Conversa de psicólogo 20

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CONVERSA DE PSICÓLOGO

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CONVERSA DE PSICÓLOGO Volume 20 - Edição 01 Janeiro- 2015

Entrevistada:

Nayara Janaina Machado TEMA: Autoconhecimento: qual a sua importância e como obtê-lo?

Profissional formada em Psicologia pela Universidade Estadual de Londrina, pósgraduada em Gestão e Prática de RH pela Puc-PR, e atualmente mestranda em Análise do Comportamento pela Universidade Estadual de Londrina.

Atua na

área Clínica desde 2011 e atualmente é Psicóloga colaboradora no Iacep (adolescentes e

adultos). Atua

também como Psicóloga Organizacional na

empresa Uniware Soluções em Informática, onde trabalha com recrutamento, seleção, avaliação e desenvolvimento de pessoas. cursos,

treinamentos e palestras

Além disso, realiza

referentes a área de psicologia e recursos

humanos para o público em geral.

Olá Nayara, queremos saber o que significa ter autoconhecimento? A maioria das pessoas que procuram a terapia apenas o fazem porque estão em sofrimento intenso e já tentaram muitas coisas para tentar melhorar, mas sem


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sucesso. O mais curioso é que embora muitas tentativas de melhora tenham sido feitas, essas pessoas não sabem dizer o porquê exatamente estão sofrendo, ou talvez pior, atribuem seus sofrimentos a causas equivocadas, e isso provavelmente explica o fato de não terem conseguido melhorar. Quando as pessoas entendem que o autoconhecimento é mais simples e menos misterioso do que parece, acabam percebendo o quanto ainda não sabem sobre si próprias, pois passaram a vida inteira observando aspectos equivocados de sua própria forma de ser e de se comportar. O autoconhecimento tem a ver com ser curioso sobre si mesmo, e o mais interessante é que muitas pessoas que dizem se conhecer não sabem responder perguntas simples sobre si mesmas, porque não aprenderam a se observar e se autodescrever. Portanto, de uma forma bem resumida, podemos entender que o autoconhecimento é comportamento! É comportar-se de modo a identificar e descrever os nossos próprios comportamentos bem como os efeitos que eles causam a nós mesmos e aos outros. E mais do que isso, saber descrever porque nos comportamos dessa forma. E como podemos obter autoconhecimento? Uma das maiores dificuldades das pessoas aprenderem a se autoconhecer reside no fato delas entenderem que esta é uma atividade a ser feita exclusivamente de forma individual, reflexiva e solitária, o que pode ser uma grande armadilha, pois nós nos construímos em um ambiente coletivo e quem nos dá a referência do que somos

são

justamente

as

outras

pessoas.

Portanto,

exercícios

de

autoconhecimento até podem acontecer de forma individualizada, mas este é apenas um dos caminhos e talvez, o mais difícil para quem deseja começar. Num primeiro momento, a troca através do diálogo com outras pessoas pode ser a forma mais clara para descobrir quais consequências seus comportamentos produzem para você e para os outros, e também, como você passa a ser percebido pelos demais a partir disso. Para que esse exercício seja saudável é


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importante ter a sua volta relacionamentos baseados na sinceridade e na cumplicidade, pois assim, estas pessoas poderão ajudar você a perceber sua forma de se comportar e os efeitos daí advindos. Além disso, é sempre muito importante que você esteja atento aos seus sentimentos, pois eles são indicadores claros de como as coisas estão te afetando. O problema é que hoje em dia vivemos em uma cultura do “ser feliz a qualquer custo”, em que as pessoas não podem admitir estarem infelizes, descontentes, frustradas ou outros sentimentos negativos, e por isso, muitos preferem não encarar esses sentimentos e acabam negligenciando no ambiente as verdadeiras causas que os fazem sentirem-se assim. Desse modo, se não sabem quais as causas de seus sentimentos dificilmente podem fazer algo para mudá-los. Para entendermos nossos comportamentos e sentimentos, sempre novas perguntas em relação a eles devem ser feitas a nós mesmos, a chave para o autoconhecimento é não nos contentarmos com o óbvio. Como a terapia pode contribuir para o autoconhecimento? Justamente pelo autoconhecimento ser construído de forma coletiva, a terapia pode ser um espaço adequado para o desenvolvê-lo. O terapeuta irá ouvir muitos dos seus relatos não com o objetivo de julgar se você fez certo ou errado, mas fazendo com que você se enxergue na situação que se comportou sob um novo aspecto, respondendo algumas perguntas que talvez você nunca tenha parado para se fazer: Por que estou me sentindo assim? Por que eu me comportei dessa forma? Quais foram as consequências que eu obtive, o que eu ganhei e o que eu perdi? Como eu me senti quando me comportei assim? Como os outros se sentiram e reagiram quando eu me comportei assim? Enfim, são esses os tipos de pergunta que você irá aprender a responder de uma forma diferente e saber respondê-las é saber falar sobre si, é se autoconhecer. É justamente isso que pode fazer grande diferença no alívio do seu sofrimento e na substituição dele por


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sentimentos de alegria, prazer e felicidade. Quando você conseguir entender como alguns comportamentos seus foram desenvolvidos e como eles se mantém atualmente, você passará a se aceitar e se ajudar mais também, você pode se tornar mais ativo diante de sua própria vida e das coisas que te afetam. E por fim, gostaríamos de saber qual a importância do autoconhecimento para nossas vidas? No ambiente terapêutico o autoconhecimento geralmente é trabalhado pelo terapeuta para proporcionar ao seu cliente uma maior independência. Em outras palavras, a partir do momento que o indivíduo é capaz de prestar atenção a seus comportamentos/sentimentos e identificar quais condições do ambiente estão contribuindo para que ele se comporte/sinta assim, ele já está um passo a frente no processo de se conhecer. Ele não precisa do terapeuta para ficar lhe perguntando e direcionando, ele aprende a observar a si mesmo se comportando e como isto está afetando aos outros, e vice-versa. A partir disso, vem outra etapa igualmente importante, ele já sabe como se comporta em determinadas situações e o que isto lhe causa, e agora precisa saber quais mudanças precisa fazer no ambiente e no seu comportamento para obter consequências diferentes daquelas que vem obtendo. De um modo geral, o autoconhecimento pode ajudar muito a amenizar o sofrimento de pessoas que não sabiam dizer o que lhes causava dor, mas isto é só começo! O autoconhecimento depois de aprendido pode se tornar um “parceiro” seu de toda a vida. Com a ajuda dele você pode potencializar características importantes suas, minimizar aquelas que lhe trazem prejuízos, além de facilitar mudanças importantes na sua vida, melhorando relacionamentos e inclusive sua qualidade de vida. A partir do momento que você está consciente de suas ações e as possíveis consequências dela, você está mais apto a se comportar no mundo de modo a produzir mais felicidade para si e para os outros.


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Entrevistadora: Rafaela dos Santos Vieira Estudante do 3º ano de psicologia da Pontifícia Universidade Católica – PUC. Atualmente estagiária do IACEP – Instituto de Análise do Comportamento em Estudos e Psicoterapia. Voluntária do Projeto Social Comunitário em Arapongas ministrando aulas para adolescentes em situação de vulnerabilidade. Professora de Expressão Corporal em colégios particulares da cidade de Arapongas. Professora de Expressão Corporal em colégios do município de Arapongas pelo projeto Mais Educação do Governo.


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Rua: Malba Tahan, 420 Londrina – Paraná. Fone (43) 3029-8001 E-mail: iacep@iacep.com.br

Coordenação editorial: Lilian Juliani e Renata Trovarelli



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