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PALAVRA DO DIRETOR
Fertilidade. Ao longo dos anos essa é a palavra que tem inspirado grande parte das ações e projetos desenvolvidos pela Alta Brasil. De nada adianta investir em infraestrutura, alimentação, gestão e equipe se o sêmen não for fértil e a vaca não emprenhar. O melhoramento genético só acontece se houver concepção. É por isso que há 6 anos a Alta Brasil decidiu inovar e criar um programa exclusivo, para identificar com precisão os touros com as melhores taxas de concepção. Tudo isso, através de uma análise detalhada de informações de prenhez à campo. De lá para cá, nos deparamos com uma evolução impressionante, principalmente quando falamos na quantidade de dados recebidos e no número de técnicos que compõe o programa. Atualmente são 300 equipes que reportaram o impressionante número de 2 milhões de dados somente na última estação de monta. Com isso, totalizamos mais de 6 milhões de dados ao longo dos anos. Hoje, as informações são oriundas de 19 estados brasileiros, além de países como Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Essa grande diversidade de localidades aumenta a capacidade e a segurança das respostas do programa, uma vez que os touros são expostos as mais distintas situações de manejo e desafios. Para nós, o aumento no número de informações é de extrema importância, pois, aumenta de forma significativa a acurácia dos resultados e a variação genética entre os touros de maior fertilidade. Para se ter uma ideia, este ano identificamos nas raças de corte da bateria Alta, 157 touros Concept Plus. Na reportagem da capa você terá todos os detalhes e números levantados para a identificação desses touros, além é claro de conhecer todos os reprodutores identificados como Concept Plus. Espero que gostem do que preparamos e principalmente, que a partir desta leitura, nós da Alta o possamos te ajudar a ter cada vez mais clareza na sua tomada de decisões. Tenha uma ótima leitura.
Heverardo Carvalho Diretor Alta Brasil
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ÍNDICE EXPEDIENTE Diretor Heverardo Rezende de Carvalho Gerente de Mercado Tiago Carrara - tcarrara@altagenetics.com
ESPECIAL
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Com15 touros provados com sêmen disponível, a Alta se posiciona como a maior central em quantidade de touros provados no Sumário do Teste de Progênie
Coordenadora de Comunicação Camilla Lazak - camilla.rodrigues@altagenetics.com Jornalista Responsável Renata Paiva (MTB 12.340) renata.paiva@altagenetics.com Colaboradores desta edição Bárbara Alves, Bruno Miranda de Paula, Fábio Fogaça, Gabriela Anteveli, Guilherme Vargas, Isabella Marconato, Lorenna Santos, Lourenço Sena, Luiza Mangucci, Manoel Sá Filho, Marcos Labury, Mayara Campos Lombardi, Paulo do Carmo Martins, Pedro Henrique Vieira Germano, Rafael Azevedo, Rodolffo Assis, Rodrigo Melo Meneses, Rodrigo Ribeiro, Sandra Gesteira, Tiago Ferreira, Túlio Marins Diagramação e arte Ana Paula S. Alves - paula.alves@altagenetics.com Marketing/Comercial comunicacao@altagenetics.com.br Fotos Francisco Martins - fjunior@altagenetics.com
ALTA CONQUISTA LIDERANÇA NO PMGG NA RAÇA GIROLANDO
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EXPOGENÉTICA: ALTA CONQUISTA LIDERANÇA NOS TRÊS PRINCIPAIS SUMÁRIOS DA RAÇA NELORE Com os resultados divulgados durante a ExpoGenética 2020, a Central passa a ter a maior bateria de touros provados do mercado
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ALTA NEWS FIQUE POR DENTRO DE TUDO QUE ACONTECE NA ALTA
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GIRO NO CAMPO Confira os registros dos nossos leitores no campo
Revisão de texto Aírton De Souza airtondesouza@yahoo.com.br Tiragem: 5 mil exemplares Impressão: Gráfica 3 Pinti
Missão Construir relacionamentos de longo prazo, criar valor para nossos clientes, melhorar a lucratividade de cada rebanho e entregar genética de confiança, além de produtos e serviços de manejo com alta qualidade. Visão Tornar-se a marca global que seja a melhor escolha para produtores progressivos dos segmentos de leite e corte. Valores: Foco, pessoas e competências, coesão, dinamismo, relacionamento, comunicação e ética.
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CAPA CONCEPT PLUS CORTE 2020 Fertilidade acima da média, o programa identifica 157 touros
LEITE
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CERATOCONJUNTIVITE INFECCIOSA BOVINA (CIB)
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Falta de cuidados pode levar ao descarte involuntário de animais jovens e adultos ZERO EVENTOS CONDUZEM
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PRÉ-PARTO E A PREPARAÇÃO PARA NOVA LACTAÇÃO Desafios enfrentados pelas vacas no período de transição podem ser determinantes para o sucesso da lactação que se aproxima
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NOVAS CARACTERÍSTICAS SÃO
42 TENDÊNCIAS EM SUMÁRIOS TAURINOS
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Sem desculpas! Planejamento Genético oferece todas as ferramentas necessárias para a tomada de decisões
CRIAÇÃO DE BEZERROS NOVOS PADRÕES NA AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE COLOSTRAGEM DE BEZERRAS LEITEIRAS
CASOS DE SUCESSO FAZENDA PILAR Projeto transformou o leite em um negócio rentável e lucrativo
E o seu planejamento, como está? PONTOS CRÍTICOS
O LEITE EM 2025
Novo padrão proposto estabelece metas mais altas para a saúde das bezerras
A ESTAÇÃO DE MONTA VEM AÍ
46 DO PLANEJAMENTO GENÉTICO
ARTIGO O que podemos esperar do setor nos próximos cinco anos?
CORTE
Saber interpretar e utilizar corretamente as informações disponibilizadas podem trazer as respostas para o aumento no desempenho dos animais
CONCEPT PLUS LEITE NO BRASIL Números que garantem a eficiência reprodutiva de um rebanho
34 AO SUCESSO REPRODUTIVO Existe segredo para alcançarmos o sucesso reprodutivo de uma vaca?
PROGRAMAS E SERVIÇOS
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ENTREVISTA ROGÉRIO FONSECA GUIMARÃES PERES Médico Veterinário fala sobre a importância da gestão de pessoas no processo produtivo da carne
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ESPECIAL
ALTA CONQUISTA LIDERANÇA NO PMGG NA RAÇA GIROLANDO Divulgado durante a semana da Megaleite 2020, o Programa de Melhoramento Genético da raça Girolando (PMGG) constatou toda a soberania Alta na raça Girolando. Com o resultado, a empresa passa a ter a maior bateria de touros provados do mercado. “O programa conta com a divulgação dos touros avaliados através de suas progênies e dos touros jovens pela Avaliação Genômica. A Alta possui 15 touros provados com sêmen disponível, posicionando-se como a Central com a maior quantidade de touros provados no Sumário do Teste de Progênie. Isso mostra a longa e duradoura história da empresa com a Raça Girolando”, destaca Guilherme Marquez, Gerente de Produto Leite Nacional da Alta. Pelo teste de progênie, na composição racial 3/4, a Central conquistou a liderança com o touro JPZ Olimpio Argeu Linda FIV, de PTA leite de 1.520
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“A bateria da Alta possui 52 touros dentro do ranking e lidera o mesmo com o melhor touro geral para leite. Dos 10 primeiros colocados do Sumário com doses disponíveis no mercado, 50% são da Central, resultado que comprova a força da nossa bateria Girolando que agora está recheada de touros provados” quilos. Em segundo lugar, Oásis da Divisa Luxo Aftershock foi destaque, com 406 quilos de PTA leite. O terceiro lugar ficou para Gold Goldwyn RPM da Santa Antônio, de PTA leite de 5 quilos.
Já pela Avaliação Genômica, na composição racial 5/8, a primeira colocação ficou com Guerreiro Máxima Fiv 2r Jatai, com um GPTA leite de 2.375 quilos, com acurácia de 68%. Guerreiro é filho do consagrado Elo Supersire Fiv Kub, também da bateria Alta, que possui em sua genética a vaca recordista ¼ da raça Girolando, a Maxima Baxter Fiv da Prata. “Foram liberados o ranqueamento de 121 touros jovens com Avaliações Genômicas. Desse número, 120 com avaliações positivas e apenas um, negativa. A bateria da Alta possui 52 touros dentro do ranking e lidera o mesmo com o melhor touro geral para leite. Dos 10 primeiros colocados do Sumário com doses disponíveis no mercado, 50% são da Central, resultado que comprova a força da nossa bateria Girolando que agora está recheada de touros provados”, comemora.
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ESPECIAL ALTA NEWS
EXPOGENÉTICA ALTA CONQUISTA LIDERANÇA NOS TRÊS PRINCIPAIS SUMÁRIOS DA RAÇA NELORE Com o intuito de contribuir para o melhoramento genético de bovinos, a Alta conquistou a liderança nos três principais sumários da raça Nelore – Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ), Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) e Geneplus. Com os resultados divulgados durante a ExpoGenética 2020, a Central passa a ter a maior bateria de touros provados do mercado. Segundo Bruna Quintana, Técnica de Corte da Alta, estes resultados consolidam a liderança da empresa no mercado de genética brasileiro. “Liderar os três principais sumários da raça exige muito comprometimento e trabalho, mas é gratificante perceber que estamos no caminho certo. Ao longo dos anos, a Alta sempre priorizou a qualidade dos produtos, e um atendimento personalizado que possibilitasse a maximização dos resultados dos clientes, e é isso que estamos vendo se refletir agora”, destaca. Para ela, isso se dá pela seriedade dos técnicos em escolher reprodutores com consistência genética, forte intrarebanho e avaliação genômica relevante. De acordo com os dados da ANCP, dos 15 primeiros touros, 7 são de destaques da Alta, entre eles: Coral Mat., REM Hummer, REM Hórus, Urco FIV Naviraí, Quany COL, Digital Mat. e Belo J. Machado; já no PMGZ, dos 15 primeiros, 10 estão na companhia, como Operário COL, REM Hórus, Coral Mat., Quincy Bons, REM Formoso, REM Embaixador, Quilombo COL, Criador Rsan, REM Hujala e REM Hit; por fim, da Geneplus, dos 10 primeiros, 8 são da bateria Alta, dentre eles: REM Hórus, REM Geru, Coral Mat., REM Formoso, Criador Rsan, REM Embaixador, Quilombo FIV Bons e DNA Sino. Conforme explica a técnica, os programas de melhoramento genético, através de suas avaliações, comparam reprodutores dentro de uma mesma base, propondo tomadas de decisões mais assertivas e destacando os mais bem avaliados para ofertar ao mercado. Além disso, segundo ela, nos últimos anos, o pecuarista tem percebido a necessidade de investir em melhoramento genético, fator que também colabora com o bom momento do mercado. “Nossa missão é orientar pecuaristas sobre a melhor maneira de usar a genética aliada ao manejo, nutrição, ambiente e gestão, garantindo um animal com todo o seu potencial genético”, diz.
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CATÁLOGO DE CORTE TAURINO 2020, ATENDE VARIADOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO Com o intuito de apresentar opções da genética a serem utilizadas de forma consciente, a Alta, lançou recentemente mais uma edição do Catálogo de Corte Taurino. Segundo Luiza Rocha Mangucci, Técnica de Corte da Alta, o material está repleto de informações técnicas importantes para tomadas de decisões. “Um aspecto que sempre gera desentendimento em nossos clientes é a interpretação da DEP de gordura, a qual se diverge de acordo com a origem dos sumários. Essa diferenciação se dá devido a cada país ter um entendimento do que é bom, e por isso trouxemos uma tabela didática, mostrando quais são as interpretações de acordo com o ranking (TOP)”, afirma. O catálogo também conta com um “Passo a passo da genética de sucesso”, no qual o cliente pode seguir uma sequência de como escolher a melhor genética de acordo com seu objetivo de seleção. Para o Gerente de Corte Taurino, Miguel Abdalla, “o catálogo traz muitas novidades. Vale ressaltar que não existe uma mesma genética para todos e sim uma que atenda a sua demanda, reforçando a necessidade de se estabelecer um planejamento genético, o qual pode e deve ser
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feito através do nosso programa único e exclusivo”. Ao todo, o Catálogo 2020/21 apresenta mais de 230 touros para atender os mais diversos mercados e sistemas de produção. Dentre eles, Lord, touro da raça Polled Hereford, que foi líder do sumário Promebo por dois anos consecutivos (em 2018 e 2019) e ainda continua destaque no sumário; além dele, a bateria de Angus traz importantes contratações: o Colt, touro com mais de 90 libras para desmama, com ênfase para eficiência alimentar, o Onyx, filho do Therock (grande destaque da bateria Alta), com uma proposta de genética moderna e voltada para alta produtividade eficiente, e, ainda, dentro da raça Brangus o VPJ Attual, filho de Arangá, que chama atenção pela sua elevada fertilidade, sendo Concept Plus, e pela sua régua de DEP’s destacada. Ainda no catálogo, 70 reprodutores de Corte Taurino já tiveram a fertilidade provada pelo Concept Plus – programa exclusivo de fertilidade de sêmen da Alta, que identifica com precisão touros com as melhores taxas de concepção, por análise detalhada de informações de prenhez à campo – com destaque para as raças Aberdeen e Red Angus,
Brangus e Red Brangus, Braford, Bonsmara, Simental, Charolês, Senepol e Wagyu. Além disso, o catálogo conta com os selos de facilidade de parto, que são excelentes ferramentas para identificar o touro que pode ser utilizado em novilhas com determinadas idades, e com dois selos presentes na raça Angus, que identificam animais superiores para produção de carne de qualidade (CAB - Certificado Angus Beef) e superiores para transmitir elevado desempenho (TOP$ANGUS). Vale lembrar que o conteúdo contém conceitos importantes da genética que facilitam a interpretação das avaliações, o significado das siglas presentes nas réguas de DEP’s e as respectivas áreas de impacto de cada uma delas no sistema de produção como um todo. “Após meses de estruturação e produção, disponibilizamos aos nossos clientes e parceiros esse completo catálogo. Um material repleto de grandes reprodutores, sendo opções de genéticas que vão atender os mais diversos e específicos objetivos de seleção. Portanto, vale a pena conferi-lo e conhecê-lo”, finaliza Guilherme Vargas, técnico de corte da Alta.
CATÁLOGO CORTE ZEBU 2020, TRAZ MUITA GENÉTICA DE QUALIDADE E NOVOS TOUROS O novo catálogo da bateria de touros da raça Nelore, vem mais uma vez recheado com muitas novidades, isso porque a Alta é a empresa que mais investe na contratação de touros jovens no país. Segundo o Gerente de Corte Zebu da Alta, Rafael Oliveira, o catálogo desta temporada está com muitas novidades e com o melhor da genética presente de ponta a ponta. “O catálogo traz 214 touros, entre provados e consagrados já no mercado e muitas outras novidades, avalia-
ções nos principais programas de melhoramento genético do Brasil, tanto no Nelore PO quanto no Nelore CEIP. Uma das novidades deste ano nas avaliações é a publicação da DEP de Peso ao Nascimento, uma importante ferramenta de escolha de touros para utilização em novilhas super precoce e precoce”, destaca. A Alta buscou renovar ainda mais a bateria de touros Nelore, ao todo, foram contratados mais de 60 novos touros, entre eles, PO, CEIP,
Pintado e Mocho, todos estes touros passaram por um alto critério de seleção, ou seja, utilizamos para contratação, importantes critérios na hora da escolha, entre eles, criatório de origem, intrarrebanho, avaliação genética, genômica, entre outras ações. A maior e melhor bateria de touros do mercado, você encontra aqui. Acesse nosso site e baixe já a versão online dos nossos catálogos e tenha acesso à consagrada genética comprovada da Alta Brasil.
Baixe a versão digital
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CATÁLOGO DE LEITE NACIONAL 2020, TRAZ A MAIOR BATERIA DO MERCADO COM NOVAS INFORMAÇÕES GENÔMICAS O catálogo de Leite Nacional, também lançado recentemente, traz importantes atualizações da pasta. Com a maior bateria de touros de raças leiteiras do mercado, a Alta reuniu neste novo catálogo o que há de mais moderno, sempre baseado nos dados genéticos que comprovam a qualidade da bateria. Segundo nosso Gerente de Leite nacional, Guilherme Marquez, o novo catálogo traz atualizações que impactam positivamente no rebanho dos nossos clientes. “Este catálogo traz muitos diferenciais,
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dentre eles, são as provas genômicas dos touros Girolando jovens! Já na raça Gir Leiteiro, trazemos opções dos novos touros contratados em 2020, são 06 novos touros super jovens com avaliações genômicas superiores. E no Guzerá, temos as atualizações das provas, demonstrando a qualidade comprovada de toda a bateria da Alta”, salienta Marquez. O novo catálogo traz todas essas informações e muito mais para que você possa investir na melhor genética leiteira do mercado.
CATÁLOGO DE LEITE IMPORTADO 2020, OS MELHORES TOUROS PARA O SEU REBANHO Lançamos, recentemente, o Catálogo de Leite Importado 2020, trazendo informações atualizadas das raças Holandês, Jersey e Pardo Suíço. O novo material acompanha a mudança de base genética que ocorreu no último mês de abril e oferece aos clientes e parceiros os dados mais recentes das raças leiteiras. O intuito do material é reunir dados de genéticas produtivas e modernas, adaptadas à realidade e às necessidades de cada pecuarista. “Neste catálogo, os clientes podem conhecer todos os programas e serviços da companhia, que têm como objetivo potencializar o resultado da genética que disponibilizamos, além da seleção de touros. Com o trabalho conjunto da equipe técnica da Alta, traçamos um planejamento personalizado para atender as particularidades de cada rebanho”, afirma o Gerente de Leite Importado, Fábio Fogaça. A publicação também contém selos que identificam, de forma simples, as melhores opções para atender cada plano genético. “Cada marcador é composto por um grupo de características que interferem no desem-
penho do animal, refletindo na produtividade e rentabilidade do negócio”, explica. Receber qualquer um desses selos significa que a genética do touro é destaque para algum destes propósitos: Produção, Saúde ou Conformação. Esses selos também reconhecem os melhores programas da companhia, como o Concept Plus, que tem como objetivo apresentar respostas concretas das variações de fertilidade no campo, que não podem ser diagnosticadas apenas por testes laboratoriais. Para isso, os touros são classificados após um processo que passa por coleta de dados no campo, filtro de qualidade e análise bioestatística para a apresentação dos índices de fertilidade. Fogaça reforça que a Alta foi a primeira Central a desenvolver um programa nesse sentido, “e hoje o Concept Plus possui um banco de dados com mais de 5 milhões de diagnósticos de gestação”, explica. O material será distribuído em todo o Brasil para as redes de vendas e clientes. Além disso, há disponível a versão on-line.
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NOVO APLICATIVO VISA AUXILIAR PRODUTORES NA BUSCA DE TOUROS DE LEITE IMPORTADO Gratuito e voltado para criadores das raças de Leite Importado, a Alta lançou recentemente o aplicativo Alta Bull Search. Já disponível para Android e iOS, o moderno programa conta com uma abordagem completa – com diversos recursos, características, raças e habilidades de ranqueamentos – para a busca de touros de qualquer empresa. O aplicativo oferece ao usuário várias funcionalidades para facilitar o dia a dia e garantir que o pecuarista consiga realizar seu plano genético e selecionar reprodutores de acordo com o seu objetivo. Outro ponto de destaque, é que ele funciona de maneira off-line, garantindo que o usuário tenha acesso sem conexão à Internet. “Nele, a pessoa poderá pesquisar e classificar os touros por nome ou código NAAB, e encontrar avaliações detalhadas na base genética dos Estados Unidos para as raças Holandesa, Jersey e Pardo Suíço”, conta o Gerente de Leite Importado, Fabio Fogaça. O APP permite explorar inúmeras opções para identificar e filtrar os animais, seja por um índice genético, características, sêmen convencional e sexado, touros genômicos e provados com filhas, ou por uma empresa. Também é possível adicionar touros ativos as listas de favoritos, salvar seleções para referências futuras e exportar para Excel ou CSV um grupo de animais – para isso, é preciso salvar o arquivo no celular e enviá-lo por e-mail ou mensagem de texto. A configuração dispõe de 9 opções de idiomas e notificações quando novos dados genéticos estiverem prontos para download.
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PROJETO UFLA+LEITE ADOTA PROGRAMA ALTA GESTÃO Criado há 4 anos pela Alta, o programa Alta Gestão se tornou ferramenta essencial quando o assunto é o monitoramento dos índices reprodutivos de propriedades leiteiras. Com os números levantados em mãos, o programa tem como objetivo melhorar a taxa de prenhez, aumentar a produtividade e, consequentemente, o lucro das propriedades. Os resultados apresentados pelo programa, ao longo dos anos, chamaram a atenção não só dos pecuaristas, mas também das universidades. A partir deste mês, o projeto de extensão UFLA+LEITE, um grupo de apoio à pecuária leiteira, vinculado ao Departamento de Medi-
cina-veterinária da Universidade Federal de Lavras, irá adotar o programa como ferramenta para monitorar os índices reprodutivos das fazendas que assistem. “Esse tipo de parceria é essencial para o desenvolvimento da pecuária leiteira no Brasil. O Regional Alta, do Centro-oeste de Minas, André Martins, juntamente com UFLA + LEITE vão conseguir mostrar exatamente a situação em que propriedade se encontra do ponto de vista da eficiência reprodutiva. Ainda será possível simular o impacto econômico da reprodução e comparar os números com outras propriedades do Brasil
todo”, explica Tiago Ferreira, Gerente Técnico de Leite da Alta e responsável pelo programa. O projeto UFLA+LEITE oferece apoio técnico e gerencial a pequenos produtores. Atualmente, o grupo realiza atividades diárias na Fazenda Palmital - UFLA e nas fazendas do projeto de extensão UFLA+LEITE. Em uma pecuária cada vez mais exigente, tanto em tecnificação quanto em mão de obra qualificada das propriedades, o propósito dessa parceria é tornar essas propriedades cada vez mais eficientes e, junto a isso, formar profissionais mais preparados para o mercado de trabalho.
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GIRO NO CAMPO
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@arroba_mais_oďŹ cial
@danillorodr
@esmgenetica
@fazendasaopedro.go
@giovanasr
@guimazoo
@hpec_pecuaria
PECUĂ RIA EM ALTA
@lelis.william
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@murilobailao
@pantanalgenetics
@pecuaria_serido
@procria_barreiras
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@thallescf
@vidaanimalpiri PECUĂ RIA EM ALTA
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CAPA
CONCEPT PLUS CORTE 2020 ALTA APRESENTA RESULTADOS DO PROGRAMA DE FERTILIDADE DE TOUROS COM O MAIOR NÚMERO DE DADOS AVALIADOS DO MERCADO 18
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Após a divulgação oficial para as equipes parceiras, é chegada a hora de divulgar para todo o mercado os touros identificados como Concept Plus na base de dados 2020. Mesmo vivendo em tempos desafiadores em que somos obrigados a ajustar nosso estilo de vida, a Alta se reinventou, seguiu todas as recomendações dos órgãos de saúde e utilizou a tecnologia a seu favor para realizar de forma 100% virtual o Workshop Concept Plus. Entre os dias 6, 7 e 8 de julho, quase 300 participantes acompanharam uma programação com muita informação e um conteúdo de alto nível técnico. “Este ano vivenciamos um avanço impressionante, tanto da equipe técnica, que faz parte do Concept Plus, quanto da nossa base de informações. Isso só aumentou o nosso compromisso em realizar um evento a altura da evolução do programa” diz Manoel Sá filho, Gerente de Programas Especiais Corte Alta. Na programação, palestras sobre fatores e cuidados com os bezerros de corte, boas práticas na maternidade, duração dos protocolos de IATF, exigência nutricional de fêmeas e relação entre alimentação e reconcepção, além de vários outros assuntos que envolvem a evolução genética e produtiva de bovinos de corte. Ao final do terceiro dia de evento, o tão esperado momento: a divulgação dos dados e dos touros identificados como Concept Plus na base de dados 2020.
Evolução Concept Plus
“Este ano vivenciamos um avanço impressionante, tanto da equipe técnica, que faz parte do Concept Plus, quanto da nossa base de informações. Isso só aumentou o nosso compromisso em realizar um evento a altura da evolução do programa” Manoel Sá filho Gerente de Programas Especiais Corte Alta
De forma semelhante aos anos anteriores, o ano de 2020 foi marcado pelo expressivo crescimento do programa Concept Plus. Tal evolução se deu tanto na quantidade de dados recebidos quanto no número de técnicos que o compõe. Atualmente são 300 equipes que reportam o impressionante número de, aproximadamente, 2 milhões de dados. O aumento no número de informações é de extrema importância para o programa, pois aumenta, de forma significativa, acurácia dos resultados e a variação genética entre os touros de maior fertilidade. Hoje, as informações são
“Existem dois fatores que têm efeito marcante na exigência nutricional da vaca: o peso dela e o potencial de produção de leite. Os dois impactam diretamente no consumo de forragem, na lotação e produtividade do sistema”
“A nutrição é fundamental para que a vaca reconceba precocemente, após o parto, e produza um bezerro por ano. Mas, para isso, ela precisa parir em bom ECC, o que implica alguns cuidados com a vaca na época da seca”
Flávio Portela, ESALQ/USP
Pedro Veiga, Cargill
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oriundas de 19 estados brasileiros, além de países como Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Esta grande diversidade de localidades aumenta a capacidade e a segurança das respostas do programa, uma vez que os touros são expostos às mais distintas situações de manejo e desafios.
Outro diferencial do programa é que só são aproveitados para a análise bioestatística dados completos, ou seja, informações de prenhez que tinham todos os campos predefinidos preenchidos, aumentando ainda mais a qualidade e confiabilidade do programa. E, mesmo apresentando cres-
cimento de 56% no recebimento de dados, o programa conseguiu aumentar a taxa de aproveitamento de 70,3% em 2019 para 72,9% em 2020. Isso mostra que o crescimento ocorre não somente no número de informações recebidas, mas também na qualidade dessas informações.
Também houve crescimento no número de touros identificados como Concept Plus. Foram avaliados 517 touros da Alta Genetics, porém são identificados como de alta fertilidade apenas touros com mais de 500 informações, em, no mínimo, 5 rebanhos. Este ano, a bateria da Alta Genetics conta com 157 touros Concept Plus, sendo 55 Nelore PO, 53 Angus, 13 Brangus, 11 Nelore Ceip, 6 Nelore Mocho, 5 Braford, 4 Red Angus, 4 Red Brangus, 1 Senepol, 1 Simental, 1 Tabapuã, 1 Charolês, 1 Wagyu e 1 Bonsmara.
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“Trabalhar com foco em prevenção é fundamental. É muito mais lucrativo prevenir do que gastar com tratamento para a sanidade de bezerros de corte” José Zambrano, Rehagro
“É importante identificar as vacas reativas e as instintivas. A reativas representam perigo durante o manejo, já as instintivas são boas mães e protegem os bezerros” Cícero Martins, Agrop. Fazenda Brasil
“Antecipar o protocolo dá para a vaca mais tempo de estação e pode ser o que ela precisa para emprenhar” Rafael Carvalho, Médico-veterinário
“Olhar o financeiro é fundamental para qualquer decisão técnica, mesmo esse sendo o princípio básico de qualquer gestão. Nós nos apegamos a custos e despesas, mas não olhamos o retorno no sistema como um todo” João Paulo Bastos, Infinity Consultoria
“O ajuste no protocolo de IATF possibilita a flexibilização dos manejos na fazenda e facilita o cronograma de serviços” Dr. Roberto Sartori, ESALQ / USP
“A produção de um bezerro superior passa não só pela avaliação genética do touro. A qualidade da matriz é fundamental para atingirmos resultados satisfatórios”
Luiza Mangucci, Técnica de Corte Alta
O Concept Plus é um programa exclusivo de fertilidade de sêmen da Alta, que identifica, com precisão, touros com melhores taxas de concepção, por análise detalhada de informações de prenhez a campo. O programa apresenta respostas concretas sobre a variação de concepção de touros no campo que não são explicadas pelas análises laboratoriais, acabando com as especulações que são cultivadas no mercado de Inseminação Artificial. A bioestatística do Concept Plus é única e altamente eficiente, pois trabalha excluindo outros efeitos que interferem na fertilidade no campo e isolando a contribuição do touro sobre a taxa de concepção.
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Benchmarking Concept Plus 2020 Além de identificar os touros de melhor fertilidade, o programa transforma a base de dados em informações sobre a IATF para as equipes que coletam essas informações a campo, visando a identificar, nos diferentes cenários, as melhores estratégias e os gargalos que podem ser trabalhados para o sucesso da próxima estação de monta. A diversidade de cenários do programa não se deve somente à quantidade de estados participantes, mas também ao número de fazendas que compõe a base de dados. Só em 2020, foram 1.933 fazendas. Por isso, o programa também possui o benchmarking, que, além de apresentar a média nacional, traz a média das fazendas TOP 25%.
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CERATOCONJUNTIVITE INFECCIOSA BOVINA (CIB) Mayara Campos Lombardi, doutoranda em Clínica de Ruminantes, cocoordenadora do Grupo de Estudos em Medicina de Produção (GEMP, EV-UFMG); Bruno Miranda de Paula, graduando em Medicina veterinária, membro do GEMP (EV-UFMG); Pedro Henrique Vieira Germano e Gabriela Anteveli, residentes em Clínica de Ruminantes, EV-UFMG e Rodrigo Melo Meneses, professor de Clínica de Ruminantes, coordenador do GEMP A ceratoconjuntivite infecciosa bovina (CIB) é uma afecção ocular que conduz a processo inflamatório da conjuntiva (conjuntivite) e da córnea (ceratite) em bovinos, observada, principalmente, em rebanhos em que há maior densidade de animais. Embora de ocorrência comum em algumas fazendas de leite e de corte, a CIB não é vista como uma doença grave e, raramente, resulta em óbito. Contudo, é de alta morbidade, ou seja, quando aparece no rebanho, afeta muitos animais. A CIB pode levar à cegueira e trazer complicações e prejuízos para o desempenho animal. Se essa doença está presente na sua propriedade, fique atento a essas informações e, se não está, fique mais atento ainda para que, no futuro, isso não seja um problema! A CIB é uma infecção bacteriana que se desenvolve na mucosa ocular e superfície da córnea, uni ou bilateral. Causada principalmente pela bactéria Moraxella bovis, a CIB acomete, com maior frequência, animais jovens, nas fases de aleitamento e recria, além de animais imunossuprimidos em qualquer idade. A M. bovis é constituinte comum da 30
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microbiota ocular, e pode ou não ser patogênica. Por isso, é preciso estar sempre atento ao rebanho para identificar situações de risco e os primeiros sinais de doença rapidamente. A infecção é autolimitante, mas, em geral, não se soluciona antes do surgimento dos sinais clínicos, e sua progressão pode levar à perda da visão. Os principais fatores de risco
Bezerro com área extensa de opacidade da córnea e hifema (acúmulo de sangue na câmara anterior dos olhos)
para surgimento e ocorrência de CIB estão relacionados ao grau de higiene do ambiente e presença de moscas. As moscas são o principal vetor carreador da M. bovis; assim, ambientes mal higienizados e com acúmulo de matéria orgânica, além de funcionarem como fonte de contaminação de diversos agentes, contribuem para o aumento da população desses vetores. As mãos, utensílios e equipamentos contaminados com a bactéria também são considerados fômites, e podem levar a infecção a animais sadios quando em contato com os olhos. A CIB pode ocorrer em qualquer estação do ano, embora, em muitas fazendas, possa ser vista com maior frequência no verão, quando a população de moscas aumenta devido às condições de temperatura e umidade. Por outro lado, o tempo seco, ventos e poeira podem se somar aos fatores de risco por ressecar a superfície ocular e as mucosas, deixando a atividade palpebral e a lacrimação ineficientes para hidratação e limpeza dos olhos. Doenças e condições pré-existentes relacionadas ao sistema visual também podem atuar como fatores predisponentes.
Tumores de terceira pálpebra e deficiência de vitamina A podem causar lesões no epitélio da córnea, enquanto área periocular despigmentada em animais de pelagem e pele branca os deixa mais susceptíveis aos demais fatores de risco. Assim, em situações desfavoráveis para os animais, as bactérias têm maior facilidade para iniciar o processo de infecção. Além disso, propriedades que compram animais devem ver essa prática como fator de risco, de forma que, em um surto, deve-se considerar a entrada de novos animais como fator preponderante para introdução e disseminação da doença. A CIB pode ser aguda, subaguda ou crônica. A lesão inicial provocada pela M. bovis é agravada pela instalação da resposta inflamatória local e pode favorecer infecções secundárias. Os sinais clínicos mais comumente observados são: secreção ocular, fotofobia (sensibilidade à luz), blefaroespasmo (aumento na frequência de contração palpebral) e opacidade e ulceração da córnea. Com a progressão da doença, a ulceração e a opacidade da córnea variam em grau e severidade, e as lesões mais extensas podem recobrir toda a córnea, podendo resultar em perfuração. Tanto a expansão da opacidade quanto a perfuração podem ser responsáveis pela cegueira permanente. A úlcera de córnea é de mais difícil visualização nos estágios iniciais, por isso é importante manter uma rotina de observação e acompanhamento de índices de saúde dos animais, a fim de identificar os primeiros sinais da doença.
“Os principais fatores de risco para surgimento e ocorrência de CIB estão relacionados ao grau de higiene do ambiente e presença de moscas e pode ocorrer em qualquer estação do ano, embora, em muitas fazendas, possa ser vista com maior frequência no verão, quando a população de moscas aumenta devido às condições de temperatura e umidade” Uma ferramenta simples que pode auxiliar nessa identificação precoce é a avaliação bilateral do escore ocular, a fim de verificar a presença ou ausência de secreção. De forma simplificada, pode-se trabalhar com pontuações de escore de 0 a 3: 0- sem secreção, 1- secreção aquosa, translúcida, lacrimejamento, irritação das mucosas e 3- secreção viscosa, opaca, coloração branco-amarelada e mucosas avermelhadas. Graus de opacidade da córnea também podem ser usados como forma de avaliação, mas, nesse ponto, a in-
fecção já se encontra em estágios mais avançados. A CIB pode ser confundida com outras doenças, normalmente causadas por processos traumáticos ou de outros agentes infecciosos virais e algumas bactérias, o que torna essencial o correto diagnóstico. O diagnóstico é realizado com base no exame clínico completo e exames complementares. O colírio de fluoresceína, usado diretamente sobre a superfície ocular, auxilia na identificação de úlceras na córnea. Lesões ulcerativas ficam coradas de verde fluorescente, indicando sua localização e extensão. A confirmação do agente infeccioso pode ser feita em laboratório pelo envio de material, contendo secreção ocular, de preferência de animais na fase inicial da doença, coletado de forma asséptica. A M. bovis é relativamente sensível aos antimicrobianos, sendo o tratamento mais indicado a antibioticoterapia local. Antes de realizar o tratamento, é importante fazer a limpeza local e remover toda a secreção com auxílio de gaze estéril e solução fisiológica. O antimicrobiano pode ser feito via injeção subconjuntival ou intrapalpebral, ou ainda, aplicação tópica de soluções oftálmicas no saco conjuntival. Devido às contrações palpebrais e produção de lágrima, as soluções oftálmicas têm pouco tempo para agir e, por isso, devem ser utilizadas pelo menos quatro vezes ao dia, até a melhora dos sinais clínicos. Dessa forma, o tratamento com produtos injetáveis, pelas vias citadas, pode ser considerado mais prático por alguns produtores. Quando comparada ao uso
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LEITE
de antibióticos sistêmicos (via intramuscular, subcutânea ou intravenosa), as vias subconjuntival e intrapalpebral podem ser, economicamente e funcionalmente, bastante atrativas. A economia se deve principalmente ao volume necessário para essas vias, que não ultrapassa 1 ml do antimicrobiano em cada olho afetado. Essas formas de aplicação contribuem para manter uma concentração maior do medicamento próxima ao local da lesão e facilitam a ação do fármaco sobre o tecido infectado. Havendo necessidade, novas aplicações podem ser realizadas com intervalo de três dias. Estudo recente mostrou que o uso de antimicrobiano, independentemente da classe, é mais efetivo na resolução dos sinais da CIB do que o não tratamento. São citados florfenicol, ceftioufur, tulatromicina, tilmicosina, sulfonamidas potencializadas, nitrofuranos, penicilina e oxitetraciclina, sendo
“As principais medidas de prevenção e controle são a manutenção de rotina de higienização e o controle de moscas. Reduzem a contaminação por fômites não só para a CIB, mas também muitas outras doenças” estes dois últimos os que apresentaram menor efeito sobre a resolução dos quadros. Complementar à antibioticoterapia, o uso de anti-inflamatórios injetáveis, via subconjuntival ou intrapalpebral, tem sido preconizado por alguns
Bezerro com opacidade da córnea e lacrimejamento excessivo
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profissionais como ferramenta auxiliar. Além do prejuízo à saúde e ao bem-estar animal em decorrência da dor e incômodo durante o curso clínico da doença, animais tratados e que tiveram sequelas podem ser prejudicados no rebanho. As consequências a longo prazo podem reduzir o desempenho produtivo, com baixo ganho de peso e redução na produção de leite, decorrentes da menor capacidade de competir por alimento, menor interação social e dificuldade para se locomover. Diante disso, algumas medidas podem ser adotadas para controlar e prevenir a ocorrência da CIB na propriedade. As principais medidas de prevenção e controle são a manutenção de rotina de higienização (ambiente, utensílios, equipamentos e mãos) e o controle de moscas. Práticas de limpeza e desinfecção geral de instalações, utensílios, equipamentos e colaboradores (principalmente mãos e calçados) reduzem a contaminação por fômites não só para a CIB, mas também muitas outras doenças. Contudo, para o sucesso na prevenção, é necessário o auxílio de um médico-veterinário para definir os fatores de risco predominantes em cada propriedade e se alguma medida deve ser acrescentada. A utilização de sistema de tratamento de dejetos é uma das principais medidas para manutenção da higiene, pois leva à redução do acúmulo de matéria orgânica e do risco de contaminação para diversas doenças. Além do efeito positivo para o meio ambiente, a remoção dos dejetos, com destino adequado, reduz o
Injeção de antibiótico por via subconjuntival
ambiente favorável à proliferação de moscas. O tratamento de dejetos varia em cada propriedade, sendo que, por exemplo, a simples raspagem de um curral e utilização de esterqueira são considerados tratamento. Atenção também deve ser dada aos restos de alimento à beira dos cochos. Além da higiene, quando possível, o isolamento de animais acometidos é recomendado para reduzir seu contato com possíveis vetores e outros animais. Até o momento, as vacinas disponíveis apresentaram resultados controversos sobre a resolução do quadro clínico em curso, mas alguns pesquisadores mostraram que sua utilização pode reduzir a incidência da CIB e a gravidade dos casos. Com isso, as medidas de controle são as mais indicadas, e as vacinas podem ser utilizadas como ferramenta auxiliar na prevenção de surtos. Embora não contribua para a taxa de mortalidade, a CIB está associada ao descarte involuntário de animais jovens e adultos com sequelas visuais permanentes; portanto, responde por perdas financeiras para o sistema. Lembre-se de praticar a Medicina de Produção, com observação recorrente do rebanho para diagnosticar problemas precocemente. Só assim podemos ter conhecimento e condições de atuar sobre medidas de controle de doenças com maior eficiência e assertividade.
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ZERO EVENTOS CONDUZEM AO SUCESSO REPRODUTIVO por Ben Voelz, Gerente de Contas Premier da Alta EUA, traduzido por Bárbara Alves, Técnica de Leite da Alta Brasil Emprenhar vacas requer uma atenção máxima para saúde e bem-estar, ao longo de toda a lactação. O caminho para emprenhar começa muito antes de você realmente inseminar a vaca. Ele começa antes de você cadastrá-la em um programa de sincronização ou de começar a monitorar o cio, usando um sistema de monitoramento. De fato, obter uma prenhez de sucesso começa antes mesmo de uma vaca entrar no lote maternidade. ELE COMEÇA ANTES DO PARTO Não é segredo que a vaca em transição, recém-parida, e a saúde de todo o rebanho desempenham papéis importantes na capacidade da vaca ser um indivíduo rentável. Apenas as vacas que recebem cuidados e nutrição adequados, ao longo de seu período de transição e no parto, possuem a chance de serem as próximas Vaca-4-Eventos do seu rebanho. A Vaca-4-Eventos é aquela que possui, em sua ficha individual, apenas quatro eventos de maior importância: 1 - PARTO; 2 - INSEMINAÇÃO; 3 - PRENHEZ e 4 - SECA. É claro que eventos de rotina, como mudanças de lotes, 34
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casqueamento, vacinações e rechecagem de prenhez também ocorrem durante a lactação de uma vaca. Mas quando PARTO, INSEMINAÇÃO, PRENHEZ e SECA são os únicos quatro eventos de maior importância dentro de sua lactação, é provável que ela seja uma parte significativa da rentabilidade do seu rebanho.
“Emprenhar vacas requer uma atenção máxima para saúde e bemestar, ao longo de toda a lactação. O caminho para emprenhar começa muito antes de você realmente inseminar a vaca” Nesse caso, nós iremos analisar mais de perto os três primeiros eventos: PARTO, INSEMINAÇÃO e PRENHEZ. Você perceberá que levar uma vaca da secagem até após sua parição, realmente, afeta a sua habilidade de passar por esses três grandes eventos sem nenhum problema.
NÚMEROS NÃO MENTEM Nós sabemos que a eficiência reprodutiva de uma vaca é impactada pela sua saúde e bem-estar durante o seu período de transição e enquanto está recém-parida. Nós gostaríamos de saber até que ponto. Então, fizemos uma pesquisa. Nós pesquisamos dentro de três rebanhos, nos EUA, as informações ligadas à saúde e reprodução de 10.000 vacas. Esses rebanhos operam em um nível elevado de gerenciamento e mantêm os registros precisamente detalhados em todos os seus eventos de saúde. Nós separamos as vacas dessas três fazendas em três diferentes grupos. Distribuímos cada vaca para um grupo baseado no número de problemas de saúde que ela teve – zero, um ou mais de um. Por ocorrências de eventos prejudiciais à saúde, nós nos referimos àqueles que nos custam – tempo, trabalho e dinheiro – incluindo os eventos em vacas recém-paridas como febre do leite, retenção de placenta, metrite, deslocamento de abomaso, cetose e mastite. Nós, então, analisamos a taxa de concepção ao primeiro serviço, a taxa de concepção e a de prenhez de cada grupo. Este gráfico ilustra o que foi encontrado.
Taxa de concepção ou percentual de risco de prenhez
Desempenho reprodutivo pelo número de eventos de saúde
60 55
51
50 45
46
45 41
42 38
40 35
36 32
30
27
25 20
Taxa de concepção no 1º Serviço Zero eventos de saúde
Taxa de concepção 1 evento de saúde
Taxa de prenhez 2 ou mais eventos de saúde
MENOS EVENTOS É IGUAL À REPRODUÇÃO SUPERIOR É fácil ver a tendência. Vacas com zero eventos de saúde têm um maior desempenho reprodutivo do que vacas com um, dois ou mais eventos de saúde. Também é importante notar que mais de 76% desses eventos acontecem nos 30 primeiros dias da lactação. Isso enfatiza a importância de que saúde e bem-estar de um animal têm, ao longo de seu período de transição e, enquanto é recém-parida, influenciam em sua habilidade de se tornar uma Vaca-4-Eventos rentável. Vacas que têm um melhor início da lactação, antes e depois do parto, têm muito mais chances de serem INSEMINADAS no tempo certo e CONFIRMADAS PRENHES após uma única inseminação. As vacas que tiveram os períodos de transição e pós-parto saudáveis e sem problemas tiveram 6 pontos percentuais a mais na taxa de concepção, no primeiro serviço, em relação às vacas com apenas um evento de saúde, e 10 pontos percentuais a mais em relação às vacas com dois ou mais eventos de saúde. Isso comprova o óbvio – vacas que não passaram pela experiência de terem eventos prejudiciais à saúde, especialmente nos primeiros 30 dias da lactação, são mais prováveis de ficarem prenhas novamente mais cedo. Quais mudanças você deseja fazer para obter salto de 10 pontos percentuais na taxa de concepção ao primeiro serviço? PECUÁRIA EM ALTA
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PARA OS DESCRENTES Você pode estar pensando que mesmo uma taxa de concepção ao primeiro serviço de 41% e uma taxa de prenhez de 27% no grupo de vacas com múltiplos eventos de saúde permanecem igualmente impressionantes. Esses números vêm do alto nível de gerenciamento em que todos esses rebanhos operam. É mais importante reconhecer a diferença no desempenho reprodutivo entre uma vaca com múltiplos eventos e aquela que é saudável, livre de problemas com zero eventos. Uma diferença de 10 pontos percentuais na taxa de concepção e 9 pontos percentuais na taxa de prenhez são enormes! Para darmos um passo à frente, calculamos a média anual da taxa de prenhez dos três rebanhos. Isso significa que o
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grupo de vacas com múltiplos eventos prejudiciais à saúde, fica 5 pontos percentuais abaixo em desempenho reprodutivo, quando comparadas à média. O QUE PODEMOS FAZER COM ESSA INFORMAÇÃO? O ato de obter vacas prenhas começa muito antes de você inseminá-las. Se o desempenho reprodutivo não estiver atingindo o seu objetivo, então trabalhe com o seu consultor ou mesmo que seja um da Alta, para que analisem seu lote de transição e a saúde das vacas recém-paridas. Se você tem muitos desses casos de doenças nas vacas recém-paridas, elas custam mais tempo, trabalho e dinheiro do que você imagina. Elas estão afetando a eficiência reprodutiva geral do seu rebanho. Estabeleça um planejamento que direcione você para as áre-
as de oportunidade existentes nos lotes de transição e de vacas recém-paridas. Você verá os benefícios e sucesso na eficiência reprodutiva. Quando você tem a saúde e bem-estar das vacas recém-paridas como prioridade, você criará mais dessas Vacas-4-Eventos que: 1. Parem sem problemas metabólicos; 2. São inseminadas uma única vez; 3. São confirmadas prenhas com apenas uma inseminação; 4. Secam sem nenhum outro problema de saúde.
Bárbara Alves, Técnica de Leite Zootecnista formada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triangulo Mineiro (IFTM) atualmente atua na pasta de Leite Importado da Alta Brasil
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geneticaaditiva.com.br // (67) 3321.5166 PECUÁRIA EM ALTA
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Quem busca maior ganho econômico, confia em números, quer genética produtiva e pesquisa nos mais variados sumários, ADITIVA.
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TOUROS EM CENTRAL
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PRÉ-PARTO E A PREPARAÇÃO PARA NOVA LACTAÇÃO por Túlio Marins, Técnico de Leite Alta O período pré-parto é parte do período de transição, que corresponde a 21 dias antes e 21 dias depois do parto (Grummer, 1995; Drackley, 1999). Durante o período de transição, a vaca passa por mudanças significativas, incluindo mudanças na dieta e reagrupamentos, e alterações fisiológicas associadas ao parto e ao início da lactação (Grummer, 1995). O período de transição é o mais importante durante o ciclo produtivo das vacas leiteiras, pois os acontecimentos, durante esse tempo, determinam o sucesso da lactação que se aproxima e, por isso, passar bem é essencial para garantir um bom parto e uma boa lactação, com melhores condições de estabelecer uma nova gestação, além de mais saúde para o bezerro que vai nascer. Alguns fatores são importan-
tes para esse bom andamento e o produtor deve ficar atento e ter total atenção a alguns fatores que contribuem para o sucesso da próxima lactação.
“O período de transição é o mais importante durante o ciclo produtivo das vacas leiteiras, pois os acontecimentos, durante esse tempo, determinam o sucesso da lactação que se aproxima” Condição corporal Alguns desses cuidados devem iniciar-se na secagem do
animal. É sabido que animais com score muito alto ou muito baixo têm efeitos negativos, favorecendo as doenças pós-parto como hipocalcemia, cetose, deslocamento de abomaso, retenções de placenta, metrites e endometrites e, por consequência, têm efeito direto na eficiência reprodutiva da próxima lactação, conforme podemos ver em diversos trabalhos publicados. A prevenção da perda de condição corporal no período seco, que é essencial para o sucesso da lactação subsequente, e a avaliação do ECC no parto deve ser avaliada para análise da variação (Chebel et al, 2018). Esse aumento dos problemas pós-parto em animais com variação da condição corporal, podemos ver no quadro abaixo:
Mudança de condição corporal item
Ganho
Manteve
Perdeu
P-valor
n
66
52
116
Metrite
19,7 (13/66)
21,20 (11/52)
23,3 (27/116)
0,85
Mastite
16,7 (11/66)ᵇ
17,3 (9/52)ᵃᵇ
29,3 (34/116)ᵃ
0,09
Cetose
15,2 (10/66)
19,2 (10/52)
26,7 (31/116)
0,18
Pneumonia
9,10 (6/66)
11,50 (6/52)
14,7 (17/116)
0,55
> 1 problema de saúde
39,4 (26/66)ᵇ
46,2 (24/52)ᵇ
62,9 (73/116)ᵃ
0,007
Tabela. Efeito da mudança de condição corporal durante o periodo de traansição (-21 a 21 dias pós parto) na incidencia (%) de retenção de placenta, mastite, cetose e pneumonia de vacas perdendo, mantendo ou ganhando condição corporal. Adaptado de Barletta et al.(2017) 38
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Chebel et al., 2018, avaliou a perda de condição corporal durante o período seco e classificando como severa, moderada, sem perda e com ganho, observou que a taxa de concepção na 1ª inseminação pós-parto foi 20.8, 28.3, 33.1 e 41,.9%, respectivamente, em estudo conduzido com mais de 16000 lactações avaliadas. Nesse estudo, avaliou também a proporção de vacas com algum tipo de tratamento com antimicrobianos e anti-inflamató-
rios e o comportamento também seguiu a mesma tendência na qual maior proporção de vacas com perda de condição corporal recebeu mais tratamento. As necessidades nutricionais aumentam significativamente nas últimas semanas de gestação e a ingestão de matéria seca diminui nos últimos dias de gestação, resultando em um leve balanço energético negativo nos últimos dias antes do parto (Chebel et al, 2018).
Comportamento da redução transitória na ingestão de matéria seca de vacas e novilhas ao redor do parto (Fonte: Ingvartsen and Andersen et al., 2000 citado por https://www.milkpoint.com.br/ canais-empresariais/allflex-monitoramento/por-que-monitorar-o-periodo-de-transicao-213762/) Normalmente, as vacas perdem peso pós-parto e o ideal é que essa variação não ultrapasse 0,75 no escore corporal que vai de 1 a 5. Em geral, a perda de condição corporal é maior em vacas gordas, sendo o excesso de peso associado ao menor consumo de matéria seca e ocorrência de cetose. Por isso, monitorar a condição corporal durante a lactação e desenvolvimento de novilhas torna-se importante, a fim de realizar correções nas dietas. Dietas pré-parto têm que ter total atenção para garantir as necessidades desse período e garantir a ingestão de matéria seca adequada. Alguns desses exemplos são as dietas com sais aniônicos que visam a reduzir a incidência de hipocalcemia, pois induzem à
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mobilização óssea de cálcio, reduzindo as chances de retenção de placenta e outras doenças do pós-parto. Existe uma forte correlação positiva entre ingestão de matéria seca pré-parto e pós-parto (Grummer et al.al., 2004), sugerindo que maior produção de leite e desempenho comprovado deve ser obtido minimizando o declínio da ingestão de matéria seca no pré-parto. Vacas que diminuíram
a ingestão de matéria seca durante o período pré-parto e que apresentaram maior diminuição de ingestão de matéria seca nos últimos dias de gestação são mais propensas a ter comprometimento de imunidade inata (Hammon et al., 2006 citado por Chebel et al, 2018) e são mais propensas a ter distúrbios de saúde (Huzzey et al., 2007 citado por Chebel et al.,2018). De particular importância
prevenir a perda de condição corporal durante o período seco é garantir que as vacas são secas a score de condição corporal ≤3,25, o que é atingido por seleção genética adequada, alta produção de leite e manejo reprodutivo eficiente e a perda de condição corporal é fator predisponente associado a distúrbios de saúde e desempenho produtivo e reprodutivo reduzido de vacas holandesas (Chebel et al, 2018).
Ambiente O local onde esse animal passará esse período é muito importante. O local deve ser de fácil localização, calmo e isolado. Deve ser limpo e seco, além de bem sombreado (4m²/ animal), com boa área de circulação e com disponibilidade de cocho de água e alimento. As medidas para espaço de
cocho devem ser superiores a 70cm/animal e a área total deve ter em torno de 56m²/ animal. As do Sombras móveis podem ser indicadas em fazendas que utilizam piquetes a fim de diminuir concentração de umidade e também dejetos dos animais em um local apenas. Evitar superlotações também é uma medida eficaz.
Uma outra medida importante também seria a separação em lotes diferentes de multíparas e primíparas que chegam ao pré-parto, o que pode evitar problemas para as primíparas. Essa ação pode melhorar o consumo de matéria seca das mesmas e evita competição com animais mais velhos e experientes, além de terem exigências nutricionais
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diferentes das multíparas, podendo causar perdas consideráveis de desempenho. Estresse calórico Apesar de ser importante em todos os momentos, evitar os efeitos do estresse calórico, durante o período seco e pré-parto, faz parte da cartilha do bom andamento dessa fase, pois, em muitas fazendas, essa fase é negligenciada e os animais, geralmente, ficam esquecidos nos piores locais da fazenda por não estarem produzindo leite. Segundo vários pesquisadores, essa é a fase de maior atenção e com efeitos enormes e devemos cuidar tão bem ou melhor. Tao et al., 2012 e Fabris et al., 2017 relataram queda na produção de leite na lactação subsequente em animais que passaram por estresse calórico durante o perío-
do seco. O estresse térmico tem sido associado à quebra de ingestão de matéria seca nas vacas durante o período seco (Adin et al, 2009). Várias alterações em parâmetros metabólicos foram observadas por Tao etal., 2012 o que leva a maiores problemas pós-parto e, consequentemente, a piores resultados reprodutivos e produtivos desses animais na próxima lactação. Preparar a vaca para nova lactação consiste, dentre várias ações, em garantir um bom escore de condição corporal a secagem, evitando variações até o parto, proporcionando local adequado com o conforto necessário ambiental e alimentação adequada às exigências nutricionais para essa fase, minimizando a queda da ingestão de matérias secas que ocorre dias próximos ao parto, para
passar por esse período crítico com as melhores condições possíveis, dando as melhores condições da próxima lactação ser um sucesso. Para acessar as referências desta matéria, leia o QRCode
Túlio Marins Técnico de Leite Médico Veterinário pela Universidade Vale do Rio Verde (UNINCOR), especialista em pecuária de leite pela Faculdades Integradas de Uberaba (FAZU)/Rehagro e membro do CDT da Associação dos Criadores de Gado Holandês de MG
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CORTE
NOVAS CARACTERÍSTICAS SÃO TENDÊNCIAS EM SUMÁRIOS TAURINOS por Guilherme Vargas e Luiza Mangucci, Técnicos de Corte da Alta É notório que os programas de melhoramento genético animal têm evoluído substancialmente na última década. A descoberta de novas características, o aumento da acurácia e o advento da genômica têm feito programas e sumários genéticos ganharem destaque em inúmeros projetos de seleção mundo afora. Saber interpretar e utilizar de forma técnica essas modernas e seguras ferramentas tem feito rebanhos e raças evoluírem significativamente nos últimos anos, no que se refere a desempenho e eficiência produtiva. A American Angus Association®, associação responsável pelo programa de seleção da raça Angus, nos Estados Unidos, lançou, recentemente, três novas DEP’s de
impacto produtivo: Claw, Angle e PAP. As quais estão dispostas em nossa régua de DEP’s da seguinte forma: Claw – Pinças, Angle – Ângulo e PAP – PAP. A DEP Pinças, definida como conjunto de garras, tem como objetivo avaliar a abertura de unhas do casco do animal. Expressa na pontuação de 1 a 9, com nota 1 para unhas de maior abertura e nota 9 para unhas extremamente fechadas (Fig. 1). A característica vem para auxiliar criadores a selecionar animais de melhores aprumos, sendo a nota 5 considerada a mais ideal, por classificar unhas de abertura simétrica e uniforme. A segunda característica lançada, Ângulo, que representa, literalmente, o ângulo de casco,
é também expressa em pontuações de 1 a 9. A DEP caracteriza o aprumo dos animais da mesma forma que Pinças, sendo animais de pontuação 1 de aprumos fincados e animais pontuados com nota 9, animais de aprumos achinelados. Aprumos considerados ideais e de excelente qualidade também recebem nota 5, sendo cascos com ângulo de 45° graus. Para interpretar e eleger reprodutores melhoradores para as duas características, é indicado buscar reprodutores de DEP’s menores, significando que suas progênies apresentarão aprumos mais corretos e funcionais. Podendo, também, verificar a qualidade da DEP, através do ranking das mesmas, onde o TOP, quanto menor, melhor.
Ângulos dos pés: 5 é o ideal
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Conjunto de garras: 5 é ideal
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5
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Figura 1. Escala de score de Ângulo e Pinças Fonte: American Angus Association
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Por fim, não menos importante, a inovadora característica de PAP (Pressão arterial pulmonar), a qual consiste basicamente em um indicador de susceptibilidade a doenças respiratórias de altas altitudes. Pesquisadores da Universidade do Estado do Colorado nos Estados Unidos vêm estudando, por décadas, fatores que podem interferir na hipertensão pulmonar dos animais e, ao longo desses anos, verificaram que a pressão arterial pulmonar sofre influência genética, que pode ser melhorada através de um processo de seleção. Entendido que tais doenças são mais susceptíveis em animais que são criados sob condições de altitudes mais elevadas, esses estudos foram desenvolvidos para realidades superiores a 5.000 pés, ou seja, aproximadamente, 1.500 metros de altitude. Estudos esses que levaram ao desenvolvimento da DEP PAP. A qual, além de determinar animais geneticamente superiores para pressão arterial mais baixa, podemos entender que esses animais tendem a ter uma longevidade, no que se diz respeito à saúde, maior e uma melhor capacidade produtiva.
Além das três novas características acima, os sumários nacionais também têm identificado fatores que têm impactado na lucratividade do pecuarista e lançado novas DEP’s que ajudarão a otimizar a produtividade das fazendas. A formação de base de rebanho de qualidade é algo primordial para alcançar o sucesso no setor da pecuária. Visando a isso, sumário Natura da raça Brangus lançou um novo índice PLC o qual pondera características de precocidade sexual (IPP, PP18, PE, PSOBR), maternal (Habilidade Materna) e crescimento (GND e CPM à desmama). Outro grande passo importante foi o enriquecimento das DEP’s com informações genômicas, geradas pelo Sumário Promebo na raça Angus. Uma tendência que deve se expandir para os demais sumários de todas as raças nos próximos anos. Essa tendência se deve ao aumento da acurácia das informações, garantindo, assim, a evolução da genética em um tempo mais acelerado. Todas essas atualizações, validações e calibrações dos sumários em nível mundial acontecem constantemente, buscando trazer
novos caminhos de alcançar uma maior produtividade em um menor tempo. Uma demanda que o mercado tem exigido ano após ano – eficiência produtiva. E, para obter esse perfil de criação eficiência produtiva, é imprescindível ter o objetivo de seleção bem delineado para que, através dessas ferramentas, o sucesso produtivo seja alcançado. Traduzindo um pouco melhor, ter um plano genético é vital para todo e qualquer sistema de cria que almeja o sucesso.
Guilherme Vargas Técnico de Corte Formado em Zootecnia pela Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU) e atualmente está na pasta de Corte Taurino da Alta Brasil
Luiza Mangucci, Técnica de Corte Formada em Zootecnia pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) e Especialista em Melhoramento Genético em Bovino de Corte pela Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU)
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CORTE
A ESTAÇÃO DE MONTA VEM AÍ por Marcos Labury, Técnico de Corte Alta O mês de julho passou e os nascimentos do cedo já começaram em grande parte do Brasil... É hora então de se preparar para a próxima estação de monta que já está batendo aí na porta. Hora de seguir o plano genético que definiu suas carências a serem corrigidas dentro do rebanho e adquirir o sêmen e/ou reprodutores necessários ao seu objetivo. Sim, porque não existem reprodutores que consigam corri44
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gir todas as necessidades de todos os rebanhos. Mas existem ótimos indivíduos que se enquadram dentro das suas necessidades previamente estabelecidas. Certamente, na desmama passada, cada criador fez um levantamento da sua produção, viu pelo desempenho quais foram os melhores animais, os quais ficarão dentro do rebanho como sementes e descartou os menos produtivos.
Digo isso porque temos visto, a cada dia, mais que criadores com a mente mais progressista, com visão de negócios futuros e com um devido planejamento, têm obtido mais sucesso na atividade pecuária, assim como acontece em outras diferentes atividades. Isso porque o conceito de fazenda hoje é diferente do que era antigamente. Ou seja, a fazenda é uma EMPRESA e, como tal, deve ser conduzida!...
Então vamos ao objetivo deste artigo. Como disse acima, se a estação de monta já está próxima, então já devemos estar adquirindo o material genético dos reprodutores que serão os pais da nossa nova geração. E isso É MUITO IMPORTANTE! Se fizermos a coisa certa, até rebanhos comerciais têm uma grande chance de dar uma guinada extraordinária no seu plantel. Isso porque, sabendo o que precisa mudar para melhorar, pode, com a ajuda de um consultor da nossa Equipe de Campo, encontrar o melhor reprodutor para o seu rebanho. Quais são estas necessidades? São evidências negativas identificadas no dia a dia do rebanho, passíveis de serem corrigidas para a geração futura. Por exemplo, desmama fraca, de bezerrada leve... Quando temos uma balança na propriedade, ao final da desmama, já identificamos as fêmeas que desmamaram abaixo da média e podemos descartá-las. Outro fato que podemos usar para nos orientar é que, se temos uma nutrição adequada, o que temos que corrigir pode ser feito com o uso de um reprodutor que possa melhorar o desempenho desse plantel, usando um touro com DEP’s positivas para características de crescimento, como peso à desmama, ao ano e ao sobreano. Outro exemplo, se a vacada é fraca de leite, precisamos trazer para o rebanho um touro que transmita para suas filhas
“Se fizermos a coisa certa, até rebanhos comerciais têm uma grande chance de dar uma guinada extraordinária no seu plantel. Isso porque, sabendo o que precisa mudar para melhorar, pode, com a ajuda de um consultor da nossa Equipe de Campo, encontrar o melhor reprodutor para o seu rebanho” características positivas para habilidade materna. E assim por diante, por identificação própria ou com a ajuda de alguém mais experiente nesta área, são escolhidos os melhores reprodutores a serem usados dentro de cada rebanho. Ou seja, a chance de se terem ganhos reais com o seu rebanho passa a ser maior, porque as necessidades foram identificadas e agora basta decidir qual a ser usado. Gosto de chamar atenção para que, na medida do possível, esse material genético seja adquirido o mais rápido possível. E existem algumas razões para isso. - Se defino rápido os objetivos do rebanho, tenho, normalmente, maior oferta de estoque de
sêmen do(s) reprodutor(es) que identifiquei como necessário(s) ao meu plantel, o que certamente não acontece a partir do momento em que a estação de monta começa efetivamente. E já por anos anteriores, temos visto isso acontecer aqui na Alta: 1) com reprodutores jovens de alto potencial genético, principalmente agora que as DEP’s genômicas passaram a fazer parte dessas avaliações, dando-lhes maior acurácia e, consequentemente, validando mais as características demonstradas. 2) com reprodutores já comprovadamente melhoradores, considerados verdadeiros raçadores por transmitirem, com grande probabilidade de acerto, suas boas características genéticas. 3) com reprodutores já devidamente identificados como bastante eficientes quanto ao percentual de prenhez, em diferentes rebanhos, em diferentes regiões do Brasil. São aqueles identificados aqui na Alta como Concept Plus. E bastante procurados! E, assim por diante, temos então a grande chance de, ao efetivamente começar a estação de monta na sua propriedade, o material genético já esteja armazenado no seu botijão. Bons negócios!
Marcos Labury, Técnico de Corte Zootecnista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), pós-graduado em Gado de Corte. Jurado efeitvo do Colégio de Árbitros da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ)
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CORTE
PONTOS CRÍTICOS DO PLANEJAMENTO GENÉTICO
ESTAMOS NO CAMINHO CERTO? por Rodolffo Assis, Técnico de Corte Alta A pecuária de corte passa por uma profunda transformação, nos últimos anos, tornando-se muito mais empresarial. Fazendas com foco em planejamento e gestão eficientes mostram-se muito mais capazes de obter sucesso no setor. Um processo fundamental das propriedades que trabalham com cria é o planejamento genético e, aproximando-se o início de estação de monta, vem a pergunta: estamos no caminho certo? Mas o ponto que deveríamos abordar, primariamente, não seria o caminho, mas sim o destino. No caso do melhoramento genético, o destino é chamado de “objetivo de seleção”. O que valorizar? O objetivo de seleção pauta as decisões que tomaremos no processo de melhoramento genético. Nele devem estar contidos os itens de maior valor. Em pecuária de corte, diferente do melhoramento em caninos e equinos, o valor deve ser quase sempre ligado à lucratividade. Mas lucro para quem? Apesar da margem do selecionador ser fundamental, o objetivo de seleção deve contemplar também a lucratividade de toda a cadeia.
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PECUÁRIA EM ALTA
Por exemplo: um pecuarista que realiza apenas cria não deve objetivar apenas o peso ao desmame, mas sim, incluir no objetivo de sua seleção características que gerarão lucro aos pecuaristas que adquirirem esses bezerros. Dessa forma, se a clientela deste criador for terminar esses bezerros sem castração e a pasto, questões de acabamento não devem ficar de fora do objetivo de seleção, assim como a eficiência alimentar caso esses clientes realizem a terminação em confinamento. Só assim haverá sustentabilidade em toda a atividade. O que o mercado valoriza? Outro erro comum é a falta de visão de mercado. Vemos muitos criadores que formam seus objetivos baseados em valores que não são reconhecidos pelo mercado, o que pode gerar frustração e prejuízo. Temos de ter consciência de que o preço obtido estará ligado ao valor que há no mercado, seja ele geral ou um nicho, o qual não é necessariamente o mesmo valor que estava na mente do criador. Lembramos também que, em gerar, criar valor em produtos não é uma tarefa fácil. Normalmente, além de tempo,
há necessidade de investimento em marketing. E o futuro? De outro lado, não podemos basear nosso objetivo de seleção apenas no hoje. Precisamos prever alterações estruturais e mercadológicas que enfrentaremos. Como, em gado de corte, o tempo entre a geração do objetivo de seleção e a colheita dos primeiros resultados não é curta (cerca de dois anos para quem realiza cria e três anos para quem faz ciclo completo), se olharmos só para o agora poderemos estar com um produto que não atenderá às necessidades do momento. Custos de insumos, valores de bezerros e arroba e alteração no tipo de produto com maior demanda são exemplos de itens de mercado que podem ser alterados. Mas alterações internas também devem ser verificadas. O objetivo de seleção de uma propriedade de ciclo completo que pretenda construir um confinamento em até dois anos, por exemplo, já deve conter itens que gerarão maior lucratividade com este sistema de terminação, como eficiência alimentar. Após bem estabelecido o objetivo de seleção, chega-se à
etapa de definir o caminho para alcançar esse objetivo. Este caminho é chamado de “critério de seleção”. Entre os critérios mais comuns no gado de corte está a utilização de cruzamento industrial, graças aos ótimos ganhos provenientes da heterose.
“Vemos muitos criadores que criam seus objetivos baseados em valores que não são reconhecidos pelo mercado”
Em quantas matrizes posso fazer cruzamento industrial? Para os criadores que desejam selecionar a raça base do rebanho e também realizar cruzamento terminal em parte das matrizes, surge a questão de qual seria a proporção máxima de matrizes que poderiam ser acasaladas com touros de outra raça. Essa pergunta só pode ser respondida com segurança a partir de dados atuais e previsões de índices reprodutivos do rebanho.
Cenários
Taxa de desmame
% de fêmeas desmamadas
Necessidade de reposição
% bezerras disponíveis não necessárias para reposição
Possibilidade de descarte de matrizes prenhas
1
65%
32,5%
35%
-7,7%
-3,8%
2
70%
35,0%
30%
14,3%
7,1%
3
75%
37,5%
25%
33,3%
16,7%
4
80%
40,0%
20%
50,0%
25,0%
Tabela 1: Simulação de índices reprodutivos e consequente disponibilidade de fêmeas desnecessárias para manutenção do rebanho
PECUÁRIA EM ALTA
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CORTE
Vamos utilizar a tabela de simulação anterior associada com o seguinte cenário para responder à questão: - Rebanho estabilizado em quantidade e índices reprodutivos; - Descarte de todas as fêmeas que não tiveram bezerro desmamado; - Desconsideradas mortes entre desmame e entrada na vida reprodutiva; - Utilização de sêmen convencional com 50% de nascimento de cada sexo. Além das duas possibilidades citadas na tabela (realização de descarte voluntário de bezerras ou de matrizes prenhas), esses saldos poderiam ser utilizados para realização de cruzamento terminal. Em fazendas que utilizam apenas inseminação artificial, por exemplo, a % máxima de IATFs com sêmen para cruzamento industrial terminal deve ser igual à % de bezerras que não seriam necessárias para reposição. No cenário 1, o qual infelizmente é a média Nacional, temos um déficit de novilhas, impossibilitando a utilização de cruzamento terminal. Nesse caso, é comum o pecuarista colocar vacas solteiras na estação de monta para não ver seu rebanho diminuir. No cenário 2, vemos que 14,3% das bezerras não serão necessárias para a reposição das matrizes. Ainda é um cenário pouco efetivo para realização de cruzamento terminal e seleção das matrizes ao mesmo tempo. Nos cenários 3 e 4, os quais estão acima das médias das fazendas “Top Rentáveis” e “Top indicadores” do Benchmarking Inttegra 2018/2019, respectivamente, haveria um saldo até 33,3% e 50% de IATFs que poderiam ser realizadas com cruzamento terminal, caso essas propriedades fizessem toda a reprodução através de inseminação artificial. Assim, vemos que a realização simultânea de cruzamento industrial terminal e seleção da base de matrizes só será efetiva se houver bons índices reprodutivos. São muitas possibilidades e variáveis, mas hoje, com tanto conhecimento e ferramentas disponíveis, como o Plano Genético da Alta, não há desculpas para se tomar decisões ligadas ao melhoramento genético sem o cuidado que essa etapa merece. Rodolffo Assis, Técnico de Corte Médico veterinário pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), especialista em Produção de Gado de Corte pelo Rehagro, técnico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) ligado ao programa Geneplus.
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PECUÁRIA EM ALTA
PECUÁRIA EM ALTA 49
PROGRAMAS E SERVIÇOS
CONCEPT PLUS LEITE NO BRASIL por Tiago Ferreira, Gerente Técnico de Leite Ao avaliar números reprodutivos em uma propriedade de leite, é de extrema importância pensar em alguns pontos que realmente vão nos direcionar para sabermos a eficiência reprodutiva de um rebanho. O brasileiro tem dificuldade em estabelecer processos de coleta de dados de qualidade nas fazendas. Com isso existem poucos números que realmente representam dados nacionais os quais podem ser utilizados como referência para tomada de decisão nas fazendas, quando o assunto é gestão do rebanho. O Concept Plus Leite vem, exatamente, com foco em estabelecer referências sérias, coerentes com a realidade brasileira, o qual tem como ambição discutir estratégias reprodutivas, mostrar números, indicadores e envolver pessoas de sucesso no segmento da reprodução. Por causa desse cenário, em um primeiro momento, o programa será voltado para uma análise de dados que possa ser fonte de consulta e decisões den-
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PECUÁRIA EM ALTA
tro dessas propriedades. A taxa de prenhez é um indicador que realmente demonstra a eficiência reprodutiva do rebanho. Isso porque ele considera a quantidade de vacas aptas à reprodução que ficam gestantes a cada 21 dias. Quando se aumenta a velocidade que vacas aptas ficam prenhas, é porque, normalmente, está servindo mais esses animais (inseminando por exemplo), mais vacas estão ficando gestantes dessas inseminadas e isso norteia todos os outros índices reprodutivos. Na tabela abaixo, podemos observar que as 20% superiores para taxa de prenhez têm 23,7% contra 16% das demais fazendas, que são as 60% do meio. Isso significa dizer que de cada 100 vacas aptas no grupo melhor 23 ficam prenhas contra 16 do grupo do meio a cada 21 dias. Com isso o grupo superior de taxa de prenhez tem a melhor taxa de serviço, taxa de concepção, menor período de serviço e assim por diante. Importante ressaltar que, nes-
ses rebanhos superiores, vão parir mais vacas, diminuindo dias em lactação médio (DEL) e intervalo entre partos. Isso possibilita trabalhar com uma média de leite por vaca, maior. Numa simulação em um rebanho de 100 vacas que têm média de 20 kg de leite dia, evoluir a taxa de prenhez de 16 para 23% significa aumentar 1,5 kg na média por vaca/dia, 150 kg por dia nesse rebanho; no ano, são 55 mil/kg. Buscar maior eficiência reprodutiva, através da evolução da taxa de prenhez, tem impacto econômico alto e, através de benchmarking dos números reprodutivos no Concept Plus leite, fica fácil posicionar seu rebanho e justificar as mudanças necessárias. Venha fazer parte desse time.
Tiago Ferreira Gerente Técnico de Leite Médico Veterinário pela Universidade de Uberaba (Uniube), especialista em Reprodução de vacas leiteiras pela Newton Paiva e Rehagro, Especialista em Nutrição de vacas de leite Faculdades Integradas de Uberaba (FAZU) e Rehagro, membro do Conselho deliberativo técnico (CDT) da raça Girolando
Item
20% Superiores
Demais Fazendas
20% Inferiores
Taxa de serviço
57,3%
47,9%
37,0%
Taxa de concepção
42,0%
34,2%
27,8%
Taxa de prenhez
23,7%
16,1%
9,7%
% Perda de prenhez
21,5%
25,3%
24,3%
Período de serviço
123
152
184
Del médio 1° serviço – vacas
64
69
86
Del médio 2° serviço – vacas
111
120
141
Intervalo 1° para 2° serviço – vacas
46
51
55
Dados são referentes a 2018/2019
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ARTIGO
O LEITE EM 2025
por Paulo do Carmo Martins, chefe-geral da Embrapa Gado de Leite Estamos em abril de 2025. Há, exatamente, cinco anos, passamos pelo momento mais avassalador da mais trágica experiência de nossa geração, que mudou para sempre as nossas vidas. Uma experiência muito sofrida, que parecia não ter fim e que levou vidas de entes queridos. Destruiu negócios de entes queridos, tornou-nos reclusos, prisioneiros do medo, por seis meses, e que ainda nos envolve em traumas até hoje. Que nos fez repensar o sentido da vida. Já não sou o mesmo. Estou mais humano. Já não faço coisas porque meus pais faziam, nem porque é moda. Sumiram aqueles que se deixavam levar pelo ódio barato e pelas palavras insensíveis 52
PECUÁRIA EM ALTA
e insensatas. Desapareceram os que viviam no mundo do “nós contra eles”. Do privado versus o público. Dos meus valores contra os seus. Passados cinco anos, em cada atitude, em cada palavra, penso nas consequências. Busco pensar e sentir. Razão e emoção presentes em tudo. Por isso, estou mais humano! Viver é uma experiência única e complexa. Precisou vir o Coronavírus para minha geração descobrir a complexidade de ser simples. Precisou o Coronavírus, para nós aprendermos a ver tudo de modo multifacetado, sem a simplificação dualista: céu ou inferno, certo ou errado, amigo ou inimigo. Neste quinto aniversário da peste, eu aprendi que sentir
vai além do pensar. Agora, a vaca é o centro da cadeia produtiva. Nunca pensei que seria assim. No início dos anos oitenta, quando eu comecei a estudar o mundo do leite, o centro de tudo era o preço do leite. Nos anos noventa, o centro era aumentar a quantidade produzida. No início do milênio, o conflito de quem se apropria mais da renda gerada no processo de produção. Entre 2010 e 2020, o foco foi a qualidade do leite. Agora, mudou o tal do mindset, ou seja, mudou a maneira de encarar o mundo. Agora, pensar é parte do sentir. O tsunami econômico gerado pelo Coronavírus só deixou em pé quem produz leite com carinho. Qualidade é consequên-
cia. Não importa se é pequeno ou grande. O que importa é o produto final. Os sensores estão em tudo e em todos. A conectividade está no ar. E, confesso, até que foi fácil deixar de usar o extinto celular. Por muitos anos, ele foi meu amigo de cabeceira. Mas, como tudo na vida, sempre tem um dia que uma relação chega ao fim. Foi eterno enquanto durou. A tecnologia, mais do que vestível, já é parte do corpo nosso e das vacas. Então, qual a utilidade do celular? Deixamos para trás a internet das coisas, para usufruir da internet que interage e une, a um só tempo, os homens, os animais e as máquinas inteligentes. Vaca é ser sensível. Precisa de carinho para produzir gordura, que protege nossa vida. Por isso, a gordura agora é a parte mais valiosa do leite. Vaca precisa ser bem alimentada, para produzir um leite que é remédio saboroso. Precisa dormir bem, viver com conforto. Afinal, mais do que nutrientes, ela nos dá nutracêuticos, além da santa gordura. E, ainda, tem o que ela excreta, que é orgânico de valor. Antes da peste, chamávamos de dejetos. O que dizíamos que era problema em 2020, hoje é solução para a agricultura. E aprendemos a fazer uso muito, mas muito mais racional da água. Entendemos que este bem é escasso, embora aparentemente abundante. Hoje, 2025, cinco anos após o Coronavírus, está claro que produzir leite, em clima frio e temperado, tem efeitos ambientais muito diferentes que produzir no Brasil. É certo que, nos países de clima temperado, tem aqueles que produzem leite
com menor agressão ao clima, como a Nova Zelândia, Irlanda, um pouco da Austrália, Uruguai e Argentina. Este último, um país cada vez menos importante na agricultura. Nos EUA, o impacto também é menor, pois lá produzem milho e soja, que equilibra um pouco o estrago da emissão de gases pelas vacas. No restante dos países, o estrago é grande. Afinal, produzem leite
“Precisou vir o Coronavírus para minha geração descobrir a complexidade de ser simples. Precisou o Coronavírus, para nós aprendermos a ver tudo de modo multifacetado, sem a simplificação dualista: céu ou inferno, certo ou errado, amigo ou inimigo” baseado na importação de soja e milho, proveniente de produção majoritariamente americana e do Mercosul, remoçado após a onda do Coronavírus. Já, produzir leite no Brasil, a Embrapa acaba de provar que o impacto ambiental é quase neutro. Seus pesquisadores mediram o quanto esses animais produzem de gases de efeito estufa nos trópicos, e compararam com a produção de gases pelos animais em ambien-
te de clima temperado e frio. A Embrapa descobriu que é bem menos aqui. Também aqui está disseminado o processo de ILPF, ou seja, de integração da lavoura com a pecuária e a floresta, além da produção de pasto, somado às áreas de preservação e conservação. Se não bastasse, a Embrapa mostra ao mundo que é possível produzir leite a partir de vacas e pessoas felizes. Considerando tudo isso, sabemos, em 2025, que produzir leite e fazer agricultura no Brasil é muito menos impactante ao meio ambiente que nas sedes das ONGs ambientalistas, que, diga-se de passagem, nenhuma ajuda deram àqueles que sofreram durante a terrível devastação gerada pelo Coronavírus. Durante toda a crise, ficaram quietinhas... Foi preciso vir o Coronavírus para eu perceber que há muito sentido na adoração indiana às vacas. Não me refiro ao lado religioso. Mas à maneira sensível e respeitosa como a concebem. Vaca é ser vivo. E todo ser vivo é energia. E a energia que dedicamos a ela retorna em dobro, de modo espontâneo, na forma de leite que nutre e garante nossa existência, e também na forma de satisfação pessoal. Vaca me acalma. Me coloca em contato com a energia vital do universo. Há cinco anos, num evento na Embrapa Gado de Leite, eu ouvi as histórias de vida das produtoras Maria Thereza Rezende, a Maria Antonieta Guazzeli e a Jaqueline Ceretta. Foi um dia emocionante de que me lembro até hoje. Naquele dia, também lá esteve a Júlia Horta, Miss Brasil daquele ano. Pois eu ouvi ela dizer que PECUÁRIA EM ALTA
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ARTIGO
somente passou a ganhar títulos quando entendeu quem ela era, que isso a fez de maior solidez e conteúdo. Ao se autovalorizar, intuiu que a beleza vem de dentro para fora. Pois é o que estou sentindo neste abril de 2025. Os produtores começam a se valorizar, a ter mais solidez e conteúdo, a entender que fazem parte de uma cadeia produtiva e que cada elo tem seu papel. Ninguém fica mais criando polêmica fútil, por falta de conhecimento ou busca de valorização pessoal, sendo técnico, dirigente ou produtor. Os amadores, os oportunistas, os caroneiros de ocasião, produtores e processadores foram engolidos pelo novo mundo surgido pós-Coronavírus. É claro que a limpeza não foi completa. Ainda temos atores que pouco ajudam o setor. Mas, neste ano de 2025, começamos a ter coordenação de cadeia produtiva! A Região Sul realmente é a nova nação do leite, o único lugar do Brasil em que um menino de 18
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anos, quando fala que é produtor de leite, arruma namorada com facilidade. Lá, valorizam quem é produtor. O restante do Brasil também começa a mudar. Afinal, os jovens estão percebendo que a propriedade de leite mudou muito. Com as novas tecnologias, fazer a gestão é algo para jovens, pois uma fazenda hoje cabe no computador. E também os jovens entenderam que não faz sentido deixar um patrimônio disponível para ir para grandes centros e ser mal remunerado e viver pior. O Coronavírus aproximou gerações dentro das famílias. Ano que vem, 2026, está programado ter o Censo Agropecuário. O IBGE disse que eram cerca de 650 mil produtores vendendo leite em 2016. Ano que vem, creio que teremos uma redução drástica. Deveremos cair para 420 mil. Desses, em condições sustentáveis, 170 mil. Os demais, em situação vulnerável, são candidatos fortes a deixarem a atividade. Hoje, vol-
tei no tempo. Em abril de 2016, junto com Wagner Arbex, começamos a construir o Leite 4.0, mostrando para os que viviam no mundo da Tecnologia de Informação e Comunicação o que era o mundo do leite. Em quatro anos, evoluímos muito. Mas, quando eu achava que estava entendendo as transformações, veio o tsunami Coronavírus, que dividiu a história do leite brasileiro em duas etapas: AC e DC. Antes do Coronavírus e Depois do Coronavírus. Que saibamos viver no DC, aprendendo as lições do AC.
Paulo do Carmo Martins, Chefe-geral da Embrapa Gado de Leite Desde 1997 pesquisador da Embrapa Gado de Leite, instituição na qual é Chefe Geral desde março de 2004. Paulo Martins, economista, é um dos principais especialistas do setor leiteiro, tendo estudado a competitividade da produção em diversas regiões e a geração de empregos na cadeia do leite
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CRIAÇÃO DE BEZERROS
NOVOS PADRÕES NA AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE COLOSTRAGEM DE BEZERRAS LEITEIRAS por Rafael Azevedo, Gerente de Neonatos da Alta Brasil e Sandra Gesteira, Professora da Universidade Federal de Minas Gerais A importância da colostragem para bezerras recém-nascidas é reconhecida há muitos anos, sendo comprovada a necessidade do fornecimento de colostro de alta qualidade nas primeiras horas de vida, para correta transferência de imunidade passiva. Essa transferên56
PECUÁRIA EM ALTA
cia representa a absorção das imunoglobulinas (Ig) maternas no intestino delgado das bezerras, durante as primeiras 24 horas após o nascimento, ajudando a protegê-las contra patógenos, até que seu sistema imunológico imaturo seja capaz de responder rapidamente
aos desafios. A falha na transferência de imunidade passiva é um dos fatores de risco mais relevantes para a mortalidade (Tabela 1), morbidade e baixo desempenho em bezerras, representando perdas econômicas relevantes na pecuária de leite.
Tabela 1: Mortalidade até o desaleitamento de acordo com a eficiência de colostragem de bezerras leiteiras avaliadas no Programa Alta Cria Brasil (2019) Eficiência de colostragem
Item
Sucesso
Falha
Mortalidade
4%
9%
Sobrevivência
96%
91%
Risco relativo de morte** Números de animais
2,25 12.407
1.616
*Foi considerado como sucesso de colostragem valores ≥ 5,5 g/dL ou ≥ 8,4% de brix. **Animais com falha de colostragem apresentaram 2,25 vezes maior risco de morte durante a fase de aleitamento.
Além da redução do risco de morbidade e mortalidade durante a fase de aleitamento, trabalhos também demonstram benefícios adicionais a longo prazo associados à transferência passiva bem-sucedida, que incluem redução da mortalidade na fase de pós-desaleitamento, melhor taxa de ganho de peso, redução da idade ao primeiro parto, além de maior produção de leite na primeira e segunda lactação (Faber et al., 2005). Desde 1970, admite-se que a falha na transferência de imunidade passiva ocorre quando as bezerras apresentam IgG sérica < 10 g/L (McEwan et al., 1970). Esse padrão baseia-se, principalmente, na diminuição do risco de mortalidade quando os valores são maiores ou iguais a 10 g/L.
Avaliação da transferência de imunidade passiva O padrão ouro para avaliação da concentração de imunoglobulinas no soro das bezerras e, consequentemente, a transferência de imunidade passiva é a imunodifusão radial. Porém, essa análise não é possível de ser realizada na fazenda, devido à complexidade de execução, tempo para obtenção de resultados e custo. Uma ferramenta simples para avaliar de forma indireta a eficiência de colostragem das bezerras é por meio do uso dos refratômetros, brix e de proteína sérica total (g/dL). Para realizar a avaliação da eficiência de colostragem, utilizando refratômetros, basta coletar uma amostra de sangue do animal entre 24 horas após a colostragem
até 10 dias de idade, em tubo para coleta de sangue (a vácuo - sem anticoagulante). Em seguida, a partir da obtenção do soro sanguíneo e calibração do equipamento, deve-se avaliar a amostra no refratômetro. É importante coletar a amostra de sangue após o aleitamento dos animais e não coletar de animais desidratatos. O padrão ouro de criação de bezerras da Dairy Calf & Heifer Association (Gold Standard, 2016) indica que, na avaliação da transferência de imunidade passiva, com o uso de refratômetro de proteína sérica total, os animais devem atingir, no mínimo, entre 5,2 a 5,5 g/dl (Tabela 2). Quando é utilizado o refratômetro brix, o ponto de corte, normalmente, recomendado na literatura está entre 8 a 8,5% de brix.
Tabela 2: Valores alvo de testes a campo para aferir a transferência de imunidade passiva em bezerras* Valor alvo de imunidade (refratômetro, g/dL) (80% dos animais)
(90% dos animais)
≥ 5,5 g/dL
≥ 5,2 g/dL
*Tabela adaptada ao Gold Standard (2016).
PECUÁRIA EM ALTA
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CRIAÇÃO DE BEZERROS
Em 2017, a Alta Genetics Brasil, criou o programa Alta CRIA, com o objetivo de levantar os principais índices zootécnicos na fase de cria, auxiliando as fazendas no gerenciamento e permitindo um panorama da criação brasileira de bezerras. Em 2020, o programa acumula dados de mais de 40.000 bezerras pertencentes a mais de 80 fazendas distribuídas em todo o Brasil. Os dados de 2019 mostraram que a falha de transferência de imunidade passiva afetou 12% de 14.022 bezerras, indicando a necessidade de esforços contínuos para melhorar o manejo do colostro. Novos valores de ponto de corte para avaliação da eficiência de colostragem Segundo Godden et al. (2019), os parâmetros em uso hoje, para o estabelecimento do sucesso na transferência de imunidade passiva, baseiam-se em um ponto de corte em que, abaixo de 5,5 g/dL, as bezerras estariam mal colostradas e, acima desse valor, bem colostradas. Não levando em conta, quando admitido que estão bem colostra-
“Além da redução do risco de morbidade e mortalidade durante a fase de aleitamento, trabalhos também demonstram benefícios adicionais a longo prazo associados à transferência passiva bemsucedida”
das, se adequada quantidade IgG foi absorvida pela bezerra. Esse ponto de corte único falha em reconhecer que concentrações crescentes de IgG ou proteína sérica total estão associadas à redução do risco de morbidade e à melhora do desempenho da bezerra como apontam os relatos de Furman-Fratczak et al. (2011) e Windeyer et al. (2014). Esses pesquisadores mostraram que bezerras com concentra-
ções séricas de IgG maiores ou iguais a 15 g/L e proteína sérica total maiores ou iguais a 5,7 g/ dl apresentaram taxas mais baixas de doença respiratória. Com base nesses e em outros estudos, um grupo de especialistas em bezerros, dos Estados Unidos e do Canadá, propuseram novos padrões para a avaliação de eficiência de colostragem individual e do rebanho. O novo padrão proposto estabelece metas mais altas para a saúde das bezerras, sendo baseado na associação de menor morbidade com valores mais altos de IgG, pois o risco de mortalidade está associado a valores séricos de IgG menores que 10 g/L. O padrão proposto inclui 4 categorias: excelente, bom, razoável e ruim. Essas categorias podem ser aplicadas individualmente ou para o rebanho, com base na porcentagem de bezerras que devem ser representadas em cada categoria (Tabela 3). Como a concentração sérica de IgG não é comumente medida, concentrações equivalentes de proteína total e de brix séricos foram determinadas para as quatro categorias.
Tabela 3: Categorias propostas para as concentrações de IgG, proteína total e brix séricos e percentual recomendado em cada categoria Categoria
Quantidade de IgG (g/L)
Proteína sérica total (g/dL)
Brix sérico (%)
Percentual de bezerros em cada categoria
Excelente
≥ 25
≥ 6,2
≥ 9,4
> 40%
Boa
18 a 24,9
5,8 a 6,1
8,9 a 9,3
30%
Razoável
10 a 17,9
5,1 a 5,7
8,1 a 8,8
20%
Ruim
< 10
< 5,1
< 8,1
< 10%
*Adaptado a Godden et al. (2019)
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PECUÁRIA EM ALTA
As fazendas agora devem reavaliar seus dados e implementar essa nova classificação, buscando melhorar cada vez mais os principais pontos de manejo de colostragem. A observação dos dados de 18.286 bezerras avaliadas em fazendas que participam do Programa Alta CRIA Brasil, entre 2017 e 2019, demonstra que as fazendas estão obtendo percentuais de colostragem acima dos novos valores propostos de eficiência de colostragem. No entanto, ainda mostram oportunidades para reduzir a morbidade e mortalidade de bezerras que estão nas categorias razoável ou ruim (16%). Tabela 4: Distribuição do percentual de bezerras (n = 18.286) em fazendas do programa Alta CRIA Brasil que atingiram as novas metas de eficiência de colostragem propostas Categoria
Meta de percentual de bezerros em cada categoria
Percentual de bezerras (n = 18.286)
Excelente
> 40%
68%
Boa
30%
15%
Razoável
20%
8%
Ruim
< 10%
8%
*Levantamento realizado entre 2017 e 2019
Como alcançar os novos valores de eficiência de colostragem propostos? Para alcançar os novos valores propostos, é preciso continuar a avaliar o colostro. Um método prático de avaliação da qualidade imunológica do colostro, no campo, é pela utilização de refratômetros do tipo brix (óptico ou digital), pois esse equipamento opera independente da temperatura do colostro fresco (diferente do colostrômetro). A porcentagem de brix presente no colostro é correlacionada com a concentração de imunoglobulinas do colostro. A escala anteriormente proposta era: 1 – Boa qualidade: ≥ 22% de brix 2 – Média qualidade: 18 – 21% brix 3 – Baixa qualidade: < 18% brix No entanto, com os novos valores estabelecidos (Tabela 3), esse ponto de corte também deverá ser alterado. Ao avaliar os dados do Programa Alta Cria Brasil 2019 para obtenção de excelente colostragem (IgG >25 g/l; >6,2 g/dl; brix >9,4%), o novo ponto de corte para o colostro deverá estar acima de 24% de brix (Figura 1).
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CRIAÇÃO DE BEZERROS
9,8% 9,5%
8,9% 8,6%
<22% Brix (N=179)
22 to 24% Brix (N=441)
25 to 29% Brix (N=1724)
≥30% Brix (N=827)
Figura 1: Valores de brix sérico encontrados para as diferentes faixas de brix do colostro fornecido para bezerras
No entanto, nem sempre as fazendas têm a todo tempo colostro com brix > 24% e uma estratégia para aumentar os valores de brix no colostro, além das medidas de manejo para redução de todo tipo de estresse no final da gestação e nutrição adequada, é melhorar a qualidade do colostro fornecido. Para isso pode ser utilizado o adensamento do colostro fresco ou descongelado com os substitutos de colostro baseados em colostro natural. Como podemos observar na figura 1, com o fornecimento de maiores valores de brix via colostro, a média do brix sérico das bezerras também aumenta. Para se obter transferência
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passiva bem-sucedida, dentro das novas metas propostas, será necessário que o produtor fique atento a quatro importantes pontos de manejo: 1. Tempo para o fornecimento – Deve ser inferior a 1 hora após o nascimento; 2. Qualidade do colostro – Provavelmente deverá ser fornecido colostro com no mínimo ≥ 25% brix; 3. Quantidade ingerida - 10 a 12% do peso corporal ao nascimento; 4. Qualidade sanitária do colostro - < 50.000 unidades formadoras de colônia por mL em contagem de placa padrão e < 5.000 unidades formadoras de colônia para coliformes fecais.
Rafael Azevedo, Gerente de Neonatos e Coordenador Alta CRIA Zootecnista, mestrado em Ciências Agrárias pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com doutorado em zootecnia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e pós-doutorado em Zootecnia pela UFMG
Sandra Gesteira, Médica-veterinária Médica veterinária, com Doutorado em Ciência Animal pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professora titular da Escola de Veterinária da UFMG
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CASOS DE SUCESSO
GENÉTICA DE SUCESSO FAZENDA PILAR EM MINAS GERAIS INVESTIMENTOS EM BUSCA DE PRODUTIVIDADE
Um projeto que já atravessa gerações. Herdada pelo Dr. Joaquim Ribeiro Goulart e sua esposa, Celina Goulart Junho, no início, a Fazenda Pilar passou por algumas áreas do agronegócio até chegar à pecuária leiteira. Já, no leite, os primeiros passos foram desmanchar uma casinha que servia para fazer a ordenha das poucas vacas, comprar uma nova ordenhadeira, construir um Freestall e adquirir algumas vacas para aumentar o rebanho. A atividade começou a despertar o interesse e, com a ajuda do seu filho Vanderson e com o incentivo de toda a família, os resultados foram aparecendo e tornando o leite um negócio rentável e lucrativo. “A atividade leiteira tornou-se o carro chefe da Fazenda entre 2014 e 2015 e todos os trabalhos 62
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são voltados para que tenhamos uma produção de leite de qualidade, atendendo os requisitos impostos pela indústria do leite e sempre buscando melhorar a sanidade e a genética do rebanho”, afirma Vanderson, que, após o recente falecimento do pai, Dr. Joaquim, conta com o apoio das três irmãs, Vânia, Vanilde e Ana Lúcia, à frente da propriedade. Hoje a Fazenda conta com 4 galpões de Compost Barn onde são confinadas, em média, 170 vacas em lactação com um espaço para mais 20 animais em pré-parto. Além disso, conta com uma ordenhadeira 2x6 (que, no momento, passa por uma modernização, em que será possível ter acesso aos dados produtivos diários individuais de forma mais automatizada), um bezerreiro com baias individuais para
28 bezerras e piquetes para o manejo das novilhas e bezerras. “Nós estamos sempre em busca de evolução e novas tecnologias. Nos últimos anos, investimos em energia fotovoltaica, cóleras de monitoramento dos animais e resfriamento na sala de espera. Tudo em busca dos resultados”, diz Vanderson. Quando falamos em indicadores que norteiam as decisões e trabalho, atualmente, a média diária de produção de leite é de 6 mil litros. A CCS, contagem de células somáticas no tanque, está abaixo de 250.000 e a CBT, Contagem Bacteriana Total, abaixo de 10.000. O percentual de gordura está em 3,75% e, proteína, 3,25%. A taxa de prenhez do rebanho gira em torno de 23,3%. Em busca de resultados satis-
fatórios, a Fazenda Pilar conta com consultorias do médico-veterinário Eduardo Brito e do consultor de genética e de criação de bezerras Rodrigo Ribeiro, Gerente Regional Alta em Itanhandu. Uma forma de elevar os índices de genética bem como a produção do leite. “As parcerias com os nossos fornecedores têm proporcionado a possibilidade de implementarmos um planejamento de treinamento para os nossos colaboradores e aumentarmos todos os índices da fazenda. Além disso, no gerenciamento da fazenda, estamos buscando estabelecer processos para que todas as atividades sejam monitoradas e acompanhadas efetivamente na busca de baixar custos, sem que isso possa comprometer a saúde dos animais, nem a produção do leite de qualidade”, explica Vanderson. Atualmente, a consultoria da Alta auxilia a propriedade, tanto na condução da Genética, quanto na Criação de Bezerras. Na genética, trabalham com um plano genético focado em saúde, onde a equipe da fazenda, juntamente com o acompanhamento técnico do Rodrigo Ribeiro e do Veterinário Eduardo Brito, define o planejamento genético. Com esse trabalho, em 2017, passou a fazer parte do Alta Advantage, um programa adaptado para cada rebanho, a fim de maximizar o progresso genético em direção aos objetivos do criador. Com esse plano, o parceiro Alta tem acesso prioritário e exclusivo aos melhores touros do mundo, à mais alta qualidade para seu plano genético personalizado. Além disso, trabalham também com o
“A atividade leiteira tornou-se o carro chefe da Fazenda entre 2014 e 2015 e todos os trabalhos são voltados para que tenhamos uma produção de leite de qualidade, atendendo os requisitos impostos pela indústria do leite e sempre buscando melhorar a sanidade e a genética do rebanho”
Alta GPS, para os acasalamentos e ranqueamento das fêmeas. “Em 2016, definimos um Plano Genético focado em características que são importantes para a fazenda, características que, na visão da fazenda, se selecionadas, iriam trazer mais rentabilidade. Após isso, medimos a evolução da genética ano a ano através do Alta GPS e estamos conseguindo comprovar pelos números que a Fazenda Pilar está tendo uma evolução genética fantástica. Agora, com o programa Alta Cria, iremos conseguir avaliar números da criação de bezerras e poder traçar ações e objetivos para que essa genética superior consiga expressar todo o seu potencial. Na Fazenda Pilar, trabalhamos com produtos, ferramentas e serviços focados com a necessidade da fazenda”,
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CASOS DE SUCESSO
TOUROS DESTAQUES
AltaPANTERA
AltaTIGRE
explicar Rodrigo Ribeiro. Em 2019, a fazenda optou por multiplicar de forma mais rápida aquilo que possuíamos de melhor em termos de genética e investimos em transferência de embrião convencional (in vivo). “A seleção das doadoras foi feita através do ranking de fêmeas disponibilizada pela GPS, o que facilitou bastante, tanto na escolha dos touros, quanto das fêmeas que seriam as doadoras. Agora, também fazemos parte do programa Alta Cria, em que estamos dando um grande foco na criação de bezerras e buscando ser eficientes com os números de nossa criação”, explica Vanderson, que finaliza, “A parceria com a Alta nos ajuda muito, trazendo conhecimento técnico para a fazenda através das lives recentes e cursos presenciais como o Concept Plus, realizado no ano passado, em Patos de Minas. Para se ter uma ideia, após a nossa participação no evento, mudamos alguns protocolos e manejos reprodutivos na rotina da fazenda e melhoramos muito a nossa concepção, principalmente no primeiro cio das vacas. Passamos de uma concepção de 30% na primeira IA para 40,4% após começarmos a trabalhar com a pré-sincronização.
Sobre a regional Parceira da Alta desde 2014, a regional Itanhandu está localizada no sul de Minas Gerais e oferece serviços focados em rentabilidade. A equipe trabalha com planejamento genético, análise de números reprodutivos, manejo e criação de bezerras focados no padrão do programa ALTA CRIA, além de treinamentos específicos em vários setores da fazenda. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (35) 9 9700-5445 ou pelo e-mail: itanhandu@altagenetics.com.br
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ENTREVISTA
ROGÉRIO FONSECA GUIMARÃES PERES
15 ANOS DE EXPERIÊNCIA NA GESTÃO DE GRANDES PROJETOS DE PECUÁRIA Rogério Fonseca Guimarães Peres é médico veterinário e possui 15 anos de experiência na gestão de grandes projetos de Pecuária. Atualmente, ocupa o cargo de Diretor de Pecuária da Agropecuária Nelore Paranã. É graduado pela Universidade Federal de Uberlândia em 2005; Possui Pós-Graduação em Produção de Ruminantes pela ESALQ-USP em 2007; Mestrado em Produção de Ruminantes pela UNESP Botucatu em 2008 e Doutorado em Produção de Ruminantes pela UNESP Botucatu em 2016. Atualmente, cursa MBA em Gestão de Negócios pela ESALQ / USP. Quando falamos em produção de carne, vários pontos são levantados até chegarmos a um produto de qualidade no final do processo. Mas um assunto que ainda é pouco falado, no meio, é a gestão de pessoas. Na sua experiência profissional, como ela, ou melhor, a falta dela, pode afetar os resultados de um sistema de produção bovino? Este é um assunto extremamente importante para qualquer empresa, e não seria diferente no Agronegócio. As pessoas querem se sentir parte 66
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de um projeto. A maioria das empresas falham em não ter um projeto claro onde as pessoas consigam enxergar o caminho a ser perseguido para sair de um ponto A até chegar ao ponto B. A parte salarial é importante, mas ela não é a decisão de permanência principal nas fazendas. Para isso, a busca
de um ambiente bom de trabalho, onde as pessoas se sintam parte do projeto, é o mais importante. Quais pontos você listaria como os maiores desafios com gestão de pessoas na pecuária? Acredito que os pontos
mais desafiadores são: dedicar o tempo suficiente no dinamismo do dia a dia para conversar com as pessoas (muito conhecido como feedback e feedfoward) e garantir que os líderes, em todos os níveis, tenham essa mesma conduta e o mesmo alinhamento para que a empresa possa estar nivelada quanto aos comportamentos, necessidades, estratégias e ao planejamento de curto, médio e longo prazo.
Uma das maiores queixas no meio rural é a falta de mão de obra. Qual a melhor forma para diminuir a rotatividade de colaboradores dentro das propriedades? Como motivar a equipe e potencializar o trabalho? Nós temos levantamentos de empresa do setor que demonstram rotatividade de até 55 – 60% em propriedades rurais. Da mesma forma, existem outras propriedades com menos
Quais os primeiros passos para tornar a gestão de pessoas eficiente? Com certeza, o ponto mais importante é achar que esse tema é importante. Na maioria das propriedades rurais, temos esquemas de gestão ultrapassados ou ditatoriais. Muitas pessoas aceitam esse tipo de gestão por necessidade financeira ou humildade mesmo. Quando vamos para um modelo de gestão mais empresarial, é necessário ter uma equipe mais preparada e, para manter essa equipe motivada e engajada, um bom planejamento e um alinhamento de curto, médio e longo prazo são essenciais para mostrar / discutir os caminhos a serem perseguidos. É nesse momento que a gestão de pessoas é essencial, pois sabemos que a curva do aprendizado (ainda mais em fazenda) leva um tempo e motivar as pessoas para que se sintam parte, através de conversas e reuniões, é essencial. Com certeza, o caminho número 1 é garantir uma boa comunicação.
“Os pontos mais desafiadores são: dedicar o tempo suficiente no dinamismo do dia a dia para conversar com as pessoa se garantir que os líderes, em todos os níveis, tenham essa mesma conduta e o mesmo alinhamento” de 10%. Portanto, essa diferença está muito ligada ao modus operandi da empresa e sua liderança. Se ela acredita de fato na gestão de pessoas, as boas estratégias devem ser tomadas para investir no ambiente interno para manter os funcionários comprometidos e para contratar boas pessoas para que sua empresa seja vista pelos talentos como uma empresa promissora. Dentre os principais pontos de atenção que temos para reter
mais as pessoas são: - Qualidade da comida fornecida, proximidade da cidade, qualidade das casas e alojamentos, escola para os filhos e disponibilização de internet. - Falta de treinamento: Todas as pessoas querem buscar desenvolvimento profissional e querem evolução contínua no que fazem. Em um levantamento feito pela Destrave Desenvolvimento, somente 32% das empresas que contrataram uma consultoria de gestão de pessoas tinham feito treinamento para sua equipe. Sabemos que as empresas que buscam esse tipo de trabalho já estão na vanguarda da gestão de pessoas e temos, portanto, muitas oportunidades nesse sentido. - Líderes pouco preparados: A falta de comunicação ou pouca efetividade da mesma são os maiores problemas das propriedades rurais. Nesse caso, ter a autopercepção e autocrítica dos líderes, às vezes, são muito importantes para garantir clareza na comunicação e que as tarefas sejam realizadas da forma desejada. Devemos considerar também o modelo de gestão que vem mudado muito, onde os gestores são muito mais participativos e conseguem envolver a equipe em prol de um objetivo maior da empresa, sem ficar com o rótulo “eu” e passar para o senso de equipe “nós”. - Senso de injustiça ou falta de reconhecimento: Em propriedades, é muito comum a presença de funcionários super antigos, “de confiança” e que estão extremamente mal acostumados, servindo de exemplo negativo para os demais. Quando essa porcenPECUÁRIA EM ALTA
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tagem de funcionários blindados é grande, as empresas têm muita dificuldade de engajar o restante da equipe. A tecnologia trouxe muitos ganhos para a pecuária e conectou as pessoas ao mundo. Quais os principais desafios da gestão de pessoas no campo com colaboradores cada vez mais conectados? Acredito que a internet permitiu o acesso cada vez mais às informações e, portanto, temos várias oportunidades de usar esse meio para valorizar ainda mais o trabalho do homem do campo e mostrar o quanto o trabalho de cada um está inserido no projeto como um todo. Logicamente, as oportunidades de acesso a outros trabalhos também aumentam e, nesse sentido, que os itens discutidos acima se tornam mais importantes para que o ambiente seja bom, a fim de se ter um ambiente de atração de pessoas e não de afastamento de talentos. Treinamentos. Muitos ainda relatam o medo de investir em qualificações e acabar perdendo a mão de obra. De que forma incluí-los na “rotina” das propriedades, manter os colaboradores e agregar valor ao processo de produção? Como comentei acima, somente 32% das fazendas que procuraram uma empresa especializada em gestão fizeram algum treinamento com sua equipe. Portanto, treinar, treinar e treinar. Esse é um campo de enorme oportunidade para as empresas fornecedoras de insumos e produtos, para no68
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vas empresas de consultoria. As pessoas querem conhecimento e querem estar envolvidas em um projeto como um TODO. Temos que treinar e, caso as pessoas decidam ir, teremos pessoas mais preparadas, os concorrentes. O pior é não treiná-los e eles ficarem; portanto, temos responsabilidade de melhorar o nível da mão-de-obra como um todo.
“Acredito que o reflexo de uma equipe comprometida e engajada traz pequenos ganhos no dia a dia que reflete em um calendário sanitário mais bem feito, um melhor manejo no curral e um bem estar melhor para os animais” Estamos vivendo um bom momento na pecuária de corte, mas, na sua visão, qual o maior desafio da pecuária de corte no Brasil hoje? Os maiores problemas na minha opinião são: - Falta de planejamento de curto, médio e longo prazo e acompanhamento de custos; - Uso racional das tecnologias, para aplicar o conhecimento técnico realmente necessário para cada sistema de produção.
Muitas receitas prontas existem na pecuária e sabemos que não se aplica a todos os casos; - Gestão de pessoas e equipes – Todos os pontos que discutimos acima! Como a gestão de pessoas pode ajudar o pecuarista a agregar valor ao seu produto? Sejam bezerros, fêmeas, touros, carne etc.? Acredito que o reflexo de uma equipe comprometida e engajada traz pequenos ganhos no dia a dia que reflete em um calendário sanitário mais bem feito, um melhor manejo no curral e um bem estar melhor para os animais. Tudo isso em conjunto traz ganhos para a cadeia como um todo, que podem ser comprovados pelos trabalhos do Grupo ETCO e do Projeto Nata nas Mãos. Qual o conselho você deixaria para os pecuaristas que ainda não dedicam a devida atenção à gestão de pessoas no campo? Se dedique um tempo perguntando o PORQUÊ, sem buscar ter respostas prontas para tudo. Existem empresas de consultorias especializadas na gestão de pessoas no AGRO e elas podem ajudar muito. Geralmente, o início por uma pesquisa de CLIMA ORGANIZACIONAL faz muita diferença para atacar todos os pontos. Porém, o mais importante de tudo é o proprietário ou a empresa valorizar esse tema e se dedicar a buscar um ambiente melhor para que as pessoas consigam trilhar os caminhos juntamente com os da empresa para realização pessoal e profissional.
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Paulo Martins
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