Anima Mystica Revista Digital Vol 1 No 2

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Índice dos Artigos 6

Neo-Paganismo … os novos tempos pagãos Isobel Andrade

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A Serpente, a Pedra e a Moura encantada: Remiscências mitológicas da Grande Deusa Valquíria Valhalladur

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Néftis, a Deusa Escura Céu Almeida

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O Pentagrama e a atribuição elemental Eduardo Puente * Descargar artículo original en Español

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Misticismo Rosacruz Fernando Carreira

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A Inefabilidade: Equações para o Estudante de Esoterismo Frater Waleed * Download original article in English


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Anima Mystica Revista Digital ISSN: 2182-7176

Editores:  Luís Miranda  Eduardo Puente  Valentina Ramos

Editorial Neste número colaboraram:  Mercedes Gonçalves  Maria Antónia  Dan Izvernariu  Casa do Fauno  PFI-Portugal  Capítulo Rosacruz do

Porto  Vítor Costeira  Espaço danSer

Anima Mystica Revista Digital, é uma publicação trimestral dirigida à divulgação e discussão de assuntos relacionados com o misticismo e o mundo esotérico (dentro e fora de Portugal), sob uma perspectiva que se estende desde as nossas raízes ancestrais até aos eventos de expressão pagã dos nossos dias.

Iniciamos o segundo número de Anima Mystica Revista Digital com mais de 500 visitantes no nosso site, pessoas que se ligaram de todas as partes do mundo incluindo Estados Unidos, Brasil, Argentina, Chile, Inglaterra, Espanha e, claro de Portugal, aonde temos o maior número de visitas. É algo que nos enche de satisfação e que aumenta o compromisso que estabelecemos, o de fazer chegar temas relevantes para a nossa comunidade de leitores. Agora, na entrada do Equinócio, onde a luz do dia começa a ser mais escassa e começamos um novo período nas nossas vidas, a Anima Mystica Revista Digital orgulha-se de aumentar o seu número de colaboradores, incluindo pela primeira vez a participação de artistas gráficos, e aumentando o número de anúncios de eventos e formas de comunicação, proporcionados pelos nossos leitores. Desta forma, a Anima Mystica Revista Digital estende os seus braços a todos aqueles interessados na divulgação de cursos e workshops sobre misticismo, esoterismo e espiritualidade de expressão genérica. Neste número contamos novamente com a colaboração de autores que enviaram os seus trabalhos anteriormente e neste sentido a Anima Mystica Revista Digital reconhece a excelência da sua participação e a importância dos temas tratados.

Contactos Anima Mystica Revista Digital Facebook: https://www.facebook.com/groups/am.revistadigital/ E-mail: am.revistadigital@gmail.com Download gratuito dos números: http://issuu.com/am.revistadigital


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Declaração de responsabilidade legal

A Anima Mystica Revista Digital respeita a livre expressão, opinião e crença de cada autor. A Anima Mystica Revista Digital não poderá ser considerada responsável pelo conteúdo dos artigos publicados (seja texto ou imagem) sendo essa da inteira responsabilidade dos respectivos autores.

Mas temos também novos colaboradores que aparecem pela primeira vez nas nossas páginas. Passamos também a disponibilizar os artigos publicados na sua língua original (através do link indicado para esse efeito). Esperamos que este novo número da Revista cumpra com as expectativas dos nossos leitores, e desde já lhes enviamos o nosso mais sentido agradecimento e o desejo de que encontrem nestas páginas mais uma janela ao mundo dos mistérios das mais variadas Tradições. Os editores

Contracapa: Photos,Paint and Photoshop by: danIzvernariu 2012 Theosophy & Esoteric theme Title: Scottish Rite 33 Te Kunenga ki Puurehuroa trad maori : (the implantation to infinity) © 2012 all rights, distribution to Fiveblueapples NZL,US,CND,AUSSI & Anima Mystica Revista Digital C.E. Templo Maçónico, Rito Escocês, Grau 33

A imagem aqui representada alude ao templo maçónico: Do lado esquerdo a cor azul indica o Norte ou seja o lado passivo, frio, aquoso. Do lado direito a cor vermelha indica o lado ativo, o Sul, o calor por oposição ao Norte. O pássaro simboliza a Alquimia mas igualmente o processo de transformação. A janela vira-se para o Oriente, neste ponto torne a sua atenção para a luz e os pilares da janela, também sím-

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bolos maçónicos. O livro branco com uma sequência numérica de Fibonacci 011235 indica a universalidade e simultaneamente o conhecimento e as religiões únicas. Os números brancos 1,2 e 3 indicam a posição dos pilares no templo: 1 Conhecimento, 2 - Poder, 3- A Beleza. Os pilares encontram -se dispostos na mesma posição tal como são interpolados qualquer dos três números, sendo uma clara referência hermética ao Rito Escocês, Grau 33. Os dois pilares visíveis B & J representam o dualismo ou a entrada no templo. A Norte, o relógio que não indica o tempo, aqui o tempo não existe. Concluindo, a verdade encontra-se na obscuridade, e o templo é obscuro. Pitágoras dizia que “a luz se esconde na obscuridade”, ou seja de forma metafórica a nossa mente é obscuridade mas também é luz enquanto reflexo da capacidade de pensamento e raciocínio. Refere-se também à Luz deixada pela Igreja na obscuridade durante 2000 anos ao mistificar a verdade sobre os seus dogmas acerca de Jesus, Maria Madalena e toda a sua história.

Poderá encontrar mais obras do autor em : http://fiveblueapples.wordpress.com/


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Neo-Paganismo, Os novos tempos pagãos... Isobel Andrade*

Provavelmente já ouviram termos como "paganismo da velha guarda", e também, "paganismo emergente"; são temas usados pelos da "velha guarda" para os novos tempos concernante às novas formas da manifestação pagã e aos novos tempos em que feiticeiros e wiccans, druidas e outros seguidores de várias tradições, convivem com aqueles que vivem uma filosofia, que dizem, deveria ser comum. Mas aonde a diferença dos antigos (não muito) aos novos tempos? Hoje, adoradores de várias localidades perpetuam, bem, ou mal, e procuram reviver mitos passados; há 30 anos atrás vivia-se quase em irmandade, inicialmente quebrada pelos alexandrinos, ainda que com conceitos antigos mas já acrescida de ritualismo adaptável aos tempos que por si só, socialmente, emergiam com novas ideias e modas - o mundo agita-se completamente

Isobel Andrade e Vivianne Crowley Conferencia Holanda em 2001

nos finais do século passado e a última onda de Peixes dá lugar à de Aquário (70/80) a qual acolhe e permite a nova criatividade. Depois de Gardner, alguns de seus sucessores como Patrícia Crowther, Lois Bourne, Buckland e Doreen Valiente não só

* Sobre a autora: Isobel Andrade nasceu em Lisboa e desde cedo se movimentou no mundo do Oculto despertando o fascínio pela várias vertentes possíveis em Portugal dos anos setenta. Estudou e praticou desde jovem a Cartomancia, Astrologia e outras “artes mágikas” e cursou História devido ao profundo interesse pelo Politeísmo da Antiguidade. Frequentou Psicologia até 3ºano, pós-graduação em Marketing Social, contudo a opção de carreira profissional sempre foi pelo Ocultismo, trabalhando actualmente como Conselheira e Oracular. Com José Ferreira, juntos continuam a sua senda no Ocultismo e quando conhece Lois e Wilfred Bourne, fascina-se pela Wicca, donde recebe o 3º Iniciático e ascende a Magistra, formando Coven em 1992 e em simultâneo o Circulo Lunar da Lusitânia o primeiro circulo pagão português a trabalhar em Festivais abertos a não iniciados. Em 1996 é convidada por Tony Kemp para coordenar a PF em Portugal, Espanha e Brasil, e iniciaram o projecto para a PF Internacional sendo Portugal o primeiro país da PFI, em 1997, tendo também assento na P.F.International. Cofundadora e actual Presidente da Associação Cultural Pagã, continua a trabalhar para a dignificação e reconhecimento do Paganismo a nível nacional e internacional. Não esquecendo a sua ancestralidade e porque é detentora de segredos de coeva, após anos de trabalho Wiccan e sobre a Tradição pagã neoclássica, dedicou-se novamente às raízes; Paganismo Ibérico. Trabalha práticas que ajustem os cultos antigos aos dias de hoje, fruto de investigação académica a locais na península ibérica e de trabalho ritualista com seu grupo de estudo e formação. Os anos de prática e trabalho em campo não permitiram a profusão de publicações comerciais, estando restritas a edições privadas ou contributos temáticos. Frequentemente contactada por Universidades e meios comunicação para palestras e esclarecimentos vários sobre o Paganismo e Wicca. O autor pode ser contactado através de: pfiportugal@sapo.pt


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editam livros esclarecedores para um público interessado como também continuam o seu trabalho através de covens próprios de forma hermética mas ainda assim, ramificando-se. Nos finais dos anos 60, imitadores de Gardner, Alex Sanders e outros foram tão numerosos na profusão da Wicca, ganhando novos adeptos, particularmente na América do Norte. Pessoas interessadas pela Wicca, ansiosas, não perderam o tempo necessário à admissão e iniciação em covens, e começaram a utilizar algumas fontes escritas, aliando a sua própria intuição psíquica e imaginação para criarem as suas próprias "tradições", aparecendo assim uma nova Wicca, ainda que pouco modificada, mas simplificada.

“As manifestações do Paganismo no mundo, não surgiram iguais em todos os países”

Distinto do tempo da velha guarda de gardnerianos e tradicionalistas, deparou-se em meados dos anos 80, nos EUA e na Europa, um paganismo emergente, diferente, quer na forma de manifestação, quer em diferentes estilos. Esta nova forma de celebrar os Antigos, abarcará elementos de newfolk e também alguns elementos da Wicca, levando a uma nova visão e vivência pagã com misturas réstias de velhos costumes pagãos locais, e algumas formas padronizadas provenientes da Wicca, como por exemplo o uso de Círculo, os Quadrantes e a Consagração. Em finais dos 90, a Internet contribui para o final explosivo que conduz o Paganismo a uma nova cultura, a atual, e, ironicamente no meio tecnológico e citadino, leva as pessoas a procurarem a vida na Natureza e a encarála de uma forma mais viva, ainda que distante, mas já diferente da forma como Alex conduzira a Wicca em 70, ainda que também para um culto urbano. As manifestações do Paganismo no mundo, não surgiram iguais em todos os países.

No início de 70 emergem movimentos por causas sociais, entre eles o feminismo mágico, o qual foi favorecido pela filosofia desta nova "velha religião" , e eis que surgem novos autores como Starhawk e Margot Adler, e com elas, novos conceitos de paganismo, misturados com elementos da Witchcraft o que desfaz e confunde as fronteiras entre Witchcraft, Wicca e NeoPaganismo.

Países como Portugal, receberam a maior informação de Paganismo através da internet, apesar de já haver alguns contactos anteriores com o paganismo saxónico e muito purista. O Brasil em finais de 80, recebe diretamente todo o paganismo emergente dos EUA que se espalha entre a juventude, mas só se

Uma nova vaga emerge, o que surpreendeu os leaders da wicthcraft, os quais estupefactos por esta eclosão de covens "não conhecidos", sabiamente chegaram à conclusão que o caminho devia seguir o seu rumo, e não rumarmos contra a maré. Com esta nova corrente surge a Wicca solitária, uma nova versão de adoração a solo, sem condução de sacerdotes wiccans, e com novos conceitos de trabalho individual e outros (novos) conceitos de paganismo experimental para grupos, um tanto já distantes das práticas de Gerald Gardner e dos covens seus sucessores, ainda que existentes mas quase secretos.

Isobel, Janet Farrar e Gavin Bone: percursores da Wicca Progressiva nos anos 90 O trabalho de Isobel na Wicca Progressiva é mais conhecido na pratica, enquanto Janet e Gavin, o divulgaram através de publicações


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apercebem da forma da Wicca, misturam-na com outros cultos. Alguns anos depois, a moda é o Druidismo, entre 2001 a 2008 nova explosão dinâmica surge em cultos paganizados. Na Itália onde se esperaria um Paganismo mais saudável e com fontes acessíveis e reconhecidas, não, - vive-se um paganismo morno, aculturado, muito pouco para o que se esperava.No entanto, agora em 2000 emerge com autores como Grimassi, pena não o tenha sido com L. Martello, um autor dos anos 60 e divulgador pagão da velha guarda ... mas a velha guarda voltou ao hermetismo e ainda hoje assim nos mantemos, deixando as brasas prontas para ressurgirem na nova era, qual fénix renascida, agora bem adormecida, aguardando os novos rumos dos novos tempos. Nos caminhos, há as muitas Encruzilhadas; aonde o Reconstrucionismo, o Tradicionalista, o que Busca - o estudioso, e os aproveitadores se entrecruzam; entreluzem as velas nos Caminhos e se, muitos se encontram, outros tantos, perdemse ... Agora, em 2000, todos temos outra fronteira a passar, a do nosso próprio espaço! E, preservando o antigo, ou seguindo uma linha Pagã mais moderna e natural, abrangente a todos, há que continuar, preservando os mistérios sim, mas também proporcionando a todos os adoradores pagãos formas de culto apropriadas à vida atual. A sabedoria de um mestre, sacerdotisa ou druida está em ajudar a caminhada, não em ostentar medalhas de general empoeirado.

uma crença não individualista ou inacessível, mas por muitos partilhada: um Paganismo aberto aos novos tempos, contudo, sem perca da sua ancestralidade. Para tal há que adaptar formas de culto ao cidadão comum, aquele que não tem uma escola ou coven onde exercitar e dedicar horas de trabalho da sua vida, mas que quer saber como cultuar os seus deuses, de forma correcta, elementar e sem artifícios, mas também há que estar atento ao fácil de se inventar misturando temas que não se conhecem bem, há que ler sobre as várias vertentes pagãs e optar pela que mais se revela a si mesmo, não aos modismos ou imagens de marca.

“Gosto de Portugal e dos pagãos portugueses e acredito na alma lusitana para defesa de uma crença não individualista ou inacessível, mas por muitos partilhada: um Paganismo aberto aos novos tempos, contudo, sem perca da sua ancestralidade” Ao pagão urbano e moderno, espero que continue a acreditar na conceção do mundo assim como os Antigos, e não diluir-se com o comodismo de algumas outras "crenças pagãs" desprovidas de senso tais como levantar um Círculo com uma pena, ou plantar uma árvore no pino do Verão ...

Como coordenadora de uma organização Pagã respeito as tradições pagãs e Aqueles que as buscam, desde que o pensamento comum de Harmonia e Respeito, exista.

Aos seguidores dos Antigos, Abençoados sejam,

Gosto de Portugal e dos pagãos portugueses e acredito na alma lusitana para defesa de

e em 2012? … segue próxima edição

HPs Lilith


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A Serpente, a Pedra e a Moura Encantada: Remiscências mitológicas da Grande Deusa Valquíria Valhalladur * O solo que pisamos preserva presença da mãe”, a ideia primitimemórias arcaicas de ofiolatria va e nostálgica do ciclo contínuo trazida pela mítica "invasão de do nascimento e morte latente na serpentes" descrita por Avieno mente humana, desde os tempos que, por essa razão, apelidou o da sua união consciente e espirinosso território de Ophiussa. A tual com a Natureza. consciência da serpente infiltrouse nas liturgias e nas pedras que Vestígios de cultos ofiolátricos testemunham a sua presença como ídolo religioso e alegoria Os Saephes, adoradores de serviva da Mãe telúrica. Fonte inspipentes, deixaram-nos fortes imradora de reverência e de vigor, pressões da sua cultura que soo símbolo da serpente encorpoubrevivem em lendas de perigosos se em crenças sobre a Vida e ofídios, cujo poder de sedução ou Morte, numa terra que, apesar da de destruição povoam imensas usurpação cristã, se manteria fiel narrativas populares. O período à sua memória simbólica na imapré-histórico acentuou o imaginágem da Imaculada Conceição, rio coletivo a propósito da força padroeira de Portugal, e na heserpentina (3) que revivemos em ráldica portuguesa (1), durante insculturas serpentiformes decomuito tempo sob a égide ofídica. rando painéis pétreos nas paisaO atributo anímico da Grande gens em vários pontos, estendenEstátua-menir encontrada Progenitora poderá estar eternido-se à Galiza. A pedra e a serno lugar de Bilhares, na zado na estátua-menir da Ermida pente formam uma dupla simbólifreguesia da Ermida, na (serra Amarela). Esta escultura serra Amarela. Este achado ca em histórias extraordinárias pré-histórica concentra no granito associadas a mulheres do Outro enquadra-se entre os finais uma possível reminiscência de do 3º milénio e meados do Mundo e a fenómenos sobrenaturitos de fertilidade e de exaltação 2º milénio a.C. (Calcolítico rais. A arte megalítica (4) constitui de uma ginocracia, relembrada Final) um válido testemunho desses culnas fábulas sobre mouras (2) entos ofiolátricos sendo, por outro cantadas e na adoração das sulado, ponto de manifestação do sagrado anticessoras de entidades femininas arcaicas: as go: as cobras ou víboras cinzeladas nas rosantas e as Nossas Senhoras. É o que Moichas parecem ser totens ou manifestação disés Espírito Santo considera ser “o desejo da

* Sobre a autora: Valquíria Valhalladur é pseudónimo de Maria Cristina Ferreira Aguiar, nascida do Porto, e com o qual assina o seu primeiro livro “As Moradas Secretas de Odin”, publicado pela Madras Editora, em 2007, e desta forma deu conhecer os seus estudos em Mitologia Nórdica. A partir deste intróito, desenvolveu os conhecimentos em Posturas Rúnicas (Stadhagaldr) em workshops, e acrescentou mais uma criação, desta feita, “As Máscaras da Grande Deusa”, com a chancela da Zéfiro Editora, em 2011, mas já assinado com o nome de jornalista Cristina Aguiar. A autora pode ser contactada através de seu email: aguiar_cristina@hotmail.com


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vina outrora intrínsecos à veneração da Terra Mãe. Sobre antas edificaram-se capelas, numa tentativa de domesticar a energia telúrica ou manifestações etéricas que aconteciam nesses espaços reservados a cultos funerários e de valorização da força criadora da terra. É no interior da Terra Mãe, entidade divina e soberana, que vive a serpente e é do seu corpo que despontam as formações rochosas debaixo das quais irrompem aparições de belas e tentadoras donzelas – algumas em forma de serpente ou dragão. Memórias esparsas do culto dos antepassados, os rochedos ou penedos tornaram-se, por intervenção do Cristianismo, em suportes de mitos etiológicos de milagres que converteram em santos o que anteriormente foram hierofanias da fertilidade. Proveniente do mundo dos mortos (lugar dos ancestrais), e pela sua natureza abscôndita, a serpente carrega o simbolismo do Além, partilhando a conexão entre a vida e a morte com as sedutoras mouras encantadas – estas constituintes do imaginário popular, outrora manifestações vívidas da Deusa nutriz. No fundo, as duas dobram-se em si mesmas numa dimensão zoomórfica e antropomórfica como reflexos de uma única entidade: a Terra, o mesmo será dizer a Grande Deusa que reinou na velha Europa, antes da consciência bélica a separar do seu consorte masculino, imanente em si mesma.

“É no interior da Terra Mãe, entidade divina e soberana, que vive a serpente e é do seu corpo que despontam as formações rochosas debaixo das quais irrompem aparições de belas e tentadoras donzelas – algumas em forma de serpente ou dragão”

A serpente é um animal solidário à água, aos líquidos e ao sangue, e como tal está umbilicalmente ligada ao corpo da Grande Mãe, por inerência aos mistérios femininos e ritos de renovação. A capacidade de regeneração da serpente mimetiza os ciclos sazonais da Natureza e o ciclo menstrual da mulher, a fa-

se de poiso que prepara o útero para a fecundação. Pela dimensão ctónica, subterrânea e terrestre, a serpente encarna os atributos da Deusa-Mãe e é, por excelência, o avatar da Lua. A pedra, por seu turno, contém também um vetor estimulador da fertilidade: a pedra de fecundar, ou o penedo do casamento constituem elementos simbólicos integrados no folclore: as mulheres esfregavam-se no penedo mágico (agora extinto) na praia do Canidelo (Vila Nova de Gaia) num ato simbólico de fecundação, ou então recorriam às propriedades fecundadoras do maço de pedra do Hércules no santuário de S. Brás (Santa Cruz do Bispo), ou à ponte de Mizarela (Montalegre). O fenómeno geológico das pedras parideiras (serra da Freita, em Arouca) transformaram-nas em poderosos talismãs de fertilidade. Passar por entre o intervalo de penedos, do santuário da Nossa Senhora da Penha atesta, igualmente, a função maternal e regeneradora da pedra. O carácter solidário à água seminal ou até terapêutico da pedra (é do interior de um penedo, para onde caiu Santa Eufémia, que brotam as águas termais do Gerês [5)] e da serpente enraizaram-se na tradição popular como potência palingenésica. A oferenda de répteis embalsamados à Senhora do Alívio (Vila Verde), em prol da maternidade, reforça a ação fecundante destes répteis. Já os sardões eram solidários dos homens, tanto que antigamente se dizia que atacavam as jovens menstruadas que trabalhavam no campo. A simbiose da serpente à menstruação A primeira menstruação simboliza a passagem à condição de mulher. As jovens germânicas eram integradas na comunidade após a mãe exibir ante os olhos do pai o pano com o primeiro sangue das regras. Em várias partes do mundo, considerava-se perigoso para um homem ter relações sexuais com uma mulher menstruada, sob a pena de ficar impotente ou contrair uma doença. A palavra tabu aplica-se tanto ao sagrado como ao impuro, fundindo-se, pois, o seu significado nesta ambivalência. O tabu concede, portanto, atributos muito especiais ao sangue menstrual. Entre os ameríndios, as mulheres recolhem-se em tendas sagradas para doarem aos solos o sangue menstrual, num gesto de partilha dinâmica das funções regenerativas da terra com a faculdade reprodutora humana. O der-


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ramamento de sangue criou um impacto brutal por ocorrer de forma espontânea e sem qualquer ferimento. Só isso bastava para fomentar o temor perante o que parecia ser um poder sobrenatural. É, porém, a evidência da incapacidade do homem em beneficiar de algo profundamente sagrado e misterioso, exclusivo à mulher. Transformadas em serpentes ou dragões, as mulheres do Outro Mundo eram desencantadas ao cabo de três noites – o tempo normal de fluxo menstrual. Associação da serpente ao sangue feminino concede-lhe um misterioso poder interventivo no rito de passagem da puberdade para a idade adulta e reprodutiva. É também uma espécie de reconhecimento tácito da existência de Lillith, a serpente emancipadora que seduziu Eva a transcender a submissão a Adão – ou a Sofia dos gnósticos, o princípio feminino redentor. Este poderoso atributo teria de ser castrado e recalcado no inconsciente feminino, tomando a forma de um monstro, dragão ou demónio, tal como Lillith, a essência viva da mulher inteira e majestosa, fora erradicada do paraíso por ousar a desafiar os valores patriarcais subjugados a um Deus inacessível e dominador. O sangue retido, por via da menstruação ou virgindade, estava dotada de potência, por essa razão nota-se nas narrativas a necessidade de purificar e exorcizar as donzelas do dragão/serpente que vive dentro dela, antes de consumar o casamento. Há aqui um padrão tendencioso: ao domesticar o dragão, o indivíduo toma posse do poder pessoal da mulher e atualiza os modelos moralistas vigentes. Por outro lado, vislumbramos que a sexualidade é a tomada de consciência do poder feminino. O ato sexual, ilustrado nas fábulas de mulheres encantadas, é o fator operante da passagem da noiva sobrenatural para a condição humana. A essência da Deusa sobreviveu à ditadura cristã, mercê da sua plasticidade que ajudou a camuflar-se na tradição multissecular europeia, nos recônditos da memória antropológica. Sob a aparência de génios femininos da Natureza, elas viveram sob rochedos, não por ser apenas um lugar seguro, mas porque, provavelmente, terão sido o seu habitat de sempre (S. Martinho de Dume empreendeu uma cruzada contra a litolatria). Ela sobrevive nos contos das mouras encantadas, outrora

divindades femininas forçadas a mascararem-se em seres estranhos e ambíguos mistificados como força maligna e desviante, mantendo, contudo, a personalidade benevolente e generosa. Ora emergem do subsolo, de grutas, de penedos, ora de troncos ocos de árvores prometendo riquezas exclusivas. Estas mulheres de Outro Mundo agraciavam aquele que tivesse a coragem para se juntar à serpente, no fundo à força regenerativa da própria terra. A deusa Holda, por exemplo, desafiava os agricultores com um teste simples mas de resultados grandiosos: foi ela a ensinar o homem a cultivar o linho, e fazia despontar a vida nos campos. Sentadas sobre uma grande pedra ao meio-dia a pentear os longos e dourados (analogia ao sol) cabelos, teciam um jogo de sedução e promessas de contatos eróticos em troca de tesouros que guardam debaixo da terra - numa clara recordação de ritos de agrários. Elas tinham o poder sobre a vida e a morte. Acompanhadas pelo seu tear, de meadas de fio e de tesouras de ouro, elas personificavam o papel de tecedeiras do destino, tal como as Mouras, as Parcas ou as Nornas.

“Associação da serpente ao sangue feminino concede-lhe um misterioso poder interventivo no rito de passagem da puberdade para a idade adulta e reprodutiva” O papel iniciático da mulher A lenda de São Macário (São Pedro do Sul) retrata exemplarmente o papel da mulher Lillith, a prevaricadora da castidade e fonte do pecado original, o qual, ao contrário do que nos faz crer o catolicismo, concede à mente uma maior amplitude do Ser a partir do conhecimento da sexualidade como mecanismo de transformação. Quando Macário subia o caminho íngreme do monte, de volta a casa (simbolicamente o culminar iniciático) reparou que um forte vento levantou as saias da bela moça no momento em que esta se dobrara para apanhar gravetos no chão. O olhar instintivo para as partes íntimas da jovem fê-lo perder a beatitude, estado que lhe permitia levar brasas nas mãos. Como peni-


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tência Macário redobrou, depois, a consciência contemplativa, na solidão e na oração, curiosamente no interior de uma gruta à qual foi acoplada uma capela. A mulher, neste episódio, é a iniciadora, a serpente que no início dos Tempos corrompera o estado nãoconsciente do Paraíso. Sem a intervenção deste elemento feminino, Macário não se sentiria estimulado à transcendência da matéria por via de um processo de incubação (isolamento na gruta), permanecendo apenas num estado de superação sensorial (transportava tições nas mãos).

“A mulher é a iniciadora, a serpente que no início dos Tempos corrompera o estado não-consciente do Paraíso” A gruta ou a caverna constituem símbolos maternais e iniciáticos e, por analogia direta à serpente, que habita igualmente em buracos, espaços sem luz própria, precisamente onde ocorrem significativas mudanças conscienciais. Não deixa de ser pertinente o facto de os peregrinos terem de passar agachados até à apertada galeria onde supostamente vivera São Macário, e durante este simbólico processo iniciático teriam de evitar de bater com a cabeça no teto para não ficarem loucos (curar a loucura ou qualquer tipo de doença mental constitui a virtude essencial de São Macário). Ou seja, São Macário operou a mudança ontológica no útero da antiga Deusa. A estátua-menir da Ermida apresenta uma figura feminina gravada, em cuja zona peitoral estão talhados dois círculos concêntricos, imitando os seios. Desconhece-se a localização original (foi encontrada integrada numa parede de uma casa), mas é muito provável que tenha estado implantada numa zona de domínio espacial, na qualidade de númen e ídolo de culto (há vestígios rupestres nas proximidades). Os contos populares de mouras encantadas preservam vestígios de uma tradição matriarcal e matrilinear dos tempos em que a Deusa regulava as cerimónias religiosas. A pedra escrita de Serrazes (S. Pedro do Sul) serve de lápide do túmulo de uma suposta princesa. Estas princesas, agora en-

cantadas, significam a sua condição real de fundadoras de linhagens, como a nossa dama de Pé de Cabra. Belas e poderosas Senhoras, cujo rasto podemos seguir nas Xanas asturianas, na Mari basca, que vivia no alto do monte, nas Nixen ou Senhoras Brancas germânicas.

Notas da Autora: (1) No maior museu de baralhos de cartas e tarot, em Vitória, capital da província basca, pude testemunhar a grandeza da serpente impressa no baralho português, como símbolo do nosso brasão. (2) O termo moura não tem conotações étnicas relativas aos povos muçulmanos que invadiram a Península Ibérica a partir do século VIII. A moura ou mouro das narrativas populares refere-se a uma entidade sobrenatural. (3) Em Vimioso existe uma terra chamada Campo de Víboras, onde viveram estes répteis agora encantado e inofensivos. Cobras, ou pedaços das mesmas, são embebidas em álcool e vendidas pelas suas propriedades medicinais. Em São Pedro do Sul, a aldeia da Pena cresceu após a fuga das pessoas aos ataques de um cobra gigantesca que vivia no rio. No entanto, ficou a saudade dos habitantes da convivência com a tal serpente – daí o nome da aldeia da Pena. (4) As insculturas serpentiformes no povoado do Baldoeiro, em Torre de Moncorvo, são alguns dos vestígios de culto às serpentes: http:// www.portugalromano.com/2011/02/povoado-dobaldoeiro-civitas-baniensium. (5) Na gruta, onde se deu a aparição da Senhora da Abadia, também no Gerês, nascem as águas que curam o veneno das serpentes e expulsam as cobras que as pessoas tenham engolido inadvertidamente quando dormiam nos campos.

Bibliografia: Aguiar, Cristina. As Máscaras da Grande Deusa: Um Estudo Esotérico sobre as Deusas Nórdicas e Germânicas. Zéfiro Editora, Sintra, 2011. Costa, Dalila. Da Imaculada à Serpente. Lello & Irmão editores, Porto 1984. Frazão, Fernanda; Morais, Gabriela. Portugal, Mundo dos Mortos e das Mouras Encantadas Vol. I, II, III. Apenas Livros, Lisboa, 2009. Santo, Moisés. Religião Popular Portuguesa. Assírio & Alvim, Lisboa, 1990.


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Workshop de Posturas Rúnicas, Parte 3 Por: Valquíria Valhalladur Local: Clínica Pharol 72 Dia 17 de novembro, workshop sobre Posturas Rúnicas com conclusão do estudo da mitologia nórdica: análise da árvore genealógica dos Deuses; classificação mitológica e visão trifuncional das divindades segundo moldes dumezilianos das correntes indo-europeias.

Sobre o curso: A meditação através do uso de posturas psicodinâmicas corporais abre um novo horizonte no contato com as entidades numinosas que se “escondem” num simples símbolo rúnico, cujo significado se manifesta e se expande no subconsciente. O corpo transforma-se no melhor instrumento de captação de energias etéricas com as quais poderemos trabalhar num contexto divinatório e, ao mesmo tempo, ativarmos o processo de autodesenvolvimento. A proposta aqui apresentada visa criar um veículo de revelação dos Mistérios da Natureza a partir de dentro de cada indivíduo, usando para tal os 24 sigilos mágicos do FUTHARK – o sistema de ideogramas utilizado pelos povos antigos de expressão germânica como suporte adivinhatório e de comunicação. Através das experiências individuais, nestes exercícios, vaise elaborando e enriquecendo um sistema complexo de caracteres de uma linguagem mágica, que se vai incorporando no quotidiano individual. As Runas vão revelando os seus segredos de acordo com as emoções e os sentidos de cada participante.

Encontro de Pagãos Este encontro é para todos os interessados na Espiritualidade Pagã, Wicca, Druidismo, Bruxaria, Magia Celta e todos os "caminhos" que celebram o Paganismo. Todos são bem vindos e convidados a participar com opiniões e experiências e para um copo com pessoas que partilham interesses semelhantes. Mais informações em: portopagans@gmail.com ou através da página de Porto Pagans no Facebook

Neste momento encontramo-nos na 3ª Sexta-Feira de cada mês, por volta das 21.30, no Ryan's Irish Pub, na Ribeira do Porto.


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Néftis, a Deusa Escura Céu Almeida * Sempre que nos encontramos frente aos papiros egípcios a imagem da Deusa que mais ressalta é de Ísis, quer com as suas asas abertas em proteção ao Deus Osíris quer na Barca de Rá, mas à sua beira, quase oculta, e sem se dar muito a conhecer aparece frequentemente uma Outra Deusa – Néftis Aquela que sempre está presente mas de quem quase nunca se fala. No panteão egípcio Néftis é filha de Nut e Geb, irmã de Ísis e de Osíris, esposa de Set e mãe de Anúbis e é conhecida pelos nomes de “Senhora dos Palácios”, “Dama da Casa”, e “A Reveladora” (crê-se que a Casa era o lugar no céu onde Hórus vive). Apesar de ser representada como uma bela mulher de “olhos verdes” [1], era chamada de irmã obscura de Ísis. Por vezes era representada com longos braços alados e estendidos em sinal de proteção e noutras vezes carregava na cabeça o hieróglifo do seu nome, a casa e o cesto. Como uma Deusa de Lua Nova, Néftis se compadece e compreende as fraquezas humanas. Seu aconselhamento é justo e sábio. Ela rega as artes mágicas, os conhecimentos místicos, os oráculos e as profecias. Os seus animais são as serpentes, cavalos, cães brancos e dragões, assim como as aves como a coruja e o corvo. No Egito, o pentagrama (a estrela de cinco pontas) era conhecido como a estrela de Ísis e Néftis. Néftis regia a morte, a magia escura, as coisas ocultas, conhecimentos místicos, proteção, invisibilidade, anonimato (aquele que não declara seu nome), intuição, sonhos e paz [2]. Apesar do seu aspecto obscuro Néftis oculta toda a força do feminino em sua mais abnegada (desprendida de outros interesses) e sedutora expressão, e representa ainda a compreensão que nasceu do amor sem fronteiras. Néftis representava o que es-

tá em baixo da terra e o que não se vê (isto é seu poder de desintegração e reprodução), e Ísis representa a força da vida, o que está sobre a terra e é visível (a Natureza física) [3]. Considerando que a Deusa Maat representava a Lei que mantém o equilíbrio das coisas, o binário Ísis/Néftis representa o próprio equilíbrio, a essência dos opostos, da diversidade e oposição que mantém a harmonia da natureza, dos ciclos, da vida e da morte.

“Apesar do seu aspecto obscuro Néftis oculta toda a força do feminino em sua mais abnegada e sedutora expressão” É impossível entender Néftis sem considerar Ísis e vice-versa. Elas são lados da mesma moeda, se completam e preservam mutuamente. Enquanto Ísis representa a MulherMãe que gera, dá à luz, amamenta e cuida, podemos dizer que Néftis representa a Mulher-Mãe que ao dar à luz o seu rebento está, nesse mesmo instante, a condená-lo à morte (dali a muitos anos!). Ísis deu à luz Hórus e Néftis embalou-o, é esta dualidade presente em Ísis-Néftis a faz com que seja empregue muitas vezes como representação de Biná. Enquanto Ísis é conhecida como a Deusa da Magia, Néftis é a Deusa das Revelações, dos Segredos Iniciáticos, daquilo que é oculto. È função de Néftis e de Ísis transportarem na Barca o defunto, na sua última viagem ao Mundo da Luz. De igual modo juntamente com a Deusa Selkis (Serket) e a Deusa Neit, oferecem a sua proteção aos Vasos Canopes

* Sobre a autora: Céu Almeida é iniciada na Wicca Alexandrina e membro de um Coven em Portugal. No seu percurso místico descobriu Néftis como a sua Deusa pessoal a quem é dedicada. A autora pode ser contactada através do mail da Revista: am.revistadigital@gmail.com


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[4] (ver Tabela). Também se atribui a Néftis a capacidade de cegar a serpente APUPI para ajudar a viagem diária de Rá, na Barca, durante a noite.

também ajudava as mulheres na Hora do Parto. Era também considerada Deusa da Enfermagem. Junto com Ísis, Néftis foi a criadora dos rituais de reverência aos Deuses e às práticas mortuárias. Eram chamaTabela de distribuição de significados dos Vasos Canopes das de MA’ATY: “A cabeça de proteção do dupla verdade”. As Sul Ísis AMSET homem Fígado irmãs eram as Senhoras que aparecicabeça de proteção dos Norte Néftis HAPI am em forma de macaco pulmões pássaros migratórios cabeça de proteção do (Milhafres) nos sarEste Neit DUAMUTFE chacal estômago cófagos para descrever a Morte e o KHEBEHcabeça de proteção dos Oeste Serket Renascer. SERUF falcão intestinos

Néftis foi também associada ao Deus babuíno HAPI e na Época Baixa, à Deusa ANUKET (Deusa ligada à Água, Deusa da Caça o seu nome significa o abraço, e o seu animal é a gazela), tendo sido Adorada com Ela em Kom Mer, no Alto Egito [5]. Nos Textos das Pirâmides, Declaração 365, Néftis é responsável por alimentar o Rei após a sua morte, para nutri-lo e oferecer -lhe o renascimento. Representada junto de sua irmã Ísis, é a “Enfermeira do Rei” e aparece no Livro dos Mortos, sob o nome de Ururty. Néftis é uma Deusa Guardiã e no Mito de Osíris ajudou Ísis a colher os pedaços -14- de Osíris quando Set o matou e esquartejou [6]. Também ajudou Ísis a reanimar Osíris o tempo suficiente para que Ísis concebesse um filho. Por isso é muito frequente em representações, ver as duas Deusas juntas, Néftis na cabeça e Ísis nos pés do sarcófago. Néftis é representada junto de Ísis chamando e velando Osíris. É função das duas Deusas serem efígie do barco que transporta o defunto, na sua última viagem até à luz, Néftis é considerada a Divina carpideira de Osíris, tal como Ísis apoia Osíris no Mundo Inferior. Há quem diga que Néftis utilizou magia para se fazer passar por Ísis e assim conceber um filho de Osíris – Anúbis –; há quem diga que Osíris sabia e que Ísis também, mas com o seu abnegado amor permitiu que os dois concebessem um filho. Néftis é padroeira do sofrimento feminino e da cura, enviando sonhos curadores e energias de alívio aos doentes, e apoiando os moribundos na sua passagem o que a tornou Deusa Guardiã dos Ritos Fúnebres. Néftis

Eram representadas juntas e com as asas estendidas ao lado dos faraós, sobre os sarcófagos. Elas simbolizavam a sua proteção mas também o seu renascimento. O espaço entre as Suas Asas forma o símbolo KA, o Abraço Divino, que contém o Todo e todas as suas partes (Potência Vital) Como Divindade relacionada com o Mundo Funerário, e pelo seu papel na mumificação as faixas que envolviam o defunto eram con-


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sideradas como madeixas do seu cabelo. Foi chamada MENJET ao proteger Osíris, pelos seus actos benéficos recebeu os nomes de: BENRA-MERIT – quando aparece na forma de Gato, e KHERSEKET – personificação divina das Deusas protectoras que velavam Osíris. Atribuíram-lhe poderes mágicos e a chamavam de “Poderosa Em Palavra” (UNTHEKAN-URURTY). Foi adorada em Dióspolis Parva no Alto Egipto. Néftis pode apresentar-nos o nosso lado sombra, aquela parte da nossa psique que está sempre connosco e que nos influencia. A sombra engloba tudo aquilo de que temos medo, vergonha, que consideramos inadequado ou que simplesmente não apreciamos em nós. Tentamos reprimir ou nos livrar dessas coisas, sem perceber que se celebrarmos um armistício (tréguas) para que possamos utilizar suas forças, podemos nos tornar pessoas mais completas.

“Conhecer a Néftis é conhecer-se a si mesmo, e esta descoberta é, ao mesmo tempo, fonte de imensas alegrias e grandes desafios” A porção de sombra pode também ser mensageira do subconsciente e dos deuses. Ao utilizar os sonhos e visões, eles podem nos revelar o que é necessário para nossa proteção, sabedoria e expansão, tanto na vida física como espiritual. Néftis comunica-se primariamente através de sonhos, usando o poder da Lua; os sonhos sob a influência da Lua Cheia podem lidar com eventos de natureza psíquica, enquanto que sob a influência da Lua Nova são de natureza mais espiritual. Néftis revela o significado dos sonhos, das profecias, dos oráculos, dos sinais da natureza. Néftis, com toda a Sua associação com a morte, trás o processo que faz com que morramos para a ignorância e vejamos a verdade oculta em nós. Para conhecer Néftis há que nos ajustarmos internamente e partir em busca do encontro com as nossas mais profundas verdades, com a nossa alma.

Para aqueles que acreditam na individualidade dos Deuses, Néftis e Ísis estão intimamente ligadas mesmo sendo Deusas independentes. Ísis é a Lua de Prata, Néftis é o lado escuro da Lua, não o escuro da Lua mas o seu lado oculto. Ísis é magia, Néftis é mistério. Assim, as palestras seriam a forma preferencial de ensino sobre Ísis enquanto a meditação seria a de Néftis. Conhecer a Néftis é conhecer-se a si mesmo, e esta descoberta é, ao mesmo tempo, fonte de imensas alegrias e grandes desafios. O verdadeiro místico deverá aceitar estes desafios sabendo que o seu percurso estará sempre acompanhado pela “Senhora do Templo”.

Referências no texto: (1) Moon Magick. Deanna J. Conway. (2) No livro The Greek Magical Papyri, editado pelo Hans Dieter há algumas referências a estas qualidades mágicas, muitas vezes em parceria com a Ísis ou uma fusão entre as duas deusas. (3) Plutarco, Ísis e Osíris (4) Os “Filhos de Horus” e as direções aqui apresentadas correspondem com as de Margaret Murray em The Splendor that was Egypt mas outras têm sido sugeridas (Egyptian Mythology A to Z. Pat Remler 3ª Edição) (5) Abeer El-Shahawy. The Funerary Art of Ancient Egypt. (6) Segundo a versão apresentada pelo Plutarco em “Ísis e Osíris”. Noutras fontes o corpo é esquartejado de maneiras diferentes, ver: “Osiris and the egyptian resurrection”. E.A. Wallis Budge.

Outras fontes consultadas: http://www.egiptologia.org/mitologia/panteon/neftis.htm http://www.angelfire.com/falcon/wily/whoisnebthet.html http:// deusasefadas.blogspot.pt/2011_04_01_archive.html http://www.teiadethea.org/?q=node/125 http://www.teiadethea.org/files/jornais/jornaljunho08.pdf http://sagradofeminino.blogspot.pt/2009_10_01_archive.html http://wwwjaneladaalma.blogspot.pt/2009/02/neftisreveladora.html http://www.egiptologia.com/religion-y-mitologia.html Ellen Cannon Reed. Circle of Isis.


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O Pentagrama e a atribuição elemental * Eduardo Puente **

Este tópico é de grande interesse tanto desde um ponto de vista histórico como esotérico e é tão grande a riqueza simbólica que o espaço deste artigo não chegaria para cobrir todas as suas perspectivas. Desta forma o texto que é apresentado em seguida estará mais relacionado com uma abordagem esotérica e simbólica, e não tanto com o aspeto histórico, embora este não deva ser esquecido. O pentagrama é um símbolo muito antigo, tanto na sua forma invertida como “regular ou estrela”. No entanto, a sua correspondência elemental depende, consequentemente, do aparecimento dos cinco elementos no pensamento filosófico, que por sua vez surgem no mundo ocidental com um passado relativamente recente. Apesar de ser possível especular sobre as várias raízes, as primeiras e mais diretas referências aos quatro elementos primários - Fogo, Ar, Água e Terra são normalmente atribuídos a Empédocles (450 AC). Ainda que este se referisse a eles como “raízes” [1], sendo Platão (427 – 347 AC) aquele que, presumivelmente, os catalogou de “elementos”. A adição do quinto elemento – Éter - deve-se a Aristóteles (384 – 322) [2] que também escreve sobre as qualidades dos elementos (quente, frio, seco e húmido). Os leitores podem encontrar também correspondências aos elementos em diversos textos de natureza hermética, dentro deles o mais interessante poderia ser o de Kore Kosmou também chamado de “A virgem do mundo”, no entanto, a sua datação é difícil apesar de vários autores o colocarem à volta de S.IV AC [3]. Embora sejam muitas as maneiras de colocar elementos no pentagrama, sem dúvida a mais usada hoje em dia pelos praticantes de

Magia Cerimonial e inclusivamente na Wicca Tradicional é a que se mostra na Figura 1.

“O simbolismo do pentagrama e a sua correspondência com os elementos, possui uma grande relevância desde o ponto de vista da Cabala Hermética e Mágica”

A atribuição direta entre o pentagrama e os elementos da forma que se encontra na figura (Inferior direita: Fogo, inferior esquerda: Terra, superior direita: Água e superior esquerda: Ar) é polémica e é difícil de localizar em textos anteriores àqueles relacionados com os trabalhos da Ordem da Aurora Dourada [4,5]. No entanto tem sido sugerido por vários autores que esta colocação pode ter a sua origem nas Tabelas Enoquianas [5,6] reveladas a John Dee (1527-1608) e a Edward Kelley (1555-1597) e que constituem a base do trabalho mágico enoquiano de diversas Ordens como a Aurora Dourada, a O.T.O e a Aurum Solis. Esta conexão entre o pentagrama elemental e o sistema enoquiano tem sido, em geral, pouco explorada na literatura, sobretudo a mais superficial. Apesar disso o seu valor é transcendental tanto desde um ponto de vista teórico como prático já que através do mesmo sistema enoquiano é Fig.1. O pentagrama e a possível, também, incolocação dos elementos tegrar no pentagrama

* Tradução por: Maria Antónia ** Sobre o autor: Eduardo Puente é Sumo Sacerdote da Tradição Alexandrina e também é iniciado na Ordem Aurum Solis e na Ordem Rosacruz. O autor pode ser contactado através do seu email: edutp00@gmail.com


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os planetas e as Atalayas ou Watchtowers. No entanto, apesar do caminho enoquiano ser sem dúvida interessante para o estudo do pentagrama elemental, este artigo explora outras correspondências simbólicas também de grande interesse e mais apropriadas para o espaço deste trabalho. Neste sentido, o simbolismo do pentagrama e a sua correspondência com os elementos na forma apresentada na Figura 1, possui uma grande relevância desde o ponFig.2 Imagem adaptada de La Clef de la Magie Noire to de vista da Cabala Hermética e Mágica (inclusive na Cabala cristã). Na obra de Stanislas de Guaita (1861-1897), La Clef de la Magie Noire, podemos encontrar uma representação do pentagrammaton como se mostra na Figura 2. Esta correspondência podia ter sido inspirada em várias fontes anteriores [7] como as obras de Pico della Mirandola (1463-1494), Johannes Reuchlin (1455-1522) ou mesmo de Eliphas Levi (1455-1522), e inclusivamente poder-se-ia especular que serviu como uma possível fonte de inspiração aos fundadores da Aurora Dourada. Mas, o mais relevante para este trabalho é que, estabelecendo as segundas correspondências entre as letras do pentagrammaton e os elementos, obtémse de forma directa o pentagrama elemental com o qual começamos o nosso trabalho. É do conhecimento geral, no sistema da Aurora Dourada, que as correspondências podem ser estabelecidas da seguinte forma: Yod (

) com Fogo, primeira He (

) com

Água, Vau ( ) com Ar, segunda He (

Existe outro ângulo de grande interesse que relaciona este programa elemental tanto com a Cabala como com alguns elementos da astrologia. A ligação mais direta entre estas duas disciplinas e o pentagrama elemental pode ser encontrado na visão de Ezequiel (622 AC). Esta visão e a sua relação com os quatro elementos ganha força na Mercaba ou misticismo judaico no período do segundo templo e maioritariamente com o estudo posterior do Zohar. Nesta visão Ezequiel descreve as Sagradas Criaturas Viventes ( , Chaioth ha-Qadesh) da seguinte maneira: E a semelhança dos seus rostos era como o rosto de homem; e do lado direito todos os quatro tinham rosto de leão, e do lado esquerdo todos os quatro tinham rosto de boi; e também tinham rosto de águia todos os quatro. (Eze 1:10 ACF)

“É muito fácil estabelecer as bases do pentagrama elemental sobre as correspondências relativas à variação do pentagrammaton usada por muitos ocultistas desde o Renascimento e é, também, bastante ilustrativa para alguns cabalistas cristãos”

)

com Terra e finalmente a letra Shin ( ) com o Espírito. Esta última correspondência (que para alguns pode parecer contraditória) estabelece-se de diversas formas, uma delas relacionada com a relação:

Aqueles interessados podem consultar as fontes bibliográficas [8-10]. Como se pode ver, é muito fácil estabelecer as bases do pentagrama elemental sobre as correspondências relativas à variação do pentagrammaton usada por muitos ocultistas desde o Renascimento e é, também, bastante ilustrativa para alguns cabalistas cristãos.

(Ru-

ach Elohím) = 300 = que por razões de espaço não pode ser discutida neste texto.

Apesar da associação entre os quatro elementos (e/ou as suas qualidades) com os signos do Zodíaco aparecer numa época relativamente recente (ver Tetrabiblos de Ptolomeo (90-168 DC) bem como a Antologia de Vettius Valents (120-175 DC)) [11], estas quatro imagens (Leão, Águia, Homem e Touro) obtém uma correspondência perfeita com a iconografia dos quatros signos fixos do Zo-


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díaco associados cada um aos Solstícios e Equinócios. A visão de Ezequiel e a sua possível relação astrológica assim como as possíveis influências babilónicas tem sido estudadas por outros autores [12,13] e de fato foram incorporadas tanto na iconografia cristã como na alquimia, sem mencionar a sua introdução na prática mágica, claramente visível, por exemplo, no ritual maior de invocação do pentagrama [4,5].

ritualísticos o pentagrama pode ser substituído pela cruz contida no círculo [14] ficando o círculo em si mesmo como a representação do espírito.

vontade no propósito da Grande Obra”

Poderíamos especular que a aproximação astrológica ou inclusivamente a abordagem mediante o pentagrammaton poderiam ser a fonte de inspiração para a colocação atual

Estes quatro elementos indicados pelas referências às Sagradas Criaturas Viventes são unificados em Kéter. Recordemos que estes correspondem ao plano Yetsirático desta sefirá. Desta forma, Kéter é a fonte primária Colocando os daquilo a que Fig.3 Roda do zodíaco e colocação dos signos fixos quatro signos fichamamos “os xos de acordo quatro elemencom a sua localitos”, representazação na roda, é fácil considerar que estes do em si mesmo o Espírito. Esta associação representam a mesma estrutura elemental poderia ser revelada muito diretamente, ao que se encontra no pentagrama. recordar que , por um lado e tradicionalmente, se diz que as linhas que compõe o pentaIsto é igualmente visível nos signos cardinais grama possuem uma longitude de 21 unidae mutáveis refletindo sempre as característides [15] e que o Nome de Deus associado a cas opostas de acordo com a sua corresponKéter é Eheyé ( ) que também soma dência zodiacal (os opostos representam-se 21, reforçando a ideia de unidade dos eleprecisamente pelas diagonais Terra-Água e mentos e a dupla função do espírito, ou seja, Ar-Fogo). Na realidade, estes opostos astrocomo fonte de origem e de reunificação dos lógicos, em termos de elementos, são tamquatro elementos. bém uma espécie de agrupamento por actividade, de maneira que Ar-Fogo são os activos Existe, ainda, um aspeto mais profundo dese Água-Terra são os passivos, equilibrando tas correspondências simbólicas relacionado desta forma o masculino-feminino claramente com os elementos e que se revela parcialrepresentado nas duas barras que compõe a mente no fato de os querubins se corresponCruz e razão pela qual em muitos contextos derem no mundo yetsirático de Yesod. Já que Yesod é uma sefirá particularmente im“O pentagrama é provavelmente portante no universo da magia, no Plano Astral e em especial no chamado “círculo mágium dos símbolos mais utilizados na co”. Não há espaço suficiente para discutir prática mágica e a sua associação estes pontos em detalhe e por outro lado secom os elementos procura conter ria um desvio considerável do tema central, no entanto, é sem dúvida um tema com grannum só símbolo uma representação des implicações práticas no que se refere ao do Universo que o mago pode trabalho dos elementos e dos chamados elementais. explorar e usar para expandir a sua


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dos elementos no pentagrama (e por consequência para a Aurora Dourada) mas, para afirmá-lo categoricamente seriam necessárias mais do que especulações. O mais relevante, no meu entender, com tudo aquilo que foi dito até agora, é a grande riqueza simbólica e esotérica que o pentagrama encerra e da qual, aqui apenas se falou a partir de uma visão geral.

(5) Israel Regardie. The complete Golden Dawn system of magic. New Falcon Publications. (6) David Jones. Planetary Attributions to the Elements and the Pentagram in Enochian Magick. Hermetic.com. (7) Kocku Von Stuckrad. Locations of Knowledge in Medieval and Early Modern Europe: Esoteric Discourse and Western Identities. Brill Academic Publishers. 2010. (8) Aleister Crowley. Liber 777.

O pentagrama é provavelmente um dos símbolos mais utilizados na prática mágica e a sua associação com os elementos na posição que foi descrita não é uma colocação aleatória ou estética (como quase nada na magia) e procura conter num só símbolo (como quase em tudo na magia) uma representação do Universo, um microcosmos que o mago pode explorar e usar para expandir a sua vontade no propósito da Grande Obra.

Bibliografia: (1) John Burnet. Early Greek Phylosophy. Capítulo V (2) Aristóteles. On Generation and Corruption. (3) Brian Brown. The Wisdom of the Egyptians. Também poderá consultar: Marilynn Hughes, The Voice of the Prophets: Wisdom of the Ages, Volume V. (4) Israel Regardie. The Golden Dawn. Llewellyn’s Golden Dawn Series.

(9) Frater Achad. Q. B. L. or The bride's reception. 1972. Transcrito e convertido a versão eletrónica por Benjamin Rowe 1997-1998. (10) Lon Milo DuQuette. The Chicken Qabalah of Rabbi Lamed Ben Clifford. Red Wheel/Weiser. 2001. (11) S. J. Tester. A History of Western Astrology. Boydell Press. 1999. (12) Rogers, J. H. (1998). Origins of the ancient constellations: I. The Mesopotamian traditions. Journal of the British Astronomical Association, vol.108, no.1, p.928. (13) Rogers, J. H. (1998). Origins of the ancient constellations: II. The Mesopotamian traditions. Journal of the British Astronomical Association, vol.108, no.2, p.79-89. (14) Melita Denning y Osborne Phillips. Mysteria Magica. Llewellyn Publications. (15) Israel Regardie. The Middle Pillar: The Balance between mind and magic. Editado e anotado por Chic Cicero e Sandra Tabatha Cicero. Llewellyn Publications. 2004. Também poderá consultar o documento No.VIII (Flying roll) da Aurora Dourada publicado por Francis King e Magia Transcendental de Eliphas Levi.

Curso : Introdução à Cabala A Cabala é um sistema místico-filosófico que trata não só da divindade e sua relação com o homem e a criação, como é também um processo que proporciona mecanismos para organizar e estruturar o pensamento esotérico e a prática mágica. O pensamento cabalístico apresenta várias vertentes, no entanto, o curso centrar-se-á em introduzir vários aspectos teóricos e práticos relativos à tradição esotérica ocidental, sendo a introdução à Cabala Mágica ou Hermética o principal objectivo. O curso terá inicio a 13 de Outubro pelas 15:00, no Capítulo da Ordem Rosacruz AMORC, no Porto Para mais informação pode escrever ao email: am.revistadigital@gmail.com


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Misticismo Rosacruz Fernando Gabriel Carreira * O Misticismo é um conceito transversal a todas as escolas de pensamento e religiões e não existe uma forma única de o praticar. Deste modo, o título deste artigo sobre “Misticismo Rosacruz”, pretende apenas referir uma forma particular de abordagem e vivência do misticismo, tendo em conta o fato de nos definirmos como uma Organização de caráter místico em consonância com a natureza dos nossos ensinamentos. Antes de prosseguirmos com o artigo, vamos ver algumas definições de misticismo para melhor enquadrar aquele de que falamos: No Dicionário Houness da Língua Portuguesa “Crença de que o ser humano pode comunicar-se com a divindade ou receber dela sinais ou mensagens”, ”atitude mental mais baseada na intuição e no sentimento, do que no conhecimento racional, que busca em última instância, a união intima e directa do homem com a divindade (1). Crença na possível comunicação do homem com a divindade // vida contemplativa // Devoção exagerada // Tendência para acreditar no sobrenatural (2). Para Harvey Spencer Lewis é a percepção íntima e directa de Deus ou do Cósmico, através do Eu, isto é, pelo domínio do inconsciente. O ideal do misticismo, é a consecução final da união consciente com o absoluto. (Manual Rosacruz). Através destes conceitos, mais ou menos aceites hoje em dia, pode concluir-se que o misticismo é uma forma de alcançar a fonte do conhecimento que está para além do mundo material, emocional ou intelectual, ou seja, o estado supremo de consciência ou união pura com Deus.

Esta união, que a prática da meditação propicia, deverá assentar no sentimento e na intuição, como linguagens da alma, ser feita directamente pelo místico, sem intermediários ou imagens exteriores, sendo acompanhada por um esbatimento da consciência corporal, em favor da que concerne à alma. Neste estado de consciência pura, perde-se a noção sujeito-objecto, e concomitantemente a ideia de finito, entrando-se na consciência do infinito.

“O misticismo é uma forma de alcançar a fonte do conhecimento que está para além do mundo material, emocional ou intelectual”

Conforme a religião, corrente de pensamento ou condicionalismo sociocultural, assim varia a terminologia usada no contexto da espiritualidade. Para os rosacruzes, o estado de Paz Profunda a atingir como meta final, designase iluminação ou consciência cósmica; os budistas falam de estado de nirvana, que corresponde ao reino dos céus para os cristãos, o absoluto para os filósofos, a grande obra para os alquimistas e o estado de brama para os hinduístas. A Ordem Rosacruz é, pois, uma escola vocacionada para orientar os seus membros a desenvolverem e expandirem a consciência até à iluminação. Fornecendo ensinamentos de cariz esotérico e cultural (científico e histórico), como ponto de partida para a definição da senda a encetar por cada um, bem como propostas de exercícios que desenvolvem os centros psí-

* Sobre o autor: Fernando Carreira é Frater Rosacruz da Ordem Rosacruz AMORC


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quicos e as capacidades latentes no nosso interior. Desta forma, a cada buscador cabe construir, na base do seu entendimento, a sua própria verdade, sem sujeição a qualquer outra que lhe seja exterior. Os ensinamentos enviados regularmente aos filiados, são apenas as bases do estudo e reflexão a desenvolver, já que o que se transmite deverá ser objecto de uma análise crítica do estudante, que aceitará ou não o que lê, dado que o rosacruz é um ponto de interrogação ambulante, em busca do conhecimento. “A mais ampla liberdade, na mais estrita independência” é o lema que norteia a Organização, dado que se presume que apenas desta forma se pode evoluir, porque só se cresce havendo autonomia e responsabilidade na definição do sentido a imprimir à vida pessoal. Só conhecendo-se a si, poderá alguém apreender o universo, o funcionamento da vida e Deus, o que implica o confronto, em total liberdade, com as características pessoais a transformar. Em suma, busca-se “o domínio da vida”, não no sentido do controlo sobre o que deverá ou não ocorrer, mas mediante a capacidade de se tomar em mãos o próprio destino, encarando da melhor forma os acontecimentos, modificando-os ou aceitando-os por compreensão dos mecanismos da vida.

“Não devemos criar a ilusão de que o conhecimento a atingir se obtém sem trabalho da nossa parte ou em curtos períodos de tempo” Os rosacruzes de hoje, à semelhança dos alquimistas do passado, também têm um laboratório no qual praticam alquimia mental e espiritual chamado “Sanctum de lar”, local de recolhimento reservado ao estudo e meditação, na privacidade individual. Não devemos criar a ilusão de que o conhecimento a atingir se obtém sem trabalho da

nossa parte ou em curtos períodos de tempo. Para isso, serão necessárias várias encarnações, já que para os rosacruzes o processo de iluminação faz-se de forma lenta, gradual e harmoniosa para que as diversas capacidades e atributos se possam ir desenvolvendo. Trabalha-se a personalidade, em todos os domínios, dando atenção às emoções e aos pensamentos, de forma a obter-se uma maior compreensão de si próprio, para que a união mística se faça. Nessa linha, terão de ser desenvolvidas capacidades de concentração, contemplação, introspecção, raciocínio, imaginação, visualização, e meditação, bem como a melhoria da condição moral individual e coletiva, num continuum processo de expansão da consciência. São-nos, pois, ensinados os métodos a seguir para alargar essa mesma consciência e podermos vir a ser os mestres de nós próprios pela harmonização com o mestre interior. Este tipo de espiritualidade não deve afastar o praticante do mundo terreno, antes pelo contrário, só poderá prosseguir, realizando a intersecção das duas dimensões da cruz Rosacruz, ou seja unindo a verticalidade ou inspiração espiritual com a horizontalidade do mundo objectivo ou terreno. Só então florirá a rosa central do amor, unindo equilibradamente os dois braços da cruz. O mundo afigura-se assim como parte do laboratório onde a alquimia se fará, na relação com os demais e o meio envolvente. Quanto à vertente iniciática da Ordem, há que dizer que os ensinamentos progridem por graus e o ingresso em cada um deles obedece a um ritual específico. Visa-se, assim, preparar a consciência do candidato para a compreensão dos princípios fundamentais que aquele grau transmitirá, dando-lhe um maior entendimento das leis superiores, segundo a tradição advinda da grande Fraternidade Branca. Os rituais consistem em representações simbólicas que induzirão o indivíduo a percepcionar o sentido interior do que lhe será ensinado.


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A propósito, há que observar que todas as culturas que formaram a civilização ocidental - os babilónios, os egípcios, os gregos e os romanos – englobavam uma ampla componente ritualística. A tendência filosófica da Ordem aponta para a necessidade de reflexão sobre o conteúdo dos ensinamentos, de forma a que os estudantes desenvolvam o amor pela sabedoria. A informação veiculada, sendo assimilada pela reflexão, contribuirá para um maior conhecimento de si mesmo, bem como da natureza, de Deus, do ser Humano e do Universo. A rosa simboliza a personalidade-alma - a consciência em evolução -, conectada simbolicamente com o coração, já que se situa na zona central do corpo do homem. As pétalas da rosa quando desabrocham, significam as faculdades da alma a desenvolverem-se no ser humano. Quando a rosa se abre completamente na cruz, simboliza o estado de perfeição ou união mística entre o corpo e a alma, tendo esta expressado o conjunto das suas faculdades. É este o estado ideal Rosacruz.

Bibliografia citada (1) Dicionário Houness da Língua Portuguesa Tomo XII. (2) Novo Dicionário Lelo da Língua portuguesa.

Bibliografia consultada Spencer Lewis, Harvey “Manual Rosacruz”, Biblioteca Rosacruz, GLP,1964 Maurice Bucke, Richar “ Consciência Cósmoca” Biblioteca Rosacuz, GLP, 1996 Underhill, Evelyn, “ Misticismo”, Biblioteca Rosacruz, 2002

www.amorc.org.pt


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Eventos da Casa do Fauno 13 Setembro (5ªf), 19h-20h – Inscrições Limitadas Aulas Regulares: TAI CHI E CHI KUNG com NUNO HENRIQUES Iniciam-se esta semana as aulas regulares! Descubra o desconto especial para todas as inscrições efectuadas durante o mês de Setembro. O Tai Chi é uma arte marcial, mas hoje em dia é ensinado também como um estilo de Chi Kung mais dinâmico, como uma dança lenta. O Chi Kung é uma antiga ciência chinesa que permite tomar consciência da energia vital, ensinando também a controlá-la através de uma postura precisa, movimentos específicos, técnicas respiratórias e meditação. O Tai Chi – Chi Kung é um exercício completo para o corpo e para a mente. Aborda a saúde de forma holística, restaura o corpo no geral, principalmente a estrutura física – articulações, ossos, tendões -, trabalha a coordenação motora e é também muito relaxante. * + informações | inscrição +

22 Setembro (Sáb.), 14h30-17h30 – Inscrições Limitadas Visita Guiada: O PORTO MEDIEVAL A Antiga Muralha Fernandina com ERNESTO VAZ RIBEIRO Venha conhecer o Porto Antigo, rodeado pela Muralha Fernandina! A Muralha Fernandina, que em tempos cercou o Porto, data do último quartel do século XIV ou seja, tem mais de seiscentos anos. É um ícone quase esquecido da cidade, ainda que uma parte ainda exista transformada, escondida nalguns casos, adulterada noutros e desaparecida na maior parte. De facto, continua viva, nuns locais fisicamente, noutros só sob a forma de alicerce (hoje invisível) e finalmente noutros, tapada, como que envergonhada pelo destino que os homens lhe traçaram. Ainda assim aqui e ali, aparece sorridente como a convidar que a redescubram. Um passeio ao longo dos seus três quilómetros, olhando para o interior e exterior das suas linhas, descobrindo os monumentos que o homem, ajudado pelo tempo, foi semeando: palácios, praças, mosteiros e casas. * + informações | inscrição + 23 (Dom), 15h-19h – Inscrições Limitadas Curso: HERBALISMO MEDICINAL com ISA BAPTISTA A Tradição da Cura pelas Plantas 23 (Dom), 15h – Entrada Livre Palestra: O MAL COMO AUSÊNCIA E DIVINA PEDAGOGIA NA PERSPECTIVA SUFI com ADALBERTO ALVES

29 (Sáb), 15h – Entrada Livre Palestra: TEOSOFIA – SABEDORIA DIVINA com MADALENA CAVALEIRO & PEDRO TAVARES D’ALMEIDA Espiritualidade e Tradição

30 (Dom), 17h – Entrada Livre Lançamento do Livro: DEGRAUS DE FOGO de MELUSINE DE MATTOS com GILBERTO DE LASCARIZ, DAVID SOARES e CHARLES SANGNOIR


27 22 Setembro (Sáb.), 20h FESTA MEDIEVAL - EQUINÓCIO DE OUTONO Concerto e Lançamento do novo CD EQUINOX com STRELLA DO DIA Os Strella do Dia retiram agora da sua forja o novo CD Equinox, que será auspiciosamente lançado no próprio dia do Equinócio de Outono em Sintra, num ambiente festivo medieval – com hidromel, cidra, licores e outras iguarias e artes. Este concerto único terá lugar nos bosques luxuriantes que rodeiam a Casa do Fauno, situada na Quinta dos Lobos (próximo da Quinta da Regaleira), uma das mais antigas propriedades de Sintra, doada pelo Rei D. Afonso Henriques aos Cavaleiros Templários no séc. XII. Ao contrário do primeiro CD Sacrus Profanus - editado em 2009 e composto inteiramente por repertório medieval europeu -, este novo trabalho combina música medieval – de origem ibérica, germânica e italiana – com temas tradicionais da Velha Europa – oriundos de Portugal, Galiza, Irlanda, Bretanha, Escócia e Bulgária. * + informações +

CAMINHADAS NOCTURNAS com Maria João Martinho

CAMINHADAS NOCTURNAS EM SINTRA Pelos Trilhos Mágicos do Monte da Lua | Todas as Sextas-feiras às 21h Dia 14: Conventos da Serra - dos Capuchos ao Carmo Convento de Sta. Cruz | Descida a uma antiga aldeia da serra onde se encontra o Convento de Sta. Ana do Carmo | Travessia do Rio Velho rumo à Aldeia do Espírito Santo Dias 21 e 28: Rio Velho Do Alto das Três Cruzes iremos ao Rio Velho e da sua margem à antiga Aldeia de Gigaroz, depois pelo caminho do Rio Milho regressaremos à Tapada dos Capuchos

SINTRA ASSOMBRADA Caminhos e Histórias do Outro Mundo | Todas os Sábados às 22h Dia 15: Assombrações e Portais da Serra (esgotado) Que os Portais da Serra se abram para nós e nos levem a outras dimensões | Que o nefasto não nos atinja mas que se nos revele Dias 22 e 29: Anjos, Demónios e Fantasmas da Vila Velha Caminhos de anjos assombrados por demónios | Antigos cemitérios | Fantasmas que incomodam e não querem ser incomodados | Esta é a Sintra Assombrada

Informação facilitada por Casa do Fauno Para mais detalhes consulte o site: http://casadofauno.wordpress.com/ © 2012, Zéfiro - Edições e Actividades Culturais | Casa do Fauno | Ishtar - Artes Mágicas


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A Inefabilidade: Equações para o Estudante de Esoterismo* Frater Waleed ** A inefabilidade é um conceito que merece especial atenção por parte de todo o estudante de esoterismo, independentemente da escola ou tradição a que este pertença. Isso ocorre porque a inefabilidade está intrinsecamente ligada à noção de “incomunicabilidade”. E o que é incomunicável deve ser escondido ou oculto; dai a associação ao esoterismo. Todos aqueles que se interessam pelo Hermetismo e pela Alquimia, bem como outras formas de esoterismo e misticismo, estão fadados a encontrar o conceito de inefabilidade quer na sua pesquisa quer na sua prática. No caso da última, esta depende se a natureza da inefabilidade for encontrada ou se tal experiencia se revelará útil na sua dissipação, caso contrário irá apenas trazer a suspensão ou até total quebra na capacidade de comunicação.

“O que é incomunicável deve ser escondido ou oculto; dai a associação ao esoterismo” Para aqueles que ainda não se depararam com o abismo onde o familiar mergulha e a consequente imobilidade de pensamento, fruto da incapacidade de se por ideias em palavras, é importante que se adquira uma certa apreciação por este conceito. Caso contrário, quando se encontrarem em território desconhecido (o que não pode ser evitado) a experiência irá deixar um gosto amargo não só na boca mas acima de tudo na alma, o qual só irá passar quando alguma forma de aceitação for encontrada. É com este fim será aqui apresentado uma forma de abordar este assunto, não da inafabilidade em si (pois tal abordagem não caberia em tão pou-

cas páginas) mas sim do conceito de inafabilidade, e da representação dos processos mentais a ele associados. Como a inefabilidade está intrinsecamente ligada à capacidade de expressão verbal e escrita, ela irá ser examinada do ponto de vista da linguagem, neste caso, da sintaxe da língua inglesa (N. do T.: note-se que o texto original é inglês). Assim sendo, entraremos agora no domínio da Filosofia Analítica, particularmente a Filosofia da Linguagem. Dado que a linguagem representa um processo mental, e que o conceito de inefabilidade está relacionado com comunicação, esta será a forma mais lógica de abordar o assunto em mãos. Claro é que alguns poderão objetar à limitação de todo o tratamento filosófico da sintaxe baseado nas regras da língua inglesa. No entanto o argumento que sustenta tais objeções rapidamente se dissipará se tivermos em consideração que um razoável número de outros códigos linguísticos possuem uma sintaxe compatível, ou pelo menos “convertível”, ao Inglês (e vice versa). Além do mais, segundo a teoria da I-línguas de Noam Chomsky’s , todas as línguas baseiam-se em construções mentais inatas aos seus utilizadores (Chomsky & Lasnik, 1995, p. 15; Isac & Reiss, 2008, p. 13). As semelhanças que existem entre estas construções mentais, adquiridas durante o seu desenvolvimento, constituem uma aparente manifestação externa unificada da língua, como é o caso da língua inglesa (Isac & Reiss, 2008, pp.14-15). Contudo, todos os seres humanos partilham certos traços cognitivos que moldam do desenvolvimento das I-línguas. Relacionado com estes traços cognitivos encontra -se o “estado inicial” do qual a capacidade da linguagem se desenvolve, e que condiciona

*Tradução por Luís Miranda **Sobre o autor: Frater Waleed é um proponente ativo do Hermetismo e Neoplatonismo. As suas filiações iniciáticas incluem ser Oficial da Ordo Aurum Solis, importante veiculo para a preservação e transmissão da Tradição Ogdoádica


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todas as subsequentes manifestações desta capacidade. (Chomsky & Lasnik, 1995, p. 14). Este estado é caracterizado por aquilo que ficou conhecido como “Gramática Universal” (Chomsky & Lasnik, 1995, p. 14; Webelhuth, 1995, p. 3). É constituído pela soma de “princípios, condições, e regras pertencentes a todas as línguas humanas, não por acidente mas sim fruto da necessidade...” (Chomsky, 1976, p. 29). Assumindo a existência da “Gramática Universal”, e tendo presente que a linguagem externa não é mais do que a manifestação mental das I-línguas que por sua vez partilham aspetos comuns entre indivíduos e culturas ao mesmo tempo que se mantem únicas, podemos facilmente concluir que os resultados obtidos através do tratamento da sintaxe inglesa podem ser aplicados a uma escala mais vasta. Antes de iniciar o nosso estudo sobre a inefabilidade, é importante observar-mos a própria palavra “inefável”. Assim verificamos que esta significa “demasiado grande ou extremo para poder ser expresso em palavras” (Waite, 2012, p. 370). Além do mais o termo é um adjetivo, ou seja, é usado para clarificar a natureza de um nome (Waite, 2012, p. 370). Este é um ponto importante a reter. Essencialmente indica que o termo é usado para anexar a única descrição possível a algo que é “demasiado grande ou extremo para ser expresso em palavras ” (Waite, 2012, p. 370). É uma descrição que, de certa forma, nega descrição; ou melhor, nega a sua própria existência uma vez que exclui a possibilidade de uma descrição. Consequentemente indica que o elemento ao qual está unido como adjetivo é algo para lá da capacidade cognitiva humana, em particular daquela expressa através de um meio verbal ou escrito. A relação entre adjetivo e nome pode ser expressada através de: Adjetivo + Nome = Descrição (i.e., Efabilidade) Equação A: Inefabilidade Relativa Com base na relação sintática anterior, a forma através da qual o termo descritivo “inefabilidade” funciona permite a ligação à seguinte equação matemática: -x + x = 0

Nesta equação a variável x representa um nome específico expresso segundo as capacidades cognitivas humanas enquanto -x representa a negação da possibilidade dessa representação por causa da incapacidade de expressar o nome através de termos cognitivos humanos (ou seja, através da linguagem). Além do mais, podemos assumir que x e -x, quando nomes, representam respetivamente os conceitos abstratos de efabilidade e de inefabilidade. No entanto, no caso da equação anteriormente apresentada, apenas o primeiro é apresentado como uma abstração (i.e., nome).

“Assumindo a existência da «Gramática Universal». podemos facilmente concluir que os resultados obtidos através do tratamento da sintaxe inglesa podem ser aplicados a uma escala mais vasta” A segunda expressão da equação é “zero” (i.e., a anulação das variáveis x e -x). Tal é indicador de que a expressão situa-se entre a inefabilidade e o seu oposto, sendo considerada parte de ambos, considerando que se lida com inefabilidade através desta equação e que esta seja chamada de “inefabilidade relativa” (ou “efabilidade relativa”, dependendo do ponto de vista). É descrita como “relativa” porque apesar do nome ser inexpressável este pode sempre ser identificado com algo reconhecível pela cognição humana. Exemplos deste tipo de inefabilidade incluem aqueles referidos por palavras como “experiência inefável” ou “sentimento inefável”, onde “experiência” e “sentimento” denotam sentimentos específicos e familiares à mente humana (i.e., um sentimento ou uma experiência específica e nenhum outro), sendo algum tipo de reconhecimento possível pela mente humana. A inefabilidade diz respeito apenas ao nome em si, razão pela qual este é relativo. Apesar da sua natureza parcial, inefabilidade relativa é a forma mais comum encontrada quando alguém faz referência a algo incomunicável. A equação demons-


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trativa (supramencionada) será a partir daqui identificada como “Equação A” de forma a distingui-la das seguintes. Equação B: Efabilidade Completa Por desafiar a cognição, a inefabilidade só é reconhecível por comparação com o seu oposto, caso contrário a distinção entre as duas tornar-se-ia vaga e tenderia a desaparecer. Se tal acontecesse, a cognição combinaria ambos estados numa forma transcendente de intelecto superior a ambos, algo que deve manter-se no domínio da Mente Divina da Tradição Hermética e Neoplatónica (ou do seu equivalente microcósmico, O Eu Divino do Hermetismo e do filósofo). Aos interessados pelo misticismo, e pela Grande Obra, há algo que se deve tomar em conta à medida que desvanece a distinção entre o inefável e o efável. Contudo, para a maior parte dos estudantes do esoterismo que ainda falta experienciar a inefabilidade e/ ou aceitar essa realidade, é importante considerar a inexpressabilidade através do seu oposto. Assim consideremos a “efabilidade” (ou melhor, a “ efabilidade completa”) e a sua própria equação: x + x = 2x Aqui, a variável x na segunda posição (i.e., a do nome) representa o mesmo que na Equação A, enquanto o primeiro x já não representa a negação de todas as qualidades atribuíveis ao nome por meio da negação da última (i.e., o x negativo). Pelo contrário, o primeiro x alude à propriedade de efabilidade, ou a uma das distintas cognições do seu nome que exemplificam essa efabilidade. A segunda expressão da equação constitui um entendimento do nome enriquecido pela aplicação do primeiro x. Tal pode ser expressado através de 2x, que transmite a ideia de que o nome pode ser descrito e até explicado através dessa descrição. Por outras palavras, 2x indica a completa efabilidade. A razão pela qual o x está dobrado tem a ver com o facto da outra expressão da equação se encontrar limitada a dois elementos, um adjetivo e um nome, que são compostos.

Um exemplo da aplicação da fórmula da efabilidade completa pode ser encontrada em expressões do tipo “ato ritual”, onde um nome particular (i.e., ato) recebe conotações ritualistas que o definem. Um outro exemplo poderia ser a descrição genérica de “ato efável”, indicando que o próprio ato é susceptível a comunicação verbal ou escrita.

“Para a maior parte dos estudantes do esoterismo que ainda falta experienciar a inefabilidade e/ou aceitar essa realidade, é importante considerar a inexpressabilidade através do seu oposto” A equação da efabilidade completa acima descrita pode ser referida como “Equação B”, de forma a distingui-la daquela dedicada à inefabilidade relativa, bem como da próxima forma a ser apresentada. Equação C: Inefabilidade Completa A equação da efabilidade completa encontra na “Inefabilidade Completa” o seu oposto. Esta diz respeito à inexpressividade desprovida de associação a qualquer nome. Neste sentido difere da inefabilidade relativa que, contendo a noção de incomunicabilidade aplica o mesmo a um nome definido, criando assim uma variação a roçar a inefabilidade (ou mesmo, efabilidade). Por outro lado, a inefabilidade completa não envolve qualquer relativismo ou parcialidade. Ela é tão completa quanto a função descritiva associada ao seu oposto possa ser em relação a tudo que possa ser expresso. Para este fim, podemos afirmar que a inefabilidade completa é aquela que melhor se aplica à ideia ou conceito de inefabilidade ao invés de qualquer nome específico. (ao contrário do que se passa com a inefabilidade relativa). A sua fórmula, chamemos Equação C, pode ser apresentada da seguinte forma: -x + (-x) = -2x


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O primeiro -x desta equação representa o mesmo que na Equação A. O segundo -x indica uma negação similar do funcionamento das capacidades cognitivas fruto da representação da inefabilidade como um nome (conforme mencionado acima) e assumindo esta posição relativamente à estrutura da Equação C (i.e., como o seu segundo fator). Tal deve-se à ausência, ou melhor inexpressividade, do próprio nome, ao contrário do que se passa no seu homólogo na Equação A. O segundo -x representa a inefabilidade, à semelhança do primeiro elemento da equação. A segunda expressão da Equação C, onde o negativo é pareado com o negativo é, obviamente, -2x. A inferência que podemos retirar daqui é de inefabilidade composta e aparentemente completa, em contraste com a Equação A, uma vez que tanto o adjetivo como o nome da primeira expressão são incomunicáveis, ao invés de ou um ou outro. A equação, como já referimos, indica a inefabilidade completa, ou o conceito de inefabilidade desprovida de tudo o que possa comprometer a sua integridade. Sem um nome específico, é a inefabilidade enquanto conceito abstrato que assume o papel do nome. Em todo caso esta inefabilidade abstrata é una, conforme dado pela expressão -2x da Equação C.

também manter presente que uma análise filosófica sobre a inefabilidade não precisa de se limitar à estrutura sintática usada no seu estudo (i.e., ao adjetivo e ao respetivo nome). A inefabilidade pode, por exemplo, ser também considerada em relação a preposições, advérbios, adjetivos que seguem o verbo “to be”, um conjunto de adjetivos (em contraste de adjetivos isolados) e até descrições completas, que se podem estender por várias frases. Estas formas alternativas de abordar o assunto não foram aqui tratadas uma vez que o nosso estudo da inefabilidade não foi de todo extensivo. Antes pelo contrário, pretende-se que constitua uma introdução ao assunto e escrito especialmente para estimular as faculdades intelectuais do estudante. Claro que aqueles que pretendem seguir a Grande Obra de Auto-realização não se devem limitar a exercícios intelectuais mas também procurar obter experiência prática, em particular aquele trabalho que fornece uma perceção mais profunda sobre um determinado assunto. Com o conceito de inefabilidade, o estudante irá, mais cedo ou mais tarde, adquirir tal experiência, se é que ainda não a alcançou, e saber em primeira mão as “falhas da palavra”. Para já, espera-se que esta exposição seja suficiente para ajudar a alcançar aquilo que é inexpressável e efetivamente oculto.

Algumas Considerações Foi aqui fornecido ao estudante de esoterismo uma visão geral do conceito de inefabilidade (e do seu oposto, a efabilidade) através do processo mental subjacente à sintaxe inglesa. Podemos também supor a existência (ou não existência, sendo este um efeito superior) de algo chamado de “inefabilidade transcendente”, que iria alem das ideias até aqui apresentadas. Contudo, devido ao espaço disponível a inefabilidade transcendente não será aqui abordada, ficado essa abordagem reservada para outra ocasião. É preciso

“Aqueles que pretendem seguir a Grande Obra de Auto-realização não se devem limitar a exercícios intelectuais mas também procurar obter experiência prática”

Bibliografia Chomsky, N. (1976) Reflections on Language. London, Temple Smith. Chomsky, N. & Lasnik, H. (1995) The Theory of Principles and Parameters. In: Chomsky, N. The Minimalist Program. Cambridge, MA, MIT Press, pp. 13-127. Isac, D. & Reiss, C. (2008) I-Language: An Introduction to Linguistics as Cognitive Science. Oxford, Oxford University Press. Waite, M. (ed.) (2012) Paperback Oxford English Dictionary. 7th ed. Oxford, Oxford University Press. Webelhuth, G. (1995) Introduction by the Editor. In: Webelhuth, G. (ed.) Government and Binding Theory and the Minimalist Program. Oxford, Blackwell Publishers Ltd., pp. 1-14.


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A lenda de Santa Catarina Resenha ao filme Vítor Costeira* um de nós possui um ser mítico que pede para ser recordado, tal como uma ponte antiga que permanece ao lado de uma nova – vejase o exemplo da antiga ponte romana (ponte do porto) em Amares por onde Santa Catarina passa e fita a ponte nova. O tempo arcaico não pode ser eliminado no corpo moderno.

Imagem promocional do filme

Quando todas as estruturas estão em crise, quando a carta da torre se torna a expressão máxima da identidade moderna, nunca foi tão urgente usar a magia das imagens e dos sons para ampliar espíritos castrados. Hoje, o cinema volta aos tempos do mudo pois não são as estruturas de poder a sensibilizar hoje os mais jovens para o uso criativo do cinema como ferramenta produção de pensamento, como processo transformador da consciência, como arte, mas novamente pelo esforço de, como escreveu Edgar Morin (1997), curiosos, autodidactas, falhados, trapaceiros, farsantes, entre outros. Hoje, os jovens, na sociedade da miséria espiritual e da displicência, vivem uma pobreza de consciência pois esta mesma se reduz a data de nascimento dos mesmos. Assim sendo, que outra melhor forma de encontrarmos colectivamente conhecimento e intensidade de outros tempos do que com o cinema, sendo o próprio cinema um encontro de tempos? Como escreve Gilberto de Lascariz (28: 2008), “a época em que vivemos reabre esse ciclo antigo! Com ele abremse as «portas da percepção» do universo visível e invisível, como partes complementares um do outro” Por outras palavras, somos escrita mítica – o mito é sem dúvida o plano máximo da imanência da alma humana-, e cada

Este projecto consiste numa tentativa de usar o cinema como experiência colectiva no seio de uma pequena freguesia de Braga, Santa Lucrécia de Algeriz, na recriação da Lenda de Santa Catarina de Alexandria. A freguesia de Santa Lucrécia de Algeriz, para além de ter o nome da mártir de Córdova, Santa Lucrécia, a protegida de São Eulogio, e S. Tiago como orago, possui uma capela em honra de Santa Catarina que segundo fontes privilegiadas o culto à mártir data desde o século XVIII. Apesar do martírio de Santa Catarina de Alexandria ser comemorado a 25 de Novembro, este filme foi realizado exclusivamente para integrar as festividades locais em honra de Santa Catarina no âmbito das actividades realizadas pela Lucré Crescendo, associação recreativa e cultural de Santa Lucrécia de Algeriz. Foi exibido pela primeira vez a 31 de Agosto.

Cenas do filme

* Sobre o autor: Vitor Costeira (Le Fool) É realizador de cinema e animador cultural na associação cultural e recreativa Lucré Crescendo. Licenciou-se em Sociologia na Universidade do Minho. Tem desenvolvido vários projectos em cinema a nível local na recuperação de artesanato, lendas e santos. O autor pode ser contactado através do seu email: vrcosteira@gmail.com


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Apesar de ter sido retirada do calendário litúrgico oficial pelo Papa Paulo VI a 9 de Maio de 1969, Santa Catarina de Alexandria é sem dúvida das figuras mais interessantes e misteriosas do cristianismo. Nascida pagã, acabou por tornar-se na proto-mártir da figura de uma mulher cristã, culta e guerreira que acabou por cristalizar-se em profundidade, sécu-

Cenas do filme

los mais tarde, com Joana D´ Arc – aqui existe uma zona de sombra interessante, acredita -se que Santa Catarina tenha sido uma lenda mas ela é uma das vozes que juntamente com S. Miguel falou a Joana D´Arc – onde esta última acabou por se tornar a heroína de Santa Teresinha de Lisieux. Assim, Santa Catarina de Alexandria, Joana D´Arc e Teresa de Lisieux formam uma tríade muito curiosa, três mulheres cristãs de espada. Acredita-se também que Santa Catarina tenha sido a versão cristianizada da inolvidável Hipátia, como refere José Manuel Anacleto (471:2008), “Catarina teria recusado todas as propostas de casamento, incluindo a do imperador, alegando que se casara com Cristo, também Hi-

pátia nunca quis casar, afirmando que o fizera com «a Verdade» ou com «a Filosofia»”. Sendo estas figuras as duas grandes mulheres da fronte cristã e pagã nas terras de Alexandria como seria uma conversa entre ambas? Seriam inimigas sendo cada uma delas casada com a sua própria verdade. Este encontro improvável entre ambas foi sem dúvida um forte ponto de inspiração para a reescrita da lenda de Santa Catarina. A este cruzamento das duas personagens devo acrescentar outro elemento curioso. Em algumas representações iconográficas, para além da roda de tortura, elemento subtil da mística associada a esta mártir – componente que a diferencia da morte bárbara de Hipátia-, Santa Catarina aparece com uma espada. Mas de onde vem esta espada? A espada de Cristo em São Mateus? Que guerreira afinal é esta, escondida na Santa Catarina académica? Todos estes critérios deram-me motivos mais do que suficientes para uma nova reescrita desta lenda. A trama inicia-se com o Imperador Maximiano que, após ter conhecimento de que um dos seus soldados foi humilhado em praça pública por uma jovem cristã, recebe uma carta inesperada de Diocleciano. Maximiano, assumindo como uma afronta as palavras de Diocleciano sobre a sua tolerância para com os cristãos, lança de imediato uma perseguição. Rapidamente, dá-se um desenlace entre Maximiano e a imperatriz, Catarina, uma jovem cristã, forma um triângulo entre ambos. Assim começa a aventura mística de Santa Catarina. Para terminar, “um filme devia valer por si próprio. É absurdo se um cineasta precisa de dizer o que um filme significa por palavras” (Lynch, 2008: 29) Bibliografia Anacleto, José Manuel, (2008) Alexandria e o conhecimento sagrado, CLUC, Lisboa. Lascariz, Gilberto de (2008), Ritos e mistérios secretos do Wicca – um estudo esotérico do Wicca tradicional, Zéfiro, Sintra. Lynch, David (2008), Em busca do grande peixe, Lisboa, Estrela Polar. Morin, Edgar (1997), O cinema ou o Homem Imaginário, Lisboa, Relógio D´ Água editores.

Cenas do filme

O Filme pode ser visto em: vrcosteiracinema.wordpress.com


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No próximo número de Anima Mystica Revista Digital Entrevista feita a Maxine Sanders por Karagan Griffith, no Witchtalk

ta inspiração provém do Caldeirão da Deusa e de todas as Suas manifestações. Dentro dos estudantes e Iniciados de Maxine encontram-se aqueles que escreveram livros de referência e trabalhos informativos sobre a Bruxaria Moderna, Wicca, Paganismo, Deuses e Deusas, Rituais Sazonais, Magia Cerimonial, Cabala e sobre a Magia Sagrada dos Anjos.

Sobre Maxine Sanders: Pela primeira vez em muitos anos, Maxine Sanders fala com Karagan sobre a Bruxaria e sobre o seu ponto de vista acerca do trabalho mágico dos Bruxos. Maxine foi iniciada dentro do Círculo de Bruxaria em 1964. O Sumo Sacerdote desse mesmo Coven era Alex Sanders, mundialmente conhecido como o “Rei dos Bruxos”. Maxine e Alex celebraram o seu “handfasting” em 1965 e casaram-se legalmente em 1968. Os Sanders converteram-se em nomes de referência durante os anos 60 e 70, dando a conhecer de forma global e dramática à Bruxaria, as suas práticas e a sua realidade. É reconhecido por todos a forma como a publicidade intensa que rodeava os Sanders precipitou aqueles inclinados ao Paganismo, rompendo, assim, com as amarras da então rígida ética cristã. Apesar do extremo interesse dos paparazzi, as muitas e sinceras iniciações realizadas no Coven de Maxine e de Alex, durante e a partir deste período, foram a fonte e a criação de uma linhagem de Bruxaria que, desde então, se difundiu por todo o mundo. Maxine é uma Sacerdotisa dos Mistérios Sagrados altamente respeitada. Encorajou, apoiou e inspirou estudantes ao Sacerdócio para assumir o manto consciente do seu potencial espiritual. Para ela, o catalisador des-

Muitos dos discípulos de Maxine converteram -se em bem sucedidos mestres do conhecimento esotérico, com trabalhos a nível internacional. No entanto, muitos deles seguem o caminho tradicional comunicando os Mistérios Sagrados dentro dos reinos ocultos dos Templos da Deusa. Durante trinta e cinco anos, Maxine viveu em Notting Hill Gate, em Londres onde foi Suma Sacerdotisa de muitos conventículos em processo de formação. Cinco anos atrás, trocou a sua vida de bruxa citadina pela remota Escócia rural. Vivendo sozinha numa pequena casa de pedra no Parque Nacional de Snowdonia, encontra-se bem afastada da excitação da vida na cidade, o que trouxe consigo novas recompensas no trabalho da Bruxaria e no estudo da magia das pedras, dos rios e dos grupos montanhosos. Criando galinhas e ajudando ocasionalmente com as alpacas, ao mesmo tempo que passeia pelas montanhas com Bilbo. Bilbo é um Whippet Laguna de cor azul, de seis anos de idade, o mais travesso dos Whippets. Atualmente quando não está a viajar ou a dar conferências, Maxine pratica a Arte Mágica e celebra rituais da Craft tanto nas montanhas como na sua propriedade de pedra: Bron Afron. Maxine pratica a sua magia solitariamente, retirando-se do trabalho de ensino, acreditando que é melhor que este seja desenvolvido pelo sacerdócio mais jovem. A sua vocação como Sacerdotisa inclui falar às audiências que desejem escutá-la e aconselhando aqueles que necessitam de amabilidade, verdade e esperança.

Direitos de Autor do original em video: Karagan Griffith/RedBird/Logios Publishing 2012 © . Todos os Direitos Reservados. Direitos de autor da Tradução do Inglês para Português e Castelhano: Tradução para Português e Castelhano autorizada à Anima Mystica Revista Digital 2012 © . Todos os Direitos Reservados.


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Download de artigos originais A partir deste número de Anima Mystica Revista Digital poderá fazer download dos artigos nas suas línguas originais.

La otra cara de los símbolos adivinatorios Autor: Eduardo Puente Língua do texto original: ESPAÑOL Anima Mystica Revista Digital Vol. 1 No 1. pp 15-17 Link para fazer download: http://goo.gl/Aw0F8

El símbolo, la psicología y el misticismo Autor: Valentina Ramos Língua do texto original: ESPAÑOL Anima Mystica Revista Digital Vol. 1 No 1. pp 22-24 Link para fazer download: http://goo.gl/NNUcD

El Pentagrama y su atribución elemental Autor: Eduardo Puente Língua do texto original: ESPAÑOL Anima Mystica Revista Digital Vol. 1 No 2. pp 19-22 Link para fazer download: http://goo.gl/Gzy6D

The Subject of Ineffability: Equations for the Student of Esotericism Autor: Frater Waleed Língua do texto original: ENGLISH Anima Mystica Revista Digital Vol. 1 No 2. pp 28-31 Link para fazer download: http://goo.gl/d3F0E


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Os autores que desejem contribuir para a próxima edição deverão enviar os manuscritos para o endereço de email: am.revistadigital@gmail.com

Os artigos deverão ter uma extensão máxima de cinco páginas (de texto), com letra: Arial 12, espaçamento entre linhas: 1.5, formato: A4, margens: 3 cm, e em formato de Documento de Word (.doc, não .docx). Os artigos em língua portuguesa devem ser escritos preferencialmente segundo as normas do novo acordo ortográfico.


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