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CONVERSA DE PSICÓLOGO Volume 21 - Edição 01 Janeiro- 2015
Entrevistada: Giuliana Inocente
TEMA: Marquei a minha primeira sessão com psicólogo, e agora?
Giuliana Inocente, graduada em Psicologia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Participa como aluno especial do Mestrado de Análise do Comportamento da UEL. Cursa a Especialização em Terapia Comportamental, ofertada pelo Instituto por Terapia de Contingências de Reforçamento (ITCRCampinas). Participa e coordena o Projeto de Atendimento Clínico à Comunidade de Baixa Renda com crianças e adultos no IACEP. Atua como psicóloga clínica no IACEP, atendendo crianças, adolescentes e adultos. CRP 08/20247 Olá Giuliana, como funciona a primeira sessão de psicoterapia? Essa é uma dúvida muito recorrente, muitas pessoas se esquivam da terapia por
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não entender como funciona o processo terapêutico, outras ainda nem iniciam o processo por não “saberem” o que falar nesse primeiro momento. Geralmente, a terapia inicia-se com o relato do cliente, sobre o motivo que o fez procurar ajuda profissional. Diante dessa primeira informação o psicólogo vai conversar com o cliente a fim de levantar informações que o ajude a desenvolver seu autoconhecimento e novas formas de se comportar. É importante ressaltar que o psicólogo está preparado para ouvir e solicitar informações que ajudem na análise. O papel do psicólogo não é julgar/criticar, mas sim, compreender, acolher e ajudar a desenvolver novos comportamentos, que garantam uma melhor qualidade de vida ao cliente. É possível que no primeiro encontro, o cliente sinta-se um pouco desconfortável, ao falar sobre sua vida, no entanto, a cada novo encontro o vínculo entre terapeuta e cliente tende a se desenvolver e esse desconforto possivelmente passará. Na primeira sessão também é estabelecido um contrato com o cliente, que pode ser verbal. Este consiste em combinar valores, forma de pagamento, o dia, horário e duração das sessões, bem como algumas regras caso haja atrasos ou faltas.
A terapia tem prazo para finalizar? A duração do processo psicoterapêutico não é estabelecida, nem pode ser prevista, uma vez que cada indivíduo é único e apresenta queixas diferentes. O processo psicoterapêutico depende tanto do psicólogo quanto do cliente e também da complexidade dos problemas. Isto significa que para haver melhoras, o cliente terá sim que estar disposto a se reavaliar e possivelmente mudar alguns de seus comportamentos. Em terapia o psicólogo ajudará o seu cliente a refletir sobre sua vida e encontrar soluções mais adequadas para seus problemas, é no seu cotidiano que o cliente
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terá a oportunidade de colocar em prática o que foi discutido em sessão. O que devo contar para meu psicólogo? A relação psicólogo-cliente é uma relação extremamente privilegiada, uma vez que o psicólogo estará empático a situação do cliente, o que normalmente o faz ter reações diferentes das outras pessoas, por exemplo, diante de uma situação em que muitos podem julgar ou expressar raiva, o psicólogo o acolherá e tentará clarificar a situação para o cliente, podendo sim expressar o seu sentimento, mas de forma a não menosprezar o cliente, com o intuito de leva-lo a refletir sobre as consequências de suas atitudes e melhores formas de agir. Esta é uma das questões que diferenciam uma simples conversa com um amigo e uma sessão psicoterapêutica. Assim, deve-se dizer ao psicólogo tudo o que desejar, principalmente o que lhe está prejudicando ou causando algum sofrimento. Lembrando que todo psicólogo tem o dever de manter o sigilo do que for dito em sessão. O psicólogo também poderá fazer perguntas sobre sua história de vida e situações atuais que achar relevante para a terapia. É frequente que assuntos mais íntimos ou mais difíceis de serem tratados para o cliente não apareçam logo no início da terapia e venham a ser abordados apenas quando o vínculo entre psicólogo e cliente estiver bem estabelecido, fazendo com que o cliente sinta-se mais seguro .Giuliana, me fale um pouco mais sobre a questão do sigilo. O sigilo deve ser mantido, não podendo o psicólogo contar para outra pessoa o que acontece dentro da sessão. Porém há algumas exceções: o psicólogo pode, SOB AUTORIZAÇÃO DO CLIENTE, relatar o caso para fins científicos e com a garantia de alterar alguns dados (nome, localidade...) para que o cliente não seja reconhecido; em situações de perigo a si próprio ou a outros, como ideação suicida ou homicida, o psicólogo deve avisar ao cliente quem irá contatar, normalmente
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alguém do convívio próximo do cliente, com o intuito de preservar a vida que corre risco; diante de mandato oficial da justiça, nestes casos o terapeuta não relatará o que foi dito em sessão e sim sua análise e percepção do caso. Também é comum que o psicólogo chame alguém do convívio do cliente para participar ou realizar uma sessão individual com este. Nestas situações o terapeuta manterá o sigilo da sessão do cliente, podendo abrir alguns fatos apenas com autorização do cliente. Em terapia infantil o cliente é a criança, nestes casos também é seguido estas condutas, podendo o psicólogo relatar apenas a sua análise das sessões para os pais e/ou relatar algumas informações que a criança autorizar, com exceção de situações de riscos. O psicólogo pode receitar remédios? Não, psicólogo é um profissional graduado em Psicologia, quem pode receitar remédios hoje em dia são apenas os profissionais graduados em Medicina. Muitas vezes psicólogo e psiquiatra são confundidos, por isso vale lembrar que o segundo são profissionais graduados em Medicina com especialização em psiquiatria. Esta área aborda as doenças mentais através de uma visão orgânica. Isto é, ele avalia a situação física do cliente, muitas vezes requisitando exames médicos, e trata desta situação com medicamentos que irão suprir uma substância que esta em déficit naquele organismo. As doenças mentais variam desde esquizofrenia, transtorno de personalidade bipolar, como transtorno de ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Já a psicologia avaliará o cliente através de sua história de vida e a maneira como se comporta, fazendo com que o próprio cliente analise sua real situação e aprenda por si só lidar com o seu ambiente e obter uma melhor qualidade de vida É frequente psiquiatras encaminharem clientes para o atendimento psicológico, bem como o inverso. Assim, o psicólogo clínico pode encontrar em seu consultório tanto pacientes com diagnósticos fechados de doenças mentais, como casos em que o diagnóstico ainda não foi identificado, e também clientes que não apresentam nenhum
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diagnóstico médico, que podem apresentar alguma dificuldade diante de algum problema, por exemplo, em seus relacionamentos afetivos, familiares, ou talvez alguma dificuldade no trabalho, nos estudos, ou então dificuldade em equilibrar sua rotina.
Todo psicólogo segue uma mesma teoria? Não, há diferentes abordagens psicológicas, porém todas com o mesmo intuito: promover a qualidade de vida de seus clientes. A abordagem utilizada no IACEP é a Análise do Comportamento, nesta o foco é o comportamento do cliente. Pode-se dizer que alguns dos objetivos gerais da terapia é a manutenção dos comportamentos adequados dos clientes e a extinção dos inadequados (entende-se como comportamentos inadequados aqueles comportamentos que trazem prejuízos aos clientes). O processo terapêutico tende a conduzir o cliente para autoconhecimento e para o desenvolvimento de novos comportamentos mais funcionais para o seu contexto. É importante ressaltar que nessa abordagem sentimentos e emoções também são classificados como comportamento, e como tais também são trabalhados.
Entrevistadora: Renata Trovarelli Psicóloga graduada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), especializanda em Terapia Por Contingências de Reforçamento (ITCR – Campinas). Atua como psicóloga clínica de crianças, adolescentes e adultos. Também trabalha na área de Recursos Humanos como Analista de Gestão de Pessoas. CRP: 08/15396
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Coordenação editorial: Lilian Juliani e Renata Trovarelli