Revista Tai Chi Brasil -11

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Revista

Edição nº 11 - Maio/Junho 2011 - Distribuição gratuita e dirigida www.RevistaTaiChiBrasil.com.br

Tai Chi Brasil

China e tai Chi O relato de um brasileiro

Tai chi chuan e o equilíbrio corporal Tai chi chuan e a importância da respiração

Trajetórias e Vivências tai chi chuan e Qi Gong


Tai Chi Chuan - Pratique!

“Nós somos amantes do Tai Chi e praticamos a forma longa de Yang ZhenDuo e de seu neto Yang Yun. Na foto: minha esposa Nisla, fazendo o que nós chamamos de “latigo bajo”, nas praias do Pacifico no Panamá.” Ivan Mejia Panamá

Locais de prática de Tai Chi Chuan no Brasil e no mundo: www.aipt.org.br


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Tai Chi Brasil RevistaTaiChiBrasil.com.br

Curitiba - Paraná - Brasil Edição nº 11 | maio/junho | 2011 ® Todos os direitos reservados Registro nº 401.197

4° ofício de registro de documentos

editor: levis litz colaboraram nesta edição alexandre guilherme ribeiro, anderson rosa, aparecido de lira, brasilio wille, bruno davanzo, eliane cardoso, elli nowatzki, emerli schlogl, fernando de lazzari, josé onofre nunes, josé tarcisio aguilar, lídia vaz nunes, silvana cristina deliberador martinelli e valesca giordano litz. agradecimentos claudio frança, escola de tai chi paramitta, iván e nisla mejía, rodrigo apolloni, sifu gabriel e wagner canalonga. revisão viviane giordano contato | publicidade revistataichibrasil@hotmail.com levislitz@gmail.com jornalista responsável diplomado levis litz - mtb 3865/15/52v pr Distribuição gratuita e dirigida. Todos os textos e fotos aqui publicadas são colaborações voluntárias gratuitas. Não são de responsabilidade desta revista os artigos de opinião e também as opiniões emitidas em entrevistas e depoimentos, por não representarem, necessariamente, o pensamento do editor. Por questões de espaço, objetividade e clareza, a equipe editorial reserva-se o direito de resumir os textos recebidos. Foto com pouca definição é de responsabilidade do autor. Exemplares impressos em papel excedentes desta publicação serão doados para bibliotecas públicas.

Sumário 6 Tai chi chuan e o equilíbrio corporal 9 China e tai Chi

O relato de um brasileiro em viagem à China e sua experiência num seminário com o Mestre Wang Hai Jun

15 Trajetória na prática do tai chi chuan Professor José Onofre Nunes (Pai Lin) 15 Vivência na prática do Qi Gong Professor Anderson Rosa 17 Trajetória na prática do tai chi chuan Professor Alexandre Guilherme Ribeiro (Yang) 18 Vivência na prática do tai chi chuan Professora Lídia Vaz Nunes (Pai Lin) 19 Tai chi chuan e a importância da respiração 24 Tai Chi Chuan - Tratado

O 6º Tratado de Cheng Man-Ching - “Coração e coluna vertebral são igualmente importantes” SEÇÕES

4 CARTAS 5 EDITORIAL 13 RÁDIO CORREDOR 26 WORKSHOP 27 CURSOS 28 LIVROS


Mensagens & Cartas Revista Tai Chi Brasil. Curitiba - Paraná - Brasil. revistataichibrasil@hotmail.com | editor: levislitz@gmail.com

Por questões de espaço, a equipe editorial reserva-se o direito de editar mensagens, depoimentos, fotos e textos recebidos.

“Nossa, como a revista está legal, adorei ler.” Miriam Liu Alemanha “Mais uma vez parabéns por conseguir manter este projeto indo adiante. Sabemos como é difícil!” Eduardo Molon Rio de Janeiro, RJ “Parabéns novamente por mais esta edição. Cada vez mais me surpreendendo.” Fernando De Lazzari Ribeirão Preto, SP “Parabéns por mais este exemplar. Li seu texto e gostei muito dele. São inegáveis os benefícios desta prática, seja com atividade física, como filosofia, ou tantas outras (o desafio é atrair amigos sedentários, rs!). Pelos comentários postados, está com um alcance legal, parabéns!” Eliane Curitiba, PR “Sempre recebo a revista e fico muito feliz!” Yalla Bina Espaço Cultural Uberlândia, MG “Como sempre, a revista está primorosa! Parabéns! Marinei Curitiba, PR “Parabéns mais uma vez! Este número foi especial na variedade de assuntos consistentes. Estamos com uma turma boa pensando no Tai Chi Chuan. Bons frutos nos esperam. Em especial gostei do seu texto de fechamento. Tai Chi nos coloca

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numa experiência muito individual de entendimento dos seus efeitos e ao mesmo tempo tem a força de agregar as pessoas. Abraços e Sorrisos.” Marcello Giffoni Belo Horizonte, MG “Parabéns pelo trabalho e empenho.” Elli Nowatzki Curitiba, PR “Olá, parabéns pelas 10 revistas Tai Chi Brasil, tenho apreciado muito as matérias, é muito inspirador para mim que estou aqui em São Lourenço, MG e, além da Associação Tai Chi Pai Lin e Cemetrac/SP, não tenho muito contato com a turma do Tai Chi. Vou iniciar um curso de acupuntura com o Mestre Liu Chih Ming, vou estar um final de semana por mês em São Paulo e aprofundar um pouco os conhecimentos de Medicina Chinesa, é sempre bom estar perto dessa turma. Obrigada por esta oportunidade.” Ivana Barbosa São Lourenço, MG

“É com grande satisfação que reenvio mais um exemplar da revista para que possa se manter informado sobre essa arte maravilhosa que reúne vários atributos para uma vida saudável e feliz.” Geraldo Cerqueira Salvador , BA “Muito obrigado por mais um exemplar da Revista Tai Chi Brasil. Muito sucesso, saúde e muito Tai Chi para todos nós. ” Daniel Ferreira

“Será de grande valia ler os exemplares da Revista Tai Chi Brasil.” Regina Goulart Rio de Janeiro, RJ

“Gostaria de parabenizá-lo uma vez mais pelo belo trabalho que você realiza, divulgando amplamente o Tai Ji Quan e o Taoísmo. Também agradeço pelas inúmeras vezes que nos prestigiou, divulgando as atividades da Sociedade Taoísta. Como uma forma singela de agradecimento, gostaria de presenteá-lo com um livro de minha autoria, Cultivando a Vida, que aborda os benefícios da prática regular do Tai Ji e do Qi Gong. O lançamento será em maio, aqui na Sociedade Taoísta em São Paulo, SP.” Wagner Canalonga São Paulo, SP

“Parabéns pelo trabalho realizado com a Revista Tai Chi Brasil. Que ela se fortaleça e seu público fiel cresça cada vez mais.” Luiz Carlos Beraldi Curitiba, PR

“Recebi o exemplar nº 10 da revista e fiquei surpreendido com a qualidade do trabalho de vocês, parabéns!” Sérgio Caldeira Belo Horizonte, MG

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Editorial

Revista Tai Chi Brasil

Em conexão - sempre!

Caro leitor, olá! Nossa revista bimestral, edição nº 11, vem com novas perspectivas e informações. Entre vários assuntos, temos o relato de um praticante de Tai Chi na China, além de muitas outras trajetórias de professores que compartilharam suas vivências. E você? É professor de Tai Chi e quer relatar a sua história? É importante para a História do Tai Chi no Brasil que registremos isso e a nossa revista é a mais específica e ampla do gênero. Então... queremos conhecer você, ler sobre suas experiências como professor, de que modo você se dedica ao Tai Chi, quais são as suas pretensões nesse sentido, o que fez e faz de você um professor de Tai Chi Chuan. Assim, honrados com o seu contato, ficaremos. Agora, se você é aluno e gostaria de prestigiar seu mestre ou professor e dar o seu depoimento sobre sua vivência com ele, escreva um texto e mande pra nós – se puder, inclua fotos. Não hesite, sua experiência é muito importante como referência para os demais colegas praticantes. Ficou tentado a escrever? Escreva! Este espaço está reservado para você, esperando as suas impressões.

Para um fôlego extra na continuidade e permanência desse veículo de informação, matutamos uma nova opção – simples e bem barata, ou seja, disponibilizar espaços para publicidade em forma de banner virtual com link no site da Revista Tai Chi Brasil por apenas R$ 5,00 mensais em que você poderá divulgar seus produtos, serviços, sua escola ou sua marca. Mais informações no site. Outra forma fácil de ajudar é propagar o Tai Chi através da divulgação da revista pela internet. É o momento de aproveitar que vivemos numa época de fácil transmissão de conhecimentos e informações e espalhar essa ideia. A revista é grátis, vamos compartilhá-la, seja no twitter, orkut, blog, facebook, site, ou ainda, imprimindo e fazendo uma cópia para seu amigo, médico, fisioterapeuta, educador físico, psicólogo, terapeuta... Com certeza, essa atitude será para benefício de todos. Obrigado por nos acompanhar. Levis Litz Editor Contato Revista Tai Chi Brasil - RTCB . website: www.RevistaTaiChiBrasil.com.br . e-mail: revistataichibrasil@hotmail.com ----------------------------------------------------------------------------------

Curitiba - Paraná - Brasil

Campinas, SP Equilibrius - Centro de Tai Chi Chuan, Acupuntura e Cultura Oriental Av. Oscar Pedroso Orta, 222. Barão Geraldo.

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Centro de Estudos da Medicina Chinesa Av. Júlio de Castilhos, 1501. Sala 32. Centro

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Biblioteca Pública do Paraná Rua Cândido Lopes, 133. Centro. Biblioteca Hideo Handa Praça do Japão. Água Verde. Academia Paramitta Av. Visc do Rio Branco, 84. Mercês. Colégio Estadual do Paraná Rua João Gualberto, 250. Alto da Glória.

CONTINUIDADE E PERMANÊNCIA

Bibliotecas & Acervos

Colégio Medianeira Av. José Richa, nº 10546. Prado Velho. Instituto Fu Hok | BackStage R. Guido Straube,52-B. Vila Izabel. Nutribioforma R. Jaime Balão,1150. Casa 1. Hugo Lange. SESC Paraná – Unidade Água Verde Av. República Argentina, 944. Água Verde.

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Equilibrius - Centro de Tai Chi Chuan, Acupuntura e Cultura Oriental Rua Cerqueira César, 1825. Jd. Sumaré.

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Espaço Bem Estar (Yoga e Tai Chi Chuan) Av. Pe. Antonio José dos Santos, 1371. Brooklin Novo. Peng Lai Brasil - Artes Marciais Tradicionais Chinesas. Av. Deputado Emílio Carlos, 121. B. do Limão. Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan Rua José Maria Lisboa, 612, Sala 7.

------------------------------------------Uberlândia, MG Academia Budô Kan Rua Benjamin Monteiro, nº 64. Centro.

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Tai chi chuan e o equilíbrio corporal Por Silvana Cristina Deliberador Martinelli Fonoaudióloga- Especialista em Audiologia. Responsável pelo Setor de Avaliação e Reabilitação dos Distúrbios da Audição e do Equilíbrio Corporal do Núcleo de Otorrinolaringologia e Fonoaudiologia de Curitiba Cuidar da saúde, buscando uma boa qualidade de vida, é, atualmente, foco da atenção de muitas pessoas. Acredita-se que a busca do equilíbrio entre o trabalho e o lazer, entre a obrigação e a diversão, entre o emocional e o racional, entre o corporal e o mental, entre a contemplação e o dinamismo, entre a profissão e os outros papéis que desempenhamos no nosso dia a dia seja o caminho para uma vida saudável. Nessa caminhada consumimos energia, somos submetidos ao desgaste natural do tempo, do processo do envelhecimento, que terá o ritmo determinado pela forma como vivemos, como tratamos nosso corpo e como preenchemos nossa mente. “O TAI CHI CHUAN é uma atividade física que contribui para o bem estar do corpo e da mente. Através dos movimentos de expansão e recolhimento, restaura a harmonia e o equilíbrio nos níveis físico, mental e emocional, proporcionando bem estar para o corpo e para a mente. Praticado por pessoas de todas as idades, homens e mulheres, o TAI CHI CHUAN desperta e nutre a vitalidade e promove um estado de maior serenidade e adaptabilidade às diversas circunstâncias da vida.”(1) Em minha atividade profissional como Fonoaudióloga Audiologista, trabalhando com Avaliação e Reabilitação da Audição e do Equilíbrio Corporal há vinte e nove anos, lido com um dos problemas de saúde mais frequentes nos dias atuais: as alterações do equilíbrio corporal. “O equilíbrio corporal é uma função sensóriomotora que tem como objetivo estabilizar o campo visual e manter a postura ereta, é, portanto, a manutenção do corpo em sua posição ou postura normal, sem oscilações ou desvios ou quedas. O equilíbrio é estabelecido pelo cérebro (núcleos vestibulares no tronco cerebral e cerebelo), com a participação dos olhos (sistema

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visual), da percepção corpórea (sistema proprioceptivo) e dos labirintos (sistema vestibular)”.(2) A visão fornece informações do ambiente, os objetos conhecidos e a posição do corpo são utilizados como referência. A percepção corpórea é formada por diversos sensores do corpo, como sensibilidade da pele, dos músculos e das articulações, que enviam as informações ao cérebro. O labirinto é um sistema da orelha interna, que informa se o corpo está parado ou em movimento, além de perceber a direção e a velocidade desse movimento. Em circunstâncias normais, os sensores do corpo promovem um padrão harmonioso de informações que serão processadas em centros inconscientes e automáticos, desencadeando reflexos (oculares e espinais) adequados. Estes reflexos (reflexo vestíbul ocular) originam movimentos oculares que permitem uma visão clara enquanto a cabeça se movimenta e geram (reflexo vestíbulo espinal) movimentos compensatórios do corpo para manter a estabilidade de cabeça e do corpo, evitando quedas. O Sistema Nervoso Central monitora os reflexos e os reajusta quando necessário, para manter a orientação espacial estática e dinâmica, a locomoção e o controle postural. Os sintomas e sinais de alteração do equilíbrio corporal surgem quando há conflito na integração das informações vestibulares, visuais e proprioceptivas. Tonturas, tonteiras, vertigens, zonzeira, atordoamento, sensação de flutuação são as sensações de perturbação de equilíbrio corporal. As tonturas, as vertigens, as quedas, principais características destes distúrbios, são queixas muito frequentes nos consultórios médicos de várias especialidades: Otorrinolaringologia, Neurologia,


Geriatria, Pediatria, Endocrinologia, Cardiologia, Clínica Médica etc. A tontura se caracteriza por alteração do equilíbrio, em que se verifica falha na percepção espacial do corpo. Pacientes referem sensação de cabeça leve, flutuação e de não sentir o chão, zonzeira, sensação de queda ou rotação (vertigem), escurecimento de visão etc. Há inúmeras causas que podem alterar o equilíbrio. Entre as principais destacam-se distúrbios alimentares e maus hábitos de vida, traumatismos de cabeça e do pescoço, infecções, medicamentos, drogas, problemas vasculares, doenças endocrinológicas, doenças neurológicas, tumores, fobias, entre outras. Tenho observado, em minha experiência clínica, que os desequilíbrios corporais comprometem muito a qualidade de vida dos portadores. As atividades do dia a dia tornam-se difíceis, fazendo um impacto negativo na qualidade de vida destes pacientes. Sabemos hoje, devido ao avanço da ciência, que as funções cerebrais não enfraquecem e os músculos permanecem de prontidão desde que sejam exercitados. O exercício mental garante que o cérebro continue ativo, produtivo. O exercício físico contribui para que os músculos adquiram tonicidade, rigidez e conservem a capacidade de responder às solicitações. Um corpo

leve e saudável está melhor preparado para enfrentar os desafios do dia a dia com mais prontidão. Assim, está comprovado cientificamente que “a prática de uma atividade física regular ajuda no controle das tonturas e desequilíbrios e também minimiza o impacto das quedas”.(2) Como praticante de TAI CHI CHUAN há muitos anos, admiradora desta atividade, aluna de dois excelentes e capacitados professores (Professora Inge Strobel e Professor Levis Litz), pude e posso experimentar os benefícios desta prática. Conhecendo os fundamentos desta arte, profissionalmente tive a oportunidade de sugerir a prática para pacientes, devidamente investigados em avaliações médicas e encaminhados para programas personalizados de Reabilitação Vestibular (abordagem de tratamento de reabilitação de problemas labirínticos), tendo sido observado significativa melhora dos quadros. Minhas orientações foram e são fundamentadas, além das minhas próprias observações, nos múltiplos trabalhos científicos já publicados, tanto no Brasil como no exterior, demonstrando a eficácia da prática do TAI CHI CHUAN como auxiliar no tratamento das tonturas e outros distúrbios do equilíbrio.(3) Foto: LL

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Estes trabalhos demonstram que “a musculatura e as articulações são trabalhadas de forma lenta e gradual, num padrão rítmico, estimulando assim o equilíbrio e a coordenação. Os movimentos do TAI CHI CHUAN estimulam gradualmente o organismo, elevando a taxa metabólica, a circulação sanguínea, a capacidade respiratória e do aparelho locomotor. Além disso, as coreografias dos movimentos precisam ser lembradas, o que desenvolve a memória”. (4) Outros pesquisadores teorizam que “a técnica pode ser eficaz porque promove a coordenação por meio do relaxamento”. (5) “A prática do TAI CHI CHUAN restaura o equilíbrio pois relaxa e tonifica os músculos.” (6) “Muitos outros trabalhos enfatizam a relação da melhoria no equilíbrio devido às melhorias significativas nas variáveis de força muscular e flexibilidade, à frequência, duração da atividade e ao tempo de aula. Sendo necessário para o benefício 1 ou 2 aulas semanais, com 40 a 50 minutos de duração, por no mínimo três meses de duração.”(7) Enfatiza-se ainda o sucesso na redução das quedas na terceira idade. Aspecto este considerável, pois “as quedas e suas consequências para a terceira idade estão assumindo, segundo o governo, dimensões de epidemia. O Brasil possui 13 milhões de pessoas idosas com mais de 60 anos e que representam um terço dos atendimentos de lesões traumáticas nos hospitais. Verifica-se que 34% das quedas resultam em alguma fratura. Existe também grande preocupação com as consequências emocionais, geradas por uma queda do idoso e um estado deprimido é esperado”.(8) A Sociedade Brasileira de Otologia tem uma Campanha de Prevenção a Quedas da Terceira Idade e a prática do TAI CHI CHUAN tem sido indicada pelos Otorrinolaringologistas. Os médicos lembram que, como qualquer atividade física, o TAI CHI CHUAN exige avaliação para que possíveis contraindicações sejam detectadas. “Em geral, é uma atividade bem tolerada e, inclusive, pode ser adaptada, caso haja algum impedimento físico para sua prática. Durante a atividade, é importante a presença de um professor experiente para que cada praticante tenha a atenção e a orientação necessárias.” Assim, pode-se constatar que o TAI CHI CHUAN, parte da Cultura e dos costumes chineses, inicialmente arte marcial para o desenvolvimento externo e interno, com o passar dos séculos esta função foi sendo relegada em favor dos propósitos

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relativos ao desenvolvimento da saúde. Técnica atualmente considerada psicossomática, profilática, terapêutica, ajuda todo o corpo a executar as suas funções de maneira mais eficiente, entre elas o Equilíbrio Corporal, resultando numa melhor qualidade de vida. Referências : 1. Sociedade Taoísta do Brasil 2. Vertigem tem cura? Prof. Dr. Mauricio Malavasi Ganança, Lemos Editorial,1998. 3.Hain, Timothy C.MD; et.... “Effects of Tai Chi on Ballance-Department of Otolaryngology-Head and Neck Surgery and Neurology Northwestern University Medical School and Rehabilitation Institute of Chicago, November 1999-Archives of Otolaryngology 4. Site do Hospital Israelita Albert Einstein - Bem Estar e Qualidade de Vida - Dr. Mário Sérgio Rossi Vieira, Fisiatra., publicação em 2008, atualização em 2009. 5. Encontro Anual da Academia Americana de Otorrinolaringologia em San Diego USA - 2009. 6. www.taochia.pro.br/pesquisas.htm 7. Efeitos da prática do Tai Chi Chuan para força, equilíbrio e flexibilidade em praticantes idosos: uma revisão de literatura . Faculdade Estácio de Sá de Ourinhos S.P. Cruz, Alessandro P.; Dechechi, José C. 8. Revista Medicina Social Ano XXVII, Julho/ Agosto 2010,pgs. 10 e 11 9. Bittar RSM,Pedalini MEB, Bottino MA, Formogoni LG, Síndrome do Desequilíbrio do Idoso ProFono Revista de Atualização Científica 2002,14(1): 119-28 10. “Saúde em Foco” Rádio CBN, Dr. Luiz Fernando Correia, em 15/01/2011. 11. Gazeta do Povo, 15/07/2010, pag.13, Artigo “Artes Marciais para aprender a cair e evitar traumas”. 12. Davis,C.M. Fisioterapia e Reabilitação: Terapias Complementares. In Bottomley , J.M. Tai chi: A coreografia do Corpo e da Mente Gomes, l; Pereira, m.m.; Assumpção, L.O.T. Benefícios do Tai Chi em Idosos. EFDepotes.com., Revista Digital, buenos Aires, v.10, n.78,2004A. Http.// www.efdeportes. com/edf78/taichi..htm 13. www.usp.br/eef/lob/pe-2002 Gillespie et al Diminuição de Queda em Idosos 14. www.saudenainternet.com.br/portal/artigo tai-chi. -> [Comente este texto: revistataichibrasil@hotmail.com]


China e Tai Chi O relato de um brasileiro em viagem à China e sua experiência num seminário com o Mestre Wang Hai Jun

Por José Tarcisio Aguilar Psicólogo Praticante de Tai Chi Chuan É um prazer para mim poder compartilhar um do centro da cidade, vão se transformando em viadutos. pouco da experiência e do que vi em minha viagem Viadutos e mais viadutos, com duas ou três pistas, que para a China no início deste ano. Este relato mistura se sobrepõem uns aos outros formando um emaranhado livremente o testemunho com minhas impressões de “tráfego aéreo” rodoviário. pessoais, portanto o leitor deve ter o cuidado ao ler, A impressão de riqueza da cidade vai se tendo em mente que não se trata de um estudo, mas confirmando a partir do aeroporto, pelas estradas e sim de um ponto de vista limitado, embasado apenas sistema viário da cidade e nos veículos propriamente no pouco que pude ver de um país e uma nação que são ditos. O primeiro que me chamou a atenção foi avistar um muito mais do que a vista alcança. carro modelo “Santana” e depois verificar que mais da O trajeto da viagem me levou a três Chinas metade dos táxis por lá são desse modelo, praticamente diferentes: a moderníssima Xangai, Pequim, sede idêntico aos nossos. De resto, os carros circulando são administrativa de arquitetura clássica e tradicional mais todos de muito luxo. O que mais se vê são carros que aqui ao norte e ZhenZhou, classificaríamos como no centro da China, grandes. Os veículos província de Henan, de tamanho médio são a cem quilômetros da minoria e os compactos cidade de Chenjiagou, em praticamente inexistem meio ao campo, pequena em Xangai. Todas as em tamanho mas cheia melhores marcas do de significado para os mundo estão presentes praticantes de Tai Chi. com seus modelos de Xangai é uma maior luxo. cidade maior que São Quando “aterrisPaulo em número de hasamos” dos viadutos bitantes, assim como para o chão, somados Chenjiagou. Foto: Acervo José Tarcisio agrega uma região metroaos carrões, estão ônibus politana industrial enorme. Logo na chegada, fiquei e motos. Não vi nenhuma moto com motor à combustão impressionado com as dimensões gigantescas de tudo. em toda China. São inúmeras motos elétricas e muitas Há dois aeroportos em Shanghai, o menor deles é maior bicicletas motorizadas, todas absolutamente silenciosas e mais bonito que o de Guarulhos, em São Paulo. E e circulando quase sempre em vias próprias. As bicicletas muito melhor organizado também, aliás a organização a pedal, que já foram um símbolo desta cidade, são bem acabou me parecendo uma característica permanente poucas. A explicação é que, apesar de plana, a cidade em tudo que vi. é bem grande e o custo de uma bicicleta motorizada é Saindo do aeroporto, o que se vê são estradas muito baixo. impecáveis e bem sinalizadas tanto em chinês como em A riqueza da cidade vai aparecendo na beleza inglês. Muitas e grandes estradas, que, ao se aproximarem e modernidade dos inúmeros edifícios. Afora algumas www.RevistaTaiChiBrasil.com.br

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partes da cidade original, antiga, preservadas, tudo é insetos e outros esquisitos, mas a maioria tem um valor novo, quase novo, ou está em construção. medicinal. É possível, assim, passear por shoppings moder- Em Xangai, apesar de cidade turística, os nos e na torre de TV, símbolo de Shanghai (aquela com restaurantes são frequentados por maioria esmagadora as duas esferas), e, em seguida, visitar noutra parte da de chineses – aliás, mesmo nos locais turísticos, a cidade um templo taoísta tradicional, cercado de ruelas maioria esmagadora é de turistas chineses de outras de comércio e restaurantes apinhados de gente, como se cidades. A comida chama a atenção pela variedade de tivéssemos “mudado de mundo”. pratos e ingredientes, pela quantidade e pelo cuidado Neste templo, como em vários outros que visitei no preparo e no serviço. Os pratos são sempre muito depois, é notável o fervor religioso das pessoas. Sempre bem temperados, puxando mais para a pimenta no em grande número, queimam incenso e papéis com sul (como em Xangai) e para o adocicado ao norte da votos, fazem reverências e oram. O templo é enorme China (como em Pequim). Afora os pratos preparados (como tudo o mais na China), repleto de imagens de com carnes secas (como certos patos e peixes), tudo divindades específicas de várias áreas da atividade é feito com ingredientes muito frescos. Toda refeição humana, Budas da arquitetura, literatura, medicina, é acompanhada de sopa e chás. Todavia, o prato mais economia, guerra e tudo mais. Como nos demais locais popular é mesmo o arroz, que acompanha toda refeição, de arquitetura tradicional que visitei, o templo tem um é muito barato (menos que um real o quilo no mercado) grande portal que se segue à entrada propriamente dita, e que os chineses comem como papa no desjejum pela seguindo-se um pátio grande. manhã. Nas laterais deste pátio Para se ilustrar um pouco ficam os salões onde estão a riqueza de variedades: pude as imagens das divindades. ver num supermercado cerca Os salões são ricamente de vinte diferentes tipos de decorados das paredes ao cogumelos frescos e outros teto, sustentado sempre por tantos secos. Em outra enormes colunas redondas. sessão do mesmo mercado, Os altares são de uma riqueza frangos inteiros (depenados) de detalhes impressionante. primorosamente arrumados Se a dimensão física dos em bandejas e separados em pátios e prédios impressiona, nove tipos diferentes, afora o cuidado com os detalhes em demais aves! Incontáveis titodos os cantos impressiona Estátua de Buda - Templo Taoísta. Foto: Acervo José Tarcisio pos de verduras e temperos. mais ainda. Parece que não há centímetro quadrado Um paraíso para qualquer chefe de cozinha! Uma pena feito ao acaso ou com descuido. (sem trocadilho) que não tenho fotos do local. Em um salão com uma estátua de Buda, várias O contato com as pessoas foi muito bom durante vezes o tamanho natural, havia (como em outros) duas toda a viagem. Apesar da dificuldade da linguagem, o fileiras de imagens de guardiões perfilados, alguns povo lembra muito o brasileiro pelo contato direto fácil, portando armas, e o mais próximo do Buda portando sorriso espontâneo e disponibilidade. Porém, fora de um enorme cajado com a extremidade mais grossa. Pequim e Xangai é particularmente difícil encontrar Achei o guardião do palácio de Buda e seu pilão! alguém que fale inglês. Mesmo assim foi possível (agora dá para imaginar melhor a alegoria da postura perguntar a um passante o nome escrito em uma estátua Jin Gang Dao Tui). numa praça, e compreender que se tratava de Confúcio! Se a arquitetura é grandiosa e cheia de detalhes, A figura deste pensador está sendo resgatada num não se pode dizer diferente da gastronomia. Esqueça momento em que o governo percebe a necessidade de qualquer ideia de passar fome na China, por motivos cultivar os valores tradicionais culturais e morais, como de qualidade, quantidade ou paladar. Os chineses necessários na formação da nacionalidade. adoram comer na rua – pasteizinhos cozidos no vapor, Pequim é diferente de Xangai já pela sua massa, carnes, espetos de frutas cristalizados no açúcar, arquitetura urbana. Com menos viadutos, é uma cidade barras de cereais, batata-doce e castanha feitos na brasa aberta, de ruas principais muito largas, imensas praças e e outras delícias. Há também os famosos pratos de enormes edifícios de arquitetura clássica, ocupados pela

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administração pública. Em meio a isso, há os locais de museu, com cobrança de ingresso e tudo. No portal se arquitetura urbana tradicional, com casas de centenas lê “Casa histórica da família Chen e do Taiji Quan”. de anos como nas proximidades da Cidade Proibida. Ao lado há um prédio com três andares, com a única Diferentemente de Xangai, os arredores da cidade logo inscrição em inglês na região: centro de medicina se transformam em campo ao se afastar do centro. Aqui, chinesa tradicional. os veículos médios aparecem em número maior e pode- A vila da família Chen está preservada na sua se ver mais exemplares de carros compactos, como arquitetura e, como demais lugares que visitamos, tem também há os táxis triciclos, com uma pequena cabine, um portal seguido de um grande pátio com casas nas movidos a eletricidade. laterais e no centro. Passada a casa do centro, segue-se ZhenZhou é uma cidade menor, mas não menos outro pátio com casas laterais e ao fundo e, finalmente, imponente. Tem a sua altíssima torre de TV (parece ser um terceiro lance de construções deste tipo. Nestas um marco obrigatório, torres altíssimas e moderníssimas, construções temos a estátua do patriarca Chen Wang verdadeiros marcos de arte arquitetônica da cidade), Ting. Nas casas nesta parte da vila, que é a residência e parece estar em obras permanentes. Em meio ao histórica da família, há afrescos, salas de recepção com espinheiro de prédios altos e modernos, muitos outros objetos ligados ao taiji, instruções de taiji em pinturas e estão em construção. Tem um museu famoso e é ponto escrituras, inclusive em relevos na pedra e bronze. de partida para vários pontos turísticos como se pode Passado o portão nos fundos desta parte, ver na programação dos quando se pensa que hotéis. Porém, mesmo nos estamos numa saída, hotéis não se encontra com aparece uma área imensa facilidade alguém que fale (dimensões chinesas!) inglês. Estamos na China com a parte moderna da “exclusiva para chineses”. Vila Chen. Abre-se como Somos bem recebidos, que um segundo parque como acontece aliás nas completo, com todos os cidades do interior pelo itens que haveria num Brasil, mas se nota logo museu chinês, porém tudo que os turistas são quase só é moderno, sem perder o chineses. Ademais, é uma estilo original. Segue-se cidade grande e moderna. portais, pequenos morros Em meia hora aproximae lago artificiais (são Entrada da Vila Chen. Foto: Acervo José Tarcisio. damente, se parte do cenparte do fengshuei da tro de ZhenZhou para a zona rural, rumo a Wenxian, arquitetura chinesa nos parques – um morro de “jade” distante uns 100km por estradas belíssimas, e daí para e a água), estátuas com posturas do estilo Chen, um Chenjiagou são mais uns 20km por estradas mais simples pátio enorme com o símbolo do tai chi medindo uns mas boas. Mesmo longe dos centros maiores, se vê um 40 metros de diâmetro e um prédio moderno, mas que país em obras: estradas, pontes, prédios, canalização de guarda o estilo chinês, em 4 andares, compreendendo a rios, tudo em andamento. parte principal desta parte da vila. Chenjiagou é uma cidade bem menor, com vários Este prédio abriga um museu moderníssimo, arruados e muitas casas boas em meio a plantações. O com recursos arquitetônicos e áudio-visuais mostrando tráfego é intenso pela estrada, de veículos pequenos, a história e a prática do taiji. No andar mais alto, um caminhões (muitos caminhões triciclos), bicicletas local de prática de onde se avista o parque dentro da motorizadas ou não, pedestres. Vila Chen e vistas da cidade. Um local para se passar Quando entramos na cidade propriamente o dia inteiro, lembrar o resto da vida e que guarda a dita, a rua principal estava bloqueada por uma feira história de pelo menos 11 gerações da família Chen. livre. Mais tarde fiquei sabendo que esta feira ocorre Bom, até aqui não falei nada sobre prática de uma ou duas vezes por ano, tivemos sorte de pegá-la taiji. Não é por acaso, é apenas porque não vi um só pois foi um contato mais íntimo com a intimidade de praticante durante toda a visita à China! Mesmo na um povo no seu dia a dia. A feira ladeava os muros da Chen Village, não sei se porque era domingo (não seria Vila Chen. Indo pela frente, temos a entrada como num desculpa), ou devido à feira, ou devido ao frio daquela www.RevistaTaiChiBrasil.com.br

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cabo pelo Mestre Wang. Apesar da figura sizuda que conhecemos dos filmes de instrução, Mestre Wang em pessoa é um exemplo de simpatia e muito comunicativo. Com seu sotaque bem carregado, não se priva de puxar conversa ou atender às solicitações e sempre que pode ele passa da conversa invariável sobre assuntos do taiji para outros assuntos do dia a dia simples de todo mundo. As aulas são dadas por ele para todos os níveis de alunos, desde o aquecimento, e sua atenção e cuidado com cada aluno é notável. É notável ver como ele consegue manter a atenção em cada um dos 30 alunos durante uma aula e o tempo todo, sem Vila Chen vista do alto do predio. Foto: Acervo José Tarcisio. parar, tem orientações significativas tarde... Mesmo durante minha estada em Xangai, onde para a turma toda ou para cada aluno individualmente. por vários dias frequentei um parque próximo de Me referi a ele, para outro aluno, como um “teaching onde estava, não vi ninguém fazendo a prática. Quem machine”. Uma aluna mais antiga o definiu como um sabe devido o frio sempre abaixo de zero? Bom, então “gentil-giant” (em alusão ao termo “gentil-man”) e me vamos deixar a China e ir para a Irlanda, na cidade de parece esta uma figura bem apropriada. Eu espero com Galway. ansiedade que seja possível sua vinda para Curitiba em Galway, na costa oeste da Irlanda, é uma cidade 2012, todos teremos muito a aproveitar. de 70 mil habitantes onde mora nosso querido professor Em relação ao treinamento, repete-se por lá o Niall O´Floinn. Parei por lá para uma prática de uma mesmo que aprendemos aqui. O nível que cada um dos semana, nas aulas regulares das turmas do Professor alunos vai atingir, depende do grau de comprometimento Niall e um seminário de fim de semana com o Mestre do próprio aluno com seu treinamento individual diário e da Wang Hai Jun. orientação segura que possa Apesar do tamanho obter em aulas, seminários pequeno, se comparada e estudo complementar. em número de habitantes E entre os alunos foi isso com cidades brasileiras, que pude notar – há os que Galway é notavelmente praticam todos os dias e os cheia de vida. Mesmo em que praticam apenas vez dias chuvosos (quase todos por outra e isto é o que dias são chuvosos por lá) define o nível da prática, e com um frio moderado principalmente. de poucos graus acima de Bem, era isso que tinha zero, as ruas estão sempre para compartilhar. Minha cheias de gente, com muito impressão sobre o taiji foi Mestre Wang Hai Jun, José Tarcísio e Niall O`Floinn. comércio aberto e muito enriquecida pelo contato, movimento de jovens estudantes da universidade local. mesmo que breve, com a cultura chinesa. A prática, As aulas do professor Niall são basicamente a partir de então, me remete à beleza da arte, refletida as mesmas que conhecemos de seus seminários em desde os pequenos detalhes nos objetos, ou mesmo na Curitiba, na Academia Paramitta. As turmas são gastronomia, à grandiosidade de cidades, palácios e praças, separadas por nível de adiantamento da prática, mas as à fé persistente nas práticas dos templos e à simplicidade e simpatia de um povo capaz de tudo isso. aulas seguem a mesma estrutura de nossa prática. -> [Comente este texto: revistataichibrasil@hotmail.com] O mesmo se pode dizer do seminário levado a

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Rádio Corredor I Aula aberta e gratuita de Tai Chi Chuan São Paulo, SP Aula aberta ao público em geral de Tai Chi Chuan. Todas às quartas-feiras às 08h15min. da manhã. Participação gratuita na Praça Gentil Falcão, se não chover. São Paulo, SP. Maiores informações: Espaço Bem-Estar. Av. Padre Antonio José dos Santos, 1371 (Próximo a estação Berrini CPTM). Tel: 5103-0420 / 91858830. São Paulo, SP. Dica: é bom confirmar antes! ----------------------

as disposições estatutárias, a ser realizada dia 28 de maio de 2011, sábado, às 10 horas, em primeira convocação, ou às 10h30, em segunda convocação, na sede da AIPT, na Rua Visconde de Rio Branco, 84, Bairro Mercês, em Curitiba, com a seguinte ordem do dia: 1 - Apreciação do relatório das atividades da diretoria da Gestão 2010/2011; 2 - Apreciação dos resultados contábeis da Gestão 2010-2011; 3 - Eleição da nova diretoria Gestão 2011-2012; 4 Assuntos correlatos. www.aipt. org.br. ----------------------

15 Anos da TSKF e 5 anos da Brazil International Kung Fu Championship São Paulo, SP

AIPT - Associação Internacional de Praticantes de Tai Chi Chuan convoca Assembleia Ordinária

Esse ano serão celebrados quinze anos de TSKF (Academia de Kung Fu, atualmente considerada uma das maiores redes de academias de Kung Fu Estilo

Louva-a-Deus da América Latina) e cinco anos de Brazil International Kung Fu Championship. A TSKF, que também oferece Tai Chi Chuan para seus praticantes, está divulgando que haverá uma bela apresentação que mostrará como foi o crescimento da TSKF nesses últimos quinze anos. O campeonato neste ano será no dia 3 de julho em novo endereço, no Ginásio da Hebraica. Rua Angelina Maffei Vita, 607. Jardim Europa, São Paulo, SP. Maiores informações: tskf@tskf.com.br – Tel: 11 50717484. A entrada dos atletas e do público serão pela Rua Dr. Alceu de Assis, 25, que é a rua ao lado da entrada principal. ----------------------

Spa e pousada oferece tai chi chuan aos seus clientes São Luís do Purunã, PR O Spa e pousada Sattva agora também oferece aos seus

Curitiba, PR A diretoria da Associação Internacional de Praticantes de Tai Chi Chuan - AIPT, está convocando uma Assembleia Geral Ordinária em que ficam convocados todos os associados para se reunirem, de acordo com www.RevistaTaiChiBrasil.com.br

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Rádio Corredor II

clientes vivências de Tai Chi Chuan. Localizado em São Luís do Purunã, a apenas 50 km de Curitiba, o Espaço, junto à natureza, oferece, entre suas várias terapias já consolidadas, mais uma atividade holística voltada para os princípios da Medicina Tradicional Chinesa. Sattva nasceu após 20 anos de experiência na área de terapia alternativa, onde Fátima Kubrusly transformou sua chácara em um espaço bastante acolhedor. Informações www.spacosattva.com ----------------------

Mestre de Chi Kung Terapêutico vem ao Brasil pela 2ª vez Ribeirão Preto, SP A mestre Helen Wu marca presença pela segunda vez no

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Brasil, em Ribeirão Preto, SP, de 23 à 26 de Junho. Veja mais detalhes nesta revista, na página 25. Para a programação completa do Workshop de Chi Kung Terapêutico e Filosofia Oriental com a Mestra Helen Wu, acesse o site www.taichichuan.com. br ou contate pelo telefone: (16) 3911-1236. ----------------------

Mestra Helen Wu

O site da Revista Tai Chi Brasil disponível para anúncios Já é possível, por apenas R$ 5,00 mensais, anunciar um banner (Full Banner) nos sites da Revista Tai Chi Brasil e da revista eletrônica Fotos e Rumos.com. O anunciante, a um custo bem acessível, poderá divulgar seus produtos (dvds, camisetas, livros, espadas, leques, trajes de tai chi, adesivos etc), seus diversos serviços (massagens, cursos, seminários, atividades, viagens, lojas, eventos, entre outros) e sua marca (nome da sua instituição, escola, grupo ou da sua página na Internet com link). Veja exemplos de anuncios virtuais de praticantes de tai chi. Informações nos sites: www.RevistaTaiChiBrasil.com.br e www.FotoseRumos.com Traduções Escritas e Simultâneas - Preparação de Palestras Idioma Espanhol e Inglês. Tel: (41) 3277-1741 - Cel: (41) 8434-4316 anita.tradutora@gmail.com - www.anitayes.blogspot.com Milan Imóveis - Compra | Vende | Aluga Curitiba - Paraná - Tel: (41) 3329-2697 - 3329-2697 - 9616-2749 www.milanimoveis.com.br - contato@milanimoveis.com.br [Creci 12783]

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Trajetória na prática do tai chi chuan

JOSÉ ONOFRE NUNES Tai Chi Pai Lin

Após ter praticado Karatê Shotokan por vários anos (em torno de 20 anos), participado como árbitro em algumas competições da escola que pertenceu e ainda ter dado aulas (como professor assistente) de karatê na década de 80, inciou a prática de Tai Chi Chuan estilo Pai Lin, em 1987, com o prof. Hélio Maranhão Otero, que nessa época já havia se transferido para São Paulo, para trabalhar e treinar diretamente com o Mestre Liu Pai Lin. Entre os anos de 95 a 98 participou do curso de Formação Taoísta para a Saúde promovido pelo Mestre Liu Pai Lin, que se realizava em média uma vez por mês em finais de semana e em regime de retiro. No curso, o Mestre abordava os seguintes tópicos: Filosofia Taoísta, I Ching, Tuiná (a massagem terapêutica chinesa), Conceitos da Medicina Tradicional Chinesa e o Tai Chi Chuan. A partir de 1991 começou a dar aulas de Tai Chi Chuan para grupos de pessoas. Paralelamente ao trabalho com Tai Chi Chuan, participou de cursos e seminários sobre Medicina Chinesa, Qi Gong Taoísta, Shiatsu; também participou de workshops de formação em Lian Gong em 18 Terapias na Via 5, em São Paulo, e de aperfeiçoamento em Xangai-China, por ocasião da competição de Lian Gong que se deu na China em 2002. Participou de cursos e workshops realizados em São Paulo pela Via 5, sobre Xiang Gong – Treinamento Perfumado, Tai Ji Qi Gong, Filosofia e Metodologia da Medicina Chinesa aplicada às Artes Corporais Chinesas, Harmonia Através das Práticas Corporais Chinesas, Forma e Função e Fundamentos dos Exercícios Chineses e também da Reciclagem de Lian Gong. Participou ainda do seminário do Dr. Li Ding sobre Tai Ji Qi Gong em 28 Movimentos. Ainda teve participação em workshops sobre os seguintes temas: Reiki, Shiatsu, Noções do I Ching e Introdução à Medicina Tradicional Chinesa. Desde 1998 dá aulas de Lian Gong para grupos de alunos.

Foto: Acervo LL

Participou ainda do curso de especialização para não graduados em Educação Física, realizado pelo CREF Pr, obtendo então o registro (nº 002859-P/PR) naquele Conselho. Desde início de 2000 é diretor da Harmonia e Movimento Academia de Tai Chi Chuan Ltda em Curitiba, onde também dá aulas de Práticas Corporais Chinesas para a preservação da saúde. Informações: www.harmoniaemovimento.com.br. -> [Comente este texto: revistataichibrasil@hotmail.com]

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Vivência na prática do Qi Gong

Foto: Acervo LL

ANDERSON ROSA Qi Gong

Comecei meu estudo de Qi Gong com um grande professor, a quem chamo de mestre carinhosamente (embora ele não se determine pessoalmente assim ou estimule isso de alguma forma), respeitando-o como amigo e professor, chamado Cláudio Guanabara. Por vários anos me dediquei ao aprendizado com ele. Cito esse início porque ele foi minha grande referência no meu estudo e na minha prática por sua seriedade, dedicação e a qualidade de suas aulas. Feita essa introdução, o motivo dela se mostrará a seguir. Em 2006, recebi um e-mail daqueles cursos com gente bacana que vem de fora e que se você não é uma pessoa antenada nos seus interesses, fica difícil avaliar se vale ou não à pena participar. O Curso

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de Artes Corporais Chinesas seria dado pelo Mestre Lam Kam Chuen, que vinha especialmente ao Brasil para fazer este Workshop. A primeira coisa que fiz, obviamente, foi levar uma cópia do e-mail ao Cláudio buscando alguma orientação. A resposta que eu tive dele foi algo próximo disso: “Bem, não o conheço pessoalmente, mas conheço os seus livros e são bem interessantes. Mas o importante que você deve considerar é que é muito difícil no Brasil alguém ter contato direto com pessoas como ele ou mestres de outros estilos. Portanto, é uma chance ímpar de você estar perto de alguém que pode contribuir com seu aprendizado. E, às vezes, uma pergunta bem feita, numa resposta de não mais que 5 minutos, são suficientes para ajudar você a melhorar sua prática. Se você conseguir esse momento, o valor do Workshop já terá sido pago. Não é preciso dizer que isso serviu de motivação para que me inscrevesse no Workshop que seria realizado num local de retiro em São Paulo. O evento foi patrocinado pelo Ciefato e o local foi um grande colaborador, pois favorecia a tranquilidade e a meditação. O encontro ocorreu entre os dias 21 e 23 de abril de 2006, e ali foram ensinados o Ba Dua Jin na forma elaborada pelo Mestre Lam Kam e o Zhang Zhuang conforme ele havia aprendido com seu mestre, o Professor Yu Yong Nian, a maior autoridade chinesa neste sistema. O contato foi muito bom e havia aproximadamente 50 pessoas, uma grande parte professores de Qi Gong, que vieram de várias partes do Brasil especialmente para o evento. Isso favoreceu a troca de informações entre os participantes e também facilitou ao mestre Lam Kam na passagem da sua informação. O mestre se mostrou bastante acessível desde o primeiro momento e respondeu a todas as perguntas que foram feitas. O contato com um bom professor se torna uma opção muito importante para que possamos melhorar a qualidade do nosso trabalho. Muito poderia ser comentado aqui sobre a importância e a seriedade do mestre Lam Kam, ou ainda poderia comentar mais, como sempre conto para os colegas, que uma das grandes dificuldades de compreender o mandarim, é compreendê-lo misturado com inglês (o mestre vive em Londres atualmente). Mestre Lam Kam dizia durante os exercícios: Bivin in, bivin out. E lá ficamos todos tentando entender o que é “biving”, até que percebemos o sentido real: Breathing in, breathing out – inspirar, expirar em inglês. Mas a grande verdade é que, para poder explicar tudo que aconteceu, só poderia sugerir aos leitores que busquem esse tipo de experiência sempre que possível, sempre que um mestre ou professor importante esteja disponível para ensiná-los. Vocês só têm a aprender. [http://www.cih.org.br] -> [Comente este texto: revistataichibrasil@hotmail.com]


Trajetória na prática do tai chi chuan

Formado em História na UFPR com pósgraduação em Filosofia e Psicanálise na mesma instituição. Começou a praticar Tai Chi Chuan com o mestre Lee Chung Deh (introdutor do Kung Fu Shaolin do Norte e Tai Chi, yang longo, no sul do país) na Academia Sino-brasileira de Kung Fu em 1997, após ter treinado intensivamente o Kung Fu de Shaolin do Norte desde 1989 na mesma academia. Após vários anos de treinamento com mestre Lee e de participações em seminários e treinos com mestre Chan Kwok Wai (introdutor do Kung fu Shaolin do Norte no Brasil) em São Paulo, o prof. Alexandre começou a ministrar aulas na academia Sino-brasileira de Kung Fu como instrutor supervisionado pessoalmente pelo mestre Lee Chung Deh. Após sua formação marcial em 2005, passou a auxiliar o mestre Lee em trabalhos com grupos de idosos na farmácia Nissei. Depois de dois anos como auxiliar, assumiu o cargo de instrutor de Tai Chi e Chi Kung nas farmácias Nissei atuando num programa televisivo chamado “Clube Nissei da melhor idade”. O programa era exibido todo domingo de manhã nos anos de 2005 a 2007. Paralelamente a esse trabalho, Alexandre começou a dar aulas no espaço Tchukon (Água Verde). Em seguida trabalhou no espaço Clarear com aulas de Tai Chi e Kung Fu. Em 2005 começou a ministrar aulas no Sesc da Esquina aonde está até o presente. Também ministrou aulas de Tai Chi em empresas, onde podemos destacar o IPPUC de 2006 a 2009, a empresa de logística Catallini em 2007, o HSBC em 2007 e a prefeitura municipal de Curitiba de 2006 a 2008, atuando com diversos grupos de idosos em várias regiões de Curitiba. Também já ministrou aulas de Tai Chi no Shopping Batel através de um projeto de divulgação de terapias orientais promovido pelo shopping e o espaço Clarear em 2005. Teve aparições em jornais e revistas como a Veja em 2005. Em 2007 começou a dar aulas de Tai Chi na Celepar (FUNCEL), onde está até hoje. Ministrou

Foto: Acervo Alexandre Guilherme Ribeiro

ALEXANDRE GUILHERME RIBEIRO Tai Chi Chuan estilo Yang Forma Longa

aulas de Tai Chi no Museu Paranaense com grupos de idosos em 2007. Elaborou dois encontros/seminários de Tai Chi para a Fundação Cultural de Curitiba em 2006. Atualmente, o professor Alexandre trabalha com aulas particulares de Tai Chi para idosos e adultos, além das aulas de Kung Fu, Tai Chi e defesa pessoal no Sesc da Esquina e Celepar. Além da forma longa do estilo yang e da forma curta de espada do mesmo estilo, o professor Alexandre possui conhecimento de Kung Fu tradicional (Shaolin Norte) e moderno (Sanshou), técnicas de Chin Na, Tui Shou, Chi Kung Marcial e terapêutico, palma de ferro e manuseio de armas tradicional do Kung Fu Shaolin. Contato: dragaoshaolin@hotmail.com, www. mestrelee.com. Tel. (41) 9134-9534. -> [Comente este texto: revistataichibrasil@hotmail.com]

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Vivência na prática do tai chi chuan

Foto: Acervo LL

LIDIA VAZ NUNES Tai Chi Pai Lin

Praticou vários esportes, entre eles patinação artística sobre rodas e tênis de campo por 3 anos. Sua trajetória, daqui por diante, foi praticamente a mesma que o seu companheiro de prática, José Onofre Nunes, iniciando a prática de Tai Chi Chuan estilo Pai Lin em 1986, com o Prof. Ildefonso. Posteriormente,

já por volta de 1988, passou a ter aulas de Tai Chi Chuan “com o professor Hélio Maranhão Otero, que nessa época já havia se transferido para São Paulo, para trabalhar e treinar diretamente com o Mestre Liu Pai Lin. Entre os anos de 95 a 98 participou do curso de Formação Taoísta para a Saúde promovido pelo Mestre Liu Pai Lin que se realizava em média uma vez por mês, em finais de semana e em regime de retiro. No curso, o Mestre abordava os seguintes tópicos: Filosofia Taoísta, I Ching, Tuiná (a massagem terapêutica chinesa), Conceitos da Medicina Tradicional Chinesa e o Tai Chi Chuan. A partir de 1991começou a dar aulas de Tai Chi Chuan para grupos de pessoas. Paralelamente ao trabalho com Tai Chi Chuan, participou de cursos e seminários sobre Medicina Chinesa, Qi Gong Taoísta, Shiatsu; também participou de workshops de formação em Lian Gong em 18 Terapias na Via 5, em São Paulo, e de aperfeiçoamento em Xangai-China, por ocasião da competição de Lian Gong que se deu na China em 2002. Participou de cursos e workshops realizados em São Paulo pela Via 5, sobre Xiang Gong – Treinamento Perfumado, Tai Ji Qi Gong, Filosofia e Metodologia da Medicina Tradicional Chinesa aplicada às Artes Corporais Chinesas, Forma e Função e Fundamentos dos Exercícios Chineses e também da Reciclagem de Lian Gong. Participou ainda do seminário do Dr. Li Ding sobre Tai Ji Qi Gong (Tai Chi Chi Kung) em 28 Movimentos”. Lídia, desde 1998 dá aulas de Lian Gong para grupos de alunos. Participou ainda do curso de especialização para não graduados em Educação Física, realizado pelo CREF PR, obtendo então o registro (nº 002860-P/PR) naquele Conselho. Desde início de 2000 é diretora da Harmonia e Movimento Academia de Tai Chi Chuan Ltda em Curitiba, onde também dá aulas de Práticas Corporais Chinesas para a preservação da saúde. Informações: www. harmoniaemovimento.com.br. -> [Comente este texto: revistataichibrasil@hotmail.com]

Saber sobre tai chi chuan, além de bom, é importante! 18

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Tai chi chuan e a importância da respiração Por

Emerli Schlögl Psicóloga e cantora lírica emerlischlogl@hotmail.com Guimarães Rosa já profetizou que o que a vida quer da gente é coragem. Não interromper o fluxo é um ato de coragem, sentir plenamente e aguentar firme, isto é Tai Chi Chuan. Se você é praticante desta arte já deve ter ouvido seu mestre, vez por outra, bradar : “Não interrompa o fluxo!” O gesto deve fluir, bem como a respiração. No Tai Chi movimento é respiração. Praticar Tai Chi Chuan (Taijiquan) é algo que ao ser realizado mobiliza uma rede imensa de conexões, intercambiam fatores físicos, mentais, emocionais, sócioculturais, entre outros. Além de vasto preparo técnico o praticante precisa estar em sintonia com o seu corpo, o que inclui sua respiração. A respiração também é uma dança, um fluxo e um refluxo vitais. Com ela realizamos a troca mais íntima entre o exterior e o interior. Respirar lenta e profundamente com a utilização adequada da musculatura costo-abdominal, sempre foi bom para aquecer o corpo, tranquilizar a mente, curar vertigens, dizer com coragem e uma série de outras coisas. Aprender a realizar plenamente as coisas pequenas. Com boa respiração podemos entrar em contato com nossa essência e sua serenidade. A importância de se ter noção do correto direcionamento a ser tomado, ponto importante para o praticante do Tai Chi Chuan é saber respirar, controlar a forma correta de inspirar e expirar durante os movimentos para poder adquirir mais potência em suas ações. A respiração é uma fonte de qi e a mais importante de todas. “A respiração do bebê ou respiração abdominal é a respiração padrão do Tai Chi. Trata-se de inspirar

Levis Litz Jornalista e prof. de Tai Chi Chuan levislitz@hotmail.com e naturalmente expandir o abdome juntamente com os pulmões e expirar contraindo-os. Esta respiração melhora nossa capacidade de oxigenação e acalma a mente. O abdome deve estar sempre relaxado e a respiração deve ser calma, profunda, fina e solta. Não devemos prender a respiração e nem endurecer o abdome.” (Sasso, São Paulo, p.15.) Uma vez que o praticante consiga equilibrar sua mente, seu corpo, sua respiração e seu qi, então poderá estabelecer o controle de seu espírito. “A essência do t´ai chi é na realidade ajudar cada um a travar conhecimento do seu próprio sentido de crescimento potencial, do processo criativo de simplesmente ser o que se é. O t´ai chi ajuda você a ser você, e a deixar que esse sentido de admiração, evolução e constante alegria de mudança aconteça em você. T´ai chi é uma disciplina na qual você como pessoa, como ser humano, pode mergulhar e praticar, e lhe trará bons proveitos.” (Huang, 1979, p. 85.) Inúmeros setores do conhecimento humano se voltam para o estudo e prática da respiração. Não é rara a utilização que a medicina faz de técnicas de relaxamento associadas à respiração, para obter resultados orgânicos específicos. As artes marciais dedicam longo tempo de trabalho e estudo com ênfase em práticas respiratórias, como é o caso do Tai Chi Chuan, que se dispõe a trabalhar com a energia oriunda da respiração concentrada, para atingir um nível incomum de energia (qi). Os músicos estão bastante familiarizados a termos, tais como: “a base de bons fraseados musicais está na respiração”, qualquer instrumentista ou cantor já ouviu isto. Principalmente para o canto, que retira da respiração toda a energia básica para a emissão e interpretação. As religiões sempre estiveram atentas ao fenômeno respiratório. Sabiamente, as celebrações religiosas são permeadas de cantos, nos quais a comunidade participa ativamente. Nestes momentos, o povo se www.RevistaTaiChiBrasil.com.br

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sente revigorado, mais aberto com os pulmões cheios acionada como possível chave para auxílio terapêutico. de ar, o corpo vitalizado, neurônios bem oxigenados... Como diz Carlos R. Briganti: “O movimento respiratório Para os praticantes da meditação, o primeiro passo a ser é sinônimo de troca afetiva. Quem se encontra tomado consiste em entrar em contato com a própria impossibilitado de trocar afeto, não respira. Suga e respiração, tranquilizando-a. A repetição sucessiva não expira. O peito vai se estufando, emplumando para de uma palavra ou som, a mantralização, permite, ao si mesmo. A paixão de si mesmo tranca a porta das emitir longamente o som, que o indivíduo aprofunde emoções, travando o diafragma. O diafragma travado sua respiração, oxigenando melhor seu corpo e impede a livre comunicação entre vísceras e coração.” tranquilizando sua mente. O primeiro não-eu a ser conscientizado é o ar. E as Tecnicamente, podemos dizer que a respiração religiões desenvolveram ideias tais como: “o sopro de ocorre de três maneiras distintas: Deus”, “a respiração de Brahma”, “o Qi do Universo” . alta - com elevação dos omoplatas e pressão etc. subglótica aumentada; É evidente o conteúdo relacional do eu com o . média - com a participação das costelas flu- outro através da respiração. Relação consiste em troca. tuantes e abaulamento do terço superior do abdome; Troca gasosa com o meio, que abarca o internalizar . baixa - com movimento amplo diafragmático, e o exteriorizar, o ritmo, a pulsação, o receber e o afastamento das costelas flutuantes e pronunciamento devolver transformado, a estimulação ou a amenização leve do abdome. Sem dúvida, o terceiro tipo respiratório de determinados afetos. Para não sentir uma dor muito é o mais indicado para o canto, para forte, suspende-se a respiração; para práticas de relaxamento, concentração, “O ritmo da vida prolongar sensações prazerosas, massageamento abdo-minal, nutrição imprime-se profundidade à respiração. celular, práticas terapêuticas e também é o ritmo de nossa Bloqueios físicos, acúmulos de para as artes marciais, bioenergética, própria respiração, tensões, podem sugerir dificuldades tai chi chuan e meditação. Pois, com a própria espiritualidade. que, como já vimos, esta é a respiração mais completa, “Padrões reprimidos ou tensões a que proporciona maior absorção sofre interferências musculares crônicas que bloqueiam de oxigênio através de movimentos o fluxo de impulsos e sentimentos das tensões vividas tranquilos, libera a musculatura não só enfraquecem a eficiência da torácica e, portanto, os músculos que pessoa em si como limitam também e da própria envolvem a laringe, onde se situam seu contato e suas interações com concepção de como as preciosas cordas vocais (pregas o mundo, reduzindo o sentido de vocais) permitindo maior flexibilidade se deve respirar.” pertinência e de participação no mundo, e resposta tônica durante a emissão. restringindo, em última análise, o grau Observou-se que pessoas de espiritualidade.” (Lowen) submetidas a tensões e ansiedades, utilizam O ritmo da vida é o ritmo de nossa própria invariavelmente o primeiro tipo de respiração, respiração, que, como já vimos, sofre interferências das manifestando graus variados de paralisia do diafragma tensões vividas e da própria concepção de como se deve e da musculatura que envolve a cinta abdominal. A respirar. Por exemplo, em uma concepção mais rígida e respiração se torna rápida e insuficiente. Se a respiração narcisista é o peito que deve ser inflado, na inspiração, for gradualmente alterada para o terceiro tipo, a para projetar uma imagem de eu supervalorizada e pessoa obterá modificações nas respostas fisiológicas, potente. Uma respiração mais ampla e nutritiva, porém, com alterações mentais características. Mudanças é contrária ao modelo acima citado, pois implica em no pH da urina e sangue também são observadas. O movimento abdominal. Melhor dizendo: é a respiração indivíduo manifestará uma diminuição rítmica em seus que envolve toda a cintura abdominal. batimentos cardíacos, uma sensação de calma e retorno Nossa cultura não valoriza a experiência do da capacidade de raciocínio com clareza e coerência. sentimento e, de forma equivalente, imobiliza a barriga, A bioenergética se ateve com afinco ao trabalho região que, desde antes do nascimento, no período fetal, respiratório, correlacionado ao tipo caracteriológico era o centro da respiração e da nutrição. Para os chineses, individual, e até mesmo funcionando como desvelador é na barriga que se representa o Mar da Vida. O choro, da situação momentânea do paciente. Também foi a tristeza e a gargalhada emergem dela. É como se

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Foto/Cortesia: Brasílio Wille / www.wille.com.br

Exercício de respiração durante a atividade de Tai Chi Chuan realizado pela Kraft Foods.

pudéssemos simbolizar nossa barriga por um caldeirão, que absorve e degrada substâncias. Certamente, a barriga é a região de impacto, onde nossas emoções terão representação e eco através do peristaltismo intestinal, do enrijecimento ou relaxamento muscular, das dores gástricas. É natural, neste contexto, o fato de que respirar corretamente implica em entrar em contato direto com as próprias emoções e sentimentos, o que, para muitos de nós, pode ser doloroso e assustador. Mas, como o próprio Lowen disse: “para chegarmos a experienciar nossa alegria, impreterivelmente teremos de passar por nosso desespero.” “Idéias primitivas vieram associar-se ao cristianismo antigo, simbolizando a barriga como a morada dos espíritos da escuridão (habitantes das regiões de baixo). Aí também, na morada do diabo, queima o fogo da sexualidade.” (Lowen). Portanto, reprimindo a sexualidade e imobilizando a musculatura abdominal a pessoa poderia sentir o fluxo quente e vital percorrer a parte de cima do corpo, que era considerada celestial e pura. Não raro vemos gravuras e pinturas do medievo, retratando o diabo com uma protuberância abdominal. Eis aí uma retração diabólica do ventre. O sagrado se desprende do ventre para habitar a cabeça e, sem perceber, desta forma, fugimos da espiritualidade, segregando-a a uma parte limitada de nosso organismo.

Hoje sabemos que todo o corpo é divino e que sexualidade e espiritualidade podem andar juntas, como manifestação do nosso poder amoroso criativo. Quando discorremos sobre a respiração mais indicada, estamos nos referindo justamente à respiração que promove um movimento rítmico na barriga e pélvis, e que unifica a parte inferior com a parte superior do corpo. Por muito tempo, respirar mal foi sinal de elegância, peito arfando, espartilhos, cintos apertados, sapatos altos e coluna retorcida. Fumar ainda é tido por muitos como sinal de elegância. A barriga saliente foi perseguida por toda uma sociedade moldada pelos modismos. A criança, o animal e o aborígine não são pressionados por estas leis estéticas e portanto podem respirar como melhor convém ao seu organismo, isto é, com o movimento de ir e vir de seu abdome. Respirar pouco e sentir pouco. Pouca dor, quase nenhum prazer. Que tal arriscar sentir e respirar mais? Que tal viver mais intensamente os seus sentimentos? Uma respiração longa, lenta e profunda pode criar dentro de cada um de nós um oásis particular de harmonia, paz e saúde. De graça, veja só. Utilizável em qualquer hora, em qualquer lugar, por qualquer pessoa, em qualquer situação. “Já pensou no guarda apitando furioso porque você atrapalhou completamente o trânsito e você ali, www.RevistaTaiChiBrasil.com.br

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respirando lenta e profundamente enquanto as coisas se resolvem, sem abalar por um segundo sequer a harmonia de seu ser? Sem deixar a sua integridade que afinal foi dada por Deus, ser atingida, por uma mera contingência do caos urbano.” Sonia Hirsch. “Foi o vento que nos deu vida. É o vento que sai agora das nossas bocas, que nos dá a vida. Quando ele deixa de soprar, morremos. Na pele da ponta dos nossos dedos vemos a marca do vento; ela nos ensina onde ele soprou quando os nossos ancestrais foram criados.” dos Índios Navajo. “A última expiração verá o nascimento do Nome: A última inspiração, o coroamento dos esponsais divino- humanos. O último alento reintegrará o Homem no alento divino arquetípico no seio do Pai, Aïn, de onde tudo procede e para onde tudo volta.” Souzenelle.

expiração. Para que o ar entre nos pulmões o diafragma se contrai, ficando retificado e, ajudado pelos músculos intercostais externos, gera uma pressão negativa entre a pleura pulmonar e a parede externa do tórax. Com isso, o ar é sugado pelos alvéolos, preenchendo-os. No momento de expirar, há um relaxamento do diafragma e dos intercostais externos, o que facilita o mecanismo elástico do tecido pulmonar e cartilagens costais, levando o tórax a sua posição de repouso e à saída de ar dos pulmões. A expiração pode ser ajudada pela contração dos músculos abdominais (retos, transversos e oblíquos), levando a uma expiração forçada e mais profunda. O diafragma é conhecido como músculo delgado e achatado, que faz uma divisão entre o tórax e o abdome. Possui forma côncava e é mais alto à direita do que à esquerda, durante a expiração se eleva Fisiologia até a altura do quinto arco costal, à direita, e do sexto Respiratória arco, à esquerda. O ponto onde “Uma respiração longa, o diafragma sustenta o coração O tórax possui um total é fibroso e não acompanha a de 12 costelas que se inserem lenta e profunda pode criar ampla movimentação de seu posteriormente na coluna dentro de cada um de nós restante. O peritônio que forra vertebral e anteriormente no a cavidade abdominal como um oásis particular de esterno, com exceção das duas uma pleura apresenta estreitos últimas que não tem inserção harmonia, paz e saúde. De laços que unem o diafragma anterior, sendo, portanto, mais aos psoas, ao quadrado lombar graça, veja só. Utilizável em livres para expandir. Há dois e aos transversos do abdome. grupos musculares inseridos nas qualquer hora em qualquer Os psoas, assim como o costelas, os intercostais internos, diafragma recebem comandos lugar, por qualquer pessoa, participantes da expiração, do sistema nervoso autônomo e os intercostais externos, pela via do nervo vago e do em qualquer situação.” responsáveis pela inspiração. sistema nervoso central pela Fechando a caixa torácica via do nervo frênico. A ação inferiormente, está o músculo diafragma, que tem a combinada do diafragma sobre D12-L1-L2 e dos forma de cúpula e que, quando se contrai, na inspiração, psoas sobre L3, particularmente, que resulta a curva se retifica, empurrando o intestino e demais vísceras lombar fisiológica. Esta lordose é necessária para a boa inferiormente. Os músculos reto, oblíquo e transverso fisiologia dos discos intervertebrais. Porém, ela não abdominais são os principais pela expiração forçada deve ser excessiva. O diagragma é o principal músculo utilizada em frases prolongadas ou na emissão com alta da respiração, dependendo intensamente da estática intensidade. vertebral, uma vez que ele também age sobre ela. O Podemos dividir a musculatura respiratória em trabalho terapêutico da respiração é uma excelente inspiratória e expiratória. A primeira compreende o maneira de conectar a pessoa com aquilo que ela sente, diafragma e os intercostais externos, os escalenos, os de trazer consciência sobre o seu sentir e, portanto, lhe grandes e pequenos peitorais, os grandes dorsais e os favorecer a escolha de caminhos na vida. O Tai Chi elevadores da escápula. A segunda é composta pelos Chuan em consonância com toda esta dinâmica ajuda intercostais internos, os denteados, os retos abdominais, o praticante a dar fluxo às quatro forças internas, muito os transversos abdominais e os oblíquos internos importantes: a imaginação , o sentimento, o pensamento e externos. O funcionamento respiratório natural é e a ação. “Por isso: se armas são fortes, não sairão um processo ativo na inspiração e quase passivo na vitoriosas; quando as árvores são duras, são abatidas.

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O que é grande e forte diminui. O que é suave e fraco prospera.” Lao Tsé. Só nos resta seguir nossa respiração com suave profundidade enquanto nos movimentamos por nossas alegrias e angústias, enquanto traçamos no ar o movimento de nossos corpos, realizando o Tai Chi mais perfeito que pudermos. Referências . CAMPIGNION, Philippe. Respir-Ações. A respiração para uma vida saudável. São Paulo, Summus Editorial,1998. . GAIARSA. Angelo. Respiração, Angústia e Renascimento. São Paulo: Ícone, 1994. . HUANG, Al Chung-liang. Expansão e Recolhimento – A essência do T´ai Chi. São Paulo: Summus, 1979. . LITZ, Levis. Tai Chi – Rotina Lin Li Wei. Curitiba, Levis Litz, 2007. . SASSO, W. Tsuru Li – Tai Chi Chuan. São Paulo: Ícone, 2010. . SCHLÖGL, Emerli. Expansão Criativa: Por uma pedagogia da auto-descoberta. Petrópolis: Vozes, 2000.

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Tai Chi Chuan - Tratado O 6º Tratado de Cheng Man-Ching

Por Aparecido de Lira e Eliane Cardoso Diretores: Instituto Fu Hok de Cultura Marcial Chinesa www.institutofuhok.com.br

“Coração e coluna vertebral são igualmente importantes” O clássico da Medicina Interna Chinesa cita os meridianos interligados Jen e Tu, assim como outros antigos trabalhos, também se referem ao coração (mente) e coluna vertebral interligados. Os taoístas são mais explícitos sobre a relação entre o coração e a coluna vertebral e seu auto-cultivo. Tai Chi Chuan é um sistema interno, segundo o imortal Chang San-feng, que viveu no final da dinastia Sung (960/1126), seguidor das teorias do Imperador Amarelo e Lao Tzu sobre a ação originando-se da não-ação, combinados com os conceitos e princípios do I Ching (li), ch’i, e imagem (hsiang) como base para seu desenvolvimento. Fundamentalmente, não existe nenhum outro meridiano que o Jen e Tu; eles são os mais importantes dos Oito Canais Extras (ch’iching pa-mai). O Jen é governado pelo coração, o Tu, pela coluna vertebral. A coluna está associada com os rins. Para distingui-los, de acordo com essência e função, a coluna é a essência e o coração é a função. Em termos de unidade, quando o coração e os rins interagem devidamente, então, a essência e função estão completas. A razão pela qual o Tai Chi Chuan ultrapassa todas as outras artes marciais ou exercícios é por se concentrar nesta verdade. O coração é soberano de todo o corpo. A essência do estudo de filósofos e sábios pode ser resumida na frase: “Regenere nossos verdadeiros corações”. Budismo Ch’an diz “O mestre está em

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casa?” O mestre é o coração. Isso se assemelha a ênfase taoísta da estreita interação entre coração e rins. São simplesmente diferentes vias de acesso para o mesmo fim e cada trajetória chega ao seu devido lugar. Somente o Tai Chi Chuan possibilita isso. Nada é mais claro quando demonstrado na prática. Por esta razão eu tenho desenvolvido a teoria da igual importância de coração e coluna na esperança de revelar a verdade de que quando existe uma teoria deve também existir uma aplicação. O coração não é um pedaço de carne conhecido como coração, mas o coração espiritual. O coração espiritual e o coração de carne não são originalmente dois, mas também não um. Quer dizer, a razão porque o coração o qual é carne está capacitado a funcionar e, mais sutilmente que qualquer coisa, é por causa do coração espiritual. A “coluna” se refere até a medula dos ossos. A coluna tem vinte e quatro vértebras. É a mais importante e maior estrutura óssea do corpo humano. Os órgãos internos estão todos afixados a ela; os Cinco Apêndices (cabeça, braços e pernas) e o tronco dependem dela como suporte. Entretanto, isto está em segundo plano, quando se fala em auto-cultivo ou saúde, ignorar a coluna é ser completamente superficial. Aqui se encontra a origem da consagração do Tai Chi Chuan. Os iniciantes devem manter mente e ch’i no tant’ien, sem forçar. Isso é conhecido como “regenerando


nossas mentes verdadeiras” ou “o mestre está em casa”. Depois de muito tempo, o ch’i naturalmente viaja para o wei-lü (localizado no cóccix), lança-se através do chia-chi (localizado no oposto ao plexo solar na coluna), percorre o yü-chen (osso occiptal) e finalmente alcança o alto da cabeça de onde desce novamente para o tan-t’ien. Esta é a conexão dos meridianos Jen e Tu e a interação do coração e dos rins. Entretanto, este não é o trabalho de um dia; não pode ser forçado e deve ser completamente natural. Se alguém conseguir realizar isso com êxito, então não somente existe esperança de alcançar o mais alto nível da perfeição no Tai Chi Chuan, mas imortalidade do espírito, longevidade e saúde. A mente é algo difícil para se examinar, embora não exista deficiência de doutores e buscadores espirituais que tentaram. Por exemplo, nós temos antigas teorias filosóficas da “transmissão mental de ensinamentos”, “retificação da mente” e “impassibilidade da mente”. Na realidade, estes princípios tão eternos como “a travessia do sol e da lua nos céus” pode servir como nosso modelo; o que precisa de explicações adicionais? Entretanto, o significado de uma palavra, “coluna”, não foi elucidado completamente. Em geral, o que os antigos chamam “endireitando as roupas e sentando precariamente”, se refere ao processo de auto-cultivo. Explicações da palavra “precário” são muitas, mas nenhuma ousou relacionar diretamente à ideia de perigo. Eu acredito que “sentando precariamente” contém dentro o elemento atual do perigo. A coluna tem muitas juntas, exatamente como um cordão de pérolas, erguendo-se um sobre o outro. Se nós formos descuidados por um instante e inclinarmos para um lado ou curvarmos, então nós não teremos força para apoiar o tronco. Em termos de doença, isso resulta em úlcera, tuberculose

“É a conexão dos meridianos Jen e Tu e a interação do coração e dos rins. Entretanto, este não é o trabalho de um dia; não pode ser forçado e deve ser completamente natural. Se alguém conseguir realizar isso com êxito, então não somente existe esperança de alcançar o mais alto nível da perfeição no Tai Chi Chuan, mas imortalidade do espírito, longevidade e saúde.” ou dano à vértebra cervical. Isso não é perigoso? Aqueles que superam o auto-cultivo, compreendendo isso, não se permitem a si próprios tornar-se letárgicos gradualmente e sucumbir à doença. Por isso, como um aviso àqueles caminhando livremente à beira de um precipício, diz-se “endireitando as roupas e sentando precariamente”. Se alguém segue a linha, não existirá doença, se precário, então será cauteloso se afastar-se da retidão com o resultado da doença. No entanto, eu aconselho os praticantes de Tai Chi Chuan a endireitar suas colunas. Manter a coluna ereta é como esticando pérolas uma sobre a outra, sem deixá-las inclinar. Entretanto, se alguém for tenso e rijo, ou inclinado de forma não natural, então isto também é um erro. Tudo que precisamos fazer é estar ciente do perigo e isso seria suficiente.

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Chi kung terapêutico e filosofia oriental Workshop Por Fernando De Lazzari Diretor do EQUILIBRIUS – Centro de Tai Chi Chuan, Acupuntura e Cultura Oriental Representante do Estilo Yang Tradicional de Tai Chi Chuan - www.taichichuan.com.br Mestra em Chi Kung terapêutico vem ao Brasil pela segunda vez. A mestra Helen Wu graduou-se em 1982 no Departamento de Educação Física, na Universidade de Xangai e permaneceu como professora de medicina do esporte. Enquanto ensinava, continuou seus estudos fazendo cursos em traumatologia tradicional chinesa, medicina de reabilitação e tratamento de injúrias no esporte. Mestra Helen XiaoRong Wu nasceu em Xangai, na China, em 1956. Com 3 anos de idade começou seus treinamentos e estudos em artes marciais com seu avô, Zi-Ping Wang (18811973), lendário artista marcial, doutor da Medicina Tradicional Chinesa e possuidor de grandes habilidades nas artes marciais. Mestra Helen Wu também treinou e estudou com sua mãe, Ju-Rong Wang (1928-2005), a primeira mulher que se tornou professora de artes marciais na China, reconhecida por suas grandes habilidades e conhecimentos nas artes marciais. Ela é autora de mais de 20 artigos publicados em vários jornais chineses e publicou 5 livros sobre Tai Chi Chuan, Wushu, traumatologia e medicina esportiva. Ganhou considerável experiência médica e clínica, estudando e praticando sob a direção de seu pai, Dr. Cheng De Wu (1930-), famoso professor e especialista em ortopedia na China.

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Após mudar-se para o Canadá em 1989, continuou sua carreira de ensino e serviu como membro da diretoria do Canadian Tai Chi Chuan Federation e United Wushu Federation of Canada. Em 1999, a Kung Fu / Tai Chi Magazine, uma grande revista de Artes Marciais dos Estados Unidos, e a revista canadense Martial Arts Fitness and Profiles homenagearam e reverenciaram Mestra Helen Wu por seus extraordinários talentos e inestimáveis contribuições para as artes marciais. Em Fevereiro de 2004, a revista Kung Fu / Tai Chi Magazine novamente destacou suas conquistas e realizações como uma pioneira na introdução das artes marciais chinesas e sistemas de cura na América do Norte. Em 2008, Mestra Helen Wu foi reconhecida na publicação “Extraordinários Artistas Marciais Chineses pelo Mundo” como uma entre os 100 extraordinários e eminentes educadores de Wushu (Top One Hundred Extraordinary & Prominent Wushu Educators). Atualmente, Mestra Helen Wu ensina Tai Chi Chuan e Chi Kung na School of Kinesiology and Health Science at York University em Toronto no Canadá, onde mora. Também ministra cursos, palestras e workshops, ensinando Chi Kung Terapêutico, Filosofia Oriental, Tai Chi Chuan e técnicas de cura para milhares de pessoas.


Tai Chi Chuan Cursos de Formação Por Bruno Davanzo Professor de Tai Chi Chuan www.academiaparamitta.com.br Em breve nosso sonho será que mestre Wang Hai Jun pise em solo brasileiro e venha compartilhar toda sua experiência e conhecimento do Tai Chi. Então, cada passo será dado com muito carinho, para cultivarmos nossa energia e trazermos benefícios para toda a comunidade com uma prática de excelente qualidade. Parabéns aos alunos do Curso de Tai Chi Chuan, aqui do Paraná e também de outros estados, que abraçaram este compromisso e ideal! Para aqueles que não puderam fazer a primeira aula, ainda dá tempo de se integrar nessa turma! [www.academiaparamitta.com.br.] Foto: Elli Nowatzki

Em abril, na cidade de Curitiba, demos o primeiro passo no Curso de Tai Chi Chuan - Formação Livre, Formação de Instrutores e Pós-graduação da Escola de Tai Chi Chuan Paramitta. Fiquei muito feliz porque vejo uma dimensão mais ampla das possibilidades que este curso proporcionará para a nossa cidade e para o nosso país. Estamos inciando uma jornada para aprofundar a prática do Tai Chi Chuan (Taijiquan), em especial, o Estilo Chen da Linhagem Chen Zheng Lei, e toda a teoria que envolve esta milenar arte marcial e terapêutica chinesa. Assim, nossa meta é que estas pessoas tenham acesso a uma formação exemplar e que estejam capazes de difundir o Tai Chi e seus benefícios para a nossa comunidade. Atualmente somos representantes oficiais para divulgar e promover o Estilo Chen, segundo o mestre Wang Hai Jun, principal discípulo do Grão-mestre Chen Zeng Lei. Já estamos com o III Seminário Internacional de Tai Chi Chuan para julho/ agosto de 2011 programado, onde o professor Sênior Niall O'Floinn vem aprofundar nossa prática do Estilo Chen.

SESC Água Verde Curitiba - Paraná 3 TURMAS Às 2ªs, 4ªs e 6ªs: das 08h às 09h Às 3ªs e 5ªs: das 18h20 às 19h20 Às 5ªs: das 16h30 às 18h www.RevistaTaiChiBrasil.com.br

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Para ler Cultivando a vida - Benefícios da prática regular do Tai Ji Quan e do Qi Gong Benefícios que são não só físico-energéticos, como cognitivos, emocionais e psíquicos. Nesta publicação da Editora Mauad X, o autor, que é professor de ambas as práticas e Regente da Sociedade Taoista do Brasil em São Paulo, aprofunda, detalha e ensina seus fundamentos teóricos, mostrando que para uma boa saúde e qualidade de vida, a pessoa deve adotar, primeiramente, posturas preventivas, como a prática do Tai Ji Quan e do Qi Gong. O autor Wagner Canalonga é psicólogo, formado pela Universidade Paulista (Unip), e tem especialização em Acupuntura pelo Instituto Brasileiro de Estudos Homeopáticos (Ibehe/Unaerp). Sacerdote taoista ordenado pelo fundador da Sociedade Taoista do Brasil, Mestre Wu Jyh Cherng, foi por ele autorizado a atuar no ensino do Yi Jing (I Ching – O Tratado das Mutações), Qi Gong (Chi Kun – práticas taoistas para o cultivo da energia vital), Tai Ji Quan (Tai Chi Chuan) da Escola Wu Chao Hsiang e Astrologia Polar Chinesa Zi Wei Dou Shu. Também foi graduado Sacerdote Alto Ofício na Sociedade Taoista de Taiwan, pelo Dao Jiao Shi Jie Zhong Miao (Comitê Central Mundial do Taoismo). É o Sacerdote Regente do Templo do Tesouro do Espírito, da Sociedade Taoista do Brasil em São Paulo, desde 2002, onde ministra cursos de Yi Jing, Meditação e Filosofia Taoista, além de oferecer atendimentos de Acupuntura e Yi Jing.

O Mosteiro de Shaolin - História, Religião e as Artes Marciais Chinesas O que terá levado um centro de difusão do budismo – religião que tem na não violência o primeiro de seus preceitos –, com ampla influência sobre gerações de governantes chineses, a se colocar no âmago de uma das mais famosas tradições guerreiras do mundo? É o fulcro das perguntas que O Mosteiro de Shaolin: História, Religião e as Artes Marciais Chinesas, de Meir Shahar, publicado pela coleção Estudos da editora Perspectiva, procura responder, investigando e esclarecendo questões determinantes da relação focalizada, como sejam: De que forma esses monges lidaram com a contradição entre o pacifismo e a prática marcial? Como as autoridades religiosas budistas e os governantes chineses encararam essas personagens? Que influência tiveram na história, na mentalidade, na tradição e na cultura chinesa as artes marciais criadas e adestradas pelos seus praticantes? Autor: Meir Shahar. Editora: Perspectiva. Tradução: Rodrigo Wolff Apolloni e Rodrigo Borges de Faveri. www.RevistaTaiChiBrasil.com.br


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