enxerga a maldade!
Maria das Dores! Eu digo “Não”, seja então Maria das Flores! Maria do coração! Mira as estrelas, lê os astros! Olha a sorte se é boa ou não. Fala dos anjos, da vida e da morte. Maria Helena! Linda! Pele morena, flor do campo, cheiro de mato, de verbena! Cabelos curtos, tez pequena. Mística, crê que somos essência do Universo, fala de Deus e faz versos! ***
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“Evolução da Juventude Acumulada” Por José Antônio de Azevedo
O
bservando a humanidade de maneira geral, na transição dos costumes antigos para os modernos, percebeu que poucas pessoas admitem administrar o futuro. Quando jovens, destroem a saúde para lucrar dinheiro e, ao chegar à velhice, despendem dinheiro para obter saúde, agindo assim na ordem inversa das ocorrências. Concluiu que os indivíduos prezam somente o bem-estar de si próprios e buscam o conforto e o prazer pessoal de momento, pouco se importando com a família, amigos e colegas. Nas relações humanas, como tudo na vida, a questão é de semeadura e aprendizado. [...] Naquele dia em que assim pensava, recebeu ele um e-mail de um amigo, considerando-o como um anjo da guarda, com as seguintes palavras: “Meu Caro Anjo da Guarda! Digo meu caro porque o considero no rol de meus poucos e verdadeiros amigos. Digo anjo da guarda, não só porque reza por mim (isso também faço por você), mas porque você é uma das pessoas mais prestativas que já conheci em toda minha vida. Aliás, o anjo da guarda que conhecemos desde os tempos de catequese, não é nada mais que um ser prestativo; por isso cai muito bem em você este título” (assinado Ariston de Tal). Lembrava ainda o amigo as transubstanciações do tempo de jovens para as transposições para a época de idosos. Estava, então, pesquisada a substância do idoso, estudada a prática para a promoção do velho e faltava somente a execução dos planos para tornar realidade o novo sonho a fim de defender o idoso. Só faltava aprender informática e estudar literatura. Informática fora uma matéria rejeitada por Zé Baiano até então, mas após sua própria reflexão de que sem ela não haveria futuro tomou conhecimento e foi à luta. Literatura também, empregou-lhe algum tempo para estudar principalmente narrativa e descrição de textos para enquadrá-los nos gêneros: poesia, crônica, conto e romance. Estava assim lançado o desafio e presente o desafiador. O mate10 Revista Ponto & Vírgula Abril/Maio/Junho 2022
rial, o ambiente e as ferramentas estavam também à espera do executor. Zé Baiano, então, instala-se no sítio e, naquele aprazível cenário, ali tem passado horas e horas, dia a dia e semana a semana no seu ateliê, pesquisando material para se fundamentar e buscando inspiração para bem escrever. Dias e noites, para ele, não têm diferença. Trabalha ao sabor do corpo e da mente e, na persistência de dia ou de noite, até quando houver energia disponível. Ao menos sinal do físico denunciando uma dor aqui ou ali, ele suspende as atividades e vai repousar, seja a hora que for, da noite ou do dia. Ao perceber um estresse na mente, da mesma forma interrompe a escrituração para cuidar de outros afazeres no sítio, cavalgando pelos cafezais, deliciando-se com a boa formação da lavoura ou até fazendo um pequeno passeio à sua casa na cidade ou às fazenda que administrara. [...] Viver é chegar de onde tudo começa deixando saudade; a falta de outrem é o amor que fica de quem se foi e amar é ir aonde nada termina, porque enquanto há vida, a esperança não morre. Trecho do capítulo “Evolução da Juventude Acumulada”, do livro “O coração infarta quando chega a ingratidão” de José Antônio de Azevedo - Págs. 79/80
CANTINHO LITERÁRIO Por JC
Bridon & Arlete Trentini
Studio Cine Foto Mary
Lembranças JC Bridon
Se achegou... Arlete Trentini dos Santos
O tempo passou, voou. Foram-se as tardes alegres e as noites enluaradas em que, juntinhos, caminhávamos com as mãos entrelaçadas, trocando juras eternas, como o mais belo poema de um amor apaixonado.
Se achegou tão calmamente, cutucou minha alma, leu minha mente...
O tempo passou, voou. Levou consigo as belas lembranças de um passado distante que a distância tornou quase esquecido. Olhar vago, perdido na imensidão do esquecimento, traz de volta a esperança, onde o sonho da troca de olhares e de carinhos sem fim, faz pulsar novamente o coração quase adormecido, de sentimentos esquecidos e guardados como a joia mais preciosa que cultivo carinhosamente dentro do meu coração.
Suas palavras faziam sentido e eu era toda ouvidos. Falava de paz, alegria, amor e nostalgia... Eu sentia toda aquela energia. Mostrou-me um céu tão diferente, que as estrelas eu contei... Eram milhares ou milhões, mas eu nunca antes observei? Suas palavras me aqueciam mais que o sol do meio dia e assim a cada hora, eu vibrava de alegria... Do livro: Alinhavando poesia
Foto: Ian Wetherill
Do livro: Amor, Sonho e Poesia – Pág. 50
Abril/Maio/Junho 2022 Revista Ponto & Vírgula 11
Poetas em Destaque Agenor Filho
Nely Cyrino de Mello
Cecília Figueiredo
Marlene Cerviglieri
Força que reluz
Assonância
Agenor Filho
Nely Cyrino de Mello
Por detrás daquele rio há uma luz de sol. É a força que reluz nos verdes das vazantes. Prateado na claridade de suas águas o rio inspira e exala seus brotões. O bracinho é um pequeno riacho que desagua no grande rio, mas ele também tem correnteza, roça em suas margens, e até uma pequena praia. Marcha o homem sobre o chão desta terra. Leva nos passos largos sua esperança. Dono deste chão, diante da visão de sua infinita beleza, na labuta com suas mãos, leva para casa o mantimento. Vem o Pôr do Sol Que o rio leva e traduz Some sobre as águas A graça, a vida, a força que o reluz.
Sou o capim que o vento penteia. Espuma que o mar desmancha na areia. Sou a noite de lua cheia. Eu sou o sangue que lhe corre na veia, a aranha que enreda na teia. Quero ser o pão e o vinho da ceia, o pássaro que livre, gorjeia, o óleo que mantém a candeia, o farol que norteia. Pro navegante, a sereia. O grão que a mão semeia. E você... A labareda que me Incendeia.
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Busquemos...
Sem consentimento
Cecília Figueiredo
Marlene Cerviglieri
Busquemos uma pureza de sentimento e acharemos um pântano de solidões. Busquemos um medo e acharemos um escape. Busquemos uma religião e acharemos uma poça de conflito. Busquemos a nós mesmos e acharemos a nós mesmos: solidão, escape, conflito...
No doce compasso de um coração, desperto. A melodia é inédita, percorrendo todo o espaço. Fecho os olhos... As imagens passam... Lembranças suaves, como que buscando o que poderia ser. É tudo tão rápido! Volto do devaneio e então percebo o nó na garganta onde brotariam lágrimas que não virão sem permissão. Apego-me às lembranças alegres, despertando um novo estado de espírito calmo, de alma leve, num passado que hoje é, simplesmente, dormente, para sempre.
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*** 12 Revista Ponto & Vírgula Abril/Maio/Junho 2022
Poetas em Destaque Fernanda R-Mesquita
M. Auxiliadora N. Zeoti
Adriano Pelá
Comunhão
O Cerrado
Fernanda R-Mesquita
Maria Auxiliadora Nogueira Zeoti
Madruga o sol despe-se em raios delicados que se enroscam na pequena semente, e depois da comunhão consumida ela sai vestida de lírio reluzente. Que laço engraçado, de feição inocente, este striptease puro entre os dois! E ele cresce no leito-terra, agradecido pelo bater das asas de uma ave no ouvido e a valsa colorida de uma borboleta. Que laço engraçado, que encanto; na dimensão da paz uma borboleta e uma ave beijando um lírio branco.
Curiangos, corujas, agitam-se no escuro soltando um piado... Mas logo amanhece! Farfalham entre as folhas, lagartos, nhambus, cobras e tatus... Balançam nos galhos, sabiás e canários... O cheiro que vem é fruto do mato. Marmelo, marolo, coco, murici ananás, pitanga, mel de jataí! E, de flores coberto, o ipê amarelo é o Sol, bem de perto!
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Alceu Bigato
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Romântica
Sempre resta uma pequena esperança
Adriano Roberto Pelá
Alceu Bigato
Quero estar assim, caminhando com você de mãos dadas, sentindo o aveludado das suas. Olhar para onde olha e ver que é a lua! Imaginar o que sente, Talvez, um arroubo com sua luz, ou será que nada pense! Frustro em pensar assim, mudo meu rumo, és terna, carinhos intensos, que provei. Dizem-me que lhe tocam os raios lunares. Regozijo com este foco! Romântico velo, seu olhar pousa no meu. Confirma em meu coração que és romântica como eu...
Vivemos entre o céu e a terra. Na parte inferior, falta compreensão. Infelizmente, episódios de guerra, manchetes preferidas da televisão. O enredo sempre envolvendo tudo do nada. Alguém que entra ou alguém que sai. Pedras e bombas sobre as embaixadas por causa de alguém que sobe ou cai. Quanta estupidez e irreverência! Corpos inertes jogados ao chão. Procuram a paz com a violência numa guerra louca de irmão contra irmão. Mas sempre resta pequena esperança para que os homens se entendam um dia, possibilitando às nossas crianças verem o mundo com mais harmonia.
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Abril/Maio/Junho 2022 Revista Ponto & Vírgula 13
Por Mário Chamie
S
Foto: Arnaldo Pereira
Ídolos e ícones de massa
ou avesso a ícones e ídolos gerados pelas ícone repentino e minha companheira de viagem. imagens dos chamados veículos de massa. Ela vinha para um festival de cinema, no Rio, Por exemplo; os gerados pelo cinema e pela Em razoável francês, mantivemos, durante o voo, televisão. Principalmente, pela televisão. Esses, aos uma amabilidade cúmplice e, quando as palavras meus olhos, são sempre jecas e bregas, não importa fugiam, trocávamos bilhetinhos explicativos. Disse se ator de telenovela, apresentador de programa de a ela muita coisa sobre poesia e cinema brasileiro. auditório ou âncora de telejornais. No aeroporto de Lisboa, com severidade elegante, Claro que meu desprezo para com essas figuras repeli, duas vezes, a aproximação daquele senhor carimbadas, em nada diminui os seus altos salários sóbrio e sisudo, para mim, repito, mero carregador e, acima de tudo, o prestígio de que desfrutam jun- de malas da divina Tulin. to ao público devoto. E sei, também, que ídolos e Despedimo-nos no Galeão. Dia seguinte, de volfãs estão pouco se lixando com o que possa achar ta a São Paulo, fiquei sabendo, pelos jornais, que deles um poeta obscuro e quase clandestino. o suposto carregador de malas, por mim repelido, Sempre pensei assim, desde o início da televi- era, sim, o senhor marido daquela mulher invasora são brasileira e da invasão do cinema de Hollywood de meus sonhos e de outras minhas lucubrações. em nosso mercado. Confesso que, durante longos Fiquei indignado com Ingrid que desdenhou de me anos, mantive impávida a coerência de minha re- apresentar o seu companheiro. Depois, redireciojeição, até que, em 1973, nei a indignação contra sofri um abalo surpreen"Tão logo ouvimos o chamado de mim mesmo por não ter dente. embarque, um senhor sóbrio e sisu- percebido que Ingrid, Tudo se deu ao acaso. com o seu gesto omisso, do aproximou-se dela e tomou-lhe Foi quando passageiros procurou proteger a fuem trânsito se recolhe- das mãos valises e maletas." gaz privacidade de nosso ram numa pequena sala fortuito encontro; imade espera, no aeroporto de Orly, Paris. Eu vinha ginei que ela tivesse achado que o breve convívio de Milão e ela vinha de Estocolmo. Ao sentar-me aéreo, que tivemos, deveria permanecer incólume e diante dela, distância de dois ou três metros, as- livre de quaisquer interferências externas. No emsaltou-me a sensação de que a conhecia de algum balo dessa minha hipótese ingênua e de camuflado tempo e lugar. Fiquei entre a vertigem, a dúvida e a narcisismo, permiti que brotasse no meu coração miragem. Ali, face a face, seu rosto tinha um halo de uma descabida ponta de ciúme. E não um ciúme deusa. No fundo de meu inconsciente, certos ardis postiço e cosmético, pois, movido por ele, tive até de sonho me davam a ilusão de que aquela presença ímpetos de, naquele mesmo dia, viajar ao Rio de loura e altiva me era mais do que íntima. Janeiro, ir ao hotel em que ela estava hospedada e Tão logo ouvimos o chamado de embarque, um alfinetar na porta de seu apartamento um bilhete senhor sóbrio e sisudo aproximou-se dela e tomou- meu assim lacônico: -lhe das mãos valises e maletas. Achei que fosse algum guarda-costas ou serviçal de companhia. Ingrid querida, esqueça e sofra. Já no avião, a coincidência nos pôs em assentos Mário lado a lado, com destino ao Rio de Janeiro e escala em Lisboa. Veio o relâmpago. Uma sucessão Felizmente, refreei o ímpeto e não cometi tão de imagens retroativas me trouxe cenas do filme risível bravata sentimental. Morangos Silvestres, de Ingmar Bergman. A luz se Conservo até hoje alguns guardanapos com frafez: estava eu ali juntinho da atriz Ingrid Thulin, meu ses de Ingrid dirigidas a mim. Gosto, em particular, 14 Revista Ponto & Vírgula Abril/Maio/Junho 2022
Carmo amigo, o cinema e a poesia são a nossa única verdade. O resto são anseios que voam, viajam e não voltam. Toda vez que releio este recado de Ingrid para mim, me convenço de que precisamos preencher as nossas vidas de alguns mitos balsâmicos e de outras tantas secretas ilusões. Graças a esse episódio real que carrego vivo na doce noite de meu inconsciente, já não rejeito convicto os ídolos e ícones de massa, nem desprezo tanto os sentimentos fanáticos e desmedidos dos seus impetuosos fãs.
Do livro: Neonarrativas - Breves e longas, de Mário Chamie. Publicado pela FUNPEC/Editora, em 2011. A reprodução do texto original tem a autorização do Editor Chefe, Prof. Dr. Francisco A. Moura Duarte, grande mecenas da Cultura, a quem agradecemos pelo apoio de sempre.
Foto: Guilherme Oliveira
daquela sua mensagem, cuja caligrafia caprichada traz estas hábeis palavras de consolo:
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Desabafo
Por Ely Vieitez Lisboa
H
á dois anos perdi meu Jugurta. Quem inventou a farsa que o tempo ameniza a dor? Mentira. Ela está aqui comigo como naquele dia fatídico. O enorme vazio, a vida sem sentido, os pesadelos. As lágrimas secaram, ficou a sensação da vida inútil. Maridos bons, fiéis, carinhosos, íntegros, não deviam morrer. No início a sensação de injustiça, como se fora um pesadelo. Tudo perdeu o encanto. Viver para que, com que sentido! Nos primeiros dias ficaram só as lágrimas, a perda de apetite, o vazio enorme, o desinteresse por tudo. Depois a obsessão de olhar as fotos com o rosto dele, como uma oração. E as noites insones, conversando com ele, procurando entender. Dois longos anos que não fizeram diminuir a angústia. Nunca fui ao cemitério. Ele não está lá, mas aqui comigo. Não sei se viver um grande amor é prêmio ou castigo. Se conhecer a felicidade é algo bom, porque a perda disso é um sofrimento infernal. Quem não conhece o amor, não tem nada a perder. Fica imune. Conhecê-lo é realmente algo belo, mas vem também o risco da perda, morte em vida. Sobra apenas a duvidosa possibilidade de um dia, com a morte, se possa dar o reencontro. Mas tudo são dúvidas, hipóteses. Mistério insolúvel. *** Abril/Maio/Junho 2022 Revista Ponto & Vírgula 15
Capítulo 1 de minha história viva Por Perce Polegatto
A
inda menino, gostava de escrever livros que não existiam, que não passariam a existir. Criava a história toda, mas não me animava a redigi-la. Adquiri o vício absurdo de associar livros às coisas que me pareciam importantes, referindo-me, por exemplo, ao amanhecer de um dia como ao início de uma página – o que, mesmo em minha imaginação viciada, não se pautava de muito sentido, já que o dia se processava de baixo para cima (da manhã para a noite), assim como eu o percebia, enquanto a página de um texto ocidental me conduzia de cima para baixo. Não importa, de fato isso não importava, porque sempre me senti livre para criar confusões. E me referia mentalmente à primeira amada como Capítulo 1. Ninguém podia saber que eu a amava. Ninguém podia saber que era ela, especialmente ela, a Capítulo 1 de minha história viva. Registrada em foto coletiva da turma do catecismo, perto de completarmos nossos dez anos de idade: lá estava ela, um degrau acima, tão longe de mim. Uma paixão devastadora, sob a égide e o surdo silêncio dos anjos
que povoavam as Escrituras. Eu não sabia ao certo o que era o sexo. Era um anjo reprimido, potencialmente humano. O fato é que Capítulo 1 me encantava loucamente, e eu não procurava entender os motivos. Tempos mais tarde, revendo álbuns, foi meu irmão quem lembrou, identificando-a. Apontou seu rostinho com indicador objetivo, livre de sentimentos. Você gostava dessa menina aqui. (O quê? Como ele podia saber?) O nome dela era Miriam. Miriam? É, não lembra? Estudou mais um ano na mesma escola que nós, antes de a gente se mudar. Em outro horário, acho que era à tarde. Só que eu não lembrava mesmo. Então, Capítulo 1 havia se estendido um pouco mais em minha vida, e eu nem soube mais sobre ela. Em que outras páginas poderia tê-la encontrado sem minha pesada, incômoda, paralisante timidez? Mas, claramente, nada disso tinha agora a menor importância. Porque estava prestes a ler-viver outro capítulo que me acontecia: a Marjorie. Trecho de “Projeto esvanecendo-se” ***
Poeta em Destaque: Idemar de Souza Nossas Vidas – XV Tem naturezas angelicais o Cravo e a Florbela. Calam, ao se imiscuir o ser humano, que se crê inteligente, mas que finge, que maldiz e fere... e, nunca indulgente. Ó, navegantes... cuidem-se! Seus olhos, mudos, falam! Vive de iludir, a natureza, àqueles que na vida, amam! Chego a pensar que viver não vale, mesmo, a pena... Ah... filhos meus! Só nos resta a miserável cantilena dos seres esquecidos... É tempo dos que bramam... dos crentes... daqueles que se propõem ser operosos... Eu... nada mais posso! Foram-se os meus dias de altivez... Só almejo um cantinho, que não empate aos persistentes caminheiros... a menos que a mim ampare, outra vez, meu Deus... a derradeira! Mas, apesar dos meus correntes desenganos, ao morrer, legarei minha paixão aos amorosos! 16 Revista Ponto & Vírgula Abril/Maio/Junho 2022
Foto: Anderson Ottani
Poeta em Destaque: Arthur Gregório Valério
Pintura por Karsten Würth
Melan-cólico A noite eterna já se achega a mim, onde reino no peso de olhos que não se fecham, nem descansam, pois não podem. E não podem pois são olhos, e olhos só podem ver o que há à vista. E com olhos assim, tão vivos, meu sono é só a indiferença da celeste orbe, desfalecida no perdão de Deus, abandonada à própria escuridão que nunca a deixará. Nos seus três infernos, coração a dentro, mergulho ao túmulo, de onde sem porquê, a vida brota em metades sem face e sem nome. E então, o que me resta? E então, oh, Deus! Ser imenso de corpo in-concreto, a Vós deixo minha confissão, que é pensar a vida no meu pecado sem choro e sem volta. No meu mal, que é ter olhos que enxergam e mãos que tocam abismos de águas proibidas na velha brisa fria, que corria menina pela tarde de ontem, a levar consigo o sol antes vivo, onde padeço de uma vista funda que sabe demais, e que não me deixa esquecer o peso do mundo, entre as dores de parir a consciência, em que nasci e de quem sou o pai. Por isso, oh, Mãe! O que restou de ti? Pois se me permites, dá-me de volta meu par de asas negras, para que eu carregue esse corpo saturnino, e preso as coisas da terra, para longe do barulho dos homens, porque só habito bem embaixo da estrela, na toca do corvo, acima do horizonte, e afogado na dureza do chão. E se me perguntas pelo que sinto comigo, Mãe, isto é ver coisas além das coisas. É saber que os trilhos da vida não chegam à terra do amanhã, no amanhã em que já sozinho, no desencanto, depois do fim de um silêncio, me pego a desprezar a perfeição das ciências e da sua natureza.
E sem aceitar que um dia, Mãe, morremos nós dois, Eu e tu. Saio aos tapas com a vida. Vida, em que reino, no peso de olhos que não se fecham e em um coração sóbrio que não descansa. ***
Cochilo Fogo na mata Garganta que arde e esmaga um crânio seco Para nascer grama sobre o osso morto, O musgo nas costeletas da criatura homem, viva outra vez, depois de tanto, depois de tudo Porque sendo terra, guardou suas larvas medíocres e divinas, junto do segredo úmido daquela velha constelação de abismos inúteis Sob o oceano em que nasceu, e de onde vieram todos os seres E para onde voltarão todas as coisas Pois eis-me aqui, no útero surdo de um planeta árido O vento é outro O tempo é nada E se tudo já foi dito sobre o perene Me calo E sussurro ao léu o indiferente Magnético pulso Que pulsa na gente Um coração de ferro Sob a estrela de sangue Em um trem sem capitão Que os homens desviaram do caminho Noite abaixo, sol adentro, onde sem brilho, nos sobrou a luz Em saudades da nossa eterna escuridão. ***
Abril/Maio/Junho 2022 Revista Ponto & Vírgula 17
Encontro Cultural, com Irene Coimbra, no Hotel Nacional Ah, como é bom poder voltar aos nossos encontros presenciais! Com certeza, dia 14 de maio de 2022, será inesquecível para todos que participaram do nosso Encontro Cultural no Hotel Nacional! Fomos brindados com duas mini palestras, “Poesia, Desejo e Psicanálise” pelo Prof. Dr. Wlaumir Souza e “O Glúten e Eu”, pela Profa. Dra. Conceição Lima. Uma belíssima exposição de artesanato das artesãs Denise Farb, Renata Mian, Anete Sabioni e Vera Migliorini. Uma belíssima exposição de quadros e livros de Nely Cyrino, Marcos Moreira, Conceição Lima, Irene Coimbra, Adriano Pelá, Alciony Menegaz, Perce Polegato e Wlaumir Souza. E, para finalizar, bingo livro e um delicioso café da tarde! Momentos de pura descontração, quando todos foram premiados com livros e peças de artesanato! Uma tarde inesquecível, mesmo!!! Vejam algumas fotos!
Natal Aparecido Bortoliero, Irene Coimbra e Denise Farb
Adelaide Ferrioli, Eliane Dandaro, Cecília Mendes, Perce Polegato e Wlaumir Souza
Idemar de Souza, Adriano Pelá, Marcos Moreira, Nely C. de Mello e Alciony Menegaz
Arte Sacra de Anete Sabioni
Nely Cyrino de Mello
Conceição Lima
Artesanato de Vera Migliorini
Marcos Moreira
Renata Mian
Denise Farb
18 Revista Ponto & Vírgula Abril/Maio/Junho 2022
O amor suporta tudo, ou quase tudo Por Fernando de Oliveira Cláudio
O
amor suporta quase tudo. Amar é acei- é descoberto. Se não há amor próprio, como dividir tar o outro por completo, com as suas sentido e direção? Para viver um amor por inteiro limitações, defeitos e fraquezas, isso é preciso amor próprio, e depois aceitação, autosim é amor. Entretanto, amar não é aceitar tudo. conhecimento e noção, do que é importante, indisAmar também é dizer não, impor limites e rechaçar pensável e do quanto é preciso doar para receber. aquilo que fere, machuca ou contamina. O amor é O amor não sobrevive em solo erodido. O teruma equação com resultado inesperado. Esperar a reno precisa ser lavrado antes do plantio. A lei do mesma intensidade, reciprocidade e quantidade é amor é a semeadura, você planta e colhe, e às veilusão. A balança não funciona assim. Uma das par- zes, a colheita não sai como você esperava. tes sempre vai oferecer mais do que a outra, isso Quando os frutos são outros, é preciso entené natural. Aceitar o outro como ele é, é a parte der que não houve tempo perdido, mas lição que mais difícil da relação. Quem ama busca uma rela- não pode ser repetida, e aprendizado. Às vezes, é ção equilibrada e foge da tormenta pois sabe que o preciso dizer não, para não cometer os mesmos amor suporta quase tudo. erros do passado, ou aceitar menos do que você Quando falta vontade, há desequilíbrio. E quan- merece. do há desequilíbrio é fácil desistir do amor. PoSe o fim bate à porta, sem tentativa, defesa ou rém, empregar esforço unilateral para manter um tratativa, se o que realmente existiu foi amor, o relacionamento é uma escolha difícil, e cada caso maior ato de amor próprio, e amor por inteiro, é é um caso. O casal que deixar o outro partir e "Amores rasos são covardes. Culnão cuida da relação, ser feliz. Desejar o bem desperdiça tempo convi- tivam mágoa, ressentimento, indi- a quem parte é atitude vendo juntos. O tempo ferença e ilusão. Viver um amor por nobre. O amor não deve é um bem escasso e não ser mendigado, amar não inteiro só é possível depois que o há motivo para desperé obrigação. diçá-lo. Para alimentar a amor próprio é descoberto." O amor é feito de eschama do amor e o fogo colhas, e cada um deve da paixão é preciso descobrir diariamente o outro, fazer a sua. O amor é transparente e os sinais estão aprender, reconhecer, compartilhar e ensinar. presentes na vida. É preciso abrir os olhos e o coraAmar não é se jogar por inteiro em amores ra- ção para perceber se o que existe é fogo ou paixão, sos, em meios amores. Isso é desejo. Amar é uma porque se realmente for amor, ele não sobrevive a medida exata, ponderada, uma porção que deve ser amores rasos. Se não for amor, o barco afunda na entregue a quem promete zelo e respeito. Amar é primeira tempestade. Amar é muito mais do que jogar no lixo tudo aquilo que fez mal no passado. pele. Amar é dizer não, é entrega, espaço, soma e Investir em uma nova relação carregando traumas, divisão. E quando o amor é real, ele suporta tudo, dores e feridas não cicatrizadas é besteira, e tem- quase tudo. po perdido. O amor é um sentimento puro. Quem ama decanta o que é impuro e entrega somente o *** que é bom. Cabe ao outro aceitar ou não, aquilo que foi entregue. Amor também é espaço, soma e divisão. Amores rasos são covardes. Cultivam mágoa, ressentimento, indiferença e ilusão. Viver um amor por inteiro só é possível depois que o amor próprio Abril/Maio/Junho 2022 Revista Ponto & Vírgula 19
SARAU DE LANÇAMENTO
58a. REVISTA PONTO & VÍRGULA FOTOS POR FRANCINE RODRIGUES
Irene Coimbra apresenta 57a. revista Ponto & Vírgula com homenagem à poeta e educadora Maris Ester A. Souza
Irene Coimbra e homenageada Maris Ester A. Souza
Adriano Pelá, Luzia M. Granato, Nilza Pelá, Maris Ester A. Souza e João Cechetto
Wlaumir Souza, Cecília Mendes, Irene Coimbra, Perce Polegatto, Maris Ester A. Souza e Valéria Mattar
Nice Forti e seus quadros
Idemar de Souza, Maris Ester A. Souza, Irene Coimbra, Nely C. de Mello, Alciony Menegaz e Conceição Lima
20 Revista Ponto & Vírgula Abril/Maio/Junho 2022
Maris Ester A. Souza, Nice Forti, Helena Agostinho, Irene Coimbra, Leonor Barros e Sônia Abreu
Maris Ester A. Souza, Adélia Ouêd e Irene Coimbra
Agenor Filho e Irene Coimbra
O músico Ben-Hur
Heloísa Alves, Maris Ester A. Souza, Júlia, Irene Coimbra e Agenor Filho
Alciony Menegaz, Nice Forti e Irene Coimbra
Wlaumir Souza, Cecília Mendes, Perce Polegatto, Maris E. A. Souza, Irene Coimbra, Valéria Mattar, Júlia e Agenor Filho
Convidados celebram mais um Sarau Ponto & Vírgula Abril/Maio/Junho 2022 Revista Ponto & Vírgula 21
Eventos em Destaque: Junho em Ribeirão Preto De 02 a 30 de junho: Primeira exposição fotográfica, de Maria Helena Zeotti, no Espaço Cultural Bauhaus Brasil: “Palavras Fotográficas e Brasilidades”. Belíssima mostra de imagens e excertos de poemas da artista francana. As imagens oferecem o descanso, a beleza e a singularidade das cenas do dia a dia que clamam por visibilidade e afeição na Sociedade do Cansaço.
Dia 02 de junho: Lançamento do livro “O Homem e sua Caminhada” do empresário e escritor, Rui Flávio Chúfalo Guião. Rui Flávio é membro e secretário geral da Academia Ribeirãopretana de Letras.
Dia 11 de junho: Lançamento dos livros “Pétalas que exalam perfume” e “Mulheres e Homens Diamantes”, de Luzia Madalena Granato.
O MELHOR DA NATUREZA EM SUA MESA Frutas nacionais e importadas do produtor para sua mesa. Atacado: (16) 3638-7464 Ceagesp (Rod. Anhanguera, KM 322, GPB Box 07& 09) Varejo: (16) 3632-4794 Rua Bernardino de Campos, 621 Email: frutao@superig.com.br
22 Revista Ponto & Vírgula Abril/Maio/Junho 2022
Abril/Maio/Junho 2022 Revista Ponto & Vírgula 23
E U D ES TA Q EM FO TO
Castelo de Courances, França 24 Revista Ponto & Vírgula Abril/Maio/Junho 2022
Foto: Aline Cláudio