10 ANOS | 2009 - 2019
Revista - 10 Anos
Tai Chi Brasil
Somos gratos a todos!
EDITORIAL
CAPA
10 Anos - Revista Tai Chi Brasil Por Giselli Ribeiro Alves
Revista Tai Chi Brasil - 10 anos!
Tai Chi Chuan Taijiquan
Há 10 anos, a Revista Tai Chi Brasil faz parte da história de milhares de praticantes de Tai Chi. Atuando de forma independente, diante da busca pelo conhecimento e informação, demonstra sua relevância como instrumento de mídia no Brasil. Desde a primeira edição, em setembro de 2009, com o carinho e apoio de muita gente bacana, conquistou um espaço significativo, transcendendo, por vezes, os limites impostos pelas dificuldades financeiras e operacionais. A RTCB procurou sempre valorizar, na dinâmica do momento, nas ondas do Yin e Yang, o que a prática do Tai Chi pode proporcionar. Em sua páginas, contribuições enriquecedoras, imagens, relatos, depoimentos, entrevistas, ficaram eternizadas. Nessa edição apresentamos o artigo “Shi San Shi: Treze posturas ou dinâmicas e a história do Taijiquan”, do prof. Estevam Ribeiro e o texto “Benefícios de Tai Chi Chuan no Equilíbrio e na Prevenção de Queda de Idosos”, de Jackson Lee. Além de flashes do que foi o “Simpósio Internacional de Tai Chi Chuan” na Itália.
Boa leitura!
Levis Litz Editor
Aos leitores da RTCB
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EXPEDIENTE
Cenas & Momentos Bastidores
10 Anos da Revista Tai Chi Brasil... ... 33 edições: 2009 - 2019
Simpósio Internacional de Tai Chi Chuan ... Selvino, Itália. O editor da Revista Tai Chi Brasil teve a oportunidade de estar presente
Revista
Tai Chi Brasil www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
Curitiba - Paraná - Brasil Edição nº 33 | Setembro / 2019 ® Todos os direitos reservados Registro nº 401.197 / 2009 4° ofício de registro de documentos
Editor: Levis Litz
CNPJ: 20.259.228/0001-08
Capa 10 Anos - Revista Tai Chi Brasil Giselli Ribeiro Alves Revisão Valesca Giordano Colaboraram voluntariamente Estevam Ribeiro Giselli Ribeiro Alves Jackson Lee Agradecimentos Claudio Montenegro Equilibrius - Centro de Tai Chi Chuan, Acupuntura e Cultura Oriental Fernando De Lazzari Grupo Tai Chi Curitiba Grupo ToTao Marcus Maia Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan TaiChiSymposium.com
Revista - 10 Anos Tai Chi Brasil Somos gratos a todos! Revista Tai Chi Brasil revistataichibrasil@hotmail.com www.RevistaTaiChiBrasil.com.br Jornalista responsável Levis Litz - mtb 3865/15/52v pr LevisLitz@TaiChiCuritiba.com.br LevisLitz@hotmail.com www.TaiChiCuritiba.com.br www.FotoseRumos.com ---------------------------------------www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
A Revista Tai Chi Brasil é um publicação de distribuição on-line gratuita e dirigida. Todos os textos e fotos aqui publicadas são colaborações concedidas de forma voluntária e gratuitas. Imagens com pouca definição são de responsabilidade de seus autores. Não é de responsabilidade desta publicação os artigos de opinião, fotos de divulgação, anúncios e também as opiniões emitidas em entrevistas e depoimentos, por não representarem, necessariamente, o pensamento do editor. Por questões de espaço, objetividade e clareza, a equipe editorial reserva-se o direito de resumir os textos recebidos e editar as imagens. A menção do conteúdo da RTCB pode ser feita desde que citada a fonte.
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Em Niterói... Começar o dia fazendo Tai Ji...
MAC - Museu de Arte Contemporânea Quarta e sexta: 7:30 hs– estilo Yang Domingo: 8:30 hs (treino aberto, participação gratuita)
... é começar bem o dia!
Horto de Itaipu Sábado: 8 hs – estilo Yang
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SUMÁRIO
16 SEIS MESTRES
Seis famílias, seis estilos de Tai Chi Chuan
02 __ Leitores | Fotos
10 anos
03 __ Editorial
Revista Tai Chi Brasil 10 anos
04 __ Expediente
02
08 __ Comentários & Opiniões
Leitores Tai Chi em revista por aí
10 __
10
30 __
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Artigo Shi San Shi Treze posturas ou dinâmicas e a história do Taijiquan
16 __ Registro
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Cenas & Momentos Bastidores
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Simpósio Internacional de Tai Chi Chuan
Artigo Benefícios de Tai Chi Chuan no Equilíbrio e na Prevenção de Queda de Idosos Leitura Tai Chi - Porque praticar!
FOTO
Simpósio Internacional de Tai Chi Chuan Selvino - Itália www.RevistaTaiChiBrasil.com.br 7
MENSAGENS TAI CHI EM REVISTA POR AÍ 10 anos! Desde 2009... Que há muita gente lendo a Revista Tai Chi Brasil por aí... Isso tem!
Memória | Homenagem Capa da Edição nº 1 - Setembro de 2009
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Comentários 10 anos - RTCB
“Parabéns por este nobre trabalho.” Marcio Zaqueu “Parabéns!” Marcos Tavares “Parabéns, que Deus te abençoe, um grande sucesso!” Nerilda Neves dos Santos “Parabéns!!!” Mary Landim “Parabéns!!! Trabalho de alta qualidade!” Cristina Assis Cunha “Parabéns pelo belo trabalho!” Fádua De Sousa Gustin
“Felicitaciones y a seguir adelante!” Victor Pagani Gallego “Parabéns!” Renato Frade “Parabéns!!! Sucesso sempre!” Elisabete Marques “Parabéns!” Regina Azevedo “Parabéns pelo belo trabalho!” Luci Brum “Parabéns!!! Que o sucesso continue. Abraços e muita luz!” Adriano Jagmin D Avila “Parabéns!” Marcus Maia “É um belo trabalho e que continue sempre alcançando, a cada dia, mais leitores.” Marcelos Dos Peixes
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Ilustração: Wendy Nohemi
“10 anos é um tempo bastante expressivo. Parabéns!!! Sou leitor assíduo da Revista Tai Chi Brasil, e das notícias via Tai Chi News. Continue divulgando Tai Chi Chuan, sempre.” Jackson Lee
Quanta coisa já foi publicada, quantas dicas, curiosidades, matérias, fotografias, artigos... a boa notícia é que sempre poderemos reler qualquer edição. Seja digital, nas folhas de papel ou na tela de um computador...
. Queremos saber a sua opinião sobre a Revista Tai Chi Brasil A revista Tai Chi Brasil existe desde 2009, vai completar 10 anos de existência. Qual é a importância, para você, de haver publicações sobre Tai Chi no Brasil e no mundo? Compartilhe com a gente sua opinião!
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ARTIGO
Shi San Shi
Treze posturas ou dinâmicas e a história do Taijiquan Estevam Ribeiro Texto e fotos
Certa vez uma amiga minha, faixa preta de Karatê, me perguntou: se eu executar os Kata, as rotinas solo nas artes marciais japonesas, em câmera lenta estarei fazendo Taijiquan? Eu respondi que não. Logo tive de explicar porque não.
Esculturas representando as 13 posturas em frente ao museu do Taijiquan em Chenjiagou
Dentre as várias diferenças, como os princípios cinéticos, o relaxamento, as seis harmonias, e outras tantas, uma das principais características para definir algo como Taijiquan são as 13 dinâmicas.
As 13 dinâmicas são formadas por 8 estratégias energéticas da cintura para cima e 5 estratégias de deslocamento e estabilidade da cintura para baixo. (8+5= 13)
O Taijiquan também foi no passado conhecido por outros nomes além de “punho da suprema cumeeira”, como “punho macio”, Rou Quan, “punho da mutação”, Hua Quan, ou “punho das 13 dinâmicas”, Shi San Shi Quan.
As 8 energias são conhecidas pelos nomes Peng, expandir; Lu, defleti; Ji, penetrar; An, pressionar; Tsai, torcer; Lieh, separar; Zhou, cotovelar; Kao, golpear com o ombro ou tronco. Os 5 deslocamentos Jin, avançar; Tui, recuar; Gu, direita; Pan, esquerda; Ding, centralizar.
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Estas energias, por sua vez, tem uma correspondência cosmológica em relação aos 8 trigramas do Yi Jing; Peng seria o trigrama Céu, Qian; Lu seria a Terra, trigrama Kun; Ji seria Água trigrama Kan; An seria Fogo, trigrama Li; Cai seria Vento trigrama Xun; Lieh seria Trovão, trigrama Zhen; Zhou seria Lago trigrama Tui; e Kao seria Montanha, trigrama Ken. Quanto aos cinco movimentos da base, a correspondência é com a teoria das cinco fases da energia tão utilizada na medicina chinesa. Avançar, Jin seria fogo, Recuar, Tui seria água; Gu seria madeira e Pan seria metal; Ding seria terra. Esta correlação é relacionada ao arranjo do Céu Anterior dos oito trigramas Xian Tian Ba Gua, do livro das mutações.
nenhum consenso porque é preciso primeiro chegarse a uma definição precisa do que é o Taijiquan. É consenso entre as maiores autoridades no assunto de todos os estilos que Taijiquan tem de conter as treze posturas/ dinâmicas/energias intrínsecas, além do movimento em espiral gerado pelo Baixo Dantien e as seis harmonias.
Jardim de entrada do museu do Taijiquan. Do lado esquerdo o conjunto de esculturas representando as treze posturas.
As sete formas originais criadas por Chen Wang Ting eram conhecidas como: Os oito trigramas e as oito energias Essas correlações não são unânimes e diferentes interpretações acontecem entre mestres de Taiji às vezes do mesmo estilo de interpretar uma correlação de dois modos diferentes, como por exemplo, avançar JIN seria metal, e recuar, TUI, seria madeira, enquanto outros, optam por Jin avançar sendo fogo e recuar sendo água.
Tou Tao Quan, (primeira rotina), mais conhecida como Shi San Shi; Er Tao Quan (segunda rotina); San Tao Quan (terceira rotina), ainda conhecido como Da Si Tao Chui (Grande rotina que martela); Si Tao Quan, (quarta rotina), também conhecida como Taizu Xia Nantang (o imperador Taizu desce o caminho para o sul);
Ademais às treze dinâmicas, a família Chen inclui mais cinco, SHAN, esquivar; ZHE, retornar; KONG, esvaziar; TENG, pular; HUO, vitalidade flexível.
Wu Tao Quan (quinta rotina);
De todas as formas registradas na história do Taijiquan, as 13 dinâmicas ou Shi San Shi é a mais antiga, pois foi a primeira de sete formas criadas por Chen Wang Ting, um militar do século XVII ao qual podemos traçar a origem desta arte.
E por último, Pao Chui (punho de canhão).
Várias discussões a respeito da história do Taijiquan e de quem teria sido o seu criador não chegam a
Chang Quan (rotina de mão longa), também conhecida como Yibailingba Shi (forma de 108 post); Estas rotinas ou formas serão mais tarde compiladas em duas formas que chegarão até os dias de hoje, Da jia Yi Lu (Grande estilo rotina um) e Da jia Er Lu (grande estilo rotina dois), também conhecidas como Lao Jia Yi Lu e Lao Jia Er Lu (antigo estilo rotinas um e dois). www.RevistaTaiChiBrasil.com.br 11
Como a rotina de treze posturas original de Chen Wang Ting foi compilada com as outras seis rotinas, a primeira rotina passou também a ser conhecida como Shi San Shi, o que geralmente causa muita confusão entre os estudiosos. Como pode uma rotina de 75 posturas, como é o caso da Yi Lu, ser chamada de 13 posturas? A resposta é que as treze posturas são, antes de tudo, dinâmicas energéticas que se combinam e estão presentes em todas as formas e estilos de Taijiquan. Muitos praticantes de Taijiquan estranham a diversidade de movimentação, nomenclatura e características dos diversos estilos, mas como bem diz o mestre Kumar Frantzis, os vários estilos de Taijiquan têm mais em comum do que de fato diferenças; ou melhor, ainda como disse o mestre Fu Zhong Wen, “só existe um Taijiquan”.
Na essência do entendimento dessas 13 energias, as duas primeiras se destacam como retratos fiéis de Yin/Yang, Peng e Lu. Como inspirar e expirar, Peng e Lu expandem e retraem. Peng sendo uma força centrífuga Yang, liga a raiz, o interior e a periferia do corpo, criando e alimentando a energia WEI QI. Peng deve estar presente em todas as outras dinâmicas de ataque e defesa. Lu energia centrípeta Yin nos dá a escuta, a sensibilidade, a empatia, a energia de interação com o mundo externo, possibilitando a transformação cadenciada e harmônica que todas as formas de Taiji exprimem. Lu também é a conexão entre cada duas posturas; expansão e recolhimento sucessivamente, estando onipresente em todo o Taiji. Entretanto, não conhecemos o que seria uma rotina com 13 posturas original registrada em detalhes, mas sim uma grande quantidade de rotinas bem mais recentes que tentam cada uma, a sua maneira, expressar estas 13 energias. Hoje quase todos os estilos têm uma forma simplificada de 13 posturas. Gostaria de destacar 3 formas de treze posturas que julgo especiais. A primeira é uma compilação feita pelo mestre Mantak Chia da Healing Tao. Esta forma é apresentada no livro Tai Chi Chi Kung.
Detalhe da escultura relacionada a energia Peng
Claro que o Taiji ainda tem outros requisitos característicos desta arte que o diferencia e ao mesmo tempo relaciona com outras artes de movimentação como, por exemplo, a utilização do Qi enquanto “modus operandi” dentro dos princípios do equilíbrio dinâmico entre Yin e Yang; a atenção às chamadas seis harmonias, Liu He; e a ênfase no relaxamento funcional, Fan Song, bem como na técnica do espiralar sendo esta última uma das principais características imprescindíveis da arte. Existe ainda na concepção do Taiji Tui Shou a necessidade das 4 energias Zhan, Nian, Lien, Sui que embora mais utilizadas no Tui Shou, devem também estar presentes nas formas solo. Cada uma destas características merece um estudo a parte, mas são desde seus primórdios as 13 energias que caracterizam o Taijiquan. 12 www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
É uma forma bem estruturada baseada no estilo Yang e se desenvolve nas 4 direções mais o centro, resumindo as 5 direções para os pés, e é composta de duas posturas, o alisar a cauda do pássaro e o simples chicote, que contém as oito energias/ posturas restantes. É um Taiji Qigong que, além de abarcar toda a questão do cultivo à saúde dentro do enfoque à medicina tradicional chinesa, MTC, contém as aplicações marciais e os aspectos filosóficos e cosmológicos do Taijiquan resumidos em uma forma simples de executar e que não demanda um grande espaço para realizar. É possível ver essa forma ensinada no You Tube pelo “tai Chi Yang 13 movimentos Juan li”. Ou pelo próprio Mantak no “Mantak Chia Tai Chi Cigun”. Pela riqueza da estrutura e composição harmônica desta forma, eu a traduzi para o estilo Chen, e a utilizo como material didático para as aulas de Qigong dos meus alunos já há mais de uma década. No YouTube basta digitar “Taiji 13 energies Chen Style Tai chi”. A segunda mais importante é a recém-apresentada pelo mestre Chen Bing da 20ª geração da família Chen.
“Chen Bing Chen taijiquan basic 13 postures form” no youtube. Esta forma separa cada uma das energias e dinâmicas em uma postura repetida simetricamente para ambos os lados e igualmente reúne numa forma simples e curta a totalidade das qualidades terapêuticas, marciais, filosóficas e cosmológicas do Taijiquan. Como representante da tradição do Taijiquan do estilo Chen, essa forma de Chen Bing ficará certamente entre os clássicos da família Chen e já é praticada em vários países. Por último, a forma de 13 posturas estabelecida pelo governo Chinês e também cada vez mais divulgada mundo afora, aqui apresentada por Chen Juan, filha do Grão mestre Chen Zheng Lei neste vídeo que só encontrei dentro do Facebook, digitar Chen Juan - 8 Methods & 5 Steps of All Taijiquan, mas que em breve ouviremos falar cada vez mais desta forma. Do mesmo modo que a forma do mestre Chen Bing, esta forma apresenta uma postura separada para cada uma das treze energias, praticada simetricamente, o que, além de cobrir todos os aspectos essenciais desta arte, é de fácil aprendizado e execução. No universo de formas simplificadas tradicionais ou estandardizadas pelo governo chinês, como 24, 42, as formas de competição, as tradicionais como as de 19 posturas do mestre Chen Xiao Wang, a de 18 posturas do mestre Chen Zheng Lei, creio estarmos entrando em outro patamar no desenvolvimento do Taijiquan simplificado. Entramos na era das formas bem curtas como a de 8 posturas do estilo Yang e a de 9 posturas do mestre Chen Xiao Wang, entre outras e, obviamente, as formas de 13 dinâmicas. Ainda muito criticadas pelos mais ortodoxos, as formas simples vieram para ficar, por sua praticidade em todos os termos, tempo e espaço de execução e se a pessoa entender que “menos é de fato mais”, e que isso é Taiji na sua essência, ela não precisa dominar uma forma de 108 posturas para desfrutar da maravilha que é o Taijiquan. A discussão histórica e a argumentação em torno das treze posturas. No livro “Taijiquan L’Art Martial de la famille Chen” de T. Dufresne e J. Nguyen, ao abordar a história da autenticidade de um dos clássicos do Taiji atribuído a Wang Zhong Yue, as treze posturas, enquanto elemento constituinte, é utilizada como ponto de
verificação para defender a tese de autenticidade entre três hipóteses. A seguir uma tradução livre deste capítulo do livro: “A Wang Zhong Yue são atribuídos um número de tratados reunidos numa compilação chamada QUANPU (compilação de boxe). Esses textos curtos “Tratado do Taijiquan”, “As Treze Técnicas “, “Palavras-Chaves do Tui Shou”, e o “Canto do Tui Shou” são de autoria de Wang Zhong Yue? 1ª hipótese O Quanpu seria autêntico e W. Z. Yue teria ensinado aos Chen Antes de começar, notemos que a vinda de Wang Zhong Yue explicaria a natureza das transformações do Taijiquan, na época de Chen Changxing, Chen Youben e Chen Youheng, exatamente a mesma época da suposta passagem de WZ Yue em Chenjiagou. Visto o que foi apresentado nas páginas precedentes, explicando o parentesco indiscutível entre as artes marciais do Qi Jiguang, do Shaolin Quan e Chenjiagou, e visto que esse parentesco é anterior à época em que viveu WZ Yue, a influência que ele poderia exercer só poderia ser parcial. Nesse caso essa influência se restringiria a elementos que não se encontram nem na arte de Qi Jiquang nem em Shaolin. Então quais seriam estes elementos? Segundo o Quanpu, a arte marcial de WZ Yue continha treze energias, ( Peng, Lu, Ji, An, Cai, Lie, Zhou, Kao, Jin, Tui, Gu, Pan, Ding ), as treze técnicas do Tuishou do Taijiquan. Isso significaria que o Tui Shou e as treze técnicas seriam originárias de Wang Zhong Yue e teriam sido misturadas à arte marcial dos Chen depois de sua passagem a Chenjiagou. Ora, a maior parte das treze técnicas, assim como os princípios do Tuishou, estão presentes, seja no Shaolin antigo, (Lu, Ji, Na, Cai, Zhou, Zhan etc.), seja na arte marcial atual descendente de Qi Jiguang, a Qi Jia Quan (Peng, Ji, Cai, Kao, Jin, Tui, Gu, Pan, e Ding). Peng faz parte de um canto (o Quan Jing) atribuído a Chen Wang Ting. Enfim o Chansi, a energia espiral e o Fajin, assim como os quatro Liang, controlando mil libras, estão presentes tanto nos textos teóricos de Shaolin assim como nos de Wang Zhong Yue. À luz de todos estes fatos, a única hipótese válida é que WZ Yue praticava uma arte bem semelhante às dos Chen, e, portanto, devemos nos perguntar qual seria a amplitude desta influência. www.RevistaTaiChiBrasil.com.br 13
A partir do conhecimento atual destes dados, fica difícil crer que WZ Yue seja a origem do Taijiquan dos Chen. 2ª hipótese O Quanpu é autêntico e Wang Zhong Yue seria aluno dos Chen De fato seria possível que WZY tivesse aprendido com os Chen e que teria, em seguida, escrito tratados teóricos a partir desses ensinamentos. Esta é a teoria de Gui Liuxin (1908-1991). No entanto, a família Chen afirma nunca ter ouvido falar de WZY antes das publicações dos alunos da escola Yang no século XX. 3ª hipótese O Quanpu não é autêntico Se o Quanpu não é autêntico ele seria provavelmente obra de Wu Yuxiang, que pretendia, através deste, diminuir o prestígio da família Chen, de onde surgiu o Taijiquan. WYX teria criado o nome de Wang Zhong Yue evocando Wan Zhong, lendário artista marcial do estilo Neijiaquan. Essa hipótese significa que o autor do Quanpu teria compilado cantos e provérbios, originários sem dúvida da família Chen (o Quanpu surgiu depois da viagem que WYX fez a Chenjiagou e Zhaobao). Em seguida ele teria compilado e fez crer que tinha sido uma descoberta. Os chineses adoram histórias que estavam perdidas e depois foram descobertas. No estado atual de nosso conhecimento, esta terceira hipótese é a mais plausível.
lembrar que na época os Yang e Wu não aceitavam e se esforçavam para derrubar a credibilidade dos Chen, certamente uma ingratidão de fato, quando pensamos em como os Chen foram condescendentes em ensinar a Yang Luchan a origem de todos os outros estilos. Hoje a família Yang oficialmente atesta que Yang Luchan aprendeu com os Chen. Nessa entrevista Wu Tu Nan citando Wang Zhong Yueh, que como vimos acima era um desconhecido dos Chen, diz para Chen que ele, Wu Tu Nan, iria definir o Taijiquan como as treze posturas conforme enunciado por Wang Zhong Yueh, ao que Chen Fa Ke, sabendo que há mais elementos envolvidos para se definir o Taijiquan, sobretudo o estilo Chen, replica, que se ele definisse o Taijiquan como treze posturas, ele então não fazia Taijiquan. Claro que o comentário de Chen Fa Ke era uma resposta a um oficial comunista que estava tentando enquadrá-lo; visto que a primeira forma de Chen Wang Ting se chamava 13 Posturas, não havia porque Chen Fa Ke negar a criação do seu antepassado, certamente esta afirmação era um fechar de portas para Wu Tu Nan. As 13 dinâmicas de fato unem mais do que separam todos os estilos. É observando a sua essência em nossa prática, que podemos entender melhor os outros estilos que não praticamos e ver aí a raiz comum da nossa arte.
No mesmo livro, em capítulo anterior, eles explicam o parentesco do Taijiquan dos Chen com o General Qi Jiguang e o templo Shaolin. Recentemente o argumento das treze posturas foi utilizado também para tentar desacreditar os Chen. Trata-se de um encontro entre Wu Tu Nan e Chen Fa Ke em meados do século passado. Logo após a vitória de Mao Tse Tung, Wu Tu Nan, um respeitado praticante do estilo Wu, teria se tornado oficial do partido comunista, e como tal muito influenciou a política da divulgação do Taiji em Beijing nesta época. Segundo contam, os principais mestres de Taiji na época seriam entrevistados por Wu Tu Nan para estabelecer critérios de definição do que seria o Taijiquan que teria o direito de ser divulgado. Na fila de entrevistados estava Chen Fa Ke. É preciso 14 www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
Detalhe da escultura relacionada a energia Lieh
Sem dúvida, a forma de treze dinâmicas é o denominador comum a todos os estilos de Taijiquan. Sendo o denominador comum, vale ser estudada. Estevam Ribeiro Discípulo da vigésima geração do GM Chen Xiao Wang
Seis famílias, seis esti do Tai Chi Chuan unid de todos. TEXTO
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Fotos: © Levis Litz
tilos tradicionais dos para o benefício
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Simpósio Internacional de Tai Chi Chuan
Itália - maio de 2019
Cidade de Selvino Tai Chi Chuan Diretamente da fonte
Foi uma oportunidade ímpar para aprender com mestres e interagir com praticantes de todos os cantos do mundo Workshops com os mestres Chen Zheng Lei, Yang Jun, Wu Kwongyu (Eddy Wu), Zhong Zhenshan, Sun Yongtian e He Youlu. Momento único. Conviver com seis grandes mestres do Tai Chi Chuan. Aconteceu no mês de maio, na bela e encantadora cidade de Selvino, nas montanhas de Bergamo, ao norte da Itália. Selvino protagonizou, pela primeira vez na Europa, a oportunidade rara de entrar em contato direto com representantes dos estilos tradicionais do Tai Chi Chuan. Centenas de participantes, provenientes de dezenas de países, entre eles Austrália, Alemanha, Irlanda, Argentina, Colômbia, Inglaterra, EUA e, é claro, do Brasil, marcaram presença. Segundo o mestre Yang Jun - representante da quinta geração do Tai Chi Chuan da Família Yang e presidente da Fundação Tai Chi Chuan da Família Yang -, este simpósio foi um dos maiores eventos de Tai Chi Chuan realizados fora da China. Os mestres, que representam os estilos
tradicionais de Tai Chi Chuan, realizaram palestras e fascinantes demonstrações durante o simpósio. Proporcionaram workshops com a prática de seu estilo por três horas, ensinando passo a passo um encadeamento com 10 movimentos, que cada um criou exclusivamente para o simpósio. O evento também incluiu práticas abertas ao público, palestras, encontros com pesquisadores, profissionais da saúde, combinando o conhecimento antigo da cultura chinesa com a mais moderna pesquisa científica. Muito bem organizado, o simpósio foi verdadeiramente único e certamente irá deixar muitas saudades. Que outros sejam realizados para o deleite e o benefício de todos. Parabéns a todos os envolvidos! A página oficial do evento pode ser visitada em TaiChiSymposium.com www.RevistaTaiChiBrasil.com.br 19
Mestre
Chen Zheng Lei
Estilo Chen Origem: Chen Wanting 1600-1680 O mestre Chen Zheng Lei é o herdeiro da linhagem direta da 11a geração da Família Chen de Tai Chi Chuan. Em 1995, foi reconhecido pela Associação Chinesa de Wu Shu como um dos Top 10 mestres de artes marciais da China contemporânea. O mestre Chen representou sua linhagem em muitos torneios, conquistando grandes honras nacionais e internacionais. É diretor do Centro de Treinamento da Vila Chen da cidade de Zhengzhou. Seus alunos estão reconhecidamente entre os mais bem sucedidos da China. O mestre Chen ensina tai chi chuan há quase 50 anos e possui praticantes de sua linhagem em vários países, inclusive no Brasil. É autor de diversos artigos em importantes periódicos sobre artes marcias e escreveu vários livros sobre Tai Chi Chuan, entre eles, The Art of Chen Family Taijiquan. 20 www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
Mestre
Yang Jun
Estilo Yang Origem: Yang Luchan 1799-1872 Descendente da 6a geração do fundador do Tai Chi Chuan da família Yang e herdeiro da 5a geração, o mestre Yang Jun se formou em educação física na Universidade de Shanxi. Pratica e estuda o Tai Chi Chuan da família Yang desde os 5 anos de idade. Em 1998, ele e seu avô, Mestre Yang Zhenduo, fundaram a Associação Internacional de Tai Chi Chuan da Família Yang com a missão de reunir os praticantes da família Yang e de compartilhar o padrão de prática da família em todo o mundo para ajudar a humanidade. Promove o Tai Chi Chuan da família Yang fora da China, tendo mais de 80 centros e escolas em cinco continentes com professores em dezenas de países. Seu maior desejo é unir os praticantes na China e no Ocidente em uma grande família, onde, apesar das fronteiras nacionais e das diferenças culturais, todos estão ligados pelo amor ao Tai Chi Chuan. www.RevistaTaiChiBrasil.com.br 21
Mestre
Wu
Kwong Yu
Estilo Wu Origem: Quan You, 1834-1902, e seu filho Wu Jianquan, 1870-1942 Mestre Wu Kwong Yu (Eddy Wu) é mestre da 5a geração. É o filho mais velho de Wu Tai Kwei e o bisneto de Wu Jianquan. Em 1976, ele sucedeu seu tio Mestre Wu Daxin como Mestre da Academia Tai Chi Chuan do Estilo Wu em Toronto, Canadá. Desde então ele continua promovendo o desenvolvimento do Tai Chi Chuan do Estilo Wu na Ásia, América do Norte e Europa e estabeleceu academias oficiais nessas regiões. Em 1995, criou a Federação Internacional de Tai Chi Chuan estilo Wu para internacionalizar o encadeamento da famíla. Em 2010, a Rádio Televisão Hong Kong convidou o mestre Wu para filmar Tai Chi Chuan na série Kung Fu Quest. O mestre Wu dedica seus esforços na promoção da arte familiar do Tai Chi Chuan do estilo Wu e acredita que cinco virtudes devem ser enfatizadas: modéstia, bondade, respeito, simplicidade e cortesia. 22 www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
Mestre
Zhong Zhenshan
Estilo Wu/Hao Origem: Wu Yuxiang, 1812-1880, e continuado por Hao Weizhen, 1842-1920 O mestre Zhong Zhenshan nasceu na cidade de Guangfu e é o herdeiro da 5a geração da famíla Wu Wu (Hao) de Tai Chi Chuan. Com experiência de mais de 50 anos, atuou em várias organizações de Tai Chi Chuan na China e se dedica à disseminação, promoção e desenvolvimento do Tai Chi Chuan do estilo Wu. O mestre Zhong é conhecido por sua excelente habilidade, bem como pelo conhecimento da teoria e da história do Tai Chi Chuan. Autor de vários livros e ensaios sobre o estilo Wu (Hao) de Tai Chi Chuan, em 2006, se tornou uma parte do chamado: Os tesouros das artes marciais chinesas. O Tai Chi Chuan do mestre Zhong demonstra sua habilidade de alto nível. Sua forma é muito natural, contínua e cheia de energia. Ao ensinar, ele é hábil em trazer clareza a conceitos clássicos difíceis, especialmente para os ocidentais. www.RevistaTaiChiBrasil.com.br 23
Mestre
Sun
Yongtian
Estilo Sun Origem: Sun Lutang 1861-1932 Membro distinto e respeitado pela comunidade de artes marciais da China. O mestre Sun Yongtian estudou por muitos anos sob a orientação de Sun Jianyun, filha do fundador do Tai Chi Chuan do estilo Sun, Sun Lutang. Mestre Sun é vice-presidente da Associação de Artes Marciais de Pequim e vice-presidente do Instituto de Pesquisa do Tai Chi estilo Sun na China. Um dos pontos positivos do seu estilo é que ele contém muito chi kung (qigong), que é eficaz para relaxar. A ênfase da postura alta nos movimentos de seu estilo é considerada mais adequada para os praticantes mais idosos.
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Mestre
He Youlu
Estilo He Origem: He Zhaoyuan 1810-1890 O mestre He nasceu na cidade de Zhaobao, condado de Wen, província de Henan. Descendente de He Zhaoyuan, o fundador do Tai Chi estilo He, também conhecido como Estilo Zhaobao He. Artista marcial chinês do grau de sétimo duan, o mestre He se dedicou à pesquisa, promoção e disseminação do Tai Chi. Divulga a cultura e arte do Tai Chi Chuan tanto em seu país, como no exterior. Ele é presidente da Academia de Tai Chi Chuan estilo He no condado de Wen e é o sucessor representativo da herança cultural do estilo He. Também é presidente da Associação do estilo He de Tai Chi Chuan em Jiaozuo, província de Henan, China.
www.RevistaTaiChiBrasil.com.br 25
O IMPACTO DO TAI CHI CHUAN NA SAÚDE
O tema do Programa Acadêmico do Simpósio Internacional de Tai Chi Chuan de 2019 foi “O impacto do Tai Chi Chuan na saúde”, com palestras, debates e apresentações. Em pauta, pesquisas fundamentadas que relacionavam o Tai Chi Chuan com a saúde e o bem-estar. As sessões com os palestrantes aconteceram sempre no período da tarde. PALESTRANTES E TEMAS
. Yu Gongbao - EUA Palestrante, membro da Associação Chinesa de Wu Shu e responsável pelo Departamento de Pesquisa de Qigong do Instituto de Pesquisa Chinês de Wu Shu . Dra Nicola Robinson - Inglaterra Pesquisando Tai Chi - tentativas e adversidades . Dr. So-Nam Tran Ba - França Imagem funcional do cérebro: (como) ele pode ajudar a compreender os efeitos do Tai Chuan?
. Dr. Patricia Huston - Canadá O que a ciência sabe e não sabe sobre Tai Chi
. Holly Sweeney-Hillman - EUA Princípios do Tai Chi fundamentados na biomecânica
. Dr. Fuzhong Li - EUA Transformando as técnicas tradicionais de Tai Chi Chuan em terapia de movimento integrativa para idosos com alto risco de queda e pessoas com distúrbios do movimento
O simpósio começou com uma bela cerimônia de abertura e boas-vindas, proporcionou apresentações dos mestres, encontro de praticantes de diversos países, interação em muitas atividades, entre elas, práticas matinais e o torneio de Tai Chi estilo Yang. Por fim, o encerramento só podia acabar em grande estilo, numa celebração da grande diversidade cultural no centro de Selvino. Mais detalhes no site oficial do simpósio em taichisymposium.com
. Dra. Chenchen Wang - EUA Tai Chi para dor musculoesquelética crônica e bemestar 26 www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
Fotos: © Levis Litz
Selvino - Itália
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ARTIGO
Benefícios de Tai Chi Chuan no Equilíbrio e na Prevenção de Queda de Idosos Jackson Lee
Na antiguidade, o famoso filósofo Platão definiu o homem como “bípede sem penas”. Acredito que Platão não foi muito feliz nesta afirmação, mas ele conseguiu dar ênfase à condição do nosso corpo ser sustentado por apenas 2 pernas, o que torna nossa postura essencialmente instável: ao nos movimentarmos, nosso Centro de Gravidade é continuamente deslocado, e, não raras vezes, nosso Centro acaba saindo da base de suporte, formada pela estreita faixa entre os pés. Se esta sensação de instabilidade não faz parte do nosso cotidiano, é graças ao equilíbrio proporcionado por um complexo sistema formado por: (1) Elementos Sensoriais, em especial a Visão e o Labirinto (também conhecido por aparelho vestibular); (2) Força e Flexibilidade do Sistema Músculo-Esquelético; e (3) Coordenação Motora, comandada pelo Cérebro. Infelizmente, com o avançar da idade, todos os componentes deste complexo sistema passam por inevitável processo de degradação. Os músculos, por exemplo, alcançam maturação ao completarmos 25 30 www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
anos de idade, quando tem início o processo de perda da massa muscular. Estima-se perda de 5% por década até os 50 anos e, a partir daí, a degradação acelera para 10% a cada década. Entre idosos, o problema de queda causado pela degradação deste sistema chega a ser alarmante. Estatísticas mostram que 30% dos idosos sofrem queda uma ou mais vezes ao ano. As quedas podem ter sérias consequências físicas e psicológicas, porém, muitas vezes, problemas decorrentes de quedas são tão graves quanto os causados pela queda em si. O idoso que se recupera na cama perde musculatura e seu quadro clínico acaba se agravando. Outro fato preocupante é que a maior parte das quedas acontecem dentro das próprias casas, ou seja, permanecer em casa não significa estar livre do problema. A palavra-chave para combater este quadro desolador é a prática continuada de exercícios físicos. Renomadas entidades, entre as quais Harvard Medical School, tem recomendado Tai Chi Chuan (TCC), pois seus efeitos positivos vão além do equilíbrio funcional e da redução na incidência de quedas. Outro aspecto positivo é o TCC não apresentar restrições para sua prática, mesmo entre pessoas idosas com fator de risco. Retornemos ao exemplo de perda da força muscular. Muitas pessoas, ao observar os movimentos lentos e suaves de TCC, não conseguem perceber os benefícios que eles trazem para o fortalecimento dos músculos, em especial os das pernas. Estudo realizado no
“Resultado de uma ampla pesquisa, realizada pela Universidade de Oregon em conjunto com a Universidade de Shanghai, relativa ao problema de quedas de idosos: a prática de TCC reduz em 58% o risco de queda.” Japão concluiu que o TCC proporciona melhora de 30% na força muscular dos membros inferiores, em comparação com pessoas que praticam caminhada. Este benefício também se aplica aos membros superiores, na ordem de 25%. Vale salientar que o TCC apresenta vantagens adicionais em relação a outros exercícios físicos: durante a prática de TCC estaremos sempre em movimento, ou seja, o equilíbrio será dinâmico, com foco permanente no nosso centro. A diversidade de movimentos, com a necessária coordenação temporal dos membros, constitue excelente exercício neuromuscular. A obtenção de uma melhor postura do corpo também reforça nosso senso de equilíbrio. Outro fator é a respiração abdominal praticada no TCC, que desloca para baixo nosso centro de gravidade, condição que nos torna ainda mais estáveis. Os movimentos lentos e suaves, possibilitam aprimorar nossa sensibilidade quanto à velocidade, força e distância, bem como ficamos mais atentos aos acontecimentos ao nosso redor. Como consequência, passamos a levar a vida sem “medo de cair”, pois melhoramos nossa reação contra imprevistos. O TCC constitui, também, importante fator no tratamento de Osteopenia e Osteoporose, em estágio inicial. Estudo realizado entre mulheres com idade acima de 54 anos, as praticantes de TCC apresentaram significativa taxa de 3,5 vezes menor, na perda de densidade óssea, em comparação com colegas sedentárias.
Para concluir este breve estudo, apresento o resultado de uma ampla pesquisa, realizada pela Universidade de Oregon em conjunto com a Universidade de Shanghai, relativa ao problema de quedas de idosos: a prática de TCC reduz em 58% o risco de queda. Vale salientar que esta pesquisa também comprovou a superioridade do TCC em relação aos exercícios convencionais, na prevenção de queda entre idosos. Os praticantes avançados de TCC conseguem resultados ainda mais significativos com a estabilidade obtida pela técnica de “Enraizamento”: os pés ficam firmemente grudados no chão, como ventosas, e a força de gravidade é centrada no ponto de acupuntura denominado “Fonte Borbulhante” (Ponto R1 do Meridiano do Rim). Bibliografia: - Livro “The Harvard Medical School Guide to Tai Chi”. Peter M. Wayne, PhD, with Mark L. Fuerst. - Livro “Taijiquan – Cultivating Inner Strength”. C.P. Ong. - Livro “The Inner Structure of Tai Chi”. Mantak Chia and Juan Li. - Artigo de Harvard Health Publications: “Try Tai Chi to improve balance, avoid falls”. Stephanie Watson. - Artigo “Tai Chi and Body Balance – Why balance is important and how balance works”. Raymond Sol MS. - Artigo “The Benefits of Tai Chi for Osteoporosis”. AlgaeCal. - Artigo “Tai Chi for Treating Osteopenia and Primary Osteoporosis: A Meta-Analysis and Trial Sequential Analysis”. Zhang YL and others. - Artigo “Effectiveness of a Therapeutic Tai Ji Quan Intervention vs a Multimodal Exercise Invervention to Prevent Falls Among Older Adults at High Risk of Falling”. Fuzhong Li, PhD and others. - Artigo da Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade do Estado de Rio de Janeiro: “Aspectos Fisioterápicos no Envelhecimento Humano e Queda de Idosos”. - Artigo da Universidade Aberta da Terceira Idade. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. “Efeitos do Tai Chi Chuan na incidência de quedas, no medo de cair e no equilíbrio de idosos”. Marina S. Marinho, Juliana F. Silva e Leani S. Pereira.
Jackson Lee Praticante de Tai Chi Chuan de longa data e professor como hobby. Membro de Tai Chi Chuan Teacher Academy, de International Yang Family Tai Chi Chuan Association. Participou de diversos Seminários Internacionais, dos Mestres Yang Jun, Fang Hong e Alex Dong. www.RevistaTaiChiBrasil.com.br 31
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Tai Chi - Porque praticar! Por Levis Litz Fotos - Praticantes de Tai Chi Chuan - China
Milhões de pessoas ao redor do planeta praticam Tai Chi, mas por quê? Segundo a conceituada “Harvard Medical School”, a prática do Tai Chi está entre os 5 melhores exercícios para ter uma boa saúde.
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