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Índice dos Artigos 8
Feri: êxtase e tradição Bruno Dias
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Compreendendo Loki pela perspetiva da dualidade do Fogo
Valquíria Valhalladur
O pagão no contexto do
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óbito católico Uma perspectiva pessoal
José António Campos
Bruxaria Tradicional versus Wicca
28 Ricardo Vieira
Também, neste número: O último beijo Por Eduardo Puente
Babyoga, o que é? Por Sónia Sousa
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Anima Mystica Revista Digital ISSN: 2182-7176 Editores: Luís Miranda Eduardo Puente Valentina Ramos
Neste número colaboraram:
Casa do Fauno Capítulo Rosacruz do
Porto Fellowship of Isis-
Editorial
Portugal Silver Circle
Um sol morre e outro nasce. Um ciclo termina e
Sónia Sousa
outro começa. Uma despedida e umas boas-vindas . Os
Marabô
solstícios são momentos mágicos que nos lembram que
Escola Babyoga Portu-
tudo o que começa também tem um fim ... e um novo
gal Conselho de bruxaria
começo. A paciência é recompensada , porque quando a noite parece mais escura , o dia começa a crescer.
tradicional do Brasil
A Anima Mystica Revista Digital também alegra -se com os ciclos, com as mudanças e recomeços. Os dias Anima Mystica Revista Digital, é uma publicação trimestral dirigida à divulgação e discussão de assuntos relacionados com o misticismo e o mundo esotérico (dentro e fora de Portugal), sob uma perspectiva que se estende desde as nossas raízes ancestrais até aos eventos de expressão pagã dos nossos dias.
são frios , mas no calor da lareira, o conforto necessário para as idéias que gradualmente começam a surgir , como as plantas que lutam contra o gelo que cobre o chão. Viver no escuro também é benéfico. A terra dos mistérios chama-nos para mostrar o oculto, o desconhecido. Para nos mostrar nós próprios. Mas cada solstício surpreende-nos com toda a alegria , a beleza e juventude de uma nova estrada . Nós somos atraídos para as coisas que virão. Olhamos e todos nós junta-mo-nos em todos os continentes desejando
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felicidade. As religiões encontram-se no ponto onde o sol nasce. Homens apertam as mãos e as cozinhas têm mais vida. As panelas , facas, paus ... instrumentos dos bruxos e magos, bruxas e magas, são utilizados no dia-à-dia para alimentar os corpos e almas. Que a Anima Mystica Revista Digital também permita alimentar o espírito para que novos começos ganhem força , vida e bons desejos ressurjam e se espalhem por todo o Universo!
Os editores
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Feri: êxtase e tradição Bruno Dias* Feri é uma tradição de bruxaria iniciática prégardneriana baseada num corpo de conhecimentos transmitidos por Victor e Cora Anderson. Victor Anderson nasceu a 1917 nos EUA, e referia ter sido iniciado num conventículo de bruxaria pré-gardneriana entre 1930 e 1940. Apesar da descrença de alguns que o conheciam, em relação à sua iniciação num conventículo secreto, existem dados que comprovam a mesma, sendo que recentemente a neta de um dos iniciados deste conventículo entrou em contacto com alguns iniciados da tradição Feri.
“Apesar da Feri ter um considerável número de linhagens, são várias as crenças e práticas comuns entre elas. A crença na triplicidade da alma humana, o conceito de coração negro de inocência, ética pessoal” Considerada uma tradição de índole estática, que coloca grande ênfase no desenvolvimento do Self e no contacto/interação com diversas divindades e espíritos tutelares era, por vezes, designada por Victor Anderson de “ciência devocional”. No seu conjunto de crenças e práticas podemos encontrar influências de várias fontes como o Hoodoo, Voudou, xamanismo (principalmente o Huna), Tantra e folclore celta (especialmente o que está relacionado com a crença em fadas). Ao incorporar cada uma destas fontes na tradição, Victor Anderson enfatizava sempre as semelhanças entre elas, em vez de se focar nas suas diferenças. Tanto ele como Cora eram conhecidos por tentarem destacar a he-
rança cultural dos seus alunos durante seu treino mágico na tradição. Por isso, é natural encontrar iniciados Feri com diferentes abordagens iniciáticas. Victor procurava sempre ir de encontro às conexões culturais de cada aluno pois defendia que a herança mágica se encontrava no sangue de cada um. O resultado destes ensinamentos de grande caráter dinâmico e criativo consiste num conjunto de diversas linhagens com diferentes liturgias, práticas mágicas e um vasto corpo de conhecimento. O nome desta tradição surgiu espontaneamente pois Victor mencionava várias vezes aos seus alunos as tradições celtas de crença nas fadas (Faery/Fairy). Inicialmente Victor e Cora denominavam os seus ensinamentos como Arte. Posteriormente, para estabelecer uma separação entre a sua tradição e as restantes, passou a usar-se o nome Vicia: palavra que, segundo Cora Anderson, partilhava a mesma origem da palavra Wicca. Vários alunos foram usando progressivamente o uso de Faery para designar a sua tradição. Por fim, este último nome foi alterado para Feri fazendo a distinção entre a tradição de Victor e as tradições ou grupos que entretanto surgiam com denominações semelhantes (as práticas de R.J. Stewart, Kisma Stepanich e outras tradições de Wicca eclético). Apesar da Feri ter um considerável número de linhagens, são várias as crenças e práticas comuns entre elas. A crença na triplicidade da alma humana (o ser humano é visto como possuidor de três almas, com diferentes características e funções), o conceito de coração negro de inocência (o estado inocente, selvagem e puro que o adepto Feri procura atingir), ética pessoal (os iniciados Feri não seguem a Rede Wiccan: nesta tradição é dito que o iniciado tem inteira responsabilidade pelas suas decisões e ações). Existem,
* Sobre o autor: Bruno Dias é mestre de Reiki no Sistema Tradicional Usui Shiki Ryoho. Estudante e praticante da Tradição Feri há cerca de 6 anos. O autor pode ser contactado através do seu email: bruno_pbcd@hotmail.com.
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também, diversas práticas comuns a todas as tradições: o alinhamento das três almas; o uso de pentáculos, nomeadamente o de ferro e o de pérola, em trabalho meditativo/ energético para desenvolvimento pessoal; Kala (prática de purificação de origem havaiana); trabalho com as entidades titulares da tradição, entre outras. A entidade principal da Tradição Feri é a Deusa, que pode ser chamada de Quakoralina, Sugmad ou simplesmente Deusa Estelar. É o Ser Supremo, que contém o Todo. Ela é o masculino e o feminino: “Dela todas as coisas nascem e a Ela todas as coisas retornam” [1]. Também é chamada de Virgem Negra, porque é completa em si mesma e não precisou da intervenção de mais ninguém para criar o Universo.
“A entidade principal da Tradição Feri é a Deusa. É o Ser Supremo, que contém o Todo. Ela é o masculino e o feminino” Ligados à Deusa, estão os Gémeos Divinos, por Ela criados. Os Gémeos podem ser vistos como as chamas de duas velas: chamas com brilhos distintos, mas que se fundem numa chama só, se ambas as velas estiverem próximas o suficiente. Na Feri este par divino é dotado de fluidez sexual podendo ser unicamente masculino (à semelhança de algumas tradições que reverenciam, por exemplo, o Deus Carvalho e o Deus Azevinho), unicamente feminino ou de ambos os sexos. Um dos gémeos toma geralmente a forma de ave, e é arauto do mundo superior, o outro assume a forma de serpente, e é representante das energias ctónicas. É a interação entre estas duas divindades que gera a energia que permeia o cosmos: uma interação de vaivém que pode ser vista como uma luta ou como uma relação sexual cujo êxtase vivifica o Universo. Quando unidos num só, os Gémeos Divinos formam o deus tutelar da Feri: Melek Taus, o Deus Pavão, o Deus belo e terrível, cujo abrir das plumas representa o acordar do Iniciado para uma nova visão dele mesmo e do cosmos. É esta a divindade tu-
telar cuja bênção gera no iniciado a visão polissémica que este procura, representada pelos diversos “olhos” presentes nas suas plumas. Sendo que a Feri é uma tradição estática, que tem o transe como prática fulcral para obtenção da Gnose, não só é natural como necessário o adepto procurar a proteção e o exemplo do Deus Pavão cujas garras estão presas no solo e as plumas apontam para o céu, representando assim o canal pelo qual a interação entre mundos é feita e a Gnose é transmitida. Existem outras divindades características da tradição que denotam a triplicidade do ser humano seja ele do sexo masculino ou feminino: Nimue e Dian Y Glas, Deusa e Deus associados à juventude e, em algumas linhagens, associados à Primavera; Mari e Twr, Deusa e Deus associados à fertilidade e ao Verão; Anna e Arddhu, Deusa e Deus Anciões, por vezes associados ao Outono. É importante referir que embora, por vezes, estas divindades sejam associadas às estações e à roda do ano, a celebração desta não é vista como “obrigatória” em todas as linhagens e que estas divindades não são vistas como meros aspetos da psique, mas como entidades vivas e reais com quem o adepto Feri interage e se relaciona. Existe outro tipo de entidades “exclusivas” da Tradição Feri: os Guardiões, também chamados de “senhores do espaço exterior”. Estas entidades são geralmente convocadas na criação do círculo mágico para testemunhar os ritos e guardar o círculo, pois são vistos como espíritos ancestrais da tradição. São vários os iniciados Feri que estabelecem uma relação entre estes guardiões e os anjos caídos referidos no livro de enoch, que trouxeram à humanidade diversas ciências e artes.
“As divindades não são vistas como meros aspetos da psique, mas como entidades vivas e reais com quem o adepto Feri interage e se relaciona”
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Bibliografia/Leitura recomendada:
É através destas crenças, práticas e com o apoio das divindades e entidades tutelares que o adepto Feri desenvolve a sua Gnose e poder pessoal, caminhando entre os mundos e aproximando-os quando necessário. Apesar de ser uma tradição iniciática com mistérios revelados apenas aos iniciados e de ser uma tradição que durante muito tempo permaneceu envolta em segredo, a Feri é, hoje em dia, uma tradição cada vez mais (re) conhecida sendo que as suas influências se refletem em alguns movimentos pagãos como o Reclaiming e autores contemporâneos como, por exemplo, Thorn Coyle e Starhawk, ambas iniciadas na Tradição Feri. Nos seus textos é visível a poesia, êxtase, beleza e poder que tornam tão única esta tradição.
Anderson, Cora; Fifty Years in the Feri Tradition (Acorn Guild Press; 2005). Anderson, Victor; Thorns of the Blood Rose (Acorn Guild Press; 2003) Coyle, Thorn T.; Evolutionary Witchcraft (Jeremy P. Tarcher; 2005) Faerywolf, Storm; The Stars within the Earth (Mystic Dream Press; 2003) Howard, Michael; Children of Cain: a study of modern traditional witches. (Three Hands Press; 2011) Starhawk; A dança cósmica das feiticeiras (Nova Era; 2007) http://www.wiggage.com/witch/fericontents.html http://www.feritrad.org http://www.witchvox.com/trads/trad_ferivl.html
Nota do autor: 1. Parte de uma oração tradicional da Feri (adaptada)
Pode anunciar o seu evento, workshops, palestras, publicações e cursos; de forma gratuita, enviando um email dirigido a: am.revistadigital@gmail.com
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O último beijo Por Eduardo Puente
Deusa gloriosa! O teu amor ressuscita os mistérios maiores no homem mortal, a chamada fecunda do falo e da vida, a vitória perante as noites gélidas da geração. Leva o meu nome junto ao teu na tua viagem o submundo espera o meu canto. Ó Deusa, minha Deusa, abre o teu seio para mim deixa que as minhas vestes de Deus penetrem a tua obscuridade para do Nada reconhecer o Todo. Eu sou tu e sou ele, eu sou também aquele, que desde o abismo clama pelo teu perfeito e último beijo.
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Apresentação Marabô
MARABÔ – Formações & Eventos Culturais MAR – Imensidão ABÔ – Uma forma carinhosa que a maioria dos portuenses usa para chamar o avô. Homenagem aos “abós” deste mundo. Situada na cidade do Porto, a Marabô – Formações & Eventos Culturais surge para dar a conhecer às pessoas, de um modo simples e inovador, aquilo que as rodeia. É um espaço multidisciplinar, que engloba actividades desde tertúlias de poesia a workshops de Artes Decorativas, enfatizando a importância da Arte e da Cultura como parte integrante de cada um de nós. Horário: Segunda – 18h30 às 20h (aula de Meditação) Terça a Sábado – das 14h às 19h (este horário é alargado consoante os nossos eventos) Contactos: Morada: Rua D. Manuel II, nº 136, 1º Direito - 4050 – 343 – Porto Telefone: 226 003 173 Telemóvel: 910 785 717 Email: marabo.formacoes@gmail.com Site: www.marabo.pt.vu
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Compreendendo Loki pela perspetiva da dualidade do Fogo Valquíria Valhalladur * Tomando como ponto de partida o texto Loki e o Mistério da Criação, publicado no meu blogue [1], decidi reforçar as linhas gerais sobre Loki, a divindade mais obscura e incompreendida no contexto mitológico escandinavo. As características de Loki, vistas de relance, pouco ou nada têm de divinas, porém, são as mais singulares e específicas do panteão de Asgard. Loki é uma entidade ígnea, saído do cosmo do fogo, Muspelheim, filho de uma estirpe de gigantes com um papel, ao mesmo tempo, criador e escatológico. Sendo um filho de Muspelheim é, legitimamente, um ser da manifestação da existência no grande vazio Ginnungagap. É pelo contacto do fogo sobre as massas frias de Niflheim, que se
acumulam no abismo, que se gera a vida e faz irromper os ancestrais da linhagem dos gigantes e dos deuses. Ymir, nascido dos sedimentos na parte mais sombria e fria de Ginnungagap, é o gigante do Gelo e a personificação da geada (os Hrimthurses); Audhumbla, a vaca-mãe, desponta da zona mais cálida, é a personificação da chuva. Dois elementos atmosféricos associados aos ciclos produtivos moldados pela pinça do ferreiro cósmico Muspel, de cujas chispas se formaram os corpos celestes, e os gigantes protagonistas do Ragnarok, a Morte dos Deuses, os carrascos da ordem espiritual fundada por Odin. A dicotomia com Heimdall A personalidade ambígua de Loki fá-lo balancear entre dois poderosos valores éticos que reconhecemos como o bem e o mal, embora ache que esta designação não seja totalmente adequada. Loki tem, de facto, na sua idiossincrasia algo de destrutivo, porém, essencial para desencadear processos criativos. Tratase de uma entidade que vem desde a origem dos Mundos, de natureza ígnea, subjacente à dinâmica da cosmogonia nórdica, assim como Heimdall – outra divindade ambígua e sem hierarquia em Asgard, ainda assim, elemento-chave no Ragnarok. Ao impor as trevas caóticas tão necessárias à regeneração do universo, Loki é um dos primeiros a nascer na Noite dos Tempos e o último a sucumbir no derradeiro conflito no duelo com Heimdall, o brilhante, também ele uma divin-
* Sobre a autora: Valquíria Valhalladur é pseudónimo de Maria Cristina Ferreira Aguiar, nascida do Porto, e com o qual assina o seu primeiro livro “As Moradas Secretas de Odin”, publicado pela Madras Editora, em 2007, e desta forma deu conhecer os seus estudos em Mitologia Nórdica. A partir deste intróito, desenvolveu os conhecimentos em Posturas Rúnicas (Stadhagaldr) em workshops, e acrescentou mais uma criação, desta feita, “As Máscaras da Grande Deusa”, com a chancela da Zéfiro Editora, em 2011, mas já assinado com o nome de jornalista Cristina Aguiar. A autora pode ser contactada através de seu email: aguiar_cristina@hotmail.com
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dade arcaica e inicial, associada ao fogo. A dicotomia entre Loki e Heimdall é fascinante e revela-nos que são facetas da mesma individualidade do elemento fogo. Um deles tem um caráter corrosivo e o outro tem um caráter construtivo. O equilíbrio é isto mesmo: o confronto entre o positivo e o negativo. Loki é o senhor do Caos, mas é indispensável, e exige disciplina para que se canalize a força de destruição num sentido que favoreça a criação. Heimdall é uma divindade civilizadora, guardiã e a tocha que ilumina o Mundo, como se fosse o mistagogo da Humanidade e dos deuses; e Loki é um Lúcifer, cujo poder tanto cega como ilumina a consciência. É esta sensibilidade da sua natureza intrínseca que o torna num fogo perigoso e manipulador do Ego.
“Amigo e o auxiliar mais precioso dos deuses, Loki é, em simultâneo, o seu pior inimigo. Ele destrói, mas compensa as perdas com os mais belos e poderosos tesouros” dade sazonal; transfigura-se em garanhão para manter Freya em Asgard (e desta zoomorfia nasceu Sleipnir); e luta com Heimdall por causa do colar Brisingamen (o colar de fogo-âmbar). Agente de vida e luz
Caracterizado como deus infernal, ctónico, Loki é o inimigo obstinado de Heimdall, por este representar a ordem, a coerência e a estabilidade hierárquica. Este confronto permite o movimento circular do nascimentomorte-renascimento. Sem Loki, o mundo tornar-se-ia amorfo e presa fácil da inércia. Das cinzas geradas por ele, renasce um novo mundo. Loki é adversário do status quo, o Satã que desafia e escarnece Deus, e aponta -nos o caminho da revolta à obediência. "Se aquilo que se modifica lentamente se explica através da vida, o que se modifica depressa é explicado pelo fogo", como nos diz Gaston Bachelard. O Fogo é "o único fenómeno que pode aceitar as duas valorações opostas: o bem e o mal". Loki e Heimdall são divindades primevas e escatológicas. As hostilidades do Ragnarok arrancam com Loki, líder da cavalaria dos gigantes de Surt (fogo) que incineram o mundo cósmico; é Heimdall que dá o sinal de alerta do ataque. E só após o confronto entre Loki e Heimdall, que se destroem mutuamente, a poeira do silêncio da aniquilação fica a aguardar pelo dilúvio revigorante. A riqueza da personalidade destas duas divindades reforça-se na capacidade de metamorfose, exclusiva a ambas, mas inacessível a Odin, o Deus Supremo. Como o fogo da forja que produz instrumentos, Loki e Heimdall adotam a forma de animais em enredos que envolvam personificações solares ou corpos celestes. Loki planeou o assassínio de Balder, o espírito do verão, para assegurar a regulari-
Amigo e o auxiliar mais precioso dos deuses, Loki é, em simultâneo, o seu pior inimigo. Ele destrói, mas compensa as perdas com os mais belos e poderosos tesouros. Os objetos de poder de Odin, Thor e Frey são fruto das recompensas de Loki para conseguir as tréguas pelos tumultos que causa em Asgard. O anel Draupnir, regulador do tempo e um multiplicador de riqueza (a cada nove noites multiplicava-se por oito), o martelo de Thor que produz os clarões da trovoada, o javali de pelos dourados (simbologia dos raios solares), os cabelos de ouro de Sif (metáfora para os campos de trigo) atestam a qualidade de Loki como agente patrocinador de vida e luminosidade. Na Dinamarca o nome de Loki está associado a fenómenos curiosos da luz solar; e até à canícula. Ele é o próprio fogo utilizado pelos elfos-negros e os anões, os ferreiros e artífices da cosmologia escandinava. Como companheiro de viagem de Thor, representa o fogo que resulta da ação dos relâmpagos; e junto com Odin, representa as línguas de fogo criadas pela ação do vento. Bibliografia: Bachelard, Gaston, A Psicanálise do Fogo. Litoral Edições. Dumézil, George, Loki. Flammarion Nota da autora: 1) http://cristinavalquiria.blogspot.pt/
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FELLOWSHIP OF ISIS PORTUGAL
Mais informações: aqui E-mail: fellowshipofisis.portugal@gmail.com
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O pagão no contexto do óbito católico Uma perspectiva pessoal José António Campos* Não pretendo estabelecer uma qualquer padronização no que diz respeito a um qualquer hipotético conjunto de “Regras-CondutasComportamentos” a serem adoptados pelos Pagãos, nem para abordar o tema na perspectiva Cerimonial–Ritualista, até porque convém não esquecer que estamos a falar de perspectivas Religiosas bem diferentes na sua essência: Paganismo vs. Catolicismo, mas tão somente dar o meu contributo para um tema respeitante a uma realidade do quotidiano impossível de contornar, de fugir e de evitar. E a este respeito gostaria por referir uma questão como ponto de partida : “Se o Pagão no seu quotidiano seja de lazer ou de trabalho, vive, partilha, convive, relaciona-se com uma sociedade que se diz maioritariamente católica, então qual a razão que o impede, ou compele a não estar presente num
“Por todo o planeta desde tempos imemoriais, que nos remetem directamente, por um lado, para o sentimento da preservação do corpo do defunto em espaço próprio, e por outro lado, para um sentimento de que a morte não era um ponto final, mas simplesmente uma nova etapa”
momento tão significativo como é o da morte?” A resposta parece-me óbvia, o contrário da sua presença é sem dúvida um acto de descriminação ou de auto-exclusão, conducente à continuidade de um clima de “caça às bruxas” que marcou durante largos anos as sociedades Humanas. Para se morrer basta estar-se vivo, basta ter-se nascido. Ao longo dos tempos a morte foi sendo encarada, vivida, de diferentes maneiras e formas. Desde os tempos primitivos, os nossos antepassados encaravam-na com respeito e reverência, tal como nos indicam os diversos e diferentes tipos de sepulturas que a Arqueologia nos tem revelado. Por todo o planeta desde tempos imemoriais, que nos remetem directamente, por um lado, para o sentimento da preservação do corpo do defunto em espaço próprio, muitas vezes afastado da comunidade “vivente”, e por outro lado, para um sentimento de que a morte não era um ponto final, mas simplesmente uma nova etapa, o que explica a colocação de objectos pessoais, objectos do quotidiano, riquezas e em alguns casos de alimentos, junto ao corpo do falecido, prolongando a existência num espaço diferente do da comunidade “vivente”, mas ainda assim significando ou querendo significar uma real “continuidade”. Partindo dos simples pressupostos anteriores, a morte é encarada como acontecimento intrínseco à vida Humana e como tal acontecimento necessário e por isso natural. Ao longo dos Séculos, a Morte foi sendo encarada de várias formas, assim como também variaram as cerimónias-rituais que lhe
* Sobre o autor: José António Campos é Licenciado em História pela FLL da UL e pósgraduação no Ramo Educacional; Professor 3º Ciclo e Secundário; Oficiante da PFI-Portugal; membro do grupo de estudos do “Mosaico Ibérico”; Formador do “Curso Básico de Paganismo” promovido pela PFI-Portugal. Master de Reiki Essencial, Estudioso do Paganismo, Magia, Ocultismo e Esoterismo nas suas diversas vertentes. Estudioso da Craft. Nota dos Editores: O artigo está escrito segundo as normas anteriores ao acordo ortográfico
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dizem respeito. Diferentes povos e culturas desenvolveram simples ou complexos ritoscerimónias fúnebres, geralmente em consonância com cânones religiosos formais (com ou sem significado concreto para o homem comum). Cerimónias essas que revelam igualmente diferentes contextos culturais e mentais das sociedades em que se manifestaram. Duma maneira ou de outra, o acontecimento Morte, desde o momento em que se verificou o “1º falecimento” deve ter despoletado um conjunto variado de perguntas por parte dos que ficaram, onde se salienta uma questão que ainda nos dias de hoje assalta aos pensamentos de grande parte da Humanidade: “E agora, para onde foi?”. Se tivermos em conta as diversas crenças – religiões, verificamos que todas elas à sua maneira mostram um traço comum (ainda que variável quanto aos termos e significados), o defunto irá entrar num outro plano de existência, mostrando com isso a manutenção de uma “continuidade” que varia consoante a crença religiosa que a exprime. A naturalidade do acontecimento “Morte”, parece facilmente demonstrada através de alguns exemplos que a Humanidade nos tem legado ao longo dos tempos (e que encontramos expressos ainda hoje nalgumas práticas ou costumes). Exemplos que vão desde a preparação ainda em vida dos locais a serem utilizados na sepultura, onde encontramos referências sobre formas, decorações, materiais, etc. a serem utilizados; nos testamentos redigidos em vida; nas chamadas “últimas vontades” do falecido etc., etc. Com efeito os exemplos são inúmeros, variando consoante costumes, épocas, culturas, educação, riqueza, mentalidades, regiões e povos. Temos pois a morte como um acontecimento intrínseco à Humanidade, acontecimento ao qual o Homem se mostra impotente na fuga. Momento que se nos apresenta muitas vezes “planificado–organizado” ainda em vida. Mas apesar de tudo, um momento que deixa mágoa, tristeza, sentimento de perda aos que ficam e com quem o defunto partilhou a sua existência material. Na actualidade, o Pagão é confrontado com a Morte, seja de familiares directos, pais, mães, filhos, irmãos, avós, seja de fami-
liares menos próximos ou de amigos com os quais conviveram e partilharem a sua existência física.
“Na actualidade, o Pagão é confrontado com a Morte, seja de familiares directos, pais, mães, filhos, irmãos, avós, seja de familiares menos próximos ou de amigos com os quais conviveram e partilharem a sua existência física.” O que se pretende desenvolver de forma sintética aqui, não são as crenças do Pagão nem a sua postura face à Morte no contexto Pagão, mas sim, algo que muitas vezes pode levantar mil e uma questões e interrogações ao Pagão quando ele é confrontado com acontecimento da Morte no contexto Cristão e em particular no Católico. De facto muitas poderão ser as questões que o Pagão irá levantar a si próprio ao ser confrontado com a morte de uma familiar directo, cuja confissão religiosa não é Pagã mas sim Católica e que está inserido numa comunidade familiar igualmente Católica. Situação fácil de resolver no caso do falecimento dizer respeito a alguém com quem poucos laços foram criados; um simples “lamento imenso mas não consigo mesmo ir...” ou “tenho muita pena mas estou com compromissos inadiáveis”, etc. • Mais complexo e problemático será quando não existe qualquer forma de “fuga” ou de contornar a situação, e é neste ponto que procuro abordar esta temática que é fruto de reflexão pessoal sem recorrer a qualquer pesquisa bibliográfica, assente simplesmente em aspectos da vivência prática. Comecemos por abordar a questão colocando uma primeira situação: “Falecimento em Casa – no Domicilio”. Estamos aqui perante um contexto muito privado, intimista mesmo. Em que o Pagão se encontra temporariamente “livre” das pressões do contexto social que podem condicionar a sua atitude e actuação. Momento em
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que “livre” dos condicionalismos padronizados, o Pagão pode e deve homenagear o seu defunto de forma Pagã, sem nunca desrespeitar a crença religiosa (Católica) do defunto. Respeito e Tolerância são dois princípios que marcam e definem entre outros o Paganismo e por isso mesmo a conduta e a actuação do Pagão. Sendo o defunto do ponto de vista religioso Não Pagão e no caso concreto, Católico, isso não representa qualquer impedimento para que o Pagão perante o acontecimento, não dê o seu “contributo” para o “encaminhamento” do defunto na sua viagem em direcção a um novo estádio. Não quer isto dizer que o Pagão nesse momento “chame” qualquer tipo de Deus ou Deusa, (ou realize qualquer tipo de cerimónia) para promover o encaminhamento numa direcção específica, mas nada impede, penso eu, que o Pagão solicite aos seus Deuses que tornem essa transição o mais agradável possível, removendo obstáculos, contribuindo dessa forma para um “desprendimento” das realidades materiais que envolveram o defunto enquanto entidade “vivente”. A criação de um ambiente-clima espiritual em torno do espaço em que o defunto está (domicilio) é pois, na minha perspectiva, um dos elementos fundamentais em que o Pagão pode e deve actuar sem cair no desrespeito para com as crenças que em vida o defunto manifestou ou nas quais foi educadohabituado. Aliás toda a actuação do Pagão está no patamar do seu pensamento e não na manifestação prática de qualquer acção seja ela cerimonial ou outra.
“Respeito e Tolerância são dois princípios que marcam e definem entre outros o Paganismo e por isso mesmo a conduta e a actuação do Pagão.” Temos pois que a acção do Pagão é marcada fundamentalmente pelo intimismo e é realizada no interior de si próprio, tendo como objectivo o de criar condições favoráveis
ao desprendimento material do defunto, situação essa que de uma forma geral não colide nem desrespeita qualquer crença religiosa uma vez que todas elas mostram ter em comum a ideia de que a Morte significa a transição para um outro espaço, dimensão não material. Actuando dessa forma, o Pagão não só não colide em crença com outros credos religiosos, como utilizando as suas convicções dá um contributo importante para a transição do familiar que acabou de iniciar a “viagem”.
“Toda a actuação do Pagão está no patamar do seu pensamento e não na manifestação prática de qualquer acção seja ela cerimonial ou outra.”
• Questão um pouco diferente e complexa é a que se manifesta aquando do falecimento em contexto Hospitalar que envolve muitas variantes que vão desde o espaço impessoal e institucional que o Hospital representa e apresenta, o local onde o defunto está ou onde o falecimento ocorreu, o número e tipo de pessoas presentes (médicos, enfermeiros, outros doentes, familiares, amigos, estranhos), o acesso condicionado (ou não) ao defunto, enfim um sem número de variáveis. Independentemente das variáveis existentes no momento, a acção do Pagão, penso, passa pelo mesmo “método” utilizado em situação domiciliária i.e em casa, embora em situação Hospitalar seja difícil contar com o intimismo e a privacidade que neste caso é na maioria das vezes, suplantada pelo colectivo e pelas necessidades que esse mesmo colectivo tem ou manifesta. Em situação Hospitalar, o factor “Tempo” é um elemento condicionante, com efeito a instituição tende a apressar todo o processo (necessidade de libertar o espaço para acolher nele um outro doente, para minimizar os possíveis efeitos psicológicos nos outros doentes e suas famílias, etc.), reduzindo ao máximo o tempo que a família tem disponível a estar com o defunto, que geralmente é conduzido à morgue do hospital (onde
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não existe livre acesso) sendo conduzido daí pela família em direcção a uma qualquer capela mortuária onde se inicia o momento do velório.
“O Pagão age em conformidade com as suas crenças, convicções e princípios sem nunca as secundarizar ou diminuir face às outras porque elas são tão ou mais válidas do que elas” Mas mesmo perante todos os condicionalismos, o Pagão (mantendo o mesmo dever ético do Respeito e da Tolerância) pode, tal como o faz em situação mais intimista que caracteriza o Domicilio, contribuir para o desprendimento material do falecido, contando e solicitando a ajuda dos seus Deuses, de forma que a fase de transição seja amenizada, até porque a grande maioria dos óbitos acontecidos em situação hospitalar são resultantes de situações onde os acidentes dos mais diferentes tipos estão na sua origem e por isso mesmo envolvem situações traumáticas quer para quem parte quer para quem fica e por isso mesmo o Pagão deve ter uma particular atenção a estes aspectos (claro que muitos óbitos que se registam nos domicílios são resultado de acidentes mas provavelmente o seu número e incidência será menor). Procurando o auxilio e o conforto que os seus Deuses lhe podem dar, assim como, alargando todo esse clima de paz e de conforto a todos os que se encontram presentes criando na medida do possível um espaço harmónico. Este último aspecto parece-me ser de importância fundamental no contexto Hospitalar, uma vez uma vez que família e restantes presentes não estão no mesmo espaço em que o defunto está, mas sim num outro espaço físico muito provavelmente rodeados por outras famílias em idêntica situação. É neste contexto que os primeiros sinais -indicios de “pressão religiosa” se podem manifestar, pois a actuação do Pagão e a forma como ele assume e lida com o acontecimento
Morte é diferente da padronizada pela tradição-hábito popular católico, que encontra nos choros, nas faces sérias e graves e em expressões padronizadas, algumas das suas marcas identificadoras. A postura-actuação do Pagão não passa pelo esconder ou reprimir os seus sentimentos, emoções e crenças, bem pelo contrário. Ao fazê-lo, o Pagão estaria a compactuar com todo um conjunto de situações que nenhum significado têm para ele, estando ao mesmo tempo a cair numa situação de real cinismo. Sem esconder, mas sem desrespeitar, o Pagão age em conformidade com as suas crenças, convicções e princípios sem nunca as secundarizar ou diminuir face às outras porque elas são tão ou mais válidas do que elas, mas também sem cair no vulgar: “quero lá saber... não acredito em nada disso”, substituindo-o caso seja necessário expressar a sua opinião pelo cordial e não provocativo: “...não faz parte das minhas convicções” ou pelo “a minha religião não é essa, mas respeito que a tem”, ou ainda pelo muito usual e conveniente: “este não é o local nem o momento...podemos falar sobre isso depois, se quiser”. Geralmente, e salvo algumas situações muito particulares, os óbitos não são momentos propícios a discussões de âmbito religioso, embora isso se verifique muitas vezes no pós-acontecimento que ultrapassa o âmbito do tratamento do presente tema. • O Óbito Católico seja em contexto Domiciliário, Hospitalar ou outro, é habitualmente seguido (após cumprimento das formalidades legais em vigor) pelo denominado Velório. Momento em que familiares directos ou não, amigos, conhecidos e suas famílias se deslocam à capela mortuária onde repousa o corpo do defunto, e apresentam os “pêsames”-condolências à família directa do defunto, prestando-lhe uma das derradeiras homenagens. Este é um dos momentos em que o Pagão sente mais a pressão. Não só uma pressão que diz respeito directamente às suas crenças e convicções religiosas mas também aquelas que resultam de um conjunto de circunstâncias que habitualmente ocorrem durante todo o tempo que marca o período do Velório. A postura, as atitudes, as acções que
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rodeiam este momento, provocam no Pagão uma mistura de sentimentos não só contraditórios, mas também dissonantes face às práticas habituais nestas ocasiões. Frases feitas, clichés do tipo “coitado”, “coitado é de quem fica”, “era tão boa pessoa...”, “os bons é que vão e ficam cá todos os maus”, “coitado, mas vai para um lugar melhor”, etc. são despejadas de uma forma ininterrupta sobre quem escuta, como se se tratassem de um qualquer tipo de mantra, muitas vezes proferido só porque as circunstâncias o determinam e sem qualquer real significado apreendido por quem as profere. Estas e outras frases despertam no Pagão um conjunto de reacções dissonantes das circunstancias e o melhor a fazer é uma “retirada estratégica temporária” para fora do espaço, restabelecendo o equilíbrio já abalado pelo acontecimento do óbito e agora agravado pelo que se vai ouvindo, (note-se no entanto que todas estas frases têm algo em comum e não traduzem muitas vezes a apreensão do que significam, elas não são mais do que uma forma pré-determinada de o outro mostrar ou querer solidarizar-se com os familiares, e por isso o seu significado e importância não deve ser entendido de uma forma mais desenvolvida). É obvio que é no momento do velório que mais se evidencia a postura e a atitude do Pagão, que se deve pautar pela cordialidade, pelo respeito e pela tolerância, mas sem nunca deixar de ser aquilo que é, que é o que o distingue da padronização. Este é também o momento em que o Pagão sente sobre si os olhos “inquisitoriais” de todos aqueles que sabem ou desconfiam que ele não partilha da mesma crença religiosa. E a inevitável questão do “ele(a) não é Católico, é Pagão, tem vários Deuses, Não acredita em ‘Deus Pai’....o que é que está aqui a fazer??”. Penso que a forma mais correcta de lidar com esta situação é encará-la com naturalidade, até porque a questão só se coloca em principio no plano da sensibilidade e por isso não existe uma verbalização directa, ainda que muitas vezes se traduza no plano das atitudes onde quem manifesta a “discordância” crítica se afaste do espaço onde o Pagão se encontra e procure evitar a sua proximidade, e em que o Pagão não dará nenhum tipo de resposta, pois não só não será entendido, como a sua atitude poderá
ser vista-entendida como atitude provocatória. Ignorar e seguir em frente poderá ser a melhor reacção. Usualmente nas Cerimónias Católicas referentes aos Óbitos, o Velório culmina ou é complementado na sua fase final com uma Cerimónia Católica: a Missa. No que diz respeito a este momento, estamos perante uma fase que do ponto de vista emocional e de sensibilidade pode confrontar o Pagão com um conjunto muito variado de pressões, sejam internas (as que dizem respeito às suas convicções), sejam externas (as que os outros visualizam e se apercebem).
“Usualmente nas Cerimónias Católicas referentes aos Óbitos, o Velório culmina ou é complementado na sua fase final com uma Cerimónia Católica: a Missa” Primeiro porque apesar do conceito de “Missa” poder remeter, na sua origem, para um conceito que não é estranho ao Pagão: Cerimónia enquanto Ritual Religioso, ela assume um conjunto variado de características que lhe são estranhas, por um lado, e um conjunto de factores contrários ao Paganismo, por outro lado. A situação não se foca unicamente em questões filosóficas e este não é o tempo nem o lugar para as tratar, mas passa também pela questão prática que muitos momentos da Cerimónia Católica encerra. Com efeito, nela encontramos múltiplos momentos em que os crentes católicos, verbalizam um conjunto de afirmações, preces em colectivo, que fazem parte intrínseca da cerimónia da Missa Católica. Sendo este um momento de grande pressão para o Pagão, e na sua mente surge a inevitável questão: “E agora o que é que eu faço?”; “Imito?”, ”Finjo?”, “Fico calado(a)?”, “Vou-me embora?”, etc., etc. Como no inicio afirmei, o Pagão no seu quotidiano está inserido numa sociedade de raíz Judaico-Cristã, onde o Catolicismo predomina (pelo menos do ponto de vista numérico, porque se olharmos em termos de práti-
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ca real e assumida, o número com toda a certeza decresce), e não é por isso que o Pagão deixa de viver, trabalhar, conviver com não Pagãos. Partindo deste facto concreto, fica resolvida à partida uma das questões anteriores a da saída da Cerimónia. Não existindo razão válida que obrigue ou impeça o Pagão de estar presente, ele deverá manter-se presente, ainda para mais tratando-se do óbito de um familiar directo (pai, mãe, filho(a), neto(a)); aliás o não estar presente poderá ainda “agravar” o sentido crítico por parte de todos quantos se apercebem da sua ausência ou saída, fazendo recair sobre o Pagão todo o tipo de anátemas. Pessoalmente, penso que a “pior” escolha perante as hipóteses atrás enunciadas é a do fingir, imitando o que os outros nos variados momentos da cerimónia católica fazem ou dizem, isso na minha perspectiva, não passa só por desrespeitar a crença que o Pagão diz que tem, como é um factor de absoluto desrespeito para com a outra confissão religiosa e até para com o defunto e a crença religiosa que em vida ele assumia. Como em tudo, o Pagão deve ser coerente com aquilo em que acredita respeitando os princípios éticos subjacentes à sua Crença Religiosa. Resta-nos a opção do “ficar calado”. Esta opção apesar de não estar isenta de “riscos” (críticas, desaprovação directa ou indirecta, etc.) parece-me ser a mais correcta. Ela não pode nem é entendida como factor desrespeitador, nem coloca em causa os princípios – ética religiosa do Pagão. Este continua presente na cerimónia e dessa forma continua a honrar e a respeitar o defunto, revelando tolerância, aceitação do que é diferente. (aliás até pode ser entendida pelos outros como uma mensagem clara de alguns dos princípios básicos do Paganismo, o que é sempre favorável à “Causa”). Esta solução é igualmente a mais confortável (na medida do possível) emocionalmente para o Pagão, uma vez que ao mesmo tempo que marca a sua diferenciação não o enreda em “problemas” de consciência do tipo: “estou a trair as minhas convicções, e agora o que faço?!”. Pessoalmente não acredito que os Deuses fiquem desagradados para com o adorador devido ao facto de ele es-
tar presente num espaço e numa cerimóniaritual que lhe é contrária, os Deuses e Deusas (penso eu) têm coisas mais importantes para se preocuparem, e dúvido que o Pagão vá sofrer a ira dos Deuses, tal como acontece entre a convicção Católica na qual encontramos múltiplos e permanentes exemplos e avisos da ira divina a recair sobre os crentes que “infringem” seja que por motivo for os seus dogmas e cânones.
“Como em tudo, o Pagão deve ser coerente com aquilo em que acredita respeitando os princípios éticos subjacentes à sua Crença Religiosa”
É chegado agora o momento “final” que marca o óbito, o momento do Funeral propriamente dito. Este pode-se revestir na actualidade de duas formas: Deposição do corpo na terra (enterramento) ou o da Cremação. Sem esquecer uma terceira forma talvez menos usual na actualidade devido aos custos económicos que ela implica que é o da deposição do corpo num Jazigo Familiar. Embora na actualidade a prática da Cremação esteja a ganhar significativamente terreno face à forma tradicional, que se traduz em se enterrar o corpo no solo, esta última ainda se apresenta como a prática mais comum (basta olhar para o número de campas novas que todos os dias são abertas, ou para os sucessivos alargamentos que os cemitérios vão sofrendo em termos territoriais). Quando olhamos para o passado longínquo e percorremos os séculos até aos nossos dias, vemos que a forma de enterro
“Não acredito que os Deuses fiquem desagradados para com o adorador devido ao facto de ele estar presente num espaço e numa cerimónia-ritual que lhe é contrária”
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dos defuntos variou consoante as regiões, povos, culturas, mentalidades, objectivos, sensibilidades, tradições, hábitos e a que podemos juntar um factor um tanto desviante mas que é explicável na actualidade pelo “modismo”, sem esquecer as questões de ordem económica que na actualidade têm grande relevância, basta estar-se atento à evolução que o preço dos terrenos tem registado. E é claro, questões que segundo alguns se relacionam com preocupações de salubridade e de higiene pública.
“Muitas foram as formas, tipos e métodos que os vivos escolheram para colocarem os seus entes queridos na sua ‘última morada’.” Muitas foram as formas, tipos e métodos que os vivos escolheram para colocarem os seus entes queridos na sua “última morada”. Sepultamentos simples ou mais elaborados nos solos, construções funerárias específicas que vão desde as Antas e Dolmens, passando por Necrópoles, pelas Pirâmides no Egipto Taj Mahal na India, os Mausoléus Familiares, os Panteões Nacionais, a Cremação simples, cujas cinzas do defunto são espalhadas em locais específicos conforme desejo expresso pelo falecido ainda em vida (sempre que seja possível realiza-lo nesse local), ou determinado pelos preceitos religiosos que a sua crença determina , como ainda hoje acontece na Índia, onde as cinzas são lançadas ao Rio Ganges, considerado sagrado na crença Hindu, ou então guardadas em “pequenos contentores” e transportadas pela família para o domicilio-residência, etc., etc. Uma das primeiras questões que se colocam logo quando se verifica o óbito é a: “Que se vai fazer com o corpo?”, i.e. a escolha da forma e da maneira como o acto fúnebre deve terminar. Esta decisão passa por uma decisão familiar, não de algo do tipo de conselho familiar alargado, mas sim pelos que se relacionaram directa e intimamente no quotidiano com o defunto; uma decisão tomada de forma consciente e ponderada, procurando acima de tudo não ferir sensibilidades e convicções e de acordo com a vontade ex-
pressa pelo defunto quando vivo. Pessoalmente penso que, seja qual for a forma, método escolhido, o importante é que ele esteja de acordo com a vontade que provavelmente o defunto terá expressado enquanto vivo, respeitando as suas crenças e o seu pensamento, independentemente das convicções e vontades pessoais de qualquer familiar. Muitas vezes a colocação do corpo no solo tem a ver com o desejo dos vivos em prolongar a presença do defunto no espaço físico concreto, atribuindo-lhe um espaço privado, procurando com isso encontrar algum conforto pessoal que se traduz nas “visitas” posteriores realizadas aos cemitérios, seja em momentos específicos seja quando sentem necessidade. Com efeito, a Cremação, nesta perspectiva torna esse prolongamento visual-físico difícil, e na actualidade algo impossível, tendo em conta que na actualidade as cinzas dos defuntos já não são colocadas isoladamente, mas em colectivo, o que muitas vezes nos leva a afirmações que se traduzem na expressão da existência de uma espécie de “vala comum”, tal como é habitual quando as famílias não têm capacidade económica para proceder ao aluguer de espaço privado para depositar o falecido e muitas vezes para preservar as ossadas nas chamadas “gavetas” (versão económica dos jazigos familiares). De facto, na actualidade as cinzas são lançadas em enormes espaços cavados no solo caindo umas sobre as outras, podendo esse factor despoletar na família algum desconforto emocional independentemente de crenças e convicções religiosas.
“Muitas vezes a colocação do corpo no solo tem a ver com o desejo dos vivos em prolongar a presença do defunto no espaço físico concreto”
Quase a terminar esta pequena “viagem” temática, um outro assunto gostaria de abordar, ainda que não de forma exaustiva e aprofundada. Trata-se de um assunto
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que se assume como sendo transversal as todas as diferentes fases aqui abordadas no âmbito do Pagão no contexto do Óbito Católico-Cristão: a utilização (visível) de símbolos e outros acessórios conotados com o Paganismo, independentemente dos seus significados especificos, individuais e suas ligações identificativas. Este é um dos aspectos que mais situações de “risco” pode apresentar, até porque o seu entendimento por parte da generalidade da população é, na sua grande maioria errónea e desprovido de sentido real que advém da falta de conhecimentos específicos sobre a realidade Pagã e, muitas vezes influenciados por ideias preconcebidas, padronizadas e irreais, que na grande maioria das vezes encerram em si objectivos depreciativos. Muitos Pagãos têm o hábito de se fazerem acompanhar no seu quotidiano, com um conjunto de símbolos que em principio os relacionam e identificam com uma determinada crença e convicções religiosas. Símbolos esses que são de diferentes tipos, desde os mais simples e usuais, tais como anéis, pendentes, pins, colantes, bordados, até aos menos usuais (mas permanentes e definitivos) como as tatuagens; sem esquecer um outro conjunto por vezes menos óbvio a quem observa, tal como o que diz respeito ao vestuário.
“O uso dos símbolos sempre foi uma realidade presente em qualquer sociedade Humana em qualquer época desde que a Humanidade surgiu no planeta” Qualquer que seja o tipo utilizado, penso que é completamente legítimo o seu uso em qualquer contexto desde que não esteja em causa o sentido provocativo da sua utilização, relembremos que Paganismo pressupõe tolerância e respeito, tal como o é por parte dos Católicos ao usarem os seus símbolos religiosos. E seria um completo absurdo e mesmo do ponto de vista legal e constitucional uma descriminação, proibir, impedir a sua utilização; da mesma forma que não
exijo que um Católico esconda ou não use, por exemplo, o símbolo do “Cristo pregado numa cruz” que tem pendurado ao pescoço, também não posso admitir em nenhuma circunstância que um qualquer Católico queira que eu esconda, ou não use o Pentagrama que tenho pendurado no fio que uso. O uso dos símbolos sempre foi uma realidade presente em qualquer sociedade Humana em qualquer época desde que a Humanidade surgiu no planeta, ele é um referencial, uma marca, algo que faz parte intrínseca da forma como o Homem está e encara o mundo que o rodeia. Para além de ser entendido como elemento identificativo, o símbolo do ponto de vista psicológico e religioso, funciona, entre vários outros aspectos, como uma espécie de “ponto de refúgio”, um elemento de conforto ao qual o portador recorre sempre que necessita. Claro que em determinados contextossituações, o símbolo pode despoletar umas vezes e, potenciar, outras vezes, situações menos agradáveis que nunca se sabe como acabam, mas a submissão á vontade do outro interferindo com o livre direito de expressão é algo que o Pagão consciente também deve ter em conta. Assim, compete a cada Pagão estar atento, pesar os prós e os contras tendo em conta as circunstâncias e o tipo de pessoas envolvidas e, tomar de forma consciente a decisão que acha ser a correcta. Muitos outros aspectos podiam e se calhar deviam ter sido abordados, uns mais simples outros cuja abordagem e tratamento é mais complexa (um exemplo: um casal de Pagãos em que um dos dois, ou os dois, estão inseridos num contexto familiar tradicional católico e Praticante, em que a família mantém laços permanentes no quotidiano, um deles falece....que fazer? quais as implicações do ponto de vista familiar? quais as repercussões para quem fica? como suportar a pressão?), mas esta presente abordagem é somente uma primeira parte, pois o tema não se esgota na questão dos Óbitos, uma vez que no Catolicismo encontramos um imenso manancial de Cerimónias que não dizendo respeito de forma directa ao Pagão, pelas suas características implicam a presença in loco do Pagão.
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Encontro de Pagãos Este encontro é para todos os interessados na Espiritualidade Pagã, Wicca, Druidismo, Bruxaria, Magia Celta e todos os "caminhos" que celebram o Paganismo. Todos são bem vindos e convidados a participar com opiniões e experiências e para um copo com pessoas que partilham interesses semelhantes. Mais informações em: portopagans@gmail.com ou através da página de Porto Pagans no Facebook o Google +
Neste momento encontramo-nos na 3ª Sexta-Feira de cada mês, por volta das 21.30,
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O QUE É? O Babyoga é um conceito que nasceu em Portugal em 2006, introduzido pela Escola de Babyoga Portugal. A Escola dedica-se inteiramente à prática de yoga com bebés e crianças visando o seu desenvolvimento integral e holístico. Tendo como missão ajudar a gerar um novo mundo com a partilha de amor, compreensão, respeito e muita diversão. A prática de Babyoga vai dos 0 aos 4 anos e a prática de Funyoga dos 5 aos 12 anos. A crescente recetividade e procura por parte dos pais e das escolas têm revelado uma abertura e tomada de consciência muito importantes acerca dos benefícios da prática de yoga desde a 1ª infância. A prática de Babyoga resulta de uma mistura entre a adaptação de posturas do Yoga clássico, nomeadamente o Hatha Yoga, com outras posturas desenvolvidas especificamente para estimular uma melhor integração sensorial do bebé. Ao utilizar o método Kirtan (praticar a cantar) permite: - maior desenvolvimento cognitivo (o cantar envolve mais centros linguísticos que a palavra); - estabelecer o tempo dos movimentos; - repetição e previsão (que se traduz em confiança); - despertar a nossa criança interior ao permitimonos brincar (criatividade); - transmitir felicidade e alegria (expressão pelo movimento) e - comunicar respeito. O Babyoga promove um estímulo multissensorial nos bebés ao associar o toque, movimento, som e contato visual na mesma atividade. Tornando-a numa experiência rica na partilha do dar e receber entre pais e bebés sendo também uma excelente forma de ajudar a equilibrar o tempo que atualmente os bebés passam nas cadeiras (ovos), nos carros, parques ou andarilhos.
É uma prática em conjunto entre pais e bebés. As aulas centram-se essencialmente no desenvolvimento psicomotor das crianças e no desenvolvimento de um vínculo afetivo profundo. Os pais descobrem novas formas de estimular o desenvolvimento físico, social e emocional da criança construindo desde a primeira infância vínculos afetivos sólidos. O Babyoga surge como uma prática que visa ser regular e continua para que se consiga uma melhor interiorização dos benefícios para pais e bebés. Realiza-se entre pais e filhos ou também em escolas podendo ser vivenciada através de aulas regulares, workshops ou eventos. Benefícios para o bebé da prática de Babyoga: - Sono de maior qualidade; - Melhora a digestão - Alivia as dores das cólicas; - Reduz a inquietação/irritação - Ajuda o desenvolvimento neuromuscular - Aumenta a autoconfiança e autoestima - Fortalece o sistema imunitário - Ajuda a uma vivência das emoções mais normalizada - Aumenta a consciência corporal - Contribui para o natural desenvolvimento dos movimentos desde a nascença ao andar - Aumenta a concentração - Promove uma atividade física estruturada e intencional. Benefícios para os pais: - Construção de um vínculo afetivo profundo; - Aprender a acalmar o bebé; - Ajuda a adquirir confiança; - Reduz stress e ansiedade - Aprender técnicas de meditação - Momentos especiais de dedicação ao bebé.
Foto e textos retirados de http://www.babyogaportugal.com/ com autorização. Escola Babyoga Portugal - Profª. Sónia Sousa Contatos: sonia.sousa@outlook.pt Tlm 916381764
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Comunicações e Eventos: Eventos da “Casa do Fauno”
EM JANEIRO (2014)
Informação facilitada por Casa do Fauno Para mais detalhes consulte o site: http://casadofauno.wordpress.com/ © 2013, Zéfiro - Edições e Actividades Culturais | Casa do Fauno | Ishtar - Artes Mágicas
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Bruxaria Tradicional versus Wicca Ricardo Vieira* E eis mais um entre a gama de artigos incontáveis que falam sobre diferenças entre estas formas de religiosidade tão confundidas na atualidade, no mundo virtual em especial, vemos alguns vídeos que mais desinformam do que passam uma informação clara sobre o tema, sempre mais do mesmo em conteúdos que são apenas replicados, e obviamente, se existe tamanha quantidade de artigos, poderíamos multiplicar esta questão por uma legião de pessoas que perguntam, pois tudo o que chega a elas são opiniões, muitas vezes levianas, sobre cada um desses caminhos.
igual forma a outras de base, por exemplo, cristã.
O primeiro ponto a se levar em conta é que a língua portuguesa tem um leque diversificado de palavras, muitas possuem múltiplos sentidos, outras advêm de traduções muito superficiais e a outra demanda vem da necessidade das pessoas inventarem significados novos para antigas palavras.
Vamos citar o Cristianismo (fundamento): Catolicismo e as demais igrejas protestantes (religiões)
Um segundo agravante é uma falta completa de definição de algumas “tribos” quanto ao que seguem efetivamente, ao jargão comum, e um reconhecimento pleno de que X é X e Y é Y dentro de um caminho espiritual e há diferenciações muito claras entre estes caminhos. Confuso? Muito, mas neste artigo vamos elucidar os principais aspectos para você que esta chegando ao mundo alternativo de religiões, não que elas sejam propriamente novas, é pelo motivo que não são incorporadas de
Esqueça-se de tudo o que viu e escutou sobre bruxaria, dos vídeos com morcegos, caldeirões e jogadores de tarô, feitiços e fases da lua, esse é o momento de refletir com aprofundamento nos conceitos e o primeiro deles tem como ponto de partida o fundamento religioso, e para não virar um curso de bacharelado, vamos começar a falar sobre fundamento religioso, para quem não sabe é a base de onde se derivam as religiões:
Paganismo (fundamento): Bruxaria, Romuva, Candomblé, diversas crenças nativas (religiões). Dentro da questão do fundamento religioso, o Paganismo antigo chega aos dias de hoje como o Paganismo Tradicionalista, por conta da necessidade de preservação e por também se desvincular de outro fundamento advindo da contra cultura do cristianismo, o Neo Paganismo. Portanto a Bruxaria advinda do Paganismo Tradicionalista, chamamos de Bruxaria Tradicional, e a Wicca advém do conceito NeoPaganismo. A Wicca tem sua religiosidade nascida em solo britânico, portanto o termo Witchcraft
* Sobre o autor: Ricardo Vieira é membro do Conselho de Bruxaria Tradicional. Brasil. http://www.bruxariatradicional.com.br
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(Witch=bruxo e craft=arte) pode além de ser traduzido para o contexto de bruxaria é também utilizado para feitiçaria, e ai meus caros leitores é onde a porca torce o rabo, e por qual motivo? Tendo o mesmo rótulo e uma diversidade de significados, o termo pode descrever as práticas feiticeiras de qualquer caminho, até mesmo do cristão (feitiçaria cristã ou em inglês Christian witchcraft), por isso alguns pensadores colocam a Wicca como uma colcha de retalhos feiticeira, pois ela absorveu as diversas seitas inclusive, segundo alguns, até da Bruxaria.
(Bruxaria Familiar) para uma estruturação iniciática existente nas diversas Ordens Iniciáticas. Publicidade que o leitor deve refletir: A Bruxaria Tradicional é a Antiga Religião - Não, a Bruxaria Tradicional é uma das Antigas Religiões, e elas existem aos cachos! Traditional Witchcraft = Bruxaria Tradicional - Vamos traduzir corretamente Traditional Witchcraft = Ordem Iniciática Feiticeira, e existem diversas, sendo que a Bruxaria Tradicional é uma delas. Wicca = Bruxaria Moderna - O nome chama atenção, mas a tradução mais fidedigna seria algo como Ordem Iniciática de Feitiçaria da Era Moderna, mas o termo pegou tão fortemente no Brasil que haveria comoção publica para quem ousar falar o contrário.
Gostamos muito da definição de uma instituição wicanna brasileira que seguramente hoje é a associação que mais representa os wiccanos em excelência por estas terras e ela cita a seguinte frase: “A Wicca é uma religião neopagã, mítica, politeísta, iniciática, de culto dualista e orientação matrifocal.” De igual forma nós do CBT (Conselho de Bruxaria Tradicional) definimos para os que seguem com base em nossas premissas a seguinte definição: “A Bruxaria Tradicional é uma religião pagã (no sentido etimológico), ancestral, nativa, de culto politeísta, iniciática e hierárquica.” E com relação à data de fundação? A Wicca nasce no final da década de 50 por Gerald Gardner, já a Bruxaria Tradicional é uma religiosidade que nasce de um processo de transição de uma estrutura familiar e campesina
Bruxaria = bruxariaS - Não preciso dizer que o rótulo a partir da idade média foi se depreciando até designar perante religiões cristãs como uma prática de malfazejo, mas do mesmo modo que eu não faço luteranismos (Igreja Luterana) por ai, eu também não faço bruxarias, parece obvio observando por este lado... Acredito que estas informações já poderiam lhe dar discernimento sobre cada caminho, mas caso tenha dúvidas, segue mais uma link de outro artigo e caso queira conhecer na prática entre em nosso canal de eventos e participe! Nada melhor que a vivência.
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Os autores que desejem contribuir para a próxima edição deverão enviar os manuscritos para o endereço de email: am.revistadigital@gmail.com
Os artigos deverão ter uma extensão máxima de cinco páginas (de texto), com letra: Arial 12, espaçamento entre linhas: 1.5, formato: A4, margens: 3 cm, e em formato de Documento de Word (.doc, não .docx). Os artigos em língua portuguesa devem ser escritos preferencialmente segundo as normas do novo acordo ortográfico.