Maio/Junho/Julho Ano 8 | Edição 51 Distribuição Gratuita ISSN: 2317-4331
PONT & VÍR ULA
ALCEU BIGATO A poesia simples e rica de um sertanejo
À Menininha Loira Vera Regina Marçallo Gaetani
Enigma Jugurta de Carvalho Lisboa
Ó menininha loira, olhinhos escuros, assustados, cabelos emaranhados por falta de quem pentear. Quem foi, assim, te largar nos pátios mal assombrados? Quem pôde assim te abandonar? Alguém que ainda não ouviu teus soluços sufocados na noite que não dormiu. Alguma pessoa grande que não acredita em papão e nem sabe que as crianças também sofrem solidão.
Palavra, tal qual a verdade, seu reino é abissal. Mergulhar nos seus mistérios, é transpor os caminhos da loucura. De onde viemos? Para onde vamos? Silencia a verdade: sem palavra.
Vera Regina Marçallo Gaetani, era romancista, contista, cronista e poetisa. Mulher forte, religiosa, divinamente inspirada e pura sensibilidade. Sua literatura, assim como sua alma, profundamente sensível, foram marcantes na vida de muitas pessoas.Vários livros publicados e, entre eles, “Cantos, Contos e Crônicas” Tinha seu Cantinho Literário na página sete da Revista Ponto & Vírgula, onde sempre compartilhava da beleza de suas crônicas e poemas e encantava a todos os leitores. Uma das maiores apoiadoras da Cultura! “Tudo que fiz foi por idealismo. Assim continuarei até o fim de minha vida”, dizia ela. E assim foi! Vera Regina faleceu dia 1º de junho de 2020. 2 Revista Ponto & Vírgula Maio/Junho/Julho 2020
Jugurta de Carvalho Lisboa mineiro de Cássia, (1933) ali viveu até 1944. Depois, vários pousos e decolagens, entre Minas, São Paulo e Rio de Janeiro, neste último, durante 31 anos. Em 2004 mudou-se para Ribeirão Preto onde se casou em segundas núpcias com Ely Vieitez. Encontrou na terceira idade, outros horizontes que o conduziram à reformulação de hábitos. Aos 80 anos nasceu o sonho de publicar um livro. O tema escolhido foi sua própria vida. Recolheu os cacos guardados no fundo de seu baú e os desnudou em forma de Literatura Testemunhal: “Do Fundo do Baú” – Editora FUNPEC. Faleceu 24 de maio de 2020.
ÍNDICE MAIO/JUNHO/JULHO
Maio, junho e julho chegaram e, rapidamente, se foram. A terrível Pandemia Corona vírus continua firme e, parece, tão cedo não irá embora. Ninguém sabe como terminará tudo isso. O que sabemos é que mortes e mais mortes são anunciadas a todo o momento, apesar de médicos, enfermeiros e todos os profissionais da saúde estarem envolvidos nessa luta insana e na linha de frente contra essa pandemia. O mundo inteiro sofrendo. No Brasil, a corrupção continua em ação. Muitos estão sendo investigados e presos, ora por desvio de dinheiro, ora por superfaturamento em respiradores e medicamentos, que eram destinados, exclusivamente, à Saúde. Uma vergonha nacional. Uma tristeza imensa! A fome anda rondando por toda parte. Felizmente, para alimentar nossas almas, temos poetas, escritores, músicos e artistas, em geral! Eles nos ajudam a tornar esse mundo mais suportável, nesse momento difícil. Parabéns a todos vocês! Parabéns, Alceu Bigato, poeta e compositor sertanejo que, com toda sua simplicidade, vai espalhando amor e poesia por onde passa! É por essa razão que, com muita alegria, o destacamos e o homenageamos como capa de nossa revista nesse trimestre. Como bem disse o professor e escritor, Sérgio Kodato: “Como poeta sapiente e professor da vida bem vivida, de coração aberto, Alceu nos ensinou, dentre outros encantos: “Sorria sempre para a vida. Porque nova vida aguarda a nossa chegada.” Desejamos a você, leitor/a, uma boa leitura e fica o convite para juntar-se a nós!
Foto: Natan Ferraro
Pág. 1 Capa: Alceu Bigato Pág. 2 Escritores Inesquecíveis Pág. 3 Índice, Editorial e Expediente Págs. 4 - 5 Matéria de Capa Pág. 6 Poetas em Destaque Pág. 7 Ando precisando aquietar-me - Raul Ramos Neves de Abreu Pág. 8 Poetas em Destaque Pág. 9 Ameaçava um vento e logo se ia... - Perce Polegatto Anúncios - Apoio Pág. 10 Mini poemas Pág. 11 Cantinho Literário de Bridon e Arlete Pág. 12 Minhas lembranças e minhas dores - José Antônio de Azevedo Pág. 13 Artistas Plásticos em Destaque – A poesia através da arte Pág. 14 Jubileu de Porcelana da UEI – João Nery Pág. 15 Publicidade Pág. 16 Foto em Destaque - Aline Cláudio
EDITORIAL
Irene Coimbra | Editora
EXPEDIENTE Direção Geral: Irene Coimbra de Oliveira Cláudio - irene.pontoevirgula@gmail.com Edição: Ponto & Vírgula Editora e Promotora de Eventos | Diagramação: Aline Cláudio Impressão: Ribergráfica - A Cor da Qualidade | Fotos de Capa e Matéria: Guilherme Oliveira Anuncie na Revista Ponto & Vírgula. Associe sua marca à Educação e Cultura! Mídias: Impressa, Digital e Audiovisual. Publicidade e Venda: Irene – (16) 3626-5573 / WhatsApp: (16) 98104-0032 Tiragem: 1 mil exemplares Maio/Junho/Julho 2020 Revista Ponto & Vírgula 3
Os artigos assinados são de responsabilidade do autor. A opinião da revista é expressa em editorial.
ALCEU BIGATO Poeta e compositor sertanejo
Florada do café
Nem toda matança é má
Minha água é de poço, eu mesmo faço meu pão. Às vezes o meu almoço é farinha com feijão. Até hoje minha luz é um velho lampião. Nem por isso o bom Jesus saiu do meu coração.
Existem coisas que matam, mas que têm muito valor. Os lábios matam desejos de um desvairado amor. Beleza mata espinhos, por isso espinhos têm flor. A anestesia mata o efeito terrível da dor. O gato mata o rato, quem quer matá-lo é o cachorro. Na briga sou bom de fato, comigo é mato ou morro. A letra “M” é má, ao mencionar matadouro Mas “M” das matas , é o “M” que vale ouro. A água mata a sede, o feijão mata a fome. Quem mata o chute é a rede, e a bola, do jogo não some. O homem quer matar o tempo, o tempo mata o homem. Quem fuma, seu pulmão é sobremesa, do pulmão que o cigarro come. O cloro mata o germe, o inseticida, o inseto. Tem alguns paquidermes, que nos mata de susto, o aspecto. Alunos que matam aulas, não são estudantes corretos. O “Z”, não sei se ele mata, mas é o fim do alfabeto.
Não tenho casa luxuosa, tenho rancho de sapê. Eu não tenho mar de rosa, mas tenho a força da fé. Pra mim, qualquer mão é mão. só ando a cavalo e a pé. Minha maior atração é a florada do café. A vida é coisa sagrada, não viso bens materiais. Eu nunca reclamo de nada, acho que tenho demais. Meu jardim não é de plástico, tenho flores naturais. O meu mundo é fantástico, repleto de amor e paz. Adoro o mundo atual, no avanço do dia a dia. Sou muito grato ao Mobral, me ensinou o que eu não sabia. Sou amigo do progresso e da tecnologia. Só uma coisa eu lhe peço: não esqueça a agronomia.
4 Revista Ponto & Vírgula Maio/Junho/Julho 2020
Por Marli Bigato (filha) Alceu Bigato chegou!!! Quando? 01/01/1939 Onde? Fazenda da Glória, Jardinópolis/SP É sertanejo? - Sim!!! É “um forte”? Sim!!! Sobreviveu a tétano, aspiração de película de café e acidente de trabalho. É plural? Sem dúvidas! Foi “jardineiro” nas plantações de café. Já “curtiu” muito a vida, inclusive em um curtume. Abrilhantava as sessões de cinema em Jardinópolis com seu carrinho de pipocas. Foi químico na Cia. Antárctica Paulista. É microempresário. Pergunte aos alunos do CEMEI Virgilio Salata quem é o “tiozinho” do doce. É mágico, malabarista, artesão, lapidador: as palavras “que o digam”. Plantou árvores (ainda planta). Planta poesia. Plantou uma família. Por Sérgio Kodato Alceu Bigato, nosso grande poeta, sertanejo, músico, performer essencial do Ponto & Vírgula é, “antes de tudo, um forte”, parafraseando Euclides da Cunha: “não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. É o homem permanentemente fatigado. Reflete a preguiça invencível, a atonia muscular perene, em tudo: na palavra remorada, no gesto contrafeito, no andar desaprumado, na cadência langorosa das modinhas, na tendência constante à imobilidade e à quietude. Entretanto, toda esta aparência de cansaço ilude. Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. Basta o aparecimento de qualquer incidente lhe exigindo o desencadear das energias adormecidas. O homem transfigura-se. Empertiga-se, estadeando novos relevos, novas linhas na estatura e no gesto; e da figura vulgar do tabaréu canhestro reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinárias”. Como poeta sapiente e professor da vida bem vivida de coração aberto, Alceu nos ensinou, dentre outros encantos: “Sorria sempre para a vida. Porque nova vida aguarda a nossa chegada”. Sua criatividade sempre esteve voltada para a variação linguística, para a análise dos contornos icônicos e expressivos presentes nos textos de música sertaneja, na poesia do lirismo da roça, nas preocupações do cotidiano urbano, os quais nos informam sobre a referência na norma gramatical, a riqueza lexical e a inspiração na escolha das palavras no processo da produção textual. Esta perspectiva contempla um escritor dotado de sensibilidade que busca trabalhar seu talento em prol do aprimoramento estético, ético, moral e espiritual de sua comunidade. O conjunto de sua obra poética e literária é a expressão do nosso tempo contemporâneo. Priorizando a estética da sensibilidade, o autor procura estimular a criatividade, o espírito inventivo, a curiosidade pelo inusitado, a afetividade, para facilitar a constituição de identidades capazes de suportar a inquietação, conviver com o incerto, o imprevisível e o diferente.
Maio/Junho/Julho 2020 Revista Ponto & Vírgula 5
POETAS EM DESTAQUE
Catadora de Conchas
Pandemia de amor
Luzia Madalena Granato
Nice Forti
Nesta madrugada, em meus sonhos, enxerguei estrelas do mar. Sonhei andar descalça, na aridez da areia do mar, catando conchas. Nas conchas podem-se encontrar pérolas. Sou catadora de conchas. Acordei feliz! Tomei café da manhã, pensando no inverno seco que chegou, e na cidade de meu encanto: Ribeirão Preto! Assim vivo de lembranças onde fui feliz. Estou esperando o orvalho que virá na relva do jardim. Meu universo é de paixão e amor pela vida. Sei que o mundo dá voltas. É Deus que faz tudo.
A arte, que doce alento! Pode também ser a cura, um desenho, uma poesia, uma bela escultura! Tem quem dança, quem declama e se expressa na pintura. Neste momento, reclusos, ou, talvez, em liberdade, leia, dance, ouça música, namore, ore... Exercite habilidades. Arte é um remédio! Um pouco de arte por dia faz o amor virar pandemia.
Nostalgia
Meu mundo pequeno
Nely Cyrino de Mello
Maria Auxiliadora Nogueira Zeoti
Nesta hora de crepúsculo em que a tarde se espreguiça e o sol, aos poucos, se despede... Ao som da Ave Maria, a melancolia me invade. Nesta hora, em que o céu, devagar, escurece, bate aquela saudade. Meu coração se enternece e, na prece do Santo Anjo, esquece as dores passadas. Espero o eclodir do luar e o explodir de estrelas douradas.
Constelações se acomodam, formando esboços, luzindo, traçando. Girando, girando, prosseguindo nessa órbita Universal. Via Láctea dos sonhos, centelhas e fagulhas são meus sentimentos. Diamantes cravados. Minh’alma, meu ser.
6 Revista Ponto & Vírgula Maio/Junho/Julho 2020
POETA EM DESTAQUE
Ando Precisando "Aquietar-me!" Por Raul Ramos Neves de Abreu
São tantas preocupações do dia a dia! Nem um mínimo tempo temos para pensar. São desentendimentos diversos, daqui e dali. Já não se sabe o que é melhor, se o manifestar ou o aquietar. Ando precisando aquietar-me! Necessitamos um Relacionamento Humanizado mas, que funcione. Em oportuno momento, talvez, o tenhamos. E temos tantas limitações, mesmo com as qualidades! As qualidades, que só nós já sabemos. Ando precisando, muito, aquietar-me! Esse Relacionamento Humanizado que funcione, como poderíamos alcançar tais implícitos? Andamos muito estressados. Como progredir? Ouvir, compreender, respeitar, aconselhar ou ignorar? Estamos cansados, não queremos falar sobre tais temas. Muito já foi dito, mais do que deveria para essa espera. Como resolver tantos dilemas? Como resolver sem um Relacionamento Presencial? Avaliar na prática, pois há a Inteligência Emocional? Essa sim, carece do Relacionamento Presencial! Ando mesmo, ninguém sabe o quanto, mas ando precisando AQUIETAR-ME! Não se busca um Relacionamento Perfeito, mas sim, um que funcione, apesar das diferenças, sem necessário tanto esforço, para isso ser compreendido, mas sim, a União entre o Comportamento Ético e os cuidados. Sim, os cuidados humanizados que atendam aos anseios de quem busca! Preciso Aquietar-me! Mas... não! Não é fácil o “só meditar”. É preciso confiança, empatia, vontade, atitudes, mas, mesmo que triste, não sabemos por onde começar. Enfim, talvez, só mesmo a presença que funcione. Perseveremos, na prática, pois a Espera irá recompensar! Não! Não vou aquietar-me!
Quadro por Marcelo Romani Borges Araujo
POETAS EM DESTAQUE
Procura
Nossas Almas
Adriano Pelá
Ben Baruch
Primaveril idade... Desde então busquei algo que não sabia. Ânsia indefinida. Indefinidos desejos. Muitas conquistas, nunca o bastante. Sempre uma falta, um vazio mas, afinal, encontrei! Livros escolares!!! Véus que se levantam! Respostas à vista! Abre-se estrada livre, lisa. Agora sim, deslizo...
Ah! Se eu pudesse te encontrar e me guiar pelos jardins secretos do teu corpo! Navegar suavemente... Sentir teu perfume e teu gosto. Deixar que a luz da lua iluminasse meus caminhos em ti... Ir ao encontro de tua alma, entre carícias e devaneios, entrelaçar nossas almas, lentamente, e bailar a melodia do amor e do prazer em sermos um.
Nossa Vida III
A lágrima pode ser...
Idemar de Souza
Fernanda R. Mesquita
Desse choro, que me dizes que resiste, deprimido, sabendo ser possível que o nosso amor ardente se consume um dia, tão sonhado, tão candente, te confesso: desse mal também eu tenho sofrido,
A lágrima faz parte da alma; pode ser a ternura que há a ter para um desabafo que acalma, uma dor que queremos esquecer.
E quantas vezes me disseste, se preciso esperarias, quando acenando eu partia de esperança renovada mas despencando o teu choro a revelar-te desolada, compelia-me a apressar as nossas doces fantasias.
A lágrima é sentimento, a coragem que pode levantar, alguém em dor e sofrimento quando perde o medo de chorar.
Ouve-me, eu te asseguro, bela dos sonhos meus: não. Como negar-te o meu amor! Dou-o a ti, que seja agora e para todo o sempre, minh´alma de luz, a exalar fulgor.
A lágrima perde a emoção Quando às vezes cai em vão no rosto daquele que a alma pobre tem;
Como andei à procura dessa chama! Nenhuma, embora, como a tua, me movesse. Crê-me, pois: o meu amor não se irá, como as ondas fugidias, que lá vem e já se vão!
aquele que chora com falsidade, usa a lágrima com maldade e lagrimeja... rindo de alguém!
8 Revista Ponto & Vírgula Maio/Junho/Julho 2020
AMEAÇAVA UM VENTO, E LOGO SE IA... Por Perce Polegatto
A
meaçava um vento, e logo se ia, em forma de sopro delicado entre as folhagens. Desci para atender, abri a porta, desconfiado. Ela sorriu fácil. Oi. Eu também, receptivo. Então, é aqui que ela mora? Você é o marido dela, certo? Sim, vamos entrar. Brigada. Ah, que casa linda. Lançava os olhos ao redor. Quase farejava. Eu não a conhecia: era Liliane, amiga da Marjorie. Andava tranquila, confiante. Pequena, pele clara e saudável, nariz pontudo, queixo triangular, certa distância entre o lábio superior e as narinas, lembrando algum roedor dos bosques. Brilho em seus olhos, como se lacrimejassem o tempo todo, alegres – ouvi dizer que pessoas assim são muito inteligentes, transbordam parte do que não lhes fica contido, convertido em lágrimas positivas. Sorriso bonito, simpatia treinada. Qualquer coisa ali me dava lembrar de como eu sempre tentava me aproximar e me afastar das mulheres, desde um passado imemorial de mim mesmo, quando, nas cantigas infantis, os meninos e as meninas exercitavam seus pequenos destinos: entrarás na roda ou ficarás sozinho. E o menino emburrado reafirmava suas teimosas convicções, sempre em guarda, em seu poderoso silêncio. Não tenho medo dessas musiquinhas de vocês, não ligo de ficar sozinho, não quero saber de rimas. Ela recebe a mesma predição: entrarás na roda ou ficarás sozinha. Mas agora é diferente, ela responde, reage, rege: sozinha eu não fico, nem hei de ficar, pois eu tenho esse menino para ser meu par! – e o aponta decidida, divertida, também poderosa dentro de si mesma, autoridade apoiada por seus anéis de brinquedo. (Agora, os anéis são de verdade. Ainda assim, com risco de se quebrarem.) Mas eu não quero ter um par, não quero ser seu par nem par de ninguém, pouco me importa isso tudo, as criancices e as ameaças e as bruxarias. E essa mulher me entra com esse aroma de folhas, e outras como ela continuam brincando de roda, põe aqui o seu pezinho, põe aqui ao pé do meu, e eu sei que sempre há muitos motivos para um menino se arrepender. (Do romance “Projeto esvanecendo-se”) APOIO:
O MELHOR DA NATUREZA EM SUA MESA Frutas nacionais e importadas do produtor para sua mesa. Atacado: (16) 3638-7464 Ceagesp (Rod. Anhanguera, KM 322, GPB Box 07& 09) Varejo: (16) 3632-4794 Rua Bernardino de Campos, 621 Email: frutao@superig.com.br Maio/Junho/Julho 2020 Revista Ponto & Vírgula 9
MINI POEMAS Foto Eu... Ely Vieitez Lisboa
Elegância Adriano Pelá
Quadrinha Marly Marchetti
Eu, Pandora, mulher sem deuses procuro agora, na minha caixa, lá onde nenhum bem restou, tateio o fundo, busco a Esperança e vejo, triste, que nem ela ficou.
Elegância Ser, parecer, Sutil Arte. Para poucos naturalmente.
Envolta em pensamentos, recostada no meu eu, vou rabiscando a vida, nesse mundo que é só meu.
A resposta Irene Coimbra
Pranto Jô Feijão
Doce gosto que, nascendo, logo explode nessa estrada que inebria. Traz o sol do novo dia, e a alegria é infinita. Vem com o vento, enche o espaço e o coração.
Perguntei-lhe: - Chicotearam sua alma e continua assim tão calma? Olhando-me nos olhos, respondeu: - Não se revida, quando se tem a alma dolorida. Primeiro elimina-se a dor depois, indiferença total ao agressor.
De uma lágrima nasceu o pranto. Esse pranto fez-se sorriso. Nesse sorriso teu semblante pronto Ao teu olhar deu-se o encanto. No encanto do pranto, teu sorriso é vida!
Come, dorme Idemar de Souza
Enfim Marlene Cerviglieri
Soluços Nely Cyrino de Mello
Estive adoentado. Mas não me fui, e curei-me, enfim. Mas tornei-me um "come dorme", um vagabundo, assim... Ora estou comendo, ora estou dormindo!
Viver, sonhar, chorar... Depois, um sonho de amor, a solidão... Enfim a esperança findou. Um sonho de amor que não se realizou.
Nas ondas das deslembranças, afogam-se esperanças. No desabraço, a não despedida. O vento açoita o barco, o barco enruga a água, soluçando a desavisada partida.
O amor Maria Auxiliadora N.Zeoti
10 Revista Ponto & Vírgula Maio/Junho/Julho 2020
CANTINHO LITERÁRIO Por JC
Bridon & Arlete Tretini Studio Cine Foto Mary
Encanto JC Bridon
Alvorecer Arlete Trentini dos Santos
O Sol dança, a natureza encanta, o véu desce, a noite aquece!
Meus pensamentos viajam... Vão da terra até o céu. Vão girando pelo mundo, parecendo um carrossel.
Ruídos ruidosos, inebriam a canção. No peito um grito forte, ecoando na escuridão.
Mas com a caneta e papel, misturo os sentimentos, jogo palavras ao vento, colho muitos cumprimentos.
Passam passantes agitados, que se acotovelam na agitação dos ora, engrupados atores, em construção.
Hoje semeio palavras, sementes de bem viver. A colheita é obrigatória, a cada alegre alvorecer.
Calam-se as vozes, apagam-se as luzes, o silêncio ronda a madrugada, cansado da noite, em evolução.
Do livro: Alinhavando Poesia – Pág. 64
Do livro: “O Poeta e a Vida” – No trilhar sereno da saudade – Pág. 88
Aquarela por Jean Hand Triol
Maio/Junho/Julho 2020 Revista Ponto & Vírgula 11
MINHAS LEMBRANÇAS E MINHAS DORES! Por José Antônio de Azevedo
M
eus primeiros passos, no caminho da vida, foram solitários. Meu pai era muito severo. Com apenas sete anos tinha que me levantar as quatro da manhã, tratar dos porcos e galinhas, buscar água na mina, a trezentos metros de distância, ladeira abaixo, e levar o almoço, para meu pai, na roça. Depois caminhava cinco quilômetros, até a estação, para pegar o trem para a Escola em Cândia. Na volta para casa, pegava o trem às 18h e, com o escuro da noite, sozinho, com medo dos morcegos e assombração, por caminho estreito e mata virgem de serrado, andava mais 5 km, até chegar em casa. Aos onze anos de idade tive que me deslocar até Pontal para encerrar o ensino elementar. Levava o almoço num caldeirão de dois litros, fazia a refeição na loja de tecidos do ELIAS JORGE GEBARA, assistia à aula, almoçava e voltava para o grupo, onde ficava até à tarde. Estes foram os meus passos da infância com o incentivo do Turco, dono da loja. Na adolescência, no Bico de Pontal, na Lagoa Preta e na Fazenda Floresta. Eu era o reizinho da meninada, o sabichão que sabia ler, escrever e fazer conta. Com namoradas era ingênuo, tímido. Na Lagoa Preta, onde meu pai cuidava de quatro alqueires de roça (algodão, arroz, milho e feijão) ele deu-me a incumbência da turma de peões de empreiteiro ( gente de má índole, desordeiros, fugidos da polícia). Levantava-me cedo, servia a cachaça e café (arrocho forte), levava-os para o canavial, ajudava o cozinheiro, levava o almoço, administrava o serviço e tinha que suportar peões e fiscal da fazenda. Tive três namoradas (Lourdes, Lilinda, Deolinda (vê-lá-se-vou-casar-com-pé-rapado) e três noivas (Carmem, Nadir, Ruth). Me casei com Ruth e com ela convivi 44 anos harmoniosamente. Faleceu, repentinamente, com aneurisma abdominal. Com a atual esposa, Elsa, namoramos e noivamos pela Internet. Estamos convivendo agradavelmente há 17 anos, graças a Deus. Meus lazeres são quase todos pela natureza: nas excursões, por exemplo, minha preferência é por florestas e praias: Floresta Amazônica, Praias de Pitangueira no Guarujá, Suarão, Itanhaém , Ubatuba e Caraguatatuba ( no norte SP). Tenho passado boas férias nas praias nordestinas (Aracaju, Maceió, João Pessoa, Natal, Fortaleza, e, por aí vai). Isto tudo eu desfrutei após Ser Audito Fiscal e até uns quatro anos atrás. Hoje já não tenho mais este prazer em virtude da minha idade 84 anos e saúde com artroses até nas costelas, dois quadris implantados, três pontes de safenas e marca passos cardíacos, reumatismo, sinusite, artrite e outros itens mais, três hérnias de disco e uma compressão de medula lombar, surdez severa. Agora atacou-me o joelho direito e coluna cervical que sequer consigo andar uns cinquenta metros com bengala, mas como motorista dirijo até á Bahia, como tenho dito, mas verdadeiramente ainda vou à Campo Mourão no Paraná a 700 km. Meu problema maior nisto é entrar e sair do carro.
José Antônio de Azevedo iniciou-se na vida literária aos 65 anos, quando começou a usar o computador como instrumento para escrever e arquivar seus escritos. Escreveu e editou, de forma independente, os seguintes livros: Sentido da Vida; Transição; O Homem no Mundo, O Coração Infarta Quando Chega a Ingratidão, Comendo Fogo e Cuspindo Cinzas e Seguindo os Passos no Caminho da Vida. 12 Revista Ponto & Vírgula Maio/Junho/Julho 2020
ARTISTAS PLÁSTICOS EM DESTAQUE 1
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1. Adriana Dantas 2. Magali Camacho 3. Cléa Lobato 4. Salua Saleh
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6 5. Leila Castelan 6. Waldomiro Abbondanza
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7. Tito Lobo 8. Marcelo Toffoli 9. Patrícia Vicente
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10.Luciane Lima 11. Sônia Albuquerque 12. Actaquecita
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A UNIÃO DOS ESCRITORES INDEPENDENTES (UEI) DE RIBEIRÃO PRETO CELEBRA SEU JUBILEU DE PORCELANA Por João Nery* E chegamos há 20 anos! Uma chuva fina se derramava sobre o primeiro dia do mês de maio, o terceiro milênio batia-nos à porta, era o ano de 2000. Naquela tarde de outono, um grupo de jovens poetas ribeirão-pretanos se juntava para exaltar a mais elevada das artes, a POESIA. Daquele encontro memorável, nasceu a União dos Escritores Independentes (UEI). É oportuno salientar que a gênese dessa organização vem da experiência vivida por seus criadores nas oficinas literárias promovidas no Projeto Grandes Empresas na Literatura, desenvolvido nos três últimos anos da década de 1990, pela Secretaria de Cultura de Ribeirão Preto, com a coordenação da poeta, historiadora e ativista cultural Cristiane Bezerra. Tal feito é a comprovação inequívoca de que o Poder Público pode, sim, ser fomentador cultural, bastando, para tanto, sensibilidade e vontade política. O tempo passou... e lá se vão duas décadas de ininterrupta atuação em prol da cultura, com a revelação de novos talentos, a organização de saraus e a publicação de antologias, entre outras empreitadas igualmente dignas de louvor. Há, ainda, que se ressaltar as constantes buscas e trocas de conhecimentos que, sobremaneira, têm contribuído para o amadurecimento artístico e intelectual de todos os envolvidos, seguindo, assim, à risca os desígnios que nortearam o planejamento dessa Organização: ser útil aos que desejam refletir sobre os matizes do pensar e do sentir neste miraculoso universo da palavra. Nesse percurso, muitos intensificaram sua iniciação na arte da escrita poética, outros são antigos e conhecidos caminheiros da senda. Se estes merecem lisonja pela persistência, aqueles pela busca do aprimoramento. Certamente a UEI seria apenas mais uma sigla não fosse a dedicação e o companheirismo dos seus integrantes. A propósito salientou o velho Aristóteles, “Nada é tão próprio aos amigos quanto a convivência na igualdade da estima recíproca”, o que corrobora a nossa convicção de que a amizade é, assim como a poesia, das experiências humanas a mais sublime. PARABÉNS, UEI, pelo seu jubileu de porcelana! Em breve nos abraçaremos e juntos celebraremos este marco singular com o lançamento de mais uma antologia. *João Nery é escritor e poeta, membro-fundador da UEI
Sarau da UEI, na Biblioteca Sinhá Junqueira, dia 15 de fevereiro de 2020 14 Revista Ponto & Vírgula Maio/Junho/Julho 2020
Maio/Junho/Julho 2020 Revista Ponto & Vírgula 15
E U D ES TA Q EM FO TO
Foto: Aline Cláudio 16 Revista Ponto & Vírgula Maio/Junho/Julho 2020