Conversa de psicólogo- setembro 2013 - vol 08

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CONVERSA DE PSICÓLOGO Volume 08 - Edição 01 Setembro - 2013

Entrevistada:

Entrevistadora:

Patrícia Motta C. Gonçalves

Luciana Helena Silva

TEMA: RELACIONAMENTO FAMILIAR

Psicóloga analista do comportamento, graduada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e pós-graduada em Neuropsicopedagogia pela Universidade Norte do Paraná (Unopar). Atua como psicóloga clínica, atendendo crianças, adolescentes e adultos no IACEP Londrina, onde também é colaboradora. Atua, ainda, como Psicóloga Social na Política Municipal de Assistência Social. Na área acadêmica atua como docente convidada na Universidade Norte do Paraná (Unopar). experiência

Também foi docente na Faculdade de Apucarana (FAP). Tem em

avaliações

neuropsicológicas

e

psicopedagógicas,

acompanhamento de crianças em ambiente escolar e pesquisas em psicologia da saúde. Atualmente, coordena no IACEP - Londrina, junto com a Psicóloga Luciana Helena Silva, o curso “Práticas Educativas: Do processo de ensino-aprendizagem à qualidade de vida e satisfação profissional do educador”.


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Gostaria de começar nossa conversa entendendo como queixas sobre o relacionamento familiar aparecem na clínica? Hoje, na maioria dos atendimentos, sejam eles para crianças ou pessoas com idade avançada, além de questões relacionadas à escola e trabalho, a maioria das situações está vinculada ao relacionamento familiar, tais como: dificuldades de aproximação e estabelecimento de um relacionamento mais afetivo com um filho, dificuldades de diálogo entre o casal ou estabelecimentos de limites no relacionamento com outros membros da família extensa como sogro (as) ou avós. Se todos nós vivemos em família, porque é que essas dificuldades aparecem? Quando se trata de relacionamento familiar, deve-se considerar que cada indivíduo tem uma história de vida e é a partir dela que aprende e desenvolve seus valores, percepções, perspectivas e prioridades e também como enfrentar diferentes situações em sua vida. Ao constituir uma família, pessoas com histórias de vida distintas passam a viver juntas, e se forem muito diferentes, pode se estabelecer um choque de realidades, ao se depararem com situações corriqueiras. Desde situações mais simples como o tempero na comida até situações mais sérias como orçamento familiar. Além disso, as inúmeras transformações sociais atuais favoreceram que cada indivíduo assumisse diferentes papéis sociais, até mesmo as crianças passaram a ser mais atarefadas, tais mudanças podem interferir no relacionamento familiar, pois, dentro desse contexto estão fatores como alta carga de estresse, grande número de atividades, pouca disponibilidade de tempo, novos rearranjos familiares (enteados, padrastos, madrastas) que interagem com características individuais como as auto-regras de cada indivíduo, sua história de vida, diferentes maneiras de lidar com a vida e situações cotidianas. Séries como “a grande família” ilustram bem as situações cotidianas presentes no


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dia-a-dia das famílias brasileiras. O verso “Essa família é bem unida e também muito ouriçada, brigam por qualquer razão, mas acabam pedindo perdão” sinaliza a presença de conflitos, mas também de momentos agradáveis. É possível perceber a presença de diferentes personagens, o mais desencanado, a mãe centralizadora/controladora, o pai preocupado, genros, filhos, avós e as conseqüências dessas relações. Quando esses conflitos se estabelecem o que pode ser feito? Primeiramente, seria interessante que cada pessoa pudesse se permitir um aprofundado exercício de auto-observação que favoreça auto-conhecimento. Perguntas como quem sou? quais são meus valores? minhas qualidades? minhas limitações e meus defeitos? podem auxiliar nesse processo de descoberta, também se deve fazer essas perguntas em relação ao outro. A partir disso, devese buscar entender a realidade emocional de cada componente familiar, porque é que meu pai/mãe, marido/esposa, filho/filha age dessa maneira? Muitas pessoas apresentam um perfil mais controlador querendo que tudo saia a sua maneira, outros, podem se sentir inseguros e pouco confiantes, tendo dificuldades em agir. Nas duas situações, se não se estabelece um contexto de diálogo e tentativas de sanar as dúvidas/desencontros pode se estabelecer um contexto emocional bastante pesado em que sentimentos de raiva, tristeza, angústia, ansiedade e frustração se tornam presentes, além de discussão e brigas. Dessa forma, muitas vezes, pode ser que se tenha que aprender a ser mais tolerante, paciente e menos exigente com os outros e, também, com si mesmo. Caso seja necessário, a psicoterapia pode ajudar nessas situações. Você pode dar sugestões para quem deseja melhorar seu relacionamento familiar? Não há receitas prontas, mesmo porque cada família é diferente e se relaciona de


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uma maneira única. Mas existem algumas posturas que podem melhorar o relacionamento e favorecer que ela seja mais prazeroso e agradável. Inicialmente pode ser difícil e parecer artificial tais atitudes, mas respeite seu tempo e tente mudar aos poucos, busque ser sincero em cada um delas. - Aprenda a elogiar as coisas boas que as pessoas ao seu redor tem feito: seja uma lâmpada queimada que seu marido trocou ou um brinquedo que seu filho retirou do chão; - Aprenda a ser paciente e tolerante, as pessoas não são como você; - Se permita a errar, ninguém é perfeito; não sofra em demasia por algo que fugiu do seu controle, você não poderá voltar atrás, mas haverá outras situações em que poderá agir de maneira diferente. - Peça desculpas, e também, perdoe. Assumir os erros não deve ser entendido como fracasso, mas sim como virtude. - Converse. A melhor forma de saber o que o outro está sentindo ou pensando e se assegurar que ele sabe o que você sente ou pensa é falando. - Permita que o outro fale. Muitas vezes na ânsia de resolver as situações e até mesmo tentando ajudar, impedimos que o outro se expresse, tenha calma, sinalize que quer ouvi-lo e espere, cada um tem seu tempo. - Demonstre afeto. Se você é do tipo que não consegue dizer “eu te amo”, tente, inicialmente, ir por outros caminhos, o amor tem diferentes linguagens, um carinho, um toque, um agrado também mostra o quanto você quer o outro bem.


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Entrevistadora: Luciana Helena Silva Graduada pela Universidade Estadual de Londrina – UEL, especialista em neuropsicopedagogia pela UNOPAR. Atua como psicóloga clínica com as diversas faixas etárias e como psicóloga escolar na APAE de Rolândia-PR, tendo experiência com educação especial (autismo, portadores de paralisia cerebral, diversas síndromes e deficiência intelectual), avaliações neuropsicológicas e orientação de pais e professores. Ministra cursos e palestras na área clínica, escolar e desenvolvimento humano.

Rua: Malba Tahan, 420 Londrina – Paraná. Fone (43) 3029-8001 E-mail: iacep@iacep.com.br www.iacep.com.br

Coordenação editorial: Bruna Aguiar e Laís R. Paes Revisão: Bruna Aguiar e Laís R. Paes Projeto gráfico e diagramação: Laís R. Paes


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