Março/Abril Ano 8 | Edição 50 Distribuição Gratuita ISSN: 2317-4331
PONT & VIR ULA
POESIA EM CENA A delicadeza poética de doze mulheres fortes
2 Revista Ponto & Vírgula Março/Abril 2020
ÍNDICE MARÇO/ABRIL
Foto: Natan Ferraro
Pág. 1 Capa: A delicadeza poética de doze mulheres fortes Pág. 2 Publicidade Pág. 3 Índice, Editorial e Expediente Págs. 4 - 5 Matéria de Capa Pág. 6 Poetas em Destaque Pág. 7 Cantinho Literário de Vera Regina Marçallo Gaetani Pág. 8 Poetas em Destaque Livro "Dupla Face" de Fátima Moreira Mello Pág. 9 Poeta em Destaque: Raul Ramos Neves de Abreu Admita - Ben Baruch Pág. 10 Bebê Borboleta – Irene Coimbra Pág. 11 Cantinho Literário de Bridon e Arlete Pág. 12 O mistério da cripta - Isolino Coimbra de Oliveira Pág. 13 30 anos da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto Maris Ester A. Souza Pág. 14 Os professores repreendiam-me, estranhavam... - Perce Polegatto Sobre pastos verdejantes e mansidão - Fernando de Oliveira Cláudio Pág. 15 “Aline, por terras das maravilhas" - Fernanda R. Mesquita Artista Plástica em Destaque: Luciane Lima Pág. 16 I Mostra "Mulher", em homenagem ao mês da mulher Págs. 17 e 18 Sarau de Lançamento 49a. Revista Ponto & Vírgula Pág. 19 Publicidade Pág. 20 Foto em Destaque - Aline Cláudio
EDITORIAL
Março, o Mês da Mulher, chegou! E, para comemorá-lo, Artistas Plásticos de Ribeirão Preto e região, se reuniram no Centro Cultural Palace, de 7 a 14 de março, para a I Mostra de Arte Mulher! Outros eventos também estavam programados, mas, repentinamente, eis que chega a ordem para isolamento social. O Coronavírus, surgido na China, havia atravessado todas as fronteiras e se tornado numa terrível Pandemia. Milhões de mortes, anunciadas a todo o momento, fizeram o mundo parar. Quarentena mundial! Todos confinados em suas casas. Chegou abril e a quarentena continuou... Não sabemos quando, nem como, acabará tudo isso. O que sabemos é que, enquanto vivermos, nossa missão não pode parar e, mesmo isolados socialmente, continuamos trabalhando firmes. E, para provar, aqui estamos com a 50ª Revista Ponto & Vírgula e nossa homenagem a doze mulheres muito especiais em nossa cidade. Mulheres que representam todas as outras! Mulheres educadoras, mães, avós, que se agigantam e jamais cruzam os braços ou se acovardam em momentos difíceis! Nas páginas 4 e 5, conhecerão um pouquinho de cada uma delas e, de 6 a 20, se deleitarão com os poemas, crônicas, contos e fotos de nossos escritores, poetas e artistas que aqui compartilham a beleza de suas obras, tornando esse isolamento mais suportável. Parabéns, guerreiras e guerreiros!!! Desejamos a todos uma boa leitura e, ao terminá-la, possam ter suas almas alimentadas e fortalecidas para continuarem na luta do dia a dia, com a certeza de que nada acontece por acaso. Irene Coimbra | Editora
EXPEDIENTE Direção Geral: Irene Coimbra de Oliveira Cláudio - irene.pontoevirgula@gmail.com Edição: Ponto & Vírgula Editora e Promotora de Eventos | Diagramação: Aline Cláudio Impressão: Ribergráfica - A Cor da Qualidade | Fotos de Capa e Matéria: Guilherme Oliveira Anuncie na Revista Ponto & Vírgula. Associe sua marca à Educação e Cultura! Mídias: Impressa, Digital e Audiovisual. Publicidade e Venda: Irene – (16) 3626-5573 / WhatsApp: (16) 98104-0032 Tiragem: 1 mil exemplares Março/Abril 2020 Revista Ponto & Vírgula 3
Os artigos assinados são de responsabilidade do autor. A opinião da revista é expressa em editorial.
Mulheres que se destacam na Educação, na Literatura, nas Artes Plásticas e na Música Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher (8 de março), a Revista Ponto & Vírgula homenageia doze mulheres fortes. Mulheres que andam sempre de cabeça erguida e se orgulham de suas histórias. Marly Zeo Maldonado Marchetti é natural de Ribeirão Preto. Formou-se em Magistério e exerceu a profissão por alguns anos. Formou-se em Música, pelo Conservatório Carlos Gomes, especialidade em piano. Escreve desde a adolescência. Membro da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto. Autora dos Livros: "Gotas que formam um rio", "Meu Caderno de Poesias", "O Uni Verso e Eu" e "A vida é uma poesia". Dumara Piantino Jacintho, professora, artista plástica, fez cursos de desenho, materiais e técnicas de pintura. Ilustrou as capas de livros de diversos autores. Participou como escritora de várias antologias. É membro da Casa do Escritor e do Poeta de Ribeirão Preto e Coordenadora do Grupo de Médicos Escritores e Amigos “Dr. Carlos Roberto Caliento”, junto com seu marido, Dr. Nelson Jacintho. Leda Pereira, licenciada em Letras é escritora, com dois livros publicados: "Perfil de Mulher", lançado em 2005 e "Lembranças", em 2015. Ambos compostos de poemas, contos e crônicas. Participou de várias antologias. Membro da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto e também fundadora da UEI - União dos Escritores Independentes de Ribeirão Preto. Simone A. K. Neves, portuguesa, mas nascida em Beirouth – Líbano. Radicada no Brasil há mais de quatro décadas. Formada em Artes Plásticas e em História e Filosofia da Arte, Mestre em Reiki, Terapeuta Floral do Dr. Bach e Arte-terapeuta. Tem três livros publicados com trabalhos em Artes Visuais, além de um livro de Poesias. Agraciada com o título de Cavaleiro Oficial Das Artes Plásticas pela UNAP. 4 Revista Ponto & Vírgula Março/Abril 2020
Nely cyrino de Mello é pedagoga, escritora, poeta, membro da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto, da Academia Ribeirao-pretana de Educação e da Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto. Livros publicados: "Abro as mãos", "Velha Eu?", "Histórias da Vó Lili", "Histórias que a vovó não contou" e "Poemas em Caleidoscópio". Participa de várias Antologias. Elisa Alderani, nasceu na Itália. Mudou-se para Ribeirão Preto em 1978, onde reside até hoje. Em 2008, publicou "Flores do meu jardin - Fiori del mio Giardino", edição bilíngue. É membro da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto, União dos Escritores Independentes, União Brasileira Escritores e da União Brasileira de trovadores. Participação em mais de 50 antologias. Coleciona importantes prêmios. Alciony Menegaz, desde sua infância tem sua vida dedicada às artes como cantora, pintora, compositora, assim como sua dedicação à escrita. Participa de várias Antologias. É membro da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto, da União dos Escritores Independentes, Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto e do Grupo de Médicos Escritores e Amigos “Dr. Carlos Roberto Caliento”. Marlene Bernardo Cerviglieri, é escritora, poeta, membro da Academia Ribeirão-pretana de Educação, Academia Ribeirãopretana de Letras, Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto, União dos Escritores Independentes, Grupo de Médicos Escritores e Amigos, “Dr. Carlos Roberto Caliento”, entre outras. Livros publicados: "1ª Coletânea de Histórias Infantis", "Contos, Poemas e Encantos", os mais recentes. Helena Aparecida Ferreira Agostinho é ativista cultural, Presidente da União de Escritores Independentes – UEI, membro fundador da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto, membro da Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto, do Núcleo de Contadores de Histórias da Fundação do Livro e Leitura, do Portal do Poeta Brasileiro e da Academia Nacional de Letras. Autora do livro "Desvendando a Poesia". Heloisa Martins Alves, é professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira e Portuguesa. Coautora do projeto Combinando Palavras, desenvolvido na Escola Estadual Otoniel Mota. Vice-presidente da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto. Membro União dos Escritores Independentes de Ribeirão Preto, da Academia de Letras e Arte de Ribeirão Preto e Projeto Incubadora Cultural. Maris Ester Aparecido de Souza é natural de Ribeirão Preto, onde reside. É professora de Português, poetisa, escritora e atual Presidente da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto. Membro da UEI – União de Escritores Independentes, União Brasileira de Escritores e ALARP – Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto. Autora do livro "Vestida para a Humanidade – Nua para o Criador." Ed Lemos, iniciou seus estudos musicais de piano e de acordeom, ainda menina. Estudou canto, violino e flauta doce. Tocou na Segunda Bienal de Música Contemporânea, no Rio de Janeiro, com maestro Guerra Peixe. Graduou-se em violino pela UNAERP, em 1981. Em 1986 formou o Conjunto Musical Ed Lemos, com o qual realizou centenas de eventos. É membro da Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto. Março/Abril 2020 Revista Ponto & Vírgula 5
POETAS EM DESTAQUE
Fráguas
Matriz Poética
Nely C. de Mello
Alceu Bigato
De onde vem tanta água que em minha “rua” deságua? Que torrente é essa que tantas rugas escava? Para que tanta água se a sede não aplaca nem as fráguas apaga? Toda essa água nem mesmo as chagas enxágua. Que corra para o seu “mar” e carregue toda a mágoa.
Com destino a Ribeirão Preto, pode até escolher carona. Pra voltar, não tem. Ninguém quer voltar. Ribeirão Preto nos aprisiona na única prisão do bem-estar. Nunca foi Califórnia brasileira. Não é bom elogio exagerado. Ribeirão Preto, cidade hospitaleira, desde antes dos shoppings e do Rei do Gado. Nos bares da cidade, ele e o Rei do Café, tema de várias músicas sertanejas, Ribeirão Preto foi e ainda é responsável pelo melhor chope e cerveja.
Brado
No Olimpo
Adriano Pelá
Idemar de Souza
Quisera eu ser livre, para em um cavalo alado, percorrer prados e campinas, voar entre nuvens e ravinas, entre montes e colinas, entre mares e praias, entre coração e razão, entre desatinos e pesar. Finalmente, ao me cansar, pôr fim ao voo, apear e dormir, não sonhar, não voar. Em horizontal vegetar, sem variações. Na monotonia do não viver, só existir. Só existir? Não me basta. Quero voar!
Convidou-me o Deus Apolo a ir viver no paraíso, no Olimpo, de ambrosias e de néctares, nas alturas. Por que não, se tu vives num inferno de agruras, se não te exporás a nenhum iminente prejuízo?
6 Revista Ponto & Vírgula Março/Abril 2020
Ah, se eu pudesse! Oh, pobre homem! Quem me dera usufruir dum mundo assim encantado, de riqueza imensa, opulento, em que se escandaliza a infinita beleza lúbrica de Atena, de Afrodite, de Ártemis e de Hera, e cada uma em transparente organdi que as revelasse meio desnudas, luxuriosas, de excitante sensualidade e, diante delas, esse terrenho exultante, feito gente! E o que será diriam, todas elas, desse ser concupiscente? - Como é tolo esse terráqueo! Que rude, que ingenuidade! Pelo menos, se de um rei, uma coroa de ouro, ele portasse...
Nata
Regina Marçallo Gaetani
O Alerta da Natureza
Foto :
Por Vera
n Fer raro
CANTINHO LITERÁRIO
Naquela manhã de sol que parecia ser bela, um pequeno rouxinol pousou na minha janela. Surpreendeu-me seu trinado repleto de melancolia! Estava desafinado com a beleza do dia. Falou-me em nome das flores, das florestas e animais, contando-me seus temores de não existirem mais.
A nuvem embrulhou o sol que se negou a brilhar, solidário ao rouxinol que não quis mais chilrear.
Os mares andavam bravios ameaçando vinganças a esses homens sem brios autores de tantas matanças.
O dia que prometera ser lindo ficou cinza, triste e frio, deixando um desgosto infinito carregado de fastio.
“Eles nos deixam atônitos brincando de explosões. Manejam mísseis atômicos como se fossem rojões.”
A noite desceu tenebrosa sem estrelas, sem luar. Parecia estar furiosa querendo nos assustar. Ouvi um cachorro uivando em meio à escuridão. Vi corujas revoando, nada mais... só solidão.
Pintura: Aimee Bramall
POETAS EM DESTAQUE
O Artista
Doce mel
Maria Luzia Misuraca Graton
Luzia Madalena Granato
Há milhares de anos vive desenganos coloridos, como pincéis no pano. De maneira mágica, coloca bonança numa vida trágica. Traz esperança a quem perdeu, durante a vida, o sabor do que viveu. Vai ao céu, busca a lua, troca cascalhos da rua, por pedras preciosas. Às vezes, por engano, o belo pelo profano. Que a água é de prata e que o amor não mata. Tudo em meio do nada. Vê o sol na madrugada e a manhã que não chega. Canta o vento que corre, levando a onda espraiar. Olha a virgem que chora, ouve pecador confessar. De quem é esse dom de tudo recomeçar, demudar, viver e amar, que nos faz sorrir e chorar? É do artista, do poeta, que faz, a cada tempo, a vida se transformar.
Espero seu doce mel, nesta boca molhada, nesta alma que sofreu desilusão e romantizou a vida. Hoje tenho a certeza, fiz tudo por amor. Catequisei e agradeço ao Criador por esta força. Resta a amizade. Não quero mais indiferença. Conversas no WhatsApp são frias. Amando-me estou, com essa paixão louca, que me faz cantar, dançar, recomeçar, esperando você, que é meu princípio, meu fim, me acalma e, forte, me faz sua. Meu corpo espera você no aconchego, e depois de todo gozo. descansar nossos pés cansados.
PONTO & VÍRGULA RECOMENDA Livro: Dupla Face
Autora: Fátima Moreira Mello "Uma obra na qual retrato um olhar voltado para a criança, o jovem e o adulto. Quero aqui, caro leitor amigo, retratar um olhar diferenciado para uma sociedade que carece de cuidados aos olhos de uma mãe ou pai, ou instituições que vem para dar suporte a uma sociedade. E que esses órgãos competentes possam cumprir sua função quando necessário. Ressalto a importância de ficar atento a atos e atitudes do comportamento humano, não de forma destrutiva, mas de maneira atenta e construtiva para transformar atitudes em atos que possam assim transformar as mesmas numa vida, um caminho, uma Luz, aos olhos de Deus, que tudo vê e corrige. A vida é uma passagem onde plantamos e certamente os frutos florescem." Fátima Moreira Mello 8 Revista Ponto & Vírgula Março/Abril 2020
POETA EM DESTAQUE Rio de Lágrimas
Raul Ramos Neves de Abreu Que Rio estranho de águas perdidas, nasce dos olhos na hora do pranto, desliza pelas faces, em lágrimas sentidas, protesto silencioso do desencanto! Quantas vezes ensaia nos olhos, Janela D'Alma, quando se agitam no íntimo, tão reais, as lembranças queridas que a saudade espalma, e o passado cruel, não devolve mais! O último baile, o calor dos corpos unidos, no quase abraço ao som das valsas dolentes, outros pares ao redor, conversas aos ouvidos, rosto no rosto, lábios tão pertos, ardentes... Depois, os encontros à luz do Luar, as conversas inocentes de namorados, olhos nos olhos, desejos a palpitar, no descompasso de corações apaixonados! Que estranho rio de águas perdidas, quando a alma sonhadora fica magoada, na procura inútil das lembranças queridas, que vivem apenas na Imensidão do Nada! *****
ADMITA! por Ben Baruch Admitir que estamos apavorados, e cresceremos em coragem. Admitir que não temos o conhecimento, e nós aprenderemos. Admitir as nossas fraquezas, e nos tornaremos mais fortes. Admitir nossos erros, anulando toda e qualquer tentativa de lançar culpa em alguém, e cresceremos numa perspectiva nova e positiva. Admitir que estamos confusos, e começaremos a alcançar entendimento. Admitir que estamos feridos, e iremos experimentar o início da cura. Admitir que não sabemos o que fazer, e em breve estaremos fazendo o que realmente devemos fazer. Admitir que não sabemos o que dizer, e logo estaremos dizendo a coisa certa. Ser honesto consigo mesmo, com outros e com a vida pode ser algo difícil e intimidador para algumas pessoas. Não existe contudo nada que possa atingir mais positivamente o coração do Eterno Deus do que o fato de nos desarmarmos completamente diante Dele, concordando com Ele a respeito daquilo que realmente somos. Faça um bem enorme a você no dia de hoje: simplesmente admita! Março/Abril 2020 Revista Ponto & Vírgula 9
HISTÓRIAS DE IRENE Por Irene
Coimbra
Bebê borboleta
U
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Foto: Daniel e Maura Penha
m dia desses, admirando algumas fotos sobre pássaros e borboletas, no Facebook, mais precisamente na página do músico e fotógrafo, Daniel Penha, me deparei com essa foto, tirada e legendada, por ele: bebê borboleta! Foi o bastante para eu voltar à minha infância e reviver um momento de terror que ficou gravado para sempre, em minha mente. Morávamos em Itirapuã, uma cidadezinha tranquila do Estado de São Paulo, onde, no centro, havia a Praça da Igreja Matriz, toda circundada por árvores e uma larga calçada. Um dia, voltando da escola para casa, tagarelando alegremente, com minha amiguinha Toinha, ao passarmos por aquela calçada, embaixo das árvores, uma lagarta enorme caiu em minhas costas. Toinha viu e começou a gritar: - Um mandruvá!!! Um mandruvá nas suas costas, agarrado no seu casaco!!! Naquele momento a alegria acabou. Entrei em pânico e comecei a gritar desesperadamente. Ela gritava: - Tira o casaco!!! Tira o casaco!!! Eu, apavorada, não conseguia me mexer. Quanto mais ela gritava, mais petrificada eu ficava. Então, um tanto atrapalhada, não sei como, ela conseguiu tirar meu casaco e o jogou no chão. Depois, com um graveto, desgrudou o mandruvá do casaco e o esmagou. Comecei a tremer sem parar, tamanho o terror que se apossara de mim. Jamais me esqueci daquela cena e, desde então, sempre sinto arrepios ao ver uma lagarta. Hoje, não foi diferente. Ao ver essa foto, senti arrepios, mas, o engraçado é que, ao mesmo tempo me senti enternecida pela lagarta. Talvez pelo fato de Daniel tê-la denominado “Bebê borboleta” e pela legenda: “Precisamos aprender que estamos em uma dimensão dual onde o despertar se dá através do contraste ... se você ama a borboleta deverá amar também a lagarta.” Daniel Penha Olhei para a foto, mais uma vez, reli a legenda e fiquei meditando sobre ela, durante muito tempo. Lembrei-me do que me disse uma amiga, ao comparar nossa vida terrena com a de uma lagarta: - Nós, disse-me ela, somos como lagartas e, tal como elas se transformam em borboletas, um dia nos libertaremos desse corpo, nos transformaremos em seres espirituais e nossa visão do mundo não será mais a mesma.
CANTINHO LITERÁRIO Por JC
Bridon & Arlete Tretini Mulher Arlete Trentini dos Santos
Studio Cine Foto Mary
És tu mulher amada que tens a palavra censurada, a alma calada, a cara pintada, mas não desistes de nada. Finges-te de cega, calas e consente, mesmo que teu pensar seja totalmente diferente. Tens a força universal, a grande paz espiritual. De todo mal desacreditas, por isso te chamam bendita.
Do livro: Alinhavando Poesia – Pág. 15
"Rainbow" por Agnes Cecile
És dona de muitas vontades, mas as escondes, é bem verdade. Tens muita sabedoria, com isso, geras muitas alegrias.
Com humildade tudo será mais fácil JC Bridon Isto é algo que devemos adquirir com nossas experiências de vida. Viver com humildade não significa deixar tudo à vontade, não se preocupando com mais nada. O fato de tentarmos ser humildes não significa ficarmos nos rebaixando e nos tornando fracos. Ser humilde é conquistar o seu valor, sem atrapalhar ninguém na caminhada. Se acharmos difícil levar a vida do jeito que a estamos levando, devemos procurar saber o motivo e procurar descobrir se o orgulho não está se sobrepondo aos verdadeiros valores. Por isso, a procura da perfeição, com humildade, é e sempre será o melhor meio para se viver com dignidade e quando isso ocorrer, poderemos ter certeza absoluta de que somos merecedores do amor divino. Este é o grande passo para a concretização de todos os nossos sonhos. Do livro: Casa do Anjo – Pag. 99 Março/Abril 2020 Revista Ponto & Vírgula 11
O MISTÉRIO DA CRIPTA Por Isolino Coimbra de Oliveira
Ao ver um risco no céu Fiquei a ponderar, Como surgira lá no alto Sem ter avião no ar? Em minha mente confusa, Aquela linha difusa Exercitou meu pensar. Na minha divagação Vi-me ao alto elevado, Para o traço luminoso Fiz o distante traslado, Pois desejava saber, O que estava a ocorrer, Naquele espaço afastado. O meu voo, em pensamento, Teve breve duração e, Em menos de dez segundos, Subi pra imensidão. Assim, na fração de tempo, Transladei no firmamento Pra ver tal aparição. Mas antes de descrever O que vi no advento, Preciso assentar aqui O voo do pensamento, Já que ali vislumbrei Coisas que jamais pensei Que havia no firmamento. Em meu primeiro avanço Na rapidez do pensar, Fui envolvido no alto, Por um esquisito ar, Eram bolinhas de neve, Que minha mente descreve, Como as espumas do mar. No percurso transitório Do meu ágil pensamento, Sem demora eu entrei
Em um outro regimento, Eram estrelas em filas Como que formando vilas, Nas vias do firmamento. Também pude observar, Em minha veloz passagem, Uma espécie de montanha Compondo aquela paisagem, Onde as estrelas brilhavam, Tudo ali iluminavam, Dando às sombras, linda imagem. Na rapidez do pensar, Eu via o risco estático Mas por mais que eu avançasse Por aquele céu galáctico, Eu ficava sem ação Pela admiração Que me deixava cismático. Mas, por fim, pude anotar E ponho nessa escrita, Foi ver um anjo voando Sobre a montanha descrita, No meu veloz pensamento, Pude naquele momento Segui-lo até uma cripta. Aquilo ali na montanha, De altura abismal, A mim parecia ser Um cemitério espacial, Ali no cosmo indicado, Por um risco apontado Para algum olho anormal. No movimento que fiz Para o anjo eu seguir, Dei entrada pela cripta, Sem pensar onde sair. Um fato se deu então, Quando se fez um clarão
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E, vi nele o Céu surgir. O risco que lá da Terra Eu pude bem avistar, Era a indicação segura, Para no céu eu chegar. A cripta ali na montanha, Era a porta, a ser ganha, Para no céu habitar. Num resumo deducente, À bem da filosofia, Pude, com aquele traslado, Saber o que não sabia: Que para o céu encontrar, Tem que na cripta entrar, Tendo um anjo como guia. *** APOIO
30 ANOS DA CASA DO POETA E DO ESCRITOR DE RIBEIRÃO PRETO Por Maris Ester A. Souza
I
dealizada por vários escritores de Ribeirão Preto, a Casa do Poeta e do Escritor, fundada em 1990 pelo professor e trovador Nilton Manuel Teixeira, pelo poeta e trovador Capitão Dr. Othniel Fabelino de Souza, pelo poeta e trovador Capitão Dr. Luiz Oliveira Passos e pela Associação dos Militares e Oficiais da Reserva (AMOR), completou, no dia 22 de abril, seus 30 anos! Durante esses trinta anos, a Casa tem se mantido firme, promovendo saraus, entrevistando escritores e alicerçando a palavra em tudo que promove. Aberta ao público, com entrada franca, a CPERP recebe toda sociedade Ribeirãopretana. Nesse crescimento não podemos deixar de falar de Othniel Fabelino de Souza, poeta e trovador que presidiu a Casa por muitos anos. Homem que se dedicou e ainda se dedica Casa, com esmero e paixão. Por ela passaram muitos escritores como: Jair Yanni (que, como presidente, também buscou inovação para a Casa); Rubem Cione, Miguel Cione, Branca e Elza Mora, Moacyr de Aguay, Nilva Mariani, Edson Malheiros, Aparecido Onofre Pereira, Fernando Costa, Marli Nascimento, Maria Carmem Romero, e tantos outros escritores. Sou membro da Casa do Poeta e do Escritor há 24 anos e há sete anos, como presidente. As reuniões acontecem todo primeiro sábado do mês a partir das 15h. Atualmente, a diretoria assim está formada: Maris Ester A. Souza (Presidente), Heloísa Martins Alves (Vice-presidente), Luzia Madalena Granato (1ª. Secretária), Marlene Cerviglieri (2ª. Secretária) Antônio José Cezar (1º.Tesoureiro) e Odete Silva Dias (2ª. Tesoureira). Como conselheiros, membros fundadores: Cléo Reis, Helena Agostinho, Regina Helena Gomes e Gina Higino. Escritores da região também participam, ativamente, há mais de dez anos. É visível o amor que seus membros têm pela Casa do Poeta e do Escritor. Seu crescimento se faz pelo amor de uns com os outros. Como diz Heloísa Martins: ”Quando a estrela de um brilha, a Casa fica toda iluminada!” A Casa do Poeta e do Escritor fica na Rua Liberdade 182 – Campos Elíseos.
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OS PROFESSORES REPREENDIAM-ME, ESTRANHAVAM... Por Perce Polegatto
O
s professores repreendiam-me, estranhavam que tanto eu pressionasse o lápis sobre o papel. Mais tarde, a caneta. Nunca soube escrever de outra maneira, e não me desenvolvi. O adolescente não podia evitar que os tipos datilografados perfurassem o papel – e os acentos, aspas, vírgulas e interrogações remetiam ao braile, não sem alguma alusão oportuna, minhas dúvidas e escuridão. Não me ocorre, mesmo hoje, a razão pela qual necessito firmar minha escrita, meu código de forças, minha ativa mão, meus dínamos em meio a um mundo insólito e perpassado pela indiferença. O texto é meu objeto, meu homem de argila. E nenhum papel foi jamais suficiente para mim. O registro, resto de uma verdade que me atraísse, não era senão a sobra, a perda. No último degrau do pátio, caderno sobre os joelhos, sozinho ante o muro em cuja base os brotos de hera buscam firmar-se, o menino intui que as palavras se transformam, que se modificam conforme os olhos de quem as considera, que não podem ser transcritas. Que viajam. E se deslocam entre os dias e os gestos, e se dissolvem para germinar, desaparecem como os antigos idiomas e os povos reciclados pela terra. Não existe o ponto-final, nós o inventamos. Para que a frase se detenha. E o texto não se confunda com o universo ou com a sombra. Quando eu despertava, pensava em meu nome como reafirmando que ainda era o mesmo após uma noite inteira de sono. Admirava-me que as palavras estivessem presas às coisas e não caíssem como o ramo seco de uma árvore ou a casca de um ferimento em vias de cicatrização. Que um vento forte não as embaralhasse e essa árvore não passasse a se chamar poste ou cavalo. Um cão, menino. Uma casa, ratoeira. Um homem, pedra. Caderno sobre os joelhos, caneta acrescentando relevos ao papel ordinário. Sinal do intervalo. Antes que o menino se levante e se misture à correria das crianças rumo às salas de aula, onde os professores certamente haverão de estranhar que assim ele pressione a caneta sobre sua única chance. Da coletânea “Lisette Maris em seu endereço de inverno”
SOBRE PASTOS VERDEJANTES E MANSIDÃO Por Fernando de Oliveira Cláudio
N
a vida, quando você repara nos pequenos sinais, nos pequenos detalhes, você entende quais são as mensagens que estão entrelinhas, ou talvez você entenda o significado das coisas como elas são, ou talvez você entenda tudo errado, dependendo de como a mensagem foi transmitida, até porque, como seres terrenos que somos, entendemos as coisas por meio daquilo que vivenciamos, experimentamos ou adquirimos, sob a ótica da realidade, se nada for dito em alto e bom tom e de forma cristalina. Mas com Deus a coisa é diferente. Ele fala por sinais e na maioria das vezes fica difícil entender o que Ele quer dizer, porque ELE trabalha em silêncio e guia os nossos passos mesmo quando estamos perdidos e não enxergamos um palmo a nossa frente na escuridão. Deus é Luz e não deixa ninguém na mão. 14 Revista Ponto & Vírgula Março/Abril 2020
“ALINE, POR TERRAS DAS MARAVILHAS” Por Fernanda R. Mesquita
A
ntes que chegasse a tarde e os sonhos se dispersassem com tempestades imprevistas, Aline "se fez ao caminho". Abandonou a zona de conforto e abraçou o desconhecido. Outros mundos onde, afinal, viviam abraços oriundos de situações diferentes, mas envolvidos em sentimentos comuns a todos os seres humanos. Ao ler as crônicas de Aline, cercou-me o espírito de "Aline por terras das maravilhas". Jovem de elogioso espírito infantil, ávida por aventura, decidiu dizer olá ao mundo para que Aline adulta se permitisse a conhecer o território, onde predominasse o seu eu. Levando na bagagem o amor, o incentivo, toda a educação e influência parental nunca esqueceu que a única forma de chegar ao impossível seria acreditar no possível, que ela e a sua vontade construiriam. Ela aprendera com a sua progenitora que o pré-julgamento dos outros, nada mais era que o ponto de vista deles. Fraco, por sinal, pois primavam pela incapacidade de entender ou aceitar a perspetiva do outro. Eu, como leitora da viagem de Aline fui notando que apesar da saudade e de algumas dificuldades, ela permaneceu no seu percurso, como se tivesse ciente que nada venceria com lágrimas. Na Irlanda apurou a visão de poeta, e usando todos os sentidos apreciou os diversos encontros pelas diferenças, quer fosse primavera, verão, outono ou inverno. O regresso à sua amada Londres e a decisão de por lá permanecer, foi como se dissesse ao seu país natal: não posso voltar para trás, lá eu era outra pessoa. Neste momento preciso de mim como sou. A concretização do seu sonho foi uma resposta à risada do fiscal da roça, onde a sua mãe trabalhara e à da sua colega de carteira. Consagrou-se a ser e não a seguir o misterioso desdém de alguns. Parabéns Aline pela forma como nos relata algumas das suas vivências!
ARTISTA PLÁSTICA EM DESTAQUE
L
uciane Lima iniciou sua Arte em 1990.Apresenta um trabalho influenciado pelo Geometrismo e Cloisonismo. Uma linda mistura acrescida de cores fortes e alegres que expressam aquilo que tem dentro de si. Participou de várias Exposições e Feiras, deu aulas de Pintura e, atualmente, tem seu Ateliê fixado em Ribeirão Preto. Suas obras já foram vendidas tanto no Brasil como no Exterior. Atribui seu dom a Deus. “Cada artista expressa, ou procura expressar, aquilo que tem dentro de si. Ser artista está muito além que saber fazer algo. Está impregnado na alma. O artista se realiza fazendo sua arte, seja ela qual for. Faz da vida uma poesia, transforma, cria, dá formas e cores. Alguém, muito amado, certa vez me disse que eu vivia no "mundo da Disney". Hoje compreendo que isso se dá pela artista que vejo em mim. Meus trabalhos apresentam cores vivas, firmes e fortes. E acho que não consigo fugir disso, mesmo usando as tonalidades pastel, elas acabam se tornando firmes e fortes ao final de cada trabalho. Isso se dá pela essência que há em mim. Pela maneira como vejo a vida e quero passar aos outros, através de meu trabalho. As cores firmes e fortes expressam otimismo e fé, alegria e esperança mesmo quando o coração sangra, diante das circunstâncias adversas que enfrentamos. Recuso-me a permanecer abatida, me prostrar e deixar de viver. A vida é bela, cheia de significado e somos nós que a fazemos assim, por que está dentro de nós e não naquilo que chamam de vida sem o ser.” Luciane Lima Março/Abril 2020 Revista Ponto & Vírgula 15
I MOSTRA "MULHER", EM HOMENAGEM AO MÊS DA MULHER No Centro Cultural Palace. Realização e Curadoria de Luciane Lima
16 Revista Ponto & Vírgula Março/Abril 2020
SARAU DE LANÇAMENTO
49a. REVISTA PONTO & VÍRGULA FOTOS POR
NATHAN FERRARO
Músicos do NDO - Núcleo de Desenvolvimento Para Orquestra, sob a regência de Raphael Heiji S. Fuziy se apresentam no Sarau Ponto & Vírgula
Irene Coimbra apresenta a Revista Ponto & Vírgula - edição 49
As percussionistas: Anita, Raissa e Talyanna
O jovem poeta Raul Aguilera declama seu poema "Escarlate Céu"
A escritora e poeta Marly Marchetti declama seu poema "O Passado"
A artista plástica Luciane Lima prestigia o Sarau Ponto & Vírgula
A poeta Jô Feijão declama seu poema "Poetizar"do livro "Girassóis na Alma"
O artista plástico Serra-Azulense Marcos Rogério, expõe um de seus quadros
O poeta "Adriano Pelá" declama seu poema "Solidão"
Convidados se reunem na noite de 29/02/2020 no Hotel Nacional, para prestigiarem músicos, poetas e artistas
Irene Coimbra e a artista plástica Nice Forti que expõe um de seus quadros durante o sarau
Março/Abril 2020 Revista Ponto & Vírgula 17
Os escritores Idemar de Souza, Shirley Stefani e Perce Polegatto, com a apresentadora e anfitriã da noite, Irene Coimbra
O regente Raphael Heiji fala sobre o Núcleo de Desenvolvimento para Orquestra – NDO
As artitas plásticos Nice Forti, Noêmia Lemos, Luciane Lima, a multi-instrumentista Ed Lemos, Ana Cunha, Hélio Vannuchi e a apresentadora Irene Coimbra
Marly Marchetti, Ed Lemos, Adriano Pelá, Gilda Cintra e Arlinda Rocha estiveram presentes na noite literária, ao lado de Irene Coimbra
Irene Coimbra, a artesã e poeta Sebastiana Laxa, ao lado da Rosana Laxa e o poeta e compositor sertanejo Alceu Bigato
A artista plástica Simone Neves expõe um de seus quadros, ao lado de Irene Coimbra
Luciane Lima expõe um de seus quadros durante o sarau
Ana Cunha, ao lado de Irene Coimbra, e uma de suas obras expostas durante o sarau Ponto & Vírgula
18 Revista Ponto & Vírgula Março/Abril 2020
A família Heiji, Luiz Carlos Fuziy, Marcia Salsani Fuziy e Raphael, ao lado de Irene Coimbra
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E U D ES TA Q EM FO TO
Foto por Aline Cláudio
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