O DESAFIO PARA ADEUS, TIO SAM? ESCASSEZ NO BRASIL ÁSIA E AMÉRICA LATINA EUA PERDEM INFLUÊNCIA FALTAM PROFISSIONAIS
BRASIL www.americaeconomia.com.br 27 DE OUTUBRO, 2008
NOS A C I R E -AM O N I T A OS L C O. N R I E A C N B A N I F OS O ORNAD T O D S O D I G E ULTADOS S E R S ESTÃO PROT U E S E E S A B A ÃO SU
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são protegidas seis espécies de felinos da Mata Atlântica, inclusive a onça-pintada. A Vale acredita que pode fazer mais. É um enorme desafio mas, sim, é possível.
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NESTA EDIÇÃO
Nº 367 / 27 DE OUTUBRO, 2008
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{
OS MAIORES E MELHORES BANCOS DA AMÉRICA LATINA
SEÇÕES 8 Cartas 10 Memo 12 Índice 14 Pistas 15 Editorial 16 Movimentos 67 Capital Aberto 71 Negócio Fechado 72 Raio X 73 Visões 74 Linha Direta
NEGÓCIOS 50 Brasil: há vagas Aquecimento da economia expõe as deficiências do País na formação de mão-de-obra especializada.
52 Muro derrubado O ciclo econômico norte-americano debilita os planos de Calderón para a infra-estrutura do México.
PMES GLOBAIS 54 Reação em cadeia Pequenas empresas fornecedoras do setor de petróleo querem crescer junto com as novas descobertas no Brasil.
59 Política
Além do contexto econômico global, o Peru ainda precisa tourear problemas internos e demandas sociais, diz Alfredo Ferrero.
60 Infra-estrutura
Para Norman Anderson, investir em competitividade e novos postos de trabalho é a alternativa para a região proteger-se da crise planetária.
61 Surpresa asiática A desaceleração da Ásia fará a América Latina sofrer, mas também abrirá novas janelas de oportunidade.
66 Sistemas estáveis
DEBATES
I-BIZ
56 Adeus, Tio Sam?
68 Entrevista
A hegemonia global dos Estados Unidos dá sinais de que poderá desaparecer.
58 Dólar que vale pouco Argentina e Brasil já não querem mais a moeda norte-americana em seu comércio comum.
4 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
José María Ayuso, diretor de produtos da Visa para a América Latina.
70 Clics & Chips O novo MacBook Pro da Apple une várias peças em um único pedaço de alumínio.
20
FOTO CAPA: OTHERIMEGES / EDITADA POR AMÉRICAECONOMIA
As reformas financeiras feitas por vários países da região os protegem contra a vulnerabilidade, diz John Edmunds.
americaeconomia.com.br/2.0 O site dos negócios globais da América Latina AMÉRICAECONOMIA NO BRASIL A Revista AméricaEconomia continua expandindo seu alcance na região e lança agora uma versão do site em português, completamente redesenhado e com novas funcionalidades para atender a uma audiência cada vez mais exigente. O grupo inaugurou um escritório editorial em São Paulo, centro dos negócios na região, para potencializar sua cobertura jornalística a cada minuto. O site www.americaeconomia.com.br conta agora com recursos multimídia e documentos para download, além de reportagens especiais semanais.
TEMPORADA DE CAÇA Aproveitar a sazonalidade e abrir lojas temporárias na serra ou litoral para atrair novos clientes pode ser um bom negócio. Mas cuidado: planejamento é fundamental. Confira em nosso site as dicas de quem já faturou com a experiência.
EMPREENDEDOR “Brasil não é um país rico porque só joga na certeza”, critica Ozires Silva, fundador da Embraer. Referência em empreendedorismo e inovação, o engenheiro falou sobre os empecilhos da burocracia brasileira e da cultura de que “o dinheiro é mais precioso que a idéia”. Em entrevista à AméricaEconomia.com.br , ele contou também sobre seu atual projeto: uma inovadora pesquisa para o uso do látex com fins terapêuticos.
INVESTIMENTOS Quando os mercados passam por tempos difíceis, as instituições de investimentos estáveis destacam-se. Lance Reinhardt, diretor para América Latina da gestora de fundos Superfund, escreveu para a AméricaEconomia.com.br sobre os benefícios da diversificação de investimentos em tempos de turbulência. E dá a dica: Managed Futures têm tido desempenho melhor que o mercado em tempos bons e ruins.
AINDA NÃO RECEBE? LEIA O QUE ACONTECE NOS PRINCIPAIS SETORES DA ECONOMIA E DOS NEGÓCIOS REGIONAIS EM SEU E-MAIL. ASSINE. 6 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
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Renaissance convida você para um descanso merecido para descobrir as maravilhas do lugar onde está hospedado, desfrutar de sua atmosfera, sentir a pulsação. Explorar museus, parques, centros comerciais. Encontrar artesanatos valiosos. Renaissance dá uma noite grátis para que você acrescente um dia a mais à sua viagem de dois dias. É a oportunidade ideal para converter sua viagem de negócio em um passeio maravilhoso. E avisamos: não só você estará livre para fazer o que quiser, como nossos hotéis e o pessoal atencioso o farão sentir que está de férias! stayrenaissance.com CARIBE AMÉRICA LATINA EUROPA ORIENTE MÉDIO ÁSIA Oferta válida em Hotéis e Resorts Renaissance participantes. Oferta vigente de 16 de outubro de 2008 a 1º de fevereiro de 2009. Você deverá mencionar e reservar o código RR2 para receber esta oferta. Uma noite grátis por quarto por estadia. Oferta válida de quinta-feira a domingo, com um mínimo de três noites consecutivas que incluem pernoitar a noite de uma sexta-feira ou sábado. O reembolso pela terceira noite será concedido na hora da emissão da fatura (check out). Oferta válida somente para quarto e imposto. Outros custos podem ser cobrados. Há um número limitado de quartos disponíveis e podem ser aplicadas datas bloqueadas e outras restrições. As estadias reservadas sob esta promoção não são combináveis com outros descontos ou ofertas promocionais. Podem variar de acordo com a disponibilidade, restrições e requisitos de estadias de cada resort. A oferta é válida para estadias somente nos Hotéis e Resorts Renaissance participantes. ©2008 Marriott International
CARTAS Unasul poderá identificar esse problema e chamará a atenção da comunidade hemisférica sobre os passos da Venezuela? Ou somente estará aí para apoiar governantes que não sabem resolver problemas de forma diferente ao das manifestações populares? David Gómez De la Hoz Bogotá, Colômbia
O xadrez de Putin
Site em português
O presidente da Venezuela faz acordos com Rússia e China para gastar bilhões de dólares em armas e projetos nucleares “pacíficos”, (“Meu amigo urso”, AméricaEconomia N°364, 8 de setembro, 2008). Com isso, impulsiona a região inteira a fazer parte da nova “guerra fria do século 21”. Agora a Venezuela é a ficha da Rússia na América Latina e o senhor Putin contará até com milícias bolivarianas para se expandir pela região. Agora virão Equador, Nicarágua, Bolívia, Honduras, Argentina e Paraguai para ser parte do xadrez de Putin na região. Será que estamos condenados a não agregar valor em matéria geopolítica? Não podemos gerar espaços de convivência dentro da pluralidade de ideologias? Será que a deslumbrante
Felicidades pelo lançamento de seu novo site em português. Não só permite que me informe melhor sobre a maior economia da América Latina, para onde vou a trabalho daqui a alguns meses, como me ajuda a aprender esse novo idioma graças à possibilidade de analisar textos de economia escritos em ambas as línguas. Não há outro lugar na web que me permita fazê-lo. Fernando Salvatierra Santiago, Chile
Lamento dominicano Escrevo-lhes para felicitálos pelo trabalho altamente profissional que desenvolvem através de sua revista e site. Ambos são altamente interessantes e edifican-
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tes. Parabéns pela agudez de sua análise, bem como por sua profundidade. Mas tenho uma pergunta. Por que a República Dominicana não está ou não sai em seus estudos? Segundo cifras do Banco Central de nosso país, a economia cresceu 7,5% durante o primeiro semestre de 2008, sustentada fundamentalmente no desempenho do consumo privado e no gasto público. Podemos ser um país pequeno comparado às cifras das grandes nações latino-americanas. Mas o dinamismo que temos é pouco comum em nossa região e acho que deveria ser observado.
vens, honestos, capazes, especialistas e com vontade de servir sinceramente ao país. O que esperamos como cidadãos é que se castigue com todo o peso da lei os que jamais mudaram sem tolerância, para assim dar as boas-vindas a uma autêntica integridade na administração públicoprivada. Walter Páez Lima, Peru
Antonio Pérez Cruz Santo Domingo, Rep. Dominicana
O gabinete de Alan A mudança de gabinete do governo peruano não deve afetar os investimentos. Não afetará a estabilidade jurídica para fazer negócios no Peru, que, vale lembrar, está em seu melhor momento para investir. O retorno estará garantido, na medida em que o governo continuar agindo rapidamente como fez para exterminar os maus elementos que tanto danificam o Peru e renovar com rostos jo-
Inteligência sobre a crise Felicito-os por sua história sobre a crise financeira da última edição (“A nova Wall Street”, AméricaEconomia N° 366, 13 de outubro, 2008). Uma análise profunda e inteligente que recebi a tempo em minhas mãos para tomar algumas decisões. Manuel Burgos San José, Costa Rica
atencionclientes@americaeconomia.com suscribase@americaeconomia.com cartas@americaeconomia.com
8 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
Governos, Autoridades Regulatórias e Comunidade Móvel GSM Latinoamericana Realizam um primeiro encontro no rio de janeiro com sucesso. Rio de Janeiro, Setembro 2008 – Operadores móveis GSM da região, reguladores e ministérios do setor se reuniram nos dias 19, 20 e 21 de agosto – no contexto do denominado GSMA Latin America Mobile Conference 2008, organizado por GSMA Latin America – com o objetivo de discutir profundamente os temas voltados para o desenvolvimento dos serviços móveis e seu possível impacto para a inclusão digital regional. Este congresso reuniu durante os seus 3 dias cerca de 300 executivos de 24 paises latino americano. Deste total participaram 25 companhias operadoras móveis e 12 autoridades regulatórias e governamentais. As autoridades regulatórias e governamentais que se fizeram presentes, representaram a Argentina, Brasil, Chile, Equador, México, Panamá, Peru, Uruguai, além do Secretário Executivo de CITEL, Sr. Clovis Baptista (Comissão Interamericana de Telecomunicações, pertencente à OEA). O primeiro dia de conferência – 19 de agosto – incluiu um seminário a respeito de HSPA, o que permitiu aos assistentes contar com um completo panorama sobre o desenvolvimento de serviços 3G, o rápido crescimento que estão experimentando as redes HSPA e o possível impacto que esta tecnologia possa ter na diminuição da brecha digital, dado o acesso em massa a Internet móvel na região. O 20 de agosto, levou-se a cabo o denominado “Dia dos Reguladores e Operadores”; sendo a primeira vez que autoridades reguladoras e governamentais se reuniam com CEO’s e representantes das companhias operadoras. Isto permitiu às partes expor abertamente detalhes de suas posições, preocupações e visões em relação a matérias específicas tais como: Necessidades de espectro e diminuição da brecha digital através de banda larga celular: O espectro é o tema mais importante a ser discutido para o desenvolvimento de serviços móveis avançados na região. A principal conclusão aqui foi o fato que o rápido crescimento das redes móveis avançadas está demandando um planejamento mais acelerado e atribuição a mais espectro que suporte este crescimento. Serviços de Roaming: As principais preocupações mencionadas pelos reguladores foram os altos preços e alguns temas de qualidade associados ao serviço. As explicações encontradas foram principalmente: altos impostos, dupla tributação através da região (o que em alguns casos explica um custo de 50% ou mais, pagos pelos consumidores), baixa renda per capita, geografia, telefonemas de longa distância internacional, diversidade de freqüências e sob volume total de tráfico comparado com outras regiões. Ainda que o roaming GSM conectasse a toda a região, o serviço se encontra numa etapa temporã, no entanto se está desenvolvendo de acordo ao crescimento do mercado no tempo. Portabilidade Numérica Celular: Os participantes deste painel concordaram que esta modalidade pode ajudar aos mercados, quando estes atingem a maturidade. Há uma série de considerações que devem ser levadas em conta para o benefício de toda a comunidade, como: - a necessidade que todas as partes participem no processo de planejamento. - dada sua complexidade e baseados na experiência mexicana (primeiro país em programar o sistema na região), estimasse que o
Leslie Green - Asesor URSEC Uruguay, Pablo Bello – Subsecretario de Telecomunicaciones (SUBTEL) Chile, Juan Carlos Jil – Director Ejecutivo de GSMA LA, Marcelo Erlich – Chairman de GSMA LA y CEO ANCEL Uruguay, Leandro Guerra – Asuntos Regulatorios TIM Brasil, Jorge Vial – Gerente Técnico Movistar Chile. processo total dure ao menos dois anos. -Finalmente, será necessário considerar o importante montante de investimentos em que os operadores devem incorrer para fazer possível este tipo de serviço. Operadores Móveis Virtuais (OMV): As principais conclusões deste painel foram: Os OMVs podem trazer benefícios aos mercados, principalmente nos casos onde se desenvolvam livremente acordos entre OMVs e os donos da infra-estrutura de rede. Mercados competitivos ou a intervenção regulatória pode desincentivar os investimentos e a concorrência, com uma conseqüente deterioração do mercado. Com o fechamento da conferência no dia 21 de Agosto, os operadores GSM e provedores da indústria participaram de diversas reuniões, onde os grupos de trabalho de GSMA Latin America puderam revisar e avançar nas iniciativas que trabalharam durante todo o ano. Estes trabalhos estavam voltados para os temas de interesse comum nas áreas técnica, de fraude e segurança, roaming, billing, terminais, regulatória e legal. Algumas das impressões resgatadas dos participantes do evento em Rio de Janeiro foram: “As atividades foram muito interessantes e úteis, levando em conta os temas analisados. A coordenação geral foi excelente.” - Leda Acevedo, Diretora Gestão de Serviço – ICE, Costa Rica. “A ótima organização fez com que se pudessem escutar diferentes opiniões de reguladores e operadores, sendo assim possível, comprovar que se podem conseguir pontos de entendimento entre os mesmos, sem perder de vista os objetivos de cada um“ - Daniel Santos, Chefe Área Atribuição de Freqüências – CNC, Argentina”. “Este evento de GSMA Latin America resultou muito interessante para conhecer e debater experiências regionais sobre temas de preocupação para a indústria. A organização permitiu a participação e relação com colegas de muito países”José Maria Márquez, Gerente Assuntos Regulatórios – CLARO, Argentina.
MEMO
MIGUEL CANDIA
NOVOS TEMPOS TEM SIDO DIAS intensos. Enquanto o Banco Central brasileiro anunciava leilões de swap cambial e estímulos à compra de carteiras de crédito para injetar liquidez nos bancos menores, no México o BC abria linhas de financiamento para instituições. No Chile, o BC já tinha injetado dólares no sistema bancário, enquanto na Colômbia Álvaro Uribe buscava eliminar todas as restrições levantadas por seu governo para garantir fundos e financiamento. Inclusive alguns líderes políticos começaram a discutir formas de salvar a região e atenuar os efeitos da crise, e SOLANGE: oportunidades na crise o Banco Interamericano de Desenvolvimento anunciou aportes milionários para evitar a interrupção das redes de pagamento em alguns países da região. Ufff! Ninguém mais se lembra da tese de aterrissagem suave e de desacoplamento que muitos defenderam. Agora o que se ouve é o conselho de evitar repetir os erros do passado e buscar medidas criativas para evitar que a crise de liquidez global contagie o sistema financeiro e os bancos. E são exatamente estes últimos os nossos protagonistas desta edição, que inclui uma ampla análise do sistema financeiro latino-americano a partir de seus maiores e melhores jogadores. Há boas notícias: contrariamente a seus colegas na Europa e nos Estados Unidos, os bancos da região apresentam bons indicadores de solvência e capitalização. A má é que a situação de risco persiste. Mas inclusive em tempos de crise é possível continuar crescendo. Se duvida, pergunte a Solange Monteiro, nossa editora-executiva para a edição brasileira de AméricaEconomia, que observa atentamente o que passa na região. Nascida em São Paulo, Solange também é editora da seção PMEs Globais, e verifica o pulso da economia latino-americana através do que acontece com as pequenas e médias empresas que se movem pelo continente. “Nessas empresas há preocupação, mas muitas também estão atentas às oportunidades que se abrem”, diz Solange. “Pois a crise traz várias consigo.”
DIRETOR Elías Selman C. VICE-PRESIDENTE-EXECUTIVA Gloria Landabur DIRETOR EDITORIAL Felipe Aldunate M. EDITOR ADJUNTO Rodrigo Lara DIRETOR DE ARTE Álvaro Araya Urquiza EDITORES-EXECUTIVOS Solange Monteiro, Juan Pablo Rioseco EDITOR BRASIL Dubes Sônego ESCRITÓRIO EDITORIAL BRASIL (55 11) 2589-3157 / 3160 EDITOR MÉXICO Marisol Rueda EDITOR MIAMI Antonio María Delgado EDITOR FINANÇAS Eduardo Thomson EDITOR DE FOTOGRAFIA Miguel Candia REPÓRTERES Francisca Vega (Chile), Arly Faundes (México) CORRESPONDENTES•ARGENTINA Juan Pablo Dalmasso •COLÔMBIA Lucía Valdés •MÉXICO Carolina Solís •PERU Cecilia Niezen•URUGUAI Guillermo Pellegrino •VENEZUELA Dorothy Kronick •AMÉRICA CENTRAL Vernic Gudiel •MIAMI Carlos Molina •WASHINGTON Antonieta Cádiz COLUNISTAS•Susan Kaufman Purcell •Abraham Lowenthal •John Edmunds •Javier Santiso DIAGRAMAÇÃO Riffka Schiro-kauer J., Sebastián Caro P.
•ILUSTRADORES Daniela Guglielmetti, Rodrigo Díaz Carrizo REVISORA Adriana Casarotti
AMÉRICAECONOMIA INTELLIGENCE (Estudos e Projetos Especiais) •DIRETOR Rodrigo Díaz COORDENADOR-GERAL Jaime Contreras • •ANALISTA SÊNIOR Pablo Hernández •ANALISTA Daniela González AMÉRICAECONOMIA.COM
•EDITOR Franco Piccato
•REPÓRTERES Marcelo García, Daniela Cid, Magdalena Álvarez, Pablo Jamett, Karin Hernández• GERENTE DE PRODUÇÃO Constanza del Río Moreno DIRETOR DE MARKETING Marcelo Silva DIRETOR DE CIRCULAÇÃO Marcial Delcorto • GERENTE DE INFORMÁTICA E LOGÍSTICA Óscar Sánchez • BRASIL•HV2 Comercialização de Mídia •DIRETOR-GERAL Hélcio Vieira •GERENTE DE PUBLICIDADE Oscar da Silva Alves GERENTES DE NEGÓCIOS Rosangela Bomtempo, Nícolas Cardoso Slamek • •GERENTE DE MARKETING Denise Terranova Rua Cel. Arthur de Paula Ferreira, 59 - cj 111São Paulo - SP - Brasil CEP 04511-060 Tel.: 5511-3846-5588 ESCRITÓRIOS COMERCIAIS • EUA Tel: 305/648-9071 •MÉXICO Tel: 5255/5254-2400 Fax: 5254-7510 • ARGENTINA Claudia Dasso Tel: 5411/4383-8410 - 4383-8416 •CHILE Tel: 562/290-9400 Fax: 341-5687 • AMÉRICA CENTRAL Julio Lemus Tel-Fax: 502/2261-0278 • PANAMÁ Yadyra de Paz y Miño Tel: 507/271-5327 - 507/66787564 • PERU Ana Pazos Pastor Tel-Fax: 511-4211852 - Cels: 511-97897272 / 511-97622230 REPRESENTANTES INTERNACIONAIS • ALEMANHA Gerd Bielenberg (GWP International Media Service) Tel: 49211/887-2328 Fax: 887-2919 • ESCANDINÁVIA Finn Greve Isdahl (International Media Sales A/S) Tel: 4755/92-5192 Fax: 92-5190 • ESPANHA Luis Andrade (Luis Andrade Publicidad Internacional) Tel: 3491/441-6266 Fax: 441-6549 • FRANÇA Patricia Goupy (PEM Groupe PEMA) Tel: 331/4143-7057 Fax: 4738-6329 • ITÁLIA Carlo E. Calcagno (Studio Calcagno s.r.l.) Tel: 3902/670-73383 • REINO UNIDO David Todd (David Todd Associates Ltd.) Tel: 4420/7538-5811 Fax: 7538-4911 • SUÍÇA Hans Otto (Infoplus AG) Tel: 411/269-7070 REDAÇÕES • SANTIAGO: Tel 562/290-9400 • CIDADE DO MÉXICO: Tel 5255/5254-2400 • BUENOS AIRES: Tel 5411/4383-8410 • MIAMI: Tel 305/648-9071 AméricaEconomia é uma publicação quinzenal da Nanbei Ltd. •Impressa na Plural Editora e Gráfica . México, franquia paga. Publicação periódica•Registro PP09-0011 PRESIDENTE Nils Strandberg CHAIRMAN Robert R. Paradise
Felipe Aldunate M. Diretor Editorial Certificado Licitud de Título Nº 4090 . Certificado Licitud de Contenido Nº 3346 . AméricaEconomía is a Nanbei Ltd. biweekly publication
10 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
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ÍNDICE DE EMPRESAS OS NÚMEROS REFEREM-SE À PRIMEIRA PÁGINA EM QUE AS EMPRESAS SÁO CITADAS. EXCLUI AS EMPRESAS QUE FIGURAM EM GRÁFICOS E RANKINGS
a
China Investment
i
Rubens Barbosa
Advent International .................17
Corporation .........................65
ICA............................................53
Aeropuertos Argentinos 2000 ...17
Cine Colombia ..........................18
ICP Capital ................................67
AIG ...........................................67
Cinemark ...................................18
Ajegroup....................................63
Cinépolis ...................................18
l
Santander...................................22
Alston ........................................51
Citi.............................................30
LatinAsia ...................................63
SAP ...........................................18
Anhembi Morumbi....................17
Citibank .....................................45
Lehman Brothers.......................64
Scotiabank ...........................22, 30
A-port ........................................17
ClimbTec ...................................54
Apple .........................................70
Consultora Conseil ....................58
m
Aracruz ......................................23
CPA-Ferrere ..............................72
Managed Future ..........................6
Simper .......................................55
Austin Rating ............................22
Dragonomics .............................62
Microsoft ...................................70
Standard & Poor´s .........21, 44, 53
Mitsubishi UFJ ..........................64
Superfund ....................................6
Azul Linhas Aéreas ...................17
e Associados.......................57 s Sadia..........................................23
Shougang Corporation .........................61
e
Moody´s ....................................23
b
El Fogoncito ..............................63
Morgan Stanley .........................64
t
Banamex....................................22
Embraer .......................................6
Morningstar ...............................44
TAM Empreendimentos e
Banchile Inversiones .................44
Equilibrium ...............................30
Banco do Brasil .........................33
Participações .......................17 n
Temasek ....................................65
Banco Itaú .................................20
g
Nomura .....................................64
Tendências.................................22
Banco Santander Santiago ........20
Gestión e Ingeniería
Noronha
Totvs ..........................................50
Bank of China ...........................65 Banorte ......................................22
Advogados ..........................65
IDC S.A...............................17
TS Soluções ..............................55
Global Business o-p
u
Global Crossing ........................18
Odebrecht ..................................17
Unibanco ...................................23
Bisquertt ....................................63
Grupo Mall ................................17
Pemex ........................................67
Unique .......................................17
Bradesco....................................23
Grupo Santo Domingo ..............18
Petrobras .......................33, 50, 54
BBVA Bancomer.......................22
Alliance ...............................63
Big Cola ....................................63
Bulltick......................................44 h
Petros.........................................33
v
Previ ..........................................33
Vale ...........................................44
c
Hedge Fund Research ...............67
Camargo Corrêa ........................17
Hierro Peru ................................61
r
Visa ...........................................68
Canal do Panamá.......................65
HSBC ........................................30
RCI ............................................17
Votorantim.................................23
Valorem .....................................18
AMÉRICAECONOMIA magazine (USPS #023106) is published biweekly on March, April, May, June, September, October and November, and monthly on January, February, July, August and December in Santiago, Chile by AméricaEconomía. AméricaEconomía is distributed in the United States by DL Distribution Group, 7301 Sw 100 Ct , Miami, FL. 33173-4651 PH: (305) 595-5505. Periodicals Postage paid at Miami, Florida. POSTMASTER: send address changes to DL DISTRIBUTION GROUP 7301 Miami, FL 33173-4651.
12 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
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SEGUINDO A PISTA NOVO FREIO PUBLICAMOS: Segundo Vladimir Paspuel, coordenador geral da Associação Hispano-Equatoriana Rumiñahui, “a Diretiva de Retorno Européia (que estabelece, entre outras duras medidas, campos de confinamento por até 18 meses entes da expulsão de um imigrante sem documento) é brutal porque incrimina os imigrantes, arrasa com todo vestígio de dignidade humana”, dado que fará com que o mercado negro seja “barato, flexível e totalmente moldado às necessidades do momento. (“A Europa não quer seus netos por perto”, AméricaEconomia Nº 363, 25 de agosto, 2008)
O NOVO: Na Espanha, a restrição aos estrangeiros não parou com a Lei de Imigração. O Ministério do Trabalho do país anunciou no começo de outubro a proibição de contratação de trabalhadores estrangeiros “que podem ser ocupadas por espanhóis e imigrantes que já estejam no país”. Tal medida visa combater o desemprego na Espanha, que já alcançou 11,3% da população ativa, o pior índice da década. A restrição só não vale no caso de contratação de atletas, técnicos esportivos e de 18 cargos da Marinha.
PUBLICAMOS: Detalhe: sem um único barril de óleo extraído, a OGX, de Eike Batista, já tinha recebido uma injeção de US$ 1 bilhão de grandes investidores, como o fundo de pensão Ontário, do Canadá, e o Gávea Investimentos, gestora de recursos de Armínio Fraga. (“Fator ‘X’ à prova”, AméricaEconomia Nº362, 11 de agosto, 2008)
O NOVO: Nem o toque de Midas de Eike foi suficiente para enfrentar a crise. A LLX, empresa de logística do brasileiro, anunciou ter suspendido a construção de um terminal portuário em Peruíbe. Segundo o presidente da LLX, a suspensão – e não abandono, como destacou à mídia local – foi decidida por prudência e “disciplina financeira”. A empresa concentrará suas atividades em dois outros projetos de porto, Açu e Sudeste, ambos no Rio de Janeiro, que já estão em uma fase de financiamento mais adiantada. E os problemas de Eike não páram por aí. O empresário anunciou a intenção de fechar a operação siderúrgica da MMX em Corumbá devido a demandas ambientais.
14 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
MAIS CONCENTRADO PUBLICAMOS: Depois da venda da Amanco ao grupo mexicano Mexichem por US$ 630 milhões, em 2007, e da compra de 37% da brasileira Tafisa em janeiro por US$ 70 milhões, a chilena Masisa quer começar outra etapa. E sua meta central é ser líder do mercado brasileiro de aglomerados. (“Madeira concentrada”, AméricaEconomia Nº 355, 10 de março de 2008) O NOVO: No começo de outubro, a Masisa deu início a um processo de licitação privada para a venda de ativos florestais que possui em Santa Catarina. Entre eles estão uma serralheria com capacidade anual de 220 mil metros cúbicos de madeira, e uma área florestal de 13,5 mil hectares. A empresa informou que os fundos obtidos serão usados em um novo plano de investimentos e no pagamento de passivos financeiros. Segundo a Masisa, esse é um passo a mais para se concentrar no segmento de aglomerados.
PAMELA CID
A FONTE SECOU?
MAU SINAL PUBLICAMOS: O Equador já soma dez demandas de petrolíferas e empresas de energia, a maior parte suscitada por um decreto que ordena que o Estado ficará com 50% do lucro extraordinário que as petrolíferas recebem pelo alto preço do petróleo. Repsol, Petrobras e a chinesa Andes já avisaram o governo que poderão recorrer se não houver diálogo. (“Preço alto”, AméricaEconomia Nº 359, 26 de maio, 2008)
O NOVO: O presidente Lula afirmou que a Petrobras poderá deixar o Equador se não houver uma negociação sobre as condições de exploração. Dias antes, o equatoriano Rafael Correa tinha ameaçado expulsar a estatal brasileira. No início de outubro, a crise no setor já tinha resultado na renúncia do ministro de Minas e Petroleo do país, Galo Chiriboga. No mesmo período, Correa decidiu expulsar a Odebrecht.
EDITORIAL MUDE DE CANAL Por
favor, não pense em pular no precipício; não é a solução. Se é o CFO de uma das empresas brasileiras que apostaram a favor do real e se endividaram em milhões de dólares, tranqüilize-se. Se é executivo da Cemex ou de uma das empresas mexicanas que estavam investindo no mercado imobiliário dos EUA ou da Espanha, vá com calma. Se é um dos chilenos ou colombianos que rapidamente ficaram sem acesso a crédito, relax... Ou um maquilador centro-americano que vendeu sua casa apostando no tratado de livre comércio, se estava à espera de uma remessa que não chega. Mineiros, petroleiros, banqueiros, corretores de bolsa e imobiliários, contem até dez, contem até cem, e respirem fundo. Já sabemos: a crise virá. E forte. Mais forte do que muitos esperavam. Nem os supervalorizados US$ 700 bilhões de Bush, nem o plano de resgate negociado pelos bancos europeus são a solução para anos de desequilíbrios globais. A cadeia de acontecimentos que se seguiram à quebra do Lehman Brothers possivelmente nos golpeará com novas surpresas que farão com que a cada sexta-feira tenhamos menos dinheiro do que tínhamos na segunda-feira anterior. Dê-lo por fato consumado. Assuma-o. Mas mude de canal. Sintonize novas ondas. Busque o lado amável do assunto. Certamente ele existe. Primeiramente, porque essa tese de que a América Latina está mais bem-preparada não é um clichê: é um fato e pode fazer a diferença. Muitos países da região têm reservas disponíveis para enfrentar uma crise de liquidez. Inclusive para propiciar políticas anticíclicas que, se bem-administradas, poderiam indicar que a crise global significará para nós somente menor crescimento, e não recessões nem colapsos financeiros. Trata-se de um cenário muito melhor do que outros países podem ter. A crise oferece uma oportunidade relevante para a América Latina de recuperar a participação que perdeu no PIB e no comércio global. Se acompanharmos as más notícias dos próximos semestres com fortes investimentos em infra-estrutura, por exemplo, priorizando projetos que gerem emprego e apontem diretamente à competitividade, poderemos sair fortalecidos desse período. Se contraatacamos o desemprego com planos de educação e recapacitação para aqueles que buscam emprego, poderemos sair da crise com uma massa laboral mais qualificada. Se agarrarmos a oportunidade criada pela provável situação de baixos preços das commodities e dos bens de capital para desenvolver novas indústrias de exportação em mercados mais diversificados (por exemplo, o ainda pouco explorado comércio intra-regional), sairemos da crise com maior peso nos fluxos de bens e serviços do mundo. Mas é preciso fazê-lo. Por isso, verifique seu balanço, reconheça as perdas o mais rápido possível, vá para casa, abrace sua família e comecemos a trabalhar já.
OBAMA MAIS QUE MCCAIN Aproximam-se as eleições que podem ser decisivas para definir como os EUA sairão da recessão. Tanto John McCain como Barack Obama oferecem liderança e mudança. A pergunta é quais tipos de mudança e liderança são os ideais. Com duas guerras em curso e uma reforma financeira urgente, os EUA necessitam reencantar-se com o sonho americano sobre as bases de seu sucesso original: respeito pelo trabalho duro, igualdade de oportunidades, inovação e... pagamento de impostos. Os EUA se converteram em um paraíso de isenções fiscais, de subsídios e de gastos gigantescos em segurança. Três itens que – com a falta de uma regulação bancária sensata – fazem sua economia afundar. E Washington não precisa de um Irã com armas atômicas – mas isso não é o mesmo que dizer que necessita de uma guerra contra os aiatolás. Para desarmá-los é preciso uma ação conjunta com Arábia Saudita, Rússia, China e Europa. Por isso, o homem talhado para dar um futuro não-tóxico aos EUA é mais Obama que McCain. Este último tem demonstrado, com seus ataques de raiva, que não possui talento para sustentar alianças. Já Obama dispõe do pragmatismo necessário para as horas difíceis. É verdade: somos críticos de suas posturas contraditórias em relação aos acordos de livre comércio, bem como de sua resistência à criação de um mercado global de etanol de cana, ao promover sua produção a partir do milho, com subsídios e tarifas. Mas sua equipe econômica, que tem se fortalecido, como com a incorporação do economista de Chicago Austan Goolsbee, nos permite acreditar em sua racionalidade econômica. E é por isso que AméricaEconomia aposta em que os eleitores o preferirão. Q
27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 15
MOVIMENTOS Contratos
quebrados
ÀInformalidade MARGEM na América Latina, 2007 % DE EMPREGADOS QUE NÃO TÊM DIREITO A PROTEÇÃO SOCIAL 80 70 60 50 40 30 20 10 0
BOL PAR GUA PER
NIC
EQU EL SAL. BRA R.DOM MÉX VEN URU ARG CHI Fonte: OCDE
MAIS DA METADE das pessoas empregadas na América Latina não têm direito a um sistema de proteção social. Uma cifra inclusive mais alta que as que recorrentemente se observam de informalidade laboral na região que, segundo organismos como a Cepal, variaria entre 30% e 50%. Há um número substancial de trabalhadores de pequenas e médias empresas consideradas formais, mas que não gozam desses “privilégios”. Curiosamente, a forma de combater esse flagelo pode não ser através de um maior controle, diz a OCDE no relatório Latin American Economic Outlook 2009. Enquanto os regimes tributários podem ser um obstáculo à expansão das pequenas e médias empresas, a proteção social universal poderia alentar o emprego informal porque dissocia o emprego formal do direito ao recolhimento. O caminho? Alinhar melhor os custos que a formalidade tem para os privados com os benefícios obtidos em troca, “adotando regimes simplificados para todos os contribuintes, e oferecendo serviços sociais a trabalhadores formais e informais em condições de igualdade”. Inclusive, indica o relatório, na região há experiências inovadoras que demonstram que é possível facilitar o cumprimento das obrigações tributárias. JUAN PABLO RIOSECO / SANTIAGO
AP
DIREITOS SOCIAIS: SIMPLIFICAR É A SOLUÇÃO
16 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
MOVIMENTOS Novos ares MESMO QUE a passos de tartaruga, começam a surgir novidades para solucionar o caos no setor aéreo brasileiro. No início do mês, foi publicada uma resolução que recomenda a inclusão dos aeroportos de Viracopos, em Campinas, e do Galeão, no Rio de Janeiro, no Programa Nacional de Desestatização. Viracopos é o segundo maior aeroporto de cargas do País; o Galeão, o segundo em vôos internacionais de passageiros. Ambos precisam de investimentos de que não dispõe a Infraero. Entre as empresas interessadas na licitação estariam a Azul Linhas Aéreas; a TAM Empreendimentos e Participações (TEP); a construtora Odebrecht; a A-port (associação entre a Camargo Corrêa, a suíça Unique e os chilenos do Gestión e Ingeniería IDC S.A.); o fundo de investimentos Advent International e a argentina Aeropuertos Argentina 2000 (AA2000). Mas as adesões deverão depender mesmo é do modelo de concessão escolhido, com divulgação prevista para o primeiro trimestre de 2009. Pode ser um começo, mas não será tudo. “Existe ainda a questão do tráfego aéreo, da formação de pilotos e de técnicos”, diz Edson Luiz Gaspar, especialista em gestão de aeroportos da Anhembi Morumbi.
Férias?
CRUZEIROS: CADA VEZ MAIS VAZIOS
A CRISE FINANCEIRA nos Estados Unidos refletiu-se rapidamente no mercado turístico. Quase 600 chegadas de cruzeiros a portos mexicanos foram canceladas, o que equivale a 1,2 milhão de pessoas que deixaram de visitar o país, segundo a Associação Mexicana de Empresas para a Atenção de Cruzeiros Turísticos (Amepact). Tal impacto também pode ser visto na indústria de Ricardo Montaldón, presidente para as Américas da administradora de resorts RCI, que registrou uma queda no crescimento das vendas, que no acumulado do ano foi de 4% a 5%, contra 12% em 2007. Tal panorama gera incerteza sobre a indústria. De fato, apesar de grande parte dos investimentos turísticos no país ser destinado à construção de segundas moradias para os baby boomers norte-americanos, não há certeza de que estes terão condições de seguir comprando novas casas. “Obviamente, os turistas norte-americanos poderão encontrar dificuldades para pagar suas viagens”, diz Montaldón. Mas ele confia que nem todos os bolsos enfrentarão os mesmos problemas. “Nosso público-alvo está mais disposto a fazer ajustes antes de cancelar ou prorrogar suas férias.”
DUBES SÔNEGO / SÃO PAULO
ARLY FAUNDES BERKHOFF / CIDADE DO MÉXICO
Construção latino-americana A IMOBILIÁRIA ESPANHOLA Grupo Mall viu na América Latina uma importante alternativa de investimento para proteger-se da debilidade de seu mercado natal. Enquanto constrói um complexo turístico e residencial de US$ 600 milhões na cidade mexicana de Campeche, no Panamá está erguendo um complexo de três prédios residenciais e um hotel cincoestrelas, por um valor semelhante. “O México tem como atrativo 11 mil km de costa e uma fronteira com os Estados Unidos”, diz Julio Noval, presidente da empresa. “E o Panamá é um país pequeno, mas com uma posição estratégica única no mundo.” Se fosse pouco, o Grupo Mall já tem outros US$ 600 milhões destinados a um segundo projeto no México, que ainda não tem lugar definido, e não descarta ir para o sul do continente. “Temos a intenção de ir ao Brasil, e o faremos em algum momento”, diz Noval, que tampouco descarta a Patagônia argentina. Medo frente à crise? Na empresa garantem que, ao contrário, eles pretendem ser uma alternativa de investimento para aqueles que querem refugiar-se na compra de imóveis.
GRUPO MALL: FUGA DA ESPANHA
ARLY FAUNDES BERKHOFF / CIDADE DO MÉXICO
27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 17
MOVIMENTOS vai&
GLOBAL CROSSING: FREADA NO CRESCIMENTO
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MAYTÊ SOUZA DANTAS
Quebra de ritmo O USO CADA VEZ maior dos programas de administração de recursos empresariais (ERP) tem sido uma mina de ouro para as operações da Global Crossing na América Latina. O faturamento de seus data centers na região tem crescido a um ritmo anual de 40%. A empresa destina cerca de 2 mil servidores, 470 bases de dados e 260 terabites (260 mil gigabites) para que seus clientes possam operar os programas de ERP oferecidos pela SAP sem ter que comprar e administrar seus próprios equipamentos. “Com nossos serviços, o cliente se dedica exclusivamente a trabalhar com os usuários finais para que possam tirar o máximo proveito do aplicativo”, diz Juan Carlos Martínez, vice-presidente da Global Crossing para América Latina e Caribe. O crescimento das vendas deverá continuar nos próximos anos. Isso, claro, imaginando que a economia global não colapse. Por enquanto, Martínez é otimista. “É difícil antecipar qual será o impacto da crise global na América Latina, mas a informação que temos até agora é que o crescimento será de cerca de 19 ou 20%.” ANTONIO MARÍA DELGADO / MIAMI
No escurinho do cinema ESTE TEM SIDO UM ano de estréias para a Valorem. O fundo de investimentos do Grupo Santo Domingo entrou em cena em julho com a assinatura de um contrato para adquirir em etapas a Cine Colombia, empresa que arrecada 58% da receita originada das bilheterias e que é dona de 38% de todas as salas de exibição do país. A operação parece ser um bom negócio, se se considera que em 2007 a Cine Colombia registrou receita de US$ 53 milhões e lucro de US$ 8,9 milhões. Mas a Valorem não pretende parar por aí. A empresa abriu seis novas salas, nas quais investiu US$ 3 milhões, para fazer frente à concorrência da norte-americana Cinemark e da mexicana Cinépolis. A Valorem também conta com um braço de cinema independente, que capitaliza o sucesso de filmes como Soñar no cuesta nada, Paraíso Travel e El Colombian Dream. Para Munir Falah, presidente da Cine Colombia, este é só o começo do posicionamiento da indústria nacional. “Quero que seja dada especial atenção ao cinema colombiano, como aconteceu no último festival de Cannes”, afirmou. LUCÍA LEZACA / BOGOTÁ
18 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
EDP Energias do Brasil, do grupo EDP Energias de Portugal, contratou Maytê Souza Dantas de Albuquerque para o cargo de superintendente de relações com investidores. Desde 2006, ela estava na área de finanças corporativas da companhia. A InBev anunciou a nomeação do brasileiro Luiz Fernando Edmond para comandar a empresa na América do Norte, depois da fusão entre Anheuser-Busch e InBev. David Peacock será o presidente da Anheuser-Busch e João Castro Neves será o novo diretor para a América Latina. Oboliviano Juan Carlos Arellano Paz foi nomeado gerente nacional de planejamento, investimento e serviços da estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). Ele substitui Misael Gemio, que é o novo vice-ministro de Desenvolvimento Energético do Ministério de Hidrocarbonetos do país. No final de outubro Daniel Barría deixou seu posto como vice-presidente de serviços compartilhados da estatal chilena Codelco. Barría, que ainda não tem substituto, renunciou para não comprometer a companhia frente à polêmica por sua participação em uma empresa empreiteira. João Bosco de Azevedo assumiu a gerência de vendas da regional São Paulo da farmacêutica Torrent do Brasil. Terá como objetivo aumentar os negócios no estado, que representa 19% das vendas no País.
MOVIMENTOS Mãos atadas
PARÁ: LÍDER EM MAUS-TRATOS
APESAR de ter sido abolida legalmente em 1888, a escravidão ainda persiste no Brasil, particularmente em zonas rurais, onde essa prática tem se mostrado difícil de erradicar. Somente entre janeiro e setembro deste ano, o Ministério do Trabalho anunciou que foram resgatados mais de 3,4 mil trabalhadores que viviam em condições equivalentes à escravidão, através de 87 missões em 149 propriedades. O estado que registrou o número mais alto de denúncias foi o Pará, onde os funcionários do Ministério resgataram 532 trabalhadores nesse período. Entre as irregularidades identificadas nas missões estão alojamentos sem condições mínimas de higiene, carga de trabalho excessiva e cobrança de gastos como comida e remédios diretamente do salário do trabalhador, fomentando uma situação de eterna dívida com o empregador. SOLANGE MONTEIRO / SÃO PAULO
Com sede em Genebra, o Fundo Mundial de luta contra o SIDA, Tuberculose e Malária é uma instituição pública/privada única que investe enormes quantias de recursos financeiros em programas direccionados para a prestação de serviços de prevenção, tratamento e cuidados a pessoas afectadas pelas três doenças mais mortíferas do mundo. Com uma carteira de subvenções totalizando mais de $10 biliões, o Fundo Mundial cresce rapidamente indo de encontro à demanda antecipada dos seus recursos. Departamento de Programas dos Países é o maior Departamento no Secretariado, sendo responsável pela negociação e gestão das subvenções do Fundo Mundial, de todas as operações dos países, e actua como interlocutor primário entre o Fundo Mundial e os países. Procuramos excelentes candidatos para as seguintes posições a partir de 2009:
GESTORES DE CARTEIRA OFICIAIS DE PROGRAMA ASSISTENTES DE CARTEIRA A equipa de Proposta dos Países (CPT) do secretariado do Fundo Mundial, é responsável pela gestão de uma série de produtos resultantes da iniciativa de propostas do Fundo Mundial, revisão técnica, e recomendações para os processos de financiamento. O CPT procura fornecer soluções profissionais, com enfoque no cliente, e de gestão de propostas inovadoras para um vasto número de clientes. Procuramos candidatos qualificados para a seguinte vaga:
OFICIAL DE PROPOSTAS, EQUIPA DE PROPOSTAS DOS PAÍSES (8 POSTOS) Para mais informações e outras oportunidades no Fundo Mundial, consulte directamente o www.theglobalfund.org/en/jobs/
ESPECIAL
BANCOS
{ABERTURA}
ENCOURAÇADO
>> As crises de anos anteriores permitiram aos bancos latino-americanos blindarem-se contra conjunturas adversas
O
{Juan Pablo Rioseco}
s bancos latino-americanos têm uma couraça contra crises. Pode ser que não seja de aço, mas ajuda a evitar que os projéteis da contração global da liquidez e da quebra de bancos nos mercados desenvolvidos os atinjam tão diretamente. Essa é uma das conclusões que se obtém ao analisar os resultados desta nova versão do ranking de bancos elaborado por AméricaEconomia Intelligence, que observa as grandes tendências da indústria na região, selecionando os 250 maiores 20 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
bancos e os 25 melhores – lista que volta a ser liderada pelo Banco Santander Santiago do Chile, seguido muito de perto pelo brasileiro Banco Itaú, que registrou um dos saltos mais espetaculares na história deste ranking. Devido à conjuntura global, este ano demos especial atenção à solvência dos bancos latino-americanos. Especialmente a variáveis como capitalização, a quantidade de recursos próprios (capital ou patrimônio) aos quais uma instituição tem que recorrer caso os créditos por ela concedidos deixem de ser pagos.
ESPECIAL
BANCOS OS 25 MELHORES BANCOS DA AMÉRICA LATINA RK 08 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
RK 07 1 25 4 13 2 11 15 14 5 8 12 7 3 16 23 8 -
BANCOS SANTANDER SANTIAGO ITAÚ DE CHILE BRADESCO ING BANK BBVA BANCOMER SAFRA UNIBANCO BCI VOLKSWAGEN CONTINENTAL BBVA SANTANDER ABN CITIBANK CRÉDITO HSBC MERCANTIL DEL NORTE INDUSTRIAL E COMERCIAL INTERACCIONES GUAYAQUIL DE BOGOTÁ PINE PICHINCHA SANTANDER BANCOLOMBIA
PAÍS CH BR CH BR BR MX BR BR CH BR PE BR BR BR PE BR MX BR MX EQ CO BR EQ MX CO
RENTAB. ROE.08 25,7 24,7 22,7 24,4 26,9 31,9 22,2 23,6 22,4 39,0 38,2 15,7 16,6 71,4 37,8 26,0 20,0 23,0 29,5 41,8 23,3 19,1 21,0 15,7 23,1
EFICIÊNCIA OPER. B100 80,0 68,0 53,9 72,6 90,0 62,4 64,7 90,0 59,9 73,7 74,6 73,2 64,0 40,1 61,7 52,3 47,3 85,5 63,4 61,1 60,3 90,0 90,0 73,2 57,4
RISCO % CART. VEN. 1,1 3,9 0,6 2,5 0,0 2,6 3,7 3,6 0,7 0,5 0,2 4,5 2,9 6,1 0,6 4,0 1,4 0,7 0,5 0,5 2,0 0,9 1,3 4,5 3,7
SOLVÊNCIA PATRIM. / CARTEIRA CRÉD. 9,2 11,6 8,7 19,2 87,5 15,6 13,7 18,4 7,4 12,8 10,9 22,8 17,6 35,1 16,5 15,4 16,3 18,7 7,9 13,9 16,3 23,8 15,8 22,8 21,9
LIQUIDEZ DISP. / DEPOS. 11,0 83,9 9,0 63,7 90,2 23,6 66,1 63,0 11,1 0,1 30,5 54,0 24,1 68,5 26,2 26,0 18,8 2,5 24,8 36,3 12,2 11,7 31,6 54,0 14,3
TAMANHO CARTEIRA CRÉDITOS 25.410,1 63.265,6 23.784,4 109.371,6 527,8 45.368,5 18.187,3 42.878,0 16.327,0 5.566,2 5.928,7 28.898,0 45.357,6 4.446,8 7.168,3 23.805,7 20.685,5 5.700,1 2.488,6 941,5 8.460,3 2.173,3 2.366,5 28.898,0 12.198,8
SOLIDEZ DO SISTEMA (1) 91,8 89,3 91,8 89,3 89,3 80,0 89,3 89,3 91,8 89,3 84,2 89,3 89,3 89,3 84,2 89,3 80,0 89,3 80,0 59,7 74,7 89,3 59,7 80,0 74,7
(1) ÍNDICE DO WEF 2008-09
Se a capitalização é alta, o banco estará em melhores condições para enfrentar o golpe duplo que pode significar a restrição da liquidez global e a contração da atividade econômica. Outro indicador importante que deve ser analisado conjuntamente é o da qualidade da carteira de créditos. Trata-se de um indicador difícil de medir, pois requer a análise da qualidade dos devedores, dos projetos em que estão investindo e das garantias oferecidas, informações que não estão disponíveis na América Latina de forma homologável. Não obstante, analisar o tamanho da carteira vencida como porcentagem do total de créditos nos dá um bom proxy nessa direção. Também é preciso olhar com atenção a liquidez, análise à qual submetemos os bancos selecionados entre os 25 melhores: quantos ativos rapidamente disponíveis eles têm como porcentagem de seus depósitos. Tanto a análise dos números quanto a visão dos observadores consultados para este estudo levam à conclusão de que o sistema bancário latino-americano apresenta adequados níveis de solvência. Em geral, se desenvolve sobre a exigência de 8% da norma do Acordo de Basiléia (ditada pelo Comitê de Bancos Centrais dos países do G10, com sede nessa cidade suíça), que considera os créditos corrigidos pelo risco. A média latino-americana está, segundo vários analistas, entre 9% e 10%. Os motivos para ter chegado a isso têm uma origem traumática. Depois de várias crises financeiras (Chile no início dos
anos 1980, México em 1993-94, Brasil em 1999, Argentina em 2000, Colômbia e Panamá no início desta década), os reguladores locais impuseram normas estritas para tempos adversos. Exigiram que as instituições financeiras classificassem créditos de acordo com seu risco. Quanto mais arriscados, deveriam demandar mais capital para respaldá-los. Além disso, limitaram os empréstimos à instituições relacionadas. “Nos últimos anos, o sistema bancário latino-americano mudou. Foi se ajustando a Basiléia, está mais supervisionado e mais bem-posicionado”, diz Sergio Garibian, analista de bancos da Standard & Poor’s (S&P) em Buenos Aires. Com isso, os escudos latino-americanos ficaram mais resistentes ao risco de cortes de linha de crédito de instituições estrangeiras. Os analistas dizem que a liquidez de curto prazo não será um problema. “Há folga de capital”, afirma o peruano Juan José Marthans, ex-diretor do Banco Central e ex-superintendente de instituições financeiras no Peru. “Os bancos conseguiram uma capitalização acima da exigida por seus reguladores. E com isso se garante que problemas de crédito possam ser absorvidos de forma imediata, sem a necessidade de novos aportes de capital e de nos aproximarmos de um cenário de inadimplência.” Assim, apesar da proximidade com os EUA, os bancos mexicanos não despertam inquietação. “Dependem menos de fundos externos e contam com muitos fundos de depósitos”, 27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 21
ESPECIAL
BANCOS UNIBANCO.BR BOGOTÁ.CO SANTAN-RIO BRADESCO.BR CRÉDITO.PE CHILE/CITY
NO OLHO DO FURACÃO Fechamentos semanais de bancos latinoamericanos, US$ base 100 FONTE: ECONOMÁTICA
300
250
200
150
100
50
05-JAN-08
05-ABR-08
05-JUL-08
05-OUT-08
BRASIL COLÔMBIA MÉXICO VENEZUELA
CAIXA FORTE Patrimônio como % dos créditos FONTE: AMÉRICAECONOMIA INTELLIGENCE
CHILE EQUADOR PERU
50
40
30
20
10
2004
2005
2006
2007
2008
BRASIL COLÔMBIA MÉXICO VENEZUELA
MIRAGEM FINANCEIRA Incobráveis como % dos créditos FONTE: AMÉRICAECONOMIA INTELLIGENCE
6,00
4,00
2,00
2004
2005
2006
22 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
2007
2008
CHILE EQUADOR PERU
diz Angélica Bala, analista da S&P na Cidade do México. “Nos países que fazemos classificação, não vemos problemas de liquidez”, afirma, referindo-se ao México e à América Central. Mas a classificadora mudou de positivo para estável as perspectivas para os cinco principais bancos do país (BBVA Bancomer, Banamex, Santander, Scotiabank e Banorte). O motivo? A potencial queda no crescimento da economia. “Apesar de a situação macro ser estável, poderia haver pressões adicionais sobre a qualidade dos ativos.” Na Argentina, os protestos do setor agropecuário bloquearam, sem saber, a passagem para a crise. Frente ao temor, os bancos – muito menores e menos expostos do que estavam nos anos 90 – trataram de buscar liquidez. “Hoje não têm vencimentos no curto prazo e na Argentina o financiamento vindo do exterior é praticamente inexistente”, diz Sergio Garibian. Semelhante foi o caminho dos uruguaios que, depois da crise de 2002, também priorizaram a liquidez. O Banco Central conta com US$ 7 bilhões em reservas, cifra importante para esta pequena nação. Apesar de seu sistema depender em alto grau do financiamento externo, não contava com exposições importantes. “Estão com bancos internacionais de primeira linha”, afirma Garibian. O Chile, por sua vez, foi o país mais golpeado pela grande crise mundial dos anos 30. Mas nenhum banco quebrou. O motivo? O sistema financeiro da época lhe permitia emitir dinheiro e, em troca, seus donos tinham que responder de forma ilimitada pelas perdas. Por isso, os bancos se capitalizaram muito. Não aconteceu o mesmo que em 1982, quando o sistema financeiro quebrou totalmente. Nesse caso, as exigências eram baixas e os empréstimos entre instituições relacionadas, sem uma avaliação rígida, abundavam. Mas essa mesma crise levou o país a criar normas estritas de avaliação de riscos. Da mesma forma que o Chile, muitos países que acumularam recurso na época de vacas gordas agora contam com um respaldo que lhes tranqüiliza. “O Brasil, por exemplo, tem um problema de liquidez pontual, e não de solvência”, diz Bruno Rocha, analista de mercado financeiro da consultoria Tendências, em São Paulo. “O sistema bancário brasileiro goza de solidez.” E os bancos maiores, em geral, não possuem grande dependência externa. “Eles têm um mix de financiamento: mais de 56% vêm de depósitos e entre 10% e 12% de captações fora, de bonds ou linhas externas”, diz Miguel Santacreu, analista de instituições financeiras da classificadora Austin Rating. Nesse momento de crise, à saúde dos bancos é preciso somar a capacidade das autoridades econômicas (ministérios de Fazenda e bancos centrais) de atuar rápido diante da necessidade. No Brasil, o Banco Central lançou gradualmente um arsenal de medidas para estimular a circulação de dinheiro no sistema. Entre elas, a de liberar um percentual dos depósitos compulsórios sobre depósitos a prazo para a compra de carteiras de crédito de bancos menores em situação mais frágil. Essa, juntamente com as outras medidas, faz parte de um programa através do qual o BC pretende liberar R$ 100 bilhões. “Nesse processo, todos vão aprender ao longo do caminho. Mas quem certamente receberá uma maior lição serão os corretores de derivativos de câmbio” diz André Biancarelli, do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp),
ESPECIAL
BANCOS referindo-se Ă s grandes perdas registradas por O FIM DA ABUNDĂ‚NCIA muitas empresas brasileiras que investiram em AlĂŠm disso, os bancos vinham crescendo a uma operaçþes financeiras desse tipo com o estouro velocidade de cruzeiro. No ano que se encerrou da bolha cambial. Aracruz, Votorantim e Sadia em junho de 2006, os 250 maiores bancos da foram as primeiras a divulgar notĂĄveis prejuĂzos, regiĂŁo registraram um incremento em seus ativos que somados beiram os R$ 4 bilhĂľes. de em mĂŠdia 38,8%, impulsionados pela forte Mas tudo isso nĂŁo significa que o risco nĂŁo atividade econĂ´mica e pela consolidação de muiexista. De fato, alguns analistas identificam tos mercados. Mas se o setor real impulsionou vulnerabilidades em bancos pequenos do Chile os bancos na bonança, tambĂŠm poderĂĄ freĂĄ-los e do Brasil, por exemplo, que nĂŁo contam com em tempos de baixo crescimento. E nĂŁo ĂŠ sĂł. Na bases de depĂłsitos muito grandes e que nos Ăşl- Marthans: â€œĂ‰ medida em que as empresas produtivas forem timos anos se entusiasmaram a lançar produtos preciso pensar golpeadas por uma falta de demanda provocada de crĂŠdito a uma promissora classe mĂŠdia. “No pela desaceleração mundial, podem enfrentar Brasil, os bancos menores sĂŁo em torno de 90. em reacomodar problemas para pagar seus crĂŠditos. E isso vai E muitos contam com um modelo que, em um as normas da alĂŠm de aberturas de liquidez conjunturais. “Se cenĂĄrio de menor crescimento, terĂŁo problemas BasilĂŠia Ă nova o câmbio sobe muito, as empresas endividadas de financiamentoâ€?, diz Ceres Lisboa, analista em dĂłlares vĂŁo sofrer. E podem ser vĂĄriasâ€?, diz de bancos da Moody’s, em SĂŁo Paulo. “Mas realidadeâ€?. um economista que pede anonimato. suas carteiras de crĂŠdito sĂŁo boas, e podem ser Esse ĂŠ um problema diferente. “Se as linhas adquiridas pelos bancos maiores sem problemasâ€?, diz. De fato, de crĂŠdito dos bancos sĂŁo cortadas, estes tĂŞm recursos para sair os primeiros sinais positivos ao incentivo do BC brasileiro fode conjunturas de curto prazo. Eles podem começar a emprestar ram dados com os primeiros anĂşncios de compras feitos pelo entre si, e nesse caso o Banco Central tem um papel fundamenBradesco, Unibanco e ItaĂş. Para Bala, da S&P, no MĂŠxico o tal, para entregar liquidezâ€?, diz Rodrigo Fuentes, economista da risco estĂĄ focado nos bancos de nicho. “NĂŁo vemos nenhum Universidade CatĂłlica do Chile, em Santiago. “Mas a solvĂŞncia em problemas, mas sĂŁo mais vulnerĂĄveis.â€? ĂŠ outro tema: seus depĂłsitos podem ou nĂŁo ser pagos.â€?
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ESPECIAL
BANCOS MUSCULATURA BANCÁRIA Solidez dos sistemas (escala de 1 a 7) FONTE: WEF 2008-2009
CANADÁ
6,82
CHILE
6,51
BRASIL
6,36
PANAMÁ
6,33
EUA
6,09
PERU
6,05
EL SAL.
6,03
C. RICA
5,91
GUIANA
5,88
P. RICO
5,86
MÉXICO
5,8
SURINAME
5,76
JAMAICA
5,66
HONDURAS
5,65
COLÔMBIA
5,48
PARAGUAI
5,24
REP. DOM.
5,19
BOLÍVIA
5,18
NICARÁGUA
5,05
VENEZUELA
5,03
URUGUAI
5,03
GUATEMALA
5,02
EQUADOR
4,58
ARGENTINA
4,19 4
5
6
7
O maior risco está justamente em que uma queda importante na atividade econômica dos países desenvolvidos (EUA e Europa) afete os setores exportadores latino-americanos, que por sua vez contratam serviços e compram bens não-transacionais. A boa notícia é que os mercados são diversificados e que a Ásia pode transformar-se em um pilar importante para sustentar a demanda (ver história pág. 61). Mas, venha uma crise forte ou não, o sistema bancário dos próximos anos não será o mesmo que vimos até há pouco. A bancarização – extensão dos serviços bancários aos setores mais pobres – deixará de ser prioridade, e a prudência será o termômetro que medirá o perfil de risco. “Os procedimentos sobre os quais desenvolve-se a entrega de créditos serão restritos para evitar ao máximo o endividamento”, diz Marthans, ex-diretor do Banco Central do Peru. “Vem um ciclo de mau crédito, os bancos terão mais dificuldades e serão conservadores por natureza”, diz um analista em Nova York. E quais serão as chaves desse futuro? Informação, informação e informação. As instituições terão que fixar-se mais prolixamente na relação entre a quota e a receita de seus clientes, por exemplo, e na forma como as linhas associadas aos cartões de crédito se comportam. “No setor de varejo, consumo, hipotecário ou de pequenas empresas, a taxa de expansão do crédito deverá ser consistente com a do PIB”, diz Marthans. “Não há nenhuma economia na América Latina que possa suportar uma taxa de crescimento do crédito acima de 20%.”
24 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
Nesse sentido, a assimetria de informação é chave na hora de avaliar os riscos. Em países como o Chile, existe uma institucionalidade que permite unificar dados sobre pessoas e, sobretudo, empresas (impostos, aduanas). De fato, no país logo os bancos e as casas comerciais poderão compartilhar a informação de seus clientes. Em outras nações, é difícil ter um panorama completo de cada cliente. “Os bancos estão regulados e, em base a isso, têm que ir fazendo sua criação de reservas. Mas em transparência de informação, tem havido certos problemas”, diz Angélica Bala, da S&P no México. Além disso, em muitos países da região os anos de estabilidade foram relaxando o medo e a disciplina dos bancos na hora de ler os antecedentes. Rocha, da Tendências, afirma que o cenário ainda é muito incerto. “Em 2009 o ritmo da atividade econômica se reduzirá, o que de certa forma ajuda a diminuir a demanda por recursos bancários, em um cenário que será de menos crédito.” Os bancos serão mais seletivos, e não exatamente porque querem ganhar mais dinheiro. “Não se pode abrir a chave do crédito agora. Este é um momento de prudência e foco na liquidez”, diz Lisboa, da Moody’s. “Hoje a tendência é de fly to quality. Será necessário esperar que a confiança do investidor volte, e isso levará um tempo.” Marthans propõe avaliações de risco mais precisas. “É preciso pensar em reacomodar as normas de Basiléia à nova realidade, como uma Basiléia 3.” Nestas se incluiriam, por exemplo, o risco sistêmico, hoje ausente nos padrões. Soa lógico, levando em conta os níveis de concentração alcançados pela banca. E que podem continuar crescendo. No Brasil, os analistas não descartam um cenário de fusões e aquisições no longo prazo, já que os bancos menores poderão ter dificuldades para operar sozinhos em um panorama mais duro. “Não acho que agora seja o momento, mas a situação atual cria espaços para a definição de oportunidades de compra para quando a poeira baixar”, diz Biancarelli, daUnicamp. No Chile, os bancos já estão se adaptando à realidade. Segundo pesquisa sobre o mercado de crédito feita pelo Banco Central em setembro, 91% das instituições financeiras afirmaram que seus níveis de aprovação de crédito se tornaram mais restritivos para as grandes empresas, e 74% indicam mais restrições para as pequenas e médias. Quando ao crédito pessoal, a cifra é de 50%, e sobe para 61% no caso dos créditos hipotecários. Além disso, as condições de aprovação de créditos a empresas imobiliárias e de construção se restringiram em 71%, devido à deterioração do entorno econômico e ao aumento do risco de crédito desses clientes. “Isso se reflete em requisitos de aprovação mais rigorosos para esses empréstimos, um aumento do spread sobre o custo dos fundos e uma redução dos montantes aprovados”, divulgou o BC em um comunicado. Além disso, 67% dos bancos pesquisados indicam que a demanda por créditos de consumo se debilitou, enquanto 47% indicam tendência semelhante para os créditos hipotecários. Acabou-se a festa do crédito barato. Mas com a solidez que conquistaram, certamente os banqueiros latino-americanos encontrarão novos motivos para comemorar. Q Com Solange Monteiro * Metodologia completa do ranking em www.americaeconomia.com.br
ESPECIAL
BANCOS RK 07
1
1
2
2
3
3
4
4
5
6
6
5
7
8
8
7 11 9
11
13
12
12
13
14
14
15
15
10
16
18
17
16
18
19
19 172 20
17
21
20
22
22
23
21
24
23
25
30
26
40
27
28
28
32
29
29
30
25
31
26
32
24
33
27
34 103 35
31
36
33
37
87
38
48
39
37
40
44
41
36
42
38
43
45
44
41
45
43
46
34
47
35
48
53
49
74
50
39
PAÍS
DO BRASIL BRADESCO ITAÚ CAIXA ECON. FEDERAL UNIBANCO ABN SANTANDER BBVA BANCOMER HSBC BANAMEX VOTORANTIM SANTANDER SANTANDER SANTIAGO HSBC SAFRA NOSSA CAIXA BANCO DE CHILE - CITI MERCANTIL DEL NORTE FINASA BMC BANCOESTADO BANCO NACIÓN BCI CITIBANK BANCOLOMBIA INBURSA BNP PARIBAS CRÉDITO BANRISUL BANESCO SCOTIABANK INVERLAT BBVA UBS PACTUAL DE BOGOTÁ HSBC MERCANTIL DE VENEZUELA SANTANDER SCOTIABANK DAVIVIENDA PROVINCIAL FIBRA CORPBANCA BBVA COLOMBIA ING BANK DO NORDESTE CONTINENTAL BBVA PROVINCIA BBM JP MORGAN DEUTSCHE BANK PRIMER BANCO DEL ISTMO
BR BR BR BR BR BR BR MX BR MX BR MX CH MX BR BR CH MX BR CH AR CH BR CO MX BR PE BR VE MX CH BR CO PA VE VE CH CO VE BR CH CO MX BR PE AR BR BR BR PA
AT. TOTAL VAR. % AT. JUN. 08 TOTAL US$ MILH. 08/07 258.858,3 46,0 250.634,4 66,4 207.086,9 63,0 31,6 164.321,3 59,1 106.881,3 27,1 101.596,1 78.809,6 28,9 17,2 72.603,5 71,9 60.590,1 9,4 52.891,1 45.645,5 46,7 21,7 42.761,8 36.700,6 19,2 36.283,9 26,3 3,5 36.167,7 33.562,9 44,0 31.321,8 20,5 30.305,5 30,3 27.687,6 100,7 16,5 28.386,0 21,6 26.130,9 23.008,6 24,2 3,1 21.725,3 18.217,0 22,4 17.332,9 88,9 15.451,4 79,6 51,7 15.440,4 62,1 14.433,2 52,1 14.395,6 7,6 13.532,8 13.236,1 24,4 12.815,8 -24,6 12.503,1 22,5 12.199,4 351,6 11.645,9 28,6 11.085,3 23,6 10.950,7 213,2 10.690,4 74,9 10.197,1 28,8 10.036,5 59,6 9.758,5 23,0 9.568,4 21,2 9.499,9 53,9 40,1 9.355,9 9.309,7 44,9 4,1 9.066,0 -2,9 8.381,3 7.805,4 43,0 7.576,6 56,4 4,5 7.485,0
CRÉDITOS VAR. % DEPÓSITOS VAR.% PATRIMÔNIO JUN. 08 CRÉDITOS JUN.08 DEPÓSITOS JUN. 08 US$ MILH. JUN. 08 US$ MILH. JUN. 08 US$ MILH. 55,7 121.327,4 118.136,9 42,2 16.389,7 68,1 76.291,1 109.371,6 78,2 20.951,5 67,3 63.162,6 63.265,6 48,1 7.346,6 51,9 91.991,7 40.431,3 39,1 7.756,5 60,1 42.136,1 42.878,0 71,1 7.891,0 58,9 43.699,1 45.357,6 50,8 7.971,3 40,4 29.212,3 28.898,0 63,4 6.595,3 24,4 47.258,2 45.368,5 24,8 7.065,4 64,3 33.295,1 23.805,7 53,8 3.675,3 10,7 31.854,2 24.690,3 10,4 10.490,7 94,8 13.028,6 20.960,6 42,0 3.920,1 22,5 23.681,2 23.013,6 17,6 6.779,8 9,8 22.275,4 25.410,1 58,5 2.339,9 12,4 25.799,4 17.821,5 22,4 2.953,4 35,6 5.891,2 18.187,3 -2,2 2.492,2 54,8 20.502,5 6.583,5 45,4 1.987,6 19,3 19.860,6 23.784,4 63,5 2.072,2 41,3 21.479,0 20.685,5 32,5 3.367,9 68,1 19.019,4 5.105,1 18.942,9 7.531,4 18,8 17.340,4 17.208,7 53,3 1.144,5 44,6 20.082,9 7.145,2 29,9 2.360,1 14,6 13.859,0 16.327,0 59,1 1.212,9 40,2 5.067,2 4.446,8 23,2 1.561,0 21,9 10.852,9 12.198,8 14,3 2.666,3 48,8 10.155,4 9.986,9 95,9 2.723,8 28,8 1.026,2 668,3 158,8 718,3 43,0 10.617,3 7.168,3 37,4 1.179,6 75,2 8.184,8 6.185,0 43,0 1.806,3 48,6 12.195,7 8.026,0 46,9 1.191,7 6,8 10.126,6 8.845,7 5,8 2.319,8 3,7 7.830,2 9.351,1 28,3 695,3 -2,0 1.534,7 782,3 -47,7 2.732,9 33,4 8.228,1 8.460,3 17,3 1.376,8 553,5 9.499,4 8.329,2 348,9 1.205,9 27,3 9.887,3 6.497,7 25,3 1.174,9 20,4 9.484,0 6.097,1 24,7 994,2 5.496,1 8.255,1 215,5 223,6 1.431,6 97,0 7.350,9 7.060,5 71,0 1.074,2 44,7 8.064,1 6.414,7 23,4 1.194,2 53,8 1.670,8 3.140,3 35,3 349,5 20,5 6.221,7 8.383,4 65,8 800,4 21,5 7.031,9 6.619,6 16,5 811,1 15,3 327,5 323,9 43,1 508,3 59,3 2.096,5 3.258,0 41,5 1.072,6 28,2 6.028,3 5.928,7 29,2 646,4 25,3 7.069,2 2.834,6 20,4 600,2 55,0 2.250,2 2.571,7 42,6 542,2 52,2 382,5 193,5 57,6 917,9 158,1 1.265,4 533,5 139,0 414,3 5.514,9 5.326,7 -25,6 8,4 797,0
LUC. LUC. ANTES C.VENC./ CRED./ A JUN. 08 IMPTO./ PATR. C.CRÉD. PATRIM. US$ MILH. (%) (%) (Nº VEZES) 2.480,8 20,5 1,1 7,2 2.551,2 8,2 2,5 5,2 906,7 45,5 3,9 8,6 1.580,5 17,6 2,7 5,2 930,7 13,3 3,6 5,4 661,7 12,9 2,9 5,7 518,0 10,5 4,5 4,4 1.126,4 20,1 2,6 6,4 478,1 15,6 4,0 6,5 352,9 5,5 3,8 2,4 373,4 13,5 1,0 5,3 330,0 5,3 2,2 3,4 300,1 15,3 1,1 10,9 213,7 11,4 4,9 6,0 276,7 17,4 3,7 7,3 255,4 -1,7 5,2 3,3 234,7 12,9 0,6 11,5 336,4 15,1 1,4 6,1 70,3 1,4 2,7 2,5 66,0 12,9 1,3 15,0 99,0 5,7 8,1 3,0 135,6 13,5 0,7 13,5 556,9 54,4 6,1 2,8 308,2 21,9 3,7 4,6 132,1 5,8 2,1 3,7 24,8 3,8 0,0 0,9 222,9 25,4 0,6 6,1 191,6 10,7 2,1 3,4 315,2 14,9 1,1 6,7 166,7 9,5 2,9 3,8 40,3 6,7 1,0 13,4 352,9 17,3 4,2 0,3 160,4 20,3 2,0 6,1 96,8 8,0 0,0 6,9 406,8 18,3 0,9 5,5 361,4 25,0 1,3 6,1 -19,0 -1,2 1,1 5,8 106,1 18,9 4,4 6,6 478,2 26,3 1,1 5,4 37,3 10,8 2,0 9,0 47,6 7,2 0,6 10,5 90,6 21,6 2,6 8,2 58,2 15,7 0,6 127,5 15,7 2,3 3,0 123,5 28,4 0,2 9,2 65,6 10,9 22,6 4,7 44,2 10,1 0,8 4,7 -14,5 -4,7 0,0 0,2 22,6 13,6 0,6 1,3 70,8 8,9 0,0 6,7
27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 25
1-50
9 10
BANCO
OS MAIORES BANCOS DA AMÉRICA LATINA
RK 08
ESPECIAL
51 - 100
OS MAIORES BANCOS DA AMÉRICA LATINA
BANCOS RK 08
RK 07
51
47
52
52
53
64
54
58
55 167 56
83
57
49
58
61
59
46
60
50
61 156 62
51
63
93
64
80
65
67
66
57
67
65
68
59
69
91
70
60
71
63
72
68
73
79
74
73
75
77
76 126 77
99
78
94
79 106 80 101 81
66
82 107 83
81
84 120 85
76
86
78
87
98
88 105 89
75
90
85
91
92
92 138 93 140 94 111 95
88
96
95
97
86
98 121 99 148 100 124
BANCO
PAÍS
REP. ORIENTAL DEL URUGUAY ALFA INDUSTRIAL E COMERCIAL OCCIDENTAL DE DESCUENTO BAC INTERNACIONAL BANFOANDES SANTANDER RÍO SCOTIABANK GALICIA NACIÓN BANCOLOMBIA BBVA - FRANCÉS VOLKSWAGEN MACRO DEL BAJÍO DE OCCIDENTE SECURITY AGRARIO BANESTES NACIONAL BANCO AZTECA NACIONAL ITAÚ (ex- BankBoston) BICE BLADEX PANAMERICANO SICREDI MERCANTIL DO BRASIL DAYCOVAL BMG INDUSTRIAL DE VENEZUELA GMAC HSBC FEDERAL POPULAR INDUSTRIAL DA AMAZÔNIA INTERBANK DE RESERVAS POPULAR DOMINICANO PICHINCHA ABC BRASIL BESC RABOBANK BANCO AGRÍCOLA CITIBANK N.A. CIUDAD PINE INTERACCIONES BANCOOB
UR
AT. TOTAL VAR. % AT. CRÉDITOS VAR. % DEPÓSITOS VAR.% PATRIMÔNIO LUCRO. LUC. ANTES C.VENC./ CRED./ JUN. 08 TOTAL JUN. 08 CRÉDITOS JUN.08 DEPÓSITOS JUN. 08 A JUN. 08 IMPTO./ PATR. C.CRÉD. PATRIM. US$ MILH. 08/07 US$ MILH. JUN. 08 US$ MILH. JUN. 08 US$ MILH. US$ MILH. (%) (%) (Nº VEZES)
BR BR VE PA VE AR PE AR PE PA AR BR AR MX CO CH CO BR CR MX PA CH CH PA BR BR BR BR BR VE BR AR VE CO GT BR PE DO DO EQ BR BR BR ES AR AR BR MX BR
26 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
7.439,3 7.433,0 7.401,7 7.063,8 6.876,9 6.854,1 6.812,5 6.803,5 6.788,1 6.597,6 6.212,1 6.202,4 6.082,1 5.899,7 5.770,7 5.755,1 5.718,6 5.696,5 5.659,2 5.462,4 5.443,8 5.383,5 5.341,8 5.336,8 5.322,0 5.232,9 5.201,3 5.082,4 4.954,5 4.773,1 4.770,2 4.736,6 4.586,4 4.520,3 4.503,9 4.489,7 4.212,9 4.175,0 4.156,3 4.065,3 3.950,1 3.921,4 3.900,1 3.878,1 3.818,6 3.753,9 3.728,6 3.673,4 3.598,3 3.473,2
21,3 37,9 61,2 44,5 446,1 85,2 14,4 45,7 10,6 13,7 335,3 10,7 95,9 57,0 30,0 16,6 25,2 20,7 77,2 18,5 17,6 21,4 40,4 31,2 34,9 82,3 82,1 51,4 85,6 71,5 5,0 84,6 22,3 103,8 13,6 19,2 43,1 57,9 5,0 14,1 26,1 87,6 48,9 56,3 10,2 24,8 5,7 72,1 126,0 65,6
0,9 4.704,6 84,8 2.732,8 88,1 5.700,1 26,8 2.486,7 4.786,2 4.466,6 79,9 1.477,2 31,7 4.378,7 41,5 3.739,6 26,4 3.220,7 47,6 930,8 3.910,4 670,2 24,2 3.450,8 82,2 5.566,2 2.873,4 126,2 37,1 4.676,6 24,3 3.904,7 11,3 3.515,2 31,8 1.954,5 48,0 1.145,9 47,5 3.138,8 9,3 1.876,0 6,1 2.305,7 41,4 3.954,8 21,1 3.443,2 16,1 3.965,0 4.020,6 108,6 94,8 1.601,0 70,8 2.666,6 2.792,8 146,7 72,3 3.155,0 30,9 533,1 54,7 2.864,1 27,0 2.176,4 113,4 1.503,9 24,6 2.780,9 37,3 2.310,6 66,2 984,6 55,6 2.355,4 30,4 2.683,4 22,7 2.303,8 14,6 2.366,5 107,7 3.017,1 36,1 473,3 50,8 1.144,3 11,8 2.539,3 22,7 1.849,6 20,9 2.111,7 2.173,3 112,2 97,2 2.488,6 47,2 918,6
6.615,0 2.303,6 3.634,0 4.298,9 4.405,2 6.238,0 4.937,1 4.482,4 4.254,2 5.141,7 4.393,7 4.823,5 3.190,7 3.849,4 3.357,6 3.955,6 3.177,7 3.337,9 2.748,1 4.044,9 4.532,2 4.630,0 3.238,8 2.800,6 1.709,0 1.670,7 2.192,5 2.271,1 3.030,0 1.260,6 3.721,6 2.487,8 3.334,5 2.041,0 3.381,0 3.056,7 1.119,3 2.788,8 2.216,1 2.776,1 3.250,4 1.647,7 3.264,6 304,1 2.570,7 2.727,6 2.979,5 1.458,0 2.400,7 1.488,0
19,8 25,3 100,1 28,3 574,1 84,7 14,1 32,5 7,9 14,6 424,7 11,7 86,0 96,8 49,1 14,3 31,3 13,0 58,4 17,5 16,8 27,2 43,8 65,4 23,8 85,2 70,6 59,6 103,6 93,5 -2,5 64,6 24,6 15,3 11,8 13,9 78,4 40,2 -1,1 11,8 31,4 85,6 52,0 34,8 5,5 21,8 14,4 126,5 117,0 60,5
824,3 555,3 1.063,3 487,8 684,0 381,4 628,6 630,2 606,9 563,5 344,8 690,5 710,2 914,4 742,7 679,1 299,2 461,4 311,6 444,7 385,5 561,5 400,5 309,2 635,0 779,7 97,7 325,5 992,8 1.260,4 104,9 589,0 477,8 432,7 402,1 397,4 1.119,5 294,3 408,5 349,9 373,0 703,4 270,8 277,3 461,9 374,2 424,9 518,1 197,1 90,4
73,2 42,0 122,2 65,5 112,1 25,5 93,1 96,5 25,4 112,7 47,7 62,2 138,3 103,3 47,6 82,5 13,3 87,5 46,4 40,3 8,9 58,2 25,8 23,3 44,7 99,3 8,7 19,6 82,4 93,9 -15,3 59,7 74,1 57,9 68,1 48,9 23,5 50,3 44,3 55,4 39,1 50,6 18,0 12,2 34,0 44,9 27,5 49,6 29,0 6,9
13,0 10,2 13,1 6,9 16,4 3,3 7,7 22,5 4,2 22,8 13,8 0,0 18,4 11,5 8,3 21,8 5,3 36,2 16,3 14,5 2,3 10,4 7,5 9,0 7,1 16,8 11,0 3,4 10,9 9,8 -7,3 7,0 0,0 6,7 32,1 0,0 5,2 24,9 13,9 21,7 13,7 12,1 8,5 7,1 0,0 0,0 8,5 13,2 18,9 11,0
0,2 0,1 0,7 2,0 0,0 7,5 0,9 1,8 2,0 0,0 0,0 2,6 0,5 7,1 2,2 2,2 0,8 5,7 3,1 1,2 15,9 0,0 0,8 0,7 0,0 8,8 0,0 2,0 2,7 5,2 14,2 0,7 11,3 1,7 1,1 0,0 6,4 0,9 4,7 2,4 1,3 0,3 1,9 1,5 1,7 2,4 6,7 0,9 0,5 0,1
5,7 4,9 5,4 5,1 7,0 3,9 7,0 5,9 5,3 1,7 11,3 5,0 7,8 3,1 6,3 5,7 11,7 4,2 3,7 7,1 4,9 4,1 9,9 11,1 6,2 5,2 16,4 8,2 2,8 2,5 5,1 4,9 4,6 3,5 6,9 5,8 0,9 8,0 6,6 6,6 6,3 4,3 1,7 4,1 5,5 4,9 5,0 4,2 12,6 10,2
ESPECIAL
BANCOS RK 07
101
97
102
90
103 102 104 116 105
96
106 147 107 118 108 133 72
110 144 111
-
112 135 113 114 114 109 115 125 116 112 117 130 118 100 119 113 120 131 121 139 122
-
123 122 124 115 125 123 126 129 127 117 128 137 129 110 130
42
131 196 132 132 133 162 134 119 135 104 136 128 137 201 138 166 139 142 140
54
141 241 142 141 143
-
144 127 145 134 146 136 147 177 148 145 149 146 150
-
COLPATRIA HIPOTECARIO DE COSTA RICA IBIBANK BCSC CRUZEIRO DO SUL EXTERIOR CORP. BANCA SOCIETE GENERALE MERCEDES-BENZ PNB PARIBAS IXE CREDICOOP BANCARIBE DE BRASÍLIA, BRB G & T CONTINENTAL CNH CAPITAL CITIBANK BANK OF AMERICA SOFISA CLÁSSICO STANDARD BANK DE CRÉDITO DEL DESARROLLO RURAL GNB SUDAMERIS PATAGONIA SANTANDER CANARIAS FONDO COMÚN BARCLAYS BANKPAR NACIONAL DE CRÉDITO CRÉDITO DEL PERÚ AV VILLAS CUSCATLÁN J. P. MORGAN HSBC DEUTSCHE POPULAR ING BANK A.B.N. AMRO BANK GUAYAQUIL ROYAL BANK OF SCOTLAND HSBC SCOTIABANK NVO. DE SANTA FE LAGE DE LANDEN CARONÍ BANCORO INDUSVAL
PAÍS CO AR CR BR CO BR VE VE BR BR PA MX AR VE BR GT BR CO MX BR BR AR CO GT CO AR CO VE VE BR BR VE PA CO ES MX CH CH CR BR MX EQ CH ES ES AR BR VE VE BR
AT. TOTAL VAR. % AT. CRÉDITOS VAR. % DEPÓSITOS VAR.% PATRIMÔNIO LUC. LUC. ANTES C.VENC./ CRED./ JUN. 08 TOTAL JUN. 08 CRÉDITOS JUN.08 DEPÓSITOS JUN. 08 A JUN. 08 IMPTO./ PATR. C.CRÉD. PATRIM. US$ MILH. 08/07 US$ MILH. JUN. 08 US$ MILH. JUN. 08 US$ MILH. US$ MILH. (%) (%) (Nº VEZES) 3.461,3 3.455,2 3.449,9 3.406,2 3.393,6 3.321,1 3.303,7 3.261,8 3.251,9 3.201,6 3.169,9 3.151,4 3.147,3 3.140,8 3.107,0 3.100,0 3.082,1 3.077,3 3.049,6 3.018,3 2.967,6 2.965,7 2.890,1 2.841,9 2.819,1 2.806,7 2.733,6 2.726,0 2.708,4 2.685,2 2.666,2 2.647,0 2.604,9 2.547,1 2.504,5 2.466,2 2.456,0 2.337,8 2.299,3 2.269,3 2.111,0 2.091,1 2.082,3 2.066,4 2.051,4 2.014,1 2.008,2 1.976,6 1.887,7 1.843,5
16,9 5,9 26,2 47,4 13,4 83,9 47,7 74,0 290,0 67,2 71,0 31,0 25,2 44,0 29,0 53,8 10,1 24,6 69,2 68,3 7,7 36,9 22,9 34,0 38,4 19,7 53,3 8,9 207,3 163,3 34,4 89,5 14,0 -5,5 19,8 151,9 78,2 39,4 -57,6 219,0 20,6 67,0 -0,7 10,7 12,6 69,3 22,6 18,5 134,2
2.583,9 1.445,9 1.934,0 3.251,4 2.459,3 2.333,6 2.202,0 1.711,7 315,0 0,0 2.250,0 1.505,1 1.691,5 1.753,4 1.414,0 1.619,9 2.443,4 2.096,4 250,9 2.003,5 0,4 1.553,1 1.895,9 1.872,2 1.439,7 1.272,2 1.771,0 1.397,5 1.279,7 50,6 273,6 1.493,1 2.371,4 1.695,7 1.599,3 25,9 412,1 N.D. 1.489,3 527,8 54,9 941,5 539,1 1.461,6 1.516,3 1.160,9 1.652,5 731,8 1.068,0 1.115,3
16,8 26,4 47,3 45,9 16,2 110,3 38,4 60,8 -22,7 46,5 40,3 17,1 61,0 38,7 32,7 0,3 -24,4 121,1 35,3 19,3 27,0 33,2 30,0 51,1 25,4 64,9 3,3 -20,2 49,9 44,9 117,1 19,0 -7,6 4,7 45,0 321,5 -47,8 22,5 39,8 1,2 17,2 36,4 50,4 45,8 45,5 124,0
2.225,8 643,9 2.456,9 1.399,3 2.790,9 1.159,0 2.870,2 1.936,5 266,2 0,0 3.071,5 1.749,0 2.682,2 2.717,2 2.421,2 2.162,8 287,0 1.941,3 873,1 1.883,4 0,3 2.181,8 1.884,2 2.222,1 1.467,6 1.607,9 1.605,5 1.420,5 2.028,1 143,4 1.548,6 2.244,8 1.509,2 1.963,6 1.633,8 61,8 807,7 951,1 1.611,8 293,8 100,8 1.552,1 662,3 1.373,8 1.278,2 1.556,3 0,0 1.772,8 1.631,2 924,5
10,9 124,3 23,3 54,1 10,9 188,7 46,2 18,9 9,2 29,3 27,1 47,5 25,2 121,5 -1,8 45,2 101,1 55,0 16,0 32,9 13,4 23,7 21,0 1,5 33,6 9,9 715,0 28,1 76,7 9,9 -4,2 23,5 84,0 138,9 42,1 -9,8 -26,9 25,1 75,6 -1,5 1,7 5,5 22,2 13,3 105,4
341,6 877,4 392,9 485,1 286,8 558,6 277,4 237,4 888,4 313,7 27,0 190,3 280,1 261,4 204,9 267,3 438,0 477,3 246,3 529,7 2.869,2 247,4 441,0 294,6 180,0 461,0 226,5 236,4 222,6 249,7 99,9 228,1 21,4 307,9 353,6 342,8 167,0 129,5 383,4 461,7 69,8 130,9 223,9 273,1 235,4 235,2 209,7 160,7 148,5 269,1
47,6 4,0 28,2 18,7 33,4 22,4 137,7 68,4 17,4 20,1 7,5 9,0 38,5 72,6 43,5 21,4 17,0 36,6 -5,8 34,7 36,3 16,6 32,1 50,5 15,8 27,8 12,4 47,6 42,1 16,6 -5,6 47,8 3,9 22,7 12,5 10,6 1,5 2,7 16,8 62,1 2,3 27,4 5,3 17,0 14,5 36,2 11,4 39,4 39,1 24,2
25,2 7,8 9,9 6,3 19,9 6,2 33,6 14,4 0,0 6,7 27,8 4,6 13,8 13,9 36,7 0,0 1,0 13,7 -2,1 9,5 1,3 11,4 13,7 0,0 15,7 9,2 8,1 10,7 9,5 11,2 -7,4 11,2 18,1 12,9 0,0 1,4 1,1 2,7 6,5 19,3 4,7 21,1 2,7 0,0 0,0 21,6 2,9 12,3 13,2 13,6
4,3 19,1 0,9 32,0 6,5 1,1 0,3 1,8 0,0 0,0 0,7 4,3 1,1 1,8 0,0 14,5 2,8 4,3 1,5 0,0 0,6 1,2 0,0 1,5 9,9 1,3 1,0 1,6 2,3 29,3 1,1 0,0 5,2 3,3 1,8 0,0 0,5 0,2 2,4 1,9 0,8 3,2 2,4 2,9 1,4
7,6 1,6 4,9 6,7 8,6 4,2 7,9 7,2 0,4 0,0 83,3 7,9 6,0 6,7 6,9 6,1 5,6 4,4 1,0 3,8 0,0 6,3 4,3 6,4 8,0 2,8 7,8 5,9 5,7 0,2 2,7 6,5 110,7 5,5 4,5 0,1 2,5 3,9 1,1 0,8 7,2 2,4 5,4 6,4 4,9 7,9 4,6 7,2 4,1
27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 27
101 - 150
109
BANCO
OS MAIORES BANCOS DA AMÉRICA LATINA
RK 08
ESPECIAL
OS MAIORES BANCOS DA AMÉRICA LATINA
BANCOS RK 08
RK 07
151 152 152 159 153 164 154 178 155 143 156 157 157 189
151-200
158 171 159 153 160 243 161
-
162
-
163 190 164 165 165 204 166 188 167 163 168 180 169
-
170 169 171 184 172 175 173 149 174 192 175 151 176 187 177 186 178 209 179 194 180 154 181
62
182 199 183 176 184 173 185 182 186
-
187 181 188
-
189 108 190 183 191 233 192 179 193
71
194 197 195 215 196 206 197 174 198 198 199 234 200 205
BANCO COMERCIAL BHD MORGAN ST. DEAN PACÍFICO AMERICAN EXPRESS WESTLB ABN FALABELLA GLOBAL BANK VENEZOLANO DE CRÉDITO DE AMÉRICA CENTRAL BANCO DEL TESORO MI CASA BOLÍVAR CONFEDERADO SCHAHIN BANREGIO ATLÁNTIDA PRODUBANCO SCOTIABANK BBVA FICOHSA NVO. COMERCIAL PSA FINANCE BAC SAN JOSÉ DE CÓRDOBA AFIRME MERCANTIL STA. CRUZ ITAÚ BUEN AYRE CENTRAL CITIBANK TOYOTA RURAL DE OCCIDENTE HSBC DRESDNER BANK PARANÁ J. SAFRA SUDAMERIS REAL IBM NVO. BISEL BANESE CAJA DE AHORROS BANIF BRASIL CITIBANK DEUTSCHE BANK SANTANDER INVEX BOLIVARIANO SUPERVIELLE INTERNACIONAL
PAÍS
AT. TOTAL VAR. % AT. CRÉDITOS VAR. % DEPÓSITOS VAR.% PATRIMÔNIO LUCRO. LUC. ANTES C.VENC./ CRED./ JUN. 08 TOTAL JUN. 08 CRÉDITOS JUN.08 DEPÓSITOS JUN. 08 A JUN. 08 IMPTO./ PATR. C.CRÉD. PATRIM. US$ MILH. 08/07 US$ MILH. JUN. 08 US$ MILH. JUN. 08 US$ MILH. US$ MILH. (%) (%) (Nº VEZES)
DO BR EQ MX BR UR CH PA VE HN VE VE VE VE BR MX HN EQ CR PA HN UR BR CR AR MX BO AR VE VE BR BR HN HN BR BR BR BR BR AR BR PA BR PE MX UR MX EQ AR EQ
28 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
1.813,7 1.579,0 6,0 1.793,4 1.758,1 33,4 1.741,7 48,3 5,2 1.734,9 19,7 1.701,1 57,6 1.694,0 1.680,1 35,3 1.668,6 14,0 13,0 1.640,1 1.636,1 1.588,5 47,7 1.585,3 1.585,2 20,8 1.557,1 54,6 1.547,0 43,8 15,4 1.543,6 35,1 1.541,8 1.540,7 283,8 21,5 1.517,2 1.482,5 36,5 19,6 1.465,5 1.464,5 101,0 1.463,1 38,2 -2,8 1.458,1 1.455,3 33,9 1.401,5 28,8 1.379,5 54,5 1.377,0 33,0 -5,1 1.376,7 1.366,9 104,3 41,4 1.352,3 13,9 1.351,1 11,3 1.350,0 1.345,8 20,9 67,8 1.342,6 16,7 1.327,2 1.322,4 29,7 1.309,4 63,8 17,7 1.308,1 1.276,3 58,9 10,1 1.272,2 57,6 1.268,8 21,6 1.223,0 41,0 1.211,1 1.208,2 32,2 -1,9 1.203,3 1.201,2 20,9 1.184,4 68,4 1.179,3 28,5
855,0 0,0 615,0 1.284,9 379,6 1.077,7 1.071,5 1.152,4 797,3 1.020,6 202,6 780,9 831,1 699,6 673,0 1.319,4 1.072,2 664,1 1.194,2 1.301,9 896,7 964,5 1.293,3 998,0 690,3 782,2 650,4 916,3 682,7 423,9 1.019,2 653,0 721,7 831,5 269,6 880,3 785,0 12,4 1.183,9 619,3 317,3 854,8 428,5 556,1 N.D. 821,3 783,0 568,6 591,6 676,1
1.647,0 -12,6 26,8 -5,5 -5,2 13,4 39,6 44,5 16,7 24,5 34,2 67,7 44,2 35,5 5,9 290,8 32,9 48,9 82,1 47,6 72,8 20,8 20,6 59,6 30,4 7,2 68,9 41,5 38,8 17,5 -2,2 101,3 34,9 154,7 62,7 46,3 67,3 0,4 42,6 -13,8 5,9 18,5 11,3 36,9 12,6
982,6 0,0 1.436,5 1.010,3 198,6 1.526,9 890,3 1.205,5 1.387,0 935,2 1.394,0 1.143,6 1.385,7 1.199,7 963,1 1.168,3 1.066,1 1.225,6 0,0 1.278,9 859,6 1.234,1 954,6 1.056,0 1.210,5 1.200,1 1.234,4 1.029,6 1.198,0 1.018,4 966,1 783,9 1.088,7 788,6 870,1 86,8 618,6 0,5 538,6 625,7 1.084,8 930,3 387,7 605,4 3,5 1.107,4 775,2 1.013,9 925,5 1.024,8
2.442,6 37,4 19,3 -55,1 16,8 44,8 32,7 8,1 9,2 49,6 86,0 77,7 66,9 19,2 45,4 25,7 23,6 19,3 58,7 37,7 -1,5 32,8 31,3 72,1 43,2 -6,5 76,0 40,1 13,2 19,9 16,0 -74,4 30,9 3,6 21,6 4,8 63,4 17,6 21,3 21,3 30,4 9,0 28,1 59,8 32,2
163,7 525,3 210,2 182,5 282,2 174,2 149,6 161,5 178,2 109,5 166,4 122,6 119,8 91,4 233,7 183,2 110,3 130,8 127,1 194,2 84,5 231,4 152,6 120,5 101,3 164,1 93,7 130,4 77,6 223,2 107,3 231,1 88,4 100,8 193,0 501,4 136,8 1.189,0 79,1 409,0 76,3 165,2 51,4 191,1 197,5 100,8 171,2 89,6 108,0 101,3
31,3 48,2 30,4 -2,7 14,8 14,1 9,3 20,0 93,9 6,1 26,0 37,3 21,8 21,9 15,3 11,9 18,3 14,9 5,8 23,2 15,1 3,1 10,2 18,9 16,9 7,9 13,0 2,3 10,7 111,8 12,3 24,8 12,0 13,1 -10,1 30,4 -15,3 38,2 -20,3 40,9 10,9 8,5 2,4 30,1 16,4 9,8 1,3 10,1 4,8 13,0
23,5 15,1 18,1 -2,0 3,0 11,3 7,4 12,4 33,3 0,0 13,8 15,2 9,2 12,4 6,2 10,1 0,0 17,5 0,0 12,0 0,0 1,3 9,2 21,6 16,6 6,0 14,4 1,7 7,4 26,2 15,9 9,2 0,0 0,0 -6,4 8,9 -16,9 4,6 14,3 0,0 20,4 5,1 6,0 22,6 12,7 10,3 -3,2 18,3 10,9 13,0
2,2 0,8 7,4 0,0 0,1 0,3 0,0 0,6 4,5 2,2 4,5 1,1 4,7 1,4 1,4 0,6 1,2 0,0 0,6 0,3 1,9 0,7 1,3 2,6 0,7 0,3 1,6 1,5 0,4 3,9 2,0 2,0 0,0 8,5 1,5 2,5 0,3 7,2 3,5 0,0 1,8 2,0 0,2 5,3 0,7 7,1 0,5
5,2 0,0 2,9 7,0 1,3 6,2 7,2 7,1 4,5 9,3 1,2 6,4 6,9 7,7 2,9 7,2 9,7 5,1 9,4 6,7 10,6 4,2 8,5 8,3 6,8 4,8 6,9 7,0 8,8 1,9 9,5 2,8 8,2 8,2 1,4 1,8 5,7 0,0 15,0 1,5 4,2 5,2 8,3 2,9 2,5 8,2 4,6 6,3 5,5 6,7
ESPECIAL
BANCOS RK 07
201 203 202 221 203 202 204 195 205
56
206
-
207 216 208 222
210 218 211
-
212
-
213 160 214 214 215 191 216 240 217 210 218 208 219 237 220 212 221 185 222 226 223 211 224 213 225
69
226
-
227
-
228 223 229 231 230 238 231 232 232
-
233
-
234 193 235
-
236
-
237 236 238
-
239 230 240
-
241 235 242
82
243 228 244 227 245
-
246 244 247 217 248
-
249
-
250
-
PAÍS
GUAYANA CACIQUE INTERAMER. DE FINANZAS AGROMERCANTIL JOHN DEERE MULTIBANK HSBC ALIADO CREDIT SUISSE NACIONAL DE BOLIVIA BANPRO SOFITASA BANPARÁ REFORMADOR INDUSTRIAL CREDIT URUGUAY DEL PAÍS JP MORGAN CHASE DE AMÉRICA CENTRAL BANISTMO MIFEL COMAFI DE LA PRODUCCIÓN SCOTIABANK BGN BANESCO SA NOVA SCOTIA ES BANK BISA DEL SUR CRÉDITO DE VIVIENDA DEUTSCHE BANK CUSCATLÁN FEDERAL LEON CITIBANK MONEX FINANCIERO GNB GTC BANK GENERAL BICSA BANCENTRO AGRÍCOLA DE VENEZUELA BBVA BANCOMER SERVICIOS G.E. MONEY RABOBANK CHILE VE POR MÁS CREDICORP
VE BR PE GT BR PA CR PA BR BO VE VE BR GT BR UR HN CL ES CO MX AR NI DO BR PA PA PA BO VE BO PA AR PA VE DO PA MX PE PA PA PA PA NI VE MX MX CH MX PA
AT. TOTAL VAR. % AT. CRÉDITOS VAR. % DEPÓSITOS VAR.% PATRIMÔNIO LUC. LUC. ANTES C.VENC./ CRED./ JUN. 08 TOTAL JUN. 08 CRÉDITOS JUN.08 DEPÓSITOS JUN. 08 A JUN. 08 IMPTO./ PATR. C.CRÉD. PATRIM. US$ MILH. 08/07 US$ MILH. JUN. 08 US$ MILH. JUN. 08 US$ MILH. US$ MILH. (%) (%) (Nº VEZES) 32,3 742,7 28,5 15,3 0,7 1.177,6 24,5 668,5 11,1 95,7 7,0 92,5 736,1 -8,4 -12,9 6,2 1.171,8 39,4 961,9 57,6 157,1 6,1 21,0 21,1 769,7 6,4 13,0 0,3 1.169,9 791,0 17,0 71,4 11,1 16,1 25,2 882,9 14,0 0,0 0,0 1.162,1 723,4 18,6 99,9 7,2 23,8 3,5 17,3 14,3 0,3 1.151,4 53,6 959,9 -63,8 146,7 6,5 850,2 7,8 7,0 0,0 1.151,1 697,9 110,9 6,3 44,1 853,4 5,9 0,0 2,1 1.114,5 30,0 832,9 32,3 92,9 9,0 41,3 857,2 15,1 15,8 0,0 1.104,4 36,4 733,1 37,3 95,3 7,7 2.567,1 7,0 6,4 1,6 1.094,8 29,8 2.007,9 876,1 49,0 169,7 11,8 27,0 17,1 927,6 8,7 11,3 1,3 1.082,0 539,5 30,3 76,7 7,0 955,9 24,8 18,7 2,9 1.062,2 454,9 68,8 6,6 858,9 24,7 19,0 1,5 1.051,6 516,8 76,4 6,8 88,3 887,8 9,9 18,1 1,2 1.050,9 48,7 222,2 49,7 79,2 2,8 22,1 32,8 716,3 9,0 0,0 0,0 1.027,9 635,3 24,9 94,6 6,7 -2,5 69,1 733,5 14,2 8,1 1,2 1.023,7 859,0 -11,7 230,9 3,7 42,4 946,4 2,1 5,3 0,3 1.005,2 50,9 712,0 52,0 58,8 12,1 16,3 658,2 10,4 0,0 0,2 997,6 14,4 730,4 12,4 63,9 11,4 11,2 102,9 38,1 14,3 997,0 28,2 324,4 -9,7 317,0 0,1 51,6 626,0 6,4 0,0 1,6 995,7 48,0 703,8 42,6 105,7 6,7 12,7 -6,9 748,1 -4,3 -15,6 3,7 980,7 612,6 15,2 71,0 8,6 32,9 537,5 -1,2 0,9 2,4 978,7 -10,7 545,4 92,4 5,9 29,9 654,4 12,6 205,7 4,9 973,9 30,5 416,6 47,2 73,1 5,7 13,3 24,1 756,2 9,9 0,0 2,0 972,7 494,3 11,6 83,3 5,9 23,1 812,4 18,2 14,7 4,9 970,4 12,6 635,5 11,3 123,5 5,1 24,8 628,7 20,2 19,3 2,9 957,3 -19,2 617,0 33,8 120,8 5,1 836,7 11,6 11,7 0,0 945,8 143,0 98,6 1,4 835,8 6,8 53,0 0,0 945,7 798,4 12,9 62,0 19,7 30,2 322,1 2,2 5,3 0,0 928,5 909,4 52,8 40,4 22,5 30,1 13,6 701,1 9,5 - 8,7 0,6 924,5 447,4 12,1 109,4 4,1 35,1 81,6 771,7 12,1 7,3 2,2 908,4 412,9 38,5 83,1 5,0 9,3 740,5 14,3 18,2 0,5 898,7 26,7 451,4 15,5 85,1 5,3 718,3 4,9 5,8 0,0 896,4 467,0 85,1 5,5 10,4 127,6 191,3 4,1 9,5 887,6 77,6 -22,6 97,2 0,8 -3,2 755,7 1,9 2,6 0,0 883,1 -14,8 689,0 -6,6 71,1 9,7 808,6 0,1 0,1 865,8 0,0 41,9 0,0 657,4 1.165,2 1,5 3,9 2,2 859,5 566,3 522,2 555,6 63,0 8,3 30,8 756,6 7,4 16,3 0,0 856,7 24,6 371,0 20,9 45,5 8,1 96,8 18,7 34,4 1,5 829,3 109,0 77,4 1,4 20,6 467,5 6,2 10,1 1,2 822,3 15,2 534,3 9,4 98,8 5,4 677,0 4,3 5,9 0,0 814,9 577,6 73,4 7,9 17,6 11,1 677,0 4,3 5,9 0,0 814,9 577,6 31,7 73,4 7,9 -74,3 521,0 2,9 3,0 0,0 804,6 -78,5 645,1 -81,3 96,4 6,7 11,3 37,4 521,0 2,9 3,0 0,0 804,6 645,1 2,6 96,4 6,7 9,8 33,4 597,2 8,5 0,0 1,2 801,2 472,9 5,3 73,4 6,4 180,3 4,9 2,2 1,1 794,4 338,5 165,4 2,1 N.D. 76,2 13,7 793,1 29,7 N.D. 758,7 -9,5 -18,1 8,7 -9,4 -7,0 7,3 773,2 607,4 377,2 174,4 3,5 132,3 -1,0 -1,8 1,9 769,4 347,6 73,7 4,7 405,5 3,6 6,2 1,8 766,3 578,1 79,6 7,3 642,4 10,9 16,7 0,0 748,9 425,7 65,3 6,5 27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 29
201-250
209 220
BANCO
OS MAIORES BANCOS DA AMÉRICA LATINA
RK 08
ESPECIAL
BANCOS
{ranking América Central}
A CULPA É DO SÓCIO GRINGO
C
>> O sistema bancário centro-americano crescia como nunca. Mas os estreitos vínculos com os EUA nublam seu futuro
iti, HSBC e Scotiabank são apenas algumas das reconhecidas corporações globais que nos últimos anos fincaram seus pés na América Central. Um processo que se deu paralelamente à internacionalização dos bancos locais e quando se registraram impressionantes taxas de rentabilidade. O boom das remessas e do investimento em infra-estrutura requereu sofisticados serviços bancários. Não obstante, ninguém ficará imune à crise. Os bancos que aparecem como mais sólidos são os panamenhos, que lideram a lista dos dez maiores bancos centro-americanos, e ocupam os primeiros lugares entre os melhores. Além disso, os panamenhos alcançaram uma importante quantidade de ativos que lhes permite aparecer em boas posições entre os maiores bancos da América Latina – há 53 bancos centro-americanos no ranking regional. “No Panamá, a maior parte do financiamento é local. Oitenta e três por cento são depósitos, dos quais 80% são internos”, diz Ernesto Bazán, gerente da classificadora de risco Equilibrium, no Panamá.
Além disso, a economia local está passando por um bom momento. A qualidade da carteira é a melhor dos últimos anos, e o índice de morosidade está em 2,5%. “No Panamá, existe um Banco Central que pode ser o último recurso dos bancos em caso de problemas”, diz o analista. Além disso, este ano houve uma reforma para adotar as recomendações de Basiléia 2. No restante do istmo a liquidez é mais baixa e os bancos dependem do desempenho de cada Banco Central. Outros países menos privilegiados são Guatemala e El Salvador, pela dependência das remessas que seus compatriotas enviam, principalmente dos EUA. Não obstante, aqueles que têm os mercados de capitais mais desenvolvidos – ainda que pouco – podem sair em vantagem. Trata-se principalmente do Panamá, da Costa Rica e de El Salvador. Prevendo esse cenário, o BID emprestará US$ 500 milhões a cada Banco Central dos países do istmo centro-americano (e do Caribe, num crédito total de US$ 6 bilhões), com o objetivo de injetar liquidez conforme a necessidade.Q
O ANTES E O DEPOIS
NADA MAL
Percepção da qualidade dos serviços dos bancos Notas de 1 a 10
Opiniões sobre o sistema financeiro Notas de 1 a 10
PRÉ-VENDA PÓS-VENDA
FONTE: AMÉRICAECONOMIA INTELLIGENCE
10
10
8,5
8,4 7,5
7,4 7
6,8
7,7 7,8
7,5
7,2
6,8
8,0 7,3
8,4
8,8
7,3
7
6,4
4
4
1
1 C.RICA
RK 08 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
TRANSPARÊNCIA SEGURANÇA
FONTE: AMÉRICAECONOMIA INTELLIGENCE
EL SAL.
GUA
BANCOS
PAÍS
BLADEX BAC. INTL. PNB PARIBAS .PA. PRIMER BANCO DEL ISTMO HSBC .PA. BANCOLOMBIA BANCO AGRÍCOLA INDUSTRIAL SCOTIABANK. SV. HSBC. SV.
PA PA PA PA PA PA ES GT ES ES
RENTAB. ROE.08 14,1 32,8 55,6 17,8 16,1 23,1 14,7 24,6 12,3 12,5
PAN
EFICIÊNCIA OPERACIONAL (1) 90,0 78,4 80,9 75,9 74,5 57,4 65,5 90,0 52,5 65,5
(1) ÍNDICE EM BASE 100 (2) EM US$ MILHÕES (3) ÍNDICE DO WEF 2008-09
30 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
C.RICA
RISCO % CART. VEN. 3,7 1,7 0,2 1,9 2,4
EL SAL.
GUA
SOLVÊNCIA LIQUIDEZ TAMANHO PATR. / CART. CRED. DISP. / DEPOS. CARTEIRA CRÉDITOS (2) 20,1 16,01 3.965,0 31,4 14,29 4.786,2 27,3 1,20 2.250,0 19,7 14,96 5.326,7 22,0 14,48 8.329,2 0,7 21,86 12.198,8 20,7 18,19 2.539,3 0,7 17,20 2.310,6 17,1 15,53 1.516,3 16,3 18,68 1.461,6
PAN
SOLIDEZ DO SISTEMA (3) 88,8 88,8 88,8 88,8 88,8 88,8 83,8 67,0 83,8 83,8
ESPECIAL
BANCOS RK 07
1
12
2
1 23 20
5
2
6
3
7
5
8
6
9
4
10
8
11
9
12
11
13
57
14
14
15
15
16
21
17
13
18
18
19
16
20
17
21
56
22
25
23
19
24
22
25
52
26
24
27
29
28
30
29
27
30
26
31
28
32
32
33
58
34
37
35
39
36
38
37
34
38
47
39
36
40
35
41
59
42
60
43
40
44
61
45
31
46
55
47
46
49
45
48
62
50
7
HSBC PRIMER BCO. DEL ITSMO BAC. INTERNACIONAL BANCOLOMBIA NACIONAL NACIONAL BLADEX INDUSTRIAL DE RESERVAS POPULAR DOMINICANO BANCO AGRICOLA DE COSTA RICA PNB PARIBAS G & T CONTINENTAL DEL DESARROLLO RURAL CRÉDITO DEL PERÚ CUSCATLÁN POPULAR HSBC SCOTIABANK COMERCIAL BHD GLOBAL BANK DE AMÉRICA CENTRAL ATLÁNTIDA SCOTIABANK BBVA FICOHSA BAC. SAN JOSÉ DE OCCIDENTE HSBC CAJA DE AHORROS AGROMERCANTIL MULTIBANK HSBC ALIADO REFORMADOR DEL PAÍS DE AMÉRICA CENTRAL DE LA PRODUCCIÓN SCOTIABANK BANESCO SA NOVA SCOTIA ES BANK DE VIVIENDA CUSCLATÁN LEON CITIBANK GTC BANK GNB GENERAL
PAÍS PA PA PA PA CR PA PA GT DO DO ES CR PA GT GT PA ES CR ES ES DO PA HN HN CR PA HN CR HN HN PA GT PA CR PA GT HN ES NI DO PA PA PA PA PA DO PA PA PA PA
AT. TOTAL VAR. % AT. CRÉDITOS VAR. % DEPÓSITOS VAR.% PATRIMÔNIO LUCRO. LUC. ANTES C.VENC./ CRED./ JUN. 08 TOTAL JUN. 08 CRÉDITOS JUN.08 DEPÓSITOS JUN. 08 A JUN. 08 IMPTO./ PATR. C.CRÉD. PATRIM. US$ MILH. 08/07 US$ MILH. JUN. 08 US$MILH. JUN. 08 US$ MILH. US$ MILH. (%) (%) (Nº VEZES) 12.199,4 7.485,0 6.876,9 6.212,1 5.462,4 5.383,5 5.322,0 4.489,7 4.156,3 4.065,3 3.818,6 3.449,9 3.169,9 3.100,0 2.841,9 2.604,9 2.504,5 2.299,3 2.066,4 2.051,4 1.813,7 1.680,1 1.640,1 1.543,6 1.540,7 1.517,2 1.482,5 1.463,1 1.351,1 1.350,0 1.272,2 1.162,1 1.151,1 1.114,5 1.104,4 1.027,9 997,6 995,7 972,7 970,4 945,8 945,7 928,5 896,4 883,1 859,5 856,7 814,9 814,9 804,6
351,6 4,5 446,1 335,3 18,5 21,4 34,9 19,2 5,0 14,1 10,2 26,2 29,0 22,9 89,5 -5,5 39,4 -0,7 10,7 1.579,0 35,3 13,0 15,4 283,8 21,5 36,5 38,2 13,9 11,3 10,1 16,1 30,0 36,4 22,1 14,4 48,0 13,3 12,6 19,7 -14,8 566,3 24,6 17,6 -78,5
8.329,2 5.326,7 4.786,2 3.910,4 3.138,8 2.305,7 3.965,0 2.310,6 2.683,4 2.303,8 2.539,3 1.934,0 2.250,0 1.619,9 1.872,2 2.371,4 1.599,3 1.489,3 1.461,6 1.516,3 855,0 1.152,4 1.020,6 1.072,2 1.194,2 1.301,9 896,7 998,0 721,7 831,5 854,8 723,4 697,9 832,9 733,1 635,3 730,4 703,8 494,3 635,5 143,0 798,4 909,4 467,0 689,0 522,2 371,0 577,6 577,6 645,1
662,1 117,0 1.045,3 476,5 108,3 26,6 54,4 -7,5 50,1 27,8 18,2 42,0 98,8 134,7 322,8 1,0 98,7 9,7 25,5 76,4 92,3 427,5 105,7 54,4 117,1 121,5 104,5 51,1 20,0 84,1 63,8 98,6 101,4 107,2 114,6 34,3 61,7 56,4 35,5 51,2 30,6 -67,0
9.499,4 5.514,9 4.405,2 4.393,7 4.044,9 4.630,0 1.709,0 3.056,7 2.216,1 2.776,1 2.570,7 2.456,9 3.071,5 2.162,8 2.222,1 1.509,2 1.633,8 1.611,8 1.373,8 1.278,2 982,6 1.205,5 935,2 1.066,1 0,0 1.278,9 859,6 1.056,0 1.088,7 788,6 930,3 882,9 850,2 853,4 857,2 716,3 658,2 626,0 756,2 812,4 836,7 835,8 322,1 718,3 755,7 657,4 756,6 677,0 677,0 521,0
573,2 81,7 847,9 648,8 42,0 56,1 43,5 110,6 36,2 68,3 20,7 52,4 38,8 68,8 123,2 -21,9 65,7 12,7 12,9 56,6 82,9 307,3 44,6 82,1 50,5 100,8 37,9 49,4 36,6 88,2 51,8 107,0 108,9 47,3 126,3 12,4 143,9 404,3 31,5 58,8 36,6 -76,7
1.205,9 797,0 684,0 344,8 444,7 561,5 635,0 397,4 408,5 349,9 461,9 392,9 27,0 267,3 294,6 21,4 353,6 383,4 273,1 235,4 163,7 161,5 109,5 110,3 127,1 194,2 84,5 120,5 88,4 100,8 165,2 99,9 110,9 92,9 95,3 94,6 63,9 105,7 83,3 123,5 98,6 12,9 40,4 85,1 71,1 63,0 45,5 73,4 73,4 96,4
96,8 70,8 112,1 47,7 40,3 58,2 44,7 48,9 44,3 55,4 34,0 28,2 7,5 21,4 50,5 3,9 12,5 16,8 17,0 14,5 31,3 20,0 6,1 18,3 5,8 23,2 15,1 18,9 12,0 13,1 8,5 14,0 7,8 5,9 15,1 9,0 10,4 6,4 9,9 18,2 11,6 6,8 2,2 4,9 1,9 1,5 7,4 4,3 4,3 2,9
8,0 8,9 16,4 13,8 14,5 10,4 7,1 0,0 13,9 21,7 0,0 9,9 27,8 0,0 0,0 18,1 0,0 6,5 0,0 0,0 23,5 12,4 0,0 0,0 0,0 12,0 0,0 21,6 0,0 0,0 5,1 0,0 7,0 0,0 15,8 0,0 0,0 0,0 0,0 14,7 11,7 53,0 5,3 5,8 2,6 3,9 16,3 5,9 5,9 3,0
0,0 0,0 0,0 0,0 1,2 0,0 0,0 0,0 4,7 2,4 1,7 0,9 0,0 0,0 0,0 0,0 3,3 1,8 2,4 1,9 2,2 0,0 1,4 1,2 0,0 0,6 0,7 2,0 2,0 0,0 0,0 0,0 2,1 0,0 0,0 0,2 1,6 2,0 4,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,2 0,0 0,0 0,0 0,0
6,9 6,7 7,0 11,3 7,1 4,1 6,2 5,8 6,6 6,6 5,5 4,9 83,3 6,1 6,4 110,7 4,5 3,9 5,4 6,4 5,2 7,1 9,3 9,7 9,4 6,7 10,6 8,3 8,2 8,2 5,2 7,2 6,3 9,0 7,7 6,7 11,4 6,7 5,9 5,1 1,4 62,0 22,5 5,5 9,7 8,3 8,1 7,9 7,9 6,7
27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 31
1-50
3 4
BANCO
OS MAIORES BANCOS DA AMÉRICA CENTRAL
RK 08
ESPECIAL
BANCOS
{pesquisa}
O QUE VOCÊ ACHA DO SEU BANCO?
AméricaEconomia Intelligence promoveu uma pesquisa entre executivos para medir sua percepção sobre os bancos de cada país ÀS ORDENS
MARCA, O INTANGÍVEL - II
Qual é o banco que oferece melhor serviço em seu país? Taxa de respostas de votos favoráveis
Qual é o banco de maior prestígio em seu país? Taxa de respostas positivas. Países latino-americanos, sem Am. Central
FONTE: AMÉRICAECONOMIA INTELLIGENCE
FONTE: AMÉRICAECONOMIA INTELLIGENCE
SANTANDER-RÍO
15%
ITAÚ
BRA
19%
CHI
DE CHILE/CITI
55%
SANTANDER STGO.
11%
BANCOLOMBIA
PICHINCHA
EQU
19%
BANAMEX BANCOMER
19%
42%
CRÉDITO
MÉX
20% 16% 20% 18% 11% 11% 24% 21% 18% 15%
40%
GUAYAQUIL
EQU
29%
12%
MÉX
COL
21%
62%
CITIBANK
11%
75%
CONTINENTAL BBVA
11%
MERCANTIL
61%
PER
BANESCO
22% 0%
20%
40%
60%
80%
PROVA DOS 9
24% 40%
60%
Percepção da qualidade do serviço dos bancos Notas de 1 a 10
VEN
61% 20%
21%
BRADESCO
42%
0%
30%
DO BRASIL
CHI
13% 12% 19% 19% 18% 10%
ARG
15%
BRA
34%
28%
NACIÓN
COL
ARG
CITIBANK N.A.
PER
26% 13% 12% 11%
VEN
SANTANDER-RÍO FRANCÉS CITIBANK N.A. ITAÚ BUEN AYRE ITAÚ ABN BRADESCO DE CHILE/CITI SANTANDER STGO. BCI SECURITY BANCOLOMBIA CITIBANK DAVIVIENDA PRODUBANCO GUAYAQUIL PACÍFICO IXE BANAMEX BANORTE SCOTIABANK INVERLAT CRÉDITO INTERBANK CONTINENTAL BBVA SCOTIABANK MERCANTIL BANESCO
PRÉ-VENDA PÓS-VENDA
FONTE: AMÉRICAECONOMIA INTELLIGENCE
80% 10
7,9
MARCA, O INTANGÍVEL - I
6,8
Qual é o banco de maior prestigio em seu país? Taxa de respostas positivas, América Central
7
6,8 6,4 6,3
7,2 6,7
7,3 6,6 6,2
7,3 7,1 6,4 7,2 7,0 6,8 6,9 6,8 6,6 6,4
6,2 5,6
FONTE: AMÉRICAECONOMIA INTELLIGENCE
AGRÍCOLA COMERCIAL
EL SAL
56%
DE AMÉRICA CENTRAL
16%
CUSCATLÁN
12%
SCOTIABANK
12%
4
1 ARG BOL
G&T CONTINENTAL
BRA
CHI
COL
EQU MÉX
PAR
PER
URU VEN
32%
AGROMERCANTIL 18%
DEL DESAROLLO RURAL
UM POR TODOS...
GUA
30%
INDUSTRIAL
Opiniões sobre seu sistema financeiro Notas de 1 a 10
14%
GENERAL
76% 5% 5%
MULTICREDIT
5%
NACIONAL
5%
10 PAN
BICSA GLOBAL BANK
TRANSPARÊNCIA
FONTE: AMÉRICAECONOMIA INTELLIGENCE 8,1
7,9
7,5 7,0 7,5
8,6 7,5
SEGURANÇA 7,9
8,3 7,3
7,1
6,7
7,8 7,9 7,7 7,7 7,7 7,6 7,4 7,1 7,0 7,0
7
BAC. SAN JOSÉ
C. RIC
59%
DE COSTA RICA
19%
HSBC
11%
NACIONAL
7% 0%
4
1 20%
32 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
40%
60%
80%
ARG BOL
BRA
CHI
COL
EQU
MÉX
PAR
PER
URU VEN
ESPECIAL
BANCOS
N
{FUNDOS DE PENSÃO}
COMO APOSENTAR
>> Pode ser um mau ano para a indústria financeira, mas não para as AFPs. Elas já somam 50 milhões de afiliados em toda a América Latina e administram US$ 560 bilhões
{Felipe Aldunate M.}
inguém disse que a vida era justa. Enquanto nossas economias depositadas em fundos de pensões sofrem com a forte queda das bolsas de todo o mundo nos últimos meses, que afeta seu valor e rentabilidade acumulados nos últimos anos, o negócio de quem os administra segue firme. Basta olhar o ranking das 100 maiores administradoras de fundos de pensão da América Latina. A lista combina administradoras privadas abertas como as AFPs peruanas e chilenas, com as Afores mexicanas, as aAFJP argentinas, bem como fundos de pensão de grandes empresas como as brasileiras Previ e Petros, que administram os fundos dos empregados do Banco do Brasil e da Petrobras, respectivamente, e que incluem seguros e outros serviços financeiros para seus afiliados e dependentes. E ainda que para listá-las ocupamos o último dado disponível em cada mercado no fechamento desta adição, a conclusão salta aos olhos: os valores administrados por estas instituições financeiras continuam crescendo. Os relacionados à esta lista das 100 maiores cresceu 23%, de US$ 511 bilhões para US$ 630 bilhões. Seja por obrigação legal ou por aportes voluntários, já são 50 milhões os latino-americanos que estão usando esse sistema de contas individuais para administrar uma poupança para sua aposentadoria. Antes, muitos deles desconfiavam do sistema financeiro, e por isso dependiam de seus filhos ou do apoio do Estado para conseguir recursos em sua velhice. Para as administradoras, o negócio é cobrar uma comissão pela gestão dessas economias e não obter uma participação na rentabilidade conquistada. Por isso, agora o sistema será posto à prova. Tal como acontece na Argentina, veremos se ele manterá sua legitimidade, apesar da queda no valor de suas economias, enquanto cresce o número de afiliados e suas cotizações. Q
LISTA DE CONVIDADOS
ASSANDO O BOLO
Tamanho relativo do mercado de futuros aposentados por país, junho 2007 (círculo interno) e junho 2008 (externo)
Tamanho relativo dos fundos por país junho 2007 (círculo interno) e junho 2008 (externo)
MÉXICO ARGENTINA CHILE COLÔMBIA PERU BRASIL COSTA RICA EL SALVADOR OUTROS
FONTE: CIFRAS OFICIAIS DE CADA PAÍS
4,0%
49,6 MILHÕES DE AFILIADOS
3,3% 3,2% 3,7% 3,2% 3,2%
3,9%
3,9% 8,2%
FONTE: CIFRAS OFICIAIS DE CADA PAÍS
3,8%
EM JUNHO DE 2008 US$ 563,8 BILHÕES
2,1%
5,0%
2,1% 4,0% 4,9%
5,8%
24,9%
BRASIL CHILE MÉXICO ARGENTINA COLÔMBIA PERU OUTROS
6,2%
24,8%
45,4%
8,5%
49,2%
15,1% 16,3%
15,2%
16,5% 19,1%
21,6% 21,1%
16,6%
US$ 475,1 BILHÕES
48,8 MILHÕES DE AFILIADOS ATIVOS 19,0% 16,1%
27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 33
ESPECIAL
BANCOS AS 100 MAIORES ADMINISTRADORAS DE FUNDOS DE PENSÃO DA AMÉRICA LATINA, POR FUNDOS ADMINISTRADOS RK
COMPANHIA
PAÍS
MÊS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
PREVI BBVA PROVIDA HABITAT PETROS CAPITAL FUNCEF CUPRUM BANAMEX BANCOMER ING FUNDAÇÃO CESP PROFUTURO GNP INBURSA PORVENIR PROTECCIÓN INTEGRA PRIMA VALIA ITAUBANCO MET ORÍGENES CONSOLIDAR SISTEL CENTRUS BANESPREV BANORTE GENERALI XXI HORIZONTE NACIÓN HORIZONTE FORLUZ CITICOLFONDOS INVERCAP REAL GRANDEZA MÁXIMA PRINCIPAL PLANVITAL ARAUCA BIT FAPES ING HSBC PROFUTURO FUNDAÇÃO COPEL CX EMPR USIMINAS POSTALIS HSBC FUNDO DE PENSAO CBS VISÃO PREV TELOS REPÚBLICA
BR CH CH BR CH BR CH MX MX MX BR MX MX CO CO PE PE BR BR AR AR AR BR BR BR MX MX PE AR CO BR CO MX BR AR MX CL AR BR CO MX PE BR BR BR BR BR BR BR UR
Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Aug-08 Aug-08 Aug-08 Jun-08 Aug-08 Aug-08 Jun-08 Jun-08 May-08 May-08 Jun-08 Jun-08 Jul-08 Jul-08 Jul-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Aug-08 Aug-08 May-08 Jul-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Aug-08 Jun-08 Jul-08 Ago-08 Jun-08 Jul-08 Jun-08 Jun-08 Ago-08 Ma-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08
34 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
US$MILH. FUNDOS 85.727 33.094 25.909 25.829 23.969 20.969 20.668 16.352 13.967 11.069 9.801 9.355 7.846 7.654 6.981 6.910 6.829 6.528 6.057 6.020 5.905 5.903 5.868 5.732 5.578 5.548 5.304 4.927 4.912 4.778 4.447 4.028 3.961 3.914 3.807 3.591 3.470 3.408 3.345 3.332 3.081 3.003 2.878 2.596 2.573 2.484 2.400 2.371 2.303 2.243
Var. % 41,6 7,2 9,1 40,5 1,4 43,9 9,9 12,7 6,6 127,0 43,0 15,0 -11,6 22,7 20,7 11,4 18,2 38,1 33,2 7,4 4,9 7,4 24,2 31,1 35,5 1,8 13,6 10,5 13,7 19,5 39,1 18,0 163,3 38,3 4,6 10,8 2,6 14,0 36,8 16,0 -1,4 11,5 34,2 45,9 39,5 37,3 99,1 29,8 37,2 35,7
Nº AFILIADOS 85.926 3453603 2008478 64.076 1810949 65.239 566387 241.303 820.525 1.138.150 17.408 45.036 2.185.261 1.539.944 1.105.157 1.101.770 1.035.703 51.175 30.221 1.359.232 1.803.005 1.320.934 2.149 120 7.554 689.977 1.387.587 1.121.758 925.767 1.773.593 10.668 1.292.443 529.022 5.648 1.017.341 1.390.944 401064 1.155.037 2.206 2.412.484 527.595 950.600 9.090 16.458 181.569 64.598 11.464 14.131 7.167 301.948
RK
COMPANHIA
PAÍS
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100
ELETROCEEE FUNDAÇÃO ATLÂNTICO IBM METLIFE ECONOMUS FACHESF FUTURO DE BOLIVIA FUNBEP CONFIA FUNDAÇÃO REFER BBVA PREVISIÓN CRECER ELETROS CERES SERPROS SKANDIA CAPEF PSS AZTECA CELOS FIBRA CITIPREVI ATTILIO FONTANA BB PREVIDÊNCIA FUNDAÇÃO BANRISUL FUSESC UNILEVERPREV FUNDAÇÃO 14 UNIDOS FUNDAÇÃO ITAUSA COPPEL ELOS GEAP MULTIPREV VOLKSWAGEN ACOS PREVISOL FEMCO INFRAPREV SABESPREV PREVIMINAS FUNSSEST BANDEPREV FUNDAÇÃO BRTPREV INSTITUTO AMBEV AFINIDAD PREVIRB BRASLIGHT UNIÓN CAPITAL GERDAU
BR BR BR MX BR BR BO BR ES BR BO ES BR BR BR CO BR BR MX BR BR BR BR BR BR BR BR BR AR BR MX BR BR BR BR BR AR BR BR BR BR BR BR BR BR UR BR BR UR BR
MÊS Jun-08 Jun-08 Jun-08 Ago-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Ago-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jul-08 Jun-08 Ago-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jul-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08 Jun-08
US$ MILH. FUNDOS 2.229 2.120 2.039 2.026 1.918 1.911 1.753 1.725 1.601 1.561 1.552 1.526 1.455 1.396 1.326 1.292 1.268 1.134 1.013 986 972 965 945 934 922 919 897 895 881 880 862 858 856 838 827 811 810 807 779 776 756 748 744 735 730 719 694 693 692 684
Var. % 34,7 38,9 36,5 74,8 42,1 42,2 7,7 31,9 17,1 31,0 8,8 16,2 28,9 38,7 38,7 32,6 34,0 17,9 -18,2 45,4 36,2 34,4 36,0 47,2 37,5 27,5 30,3 37,9 202,5 33,3 455,6 32,8 39,0 62,2 35,6 37,4 13,5 32,0 46,4 40,4 36,5 36,8 29,8 38,9 29,4 36,7 34,6 28,8 35,4 40,9
Nº AFILIADOS 6.475 12.914 11.659 999.007 13.692 5.703 513.625 2.153 800.524 5.609 615.236 786.808 2.459 9.867 8.279 70.671 2.441 5.544 814.899 4.465 1.476 12.449 15.059 60.831 8.120 3.777 12.963 4.451 531.733 9.247 185.437 1.393 70.626 24.628 26.903 6.303 328.744 6.001 9.831 17.000 23.963 4.588 377 1.476 4.030 210.126 551 3.825 168.771 14.667
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CABO VERDE: A PORTA AFRICANA DA AMÉRICA LATINA NEGÓCIOS
oeste da África começa nas ilhas de Cabo Verde, país com geografia e sociedade ideais para se converter em ponto de referência às cada vez maiores correntes comerciais entre América Latina e esse continente. O arquipélago de Cabo Verde, formado por dez ilhas situadas no Atlântico, a 800 quilômetros da costa do Senegal, é considerado um ponto estratégico das rotas de comércio entre América, Europa e África desde os tempos de Cristóvão Colombo. E a República de Cabo Verde não apenas continua sendo relevante para essa corrente como cada dia mais reforça seu papel protagônico como plataforma de entrada aos mercados africanos e europeu. Países como Venezuela e Brasil – este último, dotado de fortes laços lingüísticos, culturais e comerciais com estas ilhas – estão apostando fortemente nesses mercados, e Cabo Verde está preparado para assumir o desafio de fortalecer essa corrente. No início de 2008 Cabo Verde entrou para a lista das Nações Unidas na categoria de país de média renda, reconhecimento à melhoria do índice de desenvolvimento humano, da renda per capita e do produto interno bruto desse país com menos de meio milhão de habitantes. E Cabo Verde está a ponto de se converter no membro número 152 do World Trade Organization (WTO), o que facilita sua integração na economia global e fixa uma sólida base para uma maior atração de investimento estrangeiro em infra-estrutura e serviços. Na segunda edição da Cúpula entre América do Sul e África, que será realizada na Venezuela em novembro, Cabo Verde reforçará seu papel indispensável no intercâmbio comercial entre essas duas regiões – que, somente entre Brasil e África, cresceu de US$ 5 bilhões para US$ 15 bilhões entre 2002 e 2006. E o governo do primeiro-ministro do país José Maria Pereira Neves, já em seu segundo mandato, está plenamente consciente desse papel. “Cabo Verde tem um governo com vocação de transformar a economia com modelos modernos do setor privado”, diz Pereira Neves. “Sabemos quanto o investimento estrangeiro pode ajudar em nosso objetivo de fazer do país a porta de
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Cidades, mar e montanhas
entrada da América Latina à África e Europa.” No primeiro mandato de Pereira Neves, o governo conquistou índices de crescimento muito importantes para Cabo Verde. Desde 2002, a economia tem crescido a uma taxa média de 7% ao ano, e a renda per capita passou de US$ 190 para quase US$ 2.300. Agora, o objetivo do primeiro-ministro é conquistar um crescimento de dois dígitos, com maior participação do setor privado em setoreschave como turismo, comércio, transporte e serviços financeiros, para os quais a posição geoestratégica do país representa um grande valor agregado. Para isso, o alvo dessa ex-colônia portuguesa é o gigante sul-americano Brasil, também ex-colônia portuguesa que vive um momento de grande crescimento. Os estreitos laços culturais entre os dois países estimulam muitos jovens caboverdianos a estudar em universidades brasileiras, tal como fez o próprio Pereira Neves. Nos últimos anos, esse vínculo se expandiu e inclui cada vez mais as relações comerciais, incluindo um vôo direto entre Cabo Verde e a cidade de Fortaleza, no Nordeste brasileiro, de apenas três horas e meia. “Começamos a importar um maior volume de produtos brasileiros e queremos aumentar a cooperação entre Cabo
“Cabo Verde tem um governo com vocação de transformar a economia com modelos modernos do setor privado.”
[Este informe publicitário foi produzido pela ASAP Reports. AméricaEconomía não se responsabiliza pelo conteúdo desta seção.]
José Maria Pereira Neves, Primeiro-Ministro
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Verde e Brasil,” explica Pereira Neves. “O País oferece muitas oportunidades quanto a custos em relação aos produtos europeus, e Cabo Verde pode lhe oferecer uma plataforma ao Oeste da África, com uma população que supera 200 milhões de pessoas.”
euros investidos em 2007, 900 milhões foram concentrados na indústria turística, contribuindo para a diversificação do setor. “Nosso mercado de turismo tem sido sempre sol e praia. Agora queremos ampliar a oferta para o turismo rural e cultural”, conta Pereira Neves. “Não queremos ser ‘o Caribe da Europa’, mas ter nossa própria identidade, a identidade cabo-verdiana. Cada uma de nossas ilhas tem sua própria identidade, sua cultura e sua própria oferta turística.” No âmbito comercial, mirando ao Brasil, a prioridade está em melhorar o transporte entre estes dois países, especialmente de mercadorias. A capacidade de Cabo Verde para atuar como enlace logístico para distribuição a mercados africanos e europeus depende em grande parte de ter as instalações adequadas, particularmente as de transporte marítimo. “Temos feito um grande esforço para melhorar as conexões aéreas; hoje contamos com quatro aeroportos e conexões diretas com a Europa, o Brasil, a África e os Estados Unidos”, afirma Pereira Neves. “Agora temos que nos concentrar em melhorar o transporte marítimo, com projetos como o do porto de águas profundas de Mindelo.”
Os investimentos decolam
A base do turismo sustentável
O ano de 2007 foi um marco para Cabo Verde: pela primeira vez o país alcançou a cifra de US$ 1,2 bilhão em investimento estrangeiro direto (IED), que em 2006 foi de 600 milhões. Esse crescimento é gerido nos escritórios da Cabo Verde Investimentos (CVI), agência oficial de investimentos, que permite reunir todos os trâmites necessários em um só lugar. A CVI nasceu da fusão entre duas instituições públicas – uma encarregada de atrair o
De fato, a construção de três novos aeroportos internacionais em Cabo Verde, que se somam ao de Sal, está demonstrando boa repercussão quanto ao volume de investimentos que chega ao país. Isso é motivo de satisfação para o ministro de Infra-Estrutura e Trasporte, Manuel Inocencio Sousa, que tem a missão de alcançar importantes objetivos do governo cabo-verdiano em matéria de acessibilidade à ilha. “A estratégia de infra-estrutura aeroportuária foi concebida para permitir que o país seja um destino turístico sustentável. Queremos promover o turismo e diversificar as formas de se chegar a Cabo Verde, por outras ilhas além da ilha do Sal, e agora temos uma quantidade sustentável de pessoas visitando Boa Vista, São Tiago e São Vicente, o que distribui o impacto e os benefícios. E o produto turístico também se torna mais completo, com praia, sol, montanhas, cultura, música e gastronomia”, afirma Inocencio Sousa. As instalações portuárias também estão no foco do Ministério, que tem como projeto-estrela o porto de águas profundas de Mindelo, na ilha de São Vicente. Todos os projetos têm cabida para o investimento internacional e cada um conta com o tipo de consórcio mais adequado. Segundo Inocencio Souza, “a forma de investimento depende do tipo de projeto. A estrada de alta velocidade
Fogo volcano, Cabo Verde
“O mais importante é criar um clima favorável para o investimento. É absolutamente chave que os investidores saibam que as correntes políticas não afetarão seus investimentos.” investimento estrangeiro, e a outra, de desenvolver o setor privado do país –, facilitando o trabalho burocrático aos investidores internacionais. “O elemento mais importante é criar um clima favorável para o investimento através da estabilidade política”, diz o presidente da CVI, Alexandre Fontes. “É absolutamente essencial que os investidores saibam que os governos de turno não afetarão seus investimentos.” Além da promoção de investimentos no país, a CVI também tem como objetivo promover o arquipélago como destino turístico, bem como a exportação de produtos locais e o desenvolvimento do setor privado nacional. A instituição também coordena grupos de investimentos nos grandes projetos de infra-estrutura para melhorar o acesso às ilhas, tanto para o turismo quanto para o comércio. Atualmente, o setor de turismo é o motor de atração de investimentos internacionais a Cabo Verde. Do bilhão de
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Cabo Verde “Quick Facts” População: 426.988 Capital: Praia Moeda: Escudo (CVE) Composição do PIB, por setor: Agricultura, 9%; indústria, 16,9%; serviços, 73,9% Exportações: gasolina, sapatos, roupa, peixes, peles
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na ilha de Santiago, por exemplo, é um bom projeto para um investimento privado de 100%. Para os aeroportos, que ainda não conseguiram alcançar um nível alto de rentabilidade, são criadas sociedades público-privadas (PPP, na sigla em inglês) para aportar fundos públicos. E, para os portos, o interesse do setor privado é notável; em breve serão lançadas as licitações para a concessão da gestão de desses serviços”. Quem está a cargo dessas operações é a Empresa Nacional de Administração dos Portos (Enapor), a autoridade portuária do país, que administra os diferentes projetos de construção e modernização dos portos cabo-verdianos. Franklin Spencer, presidente do Conselho de Administração da Enapor, explica que a contribuição do setor privado nas PPPs é necessária e determinante. “Trabalhar junto do setor privado com as PPPs nos permite melhorar nossa infra-estrutura mais rapidamente, oferecer melhor qualidade de serviços e, além disso, dividindo os custos. Com essa colaboração, poderemos avançar em projetos de maior qualidade”, afirma Spencer. As concessões dos portos formam parte desse convite ao setor privado para colocar seus recursos e experiência a serviço de todo o país, na ampliação de portos vitais e na construção de novas instalações. Dois portos-chave que estão sendo ampliados são os de Palmeira, na ilha do Sal, e da Praia, em São Tiago, onde o crescimento do turismo
e da construção fizeram disparar a demanda de insumos de todo tipo. Reformas semelhantes são levadas a cabo nas ilhas de Boa Vista, Santo Antão, Fogo e Brava. Para Spencer, “sempre há muitas oportunidades para que o setor privado participe do crescimento de Cabo Verde. Para isso, os portos de mar são vitais, e devem crescer e modernizar-se para acolher o fluxo comercial que passa pelo país. Por isso, confiamos que haverá muita colaboração futura entre nosso país e o setor privado.” Sem dúvida, o projeto de porto de águas profundas de Mindelo está atraindo grande interesse do setor, sendo sua construção uma das prioridades da Enapor por seu grande valor estratégico. “A Enapor tem um plano mestre para transformar Cabo Verde em uma plataforma de comércio transatlântico entre os quatro continentes”, explica Spencer. “É importante que tenhamos a infra-estrutura necessária para acomodar todos os barcos que chegam do Brasil, da Argentina e do Paraguai. O novo porto de águas profundas em São Vicente terá um papel vital para que possamos completar a conexão entre América do Sul, África, Europa e Estados Unidos.”
“Sempre há muitas oportunidades para que o setor privado participe do crescimento de Cabo Verde.”
Crescimento aeroportuário Enquanto as mercadorias chegam a Cabo Verde pelo mar, a maioria dos turistas chegam por avião, o que impulsionou a expansão de aeroportos em diferentes ilhas para favorecer
NO CENTRO DAS GRANDES ROTAS DE NAVEGAÇÃO A situação centralizada de Cabo Verde faz com que o arquipélago seja uma encruzilhada vantajosa para passageiros e carga, movimentados através do Oceano Atlântico.
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O arquipélago tem 965 quilômetros de costa
esse fluxo. O país controla um espaço aéreo muito importante das rotas transatlânticas, vigiado da nova torre de controle do aeroporto de Sal, inaugurada em 2004. O setor aeroportuário é de responsabilidade da agência oficial Aeroportos e Segurança Aérea (ASA), presidido por Mario Paixão, que chegou em 2001 para liderar a transformação da empresa, começando por dotar a instituição pública de padrões empresariais. O trabalho desenvolvido pela ASA se traduziu em uma série de novas instalações de alcance internacional. Hoje, além do aeroporto principal na ilha de Sal, Cabo Verde conta com um aeroporto internacional na ilha de São Tiago, onde está a capital, Praia; outro na ilha de Boa Vista, inaugurado em 2007; e o mais novo, na ilha de São Vicente, além de melhorias nos aeroportos das ilhas de Maio e Fogo. A infra-estrutura aeroportuária mudou muito desde 2001. Primeiramente, o governo de Cano Verde decidiu que o setor de transporte aéreo era chave para o crescimento do país e de
sua participação na economia global, e em 2001 apresentou um plano legislativo para modernizar e reestruturar todo o setor”, conta Paixão. A modernização começou com a própria ASA, que mudou a cultura empresarial para funcionar como uma empresa privada, apesar de não sê-lo. O primeiro plano de negócios da nova ASA foi elaborado para o período 2004-2008. Agora, na reta final, os resultados falam por si só. Segundo Paixão, “estabelecemos muitos objetivos neste plano de negócios, como modernizar os serviços de controle aéreo e de aeroportos para melhorar a segurança do corredor do Atlântico. Isso se conseguiu com a nova torre de controle de Sal, dotada de tecnologia de última geração fornecida pela espanhola Indra. Outro objetivos era colocar aeroportos nas ilhas que mais os demandavam, o que também se conseguiu. O plano de negócios foi muito ambicioso, sem dúvida. Muitos pensaram que não seria possível conquistar o que conquistamos”. Até agora, a ASA financiou os projetos aeroportuários com fundos próprios, graças ao fato de ser uma empresa lucrativa. Mas reconhece que há um crescente interesse do setor privado em participar de PPPs, que no momento se traduzem em concessões para a exploração comercial dos aeroportos, tanto para serviços relacionados aos passageiros, como lojas e restaurações, quanto para os aviões: carga e descarga de bagagem, catering, manutenção, entre outros. À medida que os novos aeroportos comecem a acolher um maior volume de passageiros, a contribuição do setor privado irá se tornando mais relevante. “Digamos que falta muito espaço para crescer. O tráfego entre as ilhas continua tímido, mas com o tempo se desenvolverá. As oportunidades surgirão quando Cabo Verde conquiste maior projeção internacional. Vamos por um bom caminho, como o demonstra nossos acordos com a União Européia, a melhor classificação na lista das Nações Unidas e nossa futura entrada na WTO. Essas conquistas ajudarão a criar mais oportunidades empresariais”, garante Paixão.
Cesária Évora – A Diva descalça A representante mais universal de Cabo Verde chama-se Cesaria Evora, cantora que conquistou o mundo com as melodias tradicionais de sua terra, estilo conhecido como morna. Com mais de 5 milhões de discos vendidos, essa artista natural de Mindelo é dona de uma voz suave mas poderosa que casa perfeitamente com as temáticas recorrentes da morna: amor e sodade (saudade), aquela nostalgia de sua terra tão típica de Portugal e do Brasil. Cesaria costuma entrar em cena sem sapatos – por isso seu apelido de “Diva descalça” – em respeito à Cabo Verde pobre onde nasceu, e não é raro vê-la desfrutar de um bom puro (charuto) e de uma bebida entre uma canção e outra. A cantora que se apresenta
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no palco é tão simples e real quanto ela mesma, que se define como “uma mulher africana” herdeira dos sons e sentimentos da poesia lusitana do fado com a pujança das raízes africanas. Passados 20 anos desde seu debut discográfico, a Diva descalça continua sendo um referente internacional e uma figura adorada em sua terra natal; e uma população puramente imigrante a tem como um nexo de união com seu país, alguém que sabe expressar como ninguém essa sodade produzida pela distância.
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CABO VERDE, A NATUREZA E O TURISMO VIVENDO JUNTOS Como destino turístico, Cabo Verde oferece uma grande diversidade e uma situação de boas comunicações. TURISMO
ndependentemente de ter conquistado sua independência de Portugal em 1975, Cabo Verde continuou mantendo estreitos laços econômicos com esse país durante os últimos 20 anos. A transformação do Brasil em potência econômica impulsionou a perspectiva das ilhas e colocou sobre a mesa as sólidas credenciais de Cabo Verde como destino de investimento dentro do panorama global. Além de sua localização e o reconhecimento internacional de suas conquistas como país, Cabo Verde goza de estabilidade política e econômica, com uma democracia consolidada, um sistema judicial moderno e um crescimento econômico estável durante duas décadas. O arquipélago ainda conta com uma população ativa bem-formada, de grande qualidade humana e laboralmente disponível. E se encontra cada
Cristina Duarte, Ministra de Finanças e Administração Pública
Fotografia - Luis Couto
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vez melhor conectado ao mundo com vôos diretos a ambos lados do Atlântico. Para facilitar a chegada de investidores estrangeiros, o governo de Cabo Verde oferece incentivos fiscais em todos os setores, juntamente com uma infra-estrutura econômica forte e garantias institucionais. O aumento do volume de investimentos nas ilhas confirma o potencial do país e o compromisso do governo de fomentar o crescimento de forma sustentável e sinérgica com o desenvolvimento da qualidade de vida dos cabo-verdianos. Enquanto o setor turístico e de construção são os que atualmente mais investimentos recebem, há outros setores que oferecem uma variedade de oportunidades de investimento, como o bancário, de telecomunicações, transporte e de serviços em geral. Com a expansão do
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A indústria pesqueira é muito importante
Mário Paixão Lopes, Presidente do Conselho, ASA
turismo a outras ilhas do arquipélago, o crescimento total do país se multiplica, bem como as oportunidades. O setor privado local de Cabo Verde também cresce de forma explosiva, como destaca Paulo Lima, presidente da Câmara de Comércio do país. “Temos um setor privado relativamente jovem e muito dinâmico. Temos crescido muito desde os tempos em que quase todas as empresas eram estatais. Agora, a Câmara de Comércio tem 400 membros e se concentra na expansão da pequena e média empresa. Para quem esteja pensando em investir no país, vale ressaltar que Cabo Verde oferece um sistema de arbitragem muito bom, caso essa seja a preocupação de algum investidor”, diz Lima. No setor bancário, o aporte estrangeiro dos últimos dez anos tem saído quase exclusivamente de Portugal, e todos os bancos cabo-verdianos contam com sócios desse país.
“Agora estamos em um momento muito interessante, com grandes projetos de investimento avaliados em muitos milhões de dólares.” Mas, à medida que vão chegando mais investimentos, o setor está se abrindo ao capital de outros países também. Cristina Duarte, ministra de Finanças e Administração Pública de Cabo Verde, afirma que a escala dos negócios nas ilhas é um fator determinante nesse processo. “Durante dez anos, devido à proximidade cultural, o capital português foi o único em valorizar o mercado cabo-
verdiano. Agora vivemos um momento muito interessante, com grandes projetos de investimento avaliados em muitos milhões de dólares. São importantes somas para os bancos locais, e por isso existem condições para que bancos estrangeiros olhem para nosso mercado com interesse”, diz Cristina. O objetivo do governo é renovar o sistema financeiro do país e transformá-lo em um centro internacional de serviços financeiros. Mas Cristina é cautelosa na hora de colocar prazos para essa transformação. Com apenas quatro bancos operando no país, ainda falta muito para que o governo alcance seu objetivo. De toda forma, o trabalho de consolidação do setor segue adiante. Grande parte desse trabalho consiste em cimentar os muitos avanços já conquistados pelo Ministério. Como responsável pelas finanças e pela administração pública, essa pasta tem sido a encarregada de distribuir os fundos internacionais que Cabo Verde recebe para seu desenvolvimento, bem como a gestão dos mesmos, apostando no capital humano e na infra-estrutura. E o tem feito de forma exemplar. De fato, Cabo Verde é considerado um dos poucos países em desenvolvimento que utiliza tais fundos de forma correta e coerente, e as cifras macroeconômicas do país o confirma. O investimento em formação e equipamentos está dando frutos na forma de um maior volume de investimento estrangeiro direto (IED). Em 2004, o Ministério conseguiu reunir US$ 40 milhões em IED; em 2005, foram US$ 250 milhões. E, nos dois últimos anos, graças à política de incentivos fiscais ao investimento, esse volume continua em alta. Segundo Cristina, “nossa economia é pequena, mas aberta, e gostaríamos de diversificar em matéria de IED. Queremos receber propostas de instituições financeiras internacionais, ou de empresas que buscam um lugar para colocar seu back-office, pois estamos investindo muitos recursos em nosso setor de telecomunicações. Também temos oportunidades no setor da aviação, com a futura privatização da companhia aérea nacional TACV, e as concessões comerciais dos novos aeroportos”. Já o ministro de Justiça, José Manuel Gomes Andrade, garante os direitos dos investidores em Cabo Verde. “Por nossos laços históricos com Portugal e Europa, os investidores gozam da mesma segurança e das garantias jurídicas que na Europa. Temos escritórios de Justiça em todas as ilhas do país, e qualquer investidor pode conseguir atenção imediata no escritório local. Nossos investidores sempre podem confiar no sistema legal de Cabo Verde”, diz Gomes Andrade.
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O setor bancário de Cabo Verde tem sua referência no Banco Comercial do Atlántico (BCA), que nasceu em 1993 quando o Banco Central do país privatizou sua carteira bancária comercial. O maior banco do país, o BCA, é uma das instituições financeiras cabo-verdianas que formam parte do grupo português Caixa Geral Depósitos (CGD),
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o que faz com que o BCA não seja considerado apenas como um banco a mais em Cabo Verde, mas o banco por antonomásia. Com uma rede de 25 sucursais por todas as ilhas cabo-verdianas, duas delas só para empresas, o banco presidido por João Real Pereira liderou a introdução de novas tecnologias para seus clientes, com mais da metade dos caixas automáticos do país e um site para transações on-line. Sendo Cabo Verde um país que recebe remessas de imigrantes, o BCA tem acordos com bancos de diferentes países para agilizar a chegada do dinheiro a seu destino de forma rápida e barata. “Hoje em dia nossos clientes se beneficiam de mais opções em serviços financeiros, o que reflete a maior competitividade do setor e a melhor qualidade dos serviços que oferece. As margens de juros têm baixado para os bancos, o que é muito positivo para nossos clientes”, diz Real Pereira. Outras áreas de atividade do BCA são as hipotecas para segundas residências, focadas em compradores europeus que trabalham através de agências, e o financiamento de grandes projetos para os incorporadores locais, atividade que se leva a cabo de forma conjunta com o banco matriz português para dar conta dos projetos de infra-estrutura de grande porte. Em breve, o BCA tem prevista a abertura da primeira empresa de leasing do país, como já fez com sua seguradora Garantia, a maior de Cabo Verde, com 60% do mercado. O banco também está focado em incrementar sua atividade nos mercados de capitais, participando em transações em bolsas de valores e criando novos produtos. A Bolsa de Valores de Cabo Verde, criada há apenas dois anos, já gerou um volume nada desprezível para seu porte, como indica o presidente dessa instituição, Verríssimo Pinto. “Nos dois anos desde que se inaugurou a Bolsa de Valores, pudemos oferecer quatro ações, sete bônus corporativos e 20 bônus do Estado. Todos os bônus emitidos pelo Governo de Cabo Verde têm retornos muito competitivos em relação à oferta de outros mercados emergentes”, diz Pinto. “Estamos trabalhando com o governo para aplicar as novas reformas no setor financeiro, como deixar que partes contratantes possam certificar as ações transadas na Bolsa, já que atualmente é necessário ter conta corrente em um banco local para comprar ações ou bônus.” Outro banco de Cabo Verde que forma parte do grupo português Caixa Geral de Depósitos é o Banco Interatlântico (BI), fundado em 1999 com 70% de controle do CGD e os 30% restantes em mãos de empresários cabo-verdianos. O sucesso dessa fórmula de investimentos mistos tem sido uma das grandes contribuições à moderniazação do sistema financeiro do país. O BI tem sucursais nas ilhas de São Tiago, São Vicente e Sal, todas equipadas com as
tecnologias mais modernas para seus clientes – muitos deles residentes, imigrantes e empresas que buscam a garantia do CGD e serviços de primeira linha. O BI é um banco com clara vocação de serviço, buscando ser pioneiro na melhoria à atenção do cliente, como seu novo serviço Banca Telemóvil, que oferece todas as transações disponíveis pela internet através do telefone celular. Há também o novo serviço voltado a estrangeiros, para ajudar-lhes a investir nos setores mais atraentes da economia de Cabo Verde, que se desenvolvem através de sociedades com agentes imobiliários locais. Na Bolsa de Valores, o BI está focando seus esforços no incremento da liquidez da instituição, como também em continuar participando desse novo mercado, tão novo quanto quase todos os setores das ilhas, que depois de anos de letargia institucional despertaram com gana de recuperar o tempo perdido. Mais que um país pequeno, Cabo Verde é o ponto mais próximo entre a África que necessita comprar e a América do Sul que quer vender, e isso o torna grande. Segundo Nunes, “Cabo Verde oferece um dos climas de investimento mais atraentes da região. Onde mais, dentro da África, se pode encontrar uma plataforma transatlântica com estabilidade política, boa macrogestão e gente amável e disponível?”. A resposta está mais clara do que nunca.•
“Os bônus que o governo emite têm retornos muito competitivos em relação a oferta de outros mercados emergentes.”
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METLIFE MÉXICO SANTANDER SEGUROS S/A GRUPO NAC. PROVINCIAL SEGUROS ING CAIXA SEGURADORA ICATU HARTFORD SEGUROS UNIBANCO AIG SEGUROS SEG. MONTERREY N. YORK LIFE SEG. BANAMEX SEG. BBVA BANCOMER PORTO SEGURO SEGUROS INBURSA ITAÚ SEGUROS S/A SEGUROS BANORTE GENERALI ALLIANZ SEGUROS S.A. BRADESCO C. DE SEGUROS HSBC SEGUROS S.A. C. DE SEG. ALIANÇA DO BRASIL QUÁLITAS, CÍA. DE SEGS. HDI SEGUROS S/A TOKIO MARINE SEGURADORA FIANZAS Y CRÉDITO SUL AMÉRICA CIA NA. MAPFRE TEPEYAC ABA SEGUROS ALLIANZ MÉXICO BRASILVEÍCULOS MAPFRE VERA CRUZ SEG. CARACAS DE LIBERTY MUTUAL HSBC SEGUROS COSESP - ESTADO DE SÃO PAULO SEGUROS ATLAS AZUL C. DE SEGUROS GERAIS MARÍTIMA SEGUROS S/A ITAÚ XL SEGUROS CORPORATIVOS LIBERTY SEGUROS SURAMERICANA SEGUROS MERCANTIL TOKIO MARINE BRASIL GENERAL DE SEGUROS SEGUROS SANTANDER CALEDONIA PREVISORA LIBERTY SEGUROS S.A. SEG. LÍDER DOS CONSÓRCIOS DPVAT SANTANDER RÍO ZURICH CÍA. DE SEGS. INDIANA SEGUROS S/A ROYAL & SUNALLIANCE MAPFRE LA SEGURIDAD
MX BR MX MX BR BR BR MX MX MX BR MX BR MX BR BR BR BR MX BR BR AR BR MX MX MX BR BR VE MX BR MX BR BR BR BR CO VE BR MX MX AR CO CO BR AR MX BR BR VE
Apl. 5.726 5.454 3.188 2.720 2.636 2.520 2.285 2.263 2.111 2.087 2.042 2.006 1.276 927 914 886 752 637 586 568 535 528 506 466 453 450 428 419 418 412 397 361 344 340 336 314 308 285 256 244 236 231 227 225 222 220 218 212 193 187
JUN-08 / US$ MILH. Var.% Ati. Patri. 23,0 6.319 1.098 20,8 6.094 500 24,5 4.526 480 30,3 4.378 957 25,9 3.555 1.642 21,8 3.079 483 10,8 6.550 1.661 24,9 2.490 191 27,9 2.175 321 65,5 2.355 240 -8,3 4.832 1.487 26,2 3.079 461 -7,0 6.521 4.388 41,9 1.222 196 4,8 1.791 489 -57,6 3.423 1.188 41,7 1.667 1.220 2,7 1.899 416 76,3 1.060 160 9,0 1.235 433 -3,0 1.459 492 47.219,0 765 66 3,4 3.533 1.523 37,6 1.044 134 14,3 733 185 32,8 708 102 43,9 1.340 272 5,7 2.542 995 20,0 1.056 145 16,2 478 247 -10,3 482 202 45,6 744 154 23,6 664 156 50,6 867 161 29,3 603 220 -47,8 1.055 266 68,0 627 122 23,5 682 121 15,2 555 122 3,5 309 138 37,0 340 117 34.084,9 421 96 7,3 421 121 19,3 382 101 - 236 16 711,8 332 57 19,0 430 73 0,2 442 120 -1,0 381 131 26,4 484 65
Luc. 5,4 62,9 -0,2 2,4 302,2 51,1 184,2 29,8 18,4 1,1 111,0 20,8 445,3 84,0 35,2 83,5 266,4 137,0 0,3 14,4 0,6 5,6 159,2 0,23 16,89 -2,1 151,8 58,2 34,2 8,0 8,0 13,5 17,1 42,0 21,9 8,6 -12,9 22,8 1,7 -2,6 0,5 1,5 12,3 0,9 0,8 5,0 0,0 7,6 0,1 26,4
RK 08 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
Companhia
País
BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA ITAÚ VIDA E PREVIDÊNCIA UNIBANCO AIG VIDA E PREVIDÊNCIA CAIXA VIDA E PREVIDÊNCIA REAL TOKIO MARINE VIDA E PREVIDÊNCIA CONSORCIO NAC. DE SEGUROS HSBC VIDA E PREVIDÊNCIA ING SEGUROS DE VIDA METLIFE CHILE SEGUROS DE VIDA BICE VIDA COMPAÑÍA DE SEGUROS PRINCIPAL CÍA. SEGUROS VIDA CHILE PENSIONES BBVA BANCOMER COMPAÑÍA DE SEGUROS CORPVIDA CHILENA CONSOLIDADA SEGUROS DE VIDA PENTA VIDA C. DE SEGUROS DE VIDA SEGUROS VIDA SECURITY PREVISIÓN SAFRA VIDA E PREVIDÊNCIA SUL AMÉRICA SEG. DE VIDA E PREVIDÊNCIA PENSIONES BANORTE GENERALI BRADESCO SEGUROS EUROAMERICA SEGUROS DE VIDA PENSIONES BANAMEX PORTO SEGURO VIDA E PREVIDÊNCIA MAPFRE VERA CRUZ VIDA E PREVIDÊNCIA CÍA. SEGUROS DE VIDA CRUZ DEL SUR OHIO NATIONAL SEGUROS DE VIDA SURAMERICANA VIDA BRASILPREV SEGUROS E PREVIDÊNCIA CN LIFE, COMPAÑÍA DE SEGUROS DE VIDA EL PACÍFICO VIDA VIDALFA S.A. RENTA NACIONAL CÍA. SEGUROS DE VIDA RIMAC ING PENSIONES MAPFRE NOSSA CAIXA VIDA E PREVIDÊNCIA INVITA METROPOLITAN LIFE SEGUROS E PREVIDÊNCIA BOLÍVAR VIDA LA INTERAMERICANA C. DE SEG. DE VIDA BBVA SEGUROS DE VIDA VIDA COLPATRIA INTERNATIONAL HEALTH MUTUALIDAD DE CARABINEROS GLOBAL EDUCATION ALLIANCE SGV COLSEGUROS SANTANDER SEGUROS DE VIDA MUTUAL DE SEGUROS DE CHILE SURATEP ALFA PREVIDÊNCIA E VIDA MINAS BRASIL SEG. VIDA E PREVIDÊNCIA
BR BR BR BR BR CH BR CH CH CH CH MX CH CH CH CH BR BR MX BR CH MX BR BR CH CH CO BR CH PE CO CH PE MX BR PE BR CO CH CH CO AR CH CO CO CH CH CO BR BR
JUN-08 / US$ MILH. Apl. Var.% Ati. Patri. Luc. 39.634 19,8 57.063 2.042 813 23.301 23,9 27.221 3.306 327 7.166 13,1 8.838 317 31 6.802 34,1 6.849 211 47 4.777 9,8 5.708 220 49 4.442 14,2 4.770 541 -11 4.422 32,9 4.666 125 21 3.921 19,2 4.009 426 12 3.140 25,1 3.238 246 2 3.093 8,5 3.239 301 -4 2.844 19,4 2.940 200 3 2.309 28,8 2.320 2.320 7 2.185 17,6 2.295 219 -11 1.621 14,9 1.656 150 5 1.548 16,9 1.587 123 -22 1.415 19,9 1.485 144 1 1.411 55,9 1.437 216 21 1.206 20,0 2.425 167 9 1.189 35,3 1.216 1.216 19 1.155 -36,3 8.738 7.100 1.435 1.122 26,3 1.160 73 2 991 6,8 996 996 1 876 -1,3 1.143 138 4 873 18,3 1.675 400 22 847 17,9 871 94 -18 802 17,1 818 65 2 754 -12,0 1.043 225 5 725 -16,5 18.479 366 94 658 4,6 683 92 2 607 3,0 696 52 3 574 -9,1 716 168 -44 564 2,5 595 62 -12 564 -2,7 965 129 9 538 10,7 546 546 1 537 56,7 640 108 47 533 7,5 658 17 4 518 4,4 1.092 217 22 512 -16,6 628 162 22 405 12,0 430 85 7 389 55,4 440 40 -1 373 -5,9 402 62 7 359 20.633,4 391 49 2 270 13,1 270 129 3 269 9,1 277 21 8 260 2,2 310 39 6 254 66,0 276 159 28 245 15,4 245 118 7 231 19,2 274 41 11 216 34,0 230 24 2 213 19,3 224 13 1
27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 43
ESPECIAL
BANCOS
{fundos mútuos}
O QUE O VENTO LEVOU
>> Depois de meses de resistência, os fundos mútuos latino-americanos começam a sucumbir à turbulência financeira internacional
A
{Antonio María Delgado, Miami}
região foi boa de briga. Enquanto o restante do mundo era arrastado pela volatilidade financeira internacional, os fundos mútuos latino-americanos resistiam com um heroísmo ausente em outras regiões. Eram muitas as armas que tinham para fazê-lo. Depois de tudo, era certo que a região continuava sendo surpreendentemente resistente à debilidade econômica dos EUA, que os governos estavam aplicando uma prudência incomum na administração das contas fiscais, que as reservas internacionais se mantinham altas e que o endividamento em moeda estrangeira era invejavelmente baixo. E, talvez o mais importante, que os preços das commodities continuavam pelas nuvens. Mas não há animal mais nervoso que o dinheiro. E os fundos mútuos começaram a mostrar que não são totalmente imunes ao medo. “Nos últimos meses, temos visto uma queda importante nos ativos sob administração”, diz o argentino Sergio Garibian, diretor da Standard & Poor’s na América Latina. “É grande o patrimônio que está saindo dos fundos.” Em somente três meses, entre junho e setembro deste ano, os montantes sob administração no Brasil encolheram 21,63%, de US$ 630 bilhões a US$ 500 milhões, segundo cifras da Standard & Poor’s. No México, a queda nesse mesmo período foi de 19,54%, de US$ 87 bilhões para US$ 70 bilhões. Os resultados de Chile e Argentina são ainda piores, com ambos os países registrando queda de cerca de 28,5%, de US$ 22 bilhões para US$ 5 bilhões, enquanto no Peru esse resultado foi um pouco melhor, cedendo apenas 10%, para US$ 4,5 bilhões. “Chamam muito a atenção a velocidade e a virulência do ajuste”, diz Alberto J. Bernal-León, chefe de pesquisas de estratégias macroeconômicas do banco de investimentos Bulltick. “Os investidores não estão pensando antes de tomar decisões, mas simplesmente as estão tomando em uma tentativa desesperada de preservar a liquidez.” Ele refere-se ao pânico dos investidores ao redor do mundo que estão apresentando ordens de resgate para retirar o dinheiro que mantêm nos fundos, sejam mútuos, de retiro ou cobertura. Essa tendência começou na Europa e nos Estados Unidos, mas logo se propagou à América Latina quando as ordens de venda começaram a afetar os valores dos ativos da região. “Resgates são tudo o que se está vendo no mercado”, diz Bernal-León. “É a saída dos investidores dessas bolsas.” A isso se somou a abrupta queda dos preços das commodities. Bill Rocco, analista sênior da Morningstar, diz que as ações das companhias cuja atividade principal é a exportação de matériasprimas “foram esmagadas” em um momento em que aumenta a preocupação sobre o crescimento mundial. Lamentavelmente, 44 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
essas empresas costumam ser as maiores e as que mais ganharam no auge econômico que a região atravessa. De certa forma, algumas dessas ações já estavam nas nuvens, e possivelmente teriam algum tipo de correção no futuro. O caso da gigante brasileira Vale é um exemplo. Suas ações tinham se beneficiado no auge das commodities e tinham se valorizado 117%, em 2003; 61%, em 2004; 47%, em 2005; 46%, em 2006, e 123%, em 2007. E já sentiam certa pressão para moderar sua escalada. Mas poucos imaginariam que no começo do ano a ação da companhia estaria registrando a queda de 62% verificada no momento do fechamento desta edição. “As ações de matérias-primas tendiam a preservar melhor o lucro. Por isso é que no início do ano países como Brasil e Rússia apresentavam um desempenho melhor que o da China, por exemplo. Mas tudo isso mudou nas últimas semanas, os preços das commodities vieram abaixo, arrastando com eles os das ações”, diz Rocco. A queda das ações está convencendo muitos investidores latino-americanos de que chegou a hora de vender, o que pode ser demonstrado pelo forte fluxo de dinheiro que está entrando no money market. “Há uma migração do que são os ativos mais arriscados aos ativos mais conservadores em nível regional devido à pobre atuação das bolsas. O desempenho bursátil este ano é muito diferente ao que vimos no ano passado”, diz Garibian, da Standard & Poor’s. O Peru, por exemplo, é a praça que registrou a maior rentabilidade do mundo em 2006, mas agora está sendo desdenhada pelos investidores. “Quando alguém vê que seu fundo de investimentos ou mútuo em renda variável cai 25% em uma semana, não resta mais o que dizer: bom, já não posso comprar o que queria comprar, mas pelo menos guardo para as férias”, diz o diretor da S&P. “O dinheiro está indo para a poupança. As pessoas têm mais confiança nela. No Brasil acontece o mesmo. E, no Chile, as pessoas estão tirando o dinheiro dos fundos em ações e inclusive dos money markets e os estão colocando em CDBs.” Segundo ele, ainda não se pode falar de pânico na América Latina, mas isso poderia mudar se os efeitos da crise internacional propiciarem a queda de algum banco latino-americano. Os gerentes de fundos reconhecem que há um marcado nervosismo na rua. É o caso do Banchile Inversiones. “Muita gente está ligando para saber o que temos na carteira”, diz Arturo Zúñiga, que administra dois dos fundos operados pela instituição. “São muitas as perguntas feitas. A carteira está muito imobiliária? Logo corre o rumor que tal banco tem problemas de liquidez, e as pessoas voltam a ligar perguntando se nosso
ESPECIAL
BANCOS FUNDOS DE INVESTIMENTO Separados por ativos - primeiro semestre de 2008 FONTE: FEDERAÇÃO IBERO-AMERICANA DE FUNDOS DE INVESTIMENTO
Categoria
Nº de fundos
Argentina CÁMARA ARGENTINA DE FONDOS COMUNES DE INVERSIÓN 92,0 Ações 30,0 Mercado de dinheiro 100,0 Bônus 22,0 Mistos ou balanceados Totais 244,0 Brasil ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS BANCOS DE INVESTIMENTO (ANBID) 1.187,0 Ações 564,0 Mercado de dinheiro 1.132,0 Bônus 4.624,0 Mistos ou balanceados 748,0 Outros Totais 8.255,0 Chile ASOCIACIÓN DE ADMINISTRADORA DE FONDOS MUTUOS DE CHILE 84,0 Ações 61,0 Mercado de dinheiro 88,0 Bônus 123,0 Mistos ou balanceados 62,0 Outros Totais 418,0 Colômbia ASOCIACIÓN DE FIDUCIARIAS 2,0 Ações 23,0 Mercado de dinheiro 38,0 Mistos ou balanceados 7,0 Outros Totais 70,0
At. líq. totais (US$ millh)
Clientes
2.954,0 1.910,6 809,7 122,6 5.798,0
72.113 44.282 49.178 9.419 174.992
107.050,3 140.553,6 225.447,1 165.230,3 102.923,9 741.205,0
5.335.390 2.548.826 1.879.210 525.041 650.541 10.939.008
2.898,0 13.714,0 6.810,0 2.771,0 1.631,0 27.824,0
185.216 3.593 33.739 165.607 68.263 1.115.776
6,5 5.176,0 1.839,1 114,7 7.136,0
809 197.173 228.342 3.253 429.577
fundo tem posições nesse banco.” Os rumores alcançaram tal magnitude que as autoridades se viram obrigadas a anunciar publicamente que são sólidos. Mas ainda assim as pessoas continuam ligando. Ou, o que é pior para Zuñiga, simplesmente enviam as ordens de resgate, sem ligar. No Chile, a maioria dos fundos mútuos opera dentro do estável money market, mas inclusive estes sofrem dificuldades, já que os bancos subiram as taxas de juros para captar o dinheiro. “As pessoas estão preferindo tirar seu dinheiro do fundo mútuo e ficar com os depósitos”, diz Zuñiga. “As taxas de poupança, de 12% ao ano, são um rendimento muito bom, levando em conta tudo o que se espera para 2009.” E a bolsa? “As pessoas não querem saber nada de ações. O ministro da Fazenda dizia que o país está bem-preparado, mas ainda que tenhamos reservas, a volatilidade nos atinge igual. A confiança não é um capital em reserva no Banco Central.” Pese o medo dos investidores, alguns pensam que os elementos fundamentais da região acabarão devolvendo a estabilidade aos fundos de investimento. A teoria é acompanhada
Categoria
Nº de fundos
Costa Rica CÁMARA NACIONAL DE SOCIEDADES DE INVERSIÓN DE COSTA RICA 3,0 Ações 44,0 Mercado de dinheiro 55,0 Bônus 22,0 Outros Totais 124,0 México ASOCIACIÓN MEXICANA DE INTERMEDIARIOS BURSÁTILES (AMIB) 146,0 Ações 54,0 Mercado de dinheiro 209,0 Bônus 20,0 Mistos ou balanceados 48,0 Outros Totais 477,0 Peru ASOCIACIÓN DE ADMINISTRADORAS DE FONDOS MUTUOS 8,0 Ações 9,0 Mercado de dinheiro 13,0 Bônus 12,0 Mistos ou balanceados 2,0 Outros Totais 44,0 Venezuela ASOCIACIÓN DE ADMINISTRADORAS DE FONDOS (AVAF) 10,0 Ações 7,0 Mercado de dinheiro 9,0 Bônos 18,0 Mistos ou balanceados Totais 44,0
At. líq totais (US$ millh)
Clientes
8,9 1.238,0 386,5 805,0 2.438,0
115 22.854 9.768 6.285 39.022
9.280,8 26.904,6 42.330,5 3.742,2 7.082,6 89.341,0
90.207 811.918 872.414 64.964 42.284 1.881.787
143,3 546,4 960,8 154,7 5,3 1.810,0
2.971 86.826 151.742 24.722 1.246 294.246
17,3 76,9 100,3 8,4 202,0
172 56 72 298 175
pela noção de que o ciclo das commodities ainda não morreu, o que por sua vez garante a sobrevivência no longo prazo do ciclo de crescimento da região emergente. “Se despertarmos daqui a seis meses e nos dermos conta de que o Citibank não quebrou, que não houve uma deterioração abusiva e local dos mercados, teremos que começar a ver uma maior estabilidade nos preços das commodities, uma demanda suficientemente forte na América Latina e o crescimento positivo das economias”, diz Bernal-León, da Bulltick. Ele destaca que a grande diferença com crises do passado é que países como Brasil, Chile e Peru são credores. Isso é relevante porque ainda quando o dinheiro estrangeiro esteja sendo retirado da região, os países terão recursos para financiar-se. “Em 1999, o Brasil tinha um déficit de conta corrente equivalente a 6% do PIB, o mesmo que na Colômbia e na Argentina. Dependiam do financiamento externo não para crescer, mas para sobreviver”, diz Bernal-León. “A situação hoje é muito diferente. Se não houver financiamento externo, isso provocará uma redução do crescimento, mas não levará automaticamente a um cenário de default.” Q 27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 45
ESPECIAL
BANCOS
{pesquisa}
O MERCADO É UM SENTIMENTO
Primeiro estudo latino-americano de percepções sobre a indústria financeira na América Latina realizado por AméricaEconomia e UAI School of Management joga um foco de luz no setor em meio à crise global
* Christian Johson é acadêmico da UAI School of Management.
{Christian Johnson* E Rodrigo Díaz}
D
izem que é um mito. Que na verdade ninguém se jogou da janela na crise financeira dos anos 30. Mas está claro que, em tempos de crise, as emoções dominam até as mentes mais brilhantes. E aqueles que em épocas de estabilidade ostentam seu atuar racional e lógicas decisões de investimento, na hora da incerteza simplesmente se somam ao pânico coletivo. Somam-se ao comportamento irracional e vendem, vendem e vendem, fazendo tudo desabar. Inclusive as emoções. Alguém se jogará da janela desta vez? Até agora não se sabe de nenhum caso, mas quem garante? A explosão da crise financeira das últimas semanas ameaça com recessão todos os mercados deste interconectado planeta. Os efeitos já são evidentes nos mercados de câmbio e nas bolsas, sem ainda ser possível dimensionar quanto afetarão a economia real. Nesse turbulento contexto, a AméricaEconomia Intelligence – departamento de pesquisa da revista – e a chilena Adolfo Ibañez School of Management levaram a
Os executivos entrevistados avaliam as corretoras de valores mais severamente do que as companhias de seguro e os bancos. E há percepções diferentes sobre quanto as bolsas apoiaram o desenvolvimento de cada país.
cabo o primeiro estudo latino-americano” Percepções sobre os Mercados Financeiros da América Latina”. Convencidos de que as percepções determinam as emoções, fizemos uma pesquisa entre mais de 2,5 mil executivos de toda a região e lhes perguntamos como vêem seus mercados de capitais. O questionário abrangeu questões tanto do ponto de vista da solidez e das regulamentações, quanto da ética com que funcionam. A pesquisa foi aplicada nas primeiras semanas de setembro quando a crise ainda não tinha explodido tão fortemente, e por isso as percepções analisadas não estão influenciadas pelos acontecimentos das últimas semanas. O primeiro ponto de destaque que emergiu das respostas dadas é que os executivos não avaliam todas as instituições financeiras da mesma forma. Quando convidados a fazer uma avaliação de três destas, como bancos, seguradoras e corretoras de valores, as corretoras são julgadas mais severamente, de forma sistemática por todos os países. De fato, há uma grande diversidade na
MERCADO GLOBALIZADO
PEDÁGIO BURSÁTIL
Você acha que seu mercado de capitais está integrado aos MUITO DE ACORDO mercados mundiais? Resposta por país
Os custos de operar na bolsa de seu país são baixos? Respostas por país
DE ACORDO MUITO EM DESACORDO EM DESACORDO
FONTE: ESTUDO PERCEPÇÃO MERCADOS DE CAPITAIS 2008
BO 27,0%
54,1%
EQ 16,0%
64,0%
CO 10,3%
PE
MUITO EM DESACORDO EM DESACORDO UR
27,3%
MX
22,7%
CO
18,6%
AM. LAT.
14,0%
BR
10,3%
49,5%
PE
6,1%
53,5%
45,5% 52,1%
58,8%
12,3%
57,3%
CH 16,9%
57,6%
BR 24,7% 0%
FONTE: ESTUDO PERCEPÇÃO MERCADOS DE CAPITAIS 2008
53,6% 25%
50%
46 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
75%
VE 100%
53,6% 51,1%
14,6% 0%
34,1% 25%
50%
75%
100%
ESPECIAL
BANCOS ALUNOS DESTACADOS
ALUNOS REPROVADOS
REGULAMENTAR OU AUTOREGULAMENTAR
Notas de 1 a 10 por indústria financeira; médias por país
Notas de 1 a 10 por indústria financeira; média por país
Você acha que o mercado bursátil de seu país requer maior regulamentação? Respostas por país
FONTE: ESTUDO PERCEPÇÃO MERCADOS DE CAPITAIS 2008
FONTE: ESTUDO PERCEPÇÃO MERCADOS DE CAPITAIS 2008
MUITO DE ACORDO DE ACORDO
FONTE: ESTUDO PERCEPÇÃO MERCADOS DE CAPITAIS, 2008 3,0% UR 10
30,3%
10
4,9% VE
36,6% 9,3%
CH 7,7
33,1%
7,6 7,0
7
6,9
7
6,9
6,7
6,6
6,2
AM. LAT.
6,8%
MX
4,9%
PE
6,0%
42,2% 48,5% 50,1%
BR 4
8,2%
4
49,5% 0%
1 BR
MX
AM. LAT.
AM. LAT.
BANCOS
VE
AR
75%
100%
O mercado de capitais tem tido um papel de destaque no desenvolvimento do país? Percentual de respostas por país
UR
FONTE: ESTUDO PERCEPÇÃO MERCADOS DE CAPITAIS, 2008
BANCOS
10
50%
FINANÇAS E DESEVOLVIMENTO
1 CH
25%
DE ACORDO MUITO DE ACORDO 55,1%
10
CH 29,2% 59,8% BR
7
6,7
6,6
6,5
22,7%
7 6,3
6,3
57,3% 6,2
PE
5,9
12,3%
5,5
4
4 25,7% BO 4,1% 29,3%
VE 1
00%
1 CH
BR
MX
AM. LAT.
AM. LAT.
SEGUROS
PE
AR
VE
23,5% AR
SEGUROS
1,2% 0%
10
25%
50%
75%
100%
10
JOGO EXCLUSIVO A bolsa de seu país está controlada por poucos agentes? Respostas afirmativas por país 7,3 7
MUITO DE ACORDO DE ACORDO
FONTE: ESTUDO PERCEPÇÃO MERCADOS DE CAPITAIS, 2008
6,8
6,7
7 5,6
VE 36,6%
5,6
58,5%
4,4 4
4,1
4
4,0
UR 21,2%
72,7%
EQ 30,7%
1
1 CH
BR
MX
M. BURSÁTIL
AM. LAT.
AM. LAT.
PE
AR
M. BURSÁTIL
VE
58,7%
AM. LAT. 25,5% 0%
60,0% 25%
50%
75%
100%
27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 47
ESPECIAL
BANCOS percepção de como os mercados bursáteis apoiaram o desenvolvimento de seus países. Apesar de chilenos e brasileiros considerarem que a bolsa de valores tem sido importante para o desenvolvimento econômico, entrevistados do Equador, Uruguai, Argentina e Venezuela acham que não. Tal visão negativa é corroborada pela percepção dos executivos sobre a relação entre os preços das ações e o valor real das empresas cotizadas em bolsa. Essa percepção negativa é especialmente forte entre executivos uruguaios e venezuelanos. Ao contrário, no Chile e no México (e um pouco menos no Brasil e no Peru), os preços, sim, refletiriam a valorização real das compa-nhias, validando a teoria de que
Quando se pergunta sobre o grau adequado de regulação, a percepção geral dos executivos é de que há espaço para uma maior regulamentação dos mercados financeiros.
PREÇO JUSTO
O PAPAI GOVERNO
O mercado bursátil reflete adequadamente o valor das empresas? Taxa de respostas afirmativas por país
O Estado cumpre um papel adequado para o mercado de capitais de seu país? Taxa de respostas favoráveis por país FONTE: ESTUDO PERCEPÇÃO MERCADOS DE CAPITAIS, 2008
FONTE: ESTUDO PERCEPÇÃO MERCADOS DE CAPITAIS, 2008
MUITO DE ACORDO DE ACORDO
13,4% CO
VE
34,1%
UR
33,3%
51,5% 8,5%
CH MX
trata-se de mercados mais eficientes. Também há amplas discrepâncias na América Latina em relação ao grau de integração de seus mercados financeiros com os mercados globais. Venezuela, Uruguai, Equador e Colômbia apresentam sinais de menor integração, enquanto países como Brasil, México e Chile percebem a si mesmos como os mais integrados, e, talvez por isso mesmo, como os mais vulneráveis a choques e vaivéns bursáteis externos como os que estamos vivendo. Não obstante, ainda mais relevante é a percepção sobre os graus adequados de regulamentação dos mercados financeiros. A percepção geral entre os pesquisados é de que os mercados financeiros não são
55,9%
PE
50,3%
MX
DE ACORDO MUITO DE ACORDO
43,6%
9,8%
AM. LAT.
9,4%
PE
5,4%
49,7%
EQ
43,0%
44,0% 55,9%
CH 43,4%
BO
5,4%
EQ
4,0%
CO 27,0%
48,5%
BR AR
21,3% 0%
35,1%
25%
50%
75%
100%
36,5% 0%
25%
50%
75%
POLÍCIA FINANCEIRA
MUITAS AMARRAS
Há mecanismos para detectar atos ilícitos em seu país? Respostas negativas por país
O mercado bursátil de seu país está super-regulado? Percentual de respostas negativas por país
FONTE: AE INTELLIGENCE - U. ADOLFO IBÁÑEZ
MUITO EM DESACORDO EM DESACORDO
FONTE: ESTUDO PERCEPÇÃO MERCADOS DE CAPITAIS, 2008
100%
MUITO DE ACORDO DE ACORDO
12,2%
4,7%
30,5%
CH
36,6%
VE
4,2%
57,6%
AR 7,2%
7,2%
CO
41,2%
60,8%
BR
12,7%
6,8%
AM. LAT.
AM. LAT.
49,2%
65,7% 7,2%
34,1%
75,0%
CH
46,3%
VE
4,1%
16,0%
78,4%
CO
66,7%
EQ
6,7% 78,7%
EQ 0%
25%
50%
48 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
75%
100%
0%
25%
50%
75%
100%
ESPECIAL
BANCOS PRÊMIO VERSUS CASTIGO
O FAMOSO “DADO”
É baixo o nível de sanções por delitos financeiros em seu país em relação ao lucro esperado com tal ato? Respostas afirmativas, por país
Existe uso ou abuso de informação privilegiada no mercado bursátil de seu país? Respostas afirmativas, por país
FONTE: AE INTELLIGENCE - U. ADOLFO IBÁÑEZ
VE
17,1%
EQ
13,3%
39,4% 39,4% 54,7%
AM. LAT.
17,5%
MX
24,5%
52,8%
AR
20,0%
57,6%
BR
16,5% 0%
USO INFO. PRIVILEGIADA
9,1%
53,8%
MX
19,6%
AR
12,9%
AM. LAT.
16,5%
BR
18,6%
VE
14,6%
VE
17,1%
MX
19,0%
AM. LAT.
13,4%
BR
11,3%
CO
12,4%
65,0% 63,9% 73,6%
63,5% 57,1% 51,5%
63,9% 25%
50%
75%
100%
superregulamentados e que, portanto, há espaço para maior regulamentação.
COBIÇA E SANÇÕES Os executivos que responderam à pesquisa, dos quais 44,4% afirmam participar do mercado bursátil, percebem que nos países da região as sanções por crimes financeiros são muito baixas se comparadas à possível recompensa que podem ter com um negócio ilícito bem-sucedido. Brasil, Argentina, México, Peru, Chile e Colômbia são os países que percebem o grau mais baixo de sanções. Do outro lado estão os uruguaios, que afirmam que estas estão em um nível adequado. Uma forma de avaliar a existência de atos ilícitos e práticas mal-intencionadas, bem como a necessidade de regulação e controle no mercado, consiste em medir a percepção dos agentes sobre a probabilidade de que as autoridades possam descobrir esse tipo de conduta. Nesse quesito, Chile e Colômbia se destacam por passarem a imagem de um bom grau de institucionalidade e de efetividade na detecção de iniciativas criminosas. Já países como Equador, Venezuela e Uruguai parecem ter um longo caminho a percorrer em termos de gerar mecanismos de identificação de atos ilícitos, segundo os executivos. Os participantes acham que na América Latina os agentes dos mercados de capitais não tendem a atuar obedecendo princípios éticos. Uma de suas expressões mais concretas dessa tendência é o abuso de informação privilegiada. Venezuela, México e Uruguai são os países nos quais os executivos percebem os graus mais altos de abuso desse tipo de informação que não está disponível aos acionistas minoritários. Peru e Colômbia são os países que o percebem menos. Diminuindo um pouco a magnitude do ato ilícito contra os mercados financeiros, os entrevistados foram questionados a respeito do simples uso (não abuso) de informação privilegiada, situação irregular mas com uma menor probabilidade de ser detectada. As respostas revelam que essa é uma prática comum, especialmente em países como México e Argentina. Um dos elementos mais críticos percebidos pelos entrevistados
ABUSO INFO. PRIVILEGIADA
UR
FONTE: ESTUDO PERCEPÇÃO MERCADOS DE CAPITAIS, 2008
MUITO DE ACORDO DE ACORDO
0%
53,7% 46,6% 58,0%
44,6% 40,2% 34,0%
25%
50%
75%
100%
CONSCIÊNCIA FINANCEIRA No mercado bursátil de seu país, atua-se em estrito apego à ética? Resposta por país FONTE: ESTUDO PERCEPÇÃO MERCADOS DE CAPITAIS 2008
MUITO EM DESACORDO EM DESACORDO
17,1% 56,1%
VE 9,4% AR
56,5% 8,5%
AM. LAT
51,7% 11,3%
CO
41,2% 5,2% 47,4%
PE 0%
25%
50%
75%
100%
está relacionado com a concentração do mercado financeiro de seus respectivos países. Cerca de 80% em média pensam que as praças são controladas por poucos agentes, apresentando dessa forma uma alta margem de concentração para todas as suas indústrias, inclusive a bursátil. Esse fator também está ligado ao custo de operar no mercado financeiro. Os executivos de todos os países revelaram perceber que o custo de estar na bolsa não é baixo, o que claramente desincentiva a participação de uma variedade maior de agentes e joga contra o aprofundamento do mercado, limitando-o a poucos participantes. Q
27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 49
ALEXANDER BATIBUGLI
NEGÓCIOS CAPACITAÇÃO
BRASIL: “PRECISA-SE”
País passa por um difícil ajuste no qual a oferta de profissionais técnicos não satisfaz a demanda Dubes Sônego, São Paulo
F
ormado em Santa Catarina, o engenheiro civil Tiago Ern chegou a São Paulo há cerca de oito anos para fazer mestrado em matérias de construção, na Escola Politécnica da USP. Pouco antes de completar a pós-graduação, saiu em busca de emprego. Nessa época, a negociação com a empresa interessada em contratá-lo levou seis meses. Este ano, Ern
voltou ao mercado à procura de novos desafios. As condições que encontrou, porém, foram muito mais favoráveis. Em 60 dias, acionando sua rede de contatos profissionais, recebeu propostas de seis companhias interessadas em ficar com o seu passe. Com a vantagem de que, agora, a média salarial oferecida era quatro vezes superior a de quando chegou
50 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
Tiago Ern: Mais opções
a São Paulo. “Sem dúvida, o mercado está aquecido”, afirma o engenheiro. Mais que um sinal de reconhecimento profissional, o caso de Ern ilustra os efeitos do aquecimento da economia brasileira sobre o mercado de trabalho e expõe sérios problemas nas políticas de formação de mão-de-obra especializada. Alguns anos de crescimento constante da economia brasileira aceleraram o ritmo de contratações e levaram ao esgotamento do escasso reservatório de talentos que o País mantinha em áreas como agronomia, engenharia naval, química, civil, de produção e da computação. A tal ponto que já é possível encontrar quem fale em um possível “apagão” de talentos. “O apagão de talentos é algo
que acontece em quase todos os setores da indústria”, diz Deborah de Toledo, diretora de relações humanas da Totvs, uma das maiores companhias de software do País e do mundo. “Este é um problema que têm a ver com o aquecimento da demanda, e também com problemas estruturais da educação brasileira.” Alguns números, de fato, são eloqüentes. O estudo “Demanda e perfil dos trabalhadores formais no Brasil em 2007”, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontou a demanda de 25 mil trabalhadores especializados somente na indústria química e petroquímica. Somados os déficits das indústrias extrativista mineral, de produtos de transporte e de produtos mecânicos, seriam necessários outros 65,5 mil profissionais qualificados. O relatório deste ano está em fase final de elaboração, mas Ricardo Amorim, um dos economistas responsáveis pelo levantamento, afirma que, de modo geral, a situação se agravou em praticamente todos os setores. “Com grande clareza, falta mão-de-obra em petroquímica e vai faltar ainda mais, com os grandes projetos anunciados pela Petrobras. Os únicos setores que melhoraram um pouco foram os de serviços urbanísticos e de têxteis e calçados”, afirma. Em meados deste mês, a estatal brasileira de petróleo declarou à imprensa que poderá dobrar, de 11 mil para 22 mil, o número de contratações até 2012, em função das descobertas de petróleo na camada do pré-sal. Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) traçou um cenário da demanda do setor de TI por mão-de-obra
em todo o País para os anos de 2008 e 2009. Levando em conta somente as necessidades para conclusão de projetos já contratados, o mercado precisaria de 33 mil trabalhadores no período. E o estudo teve como base apenas as então 32 empresas associadas (hoje são 38), que representavam cerca de 70% do faturamento do setor. Na contramão da demanda, a média anual de formandos em Ciência da Computação é de 16 mil.
SEM INTERESSE Para piorar, segundo Sérgio Sgobbi, presidente da Associação, muitas faculdades da área estão fechando por falta de interessados. “Os jovens se interessam por tecnologia no dia-a-dia, mas não a vêem como opção de carreira”, diz. A situação é semelhante na engenharia. Segundo Marcos Túlio de Melo, engenheiro civil e presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), “o Brasil oferece seis engenheiros para cada mil pessoas economicamente ativas, enquanto nos países europeus e asiáticos, a média é de 25”. Com o crescimento recente da economia e as demandas geradas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), promovido pelo Governo Federal, a entidade estima que o país precise formar perto de 30 mil engenheiros por ano. Hoje, porém, são formados por volta de 23 mil, sendo que nem todos seguem carreira na área. Para contornar o problema, empresas do setor de construção civil já estariam recorrendo à importação de mão-de-obra, principalmente de países como Chile, Argentina, Peru e Colômbia. É o que diz Maria Cristina Caccianallia, professora do curso de Economia da
FEA/USP. “Eu não ficaria tão preocupada com um ‘apagão’, mas sim com o sistema de educação que não funciona”, diz. Segundo ela, a legislação brasileira permite que as empresas tenham até um terço de mão-de-obra estrangeira e há muitos profissionais técnicos sendo formados em mercados como China, Índia e países do Leste Europeu. O problema é que o País deixa de oferecer oportunidades de ascensão social aos brasileiros. Luiz Leite, diretor de Recursos Humanos da Alston, fabricante de equipamentos de transporte e geração de energia, coloca as coisas em perspectiva histórica. “Vínhamos desde o final da década de 1970 sem demanda suficiente para desenvolver uma mão-de-obra mais especializada e, de fato, quando o mercado aqueceu, surgiu um déficit”, afirma. Para contornar o problema, nos últimos três anos a companhia aumentou de 18 para 45 o número de vagas de estágio; negociou uma parceria com o programa Formare, de formação profissional para jovens de baixa renda, e estreitou laços com universidades de ponta, como Unicamp, UFSC e a federal de Itajubá. Também desenvolveu com a FIA/USP um programa de MBA exclusivo para o público interno, para capacitar engenheiros na área de gestão de projetos. Na Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Poli-UFRJ) o aumento da demanda por profissionais da área de engenharia e a pressão por salários maiores advinda dela é facilmente perceptível. De acordo com Ericksson Almendra, diretor da instituição, nos últimos dois anos, a evasão do curso, que chegou a 50% nos anos 1990, caiu muito. Levando em conta a diferença entre o número de profissionais que
deverão se formar no início do próximo ano e o numero de vagas oferecidas quando estes entraram na faculdade, há cinco anos, o percentual ainda é de 40,8%. Porém, projetando a atual ocupação para o futuro, Almendra acredita que o percentual não passaria de 20%. É um número ainda distante dos 10% registrados no auge do chamado milagre econômico brasileiro, nos anos de 1970. Porém, “na última turma que
Desenvolvimento, em função da flutuação salarial.
TEMPO EXTRA Já existem indícios, porém, de que a crise de crédito internacional talvez tenha como um dos poucos efeitos positivos dar tempo ao mercado para que forme mão-de-obra e reduza a distância entre a demanda e a oferta. “Desde a última semana, está tudo parado. Já não é mais possível dizer como
Falta de pessoal qualificado poderá influenciar os planos futuros das empresas. entrou em engenharia mecânica, nenhum dos 120 alunos desistiu no primeiro ano”, diz ele. Muito em função da perspectiva salarial? “Não há a menor dúvida.” A forte flutuação dos salários em função das incertezas com respeito à oferta futura de mão-de-obra, por outro lado, pode ter um efeito colateral negativo no crescimento da oferta de empregos e do aumento da infra-estrutura de pesquisa no Brasil. Segundo Sérgio Queiroz, professor do departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Unicamp, coordenador da pesquisa “Políticas de desenvolvimento de atividades tecnológicas em filiais brasileiras de multinacionais”, a falta de pessoal qualificado não afeta os planos vigentes das empresas, mas pode influir em decisões futuras, na medida em que as filiais no Brasil não sejam capazes de estimar com precisão os custos futuros de uma operação de Pesquisa e
ficará a situação”, dizia Haruo Ishikawa, diretor de relações capital trabalho do Sindicato das Indústrias da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP), no início de outubro. Segundo o dirigente, hoje, entre 15 mil e 16 mil pessoas freqüentam cursos voltados ao setor daconstrução civil nas escolas do Serviço Social da Indústria (Sesi) e deverão se formar até os meses de fevereiro e março do próximo ano. Se não houvesse a crise, diz Ishikawa, o mesmo contingente seria necessário para já. De qualquer forma, assim como fizeram países como a Coréia do Sul, a China e a Índia, mais cedo ou mais tarde, o Brasil terá que atacar de forma decisiva a questão da educação em áreas técnicas, se quiser crescer de forma efetiva, como vêm fazendo seus colegas no time dos emergentes. Q
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27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 51
LATINSTOCK
NEGÓCIOS INFRA-ESTRUTURA
CICLO MALIGNO A crise internacional coloca o plano de obras do governo mexicano à prova Marisol Rueda, Cidade do México
A
intenção do plano de infra-estrutura do México não podia ser mais nobre. Reagir ao ciclo econômico dos Estados Unidos impulsionando o investimento doméstico. Mas agora o governo é uma vítima do que mais pretendia combater. A crise do vizinho do norte deixou os primeiros projetos sem financiamento. Tanto que no começo de outubro Luis Téllez, à frente do Ministério de Comunica-
ções e Transporte do México, anunciou que prorrogaria a licitação para a construção de um aeroporto na Riviera Maya – previsto para dezembro – que implica investimentos de US$ 305 milhões. O motivo? Os investidores interessados pediram um tempo para determinar sua estratégia. Foi o primeiro sinal de que o ambicioso Programa Nacional de Infra-Estructura (PNI) do presidente Felipe
52 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
Programa de infra-estrutura: licitações prorrogadas
Calderón começava a balançar. Lançado em 2007 com muita publicidade, o PNI envolve 330 projetos de aeroportos, ferrovias, estradas, portos, projetos de telecomunicações, água e energia, que seriam realizados entre 2007 e 2012. Hoje, é um dos primeiros programas a refletir os efeitos da crise internacional, e seu avanço tem sido questionado por líderes empresariais e analistas. Se nesse período se concretizasse o investimento de US$ 250 bilhões requerido pelo PNI, seriam gerados 720 mil empregos e o programa colaboraria com um crescimento adicional de 0,6% do PIB. Estima-se que 78% do total dos recursos estariam a cargo
do setor público, e 22% viriam de fontes privadas. Entretanto, altas taxas de juros, restrição ao crédito, rendimentos mais baixos e um ambiente econômico atribulado estão colocando a participação da iniciativa privada em risco. “Se o custo de capital aumenta, ou o financiamento diminui, não se pode diminuir o tamanho do projeto”, diz Ramiro Tovar, professor de Economia do Instituto Tecnológico Autônomo do México (Itam). “São projetos como estradas, que têm de ser feitos de uma só vez.” Algumas empresas começam a reavaliar sua participação no programa. “Os bancos estão exigindo uma menor ala-
vancagem nos projetos. Antes víamos alavancagens de 20% de capital e 80% de dívida; agora lhe pedem uma relação de 40% e 60%”, afirma Federico Patiño, diretor do Fundo Nacional de Infra-Estrutura (Fonadin), fideicomisso público formado no início deste ano para impulsionar o PNI. “Isso significa que agora os investidores requerem que mais capital seja injetado nos projetos.” O Fonadin conta com cerca de US$ 25 bilhões de capital, US$ 6 bilhões em dinheiro e o restante em ativos viários que se encontram em processo de reprivatização depois que o governo mexicano fez um resgate em 1997. “O mandato que temos é duplo. Otimizar os ativos e apoiar os projetos”, diz Patiño. No total, esperase que o Fonadin aporte US$ 22 bilhões em recursos entre 2007 e 2012. A reprivatização das estradas tem registrado grande procura. “Há interesse de consórcios internacionais devido ao fato de que as estradas têm um fluxo comprovado, que é grande”, diz Fabiola Ortiz, analista da Standard & Poor’s. Mas esses ativos não implicam grande investimento porque, primordialmente, são voltados a atividades de operação e manutenção. O Ministério de Comunicações e Transportes previu que se o crédito internacional se restringisse, se usariam recursos do Fonadin para apoiar as concessões licitadas para o setor privado. Mas analistas do setor acham que o fideicomisso não será suficiente. “A importância e o efeito do PNI sob seu atual desenho vai decair devido aos acontecimentos
recentes nos mercados”, diz Tovar, do Itam. Até o fechamento desta edição, o Fonadin tinha comprometido US$ 1,79 bilhão dos US$ 2,5 bilhões que projetava investir este ano. Para 2009, comprometerá outros US$ 2,5 bilhões, que implicarão um investimento total de US$ 11,4 bilhões. No afã de reforçar a economia nacional frente ao recrudescimento das condições financeiras internacionais, o presidente Calderón anunciou um programa de impulso ao crescimento. O plano contempla ampliar o gasto público em infra-estrutura, agilizá-lo e construir uma nova refina-
de valores depois do anúncio de um maior gasto em infraestrutura, o Ministério de Comunicações e Transporte prorrogava a inscrição dos interessados em outros dois projetos: um trem suburbano e um porto no norte do país.
DEFICIÊNCIAS Ainda que neste sexênio se espere registrar um investimento histórico em infra-estrutura – 4% do PIB, contra 3,2% anuais entre 2001 e 2006 – há muitos gargalos que impedem que esse gasto seja feito em sua totalidade. Até o primeiro semestre deste ano, somente 22% do orçamento programado para
se encontra na posição 61 no ranking global de infra-estrutura elaborado pelo Fórum Econômico Mundial. O diretor do Fonadin acha que é justamente agora que a viabilidade do fundo será colocada à prova. “O grande desafio é demonstrar que funciona em uma conjuntura como esta,” diz Patiño. O Fonadin apóia a iniciativa privada com recursos não-restituíveis e outros restituíveis. Criou instrumentos para dar mais garantias aos bancos que financiarem os investidores, como capital de risco, dívida subordinada, garantias e crédito. “À medida que possamos tornar os
Ainda que neste sexênio seja esperado investimento histórico, restam muitos gargalos. ria de petróleo, entre outros. Estipula-se um gasto adicional em infra-estrutura total de US$ 5,3 bilhões, dos quais US$ 4,32 bilhões seriam destinados a infra-estrutura e o restante à construção da refinaria. O anúncio, opinam analistas, deixa claro que o investimento privado no PNI está em risco. “Substitui-se o investimento privado por maior investimento público. As obras agora serão financiadas com recursos federais”, diz Tovar. “O PNI poderia mudar de nome a Plano de Estímulo ao Emprego.” Assim, a viabilidade do plano de Calderón ainda está por se ver. Enquanto as ações da maior construtora mexicana, a ICA, disparavam na bolsa
2008, em matéria de infraestrutura, havia sido exercido. A própria burocracia das dependências federais impede que as obras sejam realizadas dentro do programa estabelecido. Além disso, os participantes têm que superar obstáculos como a liberação das licenças, escassez de engenheiros e consultores nacionais, e uma lei de obras públicas obsoleta. E não é só. Os recursos também estão parados porque não há projetos concretos onde aplicá-los. O que há são idéias que carecem de estudos pertinentes – de viabilidade, impacto ambiental, etc – necessários para fazer as obras andarem. Esses são alguns dos motivos pelos quais o México
projetos mais atraentes e dar os instrumentos financeiros adequados compartilhando o risco com o setor privado, seremos mais atraentes que outros países”, afirma Patiño. Para acelerar o gasto do Fonadin, Patiño viajou em outubro aos EUA e ao Canadá para buscar investidores interessados na infra-estrutura mexicana. Se o PNI não surtir efeito e não levar à aceleração dos trabalhos para eliminar os gargalos de infra-estrutura, o governo de Calderón poderá somar uma derrota a mais à sua administração, que já conta com o aumento do crime organizado, que invade o país, e expectativas de crescimento econômico mais tímidas. Q
27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 53
PMES GLOBAIS
D
REAÇÃO EM CADEIA
Pequenas fornecedoras do setor de petróleo poderão crescer juntamente com as novas descobertas. Mas a concorrência também aumentará Solange Monteiro
54 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
esde os 15 anos, o carioca Reinaldo Rabelais pratica alpinismo. Tamanho é seu amor pelo esporte que hoje, aos 35, ele não só continua escalando como leva as cordas, fitas e mosquetões para dentro da empresa. Em 2002 criou a ClimbTec, que oferece serviços técnicos em lugares de difícil acesso. “Aproveitei meu conhecimento e comecei a mergulhar no ambiente industrial, para ver como adaptar esse método aos serviços que queríamos oferecer. Agora sei que é mais fácil transformar um soldador em alpinista do que um alpinista em soldador”, brinca Rabelais. Atualmente a ClimbTec possui 40 funcionários como caldeireiros, pintores e inspetores, e seu negócio registrou crescimento anual de mais de 50% nos últimos dois anos. Ainda que o conteúdo inovador incorporado por Rabelais possa justificá-lo, não é o único fator que provoca tal resultado. A ClimbTec faz parte de um seleto grupo de pequenas e médias empresas (PMEs) fornecedoras da cadeia de óleo e gás do Brasil. Um clube que espera ver seus negócios se multiplicarem tanto quanto as novas descobertas anunciadas pela Petrobras. “Hoje, 90% de nosso faturamento vêm do setor de petróleo e gás”, conta o empresário, esperançoso com as oportunidades que podem se abrir. “Estamos negociando a parceria com uma empresa de andaimes da Bahia para levar nosso serviço para lá. E, para 2009, nosso plano é fazer um mapeamento de todo o território brasileiro, dos campos, petroquímicas, refinarias, para trabalhar mais fortemente na prospecção de novas contas”,
diz, indicando os primeiros passos para ampliar o foco além da Bacia de Campos, onde atualmente concentra sua oferta. Para chegar ao topo desse mercado, entretanto, à ClimbTec não bastou contar com a experiência do empresário. Fazer parte de uma cadeia produtiva tão complexa e exigente quanto à do petróleo implica apresentar ao mercado as mais confiáveis credenciais disponíveis. No caso da empresa de Rabelais, isso se traduziu em um certificado ISO 9000 e a Irata, certificação internacional de acesso por corda do Reino Unido, que é referência mundial. “Como essa é uma atividade relativamente nova no Brasil, ainda não temos uma certificação local”, diz.
APOIO EM REDE Em geral, processos de certificação exigem dinheiro, tempo e conhecimento especializado, além de uma mudança radical na filosofia da empresa, que passa a incorporar a necessidade de atualização e capacitação continuada. E como esse não é um investimento fácil para as pequenas – e sabendo que terá cada vez mais que depender delas no desenvolvimento do setor petrolífero –, desde 2003 o governo começou a investir em programas de capacitação das mesmas, com a criação do Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural), coordenado com outras iniciativas, como a Rede Petro, da Petrobras, e ações do Sebrae. “Essa é uma característica de quando você participa de uma cadeia produtiva forte: é preciso garantir que todos os que participam dela sejam
não rompê-la e colocar o crescimento do setor em risco”, diz Fernando Jefferson, coordenador do Comitê de PMEs da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (SBGC). “E estamos falando de um setor que, antes mesmo do pré-sal, anunciava investimentos (nacionais e estrangeiros) de US$ 128 bilhões até 2012.” Hoje, praticamente todas as PMEs aptas a participar de uma licitação na Petrobras – que já se aproximam de 2 mil – receberam apoio da Rede Petro. “O fato de fornecer para a Petrobras vale mais que o próprio certificado e dispensa horas de entrevistas com novos clientes”, conta Márcio Kac, sócio da Simper, fabricante de parafusos de alta precisão criada em Minas Gerais em 1979. Kac nunca havia imaginado fazer parte desse clube, até que há cinco anos um de seus mais tradicionais clientes, do segmento de caldeiraria pesada, decidiu participar de uma licitação da estatal de petróleo. “Eles nos chamaram para uma reunião e disseram que teríamos que nos adequar às exigências se quiséssemos continuar sendo seus fornecedores”, conta. Aí é que Kac foi buscar a ajuda da Rede Petro. “Desde que conquistamos a ISO, com a ajuda de subsídios do governo do estado e de programas da Rede Petro, registramos crescimento acima de 20% ao ano, número que inclui novos clientes também da área de mineração e construção”, conta. O fato é que a revolução pela qual poderá passar o setor de petróleo no Brasil está incentivando uma maior mobilização em favor da capacitação das pequenas empresas. “A cada dia precisamos de mais
empresas competitivas”, diz Renato Regazzi, gerente de Desenvolvimento Industrial do Sebrae/RJ. Desde 2004 a instituição de apoio às pequenas empresas já capacitou mais de 2,2 mil empresas em aspectos gerenciais e de acesso a novas tecnologias. “Agora reafirmamos um convênio com a Petrobras de R$ 32 milhões (o dobro do valor investido anteriormente) por mais três anos, para diagnosticar demandas, identificar ofertas no mercado nacional e capacitar empresas sobretudo ligadas a TI, metalmecânica, eletrônica, de engenharia e ambiental”, conta Regazzi. Segundo o especialista, as principais debilidades identificadas até agora entre as empresas atendidas “são a
situação de emergência, quando é mais fácil contar com quem está perto.” Hoje, 70 % do faturamento da TS vêm do setor de óleo e gás. A empresa está prestes a receber a certificação ISO e há três meses lançou um computador de vazão que permite medir a produção de petróleo e gás ao longo da exploração, com um sistema que calcula o índice de pureza do que é extraído. “Desenvolvemos o computador a partir da experiência do dia-a-dia, a partir das dificuldades que enfrentávamos de integrar esse sistema com a automação”, conta Marinho, que já deu início à certificação do equipamento. Para Jefferson, da SBGC, iniciativas inovadoras e a
presentes, de olho no mercado. Houve inclusive o anúncio da Noruega de que deseja instalar uma incubadora no Brasil.” Jefferson afirma que a concorrência não será apenas por contratos, mas também pelos talentos que hoje se destacam dentro das empresas nacionais. “Agora já não vai mais bastar capacitar; será preciso investir na preservação do capital intelectual”, diz. “As estrangeiras que desejam conhecer o mercado entrarão no site da Petrobras, verão seus fornecedores mais bem-cotados e poderão buscar o nome de um engenheiro, um gerente de projetos ou um diretor comercial que desejam prospectar”, diz. Enquanto esse cenário se configura, Rabelais e Marinho
Rabelais também quer aproveitar as oportunidades de negócio no setor petrolífero da África. deficiência tecnológica – e no setor do petróleo inovação é o principal fator de sustentabilidade – , além da resistência a formar associações”.
OUTRO NÍVEL “Quando começamos a trabalhar nesse setor, identificamos de cara que o conhecimento dos funcionários é grande, e que é impossível trabalhar com eles sem atualização constante”, confirma Hilton Marinho, da TS Soluções, empresa de automação industrial do Ceará. Há sete anos, a TS aproveitou as similaridades entre as operações de saneamento – na qual já tinha experiência – com as do segmento do petróleo para oferecer seus serviços. “Começamos cobrindo uma
consciência da necessidade de capacitação como as apresentadas pela TS são conceitos de ouro que precisarão ser propagados em velocidade exponencial no País. “Se é certo que esse setor movimentará muito dinheiro, também é certo que essas empresas terão que brigar duro com uma nova concorrência estrangeira”, alerta, referindo-se, entre outros, ao apetite asiático e aos negócios que buscarão migrar de regiões como a do Mar do Norte, onde a produção de petróleo dá sinais de queda, em busca de novas oportunidades. “Somente na última Oil&Gas (evento do setor promovido no Rio de Janeiro em setembro), 60 empresas chinesas e outras 60 de diversos países estavam
quer fortalecer sua musculatura fazendo o caminho inverso: aproveitando o cartão de visitas de fornecedor da Petrobras para ganhar mercado no exterior. “Entre 2009 e 2010, nosso interesse é chegar à Angola”, diz o empresário da ClimbTec, destacando o bom momento do setor petrolífero na África. “Pensamos um computador para as exigências do Brasil, mas em dois anos mais buscaremos o mercado externo”, diz Marinho. Para Regazzi, do Sebrae, “esse é o caminho, pois mais do que exportar petróleo, nosso ideal é exportar um parque industrial especializado, não importando o tamanho da empresa”. Isso, claro, se a demanda do pré-sal permitir. Q
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DEBATES POLÍTICA
POTÊNCIA IMPOTENTE
SOLEDAD TIRAPEGUI
A conjuntura dos EUA acentua o vazio de liderança na América Latina Rodrigo Lara Serrano, Buenos Aires
56 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
P
assou inadvertido em meio à crise. A Nicarágua reconheceu a Ossétia do Sul e a Abecásia como estados independentes, por sugestão do governo russo. Parece pouco, mas é algo excepcional. “Nem Hugo Chávez nem Raúl Castro se atreveram a fazê-lo”, diz o analista internacional e de defesa Juan Toklatián, em Buenos Aires. Para ele, esse é um novo sinal do momento de máxima autonomia vivido pela América Latina frente aos EUA nos últimos cem anos. Ninguém duvida mais que, desde que Washington iniciou sua saga de guerras no Golfo Pérsico e a tentativa de domínio da Ásia Central, a região tem vivido seus dias de menor intervencionismo. Agora, em meio às turbulências da explosão da bolha financeira de Wall Street, muitos se perguntam se não é o começo do próximo capítulo: o fim da hegemonia norte-americana no mundo. E se isso redundará em mais liberdade para as nações latino-americanas – ou, paradoxalmente, não. Quanto à preeminência norte-americano no globo, especialistas como Jeremy Rifkin colocam o preto no branco: “hoje os EUA são uma economia quebrada”. E um Estado quebrado raras vezes pode sustentar um domínio imperial. Além disso, para o autor de O sonho Europeu, a globalização está suspensa pelo fio cada vez mais tênue do que chama de “quantidade de petróleo disponível per capita” (em nível planetário), que registra queda desde 1979. E cujo preço baixo é o fundamento da interco-
nexão econômica mundial dominada pelas instituições norte-americanas.
MULTIPOLAR? Mas Toklatián, autor de Globalização, narcotráfico e violência, acha que é apressado dizer que já estamos em um novo mundo multipolar. “Na mesma semana em que se aprovou o pacote de resgate de US$ 700 bilhões, foi aprovado, por 318 votos contra 40, o orçamento militar para 2009.” São US$ 612 bilhões. “O equivalente à soma dos orçamentos de defesa de todos os outros 191 países que possuem uma cadeira na ONU.” Também foi nesse período que as Forças Armadas norte-americanas criaram, pela primeira vez, um “Comando Africano” para controlar eventuais operações nesse continente. Se há alguma debilidade, os militares a dissimulam bem. Para o brasileiro Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington e presidente da Rubens Barbosa e Associados, é mais razoável esperar uma mudança de estilo do que de vigor. “A economia norte-americana é muito forte e vai se recuperar antes que as européias”, afirma. “Acho que eles estarão mais abertos ao multilateralismo e menos arrogantes.” Sempre dentro da visão de que os EUA são uma nação única, com uma missão. “Não acho que a visão do destino manifesto desapareça. Talvez se torne menos agressiva.” Precisamente o fato de que os norte-americanos acreditam, desde o início de sua história, em seu “destino” privilegiado (que sua democracia é melhor que as outras e que o país é um farol da liberdade no mundo) pode levar a uma transição vio-
lenta se seu poder diminuir. “Se observar a história russa, não há um componente de ambição global, exceto no período da URSS, que seu deveu à ideologia”, diz Toklatián. Isso foi muito bom porque, – fenecida a ideologia “casual” – “esta tradição cultural fez com que o colapso fosse simples: a ninguém no Kremlin ocorreu apertar o botão e dar início a uma guerra na Europa”. Mas, nos caso dos EUA, “me parece que o soft landing não seria o mesmo”. Grande ironia. Diferentemente do soviético “comum” já desaparecido, o norte-americano “comum” está disposto a acreditar em coisas inverossímeis do mundo exterior por amor à sua América.
da (eventual) presidência de Obama, haverá alguma iniciativa (referindo-se sobretudo a Cuba), mas em geral o atual tom não vai mudar com relação à região”. A conseqüência prática disso “será a emergência da influência brasileira, seguida de perto pela presença chinesa, especialmente no comércio e nos investimentos”. Toklatián concorda que “o que os EUA estão tratando de fazer não é passar o comando ao Brasil, mas sim uma série de tarefas. E isso será aceito pelo País, que também tem seus próprios objetivos estratégicos com isso”. Esse jogo de conveniências se manterá, se os Estados Unidos não se debilitarem mais ou se o Brasil não se fortalecer mais
país da região”, avalia Acuña. E mais. “Acho que até podem ver (o Brasil) como ameaça à segurança.” E isso, indica, é mútuo. “As elites brasileiras, independente de serem de centro-direita ou de centroesquerda, estão de acordo a respeito de que – mais cedo ou mais tarde – sua autonomia está destinada a entrar em confronto com a das grandes potências, particularmente com a dos EUA.” Como sinal disso, Acuña menciona o projeto do submarino nuclear brasileiro. E comenta que as autoridades do país foram claras ao indicar que “está destinado a impedir que as rotas marítimas do Atlântico Sul possam ser ameaçadas por potências externas, não por seus
Em meio à turbulência financeira, muitos se perguntam se a hegemonia global dos Estados Unidos está chegando ao fim. Neste cenário de vacilo, alguns pensam que o Brasil tenderá a ocupar o papel de país dominante da região. Inicialmente, com o apoio dos EUA. “Não é de desagrado dos EUA que potências regionais como o Brasil tenham um maior papel, na medida em que eles se orientem a políticas apoiadas pelo país”, diz Boris Yopo, pesquisador do Instituto de Estudos Internacionais da Universidade do Chile. O motivo é que “agora, mais que nunca, os EUA podem desviar recursos que necessitam em outras partes”. Por isso é que falam de “apoiar ‘seus sócios’ na região (como Brasil e Chile) e dessa forma garantir estabilidade com o mínimo esforço”. Barbosa, por sua vez, estima que “nos primeiros anos
que o desejado. Carlos Acuña, analista político e professor da Universidade de San Andrés, em Buenos Aires, destaca que “não é verdade que quando um poder se enfraquece, se enfraquece igual em todas as regiões”. De fato, “pode se concentrar em alguma região e ali não se debilitará”. Mas, a Casa Branca escolherá uma estratégia de controle obsessivo sobre a América Latina uma vez que cessem as atuais turbulências? A reativação da Quarta Frota, destinada a patrulhar mares “e rios” sul-americanos, pode ser vista dessa forma. Não convém aos EUA estabelecerem uma relação privilegiada com o Brasil, como a que têm com o Reino Unido? “Não acho que os EUA estejam dispostos a outorgar certa paridade a um
vizinhos sul-americanos”. Tempos agitados se aproximam. Não chega a ser atrevido adiantar que os Estados Unidos que não queiram ou não possam sustentar a Doutrina Monroe (política do presidente dos EUA James Monroe da “América para os americanos”), não necessariamente ajudariam a garantir a paz regional. Nações da Ásia ou da Europa poderiam sentir-se tentadas a substituir Washington, caso exista um consenso ou uma aliança medianamente forte liderada pelo Brasil. Mas tal temor pode ser prematuro. Com um sorriso, Toklatián conclui: “hoje a América Latina está mais próxima de dizer adeus à Doutrina Monroe. Mas isso não quer dizer que os norte-americanos também se despedirão dela.” Q
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DEBATES POLÍTICA
O SONHO DAS MOEDAS GÊMEAS
Argentina e Brasil criaram um mecanismo para que todo o seu comércio bilateral possa operar sem dólares Rodrigo Lara Serrano, Buenos Aires
O
fato de os investidores globais fugirem massivamente do real para o dólar diz muito sobre sua psicologia. E sobre o quão relativa é para eles a solidez do setor real de uma economia. De pouco serviram ao Brasil os excelentes números de consumo, produção, poupança, controle da inflação, reservas e até riqueza energética futura. A queda de sua moeda colocou seus sócios comerciais em alerta, e ainda não está claro como seguirá a escalada de desvalorizações na região. Em dias em que os dólares secaram nas praças locais, o custo de intermediação financeira para aqueles que precisam pagar importações ou cobrar exportações disparou. Isso levou a uma valorização do mecanismo, por enquanto modesto, estabelecido pelo Brasil e pela Argentina há algumas semanas, que busca eliminar o uso do dólar no comércio bilateral. Quando lançaram o acordo, os presidentes do Banco Central argentino, Martín Redrado, e brasileiro, Henrique Meirelles, afirmaram que “a criação do sistema bilateral de pagamentos em moeda local serviria como antecedente para uma eventual implementação posterior nos demais países do Mercosul”. O mecanismo é simples. Os empresários podem escolher
entre realizar transações em reais ou em pesos (ou mantê-las em dólares), e as autoridades monetárias se comprometem a compensar, dia a dia, os saldos
Bocchi, professor de Economia da PUC-SP, “a criação desse sistema facilitador de transações comerciais, que elimina o custo da intermediação financeira, é positivo”. Isso porque “no longo prazo, ao menos teoricamente, tende a provocar um maior equilíbrio no comércio entre os dois países”. O país que tenha um superávit comercial acumulará
Peso e real: sem a verdinha no meio
unilaterais que provenham dos pagamentos de operações que cada Banco Central registre. Um dado importante é que ambos os bancos se comprometeram a “dar aos pagamentos feitos através desse mecanismo um tratamento igualmente favorável aos outorgados a transações semelhantes feitas com outros países”. Ainda que modesta, para João Ildebrando
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moedas do vizinho, que não servem para compras em outros mercados. “Mas esse equilíbrio também dependerá de outros fatores, como as características da estrutura produtiva dos dois países (complementariedade), estruturas tributárias, custos de financiamento e infra-estrutura logística”, diz Bocchi. Em Buenos Aires, também há um otimismo cauto. “Sem
dúvida alguma, a medida convém às pequenas e médias empresas. Começando pelo custo operacional”, diz Alfredo Silberstein, diretor da Consultora Conseil e ex-diretor do Centro de Negócios do Mercosul. O motivo primário reside em que “se alguém recebe um pagamento do Brasil em dólares, estará pagando duas vezes pelo câmbio”. Além disso, indica que “fazer cálculos na moeda do cliente lhe dá liberdade de não pensar no mundo do dólar. E não depender tanto do estoque de divisas do Banco Central de um dos países”. Não obstante, para saber o que passará será preciso esperar mais do que se imagina, segundo Bocchi. “Provavelmente, dada a atual crise, o novo sistema será deixado meio de lado por enquanto. Acho que todas as empresas, independentemente do tamanho, se refugiarão no dólar. Se essa medida tivesse sido lançada há três anos, teria sido melhor.” Para alguns, como Horacio Tomás Liendo, ex-assessor do ministro de Economia argentino, não se deve descartar uma regionalização das finanças. Ele é partidário da livre circulação de moedas entre os membros do Mercosul e o Chile. Q Com Dubes Sônego, São Paulo.
POLÍTICA OPINIÃO
Alfredo Ferrero
Peru: outro desafio AS COISAS pareciam ir bem. O García que foi eleito presidente pela segunda vez demonstra um bom e responsável manejo macroeconômico. Recebe das mãos de Toledo um país em crescimento e mantém essa tendência. Ratifica-se o tratado de livre comércio com os EUA, que se consolida em promotor do investimento privado, e o país conquista o investment grade. Depois de um primeiro governo horroroso, esse convertido ao liberalismo consegue entregar uma gestão bem-sucedida. Inclusive seu gabinete funcionava dentro do normal. Com a exceção de alguns contratempos na pasta do Interior – devido a denúncias envolvendo a compra de radiopatrulhas –, havia poucos sobressaltos. E quase não houve mudanças nesses dois anos e tanto de governo. Mas a forte deterioração do cenário econômico global coincidiu com a intensificação de problemas internos. O ministro de Saúde perdeu a briga política e de comunicação contra os médicos que estavam há mais de 20 dias em greve, enquanto no setor de petróleo multiplicaram-se os rumores de empresas com pouca trajetória que ganharam o direito de participar da exploração de lotes que estavam nas mãos da estatal Petroperu, mesmo sem contar com as credenciais e apoio suficientes. A gota d’água veio em um domingo quando o ex-ministro do Interior Fernando Rospigliosi divulgou publicamente um áudio que relaciona outro ex-ministro, Rómulo León, ao vice-presidente do Conselho da Petroperú, Alberto Quimper, negociando possíveis alianças e o enriquecimento ilícito com a cessão de licenças de exploração de petróleo. Uma complicada trama de relações e influências de funcionários públicos que vai se estendendo e que chega a envolver o primeiro-ministro Jorge del Castillo. Apesar de não existirem provas contra Del Castillo, o gabinete caiu: cinco ministros e o próprio premiê tiveram que abandonar seus postos. García não pode esquecer que muitos votaram nele no segundo turno com os narizes tapados e indo contra suas próprias promessas de nunca mais fazê-lo, simplesmente para evitar o mal maior: que Ollanta Humala fosse eleito. Com os atos de corrupção do primeiro governo de García ainda frescos na memória, nem a população, nem a mídia deixarão passar uma falta do governo do partido de García (Apra).
Não obstante, o novo gabinete determina em grande parte o cenário sobre o qual serão jogadas as cartas da sucessão de governo em 2011. A saída de Del Castillo, que era um dos nomes mais mencionados para a sucessão de García, possivelmente fará tal plano ser abortado. Seu cargo foi assumido por Yehude Simón, um homem de centroesquerda polêmico por suas idéias e por seu passado vinculado ao terrorismo, mas que hoje se mostra um eficiente, pragmático e concertador presidente regional reeleito em Lambayeque. A ele seria preciso somar vários prováveis candidatos de direita ou centro-direita. Keiko Fujimori (filha do ex-presidente, hoje preso), Lourdes Flores e Alejandro Toledo também competem pelo cargo. E a esquerda continua monopolizada por Humala. O espaço que não tem um claro representante é o da centro-esquerda racional, não hepática, mas moderna, com propostas e alternativas de desenvolvimento e projeção social. Ollanta Humala também está buscando mover-se nesse espaço, pois sabe que seu discurso radical lhe permite chegar ao segundo turno, mas não ganha a eleição. Toledo, como ex-presidente e com o apoio da centro-direita, também busca esse espaço. O Apra, sem um nome definido, buscará uma aliança com outros grupos. Seu apoio será muito importante para quem pretender ganhar em 2011 – e para cumprir o desejo de García de novamente se reeleger em 2016. Atualmente García flerta com o atual prefeito de Lima, Castañeda Lossio, homem de poucas palavras mas com consistente aprovação, e agora o novo premiê Yehude Simón pode ser outra alternativa de aliança. É provável que García esteja ensaiando algo para esta conjuntura eleitoral. Não obstante, é possível pensar que pode aparecer um outsider que conquiste o apoio da situação sem sair do grupo do governo. Possivelmente, não será bom esperar muito: a crise econômica, apesar de chegar em um momento em que o país está bem-posicionado, produzirá efeitos através da queda de remessas, do preço dos metais, do volume exportado e no fluxo de investimento. E as demandas sociais se acentuarão, favorecendo o campo para os não-sistêmicos. O cenário 2011 não está tão longe e o que for planejado hoje será chave para o desenlace eleitoral. Q
Alan García não pode esquecer que muitos votaram nele no segundo turno com o nariz tapado e contra seus próprios juramentos de nunca mais fazê-lo, só para evitar um mal maior: Ollanta Humala.
Sócio do Estudio Navarro, Ferrero & Pazos. Foi ministro de Comércio Exterior e Turismo durante o governo de Alejandro Toledo.
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OPINIÃO INFRA-ESTRUTURA
Norman Anderson
Manual de sobrevivência A CRISE FINANCEIRA vinda do Norte colocou a América Latina em uma posição vulnerável e de alto risco. A região vinha crescendo a altas taxas, como os 5,5% registrados no ano passado. Mas as projeções para 2009, segundo o Morgan Stanley, são pouco alentadoras: somente 1,5%. Não obstante, é possível impedir que esse sombrio 2009 se torne realidade. Mas, para que isso aconteça é preciso ter um plano de ação agora. Permita-me mostrarlhes uma fórmula que, se aplicada rapidamente, poderia trazer benefícios de curto e longo prazo nesses tempos de crise. A fórmula: já que não há nenhuma dúvida de que a atual crise financeira se expandirá pela região através da via rápida que implica a queda dos preços das matériasprimas ou commodities (alimentos, minerais e petróleo, entre outros), e pelo longo caminho de ter sócios comerciais mais fracos. A América Latina então tem que aproveitar este momento de preços baixos e incrementar seu investimento a US$ 40 bilhões ou US$ 50 bilhões, equivalentes a 1,5% do PIB. Esse investimento deve focar-se em projetos que cumpram dois objetivos essenciais: primeiro, contribuir para a competitividade de longo prazo de cada país; e, segundo, prover o maior número possível de postos de trabalho. É necessário que este foco seja dado em projetos de infraestrutura básica tais como sistemas multimodais e logísticos, geração e transmissão de eletricidade, transporte urbano e sistema de distribuição e tratamento de água. Os benefícios: a economia latino-americana obterá três benefícios principais desse investimento antecipado. Primeiro, o montante total de investimento seria da ordem de US$ 15 bilhões para uma economia grande como a brasileira, e de US$ 450 milhões para economias menores como a dominicana. O montante do estímulo em todo o continente seria de US$ 40 bilhões e criaria mais de 600 mil trabalhos diretos e mais de 1,8 milhão de postos de trabalho de forma indireta. Segundo, as pessoas perceberão que seus governos – e as instituições internacionais – não somente realizaram
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ações decisivas como também tomaram decisões que têm um impacto direto em seu bem-estar. A geração de confiança nos cidadãos é crítica em tempos de crise e permite à sociedade manter um otimismo que serve como motor da economia, sem ter que enfrentar um par de anos de recessão global para reencontrar o crescimento. Terceiro, tais ações criariam uma muralha protetora para a economia latino-americana e a blindariam da debacle financeira global. E enquanto o sistema financeiro internacional está sendo reparado pela elite política e financeira, a qualidade de vida do cidadão médio – refletida em fontes de emprego e uma economia produtiva – poderia ser atendida domesticamente. Os resultados: os últimos cinco anos foram muito bons para a América Latina, apesar de que nem todos receberam seus benefícios. Para os ricos, foram tempos maravilhosos. Para a classe média, incertos. E, para os pobres, quase tão difíceis como sempre. Mas em infraestrutura – um verdadeiro Proxy para a competitividade global – a agulha não se moveu. Apesar do que digam os governos da região (Chile como uma permanente exceção e o Panamá como uma exceção recente), o investimento em infra-estrutura nunca superou 1,5% do PIB. Trata-se de uma cifra baixíssima para os padrões globais. Tal como disse um observador internacional que me escreveu do Oriente Médio, “se compararmos com a América do Norte e outros continentes como a Ásia, existe um grande atraso de infra-estrutura na América Latina, e se continuar assim a região carecerá totalmente de competitividade em 2015 – isso se já não for agora. Honestamente, se não fosse pelo atrativo das matérias-primas, ninguém investiria na região. Quando ouço os chineses, coreanos, árabes e italianos afirmando que primeiramente investiriam na África e não na América Latina, entendo plenamente que há um problema na região”. A ação certeira e agressiva na área de infra-estrutura tem amplos benefícios: permite à região proteger-se da atual crise planetária, pode plantar as bases para uma maior produtividade e competitividade no médio prazo, e permite demonstrar aos cidadãos – a todos eles – um compromisso com o crescimento eqüitativo da economia nacional. Se a região investisse 1,5% de seu PIB em infraestrutura, também poderia ir aumentando o investimento em 0,5% do PIB a cada ano, e assim chegaria a 2015 com um investimento próximo dos 5,5% do PIB. Isso faria da região a mais competitiva do mundo. A crise é uma oportunidade. Mas, para aproveitá-la, tem que ser já. Q
Apesar do que os governos dizem, o investimento em infra-estrutura nunca superou 1,5% do PIB.
Presidente de CG/LA
ESPECIAL
DOR
Ásia / A. Latina
ASIÁTICA A desaceleração econômica na Ásia resultará inevitavelmente em um menor crescimento da América Latina. Mas também abre portas a novas oportunidades de cooperação
A
ugustín Curisaca faz uma breve pausa antes de responder à pergunta. “Não, não há um bairro chinês nem nada parecido. Em geral, os chineses não têm boa fama por aqui”, diz o funcionário da Municipalidade de Marcona, uma desértica cidade peruana de menos de
15 mil habitantes, localizada na região costeira de Ica. Esse poderia ser um fato irrelevante, se não fosse pelo detalhe de que grande parte da economia da cidade depende de uma única empresa, chinesa. Em 1992, quando se privatizou a Hierro Perú, que opera a mina de Marcona, maior produtora de ferro do país, “os sindicatos viam a venda a uma empresa como a Shougang Corporation, da República Popular da China, com bons olhos”, conta o economista peruano Carlos Aquino, professor da Uni27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 61
FERNANDO CARRASCO/POSTAL DEL DÍA
Eduardo Thomson, Santiago
ESPECIAL
Ásia / A. Latina
versidade San Marcos em Lima e especialista em economia asiática. Mas, desde então, “quase todo ano a Shougang Hierro Perú registra uma ou mais greves gerais. A cultura de trabalho confuciana da China, de muitas horas de trabalho e fidelidade à empresa, colidiu com a latino-americana, mais... relaxada, para descrevê-la de alguma forma”, diz Aquino. A Shougang também enfrenta outras acusações além das trabalhistas. “A empresa polui e controla os serviços de energia elétrica e água da cidade, e isso não pode continuar assim”, reclama Curisaca. A animosidade chega a tal nível que este ano uma conselheira municipal foi presa por participar em uma tentativa de incêndio nos escritórios da Shougang. O próprio prefeito da cidade também foi acusado de estar envolvido no caso. Marcona deveria ser um tema de estudo obrigatório sobre os efeitos das barreiras culturais para as empresas asiáticas que buscam investir em projetos de mineração ou energia na América Latina, setores nos quais estes demonstraram particular interesse, para garantir fontes de abastecimento de matériasprimas. “Essas barreiras pesam. Há anos dirigentes chineses anunciaram investimentos diretos milionários no Peru e em outros países, mas se observamos as cifras oficiais, estes não se plasmaram muito”, comenta Aquino, da Universidade San Marcos. Às barreiras culturais que qualquer investimento asiático na região tem que derrubar – como idioma, distância e costumes – soma-se o atual cenário macroeconômico global de desaceleração e recessão, que afetará as taxas de crescimento de todos os países asiáticos, incluindo a China. Conseqüentemente, o menor crescimento da região redundará em menor crescimento da América Latina. Mas à medida que o eixo econômico mundial siga mudando para o leste, particularmente à China, a América Latina terá que fazer todo o possível para estreitar ainda mais os laços com o oriente, eliminar essas barreiras culturais e atrair mais capitais. “Já temos uma forte relação comercial, que usualmente é a primeira a formar-se. Agora é preciso fazer mais para atrair o investimento direto e estreitar os vínculos financeiros”, explica Paul Liu, presidente da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico. O comércio entre ambas as regiões continua forte. Em 2007, chegou aos US$ 267 bilhões, um aumento de 24% em relação a 2006, segundo dados da United State Agency for International Development (Usaid). Outra cifra que demonstra a crescente dependência com a China é o aumento de 151% das exportações latino-americanas ao país entre dezembro de 2006 e julho deste ano, graças aos preços das commodities, mas também a maiores volumes, segundo o serviço de aduanas da China. O México, por exemplo, aumentou suas exportações à China em 380% no mesmo período (superou a barreira dos US$ 1 bilhão em vendas mensais em agosto de 2007), incorporando-
se ao trio de líderes exportadores a esse país, juntamente com Brasil e Chile (e recentemente superando o Chile). E o dragão asiático não é o único que cresce: Cingapura aumentou seu comércio total com a região em 13% de 2006 a 2007, para US$ 22,3 bilhões, segundo cifras da Jetro, instituição japonesa de promoção do comércio exterior. O Chile manteve a dianteira nas exportações a esse país, mas a maior alta interanual ficou com o Peru, com um aumento de 70% em suas exportações, para US$ 2,24 bilhões. Os 12 tratados de livre comércio assinados até agora entre países asiáticos e latino-americanos foram vitais para se chegar a essa cifra. Mas também existe o consenso de que o comércio com a Ásia será uma das primeiras partes a sentir uma desaceleração devido aos efeitos da crise financeira internacional. “É preciso lembrar que 8% do PIB da China depende de suas exportações aos Estados Unidos”, comenta Manfred Wilhelmy, diretor-gerente da Fundação Chilena do Pacífico, instituição que fomenta as relações empresariais entre Chile e a região Ásia-Pacífico. “Não há como não sentir o golpe devido à recessão nesse país.” Prova disso é o contágio com o recente pânico nos mercados. Apesar de a Ásia contar com mais de US$ 3 trilhões em reservas externas, bancos bem capitalizados, altas taxas de poupança e pouca exposição à dívida subprime, tudo isso de pouco serviu entre os dias 6 e 10 de outubro, quando os mercados desenvolvidos despencaram. Nessa semana, o índice S&P 500 dos Estados Unidos caiu 19%, cifra que se empalidece frente à queda de 26,4% na Bolsa de Tóquio. Hong Kong caiu 18,2%; Shanghai, 16%; e a de Mumbai, 17%. Além disso, alguns meios afirmam que Cingapura já estaria em recessão e o Japão, às portas dela. Para Arthur Kroeber, diretor-gerente da consultora chinesa Dragonomics, em Pequim, a expansão econômica da China continuará forte, com um crescimento de 9,5% em 2008 e entre 8% e 8,5% em 2009, ainda que as economias de outros países asiáticos certamente sofrerão uma maior desaceleração, já que dependem em maior medida do comércio com os países desenvolvidos. “Os produtores de matérias-primas têm que se preparar para um forte ajuste”, explica Kroeber. “Nos últimos cinco anos, a China tem funcionado com um ‘motor duplo’ de crescimento: o crescimento do PIB e uma maior intensidade no uso de matérias-primas. Agora estamos vendo uma desaceleração dupla, do PIB e da intensidade no uso de matérias-primas, o que significa que a demanda chinesa por commodities, ainda que se veja sólida no médio prazo, poderia significar um freio ainda mais drástico que o que implica apenas a queda no crescimento do PIB.” Conseqüentemente, as projeções de crescimento econômico na América Latina apontam para baixo. O Banco Mundial rebaixou a projeção de crescimento para a região em 2009 para entre 2,5% e 3,5%. A estimativa anterior era de entre 4,2% e 4,6%. Agora, a instituição também espera que vários países
Ásia e América Latina têm estreitado relações comercias. Agora, a crise econômica mundial traz à luz a necessidade de fortalecer laços em todos os âmbitos possíveis.
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ESPECIAL
Ásia / A. Latina A escavar e perfurar Onde estão os investimentos chineses e japoneses em mineração e petróleo VENEZUELA SHANDONG GOLD (CHINA): SOSA MÉNDEZ
COLÔMBIA
•SINOPEC (CHINA): OMINEX EQUADOR •SINOPEC (CHINA): ENCANA BRASIL • SINOPEC (CHINA): PETROBRAS (ACORDOS DE EXPLORAÇÃO) • BAOSTEEL GROUP (CHINA): PLANTA SIDERÚRGICA NO ESPÍRITO SANTO PERU: • SHOUGANG CORP.(CHINA): SHOUGANG HIERRO PERÚ • MINMETAL (CHINA): NORTHERN PERÚ COPPER CORPORATION (NPCC) • MITSUBISHI CORPORATION: ANTAMINA COPPER MINE (CMA) • MITSUI (JAPÃO): QUECHUA, CÍA. MINERA SANTA LUISA • NIPPON MINING (JAPÃO): QUECHUA, CÍA. MINERA SANTA LUISA • RELIANCE (ÍNDIA): PETROPERÚ (ALIANÇA DE EXPLORAÇÃO), BLOCO 39, EM LORETO. • ZIJIN MINING GROUP CO. (CHINA): RÍO BLANCO • CHINALCO (CHINA): PERÚ COPPER BOLÍVIA SUMITOMO (JAPÃO): MINA SAN CRISTÓBAL ARGENTINA CHINA METALLURGICAL GROUP CORP (CHINA): SIERRA GRANDE CHILE • MITSUBISHI CORPORATION: ESCONDIDA, CODELCO, LOS PELAMBRES • MITSUI (JAPÃO): COLLAHUASI, MINERA CASERONES, LOS PELAMBRES • NIPPON MINING (JAPÃO): COLLAHUASI, MINERA CASERONES, LOS PELAMBRES • MARUBENI (JAPÃO): LOS PELAMBRES
lhe busquem e peçam dinheiro para enfrentar a crise.
O sonho oriental
J
á que 2009 não pinta com boa cara, algumas empresas estão avaliando formas de buscar novos mercados. Por exemplo, o mexicano Simón Levy acha que os chineses gostarão da comida mexicana. Com apenas 29 anos de idade, cinco deles viajando constantemente à Ásia como diretor-gerente da consultoria LatinAsia, fundada por ele, uma de suas mais recentes apostas foi participar como sócio e assessor na abertura de – até agora – três restaurantes da rede mexicana El Fogoncito na China. “Não tem sido uma tarefa fácil, mas o paladar chinês está se tornando mais refinado e está exigindo novos sabores”, comenta. A LatinAsia é uma das várias empresas recentemente formadas que se deram conta de que o futuro do consumo está não nas superendividadas famílias norte-americanas ou européias, mas em uma crescente classe média e alta chinesa, ávida por novas experiências... e com muitas economias. De fato, os analistas esperam que sejam a demanda interna e os projetos fiscais os que permitarão ao país enfrentar os efeitos de uma queda nas exportações. Já não se trata apenas de vender matérias-primas. Algumas empresas latino-americanas estão se aventurando timidamente – mas espera-se que em uma escala crescente – no mercado
asiático com produtos de consumo. Isso é o que comprova o colombiano Mario Escobar, vice-presidente de finanças da divisão comercial da Global Business Alliance, empresa que nasceu em Bogotá e que busca “guiar” empresas colombianas e de outros países que desejam fazer negócios na China. “Todo o comércio colombiano sempre girou em torno do que passa nos Estados Unidos, mas com a crise e o atraso na assinatura do tratado de livre comércio, temos que estudar novos mercados, e o crescimento está na Ásia”, diz. Um dos planos é oferecer produtos com algum valor agregado como o chocolate e o café de qualidade, mas há muito caminho pela frente, “porque não é fácil competir com o chá”, afirma. Por enquanto, o interesse dessas empresas latino-americanas está concentrado na China, comenta Levy, da LatinAsia. Outros grupos que apostaram na Ásia mas não começaram pela China estão reavaliando seus planos de expansão. Por exemplo, o grupo peruano Ajegroup, criador da bebida Big Cola e que há dois anos inaugurou operações na Tailândia, freou momentaneamente seu hábito de inaugurar dois novos mercados por ano, afirma Alfredo Paredes, diretor de assuntos corporativos do grupo. “A empresa completou uma reestruturação bem-sucedida de sua dívida e agora estamos em uma etapa de pausa, de cautela”, comenta. Para outras empresas latino-americanas que vendem produtos de valor agregado na Ásia, como as vinícolas chilenas, a crise, ainda que permaneça como uma fonte constante de preocupação, abre algumas janelas de oportunidade, como explica Luis Enrique Ruiz, diretor de exportações da vinícola chilena Bisquertt. “Um menor nível de consumo na Ásia forçaria alguns consumidores a considerar vinhos um pouco mais baratos que os premium franceses ou italianos, e aí o vinho chileno pode entrar com força, pois é reconhecido como de qualidade e mais barato que os europeus”, comenta. “O consumidor asiático com bom poder aquisitivo quer gastar dinheiro com bons vinhos. Não se intimida em ostentar seu nível de renda e não titubeia em gastar US$ 100 ou mais em uma boa garrafa francesa”, diz Ruiz. “Agora, com a
Vem aí uma freada Projeções de crescimento do PIB na Ásia Fonte: FMI PAÍS
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
11,9
10
9
10
10
10
10
JAPÃO
2,1
0,69
0,4
1,3
2,5
2,4
1,70
CORÉIA
4,9
4,1
3,4
5,1
5,0
4,0
4,6
HONG KONG
6,3
4,0
3,4
4,2
4,6
4,8
4,9
CINGAPURA
7,7
3,6
3,4
5,2
5,5
5,5
5,4
INDONÉSIA
6,3
6,0
5,5
6,3
6,4
6,5
6,7
MALÁSIA
6,3
5,7
4,7
6,0
6,0
6,0
6,0
TAILÂNDIA
4,7
4,7
4,5
5,2
5,6
6,0
6,0
6
3,8
2,4
3,7
4,6
4,8
4,9
CHINA
TAIWAN
27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 63
ESPECIAL
Ásia / A. Latina
Quem pestaneja perde
Investida asiática
Compra de empresas latino-americanas por empresas asiáticas
Exportações mensais à China
FONTE: XINHUA
FONTE: DEALWATCH
2.500.000 4.000
70
3.500 CHILE BRASIL MÉXICO
1.500.000
1.000.000
3.000 US$ MILHÕES
EM MILHARES DE US$
2.000.000
CORÉIA CHINA MALÁSIA ÍNDIA INDONÉSIA HONG KONG CINGAPURA
2.500 507 4
2.000 1.500
2840 337
1.000
500.000
4 206 18
500 DEZ06
SET 07
0
JUL 08
1.360
34
2004
1.721
400
50
68 501
2005
2006
435
80
2007
2008
Viva a liberdade! Tratados de livre comércio entre Ásia e América Latina FONTE: BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO
Todos em alta Exportações mensais à China de toda a América Latina
ACORDOS
FONTE: XINHUA
8.000.000 7.000.000
ANO DE ASSINATURA
PANAMÁ -TAIWAN
2003
CHILE - CORÉIA DO SUL
2003
MÉXICO - JAPÃO
2004
6.000.000
PERU - TAILÂNDIA
2005
5.000.000
CHILE - CHINA
2005
4.000.000
ÍNDIA - MERCOSUL *
2005
TRANS-PACIFIC SEP (Brunei, Nova Zelânda, Chile, Cingapura)
2005
GUATEMALA- TAIWAN
2005
PANAMÁ - CINGAPURA
2006
CHILE - JAPÃO
2007
HONDURAS - EL SALVADOR - TAIWAN
2007
PERU - CINGAPURA
2008
3.000.000 2.000.000 1.000.000 DEZ 06
SET 07
JUL 08
* ACORDO DE ALCANCE PARCIAL
crise, talvez não gaste US$ 100, mas poderá gastar US$ 50, e aí estamos.”
Banzai financeiro
P
ode ser que o Japão esteja a bordo de uma recessão, mas seus bancos, como lutadores de sumô, estão mais fortes do que nunca. Há pouco menos de uma década, quando as instituições financeiras norte-americanas começavam a sobrecarregar seus balanços com ativos tóxicos, os japoneses passavam por uma drástica limpeza de seus créditos incobráveis. Essa limpeza permitiu que pouco tempo depois que se soube da quebra do Lehman Brothers o banco japonês Nomura comprasse suas operações no Japão, Europa e Oriente Médio, e que o Mitsubishi UFJ adquirisse 20% do Morgan Stanley. Há poucos anos, os chineses também atravessaram um processo
de limpeza de seus bancos. Apesar de ainda não se ter visto bancos asiáticos comprando operações na América Latina de algum banco norteamericano em quebra, há sinais inequívocos de que a relação financeira entre ambas as regiões se fortalecerá. Por exemplo, chama a atenção o fato de a Corporação Interamericana de Investimentos recentemente ter obtido um crédito ninja, ou seja, um crédito sindicado liderado por bancos japoneses, de US$ 70 milhões. Estes se diferenciam dos bônus samurai, que são emitidos diretamente no mercado de capitais japonês e os banqueiros japoneses esperam que essa tendência continue, com empresas e bancos principalmente do México e do Brasil acedendo aos mercados asiáticos para obter financiamento. As instituições financeiras japonesas também estão ativas
Os latino-americanos querem vender à classe média chinesa.
64 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
ESPECIAL
Ásia / A. Latina
Luis Alberto Moreno, presidente do BID
Aproximar América Latina e Ásia
A
crise no sistema financeiro mundial e a perspectiva de uma prolongada desaceleração das economias do G7 representam uma extraordinária oportunidade para que a América Latina e o Caribe abram novos mercados na Ásia. Se os EUA e a Europa - tradicionais compradores de produtos asiáticos - estão às portas de uma recessão tal como se teme, as economias da Ásia terão que mudar seu modelo de crescimento baseado nas exportações e reorganizar-se para desenvolver seus mercados internos. É aí onde reside a oportunidade para a América Latina. Nos primeiros sete anos desta década, o intercâmbio regional se quadruplicou, passando de US$ 61 bilhões para mais de US$ 237 bilhões. Dois terços do total dessa cifra, entretanto, foram compras latino-americanas. Com a China, principal economia do bloco asiático, a balança comercial terminou praticamente equilibrada em 2007, mas isso foi em conseqüência do peso desproporcional das exportações latino-americanas de recursos naturais. O novo cenário econômico mundial demanda que governos e empresários na América Latina evitem uma excessiva dependência do comércio de commodities e trabalhem na criação de uma oferta de produtos com valor agregado, que atenda às
nos projetos de infra-estrutura. Algumas delas participaram de um crédito de US$ 400 milhões que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) autorizou recentemente para o projeto de expansão do Canal do Panamá. “Vários grupos asiáticos, principalmente do Japão, participaram no projeto que, apesar da volatilidade nos mercados mundiais, pode ser negociado em bons termos, com vencimentos a longo prazo e grau de investimento”, diz Hans Schulz, gerente da divisão de financiamento estruturado e corporativo do BID. De fato, a cooperação no financiamento de projetos de infra-estrutura é uma das principais áreas em que a Ásia e a América Latina poderão estreitar laços. Em uma conferência realizada em setembro pela IE Singapore, organismo que fomenta os laços econômicos externos, foram apresentados 20 projetos de infra-estrutura latino-americanos que estão prontos para receber investimentos – como portos, serviços de saneamento, transporte e energia – a um grupo de investidores asiáticos. Por sua vez, os bancos chineses tampouco querem perder a festa, e como seu mercado de capitais está muito menos desenvolvido que o japonês, a opção para eles é ir àqueles mercados onde as empresas chinesas já têm operações de extração de matérias-primas, como Brasil e Peru, em busca de oportunidades. “De fato, o estatal Bank of China está trabalhando para abrir um escritório em São Paulo antes do fim do ano”, afirma Paul Liu, da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico.
demandas futuras do mercado asiático. Da mesma forma, é imprescindível melhorar os incentivos, a infra-estrutura e os marcos regulatórios que atraiam o tipo de investimento direto que já beneficia outras regiões em desenvolvimento, como o continente africano. Alguns investidores asiáticos começaram a considerar a América Latina como uma plataforma na qual produzir e exportar a outros mercados. É o caso de Japão e Coréia, que sem deixarem de lado seus interesses pelos setores de energia, minério e agrícola, fizeram importantes investimentos industriais no México e no Brasil. Ainda mais significativo, o fluxo de recursos tem sido de duas mãos, e no ano passado culminou com um investimento direto da América Latina na Ásia superior a US$ 20 bilhões. Convencido da importância de promover a cooperação ÁsiaAmérica Latina, o BID se comprometeu também em sua facilitação. Sob o patrocínio do banco, empresários latino-americanos e japoneses se reunirão nos próximos dias em Tóquio, em um fórum de comércio e investimentos cujo objetivo no curto prazo é aumentar a compreensão do ambiente de negócios e de investimento em ambos lados do Pacífico. Em pouco mais de uma década, as economias emergentes do sul e sudeste asiáticos representarão a quarta parte do PIB global. Acho que, mais que uma opção, a integração da América Latina e do Caribe com a Ásia deve ser um imperativo.
Francisco Tong, advogado do escritório Rodrigo, Elías y Medrano, em Lima, confirma que bancos chineses estão estudando a praça peruana, mas não deu nomes ou detalhes devido a acordos de confidencialidade. Essas instituições estrangeiras se somam aos fundos de investimento soberanos como o China Investment Corporation (CIC) ou o Temasek, de Cingapura. Vale destacar que o primeiro escritório que Temasek abriu fora da Ásia foi na Cidade do México, uma clara aposta de que os laços entre ambas as regiões continuarão se estreitando. Fica claro então que, para enfrentar o atual cenário de recessão no mundo desenvolvido, as empresas latino-americanas terão que intensificar as aulas de mandarim, cantonês ou japonês. Ou fazer como o escritório brasileiro Noronha Advogados, que convenceu o chinês Jun Zhang a mudar-se de mala e cuia para São Paulo, para assessorar-lhes nas relações com as empresas chinesas. Até agora o choque cultural para ele não tem sido muito significativo, apesar de reconhecer que os brasileiros “levam mais tempo para negociar”. Ou terão que incorporar alguns truques para se adaptarem às constantes viagens à Ásia, como os desenvolvidos por Luis Enrique Ruiz, da Vinícola Bisquertt, que viaja para lá de três a quatro vezes por ano. “No primeiro avião, trato de não dormir, e para o segundo tenho umas gotas homeopáticas que me deixam literalmente fora de combate”, conta. “E, quando chego ao hotel, vou direto para a sala de ginástica. É uma rotina que tenho que fazer obrigatoriamente, para suportar o jet lag. Se não, não funciono.” Q 27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 65
FINANÇAS OPINIÃO
John C. Edmunds
Efeito dominó A IDÉIA de que as recessões podem ser evitadas ou corrigidas é relativamente nova. Até antes da Grande Depressão, os economistas clássicos não achavam que era possível controlar os ciclos econômicos, e o fato de um colapso financeiro acentuar as quedas de produção de bens e serviços era visto como algo natural e inevitável. O ciclo do crédito era bem mais uma simples ajuda ou catalisador da atividade econômica real. O crédito se expandia e contraía à medida que as empresas e os consumidores usavam maior alavancagem financeira. E, quando a desaceleração chegava, os esforços das empresas e dos indivíduos para cobrir sua dívidas simplesmente agravava a contração. Esse era o momento em que o tradicional sistema financeiro, centralizado nos bancos, se mostrava mais letal. Bastava com que circulassem rumores sobre a solvência de algum banco e, ato seguido, os correntistas formavam fila na porta do banco para sacar seu dinheiro. Mas as reformas feitas depois da Depressão e da Segunda Guerra Mundial nos países industrializados permitiram aumentar a estabilidade do sistema financeiro. As recessões continuavam acontecendo, mas menos severas, pois quando chegavam os sistemas financeiros não colapsavam, como entre 1929 e 1932. De fato, uma importante descoberta foi a de que todos os sistemas financeiros constituídos antes de 1929 estavam extremamente expostos ao colapso, já que a debilidade de um banco arrastava os bancos mais solventes, em um efeito dominó, ao centro de um turbilhão. A massa monetária se reduzia, os preços caíam, e o emprego e a produção seguiam o mesmo caminho. As reformas aos sistemas financeiros aliviaram essa vulnerabilidade e dotaram os governos de ferramentas para evitar o contágio antes da queda de demasiadas instituições. A quebra de um banco já não arrasta inevitavelmente dezenas de outros, em uma rápida sucessão. E este é um importante passo para a América Latina, porque há menos de três décadas era normal que uma severa recessão provocasse um colapso financeiro, como foi o caso da Costa Rica em 1981, do Chile e do México em 1982 e da Venezuela em 1993. A catástrofe que golpeou o México em 1994 e 1995, conhecida no Brasil como Efeito Tequila, provocou uma onda de reformas em diferentes países 66 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
do mundo. Os mexicanos foram culpados de engatilhar um contágio global que afetou todos os mercados emergentes, que por sua vez aprenderam a lição e, ensanguentados, implementaram reformas que agora lhes protegem de repetir tal calamidade. Vários outroS países da América Latina reformaram seus sistemas financeiros, mas alguns ainda não o fizeram. O Brasil teve que sofrer uma crise em 1998 e 1999 para acelerar o processo de reformas. Por outro lado, os sistemas financeiros que descansam sobre mercados de capitais são menos vulneráveis aos rumores de insolvência porque a maioria de seus instrumentos de dívida é negociada em mercados transparentes e bem regulados. Os preços, ao serem fixados a cada dia, permitem ver o que os investidores estão dispostos a pagar por esses instrumentos. Além disso, os poupadores já não depositam a maioria de suas economias em bancos comerciais, mas em fundos mútuos e fundos de pensões. Essas instituições não estão alavancadas e investem principalmente em bônus e ações listados em bolsa, o que permite calcular o valor das quotas dos fundos mútuos ao encerramento de cada dia de operações. Os governos, por sua vez, estabeleceram instituições que buscam proteger o sistema financeiro de comoções, fraudes, manipulação, desfalques e más decisões por parte dos gerentes dos intermediários financeiros. Os poupadores estão protegidos e o bem estar público está assegurado. Não porque não aconteçam atos particulares de avareza, estupidez ou corrupção, mas estes já não causam a ruína de todo o sistema. Entretanto, muitos latino-americanos temem que as reformas e salvaguardas não sejam suficientes para enfrentar o contágio financeiro mundial. Outros acreditam que as reformas são uma simples fachada para ocultar um sistema oligárquico que protege poucos privilegiados e que atira a classe média aos lobos. Além disso, escutam os conselhos de pessoas mais velhas que recomendam liquidar suas posições e refugiar-se no ouro ou nos dólares. Para aqueles em países que não reformaram seus sistemas financeiros, esse conselho iria bem, mas naqueles que já o fizeram, peca por ser demasiado cauteloso. Esses países estão em boa posição para suportar a crise. Têm abundantes reservas de divisas e não as desperdiçam para manter um câmbio fixo. Seus bancos estão suficientemente capitalizados e não se viram envolvidos em agressivas apostas especulativas. Assim, esses sistemas poderão se dobrar ante o peso da crise, mas não se romperão. Nesses países, os intrépidos que comprarem ativos a preços de desconto colherão lucros. Q
Países que reformaram seus sistemas financeiros podem suportar a crise.
Doutor em Administração de Empresas pela Universidade de Harvard, professor de Finanças do Babson College de Boston e co-autor de Wealth by Association.
CAPITAL ABERTO ethomson@americaeconomia.com
PÍLULA ENVENENADA
OS NOVOS BANCOS
Os credit default swaps são acusados de ser o elemento que aumenta o risco exponencialmente FORAM concebidos como uma apólice de seguros, uma ferramenta para minimizar ainda mais o risco dos inofensivos instrumentos de renda fixa. Mas agora eles começam a ser vistos como a versão de Wall Street dos vírus criados acidentalmente nos filmes de ficção científica com potencial de destruir a vida no planeta. Os Credit Default Swaps (CDS), derivativos cuja existência é virtualmente desconhecida pela maioria da população, estão sendo identificados como o elemento que aumenta exponencialmente o risco de contágio, o fio invisível que não só vincula uma instituição financeira a outra como as coloca próximas, como se fossem peças de dominó. “Isso foi o que passou com o AIG”, diz Andrew Ang, professor da Universidade de Columbia. “Ele necessitou de um resgate massivo, sobretudo porque uma de suas unidades estava vendendo CDS de muitas companhias.” Uma situação comum a centenas de bancos.
Os CDS são contratos negociados diretamente entre duas empresas. Uma se compromete a pagar à outra o capital de uma emissão de bônus – por exemplo, de US$ 1 bilhão – lançado por uma terceira, caso esta não possa fazê-lo. Em troca, a segunda se compromete a pagar uma tarifa anual, da ordem de 2%, que nesse caso seria de US$ 20 milhões. O problema é que esses instrumentos não estão regulados e não há limites na quantidade que uma instituição financeira pode vender. Em outras palavras, a “companhia A” pode vender esses derivativos não somente à “companhia B” como também às companhias D, E, F, G, H, I, J, e K sem se importar de que estas tenham comprado bônus da “companhia C” ou não, o que em essência converte os swaps em uma aposta de US$ 20 milhões com o potencial de retorno de US$ 1 bilhão. Ang afirma que esse tipo de transação se tornou muito popular nos últimos dez anos. Atualmente, o valor total das
obrigações vinculadas a esses derivativos soma mais de US$ 62 trilhões. E qual é o valor de todas as emissões de bônus que esses swaps cobrem? Não supera os US$ 5 trilhões. Ou seja, por cada bônus de US$ 1 mil há mais de 12 instituições que se comprometeram a pagar o valor em caso de default. Especialistas afirmam que muitas instituições vendiam swaps irresponsavelmente, comprometendo-se a pagar seguro em caso de um default que superasse três ou quatro vezes sua capacidade de pagamento sem que as leis exigissem algum tipo de reserva. E este é o principal motivo pelo qual o crédito paralisou. Os bancos não emprestaram dinheiro entre si porque as instituições financeiras não têm idéia da quantidade de obrigações em CDS que sua contraparte emite. Tudo funcionava muito bem enquanto havia estabilidade, mas agora que empresas tidas como bastiões de solidez cambaleiam, a suspeita recai sobre todos. -Antonio María Delgado
ISSO SIM QUE É BOLHA Mercados nos EUA US$ trilhões
Fonte: Thomson Propietary Research; International Swaps and Derivatives Association, The New York Times
50
MERCADO DE CREDIT DEFAULT SWAPS US$ 45,5 TRILHÕES EM 2007
40 AÇÕES US$ 21,9 TRILHÕES EM 2007
30 20
HIPOTECAS US$ 7,1 TRILHÕES EM 2007
10
2001
2003
2005
Depois do sumiço do crédito pela crise financeira, já surgiram alguns atores que buscam preencher o vazio deixado pelos bancos, como os hedge funds. A empresa de investimentos alternativos ICP Capital estruturou um financiamento de US$ 121 milhões para a estatal mexicana Pemex para a compra de barcos cargueiros.
ALGUNS HEDGE BANKS ICP CAPITAL NIR GROUP CERBERUS CAPITAL FORTRESS INVESTMENT GROUP MADISON REALTY CAPITAL AMBIT FUNDING METRO FUNDING CORP. SAC CAPITAL ADVISORS FONTE: INFORMES DE MÍDIA SEGUNDO FACTIVA
Não se informaram os termos do acordo, mas o fato marca a entrada desses instrumentos como alternativas de financiamento para as empresas latino-americanas. Muitos hedge funds quebraram este ano. Mas os que ainda têm dinheiro já começaram a se aventurar nos créditos para a compra de imóveis. Cerca de140 hedge funds nos EUA designaram fundos para créditos de imóveis comerciais, já que os bancos suspenderam os créditos a esse setor, segundo a consultoria Hedge Fund Research.
2007
27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 67
I-BIZ José María Ayuso, diretor de produtos de Visa para a América Latina
A solução “ para e crise é a
inovação”
A bancarização e a extensão dos créditos às pessoas geram muitos ganhadores. Um deles é quem provê um dos instrumentos mais emblemáticos da sociedade de consumo: o cartão de crédito. A Visa é a rainha dessa indústria na América Latina, com 312 milhões de cartões. É uma soma importante: um de cada cinco cartões Visa emitidos em todo o mundo está na região, respondendo por 12% das transações de US$ 4 trilhões que a multinacional registra a cada ano. Não obstante, a companhia continua alimentando planos ambiciosos na América Latina. Ainda que um negócio como esse, que depende do crédito e do consumo, possa ser ofuscado por uma crise que ameaça frear a liquidez e a atividade econômica, a companhia afirma ter a receita para enfrentá-la. “A solução está na inovação”, diz José María Ayuso, diretor de produtos da Visa para a América Latina, que conta como a empresa espera continuar a ganhar mercados na região.
A crise pode chegar ao crédito e ao consumo. O cenário não se vê tão auspicioso para uma empresa de cartões de crédito. O que esperam para os próximos meses? Nenhuma empresa é imune às mudanças econômicas, e não somos exceção. Somos afetados pela queda no consumo e pelo crédito. Mas estamos preparados, somos eficientes. Nosso negócio tradicional, o de cartões de crédito, cartões de débito, cartões para pequena e média empresa vai muito bem, está crescendo. E temos muitas atividades para protegê-lo e para que continue
crescendo.
Como se protegem contra a crise? A solução está na inovação. Nossa proteção depende de dois fatores que implicam inovação. O primeiro é colocar mais gente no sistema Visa, tanto titulares de
68 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
Ayuso: em busca de novas capacidades
I-BIZ cartão quanto comércio e governos, todos os que formam o sistema de cartões. O segundo é desenvolver novas capacidades, como ter uma plataforma móvel à qual os clientes possam conectarse para fazer pagamentos e outras coisas, bem como ter a possibilidade real de fazer transferências de cartão para cartão.
Em que consiste esse último? Em todo o mundo há 16 mil bancos conectados ao sistema Visa e todos eles estão interligados com nossos 1,6 milhão de cartões. Cada cartão tem um número: todos começam pelo número 4 e têm 16 dígitos. O que estamos desenvolvendo, para o qual já temos capacidade, é o envio de dinheiro de um número de 16 dígitos a outro número de 16 dígitos em qualquer lugar do mundo. Isso é algo que sempre pudemos fazer. O difícil é que isso funcione de forma automática, imediata. Até agora, nossos sistemas autorizam uma transação e a transferência é feita no dia seguinte. O pagamento entre bancos se faz, inclusive, em dois dias. Esse novo sistema já foi provado na Índia, que é um país imenso no qual há muitas remessas internas. E se estenderá rapidamente pelo mundo.
Vocês lançaram um plano piloto na Guatemala de pagamento pelo telefone celular. O celular será o novo cartão de crédito? Estamos muito tentados com o mundo móvel. É uma tecnologia para a qual estamos dedicando nossas melhores cabeças. É nossa principal aposta em inovação. Isso porque no mundo há mais celulares que cartões. Hoje há um telefone móvel para cada duas pessoas, uma penetração global de 50%. Não há tecnologia com tanta penetração.
Não acho que substituirá o cartão, mas será um bom complemento.
vai ajudar a combinação com o telefone móvel.
quais um SMS seja o tíquete, por exemplo.
E o passo seguinte?
Como é esse complemento?
Imagine um mexicano na Califórnia que recebeu um cartão pré-pago e seu parente no México, que possui um celular com cartão pré-pago e espera uma remessa. Com a Visa, a pessoa na Califórnia terá seu número de cartão registrado em seu número de celular e através dele vai pedir
A isso é que estamos apontando. No Brasil, temos uma iniciativa muito inovadora. Opera assim: você entra no site do Palmeiras e compra entrada para uma partida do time com seu cartão Visa. O site do Palmeiras confirma a compra da entrada. Você vai ao estádio e há três portas de
Nós o vemos em quatro atividades. A primeira é o pré-pago do celular. Há muitos celulares pré-pagos na América Latina. Você registra seu número de cartão com um banco e com um número de telefone, de tal forma que desse mesmo número você liga para uma
“Se o comércio decai devido à situação econômica, vai afetar mais as operações face to face do que as eletrônicas.” plataforma móvel, nesse caso, a plataforma móvel da Visa, e diz que quer colocar uma quantia de dinheiro como crédito nesse telefone, a cargo do cartão que está registrado. Pede-se uma senha para confirmar que é você e a transação é feita.
a transferência pela rede Visa ao número do cartão da pessoa que irá recebê-la no México. Então sairá uma mensagem de texto SMS confirmando. Com isso unimos as três tecnologias que estamos aplicando: juntamos o móvel, o money transfer e o pré-pago.
Mas pode ser contraditório: geralmente as pessoas que têm o pré-pago não têm acesso ao sistema bancário e nem ao cartão de crédito.
O plano piloto na Guatemala inclui um chip para pagar diretamente pelo celular, sem necessidade de usar cartão.
Eu diria que 30% dos clientes do sistema pré-pago têm cartão de crédito, e 70%, não. Para estes é preciso oferecer cartões pré-pagos, que dispensam conta bancária. Está tudo vinculado. Os cartões pré-pagos são um negócio em alta... Um claro exemplo: o governo da República Dominicana distribuiu 500 mil cartões Visa, com um abono mensal de US$ 90. Esse subsídio é dado na forma de cartões Visa pré-pagos aceitos como um cartão de crédito, como um cartão de débito. Hoje temos milhões de cartões pré-pagos. E emitiremos outros milhões, para o que nos
É isso: temos o pagamento direto feito com uma tecnologia chamada MSC que consiste em um chip que se coloca dentro do telefone e que contém o número do cartão. Esse chip do telefone tem um transmissor, como os cartões sem contato, que se relaciona com um terminal de ponto-devenda que tem um receptor para essa transmissão. Então, em vez de ir com um cartão sem contato que já temos e fazer o pagamento, você vai com um telefone que contém o cartão e faz o pagamento. Funciona muito bem.
Pode ter muitas aplicações. Podemos usar o celular para comprar entradas de shows. Para os
acesso somente para quem comprou com cartão Visa, onde o torcedor passa o cartão por um sensor e entra em um setor que é exclusivo para clientes Visa, com melhores condições proporcionadas pelo clube. O objetivo é ampliar esse sistema para metade dos clubes de primeira divisão do Brasil neste ano. É uma inovação que será copiada em todo o mundo e é algo que a Visa fará globalmente. Hoje o pagamento é feito com cartão, mas no Brasil poderá ser feito com celular em 2009.
O outro braço de seus planos é o comércio eletrônico. Sim e é algo que continuará crescendo apesar da crise. Se o comércio diminui devido à situação econômica, afetará mais as operações tradicionais face to face antes que as eletrônicas, feitas por um extrato que sofrerá menos com a crise. A oferta está crescendo, bem como o acesso à banda larga e o desenvolvimento tecnológico na região, fatores fundamentais para o comércio eletrônico. E este é pago principalmente com cartão de crédito. Q
27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 69
CLICS & CHIPS [gadget]
O MacBook Pro se renova
A Apple deixou de unir peças na construção de seu novo MacBook Pro. E o resultado foi um portátil mais resistente, que parece um pedaço compacto de alumínio. Destaca-se seu touchpad de vidro, um botão em si mesmo, bem semelhante ao iPhone. Inclui dois cartões gráficos. O modelo com tela de 15,4 polegadas e processador Intel Core 2 Duo custa US$ 2 mil. www.apple.com
[gadget]
O mouse que se dobra
No lugar da clássica figura do mouse, a Microsoft aposta em um fino periférico cuja silhueta tem a forma de um arco. Segundo a companhia, o Arc Mouse oferece maior mobilidade, já que pode ser dobrado para ser levado no bolso, na maleta ou na mochila, sem inconvenientes. É sem fio e funciona com um adaptador que se conecta à entrada USB. Custa US$ 60. www.microsoft.com
[gadget]
Bluetooth em duas rodas
O Parrot SK-4000 é um acessório mãos livres via bluetooth para motos que não apenas serve para fazer e receber ligações enquanto se dirige. Também se pode ouvir música e inclui uma função para ativar os comandos do celular por voz. Custa cerca de US$ 170. www.parrot.com
[.com]
Onde aprender
Com um canal de empregos e dezenas de categorias – das escolas de dança às aulas de informática – o site “Dónde aprender” reúne em um só lugar diversas opções para ampliar os conhecimentos e melhorar o currículo. É um serviço gratuito de informação sobre instituições de ensino privadas em todos os países de língua espanhola. http://www.dondeaprender.com/ 70 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
NEGÓCIO FECHADO >>
TAM
A companhia aérea brasileira incrementa seus mercados de destino e alianças. Assinou um acordo de código compartilhado com a uruguaia Pluna, que permitirá aos clientes desta última chegar a mais destinos no Brasil, EUA e Europa, e outro com a AirCanada. Também divulgou que passará a formar parte da Star Alliance.
>> AEGON A empresa de seguros holandesa, uma das maiores do mundo, negociou a compra de 50% da brasileira Mongeral. A Mongeral opera no Brasil há 173 anos, e conta com cerca de 300 mil clientes. Já a Aegon soma 40 milhões de clientes e administra US$ 500 bilhões em ativos. >> ALUR A estatal venezuelana PDVSA assinou um acordo com a petrolífera uruguaia Ancap para incrementar sua participação na Alcoholes del Uruguay (ALUR) em15% a um custo de US$ 12 milhões. Com isso, a PDVSA terá 25% da empresa, com o restante nas mãos do Estado uruguaio. A empresa produzirá álcool a partir da canade-açúcar principalmente em Bella Unión, no norte do Uruguai. >> ANHANGUERA EDUCACIONAL A empresa brasileira dona de universidades privadas no Brasil anunciou a compra de 100% do capital da LFG Business e Participações, especialista em serviços educacionais a distância e programas de extensão. A LFG tem 70 mil alunos em 62 programas e 322 centros de estudos. Através da compra, a Anhanguera soma 220 mil estudantes. A LFG somará ao grupo cerca de US$ 50 milhões em receita anual. >> BCIE O Banco Centroamericano de Integración Económica (BCIE) assinou
um acordo de cooperação com a corretora britânica ICAP para a criação de uma joint venture para a promoção dos mercados de capitais centro-americanos. A sociedade se chamará BCIE-ICAP Capital Markets e terá seus escritórios centrais na Cidade do México. Oferecerá crédito e serviços de compensação, clearing, a operadores de instrumentos na região. >> HELIBRAS A empresa fabricante de helicópteros Eurocopter, filial da européia EADS, aumentou sua participação na brasileira Helibras, única montadora de helicópteros em toda a América Latina. A Eurocopter, em associação com o governo de Minas Gerais, tinha 49% da empresa, e comprou uma participação do grupo local Bueninvest, que reduziu sua participação para 5%. A Helibras registrou vendas de R$ 90 milhões (US$ 40 milhões) em 2007.
>> IVANHOE ENERGY A comanhia assinou um contrato com a estatal Petroecuador e sua filial Petroproducción para a exploração e posterior desenvolvimento do bloco 20, onde se encontra o campo petrolífero Pungarayacu, de óleo pesado. Também se contempla a melhoria na qualidade do petróleo extraído. O bloco 20 cobre aproximadamente 1,1 mil km2 e está 200 km a sudeste de Quito. Segundo algumas estimativas, Pungarayacu teria reservas de entre 4,5 milhões e 7 milhões de barris de óleo. >> LABORATORIOS DIBA A empresa farmacêutica mexicana foi comprada por US$ 25 milhões em dinheiro pela norte-americana Perrigo Company, empresa de produtos farmacêuticos, nutricionais e de consumo. A Diba, empresa de propriedade fechada, tem sua sede em Guadalajara e se estima que some US$ 15 milhões em vendas anuais à Perrigo. Além disso, tem cerca de 150 fórmulas próprias e 50 marcas registradas. >> MILLICOM A empresa de telefonia móvel domiciliada em Luxemburgo completou a compra de 100% da Amnet Telecommunications Holding por um total de US$ 510 milhões. A
Amnet é fornecedor de serviços de banda larga e TV a cabo com operações na Costa Rica, Honduras e El Salvador. Além disso, oferece telefonia fixa em El Salvador e Honduras e transmissão de dados na Guatemala e na Nicarágua. A Millicom controla a empresa de celulares Tigo, com operações na Colômbia, Bolívia, Paraguai e América Central. >> TORTUGA A empresa brasileira de produtos veterinários anunciou a compra dos ativos da empresa PCS Fosfatos. O vendedor foi a canadense Potash. Fontes do mercado estimam que a Tortuga teria pagado US$ 40 milhões pela empresa. Entre os ativos estão plantas em São Vicente, no estado de São Paulo, e Lavras, em Minas Gerais. A Tortuga registrou vendas de aproximadamente R$ 520 milhões em 2007. >> TRANSALTA A empresa canadense de transmissão elétrica completou a venda de duas plantas geradoras de eletricidade no México por US$ 303,5 milhões à InterGen, empresa controlada pela canadense Ontario Teachers’ Pension Plan e uma filial da – agora sob intervanção – norte-americana AIG. A InterGen comprará uma planta de 252 MW em Campeche e outra de 259 MW em Chihuahua.
TAM: AGORA NA STAR ALLIANCE
27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 71
RAIO X [URUGUAI]
2010, ODISSÉIA DO URUGUAI
Crise entre os exportadores de carne de vaca, de serviços de construção e de turismo esfriará a economia Guillermo Pellegrino
D
SOLEDAD TIRAPEGUI
epois de converter-se em um gigante da exportação de carne de vaca – considerando seu tamanho e sua população – a crise subprime e a queda dos preços das commodities colocam o Uruguai em uma situação paradoxal: seu sucesso pode ver-se seriamente comprometido tanto pela queda do preço internacional das commodities quanto pelo esfriamento – e, em alguns casos, paralisia – da compra de carne pela Rússia e outros países europeus, que representam 60% das exportações do setor, que em 2007 faturou US$ 1,5 bilhão. Uma cifra recorde que permitiu ao país superar a Argentina em volume de vendas. À queda dos preços é preciso somar as conjunturas de seus dois grandes vizinhos: Brasil e Argentina. O primeiro está desvalorizando sua moeda de forma acelerada, e por isso o comércio de bens e a demanda de serviços decairá de forma importante. Já a Argentina é observada atentamente porque, como reza um famoso ditado local, se espirra, é o Uruguai que acaba se resfriando. Ainda que, se isso acontecer, espera-se que desta vez a gripe seja bem mais suave. O motivo? Na última década os governos uruguaios começaram a advertir que o Mercosul já não era tão atraente para seus envios. O bloco passou de representar 45% das exportações, em 1999, para 35%, em 2008. Os operadores de turismo, por sua vez, também se mostram preocupados. Chegarão os vizinhos em massa a veranear? “Para este verão, não é preciso se alarmar”, diz o economista Gabriel Oddone, da consultoria CPA/Ferrere. “O turista argentino e o brasileiro não sofrerão contrações, porque sentirão os efeitos em sua renda bem no começo da
GADO E TURISMO 2003
POPULAÇÃO (MILHÕES) PIB (VAR.%) PIB (US$ MILHÕES)
2004
2005
2006
3,38
3,40
3,42
3,44
2,2
11,8
6,6
7,0
11
13
17
19
10,2
7,6
4,9
6,4
DESEMPREGO (%)
ND
12,1
13,1
10,9
IED (US$ MILHÕES)
416
332
847
1.493
EXPORT. (US$ MILHÕES)
3.053
4.257
5.085
5.785
IMPORT. (US$ MILHÕES)
2.734
3.778
4.693
5.882
INFLAÇÃO (%)
FONTES: FMI, BANCO CENTRAL DO URUGUAI, INE URUGUAI. E= ESTIMATIVAS AE INTELLIGENCE
72 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
temporada. Mas serão mais prudentes na hora de gastar.” A maior preocupação estará focada em que os visitantes extraregionais, que o país custou para conquistar e que eram os que mais gastavam, não cheguem em grande número. A atração desses visitantes está estreitamente relacionada ao boom imobiliário em Punta del Este, um dos balneários mais cotados do continente. Os preços em dólares dos imóveis, que costumam servir de refúgio como investimento em momentos de grande incerteza, vão cair devido à desvalorização da moeda e porque a demanda deixará de ser importante. Na área fiscal, por sua vez, não há o que fazer: se avizinha uma queda na arrecadação. E é nesse ponto que se centra uma das maiores críticas da oposição: aumentou-se o gasto quando se poderia ter economizado para enfrentar melhor os tempos de “vacas magras”. Que Uruguai, segundo Oddone, poderá ser visto em 2010? “No ano que vem acontecerá o ‘efeito 2007 08E arrastão’, devido ao importante 3,46 3,48 crescimento que o Uruguai tem 7,4 10,50 registrado em 2008. Além dis21 23 so, o mercado interno, que não 8,5 7,5 será destruído rapidamente, nos 9,2 8,0 ajudará a suportar a queda”, diz. 1.084 1.750 “Mas a balança comercial vai se deteriorar muito em 2010; nesse 6.796 8.565 ano os sinais de estancamento 6.840 8.455 serão notados claramente.” Q
VISÕES COM PELE DE CORDEIRO
Tanto a especulação financeira que cria bolhas quanto o pânico com sua explosão são muito racionais
Quando
uma bolha especulativa estoura, a maioria dos operadores manifesta surpresa e, logo, desolação. Quem não é investidor franze a sombrancelha. Bastava olhar como o valor baseado nos fundamentos de uma ação e o valor de mercado levavam anos afastando-se mais e mais um do outro, até beirar o absurdo, para prever que um dia o jarro de seus sonhos de riqueza sem trabalho se quebraria. Os “especialistas” em lucro não previram isso? Segundo Jean-Pierre Dupuy, sim. Eles sabiam que algum dia ela explodiria, mas não esperavam que ocorresse em certa hora, porque “para que a especulação tenha lugar, é preciso que no exato momento que precede a ruína, os operadores contem com lucros prováveis mais elevados que nunca”. Talvez surpreenda, mas tal atitude é das mais racionais. Acontece que “o bom especulador não é aquele que detecta as informações relacionadas aos valores fundamentais do mercado antes que os demais”. Seu talento é outro bem diferente. Para o economista John Maynard Keynes, o tal “bom especulador” é aquele “cuja atividade consiste em prever a psicologia do mercado”. E ganhar dinheiro com isso. Se algum leitor bem-intencionado está pensando que esse tipo de indivíduo deveria ser proibido de operar nas bolsas, se engana. Para Dupuy, é justamente o comportamento racional dos agentes que os leva a inflar a bolha. Mas, como? O diretor do Centro de Epistemologia Aplicada da École Polytechnique e professor em Stanford explica desta forma: “Todos no (momento) t aceitam pagar um custo agregado (sobre o valor razoável de um valor) porque acreditam que o mercado (em t + 1) lhes pagará isso”. E pensam assim porque isso já vem acontecendo e porque “pensam que (em t + 1) os operadores estarão dispostos a adquirir esses títulos ainda mais supervalorizados, porque eles mesmos contarão com que (em t + 2) o mercado os pagará assim”.
Gerente geral na Argentina FedEx Corporation Argentina
Ariel Solorio Gonzalez
Gerente de sistemas/ multimídia Sanborn Hermanos S.A. México
Leio Wikinomics, como a colaboração em massa pode mudar o seu negócio, de Don Tapscott e Anthony D. Williams. Excelente livro para quem ama e está imerso nas novas tecnologias e navega na Web 2.0 sem se afogar. Para quem é um participante ativo das redes sociais e quer ter uma melhor idéia de seu futuro e sua transformação.
Guillermo Carlín Lama Gerente geral Amadeus Peru
Estou lendo Los Estados Unidos Ayer y Hoy, de Jorge Cárdenas Nannetti, que faz uma breve revisão de alguns fatos da história do país. Acho que, independentemente de concordar ou não com a versão do autor, é um bom texto para refletir sobre as diferentes etapas do desenvolvimento de uma nação que se converteu em potência mundial.
O que você lê?
Ricardo Giménez Zapiola
O livro que estou lendo se chama El Círculo de los Mentirosos, do roteirista e ator Jean-Claude Carrière. Por quê? O livro é uma recopilação de centenas de contos curtos, em sua maioria anônimos, que me permite distrair, divertir, e que pode ser lido tanto quando se tem cinco minutos ou cinco horas.
Dessa forma, “é o mais racional do mundo que o mercado se desconecte da realidade objetiva, podendo chegar à loucura e absorver-se de novo no pânico”. E é desse último que o autor trata no livro EL PÁNICO El Pánico, já resenhado antes Jean-Pierre Dupuy nesta seção, mas que – dado Editorial Gedisa o turbilhão financeiro destes Barcelona dias – vale ser recomendado 1999 mais uma vez. US$ 12 A crítica original terminava indicando que “El Pánico é um texto que todo executivo, empresário ou treinador de futebol deveria ler”. E é assim não apenas por seu magnífico resumo das diversas teorias já clássicas sobre o que é e o que leva os seres humanos a esse estado, como por suas originais contribuições ao tema. Estas se centram em como as condutas de imitação, no marco de um grupo de “atores” formados em uma sensibilidade comum (corretores, analistas, investidores) podem – mediante mecanismos racionais de imitação – produzir uma rede de feedbacks positivos (auto-reforços) que fazem emergir, literalmente do nada de um fato infeliz (uma venda ou uma quebra), o fenômeno de uma corrida incontrolável no interior do mesmo sistema. Sua citação do modelo de Mark Granovetter permite compreender como pessoas movidas racionalmente de forma individual, também racionalmente, podem mudar suas decisões no sentido contrário, ao avaliar como as vantagens esperadas dependem do número dos “que tomam a mesma decisão”. Se se trata de lucros e perdas excepcionais, queremos obter sempre os primeiros e sempre evitar as segundas. E, por isso mesmo, nunca estamos sós em nenhuma delas. Rodrigo Lara Serrano
27 DE OUTUBRO, 2008 / AMÉRICAECONOMIA 73
LINHA DIRETA [MIAMI]
CRISE? AH… SIM, A CRISE No
início do que acabou sendo a pior semana na história de Wall Street, os executivos que participavam de um fórum de fundos de cobertura realizado em Miami trocavam sorrisos e cartões de visita com uma destreza que fazia lembrar os violinistas que tocavam no Titanic. O sistema financeiro mundial ia por água abaixo, devido em parte aos excessos cometidos na indústria à qual esses executivos pertencem, mas era difícil dar-se conta de tal coisa ao caminhar entre os executivos que assistiam ao Hedge Funds World LatAm. O pânico era totalmente ausente nos corredores e salões do luxuoso Four Season Hotel de Miami. Ou, ao menos, era difícil identificá-lo no rosto dos presentes, que se mostravam mais interessados em ampliar sua lista de contatos que em discutir as dimensões da capa de gelo que ameaçava afundar com seus respectivos fundos. Afinal, no ocidente, business is business, inclusive quando o negócio está em chamas. O desejo de lucrar, essência básica do capitalismo, não descansa quando soa o alarme, e pode ser que o medo leve o investidor a fugir para escapar do fogo. Mas – se existe a possibilidade de ganhar dinheiro – sempre encontrará um jeito de voltar, ainda que seja para vender algumas mangueiras. Ninguém parecia ter isso tão claro como os executivos que participavam do evento. A indústria enfrenta sérios problemas em um momento em que a volatilidade do sistema financeiro internacional está levando muitos de seus clientes a buscar instrumentos de menor risco. Mas, em vez de escandalizar-se, os presentes discutiam novas estratégias para gerar maiores retornos às valentes almas que decidissem permanecer com eles. “Os tempos atuais de volatilidade requerem uma revisão de estratégia”, dizia um dos palestrantes. “Mas ainda há alguns setores na América Latina que são uma boa aposta no longo prazo.” (se ficou curioso, estes são o setor varejista, o de energia e o de infra-estrutura) Outros celebravam a fortaleza macroeconômica da região que, ainda que não possa garantir que a América Latina se manterá totalmente imune à volatilidade que se apoderou da Europa e dos Estados Unidos, a deixa mais bem-preparada que no passado para resistir aos embates. Os motivos esgrimidos são os mesmos que todos conhecemos: os altos níveis de reservas internacionais, um melhor manejo fiscal e os níveis de endividamento mais baixos. Também estiveram presentes os costumeiros tapinhas nas costas dos governos do 74 AMÉRICAECONOMIA / 27 DE OUTUBRO, 2008
Brasil, México, Chile, Peru e Colômbia, e as usuais críticas aos conhecidos vilões da modernidade e do livre mercado, encabeçados por Venezuela, Bolívia e Equador. Os executivos, entretanto, se mostravam resistentes a discutir o que poderiam fazer para conter a hemorragia dos depósitos que colocam a sobrevivência de muitos dos fundos em risco, dizendo que em grande medida a sorte da indústria depende da velocidade com que os Estados Unidos conseguirão colocar a casa em ordem. Não obstante, concordaram em afirmar que um fator seria determinante para definir quem sobreviverá e quem passará dessa para uma melhor: a performance de cada um deles. O mercado em sua sabedoria darwiniana favorecerá o mais eficiente às custas dos mais fracos. Mas, nesse caso pontual, se tratará de uma “sabedoria carniceira”: pouco depois do evento, começaram a surgir projeções afirmando que está por vir uma extinção massiva de fundos. Os sobreviventes poderão ser bem poucos. O mercado de US$ 2,6 trilhões poderá encolher a um terço desse montante. Mesmo assim, os presentes não demonstravam nenhum tipo de dúvida de que os fundos de cobertura sobreviverão ao atual período de volatilidade, e inclusive prognosticaram que voltarão a ser mecanismos de investimento populares, uma vez que a atual aversão ao risco diminua, referindo-se ao caráter cíclico do mercado, que costuma odiar hoje para amar depois. Três dias depois do evento, essa teoria recebeu forte apoio, das mãos de Wall Street. Depois de enfrentar uma semana na qual a aversão à volatilidade das ações deu a maior bofetada da história no mercado, os investidores voltavam ao pregão, na segunda-feira, com outro tipo de medo: o de perder o rally que, eventualmente, impulsionou a média industrial Dow Jones a subir 936 pontos, o maior aumento de sua história em um único dia. Q Antonio María Delgado
Joseph Stiglitz Prêmio Nobel de Economia
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O futuro da economia mundial e os impactos para o Brasil...
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