Anima Mystica Revista Digital Vol 2 No 3

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Autumn Por: danIzvernariu 2012 Photoshop post prod.CS 6 by : danIzvernariu Š2013 /6014


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Índice dos Artigos 6

O Hierofante de Elêusis: A emergência do sagrado

Kelly Martínez

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O resgate do divino Phallu

Papo de Pantera e o Ouro de Tolo Ricardo Vieira

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Wicca: Tens a certeza de que queres ser iniciado? Eduardo Puente

Também, neste número: Rictus da Tara Por Fátima Sapetiveoatl Vale

4 elementos Por M’Jay


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Anima Mystica Revista Digital ISSN: 2182-7176 Editores:  Luís Miranda  Eduardo Puente  Valentina Ramos

Neste número colaboraram:  Céu Almeida  M’Jay  Cristina Aguiar

Editorial

 Mercedes Gonçalves  Angelina Gonçalves  Dan Izvernariu  Fátima Sapetiveoatl

Vale  Casa do Fauno  Capítulo Rosacruz do

Porto  Fellowship of Isis-

Portugal  Silver Circle

Os grandes mistérios têm assombrado os homens desde o início da criação. Perguntas sobre a origem do mundo e da humanidade têm-nos constantemente perseguido, fazendo-nos falar de deuses e deusas e rituais que nos permitam aproximar deles. E isso está a tornar-se mais frequente. Anima Mystica Revista Digital tem o prazer de ser um espaço que permite que estas descobertas, um espaço onde os nossos colaboradores encontram forma de expressar a sua visão do mundo e do divino. As visões e sonhos materializam-se nas nossas pá-

Anima Mystica Revista Digital, é uma publicação trimestral dirigida à divulgação e discussão de assuntos relacionados com o misticismo e o mundo esotérico (dentro e fora de Portugal), sob uma perspectiva que se estende desde as nossas raízes ancestrais até aos eventos de expressão pagã dos nossos dias.

ginas, e a capacidade de compartilhar com centenas de pessoas que nos leem tornam esta uma experiência única. Nós não estamos sozinhos neste mundo cheio de seres que nos vêm de um outro mundo, tentando comunicar e mostrar-nos o caminho para o conhecimento. Os nossos leitores juntaram-se a nós nessa jornada interior. A emoção da primeira página, a busca por sinais, a emoção da descoberta; espera-nos a cada número. Anima Mystica Revista Digital foi criada com essa intenção.


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Contactos Anima Mystica Revista Digital Facebook: https://www.facebook.com/groups/ am.revistadigital/ E-mail: am.revistadigital@gmail.com Download gratuito dos números: http://issuu.com/am.revistadigital

Cada ciclo envolve um novo caminho a percorrer e os mistérios que estiveram connosco até agora, são renovados a partir da primeira tentativa e do primeiro contato que fazemos, em função de cada novo número. Que as ideias e os sonhos e esperanças não nos abandonar. A Terra poderá estar a ficar cada vez mais fria, mas a beleza da terra fria também deve ser adorada e vivida. Sabendo que conhecer a terra é conhecer seus mistérios. Aceitar os seus ciclos e experienciá-los é o legado dos deuses.

Os editores

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O Hierofante de Elêusis: A emergência do sagrado* Kelly Martínez** 1. Abençoado é aquele que, tendo visto esses ritos, Segue o caminho por debaixo da terra. Conhece o fim da vida, e dessa forma o seu início divino.

Píndaro

Elêusis, um nome. Um nome que provoca vertigens. Da vertigem a quem intuir o que significa, o que lá se passa. Digo "intuir" não "saber". Elêusis não é algo que realmente se conhece. Séculos de distância nos separaram dele. A palavra mistério, em grego antigo, está relacionada com o silêncio e Elêusis era um mistério. O mistério, uma festa secreta, ou seja, um ritual reservado apenas para os iniciados (1).

“A palavra mistério, em grego antigo, está relacionada com o silêncio e Elêusis era um mistério” O que melhor sabemos de Elêusis é que começava com uma peregrinação que partia de Atenas (os Mistérios Menores). Durante a procissão tinham lugar diversas cerimónias, ritos e sacrifícios. Após cruzar-se o limiar do templo de Deméter, o véu desce, não deixa ver... exceto talvez uma silhueta em contraluz. Milénios de história não conseguiram revelar tudo o que lá aconteceu. Apenas rumores, apenas orações, sussurros, que escaparam para fora de portas. Os iniciados juraram silêncio sobre o que aconteceu no Telesteri-

on, uma palavra que parece indicar tanto a encenação como a projeção de uma imagem; tanto a teatralidade, ritual, presença como a projeção, virtualidade. Algo morava lá e observava, experiência provavelmente reforçada pelo consumo de kykeon, cerveja de cevada e hortelã com alto teor de ácido lisérgico, devido aos fungos do cereal– de onde Albert Hoffman sintetizaria o LSD – que também se incluíam na bebida (2). Isto é, temos mais documentação histórica – erudita e popular, teórica e prática - do que se passava nas aforas do templo de que aquilo que se passava no seu interior. A documentação histórica - o visível – dilui-se no momento que se abrem as portas do templo. Conhece-se os passos que o ritual seguia, os animais sacrificados e outros detalhes, mas não se conhece a ciência correta que seguia o rito – e poderemos nunca vir a sabe-lo – o que viam e viviam exatamente os iniciados. Nem o que lhes era revelado ou ensinado no templo. Tão pouco sabemos como lhes ensinavam, revelavam o mistério. Grande parte do conhecimento de Elêusis foi sepultado em silêncio, no entanto, era o Mistério mais importante de toda a antiguidade. Grandes homens, personagens históricas, iniciaram-se nele. Algo importante aconteceu ai. E ali – entre o documentável e o não documentável – no limiar, abrindo a porta, O Hierofante, o sacerdote, o mestre-de-cerimónias, a aparição sagrada. O Hierofante, esse ponto onde as informações sobre o ritual de Elêusis deixa de ser mensurável, cognoscível, realmente pesquisável (alguma pista, algum ves-

* Traduzido por Luís Miranda. ** Sobre a autora: Escritora e curadora, nascida em Cuba, em 1980. Licenciada em Artes e Mestre de Literatura Comparada. Professora na Faculdade de Letras da Universidade Central da Venezuela.


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tígio deixado num vaso, algum hino que permaneça escrito). O fim e o início: o iniciador. No templo moravam dois hierofantes – dois “supremos sacerdotes”-, que pertenciam sempre às mesmas famílias. Um “sacerdócio”, que ainda, passava de pai para filho.

longo da história. Lá, uma semente que descende e ascende; o ciclo de vida e morte, uma donzela, violentamente raptada por Hades, que acaba por se tornar a Rainha do Submundo; uma mãe peregrina na sua busca. Não uma mãe qualquer, uma deusa-mãe: Dá-mater, Deméter, Deó.

Presidir ao ritual. Ser responsável por cada detalhe. Projectar “o filme”, dirigir “a peça”. Cantar a liturgia (porque cantavam a historia de Kore e da sua mãe, segundo se sabe). Serem os artífices do conhecimento que adquirem os iniciados. Fornecer esse conhecimento. Isso fazem, suponho, todos os sacerdotes. Mas cada liturgia, como todos sabemos, tem as suas características únicas e se distingue de todas as outras. Não conheço as particularidades da Eleusina.

Deméter: Às vezes pergunto-me se eu sou Gaia, a Rhea, a Cibele, a Grande Mãe, como chamam por mim. Sabem dar-nos os nomes que nos revelam nós próprios, Yacos, e arrancam-nos à passada eternidade do destino para colorir-mos nos dias e os locais onde estamos (3).

A questão do Hierofante, para mim, aponta mais para o significado da personagem dentro do rito, mais que a sua identidade. Não me interessa quem é a pessoa por detrás do sacerdote (ainda quando se conhecem alguns nomes dos sacerdotes de Elêusis). Interessa-me acima de tudo o seu significado dentro do Tarot de Marselha, outro ritual, onde vim a descobrir esse sacerdote que, em Elêusis, presidia o rito e que, desde a sua carta, me seduziu. Se analisar-mos o significado da palavra encontramos que, em certos estudos etimológicos, verificamos que vem de hierophantes e significa “o que faz surgir o sagrado”. Mas eu lembro de ter lido (ou imaginado, que é mais ou menos a mesma coisa) outra explicação: hieros (sagrado) e phaino (mostrar) como a origem do termo que viria a ser Hierofantes. Ou seja, não implica tanto a sua função no rito como aquilo que ele é: uma aparição sagrada que, por sua vez, faz aparecer o sagrado. Uma sorte de mago, em todos os sentidos que possa ter essa palavra. Rito é também palco, teatralidade, artifício. Ali nada é deixado ao acaso. E teatro na Grécia Antiga não era uma coisa qualquer. E embora nós não saibamos muito sobre o rito, sabemos da existência do mesmo e fazemos conexões. Nos mistérios de Elêusis era narrada e representada a história de Deméter e Perséfone. Disso existe prova escrita, temos analisado os seus significados ao

Na sua peregrinação, a grotesca Baubo e uma cerveja que contem fungo cravagem; e o menino Yacos representado como uma aparição juncosa. A negociação, uma aliança selada com sangue, com as sementes de romã. Uma mudança de estações. Perséfone, que sobe e desce. Perséfone, que faz e desfaz primaveras … No Telesterion, a reprodução do mito. Os iniciados voltam para casa diferentes, noutro estado de conhecimento que talvez fosse a causa dessa mudança: com os ciclos, com a vida e a morte, com aquele delicado véu que provavelmente as separa. Ele enfrentou justamente a sua estranheza e alteridade. E o rosto que é uma forma muito clara, de frente para a morte, a alteridade final. A maior prova de heroísmo na literatura épica era precisamente o katabasis, a descida ao inferno. Um mito e um ritual que não morreu, que ganhou nova forma. Também os católicos tomam o pão e o vinho (Deméter e Dionísio) na sua liturgia. Toda a liturgia tem sempre um oficiante. Em Elêusis, uma aparição sagrada.

“Rito é também palco, teatralidade, artifício. Ali nada é deixado ao acaso. E teatro na Grécia Antiga não era uma coisa qualquer.”


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2. No Tarot de Marselha – com 22 Arcanos Maiores-, o Hierofante é a quinta carta, o quinto Arcano, palavra também relacionada com o segredo, com o mistério. No final do dia, cada letra é também uma porta, um encontro com o mito e ritual, conhecimento onde iniciar-se. E cada porta, cada carta, a imagem sagrada oficiando a cerimónia. Alguns dizem que o Tarot é apenas outra maneira de contar a jornada do herói, esse Louco que sai de casa nu, recém-lançado no mundo e termina precisamente em harmonia com o mundo para onde ele foi atirado. No caminho há provas a superar, para adquirir conhecimento. Cada plataforma é o símbolo do mesmo. A carta do Hierofante gera sempre alegria. Toda vez que sai, eu preciso explicar toda a história de Elêusis e o personagem que abriu as portas do templo e oficiou a cerimónia. Sempre grandiosa, buscando sempre criar um efeito dramático e impressionar o cliente. - O Hierofante!- digo e quase fazê-lo aparecer. Quase paramos nas escadas do templo. Eu, assistente do show de magia. Mas - e já em tom sério- antes de entrar em detalhes de cada consultante, eu sei que a carta anuncia renovação, passando de uma fase para outra, o fim e o início de um ciclo. Não qualquer ciclo, mas um imbuído de um contato com o sagrado. E isso faz-me feliz, eu fico feliz ao saber que algo na vida das pessoas precisa de ser transformado. Não acho que O Tarot seja um oráculo. Creio ser um mapa, um guia. A carta V pede renovação, transformação, mudança.

“E isso faz-me feliz, eu fico feliz ao saber que algo na vida das pessoas precisa de ser transformado.” No meu Tarot, esse Hierofante, essa imagem, é sobretudo divertidíssima: sentado sobre o mundo, é uma espécie de cruzamento entre um sábio e um personagem de circo, como parecem sugerir as duas estrelas tatuadas no seu rosto, símbolo iconográfico que se repete em várias das figuras do baralho, e

extravagantes bigodes (na verdade, assemelha-se ao personagem da carta do Mago). Na sua grande barba existe um ninho de corvos. Na sua mão direita está pousado um pássaro azul (talvez o mesmo de Bukowski?) e, com a sua mão esquerda, acaricia um gato. Uma bela imagem, uma imagem que inspira confiança. Não de um sacerdote austero, monástico, que normalmente vemos no Tarot de Marselha. Nem o Papa, o meu Hierofante é pagão. O Hierofante é pagão.

“De alguma forma, a partir das leituras pagã e católica, o Hierofante tem a ver com o sentido de purificação.”

Como imagem do sumo pontífice o significado da carta muda. Se direito, este arcano significa a lei moral, o dever e a consciência (4). Também está associada com as virtudes necessárias para vencer os sete pecados capitais. De alguma forma, a partir das leituras pagã e católica, o Hierofante tem a ver com o sentido de purificação. A representação d’O Hierofante como Sumo Pontífice tem a sua lógica – se se tiver em conta que o Tarot, como sistema oracular organizado, data do Renascimento -, mas não tenho disponível uma boa história do Tarot como saber exatamente qual é essa lógica. Para além de qualquer conclusão clara sobre o caráter iconográfico da personagem, era também uma forma sintética e compreensível – para contextualizar - para simbolizar esse sacerdócio que, na Grécia Antiga, se passava de pai para filho? Neste caso, um Deus que passou o bastão para o seu representante na Terra? Eu sei que o significado da carta é vasto: o Tarot é uma questão complexa. Mas não posso evitar voltar ao significado “primário” desse Hierofante. No meu Tarot (5) descobri a sua existência, a sua imagem, o seu papel no rito. Antes dele, eu não tenho certeza se sabia alguma coisa sobre Elêusis. Ou me ter preocupado por Deméter e sua filha Perséfo-


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ne, o belo mito relacionado com o início da civilização, a agricultura e as estações do ano; essa história com a que os gregos explicavam, teceram, os ciclos de negócios, vida e morte. E a sua aparição numa tirada de cartas dizme sempre isso: de um fim, de uma mudança de ciclo. Fala de momentos em que uma pessoa realmente não sabe o que vai enfrentar, mas que trazerem transformação, libertação. O momento em que se é semente, como a rainha virgem, e se desce para logo subir novamente. Algo que nos obriga a abandonar a velha concha e enfrentamos, renovados, o mundo. Algo que nos obriga a definir a nós mesmos, a fazer o nosso caminho a partir das profundezas da terra e dar frutos e flores. Eu acho que nós todos experimentamos essa sensação a dada altura, quando os sistemas conhecidos, as zonas de conforto, começam a entrar em colapso e não se sabe para onde se está a ir. E ainda assim seguimos em frente. Atravessamos as portas com fascínio e medo, sabendo que – apesar de tudo – sairemos dali renascidos. A crise é crisálida, incubação para a mudança e voo. Horror e beleza estão inscritos no templo de Elêusis.

“Não é de pouca importância ser-se responsável por passar as pessoas de um estado para outro e, muito menos faze-lo com a responsabilidade que o papel no rito exige. ” transforma a realidade ou o sentido dessa realidade. Um verdadeiro mestre-decerimónias. Mas é mais do que isso. O hierofante é uma energia, posto assim para utilizar termos compreensíveis para os nossos tempos. É um estado da nossa psique, uma personagem em si mesma. É uma situação de vida. Por vezes não tem rosto. Outras vezes simplesmente é. Como era ele realmente? Como era essa aparição sagrada que por si invocava o sagrado? Não importa. Talvez nunca o possamos, ou devamos, saber. Ao fim e ao cabo - como disse maravilhosamente Mallarmé - o sagrado, para permanecer sagrado, deve conservar-se um mistério.

3. Notas da autora: Não sei o porquê desta mina obsessão pel’O Hierofante. Acho que é porque nem todos podem ser encarregues de oficiar, conduzir, liderar um processo de transformação que, além do mais, estava consagrado à Grande Mãe grega e sua filha. É um personagem poderoso. A partir dele, uma das muitas figuras que apareceram no Templo de Elêusis, dependia o aparecimento de outras, como um fotógrafo, escritor ou cineasta. Isso não é uma tarefa qualquer. Não é de pouca importância ser-se responsável por passar as pessoas de um estado para outro e, muito menos faze-lo com a responsabilidade que o papel no rito exige. Um mestre Hierofante, uma sacra transferência. Eu não sei se o Hierofante está mais perto dos xamãs que dos sacerdotes. O seja um raro intermédio entre os dois. Basicamente, não sei nada sobre isso, mas às vezes, sim, eu imagino. Eu imagino abrindo a porta para o mistério. Uma aparição quase Hollywoodnesca. O mago, em todos os sentidos: faz truques, mas também

(1) Os Mistérios Eleusinos – rituais iniciáticos ce-

lebrados na Antiga Grécia, em honra de Deméter e Perséfone, no mês de boedremion (Outubro). Estes foram posteriormente também realizados no Império Romano. (2) Foi Albert Hoffman quem, juntamente com antropólogos e etnobotânicos - descobriu o componente secreto do kykeon. (3) Cesare Pavese. Diálogos con Leucó. Barcelona: Editorial Bruguera. 1980. P. 170 (4) Juan Eduardo Cirlot. Diccionario de símbolos. Barcelona: Ediciones Siruela. 1997. P. 235. (5) Uma reinterpretação do Tarot de Marselha, por Fergus Hall, para um filme de James Bond (Live and Let Die), conhecida como o “Tarot das Bruxas”. Foi comercializado em 1982 e ofereceram-mo à mais de uma década. Veio ter comigo.


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Rictus da Tara Fotografia de: JosĂŠ da Silva Oliveira


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Rictus da Tara Por Fátima Sapetiveoatl Vale

o parto correu com a vontade do atleta que quer chegar à meta inda que não saiba a que distância fica removido a carvão o corpo ilumina-se com o magnetismo transferido do círculo até que a espiral revigore as suas doces formas o descanso reflete-se fluvial dos olhos salgados da manhã este vai e vem é um longo percurso que desaguará em águas potáveis beber o belo beber o real até que seja alimento tudo está menino cá dentro ter e ser Alta é deveras promissor e é Tanto o Amor que Vem Tanto o Amor que a pele epicárpica expande


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FELLOWSHIP OF ISIS PORTUGAL

Mais informações: aqui E-mail: fellowshipofisis.portugal@gmail.com


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O resgate do divino Phallu * Valquíria Valhalladur **

A beleza do entendimento do Homem da Antiguidade está na sua capacidade de criar metáforas no meio físico que ilustrassem os fenómenos naturais que ia observando. Para representar fisicamente o poder regenerativo do sol primaveril adotou a imagem da masculinidade, como símbolo desse poder sobrenatural e genésico. O boi/touro e o bode tornaram-se os arquétipos solares por excelência e os seus órgãos genitais símbolos supremos de culto. O falo era venerado em ereção: hierofania da divindade geradora de vida. O esplendor do vigor másculo é o agente ativo da fecundidade da terra, animais e dos seres humanos, e garante da prosperidade e dos prazeres.

da deusa numa cópula de procriação perpétua. O hierogamos entre Vénus e Marte, de Ísis e Osíris, Freya e Frey é o reflexo do entendimento de que as atividades agrícolas estavam fundeadas na ação e vontade do sagrado, por isso criavam personificações sobre as quais depositavam os seus anseios. Vemos neste casamento de forças que o falo não constituía a supremacia masculina ou um domínio falocrático sobre um regime ginecocrático, mas antes a perceção do seu valor como contentor da força vital (macho) de que os solos anseiam (fêmea) para que a vegetação brotasse após um longo torpor, num continuum ciclo de fertilidade. A cópula entre homem e mulher imita e estimulava esta necessária fusão de agentes criativos.

“O culto fálico tem origens longínquas, do tempo em que o individuo se apercebeu do seu valor em todos os processos produtivos”

O almanaque do sol nascente e poente

O culto fálico tem origens longínquas, do tempo em que o individuo se apercebeu do seu valor em todos os processos produtivos. Pénis e vulvas formavam uma dupla iconográfica erguidos nas planícies reconhecidos em menires e mamoas - os templos sagrados do Homem primitivo. O linga de Xiva retrata essa fusão: o falo do deus apoiado na vagina

O sacrifício de Mitra, a 25 de dezembro, simboliza o triunfo da luz reprodutora sobre a castração das trevas. O sangue, fluído vital com a qualidade do fogo, jorra do dorso do touro celestial, enquanto um escorpião tenta cortar-lhe o membro viril, lembrando o eixo zodiacal Touro-Escorpião (primaveraoutono): o polo do nascimento do solo e o seu oposto - o ocaso solar. O zodíaco inicia com dois animais cornígeros, o carneiro e o touro, ambos dotados do poder do sol vernal: a puberdade da natureza. E o bode de Capricórnio, no solstício de inverno, é o anúncio do retorno do fulgor da juventude do sol. Um trio de animais equipolentes à força solar e,

* Pénis em Latim; Phallos em Grego ** Sobre a autora: Valquíria Valhalladur é pseudónimo de Maria Cristina Ferreira Aguiar, nascida do Porto, e com o qual assina o seu primeiro livro “As Moradas Secretas de Odin”, publicado pela Madras Editora, em 2007, e desta forma deu conhecer os seus estudos em Mitologia Nórdica. A partir deste intróito, desenvolveu os conhecimentos em Posturas Rúnicas (Stadhagaldr) em workshops, e acrescentou mais uma criação, desta feita, “As Máscaras da Grande Deusa”, com a chancela da Zéfiro Editora, em 2011, mas já assinado com o nome de jornalista Cristina Aguiar. A autora pode ser contactada através de seu email: aguiar_cristina@hotmail.com


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por consequência, dotados da mesma capacidade genésica e ícones dos cultos fálicos. O cavalo também entra na lista de animais viris. O calendário litúrgico dos povos escandinavos assinalava no outono o que se julga ser uma reminiscência de um culto fálico: o Völse blót, ritual de embalsamento do pénis de um cavalo em folhas de alho-porro e preservado num pano de linho, que ficava à guarda da senhora da casa. Um gesto simbólico da dialética fecundidade-fertilidade: a mulher, como guardiã do ídolo, assegurava a não apenas a capacidade reprodutora do seu corpo, como protegia o motor simbólico das forças produtivas das terras a que pertence a sua comunidade. A relação do falo com a mulher é intrínseca e indissociável dos processos de regeneração.

prime a ideia de água seminal, associada à força do auroque, e vem logo a seguir a Fehu, a primeira runa do FUTHARK, sob a regência de Frey, o Priapo escandinavo, e senhor do gado e personificação os raios solares. O falo é o princípio ativo, o canal do sémen, a coluna que sustenta o equilíbrio da natureza e da espécie humana. É calor, luz, por isso semelhante ao sol nascente, que faz despontar a semente. Osíris, divindade solar, é despedaçado pelo seu irmão Set, que atira o seu pénis para o Nilo, cujas águas geram uma extensa planície aluvial que representa uma grande parte das terras férteis do Egito: o sémen de Osíris fecunda as terras e insemina Ísis, a deusa da fertilidade e mãe de Hórus, o sol que nasce e morre diariamente.

A musa inspiradora e a água seminal do falo

As representações do macrandro do Deus Min colocadas sobre um pedestal, simbolizavam a ordem e também a colina primordial. A divindade itifálica era celebrada na época das colheitas ou na falta de água (março a julho), altura em que as sacerdotisas dançavam e tocavam, tal como as Ménades no outono. Durante o culto dionisíaco, dançavam em êxtase e transbordantes de lasciva, em total concordância com as forças mais primitivas da natureza. Os mistérios que envolviam o deus, provocavam nelas um estado de êxtase absoluto, entregando-se a desmedida violência, derramamento de sangue, sexo, embriaguez e autoflagelação. Devaneios sexuais e alcoólicos idênticos aos que aconteciam nas celebrações dionisíacas e tão condenados pelo poeta grego e austero Eurípides nas Bacantes.

Sob as roupagens de Baco, Fauno, ou Sátiro, o falo representava o êxtase da fecundação celebrado em orgias ébrias de mulheres desnudadas. As Ménades ou Bacantes de tirso (símbolo fálico) na mão agitavam a morte para atiçar a vida; e do mesmo modo as mulheres brandiam varas de bétula enquanto escalavam os montes para dançarem à volta das fogueiras de Walpurgias (ou Beltaine). O bode, paradigma da sexualidade, e senhor do Sabat abraçava as feiticeiras num bailado orgiástico de comemoração das forças reprodutoras do falo e do útero. Tudo isto encenações miméticas da cópula dos raios solares com a vulva da terra. A singeleza destes rituais perdeu-se estrangulada pela moralidade religiosa. As mulheres apresentam o seu corpo nu para se impregnarem com o vigor fecundador e solar do bode, participando dos ciclos naturais do nascimento-morterenascimento. O símbolo do planeta Marte, com a seta em riste, é a reminiscência da ação da força ativa sobre os solos, e tem hipóstases em Silvano, Pan ou Príapo. Qualquer imagem priápica simboliza o orgasmo masculino, do qual brota a semente fertilizante. A runa Uruz ex-

Pilar e amuleto de prosperidade O phallu ascendeu ao estatuto de Pai Criador e orientou a consciência do Homem Magdaleniano na descoberta do seu papel como progenitor. Desta tomada de consciência resultou a organização social das populações primitivas em torno de um cabeça de família. Nasciam, então, as primeiras noções de autoridade, em torno de um objeto poder itifáli-


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co. O falo em tesura passou a ser representado em forma de poste. Cratofania que revemos nos pilares osíricos, ou djed, um poderoso símbolo fálico, também símbolo de estabilidade e permanência. Ao erguer o pilar djed, o soberano egípcio renovava-se magicamente e por extensão vivia um rejuvenescimento sexual, e enquanto morto, vivia eternamente. Tiwaz, pilar do mundo na mitologia germânica, simbolizava também a virilidade, a coragem, justiça e mantinha a ordem cósmica, evitando que o céu desaba-se sobre a Terra. Para os antigos egípcios, a sexualidade era a via para o renascimento após o túmulo. Representações antropomórficas com pénis no pico do ardor aludem ao renascimento do falecido, e garantia a entrada num novo estádio evolutivo no Além. Sexo, vida e morte num ciclo ininterrupto. O falo icónico foi prosperando por meio das diversas funcionalidades como símbolo apotropaico. Na Grécia antiga, assim como o djed, erguia-se uma herma, um pilar quadrado ou retangular de pedra, sobre a qual se colocava uma cabeça do deus Hermes, representado normalmente com barba (símbolo da força física). O pilar era mais largo por cima que na parte inferior, como símbolo de virilidade e disposição à luta. Hermes ganha identidade na designação da própria estátua, que servia de proteção aos mercadores e viajantes, e anteriormente fora um deus fálico associado à fertilidade. Estas hermas eram uma espécie de marcos miliários que mais tarde evoluíram para um bloco quadrangular com um falo e dois testículos. O Dosojin japonês, figura esculpida em pedra, era também um espírito protetor colocado nos extremos dos campos de arroz, garantindo a fertilidade das colheitas e agia como "vigilante", tal como os hermas que protegia e fornecia orientação espacial. Colocavam-se hermas nas ruas, portas e encruzilhadas dos caminhos como amuletos, e também como delimitadores de propriedades. No início, as hermas eram simples montes de pedras utilizados para marcar um caminho ou uma fronteira. Quem passava por ali acrescentava a sua própria pedra ao monte. E, no alto, colocavam-se figuras fálicas talhadas em madeira, pelo que estas colunas tinham, inicialmente, uma relação com a fertilidade.

Inscrições em Gondramaz (Aldeia de Xisto em Miranda do Corvo)

Mas este Hermes barbudo e associado ao phallu é semelhante à fisionomia do Mutunus Tutunus, divindade romana fálica do casamento. O fascinium que as romanas usavam no pescoço para se manterem férteis, ou em crianças para se protegerem de forças maléficas, em particular do Invidus. Trata-se de uma entidade sobrenatural temida pelos romanos que para se protegerem da sua influência perniciosa usavam pendentes em forma de pénis como amuletos ou objetivos decorados com o órgão masculino em ereção. A capacidade protetora do phallu não ser perdeu com a chegada do Cristianismo. As cornijas das catedrais cristãs também exibem pénis em rigidez para manter à distância o mal; crença que se enraizou no subconsciente coletivo e que deixou alguns testemunhos nas paredes de casas. O sentido do sagrado do culto do divino phallu e das suas celebrações nas Falofórias exaltava o significado da sexualidade como força atuante e fonte de vida. Referências Bibliográficas Aguiar, Cristina, As Máscaras da Grande Deusa. Zéfiro Editora. ARAÚJO, Luís Manuel de, Estudos sobre Erotismo no Antigo Egipto. Edições Colibri. DULAURE, Jacques Antoine, Gods of Generation History of Phallic Cults Among Ancients and Moderns. Kessinger Legacy Reprints. VALLADUR, Valquíria, As Moradas Secretas de Odin. Madras Editora, Brasil.


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Comunicações e Eventos: Eventos da “Casa do Fauno” Todos os Sábados, 22h-1h | Inscrições Limitadas Caminhada Nocturna: SINTRA ASSOMBRADA Caminhos e Histórias do Outro Mundo com MARIA JOÃO MARTINHO Percursos em Outubro: Dia 11: Anjos, Demónios e Fantasmas da Vila Velha (DATA EXTRA: SEXTA-FEIRA | ESGOTADO) Dia 12: Entremundos Dia 19: Assombrações e Portais da Serra Dia 26: Anjos, Demónios e Fantasmas da Vila Velha ESPECIAL HALLOWEEN: Dia 31 Outubro: Assombrações e Portais da Serra (DATA EXTRA: QUINTA-FEIRA) Dia 1 Novembro: Assombrações e Portais da Serra ( DATA EXTRA: SEXTA-FEIRA) Dia 2 Novembro: Assombrações e Portais da Serra

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EM OUTUBRO Todas as Quintas-feiras, 19h-20h30 | Inscrições limitadas AULAS REGULARES DE YOGA com TERESA GABRIEL Uma Prática Milenar de Sabedoria e Equilíbrio

12 (Sáb), 17h | Entrada Livre Palestra: VASOS SAGRADOS com MARIA INEZ DO ESPÍRITO SANTO Mitos Indígenas Brasileiros e o Encontro com o Feminino

12 (Sáb), 15h-18h | Inscrições Limitadas Caminhada: SINTRA LENDÁRIA - O Mistério dos Amores de Sintra com MIGUEL BOIM (O Caminheiro de Sintra) Um dos Instrumentos Musicais mais Antigos da Humanidade 19 (Sáb), 15h-18h | Inscrições Limitadas Curso: A EVOLUÇÃO ESPIRITUAL com MADALENA CAVALEIRO & PEDRO TAVARES D’ALMEIDA Introdução à Teosofia

26 (Sáb), 15h-19h | Inscrições Limitadas Colóquio: PITAGORISMO E INICIAÇÃO (1ª parte) com RÉMI BOYER, JOSÉ MANUEL ANES, ANTÓNIO TEIXEIRA, CELINA SILVA, LUÍSA POSSOLLO, JOÃO LUÍS SUSANO (Coord.) Origens e Mistérios da Tradição Ocidental - Filosofia, Arte, Numerologia e Música 27 (Dom), 10h-19h | Inscrições Limitadas Seminário: AS VIAS DO DESPERTAR com RÉMI BOYER O Quadrante do Despertar, Práticas Não-Dualistas e Hinários (“Hinário à Deusa” e “Hinário ao Rei Encoberto”)

EM NOVEMBRO 2 (Sáb), 15h-19h | Inscrições Limitadas Colóquio: PITAGORISMO E INICIAÇÃO (2ª parte) com RODRIGO SOBRAL CUNHA, PAULO BRANDÃO, PEDRO MARTINS, JOÃO CRUZ ALVES, JOSÉ CARLOS TIAGO DE OLIVEIRA, JOÃO LUÍS SUSANO (Coord.) Origens e Mistérios da Tradição Ocidental - Filosofia, Arte, Numerologia e Música 16 (Sáb), 15h-18h | Inscrições Limitadas Curso: A EVOLUÇÃO ESPIRITUAL com MADALENA CAVALEIRO & PEDRO TAVARES D’ALMEIDA Introdução à Teosofia

Informação facilitada por Casa do Fauno Para mais detalhes consulte o site: http://casadofauno.wordpress.com/ © 2012, Zéfiro - Edições e Actividades Culturais | Casa do Fauno | Ishtar - Artes Mágicas


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Apresentação Marabô

MARABÔ – Formações & Eventos Culturais MAR – Imensidão ABÔ – Uma forma carinhosa que a maioria dos portuenses usa para chamar o avô. Homenagem aos “abós” deste mundo. Situada na cidade do Porto, a Marabô – Formações & Eventos Culturais surge para dar a conhecer às pessoas, de um modo simples e inovador, aquilo que as rodeia. É um espaço multidisciplinar, que engloba actividades desde tertúlias de poesia a workshops de Artes Decorativas, enfatizando a importância da Arte e da Cultura como parte integrante de cada um de nós. Horário: Segunda – 18h30 às 20h (aula de Meditação) Terça a Sábado – das 14h às 19h (este horário é alargado consoante os nossos eventos) Contactos: Morada: Rua D. Manuel II, nº 136, 1º Direito - 4050 – 343 – Porto Telefone: 226 003 173 Telemóvel: 910 785 717 Email: marabo.formacoes@gmail.com Site: www.marabo.pt.vu


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Papo de Pantera e o Ouro de Tolo Ricardo Vieira *

“E lá estavam dois felinos sentados no alto da montanha de cor de terra vermelha prateada a discutir as questões profundas da alma”

Acendemos o nosso cachimbo e olhamos a planície, a humanidade esta povoando com suas luzes e barulhos, logo este santuário perecerá marcado por marcas de rodas, é uma pena, uma pena assim diziam, mas o homem não aprendeu a ter respeito, nem por ele, nem pelas pessoas, nem mesmo pelo que os alimenta, seja o alimento comum ou o alimento da alma e julgam conhecer e pertencer ao caminho, mesmo que tenham derrubado 24 árvores. Julgam-se vítimas, mas no mundo não existem vítimas, somos o que fazemos e o que não fazemos. Eis a verdade que se perdeu para os homens que vivem com o ouro de tolo.

seu cajado de “ouro de tolo” pelas ruas a julgar que são defensores dos espíritos da floresta, se iniciou, puxou o saco, repudiou e tentou tirar a cadeira do seu antecessor, mas no mundo da magia isto não funciona, a única coisa que se faz ao empurrar uma árvore centenária é machucar os ombros e deixar que os frutos podres caiam para alimentar os vermes, coitado dos pobres frutos podres que esperam lealdade dos que caíram antes, lamentam estes pela falta de idealismo, afinal todo fruto deveria gerar árvores e consequentemente frutos, choram as sementes que poderiam ser, pobres sementes jogadas no asfalto e nas terras áridas da ignorância, sobram a estas puxarem o saco do infértil cacarejar para que sejam comidas e defecadas em outras paisagens e do obscuro verme sanguessuga e sua boca suja a babar insanidades aos quatro cantos do seu pequeno e longínquo mundo esquecido.

Alguns dizem, este é meu caminho, eu me encontrei! Ouro de tolo, se encontrou como? Cortando raiz de árvore? Claro que no começo achou que isto seria possível, afinal de contas às folhas estavam verdes ainda, agora murcharam e o tronco apodreceu, eis a sua independência! A sua liberdade! O seu fruto! Viva a ignorância do homem que se acha sábio, mas mora nas profundezas dos mais ignorantes homens, dos mais medíocres e limitados que acham que o mundo gira conforme o seu apático caminhar lento, sem idealismo, sem vontade, sem significância lhe restando o brilho do ouro de tolo e o vazio frio da alma.

Esse é uma conversa de bruxos, não é conversa para crianças, inquisidores, para minhocas ou gente de ponta cabeça, não é papo de quem olha apenas para seu ego, é conversa de gente que capta nas estrelas o verdadeiro som da melodia.

Os homens medíocres acreditaram que tinham libertado almas sofridas, pastoreia com

Então chore e lamente, o ouro que conseguiste roubando a terra, tem o mesmo valor

“Alguns dizem, este é meu caminho, eu me encontrei! Ouro de tolo, se encontrou como? Cortando raiz de árvore?”

* Sobre o autor: Ricardo Vieira é membro do Conselho de Bruxaria Tradicional. Brasil. http://www.bruxariatradicional.com.br


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“Esse é uma conversa de bruxos, é conversa de gente que capta nas estrelas o verdadeiro som da melodia.”

Somos hedonistas, senhor pequeno, bata em outras portas, pois não compramos o ouro dos tolos, não precisamos da ilusão e muito menos carregamos malas, vivemos bem em nosso santuário, muito além dos seus passos tortos, pobres e vazios. Abraços Fraternos,

que seu caráter, agora volte ao que era antes, muitos voltaram e aprecie a pantera a escalar a grande Árvore Sagrada, e que agora tu observarás de baixo para cima o quanto pequeno se tornou, embora em seu espelho pessoal imagine que a pantera diminuiu de tamanho, risos! Eis o simplório a observar o mundo conforme sua essência.

Cordialmente, CONSELHO DE BRUXARIA TRADICIONAL NO BRASIL


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Wicca: Tens a certeza de que queres ser iniciado?* Eduardo Puente **

(Nota ao leitor: Sempre que se use a palavra Wicca, faz-se referência exclusivamente à Wicca Tradicional)

Diálogo preliminar: Aspirante: Tenho lido sobre Wicca, e identifico-me com a religião. A Wicca é o que eu sempre quis. Quero ser iniciado. Suma Sacerdotisa: (Olha-o, respira profundamente, tentado “ler” tudo quanto é possível nesse momento, suspira e finalmente diz:) Tens a certeza? Com este diálogo começa este ensaio, um diálogo que, de uma forma ou outra, tem sido guião de todas as Suma Sacerdotisas ou Sumo Sacerdotes e assim continuará (a fazer parte) no futuro. Este texto tem a intenção (e vou ser bem claro) de desmotivar todos aqueles que querem ser “Wiccans”. Quero falar ao leitor sobre alguns tópicos que usualmente não se discutem nos livros, principalmente nos que os Aspirantes lêem no início. Vou mover-me contra a corrente e tentar refletir, de maneira directa, nos desafios e adversidades que poderia encontrar no cami-

“A Wicca é um caminho iniciático no qual o indivíduo, desde o primeiro momento, começa uma viagem Sacerdotal.”

nho da Wicca Tradicional. Não falarei de como é linda e maravilhosa a Wicca, mas sim sobre o seu lado escuro e, ao falar disto, poderão ser criadas desilusões. A maioria dos poemas sobre a Lua, falam da sua luz e da sua beleza no céu escuro e estrelado. Poucos falam da frieza, da escuridão perene, das suas mentiras e facetas escondidas, dos falsos sonhos e das ilusões que tentam a sanidade. Desmotivará muitos, mas creio também, que será uma resposta para alguns. Declaração Desmotivadora # 1. A Wicca não é para todos. Sim, eu sei, todos temos lido que a Wicca é uma religião preciosa, que a Wicca é o contacto com a natureza e que a Deusa e/ou o Deus nos acolhem a todos de braços abertos. Mas isto não é assim… nunca foi e nunca será! Se a Wicca consistisse unicamente em prestar culto aos Deuses, então não seriam necessárias metades de todas as coisas que se praticam, estudam ou exploram em Wicca. A Wicca é um caminho iniciático no qual o indivíduo, desde o primeiro momento, começa uma viagem Sacerdotal. Um caminho que busca, através de uma série de processos e transformações, conectar o Homem com o “divino”. O caminho iniciático é um caminho de transformações e revoluções e, regra geral, a última coisa que as pessoas querem nas suas vidas são transformações. O iniciado em bus-

* Tradução por: Céu Almeida, Revisto por Mercedes Gonçalves e Angelina Gonçalves ** Sobre o autor: Eduardo Puente é Sumo Sacerdote da Tradição Alexandrina e também é iniciado na Ordem Aurum Solis e na Ordem Rosacruz. O autor pode ser contactado através do seu email: edutp00@gmail.com


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ca da Divindade e da comunhão com os Deuses tem, de enfrentar os seus próprios problemas. Toda a transformação começa dentro de cada um de nós. Recorda a velha frase: “Homem, conhece-te a ti próprio e conhecerás o Universo e os Deuses”. É assim, tão simples: tudo começa dentro de ti. Quando as transformações começam, o que terás de enfrentar serão os teus próprios demónios. Só assim te aperceberás do que te rodeia. Somente dentro de ti conhecerás os Deuses mas, para alcançar este ideal, “há que estar purificado”.

“Quando as transformações começam, o que terás de enfrentar serão os teus próprios demónios.”

Os Deuses irão testar-te, jogarão contigo de maneiras incríveis e imprevisíveis. Porquê? Não é porque os Deuses sejam super poderosos e donos da nossa existência, mas porque tu decidiste começar o caminho iniciático; tu aspiraste ser Sacerdote/Sacerdotisa; tu decidiste que o caminho das transformações e mutações é aquele que queres percorrer. Considerando de forma simples: tu deste poder e autoridade aos Deuses ao querer conectar-te com Eles, para que mudem a pessoa que és. Isto é o que farás se decidires entrar no caminho da Wicca Tradicional. Declaração Desmotivadora # 2. Uma das primeiras declarações que se faz ao Louco que quer ser iniciado é (parafraseando): “Para aprender terás de sofrer”. Isto é, terás de sofrer tu, tu que queres iniciar o caminho da Wicca. E vais sofrer! Isto não é alegórico nem romântico!… É uma clara advertência do que sucederá daí em diante. Queres sofrer embora seja para aprender? Isto nada tem a ver com a “religião” que te vendem na maioria dos livros. Se o teu matrimónio tinha problemas subjacentes, é muito

provável que ao começares este percurso iniciático, te enfrentes com aqueles problemas do casal que subitamente renascem dentro de ti. Se na tua vida há um conjunto de decisões que não foram tomadas ou foram adiadas, o mais provável é que a tomada de decisões seja acelerada. Se tens medos ocultos, cada ritual vai trazê-los para mais perto de ti … aos teus sonhos, à tua consciência. Se tu, leitor, pedes aos Deuses força física, não ta darão, irás provavelmente procurá-la num ginásio. Se pedes aos Deuses coragem, não ta darão, colocar-te-ão no meio de uma “guerra”. Se queres ser Sacerdote, os Deuses não te darão o Sacerdócio, o que sucederá é que te verás imerso em situações nas quais vais ter de te expressar como Sacerdote. Isto traduz-se em muitas possibilidades e vais castigar-te a ti próprio. Vais questionar, não só a existência dos Deuses mas também tua própria existência. Quem sabe se não irás descobrir que és ateu, como o descobriram muitos outros iniciados antes de ti e que mesmo assim ainda hoje praticam a Arte. Muitos livros e páginas de internet escrevem que Wicca celebra 8 festivais, a chamada Roda do Ano, o que é correcto. Em Wicca celebrarás e festejarás os ciclos de transformação da natureza, celebrarás a plantação e nascimento das flores e frutos, o crescimento das árvores e da erva, dançarás para honrar a Luz nascente e dançarás também para dar as boas-vindas à morte, ao murchar das folhas e à escuridão da Terra. Descobrirás (se tiveres sorte) os Mistérios dos Deuses na Natureza que te rodeiam. Tudo isto, podes até já ter lido e, inclusivamente, pode ser que já tenhas tentado fazer as tuas primeiras celebrações no quarto da tua casa, no pátio, ou no meio do monte.

“Vais questionar, não só a existência dos Deuses mas também tua própria existência.” E dançarás, rirás e beberás vinho e compartilharás com as tuas irmãs e irmãos dentro do círculo mágico. Acaso tens ideia do que estarás a fazer? Não sejas ingénuo! Estarás a


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pedir aos gritos os mesmos processos dentro de ti: ao festejar o nascimento das flores estás a celebrar, chamando e acelerando, o nascimento de coisas novas dentro de ti e assim, o renascimento de tantos problemas e obstáculos que abandonaste no passado. Quando dançares pela morte e a escuridão, estarás a dançar e a catalisar as próprias mortes e fechos na tua alma e na tua vida; chegarás à conclusão de uma tomada de decisões em todas aquelas coisas sobre as quais nem sequer querias pensar. Se por um momento passar pela tua cabeça que esses rituais preciosos que estão nos livros somente celebram o externo, estarás a ser realmente ingénuo, pois cada um dos rituais da bela Roda do Ano, é uma chamada para a transformação interna, uma chamada e uma celebração tanto do teu interior como do teu exterior. Celebras e danças, uma e outra vez, Sabbat após Sabbat, ano após ano, não só pelas coisas belas que sucedem na natureza que te rodeia, mas também pelas horrendas; pelas transformações que ocorreram, e por aquelas que ocorrerão na tua própria vida.

“Cada um dos rituais da bela Roda do Ano, é uma chamada para a transformação interna.” Ficaste sem trabalho, estás diante de um divórcio, tens uma crise existencial, uma depressão, não queres enfrentar os problemas da tua família, da tua casa ou do teu emprego: pois então vamos celebrar e, naturalmente, vamos catalisar tudo. Estás seguro de que é isto o que queres? Terás dentro de ti o suficiente para ultrapassar estas provas que tu mesmo escolheste? Declaração Desmotivadora # 3. Tudo aquilo pelo que passares no caminho iniciático terá sido uma escolha própria. Somente tua, não podes culpar ninguém. Não será culpa dos Deuses que as coisas corram mal. Não será culpa dos Deuses que passes por um momento de crise ou até depressivo. Tudo isto é culpa tua, só tua. Não

do coven, nem dos Sumos Sacerdotes e, certamente, não será das divindades. Foste tu quem escolheu o caminho, foste tu quem decidiu e quem quis conectar-se de forma activa com o divino e começar o processo de transformação, estimulado e celebrado dentro da Wicca. Tu, que és de maior idade. Tu, que és adulto. Tu mudaste ao dar o passo e, se tu mudas, mudará a forma como verás as coisas ao teu redor. Não é a família que terá mudado, não é teu filho/filha. Foste tu e só tu. E com cada ritual que realizes, com cada exercício de invocação ou de banimento, com cada chamada da Deusa ou do Deus, vais dar um passo em direcção à criação de uma barreira ou à destruição de outra. É um passo em frente até ao conhecimento de outras realidades. Um passo dado por ti e só por ti. Declaração Desmotivadora # 4. Não creias que estarás a fazer feitiços ou a invocar “coisas” no dia seguinte a ser iniciado. Não esperes que, de repente, farás mover o mundo e que os seres se renderão perante ti. Não, nada disso. Um bom tempo ser a ler, a estudar, a fazer pequenos exercícios e rituais e a falar com os membros do coven, escutando aqueles que estão dentro do Conventículo há mais tempo. Mas não sejas ingénuo: estão a acontecer muitas coisas. A “mente do Coven”, a “energia do Coven” entrará dentro de ti cada vez que te encontres dentro do círculo e, esta energia, começará, por si mesma, a estimular as transformações. Nada dentro de um Coven é estático, tudo é dinâmico, tudo está em constante movimento. Pode acontecer que não “entendas” o que está a ocorrer, contudo, os restantes entenderão, e não só isto, eles estão a criar e projectar para todo o espaço no qual tu também estás. O Coven toca no teu mais imo lugar e chama ao teu interior com cada ritual realizado. Isto é complexo e assim o declararás desde o início. Pois tu, em Perfeito Amor e em Perfeita Confiança, farás parte de um grupo mágico e um grupo mágico é necessariamente um grupo no qual as transformações acontecem.


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Declaração Desmotivadora # 5. O Coven é uma família. Sim, claro. Porém, como em todas as famílias, há discussões, distanciamentos, inimizades, desgostos e até separações. No final, somos e continuaremos a ser aqueles seres humanos com problemas, tabus, preconceitos, impressões equivocadas, egos e necessidade de reconhecimento. O Perfeito Amor e a Perfeita Confiança não implicam perfeição mas antes pelo contrário, o reconhecimento de que meu irmão/irmã se pode equivocar e de que nesse processo eu também aprenderei. Aprenderei com os outros, como tem acontecido desde o início dos tempos.

“O Perfeito Amor e a Perfeita Confiança não implicam perfeição mas antes pelo contrário, o reconhecimento de que meu irmão/ irmã se pode equivocar e de que nesse processo eu também aprenderei.”

É neste grupo, o Coven, que descobrirás que muitas das “visões” que te pareceram alucinantes e tremendas não são mais do que fantasias da tua mente ou jogos ocultos do teu subconsciente. Também será neste grupo onde descobrirás a importância do universo subjectivo e onde a tua individualidade será exaltada ao mesmo tempo que será exaltada a mente do grupo. Esta dicotomia não é um processo simples e nem sempre alegre. Por outro lado, este mesmo grupo esperará de ti um certo comportamento, esperará que estejas presente nos Sabbats, Esbats, nos encontros de aprendizagem. Esperará que realizes determinados exercícios. Noutras palavras, estará a espera do teu compromisso, entrega e dedicação. Para as pessoas deste grupo, o que se faz é tão sério como qualquer outro evento das nossas vidas e não se está disposto a que outros considerem este tipo de trabalho como algo “extra”

ou um “hobby”, mas sim, que seja realizado com disciplina e dedicação do mesmo modo como eles fazem. Serão tolerantes e compreensivos? Provavelmente. Mas isto não é o mesmo que serem paternalistas e permissivos. Declaração Desmotivadora # 6. O processo de aprendizagem e fazer “magia” não é “bonito”. Fazer “magia” é, em última instância, criar transformações de acordo com a vontade. Agora, como imaginarás, há várias vontades e vários tipos de transformações. A magia é um veículo ou ferramenta para alcançar determinados propósitos. Da mesma forma que um científico tem que dominar as técnicas de análise de dados, as teorias e as leis, e deve ser mestre das diversas ferramentas e equipamentos com os quais vai trabalhar, o iniciado, terá de dominar as suas próprias ferramentas, terá de conhecer as leis do mundo no qual funcionará, e terá de passar pelo processo de “sujar as mãos”, cometendo erros e repetindo ensaios. Aqui, vale a pena recordar a famosa declaração hermética: “ora, lê, lê, relê, trabalha e encontrarás”. Tudo o que fazes tem uma consequência e na arte mágica é inevitável levar-se uns quantos golpes, seja por querer fazer a melhor das sanações, como a pior das maldições. Logo descobrirás, e geralmente não com um sorriso nos teus lábios, que intenções, embora boas, podem criar a pior das respostas. As boas intenções não são a essência do êxito mágico.

“Todo o caminho valeu e vale a pena, mas só para aqueles que realmente o percorrem com consciência dos seus actos .”

Amigo leitor, tendo em conta o anteriormente “dito”, que é realmente uma parte minúscula de tudo quanto se pode dizer, acreditas querer passar por todo este processo? Não deixes que o teu ego se envolva na tua respos-


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ta. Agora, faço outra pergunta que se poderá considerar mais positiva: Vale a pena? Sim! Da mesma forma que vale a pena ter um filho, apesar de todas as dores do parto, ou da mesma forma que vale a pena correr em busca do amor, ainda que tendo sofrido desilusões. Todo o caminho valeu e vale a pena, mas só para aqueles que realmente o percorrem com consciência dos seus actos - pelo menos até onde a consciência é possível num determinado momento. No entanto, e no ponto de vista de alguém que está dentro do processo, quando sou questionado por Aspirantes, suspiro e lembro -me da cena clássica de “Matrix” em que o herói, Neo, está diante da dura decisão de escolher entre a pílula Vermelha e a Azul. Se por um acto de loucura, decidires tomar a pílula Vermelha, é importante que saibas que jamais voltarás a ser aquele que eras, sem importar quão longo seja o teu futuro dentro da Wicca, sem importar o quanto percorras nos seus Mistérios. Voltando ao diálogo inicial, a partir daí se definem dois caminhos: um primeiro caminho onde, depois de falar durante umas horas, dias ou semanas, a Suma Sacerdotisa jamais volte a ver o Aspirante e, o outro caminho é aquele em que, eventualmente, se marca uma data para levar a cabo o que será o Início. É importante ressaltar que, realmente, o Início é um princípio futuro.

“Muitos são os iniciados que não continuam o Caminho da Arte Mágica. A Noite Escura da Alma desperta neles novos horizontes, em ocasiões bem diferentes daqueles que se seguem dentro da Wicca.” Muitos são os iniciados que não continuam o Caminho da Arte Mágica. A Noite Escura da Alma desperta neles novos horizontes, em ocasiões bem diferentes daqueles que se seguem dentro da Wicca. Como já comentei, nunca mais serás o mesmo. No entanto, existirão outros iniciados nos quais as Noites Escuras da Alma (sim, há mais do que uma) se verão iluminadas por uma chama misteriosa que nasce, morre e ressuscita. Uma chama que só encontrarão no ciclo seguinte da Tradição. Todas estas pessoas, em qualquer dos seus momentos, eleições, e caminhos, lutarão consigo e com outros. Não há um caminho melhor ou pior. Não há um que está mais ou menos evoluído. Simplesmente é o caminho que tu decidirás seguir. E, uma vez mais, não deixes que o teu ego seja quem toma a decisão.

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4 elementos Por M’Jay*

* Sobre a autora: M’Jay é pseudónimo de Maria José Barão, com residência em Évora. Os trabalhos da autora podem ser vistos em http://pelosolhosdemadness.blogspot.com/


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Download de artigos originais

Hierofante de Eleusis: la aparición de lo sagrado Autor: Kelly Martínez Língua do texto original: ESPAÑOL Anima Mystica Revista Digital Vol. 2 No 3 pp 6-9 Download do artigo aqui

¿Estás seguro que quieres ser iniciado en Wicca? Autor: Eduardo Puente Língua do texto original: ESPAÑOL Anima Mystica Revista Digital Vol. 2 No 3. pp 20-24 Download do artigo aqui

Encontro de Pagãos Este encontro é para todos os interessados na Espiritualidade Pagã, Wicca, Druidismo, Bruxaria, Magia Celta e todos os "caminhos" que celebram o Paganismo. Todos são bem vindos e convidados a participar com opiniões e experiências e para um copo com pessoas que partilham interesses semelhantes. Mais informações em: portopagans@gmail.com ou através da página de Porto Pagans no Facebook o Google +

Neste momento encontramo-nos na 3ª Sexta-Feira de cada mês, por volta das 21.30,


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Os autores que desejem contribuir para a próxima edição deverão enviar os manuscritos para o endereço de email: am.revistadigital@gmail.com

Os artigos deverão ter uma extensão máxima de cinco páginas (de texto), com letra: Arial 12, espaçamento entre linhas: 1.5, formato: A4, margens: 3 cm, e em formato de Documento de Word (.doc, não .docx).


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