Novembro/Dezembro Ano 6 | Edição 42 Distribuição Gratuita ISSN: 2317-4331
PONT & VIR ULA
ENRICO NERY MAESTRO, FUNDADOR E DIRETOR DA “CIA. VOCAL ENRICO NERY”
2 Revista Ponto & Vírgula Novembro/Dezembro 2018
ÍNDICE NOVEMBRO/DEZEMBRO
Foto: Heloísa Crosio
Pág. 1 Capa: Enrico Nery Pág. 2 Publicidade Pág. 3 Índice, Editorial e Expediente Págs. 4 e 5 Matéria de Capa: Enrico Nery Pág. 6 Poetas em Destaque Pág. 7 Cantinho Literário de Vera Regina Marçallo Gaetani Pág. 8 Preferência Literária - Jugurta de Carvalho Lisboa Págs. 9 A Visita da Velha Senhora - Ely Vieitez Lisboa Pág. 10 Poetas em Destaque Pág. 11 Cantinho Literário de Bridon e Arlete Pág. 12 e 13 Os Tentáculos da Cobra - Alice Soares Valadares Poeta Inesquecível: Cora Coralina Apoio: Frutão Pág. 14 Família, Amizade e Amor - José Antônio de Azevedo Pág. 15 Retrospectiva - Aline Olic Pág. 16 Poetas em Destaque Págs. 17 e 18 Sarau de Lançamento 41a. Revista Ponto & Vírgula Apoio Pág. 19 Publicidade Pág. 20 Foto em Destaque - Aline Olic
EDITORIAL
Eis-nos em dezembro!!! Final do ano! Fazendo uma retrospectiva e análise sobre o que fizemos de bom e o que deixamos de fazer, podemos dizer que, apesar dos obstáculos enfrentados, fizemos o melhor! Estamos felizes! É gratificante saber que a Ponto & Vírgula, revista inteiramente literária, já faz parte da História de Ribeirão Preto! E isso, graças ao trabalho de nossa incansável equipe e ao apoio de nossos colunistas, escritores e poetas que, com seus contos, crônicas e poemas, a enriquecem e, assim, juntos, levamos a beleza para esse mundo tão carente de poesia. Nosso objetivo, em destacar e homenagear alguém envolvido com Educação e Cultura, continua firme e, é por isso que, com muita alegria, destacamos e homenageamos, nesta edição, Enrico Nery! Enrico é merecedor desse destaque e homenagem não só por ser o maestro, fundador e diretor da Cia Vocal Enrico Nery, mas também pelo grande e sensível artista que é! Não apenas um artista, mas um multiartista! É compositor, arranjador , intérprete e músico de rara sensibilidade! Um grande professor de Artes, que vem realizando, desde há muito tempo, um trabalho maravilhoso, como poderão ler nas páginas 4 e 5. Parabéns, Enrico Nery, por tudo que você é e por tudo de bom que faz! A todos os nossos colunistas, apoiadores e leitores, desejamos um Natal com muita Paz, muito Amor e um Novo Ano repleto de sonhos realizáveis. Uma boa leitura a todos! Irene Coimbra| Editora
EXPEDIENTE Direção Geral: Irene Coimbra de Oliveira Cláudio – irene.pontoevirgula@gmail.com | Edição: Ponto & Vírgula Editora e Promotora de Eventos | Diagramação: Aline Olic | Impressão: Ribergráfica - A Cor da Qualidade. Foto de Capa: Lissandra Ribeiro (Estúdio Dona Foto) Anuncie na Revista Ponto & Vírgula. Associe sua marca à Educação e Cultura! Mídias: Impressa, Digital e Audiovisual. Publicidade e Venda: Irene – (16) 3626-5573 Tiragem: 2 mil exemplares Os artigos assinados são de responsabilidade do autor. A opinião da revista é expressa em editorial. Novembro/Dezembro 2018 Revista Ponto & Vírgula 3
ENRICO NERY Texto: Emilia Telma Nery Rodrigues Geron | Fotos: Janaína Leão
Enrico José Nery Rodrigues ou, simplesmente, Enrico Nery (nome artístico), nasceu em Franca/SP, onde reside até hoje. É filho de Emílio Rodrigues Garcia e Enoy Nery Rodrigues. Pai de Bárbara Mariano Nery Rodrigues (25 anos) e Víctor Leandro Nery Rodrigues (21 anos). Artista Plástico, com várias premiações, regente de diversos corais há mais de 30 anos, músico, professor de Artes, licenciado em Educação Artística, compositor, arranjador, intérprete, fundador e diretor diretor da Cia. Vocal Enrico Nery. Durante sete anos, prestou serviço de Técnica Vocal e Interpretação, no litoral do Estado de São Paulo. Atualmente dá aulas de canto e é regente de corais em Franca e Guaíra. Em Franca trabalha com sua Cia. Vocal Enrico Nery e Coral Sementes do Celeiro. Em Guaíra com o Coral Juvenil CEALS – Ana Lélis Santana. Nos corais exerce múltiplas funções: regente, compositor, arranjador, coreógrafo, cenógrafo, figurinista, artista plástico e orientador vocal. Apresenta corais em teatros, escolas, eventos culturais e casamentos em Franca e região. Lugares de sua preferência: Teatro do SENAI e Teatro Municipal de Franca, onde compartilha sua arte, seus aprendizados e vivências de sua alma de artista. Gosta de conversar com amigos, assistir filmes, navegar na internet e criar arte. O mais importante para ele: seus filhos, sua família e seus amigos. 4 Revista Ponto & Vírgula Novembro/Dezembro 2018
Companhia Vocal Enrico Nery
F
“Dragões”, apresentado em 2017 e reapresentado em 2018 (19, 20 e 21 de outubro) no Teatro Municipal de Franca. Espetáculo inquietante para levar as pessoas a uma reflexão em seu mais profundo recanto: a alma. Quem sou? Como me vejo? Quais as minhas escolhas? Qual o meu legado? Sobre esse espetáculo musical assim se manifestou Vera Regina Marçallo Gaetani, presidente e fundadora do Centro Cultural Luiz Gaetani de Ribeirão Preto: “Ontem, dia 19, sexta-feira, fui a Franca assistir "Dragões" com a Companhia Vocal Enrico Nery. Emocionei-me às lágrimas, ao ver o trabalho extraordinário de um artista de uma criatividade, força de expressão e determinação, como nunca havia visto antes. Uma só pessoa realizando tudo que, em geral, é distribuído para umas dez. Cenários, vários painéis, todos pintados à mão. Muitas vezes um verdadeiro "pontilismo" com inúmeros detalhes. Vestiário colorido, e adereços de cabeça, colo e braços. Todos, todos os detalhes. Enredo, textos, músicas, ensaios até chegarem à perfeição. Viajei demais por este mundo de Deus e conheci muitas pessoas de valor, muitos artistas. Jamais, em toda minha vida, conheci alguém com a capacidade única e criativa do Maestro Enrico Nery. Quanto mais o conheço, mais o admiro. Parabéns é pouco, por tudo que ele faz com grande sucesso!”
Foto: Cris Tozzi Fotografia
undada há mais de 25 anos, por Enrico José Nery Rodrigues , seu atual diretor, a “Companhia Vocal Enrico Nery” já se apresentou em várias cidades do Brasil e do exterior. Com repertório eclético, atualmente é constituída por 35 integrantes da comunidade francana. Seu primeiro trabalho cênico, “Sonhos”, estreou em 1997, integrando músicas, indumentárias e coreografias. De lá para cá, a Companhia Vocal Enrico Nery apresentou os seguintes espetáculos musicais, entre outros: “Ameríndios”, com músicas indígenas e da MPB, com o qual ganhou o Mapa Cultural Paulista 2007/2008. “Brasil de todo canto”, espetáculo que se apropria, através de cantos e performances teatrais, das tradições, costumes e superstições de várias regiões do país, despertando no público a vontade de conhecer melhor nossa origem, nossa história, nosso folclore. Premiado, novamente, no Mapa Cultural Paulista 2009/2010. “Memórias D’África”, com músicas em diversos dialetos do continente africano, que retratou sua cultura, sua força e magia, seus encantos e beleza. “Estrelas e Marés". “Xamã”, resgatando a cultura e a memória dos primeiros habitantes ameríndios espalhados por todo o continente, levado em turnê para a Holanda em 2014. “Gaia Mater Mvndi”, agregando temas eruditos, internacionais e de músicas da MPB, celebrando a vida com uma proposta de integração – ser humano e natureza – ao Planeta Azul, a nossa Mãe Terra, abrigo, imenso lar. Com todos os cenários pintados à mão e parte dos acessórios cênicos feitos de material reciclado, o espetáculo evidenciou que podemos criar e recriar, sempre contribuindo com o equilíbrio do planeta.
Por Emilia Telma Nery Rodrigues Geron
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Poetas em Destaque 1
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Alciony Menegaz
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Vera Regina Marçallo Gaetani
Maluquice
Os três abraços
Que coisa, hein? Hoje ao acordar, você me chamou a atenção! Está comigo há 42 anos. Há 42 anos durmo com você ao meu lado. Nunca quis substituí-lo. Jamais pensei em me desfazer de você. Uma coisa lhe digo: acho seu nome estranho, Mas, no meu caso, até que combina porque, tanto tempo assim me servindo... Então, faz sentido: criado-mudo! Apaixonei-me por você desde o momento em que o vi na loja. A cama já foi substituída mais de uma vez, mas você continua firme e forte do meu ladinho. Até o pintei para lhe dar um ar mais moderno. Olha... sabe que eu gosto muito de você?
O primeiro abraço foi banal. Desses que se dá a toda gente num cumprimento informal. O segundo veio num repente, com grande susto e emoção, regendo um grand-final da orquestra do coração. O terceiro... premeditado... com carinho, com ardor, abraço bem apertado, brincando de ter amor. O primeiro foi-se embora da forma como chegou. O segundo ri até agora do susto que levou. O terceiro ainda chora a saudade que deixou.
Adriano Pelá Assédio No meio em que vivemos, o meio termo, o ideal, é o caminho do meio! Consultas aos extremos. À direita, à esquerda, à volta, caminho do meio. Ponderações, ciso. Vida no meio, sociais... Assédios, insuportáveis danos morais. Soluções radicais, caminho do meio, não mais.
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Cecília Figueiredo Por que te chamam de flor? O que haveria na bromélia? - uma confusão de Amélia um broche de amor? Oh, bromeliácia indecorosa de peitos de fora em lança espinhosa por que te chamaram de flor?
Cantinho Literário de
Vera Regina Marçallo Gaetani
Esse Amor Ainda... (A Meu Marido)
Foto: Fúlvia Freitas
...que insiste em permanecer tão forte como no dia em que nossos olhos se encontraram, pela vez primeira, em Curitiba, e pressentiram que estaríamos, irremediavelmente perdidos, sucumbidos, apesar das brigas, apesar das mágoas, das raivas, das decepções, do “eu vou-me embora”, “pode ir se quiser”, mas depois, do “fique, por favor, eu a amo ainda”, e esse “ainda” que insiste em permanecer “ainda”, embora a raiva pela minha toalha de banho sempre molhada (você nunca usa a sua), do seu carro cheio de papelada, amostras de remédios e outros bagulhos (que não têm nada a ver), justo no lugar onde me sento, além das outras coisas espalhadas pela casa na sua eterna desordem; sua falta de horário e minhas implicâncias pelos seus mil compromissos; as suas exigências (eu de plantão permanente), correndo atrás de suas chaves, sua carteira de dinheiro, seus talões de cheque (nunca sabe onde os deixou), das nossas diferenças (elas são enormes), das nossas semelhanças (bem grandes também), das competições, inseguranças, ciumeiras, infantilidades, ameaças inúteis: não mais acreditadas; promessas inúteis: não mais esperadas desse amor que teima em se manter em pé, apesar de tudo, de minhas ironias: “é melhor ficar, quem fará meu imposto de renda?”; do seu descaso pelas minhas realizações, pelos meus sucessos (ciúme ou insegurança?); depois, a surpresa pelos agradecimentos em público ao meu companheirismo sempre presente e seu reconhecimento aos meus valores (onde a verdade?). Por que, por que persiste esse amor ainda? Porque teve de tudo... menos monotonia. Pelos enormes momentos de ternura, jamais esquecidos. Porque, para sua desgraça, eu o amo ainda e, para minha desgraça, eu sei que você me ama ainda. Mas, será mesmo uma desgraça “esse amor ainda?”. Não, enquanto ele permanecer ainda...
Vera Regina Marçallo Gaetani e Luiz Gaetani, no dia de seu casamento
PREFERÊNCIA LITERÁRIA POR JUGURTA DE CARVALHO LISBOA
N
ormalmente, quando se escreve um texto, quer seja literário, jornalístico ou outro gênero qualquer, nota-se uma preferência pelos temas de cunho universal. No entanto, o gosto que determina esta preferência, varia de leitor para leitor. Dentro deste contexto, podemos incluir os textos inspirados em temas baseados em ficção ou em fatos reais que, da mesma forma, são alvos da preferência de cada tipo de leitor. Até aqui, um preâmbulo pertinente ao título do texto. No entanto, meu propósito é tornar esta crônica meramente pessoal, desnudando a odisseia que me levou a publicar o meu primeiro livro. Para isto, posso assegurar que os caminhos que tive que percorrer foram tortuosos e desafiantes. Em momento algum, durante meus setenta e nove anos, passou pela minha cabeça tamanha ousadia. Mas, contrariando esta afirmativa, a insciência da vida, cercada pelos seus devaneios resolveu redirecionar o meu roteiro, levando-me a um outro tipo de mundo, onde jamais havia transitado, que é o fascinante mundo das palavras. Como não se atribui ao acaso uma mudança como esta, é fácil perceber a presença de fatores outros, que foram decisivos nesta transformação. Parafraseando o poeta e romancista Jean Cocteau: “Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”. Muito embora, para se fazer, é fundamental que se tenha algum conteúdo; pois do vazio nada se tira. Todas estas considerações, para levar ao leitor como surgiu o Do Fundo do Baú, minha primeira obra publicada. Para aqueles que ainda não me conhecem, minha iniciação literária foi fruto do alto estímulo que recebi de minha esposa Ely Vieitez Lisboa, cuja apresentação não se faz necessária, pois trata-se de um dos ícones da intelectualidade Ribeirão-pretana. 8 Revista Ponto & Vírgula Novembro/Dezembro 2018
Casados há doze anos, o que não nos falta é o diálogo. Com o devido respeito, como dizem as más línguas, as mulheres superam os homens naquele atributo que se chama curiosidade. E a minha esposa está inserida neste contexto. Como somos dois falastrões, uma das tônicas dos nossos diálogos consiste na invasão dos porões do meu passado para arrancar os causos e estórias que fizeram parte da minha trajetória. Assim, com a abertura do meu baú, sua exploradora deparou-se, segundo ela, com um exuberante e diversificado estoque de fragmentos pitorescos ali hibernados ao longo de sete décadas. A partir de então, fez-me refém de suas constantes pressões em forma de estímulo, para que eu começasse a trasladar para o papel todo aquele material. Esse assédio continuou por um bom período, até que acabei sucumbindo aos encantos da Ely. Foi aí que começou minha odisseia. Senti-me diante de um divisor de águas, onde deixaria para trás uma história de vida toda voltada para as coisas práticas, sem nenhum vínculo com o mundo das letras e, a partir de então, assumia o compromisso de penetrar em um horizonte totalmente desconhecido. Como todo o novo é assustador, este para mim não foi diferente. Aos poucos, em passos lentos, como um simples neófito, comecei a desvendar os mistérios que envolvem os segredos da arte de escrever. E foi assim, que no dia 18 de maio de 2013, nascia meu primeiro filho literário e que na certidão de batismo recebeu o título de Do Fundo do Baú, cuja epígrafe sintetiza o momento de vida do autor e que segue: Quando pensei que a estrada tinha terminado, o horizonte mostrou-me que a caminhada estava apenas começando.
A VISITA DA VELHA SENHORA POR ELY VIEITEZ LISBOA
O
título de meu texto não se refere à fa- é seu caráter inegociável. A morte não contorna, mosa obra-prima da dramaturgia, de não cede, não tem compaixão, não abre exceções, Friedrich Dürrenmatt. Meu comentá- não transige, não faz acordos, conchavos ou conrio não será uma comédia de humor cáustico e luios, não concede moratória. Quando alguém se pessimismo, criticando a alma podre que vive em vai, para sempre, os questionamentos sem rescada um de nós. Refere-se a um encontro marca- postas afloram obsessivamente. E nada há que se do, do qual ninguém foge: a morte. fazer, a não ser aceitar e/ou rezar. Resta um conO inexorável desta realidade, em futuro pró- solo: toda vida vem precedida de morte. Como ximo ou distante, já foi tema de grandes poetas. uma semente que se enterra e, após, explode em Cassiano Ricardo disse, de maneira sábia: “No beleza. momento em que se nasce, já se começa a morNa verdade, não foi a data que me inspirou a rer”. É o aviso que não se pode interromper a mar- escrever. Foi antes, um poema belíssimo de Fercha fatídica para o final. nando Fitas, que acredito Manuel Bandeira, tuser o maior poeta portu"A morte não contorna, berculoso desde sua mociguês vivo. Li, fascinada, seu não cede, não tem compaidade, acreditando que teria livro “Subversiva Liturgia uma vida curta (morreu xão, não abre exceções, não das Mãos”, Prêmio de Poecom 82 anos!), acabou por transige, não faz acordos, sia Cidade de Ourense, ver sua sempre esperada 2017. No poema “Em frente conchavos ou conluios, não morte, com humor. No seu ao seu retrato” (pág. 87) o concede moratória." famoso poema ConsoaPoeta Maior diz: “Dizemda (bela metáfora sobre a -me que morreste, mas eu morte, como se ela fora uma ceia), ele a trata com não acredito / Ninguém morre ficando no coraum quase carinho, usando o famoso epíteto A ção dos seus. / Como é que alguém parte permaIndesejada das Gentes. Chama-a de “iniludível”, necendo ainda na casa que habitou / deixando brinca com o encontro do qual não poderá fugir em cada sala memórias e retratos / e gestos que e dá uma sábia solução: é estar pronto: “O meu perduram sobre o vagar do tempo? (...) os meus dia foi bom, pode a noite descer. (...) Encontrará mortos não morrem. / Mesmo que nada digam, lavrado o campo, / a casa limpa, / A mesa posta, / andam sempre comigo. / Fazem-me companhia Com cada coisa em seu lugar”. para onde quer que (eu) vá”. Por que abordar tal tema? Talvez pelo início Dúvidas e respostas várias, diante do Depósito de novembro, que começa com feriados, como o dos Sofrimentos Humanos. Dia dos Finados. Ou então porque o tema é eterno e universal. Definitivamente, o que amedronta Ely Vieitez Lisboa, Mestre em Letras e Semiótica, pela UNESP. É contista, poetisa, ensaísta, crítica literária e articulista de vários jornais. Membro da Academia Ribeirão-pretana de Educação, da Academia Ribeirãopretana de Letras e UBE. Tem 14 livros publicados. Entre eles: A Senhora das Sombras, Cartas a Cassandra, Replantio de Outono e Tempo de Colher. Novembro/Dezembro 2018 Revista Ponto & Vírgula 9
Poetas em Destaque 1
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Fernanda Rocha Mesquita
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Nely Cyrino de Mello
Instante Fugaz
Espaço descalço
E porque a hora é cansaço, o passo é pensativo e a estrada é lenta. A natureza num sublime saber dedilha nas cordas do vento secando o suor e acalmando as veias do homem e do animal, que, em silêncio e de passo pensativo, pela estrada lenta, vivem os detalhes do retorno ao lar, como quem agarra a vida na hora do descanso... É o instante fugaz entre a labuta cumprida e a que está por cumprir.
Ao compasso descompassado do amor me entreguei. No tom desafinado da canção eu me perdi. Na cor dourada da ilusão sonhei. Na gota que filtra a luz me decompus. Na espuma e na nuvem de poeira e de estrela, enlouqueci. No espaço descalço do seu abraço me libertei. Na palma de sua mão adormeci. No seu olhar me encontrei.
Idemar Souza
4
Nelson Jacintho
Juju
Meu grito
Que falta me faz Juju, no viver desses meus dias. De manhã, já no café, que dor eu resisto a latejar. É a sua ausência! À mesa, o que haveria de faltar? Coisas que servidas eram quentes, hoje são frias!
Quantas vezes gritei ao infinito... Quantas vezes gritei ao mar aberto... Quantas vezes o eco do meu grito, eu ouvi na montanha e no deserto...
Estendida a toalha, que branquinha, bem passada, lá estava, sem manchas de manteiga ou de café. Sinto, às vezes, que à criada, alheia, faltam até cuidados ordinários. A toalha é rota, desbotada.
Queria te encontrar, meu grito aflito percorreu a distância longe e perto... Sucumbiu no silêncio do infinito... No barulho das ruas foi coberto...
O arranjo, que estranho! Um capricho não se tem, e maus presságios, enfadonhos, me exterminam. Tudo, à vista, é bisonho e o que me resta é chorar.
Mas, o meu velho peito se acalenta co’a esperança de um dia te encontrar, na esquina de uma rua barulhenta...
Do guardanapo, que é feito? Talheres não combinam minh´alma se indigna. Que fazer que não seja clamar! Ah Juju! Vêm cá. Volta aqui um só pouquinho... vêm!
Vou viver, a angústia há de passar. A lembrança que trago me alimenta, tenho fé, algum dia hei de te achar.
10 Revista Ponto & Vírgula Novembro/Dezembro 2018
Cantinho Literário de
Bridon e Arlete
Caminho da Felicidade JC Bridon
Studio Cine Foto Mary
1ª Trilha: Saber Perdoar Façamos algo que realmente tocará nossos corações endurecidos por tanto desamor. E, o melhor método ainda, é saber perdoar a nós mesmos e aos outros. Devemos elevar nossos pensamentos, procurando torná-los tão puros quanto for necessário e substituir tudo aquilo que for negativo, por algo mais forte que passe a tudo dominar, como se um comando central apertasse alguns botões de nosso computador mental, e eliminasse de nossas mentes o falso valor que, muitas vezes, atropelam a nossa maneira de viver. Fazer calar a voz que parece se fortalecer e que a ela damos força é a maneira correta de dar o primeiro passo, na libertação total de nosso eu interior, que deseja a todo custo vencer as barreiras que o impedem de caminhar. Dirigir-se àquele que parece o causador da discórdia existente, muitas vezes, causa efeitos indesejáveis. Por isso, esta primeira trilha irá mostrar uma maneira mais tranquila de se conseguir o intento, com a certeza de trazer à realidade algo profundo que muito contribuirá para um desfecho feliz. O perdão, ou o saber perdoar, muitas vezes, parece tão difícil como tentar mudar a maneira de pensar e agir da outra pessoa. Devemos buscar dentro de nós mesmos, palavras que nos elevam à alma, dirigindo-a para ter somente bons sentimentos com relação ao outro.
O diabo se camufla de anjo Arlete Trentini dos Santos
Que mundo louco é esse? Não acho certo criticar ou fazer piadinhas de religiões, credos, culturas ou seja lá o que for. Se cada ser humano cuidasse um pouco mais da sua própria vida e respeitasse a vida dos outros isso aqui seria o paraíso. Mas encontramos gente que parece o Senhor ou Senhora pureza professando, a fé e sendo verdadeiros sepulcros caiados. Verdadeiros lobos em pele de carneiro. O diabo se camufla de anjo. Tem a voz doce, que simulará uma suave melodia aos ouvidos dos menos preparados. Sempre digo que o que nos julga é nossa consciência. Mas todo ser humano tem o livre arbítrio, se tiver sabedoria e decência saberá usa-lo. O céu até pode esperar... Triste é ver que enquanto habitam o planeta terra semeiam o mal e toda semente terá colheita obrigatória, ou para a própria pessoa ou para os seus descendentes. Isso é triste, mas é real.
Novembro/Dezembro 2018 Revista Ponto & Vírgula 11
OS TENTÁCULOS DA COBRA POR ALICE SOARES VALADARES
U
m camelô ajeita suas tralhas no chão. Bugigangas escorregam e, entre elas, uma cobra que olha, misteriosa e enigmática, o entorno e arrasta a cauda, vencida pela ação da gravidade. Neste quase nada, coloca-se enrodilhada, com os olhos em posição privilegiada de faróis, para avistar e ser avistada pelos incautos. Atua como objeto de troca, mas o que é mesmo, é uma isca: a protagonista da cena... da sua própria cena... atraindo transeuntes. Eu, que acordei bem cedo, só para ter mais tempo sem ter o que fazer, caminho sem rumo pelas ruas ainda sonolentas da cidade. Aplico uma estratégia de olhadelas frequentes ao relógio, para tentar segurar o tempo, fazendo-o andar mais devagar, para poder desfrutar melhor daquele “dulce far niente”... Paro, curioso, bisbilhotando, com os olhos, a parafernália do mercador. Olho acariciante a cobra que se apresenta como chamariz, e ensaio uma apalpadela para sentir a textura do corpo, que minha epiderme repele agastada. Volteio em meio aos badulaques, mas o espécime força contato visual. Disfarço, finjo que não percebo, mas um imã puxa minha vista para aquela visão irritante. Os olhares da cobra me entrelaçam, como tentáculos, e acabam por envolver-me num enorme abraço. Repulsa e atração num dualismo paradoxal: sinto-me hipnotizado pelo réptil, mas minha capacidade de deliberar suspende-se numa indecisão, até que vence a atração e me aproprio do animal. Junto, com as pontas dos dedos as duas extremidades, e o embrulho no jornal que levo nas mãos. Enrolo, tateando devagar, sentindo a forma arredondada do bicho. Por via das dúvidas, aperto com punho firme a parte rente à cabeça, imobilizando-a, e coloco o embrulho debaixo do braço. Mantenho segura a presa e ponho-me, em passos 12 Revista Ponto & Vírgula Novembro/Dezembro 2018
largos, em direção à minha casa. Paro à porta, indeciso, procuro um lugar seguro e escondo o jornal sob as plantas. Lá dentro, evasivas e movimentos nervosos traem meu desempenho doméstico, quase pondo a perder meus intentos (ainda que completamente indefinidos) até que chega a hora do trabalho. Sem ideia do que fazer com a estranha aquisição, apanho-a, mesmo assim e saio. Sou o primeiro a chegar à repartição e procuro um esconderijo adequado àquele organismo quase vivo e, nervoso, livro-me da coisa na primeira gaveta que vejo. Remotos pensamentos me forçam a colocá-la em posição estratégica. Fecho a gaveta e procuro entrosar-me no ambiente. Devagar, vou me desaguando na realidade: respostas precisas, cálculos exatos - minha cabeça prescinde de computador - números e letras se misturam na roda viva de fim de mês. Assediado por clientes e funcionários, me envolvo gradualmente (longínqua a manhã daquele dia!) até um clímax onde minha individualidade se perde dentro do cérebro quase eletrônico. Da concentração máxima, sou, de repente, despertado por um pedido banal: qualquer um pede qualquer coisa dentro de uma gaveta qualquer. Olho o interlocutor sem entender e para a gaveta sem enxergar, enquanto um frio me aperta a barriga e esquisita sensação me incita a uma recusa. Sem opção, vejo minha mão atravessar o vazio num movimento feito de flashes intermitentes e intermináveis. Os sons se suspendem, até que, numa reação em cadeia, a gaveta é finalmente aberta. A súbita visão da cobra, armada em bote, confunde minha mente e paraliza meu corpo numa
pose de estátua. A inexplicável surpresa explode num berro e meus dedos agarram o bicho pelo pescoço jogando-o para cima numa sucessiva reação de atração e repulsa que me desvencilha daquela dependência hipnótica. A cobra volteia-se no ar, num requebro mirabolante: tenta alçar voo, metamorfoseando-se de réptil em ave de rapina, mas antes mesmo de desistir do ensaio infrutífero e frustrante, estatela-se no chão, encenando na morte, sua última tentativa de vida... não sem antes instilar o seu
Poetas Inesquecíveis
veneno, me levando consigo por uma viagem insólita e sem retorno. "Os tentáculos da cobra" é crônica classificada entre as finalistas do "I Concurso Nacional de Crônicas José J. Veiga", promovido pela União Brasileira de Escritores, de Goiás, publicada na coletânea das vencedoras e finalistas do mesmo concurso (Goiânia: Edta. Vieira, 2018). *****
Apoio:
Cora Coralina Ofertas de Aninha (aos moços) Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou. Ensinou a amar a vida. Não desistir da luta. Recomeçar na derrota. Renunciar a palavras e pensamentos negativos. Acreditar nos valores humanos. Ser otimista. Creio numa força imanente que vai ligando a família humana numa corrente luminosa de fraternidade universal. Creio na solidariedade humana. Creio na superação dos erros e angústias do presente. Acredito nos moços. Exalto sua confiança, generosidade e idealismo. Creio nos milagres da ciência e na descoberta de uma profilaxia futura dos erros e violências do presente. Aprendi que mais vale lutar do que recolher dinheiro fácil. Antes acreditar do que duvidar. Novembro/Dezembro 2018 Revista Ponto & Vírgula 13
FAMÍLIA, AMIZADE E AMOR POR JOSÉ ANTÔNIO DE AZEVEDO
“Família, amizade e amor” é um trinômio a ser perseguido, a todo tempo, e jamais ser esquecido em momento nenhum para alcançar a felicidade. Para todos os males há remédio, sendo assim, todos os entraves surgidos no caminho dos três elementos podem ser vencidos com paciência, perspicácia e tirocínio. Família é um grupo de pessoas com antecedentes genealógicos e genéticos, composto dos elementos: marido, esposa e filhos, ligados entre si pelo casamento, residentes no mesmo lar. É considerada a célula-mãe da sociedade. Aristóteles (384-322 a.C.) assim a conceitua: "A família é a associação instituída pela natureza para prover as necessidades do homem." Amizade é o sentimento de grande afeição e simpatia entre pessoas, interagindo com apreço, solidariedade e perfeito entendimento. Amor é tudo aquilo que define amizade, acrescentando-se a atração dos amantes pelo desejo sexual, a ternura sentida entre si por parentescos afins e o desprendimento por quaisquer circunstantes. Vivendo essas três essências, a humanidade pode agir de dentro para fora ou de fora para dentro em si própria. Dentre outras ações, deve-se ser corajoso e não ter medo de nada e sequer de ninguém. Máximas de Azevedo O medo é a desconfiança causadora de várias perturbações interiores. O meio para vencer o medo é a confiança em si mesmo e, depois, acreditar nos outros e sentir-se poderoso. Quem possui poder não se queixa de ninguém, nem critica acidamente os governos liberais globalizantes. Tanto a lamentação contundente, como a crítica ácida, atraem cargas negativas contra si próprias, envenenando o corpo e o espírito. A ansiedade que pode resultar desses comportamentos envenenados causa, em consequência, a angústia e esta, a depressão. Da depressão para o desenlace é meio caminho andado. Agindo de fora para dentro em si, as pessoas devem, em primeiro lugar, ter disciplina vital. Tudo que se fizer para o bem do corpo refletirá na alma e as reflexões mentais agirão no corpo. Banhos alternados, com um minuto de água quente e outro de água fria, durante 18 minutos, aliviam o cansaço de um dia intenso de trabalho mental e relaxam completamente a pessoa para reparador sono noturno. Dentre outros benefícios, a água serve como purificador corporal, melhor ainda se for com banho de cachoeira. Andar descalço na terra com pedriscos retira a eletricidade estática do corpo e massageia os pés. Apreciar a natureza, seja uma paisagem campestre, seja o gorjear dos pássaros, descarrega os maus pensamentos da mente. Ouvir música de fina melodia e letra de boa poesia que se possa acompanhar cantando também faz bem à mente e possibilita esquecer a rotina. A música estimula o cantar e incentiva o dançar, dois comportamentos saudáveis que abrem o canal da alegria e provocam emoções. Portanto, viver vida plena é quando se utiliza mais tempo materializando os sonhos do que esperando pela realização deles. Viver com certeza de que se vai morrer qualquer dia, sabendo que cumpriu a missão, é a mais bela das vidas. 14 Revista Ponto & Vírgula Novembro/Dezembro 2018
Retrospectiva Por Aline Olic
Esse ano... Visitei as Pirâmides, a Torre Eiffel e o Panteão. Andei à beira do Nilo, Sena, Tibre e Danúbio. Vi a Rainha, o Papa e até atriz vencedora de Prêmio Oscar. Assisti a um casamento Real. Celebrei 50 anos de casamento de um casal ainda apaixonado. Mergulhei nas belas grutas do Algarve, Portugal. Andei pelo grandioso Coliseu, na histórica Roma, Itália. Me deliciei nos charmosos cafés da encantadora Paris, França. Passeei de barco pelos famosos canais de Amsterdã, Holanda. Empatizei com os sofridos edifícios de Beirute, Líbano. Me emocionei diante da Grande Esfinge, em Gizé, Egito. Assisti à Ópera La Bohème, na magnífica Viena, Áustria. Conheci o Oriente, agradeci ao Onipresente, me decepcionei com muita gente. Conheci culturas, me perdi por lugares, vaguei por outros mares. Esse ano... Disse Adeus a alguém querido que partiu para o Plano Espiritual. Sufoquei a choro inúmeras vezes quando a saudade bateu. Escutei gritos, do chefe egocêntrico e nada cordial. Me desesperei, quis sumir do continente Europeu. Nem tudo foram flores. Nem tudo foram dissabores. E esse ano já chegando ao final, só me resta dizer: A você, um Feliz Natal! 2018, você foi um ano abençoado. 2019, te espero de coração aberto.
Novembro/Dezembro 2018 Revista Ponto & Vírgula 15
Poetas em Destaque 1 1
3
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Luzia Madalena Granato
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Alceu Bigato
Universo
Orgulho besta
És uma forma em ação, batidas do meu coração, descompassado na ânsia de amar. Te peço, calmamente, em versos, que venhas devagarinho e calmo, como o sol que, ao nascer, aquece meu corpo e minha alma. Que sorrias, como raios de luz que iluminam o Universo. Me faças tua, intensa, terna e imensa... Que meu corpo descanse, em repouso, pois o gozo do teu beijo e abraço fez um laço azul e branco, na minha alma deserta. Que sejas a festa de São João que um dia brinquei.
Eu a cumprimento e você não responde, fingindo ser minha maior inimiga. Quando me vê, você se esconde fugindo de mim, como se foge de briga. Esse orgulho besta que você carrega não vai muito longe pra chegar ao fim, porque seu olhar, sem querer, se entrega, contando-me tudo o que sente por mim. Vou filmar seus olhos em câmara lenta pra exibir a cena da realidade. A mulher difícil que me aparenta está vivendo a vida só pela metade. Meus braços e beijos estão à sua espera. Meu bem, o amor é coisa tão boa! Vivemos tão pouco na face da terra, por que carregar tanto orgulho à toa?
Marlene Cerviglieri
4
Wlaumir Souza
Insensibilidade
Reflexos
Nos seus delírios, esconde-se na tristeza, cerceando a pobreza, na vaidade da realeza, no enfraquecido, tão pobre de espírito, que a tudo passa despercebido.
Pergunta de toque no meio do caminho Continua como interrogatório noturno Livre de amarras caleja a mente Se põe a voar e entrelaçar ideias e ideais Ilumina os pontos mais íntimos Fita tudo em um claro-escuro de brumas de inverno Que existiam outro e agora resistem ao aquecimento global Fica tilintando qual mensageiro dos ventos em noite de outono De sul a norte não quer saber de castelos Deseja a mente por completa A existência em si mesma diante da experiência lapidar Questiona no pretérito imperfeito O que poderia ser.
Injusto é que não vislumbre o positivo, na riqueza do dia a dia, na respiração profunda que o alerta, mostrando que tudo isto é a vida. Que a névoa se dissipe. Que a visão retorne no despertar, do limiar insano, justificando, assim, que ainda tem o que buscar.
16 Revista Ponto & Vírgula Novembro/Dezembro 2018
SARAU DE LANÇAMENTO
41a. REVISTA PONTO & VÍRGULA FOTOS POR
Elsa Cieslak de Azevedo e José Antônio de Azevedo
Dumara Jacintho, Nelson Jacintho e José Antônio de Azevedo
Irene Coimbra e José Antônio de Azevedo
NATAN FERRARO
Elsa Cieslak, Grazziella Favaro e Fábio dos Santos, José Antonio de Azevedo e sua sobrinha neta Sophie
Cezar Augusto Batista e José Antônio de Azevedo
Jair Cavatão, José Antônio de Azevedo e Esmelinda Azevedo Cavatão
Adriana Rodrigues da Silva Coelho, José Antônio de Azevedo e Antonio Carlos Coelho
Novembro/Dezembro 2018 Revista Ponto & Vírgula 17
Marcos Vinicius Zeri, José Antônio de Azevedo, Camila Bueno de Camargo Zeri e a filhinha Julia Camargo Zeri
José Antonio de Azevedo e Maria Azevedo da Silva
Antonio Carlos da Silva, José Antônio de Azevedo e Maria Aparecida Cavatão da Silva
José Antonio de Azevedo e Geraldina de Azevedo Perboni
Cristiane F. Bezerra, Gustavo Molinari, Nely C. de Mello, Elsa Cieslak, Samora Aisha e José Antônio de Azevedo
Alceu Bigato, Luzia Madalena Granato e José Antônio de Azevedo
Sérgio Kodato e Sandra Valadão
José Antônio de Azevedo e Marlene Cerviglieri
18 Revista Ponto & Vírgula Novembro/Dezembro 2018
Novembro/Dezembro 2018 Revista Ponto & Vírgula 19
E ST AQ U DE EM FO TO
"A chegada do outono" Londres, Reino Unido Foto por Aline Olic
20 Revista Ponto & Vírgula Novembro/Dezembro 2018