Anima Mystica Revista Digital Vol 1 No 3

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Photos,Paint and Photoshop by: danIzvernariu 2012 Theosophy & Esoteric theme Title: O templo, Natura, ... Yule Š 2012 All Rights distribution to Fiveblueapples NZL,US,CND,AUSSI & Anima Mystica Revista Digital C.E. http://fiveblueapples.wordpress.com/


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Índice dos Artigos 8

O Corpo como altar dos Deuses Valquíria Valhalladur

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A importância do Paganismo na atualidade Uma reflexão José António Campos

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Dançando com o Destino Primera Parte da entrevista feita a Maxine Sanders pelo Karagan Griffith

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O Athanor da Palavra Abdul Cadre

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Abracadabra! Hazel Claridade

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A Tradição Ibérica na Velha Religião Isobel Andrade e Thorg da Lusitânia

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A Irmandade de Ísis em Portugal Primeiro Lyceum português consagrado ao culto da Deusa Eduardo Puente e Valentina Ramos * Descargar artículo original en Español


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Anima Mystica Revista Digital ISSN: 2182-7176

Editores:  Luís Miranda  Eduardo Puente  Valentina Ramos

Neste número colaboraram:

Editorial

 Mercedes Gonçalves  Maria Antónia  Dan Izvernariu

Aproxima-se o final do ano. Um ano que foi especial-

 Casa do Fauno

mente importante para nós já que deu início a este projeto

 PFI-Portugal

de levar à comunidade de língua portuguesa o conhecimen-

 Capítulo Rosacruz do

to e a experiência dos nossos colaboradores no mundo do

Porto  Fellowship of Isis-

misticismo e do esoterismo. Congratulamo-nos que apesar

Portugal

da especificidade, não só em relação aos temas tratados e

 Etérea TV

ao público a que vai dirigida a revista mas também na for-

 Caminho Mágico

ma mantida de contatar e solicitar a contribuição das pes-

 Casa Claridade  Marcivs Orfevs

Anima Mystica Revista Digital, é uma publicação trimestral dirigida à divulgação e discussão de assuntos relacionados com o misticismo e o mundo esotérico (dentro e fora de Portugal), sob uma perspectiva que se estende desde as nossas raízes ancestrais até aos eventos de expressão pagã dos nossos dias.

soas que identificamos como potenciais colaboradores; os números publicados da Anima Mystica Revista Digital foram lidos e distribuídos por centenas de pessoas. Desta forma, colocamo-nos sempre frente a novos desafios que fazem com os nossos esforços e compromissos se multipliquem. Com a possibilidade de descarregar os artigos enviados em língua portuguesa ou no sei idioma original, tivemos a oportunidade de chegar a um maior numero de pessoas, contando com leitores de Espanha, Estados Unidos e


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Contactos Anima Mystica Revista Digital Facebook: https://www.facebook.com/groups/ am.revistadigital/ E-mail: am.revistadigital@gmail.com Download gratuito dos números: http://issuu.com/am.revistadigital

Reino Unido. Também cresceu o número de associações que colaboraram com a Anima Mystica Revista Digital, desde Editoras, até entidades comprometidas com a divulgação do paganismo e com as diversas formas de adoração ao divino que existe dentro e fora de nós. Claro, que não nos damos ainda por satisfeitos, já que acreditamos que existe ainda muito trabalho por realizar e sabemos que vai aumentando a necessidade de colocar novas secções e novas formas de comunicação. Assim, que neste Solstício, o Sol ganhe força para que nos ilumine a todos nos nossos planos e projetos e que nos permita estar junto de vós no caminho que percorrem. Que possamos servir de referência para aqueles que procuram o seu caminho espiritual e que as palavras dos mistérios sejam reveladas a todos. Os editores Declaração de responsabilidade legal A Anima Mystica Revista Digital respeita a livre expressão, opinião e crença de cada autor. A Anima Mystica Revista Digital não poderá ser considerada responsável pelo conteúdo dos artigos publicados (seja texto ou imagem) sendo essa da inteira responsabilidade dos respectivos autores. Os autores cujos artigos sejam reproduzidos nesta revista mantêm todos os direitos sobre as suas publicações sendo também os responsáveis legais por todas as questões que estes levantem. O Corpo Editorial da Revista não será responsável perante qualquer questão legal derivada de infrações associadas aos artigos publicados. A Anima Mystica Revista Digital compromete-se a não divulgar os nomes dos seus colaboradores salvo autorização dos mesmos ou, quando ocorra uma violação à Lei e nesse caso só às autoridades competentes.


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O Corpo como altar dos Deuses Valquíria Valhalladur * (...)Se estou intacto, Ré está intacto, e viceversa.

a viagem reveladora do tesouro que se oculta na carne.

Os meus cabelos são de Nun. O meu rosto é o de Ré. Os meus olhos são os de Hathor. (...) O meu peito é o do Grande prestígio. O meu ventre e a minha coluna vertebral são os de Skhemet. (...) Não há em mim um membro que não tenha um Deus. Tot é a proteção de todos os meus membros. Eu sou Ré de cada dia” Capítulo 42 do Livro dos Mortos egípcio

O corpo é o nosso espaço sagrado, o recetáculo do espírito que nos ilumina a vida ao longo dos inúmeros ciclos de vivências terrenas. Esta massa densa de matéria esconde os acessos à nossa origem divina, e envianos mensagens codificadas sentidas através de impulsos intuitivos, como se fossem pequenos pedaços de um papiro, que unidos, tal como um puzzle, ensina-nos a conhecê-lo intimamente para, depois, ser ele a assumir

“O corpo humano é um fantástico instrumento de superação dos obstáculos” No mito da antropogenia da Tradição Nórdica, Vé, uma das três hipostases do Deus Odin (1), concedeu a forma humana ao primeiro casal Ask e Embla – dois troncos de árvore (freixo e ulmeiro, respetivamente) que continuavam amorfos, mesmo depois da doação do espírito por Odin e da vontade por outro dos seus "irmãos", Vili. Neste ritual de metamorfose e ontológica, Vé (significa lugar sagrado, santuário) sinalizou o corpo com uma dimensão sagrada, como personificação do recinto operativo e litúrgico de sacerdotes e magísteres, onde os Deuses se manifestam. O Homem é moldado no torno dos Deuses, seja ele Khnum ou Jeová, um gesto que descreve o corpo como o mais belo produto da inspiração do Grande Arquiteto. O corpo humano é um fantástico instrumento de superação dos obstáculos, que ele próprio vai armadilhando o caminho com os impulsos fisiológicos. É um labirinto que exige, portanto, a convivência consciente e construtiva da consciência espiritual com o corpo somático para que a resposta às necessidades corporais não excedam a justa medida, de modo a não entorpecer a sensibilidade. A dieta sem-

* Sobre a autora: Valquíria Valhalladur é pseudónimo de Maria Cristina Ferreira Aguiar, nascida do Porto, e com o qual assina o seu primeiro livro “As Moradas Secretas de Odin”, publicado pela Madras Editora, em 2007, e desta forma deu conhecer os seus estudos em Mitologia Nórdica. A partir deste intróito, desenvolveu os conhecimentos em Posturas Rúnicas (Stadhagaldr) em workshops, e acrescentou mais uma criação, desta feita, “As Máscaras da Grande Deusa”, com a chancela da Zéfiro Editora, em 2011, mas já assinado com o nome de jornalista Cristina Aguiar. A autora pode ser contactada através de seu email: aguiar_cristina@hotmail.com


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pre foi um plano importante no desenvolvimento das capacidades intuitivas e no envolvimento integral no trabalho mágico. Da mesma forma que os quatro veados se alimentam do musgo que se acumula no tronco de Yggdrasil, cumprindo um ciclo contínuo de renovação da Árvore da Vida, também o ser humano deve cuidar do seu espaço sacralizado, explorando cada um dos seus recantos, no sentido de chegar à sua essência mais subtil. A corporalidade humana serve de condensador de energias antagónicas - telúrica e uraniana -, cujo acesso flui a partir de pontos fulcrais localizados no corpo etérico. O chacra raiz ou muladhára reforça as parábolas sobre os mitos criacionais da Humanidade e ajudam-nos a perceber a sua conexão ao chacra coronário, como via epifânica da Serpente ígnea: a Kundalini. A separação entre ambos é meramente ilusória, e desaparece assim que as energias primordiais acordam e ascendem em espiral, ao longo da coluna vertebral, ativando o complexo sistema de sete vórtices energéticos até do topo da cabeça - ao chacra coronário (2). E daqui desce a energia ativa do éter que se une a energia passiva e serpentina. Desta forma ficam unidos os polos feminino e masculino, fundindo, assim, o espírito, o princípio de inteligência, o trono do Deus, à alma, o princípio de vida (3), o berço da Deusa. E assim se cria o esboço do Ser-Uno, a derradeira aspiração do indivíduo: a tomada de consciência da biunidade e a interação com a supraconsciência. E assim se repõe o estado primígeno do andrógino que pauta muitas cosmogonias. As energias entram num processo de fluxo e refluxo constante, favorecendo uma série de transmutações. O corpo serve de "alguidar" à descamação.

netra pelas suas folhas, percorrendo o tronco vitaminado pela seiva, num movimento convergente com o poder mineral sorvido pelas suas raízes do interior da terra (o útero da Mãe), unindo-se assim as duas extremidades, teoricamente contrárias, porém, complementares e indispensáveis à sobrevivência e, fundamentalmente, ao equilíbrio. Como escreveu Heráclito: "Deus é dia-noite, invernoverão, guerra-paz, saciedade-fome: isso quer dizer todos os opostos". Da mesma forma se percebe a função do eixo cósmico que forma o ponto de confluência dos mundos superior e inferior, na função de veículo da viagem visionária dos Xamãs. As árvores provam ao Homem que é impossível viver na ignorância dos principais pontos de abastecimento de energia vital e espiritual. Ou seja, não podemos pensar que no céu é que está a virtude e que por debaixo da terra existe somente camadas de grãos sedimentados pela erosão dos milénios, ou um mero espaço fúnebre e tumultuoso. Ou ainda que a sexualidade é apenas instinto básico e pecaminoso, e nunca um agente propulsor da transformação. As forças ctónicas providenciam a vida ao órgão que sustenta e equilibra a árvore; e também nos orienta na procura do foco da nossa existência e nos religa à origem. Revejo, por exemplo, esta relação no simbolismo da serpente-dragão Nidhogg. Na cosmovisão nórdica, este monstro subterrâneo, modelo das trevas, habita por debaixo de Yggdrasil, o eixo cósmico da Tradição Nórdica e fonte regenerativa da vida e do conhecimento, e vive em perpétua conflitualidade com a águia, símbolo celeste e solar, pousada no topo da grande árvore. Ambos garantem, neste conflito, o balanço tão antagónico quanto necessário para manter a ordem cósmica. Religar os sentidos à Mãe-Terra

É como se observássemos atentamente a morfologia de uma árvore: começa-se pela copa, deslizando pelo tronco até às mais profundas das suas raízes. A energia do céu pe-

Como fiel depositário do poder celeste da serpente Kundalini, o chacra muladhára torna -se num potente reservatório de energia renovadora que poderá regressar à origem ce-


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leste no momento em que aprendemos a ter uma relação harmoniosa com a sexualidade, pois nela descobrimos o elixir da Eterna Juventude, sendo ela o segredo do poder pessoal (carisma). Mais do que o saciar do impulso fisiológico, o sexo é o processo mágico de transformação e renascimento. Pela sexualidade "morremos" num sentido figurado e renascemos, num mecanismo iniciático, com a perceção da personalidade iluminada. Vivenciamos o eixo Touro-Escorpião: a morte dos sentidos físicos e o refinamento da consciência espiritual. Para tal é fundamental encarar de frente os bloqueios e resíduos emocionais e entender a qualidade relacional com o nosso corpo, que é equivalente à nossa atitude em relação à natureza. Na fusão com o mundo físico, as energias cósmicas, que entram pelo coronário, vitalizam o corpo e fortalecem as suas camadas suprassensíveis, como no processo ininterrupto de ligação do Homem à natureza, de onde brotam os fluídos terrestres absorvidos pelo muladhára. Impõe-se, portanto, uma relação franca e leal com a Mãe-Terra, que generosamente nos oferece a sua força vital e elementar e expressa o seu amor através dos produtos gerados no seu útero terreno e na regularidade dos ciclos sazonais. A energia telúrica por nós produzida no chacra raiz é, pois, o ponto de referência da nossa identidade com o mundo natural, que nos dá o sentido de equilíbrio nesta existência física e, por isso, merece navegar por um canal limpo em direção ao grande estuário cósmico.

“Não podemos pensar que no céu é que está a virtude e que por debaixo da terra existe somente camadas de grãos sedimentados pela erosão dos milénios” Ao caminharmos em comunhão com as árvores, montanhas e com a brisa do mar, sentiremos uma súbita identificação com uma família de seres ignorados pela consciência tecnológica e egoísta. Começamos a perceber, no contacto com o reino natural, afinidades até então embutidas pela visão desfoca-

da, sentindo uma incontrolável alegria quando pisamos os campos estufados de erva macia, saltitando ao som de doces melodias cantadas pelos elfos nas tardes quentes de verão. Os sentidos físicos aguçam-se à medida que percebemos o cheiro dos malmequeres, a frieza das pedras e o gosto das amoras silvestres, ao ponto de sermos tomados pela sensação de conforto como se estivéssemos enrolados no regaço materno.

“Para trabalhar em magia é importante aprender a integrar o elemento terra” Para trabalhar em magia é importante aprender a integrar o elemento terra, com o qual aperfeiçoamos os órgãos sensitivos, ampliando assim a perceção da realidade consciente, na qual se firma o Eu. A consciência independente é formada em função da dimensão das imagens e experiências captadas no meio que nos rodeia, por isso se entende o grau de influência do chacra raiz. A qualidade do seu funcionamento define o conceito de segurança e estabilidade, no fundo, as plataformas da construção da vida individual e da atividade criadora que nos conduz à consolidação da personalidade. A energia pulsante do muladhára proporciona a força indispensável para nos impormos nos grupos sociais, dá-nos a perseverança para fazer face aos desafios e dá constância na busca pelo êxito e, sobretudo, alimenta o instinto de conservação da espécie humana, através da sua função sexual reprodutora. De acordo com Ted Andrews, os elementais da terra, no caso os gnomos, trabalham com a estrutura física terrena, dedicando-se à sua manutenção, do mesmo modo que providenciam o equilíbrio do corpo humano. Estes pequenos seres ensinam-nos a compreender a forma como poderemos trabalhar com as forças ctónicas e apontam o caminho que nos liga a estas potências. A ação destrutiva do Homem sobre a natureza trai a dedicação destes pequenos seres sobrenaturais, tão zelosos no cuidado pela preservação do nosso veículo corporal, cuja evolução depende da relação arcana, que praticamente já não


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existe, com os humanos. O ser humano virou as costas a um dos seus grandes aliados na longa caminhada espiritual, bem como desvirtuou o significado do seu espaço sagrado. A atividade física, bastante recomendada pelo mago Franz Bardon, ficou confinada aos aspetos estéreis da estética, distanciando-se da preparação do corpo para o trabalho mágico. A disciplina das exigências orgânicas devia seguir os manuais ioguis para que o corpo possa, de facto, participar numa experiência transformadora. Tal como o corpo é delimitado pelo tempo, a paciência da Mãe-Terra tem limites irreversíveis, mas a benevolência dos Deuses devolve-nos a esperança de que ainda é possível recuperar o nosso corpo - a mesa sagrada da manifestação do divino de outrora. Notas da Autora: 1) Em todos os episódios da mitologia nórdica que implicam um ato de criação, Odin desdobra-se em três facetas menores de si próprio. O três é o número sagrado e o que contém o impulso criador: Um é o princípio atuante, o agente primomovente; o Dois é a ação/transformação; e o Três o resultado o efeito da ação, o que dá a forma. 2) No caso do homem, este mecanismo é acionado através do contacto com a vagina da mulher, de resto, a portadora de fonte de energia serpentina.

3) O espírito é a parte superior do corpo, iluminada, o intelecto, a faceta ativa e solar; a Alma a parte inferior, subterrânea, a energia sexual, a faceta recetiva lunar e complementar ao Sol. Bibliografia sugerida: ANDREWS, Ted, Como contactar os seus Guias Espirituais. Editorial Estampa. BIERNACKI, Loriliai, Renowned Goddess of Desire: Women, Sex, and Speech in Tantra. Oxford University Press Inc. BRANDON, Franz, Magia Prática: O Caminho do Adepto. Editora Ground. RANDOLPH, Pascal Beverly, Magia Sexualis. Nova Vega. STEINER, Rudolf , Nutrition: Food, Health, and Spiritual Development. Rudolf Steiner Press. SUMMERS, Catherine e VAYENE, Julian, Sementes de Magia. Editorial Estampa. VALLADUR, Valquíria, As Moradas Secretas de Odin. Madras Editora.

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A importância do Paganismo na atualidade Uma reflexão José António Campos* Quantas vezes não somos assaltados ou confrontados com a questão da importância do Paganismo na atualidade? Quantas vezes o Pagão não é chamado a dar resposta objetiva, concreta e fundamentada a uma questão que à partida nos pode enredar num conjunto de teorias ou de ideias pré-concebidas que em muitos casos acabam por não ter qualquer resultado concreto? De facto o Pagão hoje, porque inserido num sistema social que muitas vezes colide ou entra em contradição na atuação com princípios que fundamentam o Paganismo, tem que saber como apresentar a sua crença de uma forma inteligível e acessível, alicerçando as suas ideias e princípios em fundamentação sólida e objetiva. Por isso mesmo impõe-se começar por se encontrar uma explicação para o termo do qual provêm a expressão ―Paganismo‖. Paganismo vem do termo latino ―paganus‖ que etimologicamente significa ―habitante do campo‖, o que desde já nos remete para a contextualização histórica referente a um período ainda em pleno Império Romano – ainda que a realidade Pagã lhe seja muito anterior -, quando se começou a verificar as primeiras vagas de ruralização da sociedade, que fizeram afluir aos campos muitos dos que se tinham estabelecido nas cidades. No entanto é preciso não esquecer que num primeiro momento os cultos existentes tinham tido um movimento inverso - campos/cidades - donde podemos considerar esta ruralização como se se tratasse de um ―regresso às ori-

gens‖. Claro que o termo ―paganus‖, à medida que as sociedades se foram modernizando, irá ser utilizado como adjetivo aplicado aos habitantes do mundo rural de uma forma depreciativa com o significado de ―rude, bruto, rústico e pouco desenvolvido‖. Posto isto, importa agora verificar de que forma o termo ―paganus‖ se torna na semente do Paganismo. De uma forma simples, e num primeiro momento, verificamos que Paganismo tem a ver com um conjunto de crenças e de práticas originalmente rurais, que em comum têm o facto de estarem em completa consonância com a Natureza e com os seus ciclos. Reflexo de necessidades humanas no que diz respeito à sua sobrevivência e à procura de um conjunto de respostas válidas que dessem um sentido à vida do Homem.

“Paganismo tem a ver com um conjunto de crenças e de práticas originalmente rurais, que em comum têm o facto de estarem em completa consonância com a Natureza e com os seus ciclos”

* Sobre o autor: José António Campos é Licenciado em História pela FLL da UL e pós-graduação no Ramo Educacional; Professor 3º Ciclo e Secundário; Oficiante da PFI-Portugal; membro do grupo de estudos do “Mosaico Ibérico”; Formador do “Curso Básico de Paganismo” promovido pela PFI-Portugal. Master de Reiki Essencial, Estudioso do Paganismo, Magia, Ocultismo e Esoterismo nas suas diversas vertentes. Estudioso da Craft.


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É óbvio que à medida que as sociedades foram evoluindo e transformando também os cultos e práticas acompanham essa transformação, embora mantendo a matriz que lhe está subjacente. Uma sociedade rural com toda a certeza que não apresenta o mesmo conjunto de práticas que uma sociedade urbana tem, no entanto a matriz é a mesma e é ela que permite fundamentar a continuidade de práticas e crenças ao longo dos tempos. Mas que tem isto tudo a ver com a questão inicial que se prende à importância do Paganismo na atualidade, poder-se-á perguntar. Para responder ou procurar encontrar uma explicação, temos que começar por saber o que é o Paganismo, quais são as suas propostas, os seus princípios, etc.

“Paganismo assume-se de facto como uma Religião, ele tem uma estrutura, revela coesão e objetivos, possui práticas e regras” Paganismo antes de mais, e da forma como eu, pessoalmente, o entendo, é uma Religião. Uma Religião Natural, que tem princípios, ética, objetivos, práticas. Podem ser diferentes é um facto, mas é essa mesma diversidade que lhe confere Unidade, e que ao mesmo tempo o distingue e o faz ocupar um espaço que sempre lhe pertenceu e pertence, e que ao longo dos tempos lhe tem sido vedado. Mas ao falar-se de Religião, importa ter em conta a origem e significado que o termo tem. Assim, etimologicamente o termo aparece nos dicionários (caso do Dic. da Texto Editora) como sendo ―um conjunto de preceitos e práticas através das quais se comunica com entidades superiores‖, indo um pouco mais atrás, Cícero afirma que Religião é ―Religere‖ que significa ―ter em conta‖, Lactâncio por sua vez fala-nos em ―Religare‖, ―ligar através dos preceitos-práticas‖. Qualquer que seja o momento, a evolução do significado do termo remete-nos para o facto de existir uma continuidade que se encontra presente na existência de códigos que garantem o seu funciona-

mento, e os diferentes significados que surgem estão diretamente relacionados com a evolução que o Homem vai tendo do Mundo. Paganismo assume-se de facto como uma Religião, ele tem uma estrutura, revela coesão e objetivos, possui práticas e regras. Se realizarmos um paralelo com as outras Religiões, vemos que todas elas possuem os mesmos elementos definidores. No entanto as diferenças entre Paganismo e as outras Religiões (as Monoteístas) são óbvias e sem querer enveredar por esse caminho refira-se a questão do Politeísmo, da Dualidade da Criação, da não existência de um ―Livro da Revelação‖ entre outras mais. Ao falarmos de Paganismo como Religião impõe-se falar dos princípios que lhe estão subjacentes que se apresentam da seguinte forma: Crença em duas forças da Criação; Politeísmo e no Panteísmo. Politeísmo que se traduz na crença e culto a vários Deuses que assumem especificidades próprias correspondentes às necessidades que os indivíduos, num determinado momento, têm e que variam consoante o Caminho que o ―adepto‖ escolheu; Dualidade da Criação que nos remete para a existência de duas forças da Criação, uma Ativa que fertiliza e outra Passiva que contêm, em que a Criação é entendida como dinâmica, um ato evolutivo marcado pela existência de vários estados ou fases que se manifesta de várias formas mantendo no entanto a sua especificidade de ser uma só, onde não existe predeterminação nem o conceito de Deus Supremo tal como encontramos na existência de um ―Livro da Revelação‖ característica inerente aos monoteísmos; Sacralidade da Natureza, porque é na Natureza que o Divino se manifesta de diferentes formas, sendo esta entendida como uma das primeiras conceções de Religião, da qual surgem noções que se traduzem nos princípios de que o Homem não cria, é criado e que é através da transcendência que o Homem vê o seu mundo ampliado e o desperta para a necessidade de ―adorar-agradar‖. Mas falar de Paganismo é também falar de Ética, e a este respeito salientar o princípio do ―Bem da Comunidade‖ como elemento determinante em toda a prática Pagã. Com efei-


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to para o Paganismo e para o Pagão a Comunidade está acima de tudo.

preceitos que ligam o Homem à Divindade; crença na vida depois da morte.

Importa igualmente ter presente um dos ―Instrumentos Formais‖ que alicerça todo o edifício Pagão: as Mitologias. Também aqui encontramos significados diferentes que traduzem as épocas e as necessidades. Etimologicamente o termo ―Mitologia‖ é definida nos dicionários como: ―Narrativa fabulosa de origem popular‖, a palavra vem do termo ―Mytos‖ que até Xenofonte é apresentada como sendo palavra-expressão com significado de Narrativa; Com o advento do Cristianismo o termo ―Mythus‖ assume o significado de ―fábula / imaginação‖, significado que se prolonga até aos nossos dias. No entanto no século XX encontramos duas correntes, uma que marca os anos 40 em que o Mito é entendido não só como fábula retomando um pouco o significado que assumia no tempo de Homero em que Mito designava o estudo da palavra / da narração e outra corrente que resulta dos estudos de Jung que coloca em evidência que os Mitos não são só fábulas sendo encarados como uma realidade mais complexa na medida em que eles prestam informações sobre realidades Sociais, Históricas, Princípios Éticos e Práticas Ritualísticas. Para o Paganismo o Mito não é só uma fábula, ele é uma forma de entendimento onde o simbólico assume particular importância, e por isso mesmo o seu entendimento passa por ter em conta três momentos que determinaram a sua criação: 1. o que lhe deu Origem, 2. o Enredo da História, 3. a História em si. Desta forma podemos afirmar que é através do entendimento dos Mitos que o Homem Antigo encontra respostas para as perguntas: ―quem sou?‖, ―para onde vou?‖, ―o que faço aqui?‖

Não é objetivo desta reflexão o esmiuçar de cada um dos princípios, conceitos já aqui referidos e de outros que são igualmente cruciais como fatores estruturantes do Paganismo, mas somente partindo deste conjunto de ideias e alicerces procurar entender que o Paganismo na atualidade se revela como uma alternativa mais do que possível mas desejável. Sem cair na armadilha do Fanatismo mas pelo contrário assumindo a Tolerância como fator primordial inerente ao Paganismo, mostrar que o Paganismo e o Pagão tem uma palavra importante a dizer na sociedade atual, palavra essa que não se reduz a um mero termo, mas que se traduz na postura e atitude que cada Pagão no quotidiano revela.

Como Religião, o Paganismo apresenta-nos, entre outras, uma função transversal a todas as Religiões, que é o de dar um sentido à vida, recorrendo não à revelação divina característica dos Monoteísmos, mas sim à observação da Natureza, utilizando os sentidos, a inteligência e a inspiração/êxtase. Com efeito o Paganismo aplica a Inteligência à Observação e é através dos Sentidos que o Homem se apercebe do Mundo que o rodeia. Já para não falar de outras características comuns, entre as quais encontramos: crença na existência de um mundo espiritual; existência de

“Uma sociedade inteiramente voltada para o consumismo, para o egoísmo, para a acumulação de bens materiais, coloca ao Pagão desafios e obrigam-no por vezes perante a inevitabilidade de fazer compromissos”

Ser-se Pagão nos dias de hoje assume-se como algo indiscutivelmente difícil e muitas vezes mal entendido por muitos que rodeiam o Pagão. Com efeito, uma sociedade inteiramente voltada para o consumismo, para o egoísmo, para a acumulação de bens materiais entendidos como marcas de sucesso e de bem-estar, e para as soluções ―enlatadas‖ de consumo fácil e pronto a usar, coloca ao Pagão desafios e obrigam-no por vezes perante a inevitabilidade de fazer compromissos. É pela postura, pela atitude e pelas intenções que se encontram subjacentes a elas, que o Pagão se distingue. São essas as marcas que definem o Pagão e que orientam o seu


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quotidiano servindo-lhe de guias orientadoras no mundo atual. Actuando de acordo com os princípios que definem o Paganismo, o Pagão não só revela para o exterior a sua coerência entre princípios e prática, como a nível pessoal consolida as suas crenças criando um espaço fértil para o seu desenvolvimento e crescimento. Retirando do quotidiano lições e extraindo delas o Divino, o Pagão adquire um instrumental precioso que o ajudará a agir e a interagir sem colocar em causa ou mesmo desvirtuar os princípios de uma herança milenar que justificam a continuidade do Paganismo. Não de um ―neopaganismo‖ que se está a ―reconstruir‖ tendo como alicerces os pilares da sociedade atual, e que por isso pode comprometer em muitos aspetos a herança Pagã, mas sim de um Paganismo que mantêm coesos - ainda que em consonância com as novas exigências e novas conceções que o Homem vai construindo que nos remete para uma visão Dinâmica e não estática - os princípios que sempre o definiram e que são a razão da sua continuidade na atualidade.

“Se olharmos à nossa volta, detetamos um conjunto variado de acontecimentos que cada vez mais se refletem nos comportamentos humanos e que muitas vezes encontram a sua origem na ação humana” Mas falar de Paganismo é falar de uma realidade plural, uma realidade que não gira unicamente em torno de um único pivot, com efeito o Paganismo congrega no seu ―interior‖ um conjunto variado de perspetivas, de práticas e de Caminhos que apesar das suas diferenças intrínsecas partilham entre si um conjunto de princípios que lhes são comuns (Panteísmo, Politeísmo) e que as unem em torno da realidade que caracteriza e define o Paganismo. É desta forma que encontramos no Paganismo, Wicca, a Tradição do Norte, a Vertente Ibérica, o Xamanismo e

muitos outros Caminhos que apresentando as suas especificidades que os distinguem estão no entanto em consonância com as linhas guias que definem o Paganismo, e que por isso mesmo consolidam a sua unidade expressa no conceito ―Unidade na Diversidade‖. Se olharmos à nossa volta, detetamos um conjunto variado de acontecimentos que cada vez mais se refletem nos comportamentos humanos e que muitas vezes encontram a sua origem na ação humana. Desequilíbrios, manifestações egoístas, ânsia de poder, narcisismo, egocentrismo, são alguns exemplos que a meu ver traduzem o desequilíbrio manifesto entre o Homem e o meio em que ele se encontra inserido. A perda da ligação com o Divino que tem levado o Homem muitas vezes a entender-se como ―todo-poderoso‖ e a fazer do meio que o rodeia um mero instrumento submetido às suas vontades e desejos tendo em vista os seus objetivos pessoais, esquecendo que faz parte de um todo interligado é um aspeto de suma importância nos desequilíbrios e na desarmonia que o quotidiano nos revela e cujas grilhetas ameaçam os reais propósitos da Criação – a Continuidade – que como é óbvio tende a repor os equilíbrios, ainda que para isso o Homem possa vir a ser ―sacrificado‖ durante o processo de reposição do equilíbrio que a balança necessita. Procurando dar continuidade e repor as ligações perdidas, o Paganismo atua de forma a contribuir para essa real necessidade, colocando em evidência o papel do Homem no todo que é a Criação. O Paganismo oferece um conjunto de linhas-guias em consonância com os diferentes níveis ou estádios em que cada Homem se encontra, colocando ao seu dispor um conjunto instrumental de preceitos, conceitos, princípios e práticas que com toda a certeza ajudarão o Homem a restabelecer a ligação perdida ou adormecida, e dessa forma dar o seu contributo através de uma mudança de atitudes, valores e posturas para o restabelecimento do equilíbrio, o qual como é óbvio terá no próprio Homem enquanto ser individual benefícios ―interiores‖. Como Religião Natural, o Paganismo retira da Natureza e dos seus Ciclos, ensinamen-


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tos que o Homem deve colocar em prática. Tal como há milénios os nossos remotos antepassados faziam. É na Natureza que o Divino se manifesta de diversas formas, mantendo-se no entanto Uno, em que cada diferença cumpre uma função crucial no funcionamento harmonioso e equilibrado do todo. Sem impor caminhos e verdades absolutas, o Paganismo, com a diversidade de propostascaminhos que dele fazem parte, é a prova real da não existência de uma única verdade absoluta, e ao mesmo tempo reflete o princípio da ―Unidade na Diversidade‖. Relançando à luz do dia os princípios e conceitos que fizeram da Antiga Religião a pedra basilar em torno da qual durante milénios o Homem foi construindo e organizando as sociedades que nos precederam, o Paganismo apresenta-se hoje como uma verdadeira alternativa. Mas mais que uma alternativa viá-

vel, está o facto de ser uma alternativa desejável. Temos pois que o Paganismo é com toda a certeza uma alternativa, quer nos instrumentos, quer nas práticas, quer nos princípios e nas ideias que preconiza. Assumindo-se como plural o Paganismo revela-se Uno, Coeso quanto aos alicerces em que o edifício Pagão assenta. Num momento em que muitos dos princípios tidos como absolutos são cada vez mais questionáveis, num momento em que a desarmonia parece querer ganhar terreno o Paganismo assume toda a sua relevância colocando o Bem da Comunidade como pedra de toque, e procurando restabelecer a ligação que permitirá restabelecer o equilíbrio. Possam os Deuses Antigos continuar presentes entre nós, para que o Homem possa dizer: ―Caminhamos em direção ao futuro com um sorriso nos lábios e a certeza de uma continuidade harmoniosa‖.

Encontro de Pagãos Este encontro é para todos os interessados na Espiritualidade Pagã, Wicca, Druidismo, Bruxaria, Magia Celta e todos os "caminhos" que celebram o Paganismo. Todos são bem vindos e convidados a participar com opiniões e experiências e para um copo com pessoas que partilham interesses semelhantes. Mais informações em: portopagans@gmail.com ou através da página de Porto Pagans no Facebook

Neste momento encontramo-nos na 3ª Sexta-Feira de cada mês, por volta das 21.30, no Ryan's Irish Pub, na Ribeira do Porto.


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Dançando com o Destino Primera Parte da entrevista feita a Maxine Sanders pelo Karagan Griffith Transcrito e traduzido ao português por Maria Antónia

Pela primeira vez em muitos anos, Maxine Sanders fala com Karagan sobre a Bruxaria e sobre o seu ponto de vista acerca do trabalho mágico dos Bruxos.

Karagan: (...) Maxine foi iniciada no Círculo de Bruxaria em 1964. O alto-sacerdote desse conventículo era Alex Sanders, conhecido pelo mundo como o Rei das Bruxas. Maxine e Alex realizaram o "handfast" em 1965, e casaram-se legalmente em 1968. Os Sanders tornaram-se nomes familiares durante os anos 60 e 70 trazendo de uma forma dramática as práticas e realidades da bruxaria, até à consciência global. É amplamente reconhecido que a intensa publicidade à volta dos Sanders precipitou aqueles com uma inclinação para o paganismo, libertando-os do vínculo da então, rígida, ética cristã. Apesar do extremo interesse dos paparazzi, as muitas iniciações sinceras realizadas no conventículo de Alex e Maxine, durante e desde aquele período marcaram o início e moldaram uma nova linhagem de bruxaria que desde aí se espalhou pelo mundo. Maxine é uma sacerdotisa altamente respeitada dos mistérios sagrados, ela encorajou, possibilitou e inspirou estudantes do sacerdócio, a tomarem consciência mental do seu potencial espiritual. Ela acredita que o catalisador para essa inspiração vem do Caldeirão da Deusa em todos os seus aspetos. Durante 35 anos Maxine viveu em Notting Hill Gate em Londres, onde foi Suma Sacerdotisa em vários conventículos em treino. Hoje em dia, quando não está a viajar ou a dar conferências, Maxine pratica a Arte Mágica e celebra os rituais da Arte com o seu grupo o Conventículo dos Anciães. Ela retirou-se do trabalho de ensino, acreditando que este é

melhor realizado pelo sacerdócio mais jovem. A sua vocação como sacerdotisa inclui falar com audiências que desejem ouvir e a consolar aqueles que necessitam de compaixão, verdade e esperança. Karagan: (Risos...) Maxine: O meu chá está pronto, você está pronto? Karagan: Sim, estou pronto, estou pronto. Maxine: Olá Karagan está pronto para me entrevistar? Karagan: Sim, estou pronto você é... Sabe que você é vista por muitos, não apenas por bruxas mas também por outras pessoas como uma lenda viva. Tem consciência disso?

“Foi uma vida cheia de experiências, foram as minhas experiências mas é sempre como se estivesse a ver o filme de outra pessoa” Maxine: Já me tem dito mas penso sempre que estão a falar de outra pessoa..., simplesmente não me soa a que estejam a falar de mim. Até quando olho para trás, na minha vida e penso nas situações bizarras em que estive... Foi uma vida cheia de experiências, foram as minhas experiências mas é sempre como se estivesse a ver o filme de outra pessoa. Karagan: Passaram 48 anos desde que foi iniciada, 48 anos para si... Maxine: A mim parece-me que foram 65. Karagan: (risos) Eu sei... Maxine: Não me consigo lembrar do sentimento de não estar dedicada ou iniciada ou de algum modo de não estar a tocar o limiar da Magia, ou de fato de mergulhar nas profundezas da Magia. Simplesmente não me


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consigo lembrar, de haver um tempo em que não existisse para mim ou que não estivesse lá. Karagan: Quais são os seus pensamentos acerca do estado da Bruxaria hoje em dia? Maxine: Na verdade, até acho que a Bruxaria hoje em dia está a dar-se bem. Eu acho que... Não é a "minha Bruxaria", a Bruxaria na qual fui treinada…Mas as pessoas que estão a praticar a Bruxaria hoje em dia... É verdade para elas, elas são sinceras no seu trabalho. E eu não consigo negar isso, sinceramente não consigo negá-lo...Claro que não posso dizer que é a Bruxaria na qual eu fui treinada, ou que é a Bruxaria a que quero pertencer hoje em dia. O grupo com o qual trabalho é muito pequeno, muito dedicado, trabalha arduamente, ainda querem ter as experiências, as experiências mágicas, a elevação espiritual que resulta de se trabalhar em círculo. E, fazemos um esforço tremendo para conseguirmos ter essas experiências ainda que estejamos todos bastante velhos e enrugados. Ainda passamos pelo jejum, quando é necessário, e amplificamos a experiência, suponho que algumas pessoas poderiam chamar-nos de amantes de emoções fortes, e talvez seja isso. Mas a Magia, eu, realmente, não acredito que seja tão intenso dentro dos círculos de bruxa/os de hoje. Acho que de certa forma a Arte ficou diluída através...(suspira) da mesma publicidade que continua daquela que eu e o Alex tínhamos no começo nos anos 60. Toda a gente está entediada até às lágrimas com isso. Quero dizer, se vir a televisão no Halloween e alguém me disser: "Olha está a ser entrevistada uma bruxa!" Eu prefiro fazer uma chávena de chá.

“Eu, realmente, não acredito que (a Magia) seja tão intensa dentro dos círculos de bruxa/os de hoje. Acho que de certa forma a Arte ficou diluída através da publicidade” Enquanto que havia um tempo em que eu ficava completamente fascinada, e queria saber o que esta bruxa tinha a dizer. Mas, hoje

elas parecem ser "bruxas publicitárias" em nome de estarem nas audiências. Esse alimentar, esse deleite dos media, eu sinto que as coloca num lugar no qual eu não acho que estejam. Estou para aqui a divagar, agora...

“Eu considero-me ser uma ocultista e uma buscadora, eu gosto de estar oculta” Karagan: Não, não (risos) continue, continue. Maxine: (…) isso retira a sinceridade das bruxo/as que estão a trabalhar hoje em dia. E, eu sei de fonte segura que existem grupos que são tão intensos no seu trabalho mágico como qualquer grupo a que pertenci. Por isso eles existem. Mas eles parecem, parece existir grupos internos e externos. Os grupos internos que não querem ser conhecidos, que apenas querem praticar a sua Magia e Bruxaria. E depois há os grupos que se juntam aos media sociais: Facebook e... qualquer oportunidade para ser social e falar com outros bruxo/as enquanto que eu penso que a Arte da Bruxaria é fazer o nosso trabalho, continuar com o nosso trabalho de Bruxaria. E, eu considero-me ser uma ocultista e uma buscadora, eu gosto de estar oculta. E, esta é uma das razões pelas quais durante muito tempo me recusei a fazer entrevistas e me recusei a fazer televisão ou rádio, de fato desde que saiu o livro penso que estive nos USA algumas vezes o que foi fabuloso, e gostei mesmo, mesmo muito, gostei de conhecer as bruxo/as americanas. Karagan: Sim... Maxine: Mas... eu não tiro prazer disso. Parece ser uma questão de exigência que me leva a fazer essas coisas. Na verdade preferia ficar e trabalhar na Bruxaria, independentemente da opinião pública, o meu trabalho oculto, o meu trabalho secreto. Karagan: Você falou de publicidade e falou das bruxo/as serem ―bruxas publicitárias‖ hoje em dia, e acha que é aquilo que é a Bruxaria hoje em dia, a sua visão das bruxas como "bruxas publicitárias". Mas, as pessoas podem dizer o mesmo de si e do Alex nos anos 60 e 70. Mas, qual é diferença entre isso e o que estão a fazer hoje em dia? Entre as "bruxas publicitárias"? Entre o que você e o Alex fizeram e hoje?


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Maxine: Nos anos 60 e 70 era novidade, era a última novidade, era escandaloso e o Alex era um génio a atrair os media, e não sei se ele, realmente, o fez deliberadamente. Acho que era a sua natureza carismática que os atraia, e, claro, ele deixava-se levar naquela onda da publicidade... Mas era novidade, agora é um tédio, quando se vê na televisão a todo momento, e está a diluir os Mistérios, está a diluir a Magia. Naqueles dias as pessoas não sabiam. Havia um certo número de livros, mas havia tantas pessoas que estavam à procura de algo mais do que cristianismo, e elas queriam, elas sabiam que havia uma Magia e sabiam que estava neles, sabiam que não podiam conte-la, tinha de acontecer. Mas a Arte naqueles dias era... Ocasionalmente, uma bruxa aparecia na televisão e exibia o seu atame mágico, mas era muito raro. E, quando se perguntava acerca do seu trabalho, ela diria ―O nosso trabalho é segredo‖, e ninguém estava preparado para chegar lá e dizer: ―Bem isto é um pouco daquilo que fazemos.‖ Nós não dizíamos: ―Não vos podemos mostrar‖, nós simplesmente não mostrávamos aquilo que não queríamos que eles soubessem. Karagan: Pode falar acerca de como era viver em Londres nos anos 70? Especialmente viver a Magia, a vida mágica. Deve ter sido uma Era e tanto, naquela altura. Como foi? Maxine: Bem, vivíamos em Notting Hill Gate e à volta dessa área, à volta de Kensington Garden, de ambos os lados do Parque, os grandes anciães, pessoas da magia viviam lá há anos. Pessoas da Aurora Dourada, etc, etc, estavam todos lá. Por isso o Caminho já havia sido traçado e, foi verdadeiramente mágico. Por exemplo, lembro-me de um dia olhar para cima (vivíamos numa cave) e o passeio estava cheio de pés descalços que desciam pelos degraus, e havia todas estas raparigas lindas com vestidos compridos e flores nos cabelos a acenarem paus de incenso. E eu abri a porta e olhei e elas disseram: ―Viemos para ser iniciadas‖ E passaram por mim rapidamente, fiquei a olhar sem reação, naqueles dias ―alimentávamos‖ o mundo, sabe estes jovens hippies... E acho que muitos deles foram iniciados e ainda praticam hoje em dia. Foi mágico, foi toda uma Era, mas não era apenas Alex e eu, estava a aconte-

cer por todas partes, nos EUA, na Índia, em Notting Hill Gate... Nós eramos apenas parte de um todo, nós por acaso estávamos ali. Não foi trazido por nada que tivéssemos feito em particular, se não fosse eu e o Alex teria sido outra pessoa que tivesse essa capacidade mediática. Karagan: Umas das coisas que as pessoas me falam e me pedem para perguntar-lhe é para que descreva como era uma noite consigo e com o Alex? Se eu fosse a esse apartamento na cave e fosse convidado a entrar, o que seria de esperar? O que aconteceria? Maxine: O Alex estaria sentado na sua cadeira de costas, seria servido um chá... Nesses dias, bebíamos muito raramente. As únicas vezes que bebíamos eram de um cálice e dentro do círculo. E, a conversação estaria sempre a fluir, as pessoas começavam a chegar por exemplo, às 13h da tarde e ainda estavam lá às 2h da madrugada. A conversa não parava, debates e discussões acerca de diferentes livros, e diferentes pessoas, desde os muito ricos até aos muitos pobres, desde os famosos até aos mais discretos, todos vinham parar a Covent Garden. Eu entrava e saía das conversas, muito era intelectual e académico e também, bem, acerca do meu cabelo.

“A conversa não parava, debates e discussões acerca de diferentes livros, e diferentes pessoas, desde os muito ricos até aos muitos pobres, desde os famosos até aos mais discretos, todos vinham parar a Covent Garden. ” Karagan: (Risos) Maxine: E depois, claro, eu tinha a Maya, ela saltava de colo em colo, ela teve uma educação muito invulgar, bem, eles os dois (NT: os filhos Maya e Victor) tinham uma educação invulgar mas muito segura e fortalecida. Mas a atmosfera era intensa e os círculos eram intensos, assim como a dança, o canto e a música. Era tudo intenso, quase como se uma energia estivesse a ser empurrada para nós e nós não lhe conseguíssemos resistir.


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Karagan: Escreveu "Fire child" em 2008, que é a sua autobiografia e foi publicada pela Mandrake de Oxford. Escrever a sua autobiografia, foi uma boa experiência para si? E como foi? Maxine: Eu comecei o livro mais cedo do que isso, e chamei-Ihe "Dancing with destiny", trabalhei nele durante oito meses, e depois pensei ―Oh meu deus isto são disparates!, Um disparate absoluto, nunca vou escrever um livro, é preciso tanta disciplina e eu não vou escrever se não me surgir naturalmente.‖ E depois, mudei-me para Wells e Mog da Mandrake, entrou em contacto comigo e disse: ―Maxine porque é que não escreves um livro?‖ E, eu não estava entediada mas estava a viver uma vida mágica natural e precisava de ter mais disciplina e levou imensa disciplina e não adorei faze-lo, mas senti falta de escrever quando acabei. E suponho que gostei de algumas partes, quando fluía, quando não fluía ia buscar outro biscoito e ganhava mais algum peso.

“Esta Bruxaria Moderna, parece ser tudo a partir de conhecimentos, como “Eu gosto de ti, se quiseres podes ser um membro do meu conventículo”. E, as velhas regras parece que não se aplicam, as regras do Oculto.” Na realidade, não me consigo lembrar como foi ou daquilo que escrevi. Foi como se depois de escrever a última palavra e de ter enviado, eu disse.... E eu odeio a edição, não queria fazer nada disso, e esperava que eles o fizessem. E algures ao longo da linha não foi editado o que foi muito transtornante, mas foi editado agora. Mas não olhei novamente para ele, nem me quis lembrar dele, foi quase como se tivesse escrito o que vivi e agora era altura de ir em frente para a próxima aventura. Karagan: Esteve na América algumas vezes em palestras, qual é a sua impressão das bruxas americanas? Maxine: Acho que depende de quem são, assim como qualquer pessoa.

Karagan: (risos) Sim, mas em geral, em geral… Maxine: Sim, mas em geral, eu acho que... Eu digo-lhe que há alguns anos, não sei... Gostava sobretudo das inglesas, são um pouco nariz empinado e olham de cima para nós e toda a agente e isso afetava alguma das atividades das bruxas americanas e eu pensei ―Oh não, isto não é a Arte...‖ E depois conheci algumas dessas bruxas e eu, simplesmente, adorei-as era apenas que a maneira delas era diferente elas eram sinceras... Algumas delas possuem a magia, muitas delas não têm assim como muitas das inglesas não têm, mas aquilo que transparece muito na América é a sua intenção e sinceridade e aquela capacidade de trabalhar arduamente. Quando se dá uma tarefa a uma bruxa americana, meu deus, elas retribuem a 200%. Karagan: (risos) Agora, acha que as bruxas inglesas, geralmente, aceitam aqueles que praticam foram do Reino Unido? Maxine: Geralmente, não. Acho que muitas delas são bastante presunçosas. Karagan: Porque acha que isso acontece? Maxine: Não faço ideia. Talvez porque em determinada altura fomos um Império e elas ainda estão presas na Idade das Trevas... Karagan: Você iniciou e treinou centenas de bruxas com o Alex, mas quem foi o seu melhor estudante, em particular? Maxine: Eu tive três. Três… E não, não estou preparada para os nomear. Karagan: (risos) Claro que não, eu estava à espera, mas claro que isso não ia acontecer. Maxine: Eu tive três, diria cinco no máximo, que realmente compreendiam e conseguiam sintonizar a Magia tão rapidamente como um piscar de olhos. E eles trabalhavam muito. Eu acho que hoje por aquilo que muitos conventículos me dizem que as bruxas me dizem acerca do seu treino e trabalho parece "um passeio pelo parque" mas há conventículos que esperam mais. Eles iniciam as pessoas que estão prontas para serem iniciadas e não necessariamente pessoas que eles gostem. E esta Bruxaria Moderna, parece ser tudo a partir de conhecimentos, como ―Eu gosto de ti, se quiseres podes ser um membro do meu conventículo‖. E, as velhas regras parece que não se aplicam, sabe, as regras do Oculto. As bruxas…, nós nunca procuramos iniciados, eles é que procuravam a iniciação e dessa forma nós sabíamos que eles queriam isso, não tinham apenas uma inclinação para


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isso eles tinham uma vocação, estavam preparados para viajar milhares de quilómetros para poderem ter o seu treino. E, eu acho que hoje em dia, as pessoas têm isso demasiado facilitado. Por exemplo, elas querem o ensino através do Skype e querem que lhes sejam enviados Livros das Sombras para elas lerem como lazer, e não estão sequer preparadas para os copiar à luz das velas. E isso incomoda-me. Mas os grupos mais internos, estão a trabalhar arduamente e, não aceitam os estudantes sem que tenham uma vocação verdadeira. Não fui além da pergunta?

“Nós nunca procuramos iniciados, eles é que procuravam a iniciação e dessa forma nós sabíamos que eles queriam isso, não tinham apenas uma inclinação para isso eles tinham uma vocação, estavam preparados para viajar milhares de quilómetros para poderem ter o seu treino” Karagan: Não, não, é óptimo... Karagan: Porque pensa que ainda hoje, nós vemos isso pelas pessoas que procuraram pelo Alex, e pelo modo como as pessoas veem o Alex e falam acerca do Alex até hoje, porque acha que o Alex até hoje, é um fenómeno tão grande? Maxine: Ele era um fenómeno, era um homem muito invulgar, ele tinha as melhores qualidades que um ser humano pode ter e tinha as piores, ele era um homem bom, com um grande coração, bondoso, generoso, era um homem que diria "Então Maxine, se me vais chamar de sacana então tira o chapéu e chama-me Sr Sacana", porque eu merecia e ele também tinha um senso de humor fabuloso muitas vezes demasiado perverso para as pessoas suportarem. Mas se não aguentavam o humor também não aguentavam a Magia. E o porquê das pessoas ainda hoje falarem sobre ele, eu suponho que seja porque... Bem, se falam de um modo mau acerca dele

ou de qualquer pessoa é porque alguém lhes disse. Muito poucas pessoas conheceram o Alex e a não ser que tivessem ciúmes dele, e sabe deus porque teriam ciúmes dele, as pessoas falam bem dele. Uma pessoa ou o amava ou odiava-o, e muito poucas pessoas o odiavam. Mas à medida que os anos passaram, claro que as pessoas que tinham ciúmes do Alex, são professores por direito próprio e passaram isso aos seus estudantes. E, a propaganda, a campanha de ódio contra o Alex Sanders foi realmente notável e ainda é. Eu conheci pessoas que vieram ter comigo e me disseram "Sabe Maxine eu odiei-a por anos." E a palavra "odiar" é uma palavra mesmo muito forte. Eu lembro-me de me dizerem que algumas bruxas no Norte todas as sextas-feira à noite, no seu círculo, cortavam a cabeça de Maxine porque não gostavam mesmo nada de mim. Elas nem sequer me conheciam, mas a propaganda estava lá. Eu acho que as pessoas deviam... Isso ensinoume uma lição, antes de criticar eu quero saber a verdade e quero saber da boca das pessoas. Karagan: Absolutamente, sim. Se tivesse de escolher um atributo que todas as bruxas devessem possuir, qual seria? Maxine: Bem, eu não escolheria apenas um. Uma delas teria de ser compaixão, e a outra teria de ser humor, a outra a implacabilidade e honra. São aquelas que me vêm à cabeça, imediatamente. Quer dizer, eu poderia continuar por algum tempo, mas não são estas quatro.

“Muito poucas pessoas conheceram o Alex e a não ser que tivessem ciúmes dele, as pessoas falam bem dele. Uma pessoa ou o amava ou odiava-o, e muito poucas pessoas o odiavam” (Continua nos próximos números da Revista)

Direitos de Autor do original em video: Karagan Griffith/RedBird/Logios Publishing 2012 ©. Todos os Direitos Reservados. Direitos de autor da Tradução do Inglês para Português e Castelhano: Tradução para Português e Castelhano autorizada à Anima Mystica Revista Digital 2012 © . Todos os Direitos Reservados.


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O Athanor da Palavra Abdul Cadre, FRC*

«Caminante, son tus huellas el camino, y nada más; caminante, non hay camino, se hace camino al andar. Al andar se hace camino, y al volver la vista atrás se ve la senda que nunca se ha de volver a pisar. Caminante, no hay camino, sino estelas en la mar.» Antonio Machado (1875-1939) Proverbios y Cantares (XXIX)

Quando o grande poeta espanhol Antonio Machado dizia, no seu famoso poema XXIX de «Provérbios e Cantares» que não há caminho e que o caminho se faz andando, isto é, que todos os caminhos são-no de péposto, pode parecer, numa observação ligeira, estar a contrariar um seu contemporâneo, o nosso maior poeta, o rosacruciano Fernando Pessoa, que dedicou a sua vida de meio século a atapetar caminhos e nos deixou preciosos textos a identificá-los: caminhos de realização literária, filosófica, política, social e também e sobretudo caminhos iniciáticos. Quanto a nós, a contradição é apenas aparente, porque o facto é que, tal como ninguém nasce ou morre em nosso lugar, ninguém percorre as nossas vivências, ninguém faz o nosso caminho. A única contradição — que a não é, portanto — resulta da insuficiência e limitação das palavras de comunicar, que nem sempre (ou quase nunca) o são de entendimento. É que uma coisa é a qualidade e o tipo de caminho que se escolhe para traçar e outra bem diferente, quiçá indizível, é o caminho que em verdade se faz. Andando, naturalmente, porque pensar o caminho não é percorrê-lo.

*Sobre

Repetimos: todos os caminhos são de péposto, isto é, o caminho é o destino dos pés e, quando o destino é um engano, é porque foi a ilusão que o traçou. E isto é válido para quem fala, para quem age e para quem pensa. Os pés da fala são as palavras e estas são filhas do primeiro som. Os pés da ação, para além dos propriamente ditos, são todos os pontos de apoio. Dêem-me um ponto de apoio e deslocarei o mundo, diria o sábio grego. Os pés do pensamento são os conceitos, que são filhos menores das leis e luminárias para o caminho. No homem, a palavra é a matriz de toda a linguagem. Ele pode comunicar por gestos, por sinais de fumo, que a palavra está lá, inexorável, mesmo que seja apenas um murmúrio sem voz. Com ela se invocam os ventos e as desgraças e é também com ela que se desenham todas as utopias, se conjura e desconjura.

“O caminho é o destino dos pés e, quando o destino é um engano, é porque foi a ilusão que o traçou” Aquilo a que chamamos pensamento é bem possível que seja uma unidade que a linguagem cinde e reparte entre teses e antíteses para que a realidade nos seja a criação de conveniência de pequenas verdades pessoais, irreconciliáveis e veladoras. Eu não sei se neste vasto caminhar na construção humana alguma vez nos foi virtude um pensar tão puro que nenhuma palavra se ouvisse ou

o autor: O Frater Rosacruz Abdul Cadre é estudante rosacruz, repetente de muitos anos. Aprendiz da vida, em insuficientes anos.


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imaginasse. O que julgo saber — e só posso falar por mim — é que desconheço pensar-se sem palavras. É por isso que me atrevo a dizer que a Palavra assume duas formas fundamentais: uma forma interior — que é o silêncio; e uma forma exterior — que é a sonoridade Mesmo sem levarmos em linha de conta a natureza particular de certas vocalizações, quando exteriorizamos a palavra, agimos sobre nós, sobre o outro e sobre o mundo; quando a interiorizamos, é o próprio cósmico que age livre sobre nós. À medida que nos libertamos pelo silêncio, as palavras interiores vão-se transmutando do chumbo ao oiro e aproximam-se vagarosas da sua matriz, percetível no seu eco que é a música das esferas. Nesse processo nos transformamos e connosco o mundo se transforma.

“Tudo se fez balanceando as sete notas com o silêncio apropriado, ou com o desapropriado” Podemos assim dizer que cada palavra reverbera o som primeiro e essencial, que é a um só tempo a semente e a totalidade, e aplicarmos aqui aquele raciocínio de Mircea Eliade: que «se podemos apreciar o Todo contido na parte é porque a parte repete o Todo». Por mais bela, grandiosa e profunda que seja uma sinfonia ela foi servida, precisamente, com as mesmas notas da escala musical que qualquer outra música que nos infernize a paciência e nos dê cabo dos tímpanos. Tudo se fez balanceando as sete notas com o silêncio apropriado, ou com o desapropriado. Se à música roubamos o silêncio que a deve acolher, matamo-la pelo ruído, se nos excedemos neste, talvez atinjamos o próprio silêncio, mas pela surdez. Com as palavras da nossa fala também é assim: o excesso produz ruído no discurso, dispersão no entendimento, desatenção no auditório. Por isso, muito esclarecidamente dizia Drummond de Andrade que «escrever é cortar palavras». Era a depuração que ele a si

próprio exigia. Palavra e Utopia foi o título escolhido pelo cineasta Manuel de Oliveira para o seu excelente filme sobre aquele que foi, no dizer pessoano, imperador da língua portuguesa: António Vieira, o padre jesuíta amigo dos índios do Brasil. Os seus sermões foram (e são) a expressão do oiro que a palavra pode ser. Porém, a Inquisição do seu tempo, era mais dada ao chumbo do poder iníquo, ao chumbo da inveja e da delação. O oiro aqui é o dever ser do chumbo, mas o chumbo não entende. Foi assim que, em auto-de-fé, depois de se certificar que o grande orador não se enganava a recitar o Padre-nosso, decretou-lhe a mesa, como punição exemplar, o silêncio por toda a vida. Hoje sabemos bem que o silêncio decretado a Vieira não tinha nada a ver com esta Alquimia, não provinha do desejo dos inquisidores de o transformar num bom melómano. A desculpa era de latão e protestava castigar um certo orgulho intelectual contrário à humildade cristã, mas atrás dessas palavras de engano era o chumbo da inveja e da vingança que imperava. Pessoa considerava que qualquer caminho iniciático visa fundir a inteligência com a intuição e que o mais completo, o mais eficaz seria o ALQUÍMICO, a que ele chamava o caminho rosacruz por excelência, ou o caminho da sublimação pelo MERCÚRIO. Ora, muito se falando entre os estudantes rosacruzes que não senhor, que a nossa Alquimia não visa o nobre metal e muito menos a sua aplicação vil, sempre sobra discurso sobre a Alquimia Espiritual. E está certo, por mais que nem sempre se consiga explicar sem controvérsia ou afirmar univocamente. Voltamos à questão da insuficiência das palavras e às limitações do seu entendimento…

“Qualquer caminho iniciático visa fundir a inteligência com a intuição” E voltamos ao Mercúrio do Pessoa que, sendo um poeta maior, estaria talvez a pensar na


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palavra, seu material plástico por excelência; quanto mais não fosse pensaria na palavra perdida de rosacruzes e mações e teria em mente a referência inevitável ao Evangelho de João, que diz: «No Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus... ... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós».

“É vulgar dizer-se nos meios esotéricos que Logos, para além de se identificar com a palavra e com o pensamento e ser o equivalente de Verbo, é a vida e a luz espiritual que combateu a noite do desconhecimento; o som sagrado, o primeiro elemento no processo da manifestação”

Muito prosaicamente falando, Verbo é em latim o que Logos é em grego e Palavra é em português. Todavia, quando filosofamos, ou quando queremos sacralizar alguns conceitos, recorremos às duas línguas clássicas que enformaram esta nossa cultura ocidental, chamemos-lhe assim. É vulgar dizer-se nos meios esotéricos que LOGOS, para além de se identificar com a palavra e com o pensamento e ser o equivalente de VERBO, é a vida e a luz espiritual que combateu a noite do desconhecimento; o som sagrado, o primeiro elemento no processo da manifestação. Quetzalcoatl, servindo-se do vento, criou o mundo ao pronunciar a palavra TERRA. Um Salvador é sempre a encarnação do Verbo. No budismo, no hinduísmo, a palavra enquanto Dharma é o inefável, isto é, aquilo que não se pode pronunciar, pelo que a acarinhada sílaba AUM não será mais do que um murmúrio, uma tentativa de encontrar o que se perdeu, ou reconstituir o que se quebrou. O alquimista Bernardo el Trevisano usava a expressão VERBUM DEMISSUN, entendida como a palavra escondida que o adepto rece-

beu dos seus predecessores e que transmite sob o véu do símbolo. Essa palavra designa o segredo da matéria da Obra, cuja revelação constitui um dom de Deus, e sobre cuja natureza, nome vulgar ou emprego todos os filósofos conservam um impenetrável silêncio. Em toda a mitologia de andar pela História como quem desvenda grandes segredos, constantemente se tropeça na referência à palavra perdida, num apelo que promove a busca. Todavia, o segredo da palavra que se busca mergulhando no mais profundo silêncio nega a própria busca, porque não há achamento, apenas a navegação é verdadeira. É aqui que faz todo o sentido o dizer de Pessoa pela boca de Caeiro: «não há mistério e é nisso que reside o mistério». Mais do que por ter fundado, em Atenas, a primeira escola de filosofia e de retórica; mais do que por nos ter deixado o seu discurso «Encómio de Helena», o sofista grego Górgias foi celebrizado, sobretudo, pela forma satírica com que Platão o tratou no diálogo que tem precisamente o seu nome, em o «Banquete». Antes de Górgias já a perfeição do estilo do que se dizia a sobrepor-se ao conteúdo do que era dito se cultivava, mas Górgias aperfeiçoou a tal ponto a arte da retórica, fez de tal modo aceitar que a habilidade estilística é mais importante do que a exatidão das afirmações que o seu processo, as suas figuras de estilo passaram a ser conhecidas como «figuras gorgiânicas». É por ele que temos a obrigação de saber que neste plano em que nos movemos, neste mundo dos relacionamentos tudo se torna relativo e que o relativismo com que conceptualizamos o nosso estar — hoje talvez mais do que antes e do que nunca — tudo banaliza. É assim que para o «share» dos nossos media o Cristo e a Madona se equivalem e podem servir até para induzir ao consumo da mesmíssima marca de sabonetes. É o apodrecimento da palavra no apodrecimento geral das coisas, neste pós-modernismo que de modo algum prenuncia o fim da História, ou qualquer outro fim, mas sim — e inevitavelmente! — o Nigredo, que é um prenúncio de alvorada ou, dito de outra forma, são os dias velhos a oferecerem -se em holocausto aos novos dias, aos novos ciclos, tal como o estrume se oferece à ale-


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gria das flores, nos canteiros cuidados.

“É o silêncio, o grande obstáculo que podemos contrapor ao ruído, que guarda da palavra a essência clara” Com ou sem retórica gorgiana, aquilo a que vulgarmente chamamos pensamento, talvez mais não seja do que a unidade precária que a linguagem parte e reparte entre teses e antíteses para que a realidade dos dizeres e desdizeres nos seja acessível como criação própria e de conveniência, erigida sobre pequenas verdades pessoais, irreconciliáveis e veladoras. Isto é: o real de que falamos, na pragmática do correr dos dias, é o exercício da nossa subjetividade através da palavra, que pode ser de chumbo ou pode ser de prata, que o oiro quer a sabedoria popular que se reserve para o silêncio. É o silêncio, o grande obstáculo que podemos contrapor ao ruído, que guarda da palavra a essência clara. A palavra sem declaração, que nos vem da profunda voz do silêncio, é uma potência. Pelo silêncio se purificou Israel em quarenta anos de deserto; pelo silêncio de quarenta dias e quarenta noites, ainda no deserto, se preparou Jesus para o Cristo. Dir-me-eis que a palavra do dia-a-dia tem pouco a ver com tudo isto que desfio, o que será verdade, se não cultivarmos a atenção para as pequenas coisas, se não apurarmos o entendimento, porque por trás de todo o ocultamento, para o bem e para o mal, as palavras presidem aos nossos atos e estão sempre carregadas de poder nos vários níveis em que todo e qualquer o poder se exerça e se manifeste. A palavra tem sempre a capacidade de transformar, seja do oiro para o chumbo, seja do chumbo para o oiro e, nesta Alquimia do Verbo, nos transformamos também, sendo que a palavra imoderada tem mais poder sobre quem a profere do que sobre quem a escuta. As palavras, como tudo mais na vida, têm sempre duas faces e duas formas de servir. São como as portas: servem para entrar e servem para sair, para convergir e para divergir, para acarinhar e para ofender, para louvar e para injuriar. É com palavras que nos entendemos e é com palavras que

nos desentendemos, por mais que o entendimento seja o dever/ser da palavra e o mundo se queira o contrário do imundo. Pela Ignorância, pelo Fanatismo e pela Tirania a palavra tende para o chumbo; pela Sabedoria, pelo Entendimento e pela Caritas a palavra torna-se oiro. Quando a palavra é oiro, temos acesso direto ao PENSAMENTO UTÓPICO, isto é: ao Plano da Inteligência Pura, ao Plano da Consciência Poética e ao Plano do Espírito mágico. Com tantas palavras, quase deixava por dizer do Athanor, que afinal todos sabem o que é, no processo alquímico, por mais que estejam curiosos na particularidade da palavra. Todos os utensílios, máquinas, armas e utilidades que fabricamos, só por expressão forçada podemos designar por criação, porque tudo o que isso é, sem sombra de dúvida, são recriações do que os olhos veem e exteriorizações do que o homem se adivinha. Com a luneta, ampliámos o olhar, com a espada tornámos o braço mais comprido... e com o míssil ainda mais.

“Pela Ignorância, pelo Fanatismo e pela Tirania a palavra tende para o chumbo; pela Sabedoria, pelo Entendimento e pela Caritas a palavra torna-se oiro” É assim que o velho fogão a lenha, profano e útil, e o athanor, tão escondido no mistério, tão desconhecido de quase todos, são cópias inconscientes, práticas e funcionais do próprio athanor de carne em que nos instalámos um dia. Com a azáfama do dia-a-dia, quase nos não damos contas disto. Mas é ver-se o fogo do ventre, controlado pelo grande fole do peito e observar-se que não falta sequer o dispositivo de retirar as cinzas nem o desejo de realizar a obra. Esta, para uns é um bom cozinhado, porque a opção foi o fogão a lenha, e para outros é a pedra filosofal, se a opção foi o athanor.


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Tudo isto é Alquimia, não é? A Alquimia do fogão de lenha, que transforma morte de bicho em pitéu, em alimento e a outra, a sacralizada, a mitificada. Qualquer delas tem os seus sopradores, isto é, os falsos alquimistas. Esturram uns o cozinhado, que a ninguém aproveita; estoiram os outros o ovo, que não merecem nem entendem. É por isto que sobram poucos para as grandes navegações intencionais e para a liberdade suprema que é submeter-se à Obra, porque do que mais há todavia, é dos que se sentam à mesa, prontos a saborear o petisco; do que há mais, também, é dos que esperam sentados que os caminhos atapetados de rosas venham até eles, desprezando toda a

ideia de que o caminho seja uma invenção dos pés, tal como a palavra é uma invenção da língua, que nasce no athanor que somos como se fora a estrela dançante que brilha sobre o nigredo, alimentada pelo desejo de comunhão. Se o segredo da palavra está, como já vimos, contido em todas as mitologias e é expresso por todas as religiões, está implícito que o dom da fala é o grande apelo para o seu uso sagrado e transformador. O dom da fala está contido na semente primordial de todos os sons e é para a raça dos humanos o maior ónus e a maior virtude. Isto que para o profeta e para o poeta é uma evidência clara e líquida, sê-lo-á menos para o preocupado e para o pragmático.


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Abracadabra! Hazel Claridade* Abracadabra! O que significa esta palavra, popularizada no cinema, nos desenhos-animados e até mesmo em canções pop americanas? Existem referências à palavra "Abracadabra" que datam de II EC. Por ser tão antiga, não há uma tradução exata e absoluta, embora a teoria mais comum é que provém do hebraico, com o significado "Eu crio enquanto falo". Ou, na versão original: .‫כדברא אברא‬

feminino com o princípio sagrado masculino, a Manifestação. Cada letra corresponde a um significado: A, a Coroa. B, a Baqueta (varinha). D, a Taça. H, a Espada (o falo). R, a Rosa-Cruz (a vagina), e as restantes, Amoun, o Pai, Thoth, o Seu mensageiro, e Ísis, Hórus e Osíris, a tríade humana divina.

É uma palavra que tem sido ao longo dos séculos usada para fins mágicos; como talismã, para curar doenças, afastar a morte e diversos tipos de malefícios e aflições, etc.. As referências mais antigas apontam para que tenha sido criada por Quintus Serenus Sammonicus (1) para curar a febre, afastar a peste e banir demónios e má sorte. Escreviase num pedaço de papel na forma de pirâmide invertida, que se usava pendurado com linho junto ao pescoço durante nove dias e depois atirava-se por cima do ombro para uma corrente de água que fluísse para Leste. Era grafada nas portas das casas para manter a peste longe. Mais tarde, no séc. XIX, o ocultista e iniciado na Ordem Hermética Golden Dawn, Aleister Crowley , atribuiu-lhe novos conceitos mágicos e introduziu a versão ―Abrahadabra‖ (substituindo o ―c‖ por um ―h‖), que considerou como a sua verdadeira forma, definindo-a como ―A Palavra de Poder‖, a chave do Aeon (2), que representa ―A Grande Obra Completa‖. Do ponto de vista gemátrico (3), Abrahadabra soma 418, a fusão do Macrocosmos com o Microcosmos, a união do princípio sagrado

Actualmente, verifica-se uma banalização desta palavra, devido ao seu uso (e abuso) nos espetáculos de ilusionismo, passando a ser usada em referência a soluções simples e rápidas: "Abracadabra, e ficou tudo resolvido". Mas ―Abracadabra‖ encerra um universo de mistérios e significados secretos. No centro superior do nosso tórax (mesmo em cima do coração) encontra-se a glândula timo - do

* Sobre a autora: Hazel Claridade é autora do blog Casa Claridade (www.casaclaridade.com) há quase 5 anos. Taróloga, professora de Reiki, editora e apresentadora da webtv sobre Espiritualidade e bem-estar Etérea TV, tradutora, e uma eterna estudante de Magia. A autora pode ser contactada através de seu mail: hazel@eterea.tv


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grego "thymus", que significa "energia vital". Uma das várias funções deste órgão linfático no nosso organismo é manter a imunidade produzindo células de defesa contra vírus, bactérias, fungos, vermes, etc..

Até aos dias de hoje, a palavra ―Abracadabra‖ é pronunciada nos círculos mágicos para manifestar no mundo da matéria uma intenção, para fins curativos, sagrados e contemplativos. Abracadabra.

Quando estamos muito emocionados e colocamos a mão no peito, sobre o coração - é exactamente neste local que se encontra o timo, que corresponde ao planeta Vénus, regente dos assuntos do Amor. Notas da Autora: Esta glândula é relativamente grande quando somos crianças, e vai diminuindo ao longo da nossa vida, ficando muito pequena quando morremos.

“Abracadabra é pronunciada nos círculos mágicos para manifestar no mundo da matéria uma intenção, para fins curativos, sagrados e contemplativos” Durante os dois primeiros anos de vida, o timo cresce a uma maior velocidade, devido ao Éter da Vida que o leite humano contém (existem ramificações das artérias mamárias entrelaçadas com as que nutrem o timo), desta forma, as crianças alimentadas com leite humano têm um timo maior do que as alimentadas com leite animal, e possuem mais vitalidade. Quando estamos felizes, o timo expande-se, e quando estamos angustiados, enfurecidos ou doentes, pode reduzir até metade do seu tamanho. A sensação de ―aperto no peito‖, muitas vezes, é um sintoma do timo contraído. Segundo Samael Aun Weor (4), a vogal "A", quando pronunciada corretamente, tem o poder de fazer vibrar a glândula timo. ―Os sábios da antiguidade‖- segundo o ocultista entoavam o mantra "Abracadabra" para conservar a glândula timo ativa durante toda a vida. Pronunciavam-no 49 vezes, sempre prolongando o som "A". 49 é o quadrado (a matéria) de 7 (a espiritualidade).

1) Sábio Romano, tutor de Geta e Caracalla, autor de ―De Medicina Praecepta Saluberrima‖, um compêndio de receitas médicas escrito em poesia no séc. II EC. 2) Ciclo de cerca de 2000 anos na filosofia Telémica. 3) Gematria é a antecessora da Numerologia. Existe há mais de 3300 anos e consiste na análise de palavras e associação das letras a um valor numérico, relacionando, assim, diferentes palavras que tenham o mesmo número gemátrico. Cada letra funciona como uma ―antena‖ para captar uma forma de energia específica. O conjunto de letras é o código para conectar a uma determinada força energética. 4) Ocultista, fundador do Gnosticismo Samaelino. Fontes consultadas: Weor, Samael Aun, ―Compendio de los Mantras del Venerable Maestro Samael Aun Weor‖ Guiley, Rosemary, ―The Encyclopedia of Magic and Alchemy‖ Agrippa, Heinrich Cornelius, ―Three Books of Occult Philosophy‖ Crowley, Aleister, ―Confessions‖ Heindel, Max, ―Princípios Ocultos de Saúde e Cura‖ Henry George Liddell, Robert Scott, ―A Greek -English Lexicon”, on Perseus


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Por dentro do Neopaganismo

A Tradição Ibérica na Velha Religião Isobel Andrade e Thorg da Lusitânia* A adoração dos Deuses Peninsulares tem a ver com a Arte Antiga. O culto tomou outro sentido ao longo dos séculos, e, se o culto das divindades esfumou-se para a prática de curas, benzeduras e algumas praticas magico-religiosas na época medieval, hoje essa tradição, também a esfumar-se, é a chamada linha Ibérica Tradicionalista. Quem teve a oportunidade de conhecer gentes que guardaram tais segredos e só os transmitiram de família para familiar, entrará no mundo fascinante e poderoso da feitiçaria Ibérica, obvi-

amente muito anterior à Wicca de Gardner e novas linhas daí decorrentes. Sabe-se o quanto Gerald Gardner percorreu por várias vezes a Espanha na busca do culto dos Antigos, e nunca os encontrou realmente, pois são cerrados, não se fala para o exterior, e tudo era cauteloso. Em cada região, uma Divindade; a cada espírito Criador, o seu espaço! Os nossos ancestrais, adoravam os seus Deuses com cultos diferenciados entre tribos e regiões, respeitando a Natureza, donde aí colhiam o alimento, e caçavam com bravura.

* Sobre a autora: Isobel Andrade nasceu em Lisboa e desde cedo se movimentou no mundo do Oculto despertando o fascínio pela várias vertentes possíveis em Portugal dos anos setenta. Estudou e praticou desde jovem a Cartomancia, Astrologia e outras “artes mágikas” e cursou História devido ao profundo interesse pelo Politeísmo da Antiguidade. Frequentou Psicologia até 3ºano, pós-graduação em Marketing Social, contudo a opção de carreira profissional sempre foi pelo Ocultismo, trabalhando actualmente como Conselheira e Oracular. Com José Ferreira, juntos continuam a sua senda no Ocultismo e quando conhece Lois e Wilfred Bourne, fascina-se pela Wicca, donde recebe o 3º Iniciático e ascende a Magistra, formando Coven em 1992 e em simultâneo o Circulo Lunar da Lusitânia o primeiro circulo pagão português a trabalhar em Festivais abertos a não iniciados. Em 1996 é convidada por Tony Kemp para coordenar a PF em Portugal, Espanha e Brasil, e iniciaram o projecto para a PF Internacional sendo Portugal o primeiro país da PFI, em 1997, tendo também assento na P.F.International. Cofundadora e actual Presidente da Associação Cultural Pagã, continua a trabalhar para a dignificação e reconhecimento do Paganismo a nível nacional e internacional. Não esquecendo a sua ancestralidade e porque é detentora de segredos de coeva, após anos de trabalho Wiccan e sobre a Tradição pagã neoclássica, dedicou-se novamente às raízes; Paganismo Ibérico. Trabalha práticas que ajustem os cultos antigos aos dias de hoje, fruto de investigação académica a locais na península ibérica e de trabalho ritualista com seu grupo de estudo e formação. Os anos de prática e trabalho em campo não permitiram a profusão de publicações comerciais, estando restritas a edições privadas ou contributos temáticos. Frequentemente contactada por Universidades e meios comunicação para palestras e esclarecimentos vários sobre o Paganismo e Wicca.


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No passado, a Ibéria foi palco de influências de vários povos e séculos antes de Roma, já haviam chegado os Gregos e Fenícios criando um comércio de minério tão famoso como a Rota da Prata, e cuja cultura resplandecente causou assombro e respeito aos povos nativos do litoral, convivendo com cultos a Baal Merkart, em Gibraltar; seguindo-se os Cartagineses que ficaram famosos na recruta de homens para as guerras, esses, deixaram -nos o legado de A Tanith de Cartago, na Nazaré. Mas ainda que estes povos não nos influenciassem diretamente com seus cultos, contudo foram influentes para a prosperidade da época, e com o tempo, a sua cultura é em parte absorvida pela passagem de segredos aos sacerdotes/curandeiros primitivos, já existentes na Península, espaço rico e diverso, o esplendor do Megalitismo. Posteriormente aos Romanos, vieram Alanos, Suevos, Visigodos, Godos e Árabes, entre outros, que também contribuíram para o enriquecimento cultural e religioso, ainda que diferenciado em costumes demarcados pelas influências das aculturações acrescidas dos povos vindos pelo Norte e Sul da Península Ibérica.

“Os nossos ancestrais, adoravam os seus Deuses com cultos diferenciados entre tribos e regiões, respeitando a Natureza, donde aí colhiam o alimento, e caçavam com bravura” Roma teve forte impacto na sociedade mundial por si conquistada, alterando radicalmente o modus vi vendi das povoações, contudo, o espírito religioso dos romanos aceitava as divindades das regiões conquistadas, e muitos procuravam absorver os poderes das mesmas, adorando Deuses locais, conforme as conveniências, sem contudo neles existir o verdadeiro sentido mágico-religioso. muitas práticas de culto foram absorvidas pela nova

casta vigente, outras importadas, mas foi assim que se perpetuaram os nomes sagrados na pedra, e aos romanos se devem as epigrafias que nos permitem conhecer as Divindades autóctones, e aos seus escritores da época que nos deixam um vislumbre dos ritos passados, através do seu legado escrito. A quantidade de divindades ibéricas é rica e visivelmente reconhecida nos variadíssimos vestígios históricos que cada vez mais surgirão à luz dos homens. Só no terreno do atual território português, contamos com 169 nomes de divindades epigrafadas, até à data.

Muito do culto ancestral perpetuou-se na memória dos escravos iberos, a servir nas villas e cidades, e após a queda do Império seguem-se séculos de desvario e novas invasões; aos Árabes a quem devemos um legado forte na cultura ibérica, segue-se a nova ordem de sociedade na Idade Média, e as práticas antigas mesclaram-se na nova religião imposta à força pelas Cruzadas e pela Inquisição, surgindo posteriormente, marcadamente misturadas nas épocas festivas do Entrudo, Pascoela, Maias, Mães de Milho, as Romarias, ou Finados ou mesmo no Natal etc. nada mais que as datas que foram palco de festividades agro-sazonais ou de culto; no entanto alguns mistérios permaneceram no segredo dos Akerras, das Janas e dos Naimen, passando para as parteiras, barbeiros, bruxos e curandeiros. O culto pagão transforma-se, adaptando-se ou dissipando-se, e tal como os Judeus forçados a esconder a sua crença e mascararem-se em novos cristãos, o Paganismo também esmorece, ficando apenas a lembrança das práticas antigas e agora secretas, reser-


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vada a famílias ou a alguns, a maioria vivendo em lugares remotos aonde mantinham a ligação à sua ancestralidade, pelo comum já esquecida. Até aos finais do século 19 os únicos redutos detentores destes velhos segredos foram as Feiticeiras e algumas Coevas, clãs vivendo aparte e tendo os seus costumes, sem pretenderem expandir-se ou comunicar-se com outros, temerosos da perseguição; presentemente, temerosos que a tradição se dissolva em conceitos modernistas e por vezes descabidos.

Nasci naturalmente entre gentes diferentes, cresci na capital mas passava enormes temporadas na província, entre meses no Alentejo, outros nas Beiras e Montejunto, e na maioria destes meus familiares encontrei coisas peculiares, que aprendi a não comentar. Com a crescença e os estudos, quando comparava a diferença das províncias senti que certos hábitos e superstições tinham de ter tido um começo, questionava e não encontrava resposta; encontrei na faculdade a metodologia de estudo, pesquisa e análise, mas não bastava, e a minha usança de feitiçaria transformara-se em necessidade de culto, então, na demanda de um caminho, acabei percorrendo muitos outros, para décadas depois, voltar a encontrar lugar em coeva, cujo trabalho nada tem a ver com a mentalidade actual, e decerto que nenhum de vós encontrará alguém genuíno a convidá-lo para se agrupar a coevas pois são cada vez mais escassas, e mantêm um sistema de comunicação muito próprio entre si; conhecem quem é quem na tradição; quem sai e não volta, e mesmo que a

distância os separe não estamos separados. No paganismo ibérico NÃO existe o conceito de deuses infernais/maus, nem trindades de Deuses, e não segue o calendário Wicca, mas sim os calendários vivos que a própria tradição nos ditou através dos tempos. Encontramos 3 primordiais Celebrações anuais, afinal, correspondente aos 3 ciclos de Vida: O Nascimento/Consagração, O Apogeu/ Casamento, Morte/ Rito aos Idos. Eu e meu marido dedicámos anos de estudo e pesquisa em campo, buscando o culto antigos aos Deuses destas terras; compilámos muito, encontrámos uma tradição antiga, e vivemo-la conservando o pensar de outrora. Na altura e em simultâneo, evoluíamos e dedicámos anos à Wicca Gardneriana em UK, e ainda que adorando outras Divindades, convivemos politeia amente com respeito e consciência de que cada Divindade, tem um papel na vida dos homens e no seu meio. Assim, trabalhando de uma forma amena e interessante e criando laços no meio pagão europeu, fomos envolvidos num quadro pagão internacional, com oportunidades de conviver, aprender e compreender a diversidade na unidade, mas repentinamente pelos finais dos anos noventa, a surpresa da perca de valores e sigilo, e as novas correntes neopagãs, ensinaram-nos a lidar com a viragem que houve na Wicca! Os tempos e os pensares mudam, o mundo acelerou, mudou, mas eu e o Thorg continuamos a resistir às tendências facilitadas, abrindo o conhecimento a pessoas sãs e interessadas em Paganismo e permitindo que percorram várias sendas e adquiram uma experiência vasta, até que encontrem a sua tradição. Através do Mosaico Ibérico abrimos ao novo ciclo mundial o neopaganismo Ibérico, numa tradição necessariamente renovada, sem contudo fugir aos conceitos e preceitos do antigamente. No decurso do nosso percurso de estudo e trabalho, por razões acessibilidade e outras, entre as várias Divindades já estudadas, cultuamos a:


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AERNUS/O - O Senhor Ventos, Montanha: ARENTIA / ARENTIO – Deusa Celeiro e Família/ Deus casta Guerreira; ATECINA/ ATEGINA - A Mãe da Estremadura peninsular, Deusa ligada a agricultura e rebanhos, ao Destino - preside ao Parto e á Morte; BANDUA/ BANDONGA - O dos Caminhos, protetor viagens e comerciantes/ Deusa caminhos fluviais, protetora viagens e mercadorias; BRIGANTÉS - resultante da influência dos povos do norte da Europa em terras do Basto e Minho, nada têm nada a ver, com a Brigit irlandesa . ENDOVELICO - o Curador, sonhos mediante ritual de Incubatio, preside e recebe Peregrinos em Templo, recolhe as Almas na última Passagem; NABIA/ NABIGA - A Senhora dos Rios, deusa fluvial; TREBARUNA – Deusa mãe, Protetora, adverte trovoadas e inimigos; TONGOENABIAGUS – O Fertilizador, a chuva, inspiração;

Na Tradição Ibérica O culto é dirigido a uma só Deusa ou Deus; lembremo-nos de que as divindades eram tutelares à tribo e corresponderiam a um determinado espaço geográfico, pelo que cada Divindade tem os seus atributos, sendo importante o uso de objetos adequados e o culto em local apropriado. Contudo, encontramos, uma interessante exceção à regra; na idade do ferro tardia aquando da última mesclagem indoeuropeia na Península (250 AEC) na região da Lusitânia (Beiras) e propagado até Arandis (Torres Vedras), encontramos um único registo, ate a data, de um casal de deuses: ARENTIO E ARENTIA: o grão e o cavalo, fonte existencial das sociedades celtas … Abençoados sejam, Pagani, Array!

É pouco usual verem publicitados Workshops de Isobel Andrade e de Thorg da Lusitânia, porque ainda trabalham da boca para o ouvido, e a maioria dos cursos são direcionados a Adeptos de Tradição, ou pessoas apresentadas pelos alunos. Em agenda para 2013, os Cursos apresentados a pessoas interessadas em Paganismo são: Março 2013 – Runas - Tradição Germano-Nórdica. Workshops ministradas por HP Thorg. Julho/Agosto 2013 – Viagem pelo Panteão Egípcio, Apresentação básica ao Culto Solo e Grupo. por HPs Isobel Andrade Inicio em Setembro 2013 – Politeísmo Neoclássico do Mediterrâneo – Nível I Principiantes. Curso iniciático e plurianual destinado a Adoração Solo e em Grupo. Ministrado por HPs Isobel Andrade e O. Ana Madeira. Inscrições na Aquariana.


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Comunicações e Eventos: Proyecto “Hispania Pagana” Grupo pagão hispano-romano reconstrucionista, em espanhol e português, dirigido a aqueles interessados em estudar e lembrar a herança pagã

Aceso ao Grupo

Eventos da “Casa do Fauno”

13 Janeiro (Dom) - 15h-19h | Inscrições Limitadas Curso: HERBALISMO MEDICINAL DE INVERNO com ISA BAPTISTA O Ciclo do Solstício

+ informações aqui

ACTIVIDADES REGULARES Quintas-feiras, 19h-20h | Inscrições Limitadas Aulas: TAI CHI E CHI KUNG com NUNO HENRIQUES Sabia que a antiga arte chinesa do Chi Kung, através das posturas corporais, ajuda a reforçar o sistema imunitário e a afastar as constipações, tão comuns nesta altura do ano? Venha experimentar! A primeira aula é gratuita! + informações aqui

TRILHOS NOCTURNOS DE JIPE - SINTRA ASSOMBRADA Caminhos e Histórias do Outro Mundo com MARIA JOÃO MARTINHO Todos os Sábados (20h-22h / 22h30-00h30)

+ informações aqui

Informação facilitada por Casa do Fauno Para mais detalhes consulte o site: http://casadofauno.wordpress.com/ © 2012, Zéfiro - Edições e Actividades Culturais | Casa do Fauno | Ishtar - Artes Mágicas


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A Irmandade de Ísis em Portugal Primeiro Lyceum português consagrado ao culto da Deusa Eduardo Puente e Valentina Ramos* ―Então façam um altar em Minha honra em um templo: em um quarto ou na esquina de um quarto. Que esta demonstração de respeito simbolize que haveis aceitado a Minha graça. Cada vez que um devoto coloque a Minha imagem, a Minha estátua, duas velas, incenso e um copo com água; aí me encontrareis. E ali, que a Alegria, a Saúde e a Abundância sejam os presentes do meu Eterno Amor.” Dedicação ao Altar de Ísis Liturgias da Irmandade de Ísis

cerdotal encontram-se respeitados membros de diversas ordens e escolas esotéricas. Desta forma, a F.O.I. resulta como uma chapéu-de-sol gigantesco onde é abraçado todo um universo de individualidades dos mais diversos caminhos esotéricos, mas que tem em comum o desejo sincero de se aprofundarem nos múltiplos Mistérios da Deusa. Tendo esta riqueza de diversidades, assim como o fato de que toda a sua liturgia é de caráter público (incluindo os rituais de ordenação e de iniciação), não é de estranhar o grande crescimento que a Irmandade teve desde a sua criação.

Fundação do Lyceum É com uma grande honra e alegria que foi, recentemente, consagrado o primeiro Lyceum de Ísis da ―Irmandade de Ísisi‖ ou Fellowship of Isis‖ (F.O.I.) en Porto, Portugal no dia 28 de Outobro de 2012 pelo Ver. H. Sean McCabe. O Lyceum foi dedicado a Ísis e nomeado como Ísis Basileia Teón (ΙΣΙΣ ΒΑΣΙΛΕΙΑ ΘΕΩΝ) ou Ísis, ―Rainha dos Deuses‖. Os rituais foram realizados segundo a liturgia da F.O.I. e com a presença de outros sacerdotes e convidados. O que é a F.O.I. A F.O.I. foi fundada no Castelo de Clonegal, na Irlanda no Equinócio da Primavera de 1976, por Olivia roberson (1917-), Lawrence Durdin-Robertson (1920 – 1994) e Pamela Durdin-Robertson (1920 – 1987) e desde os seus inícios foi dedicado a honrar a Deusa nas suas mais variadas formas. Na atualidade, a F.O.I. é composta por muitas pessoas de todo o mundo e dentro do seu corpor sa-

Certidão que acredita a criação do Lyceum de Ísis, Rainha dos Deuses, associado a Irmandade à F.O.I

* Sobre os autores: Eduardo Puente e Valentina Ramos são Sumos-sacerdotes de Wicca Tradicional Alexandrina, Iniciados na Ordo Aurum Solis e Hierofantes da Irmandade de Ísis.


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Como funciona? A diferença de muitas outras organizações de caráter místico ou esotérico, a F.O.I. não exige uma cota aos seus membros e o centro da sua estrutura hierárquica baseia-se nos chamados Iseum ou Lyceums. Em ambas as estruturas os membros têm acesso a um processo de formação, que pode concluir na ordenação da pessoa como sacerdote ou sacerdotisa de uma Deusa e de um Deus específico, num ritual desenhado de acordo. No caso dos Lyceums, além da formação sacerdotal, também está presente uma formação de caráter mágico, que pode derivar na consagração do sacerdote como hierofante. É da responsabilidade dos Lyceums, a criação de um programa de formação para levar a cabo este objetivo, respeitando uma serie de rituais já criados. Os Lyceums também podem contar, para a formação dos seus membros, com toda uma estrutura simbólica criada pela F.O.I. Além destes grupos ou centros de estudo, existem outros ramos da F.O.I. como a Nobre Ordem de Tara, que têm uma abordagem cavalheiresca e o Clã Druida de Dana. A liberdade dos seus textos assim como a sua abordagem sobre a natureza da Deusa e do Deus, possibilita que muitas pessoas possam levar um trabalho e uma prática solitárias, sem necessidade de estar associados a nenhum Lyceum.

deixar a irmandade sem qualquer tipo de questionamento. A adesão como membro é gratuita. A Irmandade reverencia todas as manifestações de Vida. O Deus também é venerado. Os rituais excluem qualquer forma de sacrifício, simbólico ou real. A Natureza é reverenciada e preservada. (…) Sacerdotes e Sacerdotisas trabalham com a Deusa – ou a Deusa e o Deus - de sua própria fé‖. Quem pode ser membro? Qualquer pessoa que se identifique com o propósito da F.O.I. pode converter-se como membro da mesma. Para isso, basta aceder à página web e preencher o formulário indicado. Para ser membro de um lseum ou Lyceum, deve contatar com o mesmo e declarar a sua intenção. Qualquer pessoa, seja ou não membro da F.O.I. pode participar dos rituais, uma vez que todos são públicos. Porquê Ísis, Rainha dos Deuses? “Estas são as palavras de ìsis, a Grande Deusa, a Rainha dos Deuses, que conheceu Rá e o seu verdadeiro nome.” Pletye e Rossi, Papiro de Turín.

Os princípios básicos da F.O.I. encontram-se disponíveis no seu manifesto, alguns dos seus pontos principais expressam: ―A Irmandade organiza-se sobre bases democráticas. Todos os seus membros tem privilégios iguais, seja como membros solitários ou como parte de um lseum ou Lyceum. O presente manifesto também se aplica às sociedades afiliadas: O Colégio de Ísis, A Espiral del Adepti, A Espiral da Alquimia, a Nobre Ordem de Tara e o Clã Druida de Dana. A Irmandade respeita a liberdade de consciência de cada membro. Não existem votos obrigatórios, nem compromissos de secretismo. Todas as atividades da Irmandade são opcionais e os seus membros são livres de

O culto a Ísis tem-se estendido desde a era egípcia até aos nossos dias, sendo uma das Deusas que mais presença e mais adoração têm tido. Assimilada pelos gregos e pelos romanos como Ísis, foi conhecida como a Deusa dos Mil Nomes devido aos vários epítetos que têm recebido ao longo de milénios. ΙΣΙΣ ΒΑΣΙΛΕΙΑ ΘΕΩΝ recolhe o epíteto de ―Rainha dos Deuses‖ e consequentemente um aspeto que se enquadra nos arquétipos de Binah, de acordo com os conceitos usados pela Cabala Hermética. No entanto, é conhecida por muitos praticantes da Magia Cerimonial Grega que BASILEIA, é também, um nome de Poder associado à esfera de


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Malkuth e por isso também um aspeto bastante relacionado com Binah mas ao mesmo tempo mais próximo dos mistérios da fertilidade e da Deusa da Natureza.

O propósito deste Lyceum, por isso, é o de viver e exaltar os mistérios da Deusa, aqueles Mistérios que enaltecem o caminho místico, não apenas fazendo uso da bela e inspiradora liturgia da Irmandade de Ísis mas também mediante o trabalho de adoração e de devoção de todos aqueles aos que a Deusa abriu as Suas Asas.

Nota dos autores: Mais informação sobre a F.O.I. pode ser consultada em http://www.fellowshipofisis.com/ Sigilo do Lyceum de ísis, Rainha dos Deuses, Direitos de reprodução e uso reservados ao Lyceum, 2012 ©

Desta forma, este epíteto abarca de alguma forma Binah e Malkuth, recordando-nos também a dualidade de Shekinah. Com as mesmas letras que compõe o nome do Lyceum, criamos também um sigilo/selo, incorporando desta forma não só o poder do sagrado alfabeto grego mas também, dada a sua simplicidade, de poder ser um símbolo de trabalho para todos os seus membros.

Os textos consultados para a descrição do propósito e caraterização da Irmandade de Ísis formam parte das liturgias da F.O.I. A seleção do nome do Lyceum e a elaboração do sigilo formam parte do trabalho dos hierofantes do Lyceum de Ísis Basileia Téon. Para consultar os aspetos referenciados sobre magia Cerimonial Grega e sobre os significados de Shekinah recomendamos a leitura de Melita Denning & Osborne Phillips. Mysteria Magica y Sorita d’Este & David Rankine. The cosmic Shekinah.

Para mais informações da Fellowship of Isis—Portugal: aqui E-mail: fellowshipofisis.portugal@gmail.com


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Anima Mystica recomenda: “Casa Claridade” O Casa Claridade é um blogue dedicado à "magia" quotidiana. Às pequenas coisas que dão qualidade de vida ou que simplesmente fazem sorrir. De histórias para crianças, a feng shui, plantas e cozinha, a variedade de temas abordados é grande mas centra-se no universo da autora. (Texto extraído de http://www.ionline.pt/ Ler texto completo aqui)

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Projecto “Caminho Mágico” O Caminho Mágico é um site voltado para o Paganismo e Sociedade, com um leque variado de temas que vai desde Sociedade, Feminismo, Vertentes Pagãs, Tradições e Costumes, Festivais, Saúde, Herbalismo e muito, muito mais, disponibilizando aos seus leitores colunas temáticas, um calendário de eventos e de celebrações, das mais diversas vertentes, e uma loja online esotérica com diversos produtos artesanais. Contamos com a colaboração de vários autores para os mais diversos temas e tentamos atingir um pouco de todo o público, desde a Wicca até às vertentes de Reconstrucionismo.

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Primeiro Hino de Isidoro à Grande Deusa Ísis A seguir é apresentado um dos quatro hinos gregos a Isis, escrito por Isidoro num templo no distrito de Fayum, no Egito, que data do início do século I aC. Este hino foi inscrito no portão sul de um grande templo greco-egípcio perto de uma vila no extremo sul do Fayum, o nome moderno da vila é Medinet Madi. Está situado abaixo da inscrição dedicada a Ptolomeu Soter Theos na face sul do pilar oeste, de frente para o portal sul perto do Caminho Cerimonial. Traduzido ao português por Luís Miranda

Ísis, Rainha dos Céus. Imagem extraída de Isis, the Virgin of the World; The secret teachings of all ages (Manly P. Hall.)

“Ó dadora de riqueza, Rainha dos Deuses, Senhora Hermouthis, Toda-poderosa, Agathe Tyche, Ísis do grande nome, Maior Divindade, criadora de toda a vida, Dadora de muitos milagres, feitos pela tua vontade Sustento da humanidade e Eunomia para todos; Tu que ensinaste as leis para que a Justiça pudesse prevalecer; Ofereceste aptidões para que a vida do homem fosse confortável, E descobriste as sementes que produzem os vegetais comestíveis. Por causa de Ti, o Céu e toda a Terra existem; E as rajadas de Vento e o Sol a sua doce luz. Através do Teu poder os canais do Nilo enchem, todos eles, No final do Verão, e a água mais turbulenta drenada Em toda a Terra, para que nunca deixe de produzir. No entanto muitos mortais vivem na imensidão da terra, Trácios e Helenos, E por muitos que sejam os bárbaros, Todos eles pronunciam o Teu belo nome, muito honrado entre todos os povos, Nas suas próprias línguas, e na sua terra nativa.

Os Sírios chamam-Te Astarte, Artemis, Nanaia, As tribos Lícias chamam-Te Leto, a Senhora, Os Trácios também Te chamam a Mãe dos Deuses, E os Gregos, Hera do Grande Trono, Afrodite, Héstia a bondosa, Rhea e Demeter. Mas os Egípcios chamam-Te Thiouis, Uma vez que Tu apenas és todas as Deusas nomeadas pelas raças do Homem. Poderosa, nunca cessarei de cantar o Teu grande Poder, Salvadora da Morte, a de muitos nomes, ó mais poderosa Ísis, Salvando da guerra, cidades e todos os seus habitantes: Homens, suas esposas, posses, e filhos. A todos os que se encontram presos, nas garras da morte, A todos os que sofrem durante as longas e angustiantes noites em claro, A Todos os que são viajantes numa terra estranha, E a todos os que velejam o Grande Mar no Inverno Quando os homens são destruídos e os sues navios despedaçados a afundados. Todos (estes) são salvos se rogarem pela Tua ajuda. Ouve as minhas orações, Ó Tu cujo nome detém grande Poder; Sê misericordiosa e livra-me de todas as aflições.”


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Download de artigos originais

La Hermandad de Isis en Portugal Autores: Eduardo Puente y Valentina Ramos Língua do texto original: ESPAÑOL Anima Mystica Revista Digital Vol. 1 No 3. pp 36-38 Link para fazer download: http://goo.gl/tsX5U

Curso : Introdução à Cabala A Cabala é um sistema místico-filosófico que trata não só da divindade e sua relação com o homem e a criação, como é também um processo que proporciona mecanismos para organizar e estruturar o pensamento esotérico e a prática mágica. O pensamento cabalístico apresenta várias vertentes, no entanto, o curso centrar-se-á em introduzir vários aspectos teóricos e práticos relativos à tradição esotérica ocidental, sendo a introdução à Cabala Mágica ou Hermética o principal objectivo. O curso é no Capítulo da Ordem Rosacruz AMORC, no Porto Para mais informação pode escrever ao email: am.revistadigital@gmail.com


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Os autores que desejem contribuir para a próxima edição deverão enviar os manuscritos para o endereço de email: am.revistadigital@gmail.com

Os artigos deverão ter uma extensão máxima de cinco páginas (de texto), com letra: Arial 12, espaçamento entre linhas: 1.5, formato: A4, margens: 3 cm, e em formato de Documento de Word (.doc, não .docx). Os artigos em língua portuguesa devem ser escritos preferencialmente segundo as normas do novo acordo ortográfico.


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