Al Bayan 4 - Portuguese

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EDIÇÃO ESPECIAL Abril 2010

Socialista

Publicação pela construção da Liga Internacional da Luta Árabe

Trinta anos depois, as massas voltam às ruas

A mobilização democrática no Irã e a revolução de 1979 E

ste número do Al Baian é uma edição especial dedicada ao Irã. As mobilizações produzidas ao conhecer-se o resultado eleitoral,voltaram a por as massas no centro da vida política iraniana. Estas mobilizações nos lembram as que deram lugar a revolução que provocou a queda do Xá da Pérsia Reza Palehvi. Hoje em dia para as gerações mais jovens,aquela revolução é uma grande desconhecida e quando nos noticiários a recordam, aparece distorcida como uma revolução dos radicais islâmicos: a revolução dos aiatolás.Entretanto aquela revolução foi muito mais do que isso.A profundidade da mesma e o papel fundamental que jogou a classe operária tem que ser resgatado. Nosso objetivo com esta edição é em primeiro lugar recordar uma das maiores revoluções do século passado e analisar como foi controlada e derrotada pelos aiatolás.Esta revolução conseguiu tornar o país independente do imperialismo,mas ao não chegar a classe operária ao poder para avançar até o socialismo, foi retrocedendo. O regime teocrático que acabou impondo-se destrui os organismos operários e levou as massas revolucionárias a continuar por dez anos a guerra contra o Iraque.Esta iniciou-

se para repelir uma agressão montada pelo imperialismo,mas uma vez rechaçada esta invasão,a guerra foi utilizada para manter o controle sobre a população.Com isso conseguiu impor um regime ditatorial ,que é contra o qual estão lutando atualmente as massas iranianas. Esta ditadura mantém suas rusgas com o imperialismo como vemos na questão da energia nuclear,ainda que na verdade após os primeiros anos da revolução o capital internacional voltou a recuperar o terreno perdido.Assim vimos como o imperialismo negociou com o governo iraniano sua ajuda para estabilizar o Iraque. Entretanto para alguns setores da esquerda,a existência de tais rusgas com o imperialismo faz com que defendam o regime , mesmo sendo uma brutal ditadura para a população. Nossa posição é ao lado do povo iraniano frente ao imperialismo e se for produzida uma agressão direta deste chamamos uma unidade de ação com o governo,mas somente quando esta agressão se produz e durante a ação do imperialismo.Entrementes estamos por derrubar o regime,uma ditadura burguesa que impediu o avanço da revolução. No Irã a saúde e a prevenção não estão garantidas para todos,a discri-

minação da mulher e a perseguição à homossexualidade, que é negada como uma realidade social,são exemplos da vida cotidiana.Apoiamos as massas que carecem de liberdade de expressão e que apesar disso conseguem dar lugar a um dos cinemas de maior qualidade do mundo. Por isso hoje estamos com as massas iranianas que saíram às ruas contra Ahmadinejad exigindo liberdades democráticas e objetivamente ,ao enfrentar o regime que sustenta a riqueza capitalista de uma minoria privilegiada,vão contra o sistema burguês. Evidentemente nem Moussavi e nem seu mentor Rafsanjani são garantias para a população,porém os iranianos encontraram na denuncia da fraude eleitoral uma forma de sair às ruas e denunciar a opressão em que vivem. O regime tem respondido com violência e repressão às mobilizações, prendendo mais de 100 opositores.Temos conhecimento que vários deles foram condenados à morte para aterrorizar as massas e conseguir que terminem os protestos.Entretanto a cada nova oportunidade os iranianos voltam às ruas de forma massiva. O processo revolucionário para conseguir o fim da ditadura foi ini-

ciado e não parece que o regime conseguiu detê-lo. O conhecimento de como está a situação no Irã hoje e quais foram os motivos do retrocesso que viveu a revolução passada,deve nos servir para tirar algumas conclusões. Os trabalhadores e o povo iraniano precisam ser novamente os protagonistas,mas para que não voltem a trair suas aspirações é necessário que consigam organizar-se independentemente dos setores burgueses que que-

rem levá-los novamente a um beco sem saída. Para isso será necessário que os trabalhadores construam um partido revolucionário proletário e socialista que possa levar adiante esta luta.Além disso, temos que rodear de solidariedade a luta do povo iraniano contra a ditadura.Devem saber que no mundo estamos dentre aqueles que vamos apoiá-los incondicionalmente contra a opressão. Desde o jornal Al Baian nos colocamos a serviço desta tarefa.•

Nesta Edição Mobilizações de massa colocam ditadura dos aiatolás em xeque • p. 2 O desespero do regime do Irã: prisóes e penas de morte • p. 3 A revolução iraniana de 1979 • p. 4 Os grupos econômicos e as facções da Burguesia • p. 5 A prontidão atômica iraniana e o projeto pró-imperialistade Ahmadinejad • p. 6 A luta contra a Aids no Irã sofre dos males políticos e sociais • p. 7 Cinema iraniano: projeção internacional, apesar da censura • p. 8

Entre em contato: albaian.socialista@gmail.com www.litci-arabe.org

Contribuição R$ 2


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