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CONVERSA DE PSICÓLOGO Volume 19 - Edição 01 Dezembro- 2014
Entrevistada: Géssica Denora Ribeiro TEMA: “O TDAH na vida adulta”
Psicóloga Analista do Comportamento no IACEP, graduada em Psicologia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Especialista em Psicologia: Análise do Comportamento
Aplicada,
pelo
Centro
Universitário
Filadélfia
e
em
Neuropedagogia na Educação, pelo Instituto Rhema de Ensino. Tem experiência em orientar pais e professores em relação aos comportamentos inadequados de seus filhos e alunos. Em intervenções psicoterápicas em grupo, pautadas na Análise do Comportamento. Em avaliação neuropsicológica e intervenção psicopedagógica. Atua como terapeuta clínica de crianças, adolescentes e adultos.
Olá Géssica, primeiramente, gostaria de perguntar a você o que é o TDAH? O TDAH é o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, caracterizado como um transtorno neurobiológico, aparecendo na infância, e acompanha o
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indivíduo por toda a sua vida. Os principais sintomas são desatenção, inquietude e impulsividade. Ele atinge principalmente as Funções Executivas do cérebro, responsáveis pelo planejamento, observação, mudança de rota caso necessário, manutenção da atenção e do auto-controle do comportamento. Importante falar que o TDAH pode se manifestar com diferentes graus de comprometimento em cada indivíduo. Por isso muitas vezes pode ser mais evidenciado na infância. Porque é importante conhecer esse transtorno e diagnosticá-lo na vida adulta? Tendo em vista que é um transtorno mais notado em crianças, ele pode passar despercebido nos adultos. Contudo, muitos adultos que apresentam o problema, cresceram com algumas dificuldades e não sabem que podem encontrar tratamento, tanto medicamentoso, quanto psicoterápico para ajudá-lo a superar diversas barreiras, pois há tratamento e controle muito bem definido hoje em dia, desde que seja realizado um diagnóstico correto. Nos adultos, assim como nas crianças, é comum eles apresentarem grandes problemas de autoestima – condição que se caracteriza por um processo grave de desatenção, inquietude e impulsividade – podendo afetar seriamente a qualidade de vida desse indivíduo, seja na vida afetiva, social ou profissional. Claro, que é muito importante que se conheça os reais sintomas, sua frequência e intensidade de manifestação. Para tanto, sugere-se que procure um médico e um psicólogo para
obter um diagnóstico fidedigno e consequentemente um tratamento
adequado. E quais são os principais sintomas do TDAH nos adultos? Então, os sintomas são variados, e alguns são muito semelhantes aos sintomas infantis. O transtorno em adultos também apresenta subtipos: (1) Combinado:
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caracterizado pela presença de seis ou mais sintomas de desatenção e também de seis
ou
mais
sintomas
de
hiperatividade
e/ou
impulsividade;
(2)
Predominantemente Desatento: caracterizado por seis ou mais sintomas de desatenção, mas menos de seis de hiperatividade; (3) Predominantemente Hiperativo-Impulsivo: caracterizado por seis ou mais sintomas de hiperatividade e/ ou impulsividade, mas menos de seis de desatenção. Relacionado a isso, o principal sintoma é a dificuldade em manter o foco da atenção e manter-se quieta e persistente na mesma atividade por um longo tempo. Ainda, dificuldade de se organizar, planejar, administrar o tempo, lembrar de datas e compromissos importantes, entre outros. Muitos, sentem-se limitados, não conseguindo desenvolver todo seu potencial, o que desencadeia baixa autoestima, sentimentos de insegurança, incompetência e fracasso. Também pode-se desenvolver outras condições como depressão, ansiedade, problemas com álcool e drogas, transtorno de conduta, entre outras que levam ao insucesso do adulto. A parte cognitiva estando prejudicada, a vida do indivíduo pode não andar como ele gostaria e alguns sintomas podem ser evidenciados, como falta de habilidade social, de resolução e enfrentamento de problemas, de gerenciamento de tempo e de dinheiro, da capacidade de se organizar e planejar e principalmente muita distração que o afeta em todo ambiente social. O TDAH, é um transtorno comum em adultos? Ele é um transtorno mais percebido em crianças e adolescentes. Ocorre em torno de 5% das crianças em várias regiões do mundo. E, em mais da metade desses casos - cerca de 65% das crianças diagnosticadas – os sintomas acompanham o indivíduo na vida adulta. Tanto crianças, adolescentes como adultos podem ter sua vida acadêmica, familiar, afetiva e/ou social prejudicadas. Embora, muitas vezes, os sintomas sejam mais controlados pelo adulto que aprende a driblá-los.
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Você teria algumas dicas para o adulto tentar manejar os sintomas do TDAH? Sim, tem várias estratégias que são fundamentais para as pessoas com o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Vou tentar elencar algumas, não necessariamente por ordem de prioridade, mas que seriam importantes conforme alguns casos específicos do transtorno: - Crie um registro de atividades diárias para cada dia: tente selecionar seus compromissos em ordem de importância. Veja o que precisa ser feito e complete os itens mais importantes em primeiro lugar. Vá riscando os compromissos realizados e perceba que mesmo com algumas distrações você está sendo capaz de realizar as prioridades do dia a dia. - Aprenda a gerenciar seu tempo: se você é distraído e sempre procrastina suas atividades, aprenda a planejar seus projetos estabelecendo prazos para cada coisa. Saiba colocar limite de horários para as atividades e se for necessário, utilize agenda, despertador ou bloco de anotações para facilitar. - Exercite-se: o exercício físico ajuda a aumentar o foco atencional e diminuir o excesso de energia, ajudando a combater os sintomas de depressão, irritabilidade, hiperatividade ou impulsividade. - Identifique um horário do dia em que você consegue focar melhor para organizar e planejar seus afazeres. - Procure ter uma rotina com suas tarefas, tanto em casa quanto no trabalho. Isso pode ajudar você focar e realizar tudo com mais êxito. Como lidar com um adulto que apresenta esse transtorno? Algumas estratégias podem ajudar na convivência com pessoas que apresentam o TDAH. Uma boa comunicação com a pessoa é de fundamental importância, pois você saberá o que o outro necessita, suas dificuldades e tentar ajudar da melhor forma possível e também expor o que você precisa do outro para uma melhor
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convivência. Ter empatia, ou seja, procurar compreender e sentir como o outro, pode ajudar a entender o porque do outro apresentar alguns comportamentos específicos sem antecipar a intenção dele. Olhar para si e refletir de que maneira as suas ações reverberam no outro e quais as consequências disso, tentando sempre dialogar para entender o fato pelo qual tal comportamento aconteceu. Por fim, gostaria que você dissesse para um adulto que se vê com TDAH, o que seria importante ele fazer? Primeiramente procurar um médico e um psicólogo capacitado, que possam diagnosticar
com
elementos
científicos
o
transtorno
e
assim,
aprender
comportamentos que auxiliem os sintomas e proporcione melhor qualidade de vida.
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Entrevistadora: Priscilla Araújo Taccola Graduada pela Universidade Estadual de Londrina – UEL e Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo – USP/SP como bolsista Capes tendo como Orientadora a Profª Drª Sonia Beatriz Meyer. Atua como Psicóloga Clínica de Adultos no IACEP e como supervisora de Atendimentos Clínicos. Atua também como docente do Centro Universitário Filadélfia, além de ministrar aulas de especialização em Análise do Comportamento. Realiza pesquisas na área de análise de processos terapêuticos e além de ministrar cursos e palestras a comunidade acadêmica como ao público leigo.
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Coordenação editorial: Laís R. Paes e Renata Trovarelli