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Desde 2009
Tai Chi Brasil Edição nº 22 - Distribuição gratuita e dirigida - www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan
Grão-mestre Yang Zhenduo
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Revista Tai Chi Brasil
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Curitiba - Paraná - Brasil Edição nº 22 | 2014 - Desde 2009 ® Todos os direitos reservados Registro nº 401.197 4° ofício de registro de documentos
Editor: Levis Litz
CNPJ: 20.259.228/0001-08
COLABORAÇÕES E AGRADECIMENTOS Grão-mestre Yang Zhenduo e Mestre Yang Jun http://YangFamilyTaichi.com Roque Severino, Angela Soci e Paula Faro, Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan - SBTCC Carlos H. Tapetti, Ramon Suares e Thomas Leandro.
Fotos publicadas nesta edição /Acervos Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan, Revista Tai Chi Brasil e Levis Litz Revisão: Valesca Giordano Contato RevistaTaiChiBrasil@hotmail.com Caixa Postal 17.336 - Curitiba, PR, 80242-981, Brasil Jornalista responsável: Levis Litz Mtb 3865/15/52v pr levislitz@gmail.com Distribuição gratuita e dirigida. Todos os textos e fotos aqui publicadas são colaborações voluntárias gratuitas. Foto com pouca definição é de responsabilidade do autor. Não são de responsabilidade desta revista os artigos de opinião e também as opiniões emitidas em entrevistas e depoimentos, por não representarem, necessariamente, o pensamento do editor. Por questões de espaço, objetividade e clareza, a equipe editorial reserva-se o direito de resumir os textos recebidos.
Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan Em 2006, eu era professor da Forma Longa do Estilo Yang. Naquele ano, tive a honra de receber um convite para participar de um grupo de Instrutores de Tai Chi Chuan Estilo Yang. Ali surgiu meu interesse em fazer um curso de pós-graduação da Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan para aperfeiçoar a minha prática. Até que em outubro de 2008 tive a oportunidade de participar de um seminário da Forma Longa com o Mestre Yang Jun. Fiquei muito feliz, pois poderia, de fato, entrar em contato direto com a fonte, com um mestre descendente da linhagem de quem criou o Tai Chi Chuan. Para minha surpresa, descobri que fazia uma outra Forma Yang, do Mestre Ma Tsun Kuen - uma forma ensinada antigamente. E assim,“caiu a ficha”, isto é, me dei conta que estava distante de uma fonte de Tai Chi Chuan. Isso me fez refletir profundamente e pensei para o ano seguinte, me iniciar no Tai Chi Chuan da Família Yang, porém, um acaso do destino, do nada, fez com que “caísse do céu” diretamente no meu “telhado”, em janeiro de 2009, um irlandês que me mostrou os fundamentos de outro estilo de Tai Chi Chuan. Foi intenso e muito fascinante pra mim. Recebi dele um convite especial para um treinamento individual, a portas fechadas, por dois meses, 24 horas por dia, 7 dias por semana ou perto disso. Ocasião que me fez viver uma imersão sem igual. Naturalmente, isso mudou meus rumos. Contudo, guardo no coração e sempre preservo, em minha mente, a maneira receptiva e atenciosa que a SBTCC, seus diretores, membros, alunos e professores me acolheram e a forma como, até hoje, se relacionam comigo - com amizade e respeito. Esse sentimento, mútuo, foi um motivo de contentamento extra, quando descobri que o grão-mestre Chen Zheng Lei e família, da linhagem de Tai Chi Chuan estilo Chen - a qual sou praticante - é amigo pessoal do grão-mestre Yang Zhenduo e família, da linhagem de Tai Chi Chuan Yang. Uma relação exemplar e bacana. A presente edição da Revista Tai Chi Brasil é uma singela homenagem a esse relacionamento que, no Brasil, se faz importante para o desenvolvimento do Tai Chi Chuan pela Sociedade Brasileira. Levis Litz Editor
Edição 2 - Ano 2009
Edição 7 - Ano 2010
Edição 15 - Ano 2012
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Mestre Yang Jun 4 www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
Queridos amigos! Este ano que passou, nos brindou com muitas realizações importantes, mas o que mais nos alegra, é a participação de todos, a presença, o carinho, a receptividade e a vontade de crescer juntos! Queremos agradecer principalmente a todos os instrutores da SBTCC, alguns já com suas próprias escolas e grupos, outros em processo de desenvolvimento se esforçando para manter viva a tradição da Família Yang neste grande Brasil e na América Latina! Agradecemos também aos alunos e companheiros de jornada, que tem participado ativamente de nossas atividades, colaborando com ideias, sugestões e inovações! E principalmente agradecemos aos nossos Mestres que nos nutrem com sua sabedoria e presença constante em nossos corações e mentes! O sorriso do Mestre Yang Jun, na foto ao lado, é a nossa grande satisfação deste ano, quando o Zhi Jing Xuan - Santuário Paz e Sabedoria foi inaugurado com sua presença, dando continuidade ao nosso projeto de formar, instruir e abrir portas para o desenvolvimento de mais e mais instrutores de Tai Chi Chuan da Família Yang!
Mestre Yang Jun 5ª Geração na Transmissão do Tai Chi Chuan da Família Yang. Abrindo oficialmente o Zhi Jing Xuan Centro de Formação e Treinamento de Instrutores de Tai Chi Chuan da Família Yang para América Latina. Foto: Acervo SBTCC.
Sejam todos convidados a participar deste projeto de amplo alcance em nosso Continente! Recebam de coração o nosso muito obrigado!! Professores Roque Severino e Angela Soci Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan
RTCB - Também no FaceBook Revista Tai Chi Brasil
. website: www.RevistaTaiChiBrasil.com.br . e-mail: revistataichibrasil@hotmail.com Editor - Jornalista Levis Litz
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Zhi Jing Xuan - Santuário Paz e Sabedoria Centro de Formação e Treinamento de Instrutores de Tai Chi Chuan da Família Yang para América Latina
Caligrafia escrita pelo grão-mestre Yang Zhenduo 4ª Geração da Família Yang designando o nome do local. Momento histórico para os membros da Família Yang e os Diretores da SBTCC, a realização do sonho de ter um lugar exclusivo para a formação e treinamento de professores de Tai Chi Chuan da Família Yang servindo a toda a América Latina. Novembro de 2014.
Mestre Yang Jun, Professora Ângela Soci e o Professor Roque Severino no momento da inauguração.
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Mestre Yang Jun corta a fita e dá o primeiro passo dentro do Santuário.
Atividades em Sistema de Imersão no Zhi Jing Xuan
Centro de Formação e Treinamento de Instrutores de Tai Chi Chuan da Família Yang para America Latina Dias 17 e 18 de Janeiro 2015 Sábado e domingo, das 9h às 17h. Primeiro Encontro do Ano de Tai Chi Chuan Avançado - A Mística do Tai Chi Chuan Especialmente dirigido a todos os instrutores formados pela SBTCC, habilitando-os a participar no
final do ano do Seminário Exclusivo para Instrutores de Tai Chi Chuan da Família Yang. Alunos regulares de qualquer nível também são bem vindos Objetivo: mostrar ao aluno o Tai Chi Chuan sob uma nova perspectiva, que apesar de ser considerada uma arte marcial, é também considerado a prática do “Zen em pé”. Zen é a palavra www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
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japonesa que deriva da chinesa “Chan” que deriva da palavra sânscrita “Dhyana” cujo significado é “contemplação”. O Tai Chi Chuan, é também conhecido como “Arte Interna” e esta afirmação se deve que: pertence a linhagem amarela, ou seja, recebe todo seu corpo de conhecimento da montanha Wu Dan (berço do Taoísmo) e também dos ensinamentos do 28º patriarca Zen Budista Bodhidharma que viveu no Mosteiro Shaolin. Professor Roque E. Severino Diretor da SBTCC que estará oferecendo por primeira vez no Brasil ensinamentos relacionados com a transformação das energias “Ching, Chi e Shen e seu relacionamento com o livro das mutações I Ching. Estudo dos ensinamentos de Yang Ban Hou - Nivel I - de seu livro “Explicação dos Princípios do Tai Chi Chuan”.
O Mestre Yang Jun apresentou incenso para os Ancestrais e com este ato cerimonial, os convidou para estarem presentes, acompanhando em espírito, todos os treinamentos que serão realizados no local. 8 www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
Professora Ângela Soci Diretora da SBTCC que vai desenvolver as técnicas praticadas durante os diversos Seminários oferecidos pelo Mestre Yang Jun, sob a perspectiva da Meditação e do autoconhecimento. Neste treinamento o praticante irá se beneficiar descobrindo o Tai Chi Chuan como um caminho de superação e transcendência espiritual. Valor por dia de treinamento: R$100,00 – inclui alimentação e hospedagem. Informações e Inscrições: angelasoci@sbtcc.org.br.
Mestre Yang Jun num ato cerimonial de extrema relevância aos praticantes de Tai Chi Chuan.
Primeiro Curso de Formação em Chi Kung - Série Fundamental para Energia e Saúde De 22 a 25 de Janeiro 2015, de quarta-feira a domingo - 40 horas/aulas. Chi Kung: Trabalhar nossa energia de forma sistemática, para cultivá-la e permitir a sua circulação e obter benefícios maravilhosos para o corpo, a mente e o espírito. Dirigido a educadores físicos, psicólogos, fisioterapeutas, enfermeiros e público leigo em geral. O Certificado habilita para utilização das técnicas em salas de aula, clínicas, consultórios,
clínicas geriátricas, cuidadores de idosos, hospitais e academias. Sem pré-requisito, o curso é aberto a todos os interessados. Insrutora responsável: Paula Faro, formada pela SBTCC e especialista nas Técnicas de Chi Kung. com grande experiência na formação de profissionais. Investimento: matrícula R$ 60,00 + 3 parcelas de R$ 450,00. Pagamento à vista tem 5% de desconto. O valor inclui: transporte ao Jardim do Dharma alojamento - alimentação - instrução). Informações e inscrições: contatotaichi@sbtcc.org.br www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
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Durante o Primeiro Seminário no Zhi Jing Xuan ...
... o grupo de Instrutores apresentando a Forma ...
... e praticando o Tui Shou. 10 www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
Grupo de Instrutores que participou do Primeiro Seminário realizado no Zhi Jing Xuan Santuário Paz e Sabedoria - Centro de Formação e Treinamento de Instrutores de Tai Chi Chuan da Família Yang para América Latina.
Outras atividades no Zhi Jing Xuan
De 07 a 21 de Fevereiro de 2015
Curso de Formação de Instrutores de Tai Chi Chuan da Família Yang - Habilitação na Forma Longa 103 - Sistema de imersão; 3 módulos de 15 dias. O Tai Chi Chuan, Arte Marcial Milenar Chinesa, comprova-se como um sistema integral de saúde física, psicológica e mental, assim como um sistema de auto-ajuda para o desenvolvimento da concentração, equilíbrio emocional, fortalecimento das habilidades físicas e discernimento para as corretas relações humanas. Atualmente tem sido foco de estudo científico sistemático em comunidades acadêmicas que tem certificado seus inegáveis benefícios à saúde, mediante a metodologia científica. Capacitar-se nesta arte, abre um amplo campo de atuação profissional para diversas áreas do conhecimento. Na atualidade o SUS tem inserido as Práticas Corporais Chinesas de Tai Chi Chuan, inclusive como
uma das atividades preventivas e terapêuticas. Este curso é aberto a todos os interessados. Professores: venham estudar e praticar com os Professores Roque Severino e Angela Soci, discípulos do Mestre Yang Jun, reconhecidos e certificados em 2012 na China. Investimento por Módulo de 15 dias: Matrícula R$80,00 (não restituível em caso de desistência) + 8 parcelas de R$ 425,00. Pagamento à vista tem 5% de desconto. O valor inclui: transporte ao Jardim do Dharma - alojamento - alimentação - instrução. Obs: a primeira parcela deve ser paga no dia do início do curso ou antecipadamente via depósito, junto com a taxa de matrícula. Saída da cidade de São Paulo no dia 07 de Fevereiro às 11h da manhã - a partir da sede à Rua José Maria Lisboa, 612 - sl 07. Informações e inscrições e solicitação de sua ficha de inscrição: contatotaichi@sbtcc.org.br www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
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Sobre o Zhi Jing Xuan - Santuário Paz e Sabedoria Centro de Formação e Treinamento de Instrutores de Tai Chi Chuan da Família Yang para América Latina O Jardim do Dharma acomoda hoje o recém inaugurado - Zhi Jing Xuan - Santuário Paz e Sabedoria Centro de Formação e Treinamento de Instrutores de Tai Chi Chuan da Família Yang para América Latina. Suas acomodações, tipo Casa Grande de Sítio, com dormitórios compartilhados e banheiros externos, são especiais para as atividades ali desenvolvidas. É importante que o participante traga sua roupa de cama, toalhas de banho, roupas confortáveis e calçados adequados as práticas. A alimentação é caseira preparada pela cozinheira Dona Diva que agrada a todos os gostos. A programação dos cursos abrange atividades pela manhã, tarde e noite visando atender a necessidade de cobrir os conteúdos a serem assimilados pelos grupos e por isso mesmo é intensa para oferecer um impacto de aprendizado importante. À noite há filmes com temas correlatos ao curso e discussões em grupo, além de treinamentos práticos que ficam como tarefas para o dia seguinte. O propósito é que, ao final de cada encontro de modalidade escolhida, o participante tenha certeza de ter assimilado os conteúdos e sinta-se preenchido pelo aprendizado que leva para sua vida. Visite a página na internet para conhecer o local: http://www.jardimdharma.org.br
Do Álbum de Fotos
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Seminário de Tai Chi Chuan Estilo Tradicional da Família Yang de 103 Posturas com o Mestre Yang Jun. Realizado pelo Yang Chengfu Tai Chi Chuan Center Brasil e a Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental, nos dias 10, 11 e 12 de outubro de 2008, em São Paulo, SP.
Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental - SBTCC A Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental foi fundada em 1978 pelos professores Roque Enrique Severino e Angela Soci, sendo os pioneiros na difusão do Tai Chi Chuan da família Yang no Brasil. Em 1988 foram reconhecidos pela Federação de Tai Chi Chuan da República Ocidental da China, sendo a partir daquela data como representante oficial no estado de São Paulo. Em 1990 o professor Roque Severino esteve nos EUA, no Primeiro Seminário para Ocidentais em Virgínia organizado pelo Grupo “Taste of China” onde o Mestre Yang Zhenduo (bisneto do criador do Estilo Yang) iniciou suas instruções sobre o Estilo Tradicional da Família Yang. A partir daí, as instruções oferecidas na escola seguiram os princípios estabelecidos pelo Mestre Yang Zhenduo. Nos meses de maio e setembro de 1998, a diretora da Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental, esteve duas vezes na China, na casa do Mestre Yang Zhenduo, Mestre da geração atual, reconhecido hoje, como a autoridade máxima no assunto, para aperfeiçoar a “Forma Tradicional do Estilo Yang” (108 movimentos) que há 20 anos vem treinando, a “Forma Curta “ (49 movimentos - específica para campeonatos) e a “Forma de Tai Chi de Espada” (67 movimentos). O método utilizado pelo Mestre Yang Zhenduo com a, então, aluna Angela Soci, foi o mais tradicional dentro da
linhagem. Aulas particulares no jardim de sua casa, três horas pela manhã, três horas pela tarde além dos treinos das correções tarefas e exercícios que eram praticados e estudados nas horas intermediárias aos treinos com instrução direta. A relação Mestre-Discípula, criada nestas duas oportunidades, deu um grande ânimo ao Mestre Yang. De acordo as instruções do próprio Mestre Yang Zhenduo, os princípios mais importantes do Tai Chi Chuan, devem ser sempre preservados e o trabalho milimétrico com a atenção nos movimentos, tem importância fundamental para que os princípios sejam compreendidos pelos praticantes. Ele diz: “Atualmente existem muitas pessoas praticando Tai Chi Chuan pelo mundo todo, mas muito poucos respeitam os princípios, o que lhes impede de colherem os resultados mais elevados em sua prática”. “Os princípios deixados por meu pai, Yang Chenfu, são o coração do Tai Chi Chuan, devem ser estudados e praticados cuidadosamente, com consciência, atenção e dedicação, para que a arte não se deturpe e perca o seu grande valor tanto externo, melhorando a saúde das pessoas, como interno, na formação do caráter dos indivíduos da sociedade atual”. O empenho do Mestre Yang Zhenduo atualmente, está em preservar e difundir a prática do Tai Chi Chuan tradicional, desde que os benefícios obtidos pelos praticantes tem sido grandiosos, principalmente no que diz respeito à cura de enfermidades de todos
os tipos. Sua dedicação ao ensino da arte é integral, viajando durante o ano todo, encontrando os diversos grupos dentro da China, organizando campeonatos, encontros, seminários, instruções, livros, vídeos etc. Em idade avançada, este “tigre” como se auto intitula, é incansável e um grande exemplo a ser seguido por todos. Atualmente o Mestre Yang Zhenduo reside na cidade de Tayiuan, na Província de Shanxi, na República Popular da China. Só na Província de Shanxi, conta com 70 centros de difusão do Tai Chi Chuan tradicional e cada centro possui por volta de 1000 alunos. Sem contar com os centros na Europa e Estados Unidos, que já contam com um grande número de adeptos. O Mestre Yang Zhenduo, através da professora Angela Soci, vislumbrou a possibilidade de expandir suas fronteiras, até a América Latina e a incumbiu com esta tarefa: “Volte para o Brasil e divulgue o Tai Chi Chuan lá, mas não se limite ao Brasil somente, faça contatos pela América Latina toda e leve a Forma tradicional da Família Yang, para todos os lugares que você conseguir, darei todo apoio e respaldo necessário”. “Forme seus alunos e venha participar do Campeonato Internacional de 2002, com um grupo que represente o Brasil. A responsabilidade é grande e por isso mesmo é que, junto ao Professor Roque Enrique Severino, seu marido, Angela Soci, tem se dedicado intensamente a este objetivo.
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No mês de junho de 1999, os professores Roque Severino e Angela Soci receberam a visita dos Mestres Yang Zhenduo e Yang Jun que, pela primeira vez ofereceram um Seminário de Tai Chi Chuan na América Latina. Um grande evento que moveu praticantes de todo o Brasil e contou também com a participação de argentinos. Em outubro de 1999 a professora Angela Soci esteve em Seattle, Estados Unidos, participando da “Primeira Reunião Oficial dos Diretores de Centros Yang Chengfu”, para receber diretamente das mãos do Mestre Yang Jun, sexta geração de transmissão do Estilo Tradicional Yang de Tai Chi Chuan, o “Certificado Oficial” para funcionar como “Centro Yang Chengfu do Brasil”. Naquele evento oficial, diretores dos centros de Brasil, Canadá, China, Estados Unidos, França, Itália e Suécia, se reuniram para dar início aos trabalhos da Associação Internacional do Estilo Yang de Tai Chi Chuan e deliberar o futuro desenvolvimento desta organização, que tem como objetivo principal, difundir ao máximo os ensinamentos dos membros da Família Yang de Tai Chi Chuan, com todos os princípios deixados pelo grande Mestre Yang Chengfu. De acordo com as orientações dadas pelo Mestre Yang Jun, os esforços dirigiramse para a formação de muitos instrutores que candidataram-se a aperfeiçoar as técnicas da Família Yang que são: Tai Chi Chuan Forma Tradicional, Tai Chi Chien (Espada Tai Chi), Tai Chi Dao (Sabre Tai Chi), Tue Shou (Mãos que Empurram) e a Forma de
49 movimentos - para ser apresentada em campeonatos nacionais e internacionais. Também foram estabelecidos os sistemas de “rankings”, onde os praticantes podem se postular para serem avaliados e graduarem-se de acordo às deliberações oficiais da família. São 9 níves de graduação que respeitam regras bem estritas baseadas em tempo de prática, compreensão da moralidade que abrange as Artes Marciais Chinesas e conhecimentos teóricos previamente estudados. No Brasil desde o ano 2001 são realizados exames anuais mediante um Comite Oficial organizado no Yang Chengfu Tai Chi Chuan Center - Brasil, em datas e eventos previamente divulgados. A Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan tem representações em núcleos em diversas localidades do país. ---------- Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental R.José Maria Lisboa, 612 Sala 07, Jardim Paulista São Paulo, SP, Brasil Tel:. (11) 3884-8943
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Depoimentos sobre a Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan "Cheguei na sociedade brasileira de tai chi chuan em 2012 e fui muito bem recebido pelos Professores Roque e Angela Soci. Além do acolhimento caloroso e familiar fui surpreendido pela qualidade e pelo nível dos ensinamentos, sempre recebendo motivação para seguir me aperfeiçoando. Não foi apenas um curso de instrutor mas ensinamentos para toda uma vida mais saudável, honesta e significativa. Agradeço pela perseverança dos professores que mesmo nas dificuldades não abriram mão de continuar este grande projeto." Thomas Leandro Aracajú, SE
experiência em outros países/localidades) e cursos (Ba Duan Jin e Qi Gong) de curta duração e a organização do espaço tem sido muito interessante dentro de um sistema aperfeiçoado e que serve de parâmetro inclusive para outras escolas de Tai Chi Chuan da Família Yang Tradicional pelo mundo, o que também é um fator bastante motivante. Desde a secretária, instrutores e diretores são solícitos e facilitam muito nosso cotidiano dentro dos cursos, aulas regulares, inscrições e atendimentos diversos. Além do contato os alunos do meu curso, realizo aulas regularmente pela manhã que também tem uma turma bem interessante que estimula a prática e “vira e mexe” combina saídas, almoço ou "Quando penso que poderia dizer da SBTC mesmo de se encontrar na aula mensal no Parque do vem à minha mente "Se você dá a um homem faminto Ibirapuera, o que acaba estimulando nossa prática um peixe, você alimentá-lo por um dia. Se você sempre. ensiná-lo a pescar, você vai nutrir-lo por toda a A Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan tem vida "(Lao Tse). Fui com uma vontade de aprender me auxliado muito nas minhas buscas pela filosofia, e encontrei boas pessoas dispostas a ensinar e história chinesa e na prática do Tai Chi Chuan e transmitir experiências que com certeza vouguardar espero continuar sendo seu frequentador por muito para toda a vida." tempo, aprimorando sempre está arte.” Ramon Suares Carlos Henrique Tapetti Montevideo, Uruguay São Paulo “Conheci a Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan (SBTCC) no final de 2012 quando entrei em contato para saber mais sobre aulas regulares de Tai Chi Chuan, pois estava interessado em conhecer esta arte e depois me especializar para também difundi-la. Fui muito bem atendido tanto ao telefone quanto pessoalmente e me senti acolhido pelo espaço desde o primeiro contato. Como era época de férias, deixei para “testar” minhas dúvidas sobre Tai Chi Chuan em Janeiro. Desde então, comecei praticando duas vezes na semana regularmente e, quando tive a oportunidade deu início ao Curso de Instrutores, modalidade Extensivo. Além deste, participei de encontros, eventos (Seminário Internacional de Tai Chi Chuan da Família Yang, Comemoração do Dia da Primavera, Palestra de Instrutores com
“Quando você pratica Tai Chi Chuan, não importa de que país você vem, chineses ou americanos ou brasileiros, quaisquer de nós, não nos sentimos separados. É claro que o Tai Chi Chuan vem da China, mas na verdade ele beneficia a todo o mundo e é bom para a saúde de qualquer um.” Grão-mestre Yang Zhenduo www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
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Roque Enrique Severino Lama Karma Zopa Norbu Kuen, adido comercial da embaixada chinesa em Buenos Aires. Continuou seus estudos de filosofia oriental antiga, na Faculdade de ensino Livre "San Francisco de Assis" especializando-se na cultura chinesa antiga, o Budismo Chinês e o I Ching. Em 1978 Aos 24 anos mudou-se para São Paulo Brasil fundando a Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental. Em 1978 Inicia seu treinamento Budista na escola japonesa Soto Senshu em SP sob a direção do Mestre Tokuda. Em 1978 - conheceu o Mestre Liu Pai Lin e seu filho o Mestre Liu Chi Ming com quem continuou seus estudos do I Ching o livro das mutações e do treinamento interior do Tai Chi Chuan Em 1980 adquire as terras que serão utilizadas para construir as instalações da Kagyu Dag Shang Choling – Jardim do Dharma – Estas terras foram consagradas pelo Monge Tendai Dokan Yanashigawa em 1990 novamente pelo Geshe Gelupa Lobsang Jamiang em 1990 e posteriormente pelo V.Lama Trinle Drubpa – 1993 Bokar Tulku Rimpoche 1996 e Mingyur Rimpoche 2007 Viagens de Estudo e Meditação - Discípulo direto do Mestre Yang Jun, na linhagem de Tai Chi Chuan da Família Yang - Diretor-Fundador da Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental - Diretor do Yang Cheng Fu Tai Chi Chuan Center de Sao Paulo - Diretor Fundador da Kagyu Dag Shang Choling - Jardim do Dharma Nasceu em Buenos Aires, Argentina. Com a idade de 6 anos iniciou seus estudos sobre o Budismo com sua professora primária, incentivado pelo seus próprios pais. Aos 13 anos junto aos seus estudos primários comuns iniciou estudos de Tai Chi Chuan da linhagem da Família Yang e I Ching com o professor Ma Tsun
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. 1988, República Ocidental da China - onde realizou seu primeiro retiro de meditação com duração de 45 dias no mosteiro da tradição Chan. . 1988, China Continental - estudo do tai chi chuan tradiconal . 1990, Estados Unidos de América - encontro com o Grão mestres Yang Zendhuo bisneto do criador do estilo de tai chi chuan Yang Yang Lu Chan . 1998, 2000, Espanha - centro de retiros Dag Shang Choling - huesca – Lama Drubgyu Tempa . 1988, 1990 Mosteiro de Será Me em Maysore – Karnataka India, . 1993, 1995, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2004, 2005, 2006 Bodhigaya e Mosteiros de Salugara, Sonada Mirik W. B. Índia – Seminários sobre o Maha Mudra oferecidos pelo M.V. Bokar Tulku Rimpoche e cerimônias relacionadas a passagem do M.V.Bokar Tulku . 2002, 2005,2007, 2012 China - Realizando peregrinações as montanhas Wu Tai Shan.
Patrocinou a vinda ao Brasil de Mestres: . Ryotan Tokuda (Japão) Zen soto senshu . Dokan Yanashigawa (Japão) Tendai Shu . Seung Sahn (Coréia) Zen Rinzai . Yukio Ponce (Japão) Shingon Shua . Lobsang Jamiang (Tibete) Mosteiro Será Me . Trinle Drubpa (Tibete) Dag Shang Kagyu . Bokar Tulku Rimpoche (Tibete) Dag Shang Kagyu . Kempo Jampa Donnyo (Tibete) Dag Shang Kagyu . Yang Zhenduo (China) . Yang Jun (China) . Lama Yonten (França) Dag Shang Kagyu . Kempo Osel Gyurme (Nepal) Nigma Tradicion . M.V.Mingyur Rimpoche (Tibete) . Lama Norbu Repa (França) . Lama Nagwang Thenpel (Nepal) Desde 1999 até 2011, organiza junto com sua esposa, a professora Angela Soci, Seminários Internacionais de Tai Chi Chuan no Brasil com a prescença do Grão-mestre Yang Zhenduo e o Mestre Yang Jun, no ano 2013 completa o XIV Seminário. Monografias premiadas pela Sociedade de Cultura Japonesa: . 1981 Bushido: "O código de honra do Samurai" . 1982 Haiku: "Poema Japonês"
Livros e artigos de sua autoria
. 1983 Revista Planeta Especial de Artes Marciais - Editora Três . 1984 Revista Planeta Especial de Zen Budismo - Editora Três . 1985 Tai Chi Chuan para uma vida longa e saudáve l- Editora Ícone . 1987 O Espírito das Artes Marciais - Ed. Ícone . 1994 O I Ching: uma abordagem psicológica e espiritual - Editora Ícone . 2008 DVD “chuva de Bênçãos” . 2009 I Ching o Livro da Sabedoria –uma abordagem budista . 2009 O Espírito das Artes Marciais – filosofia e mística (edição revisada e ampliada)
. 2009 Manual Tibetano Português (Ed. da SBTCC) . 2010 O Coração da Bondade (Ed. SBTCC) . 2012 e 2013 Código de Ética e Moral do Tai Chi Chuan (Revista Tai Chi Brasil - Edições: 14 a 18) Realizou sob a orientação do Ven Lama Trinle Drubpa no ano de 1996 em regime de retiro fechado durante um ano e meio retiro Karma Kamsang, onde realizou o Nongdro". Aprendendo as pujas e treino das Sadanas da Linhagem. Fato registrado pelos próprios Lamas Trinle, Bokar Rimpoche e Kempo Donnyo na sua visita realizada ao Centro em 1996, por ocasião da consagração da Primeira Grande Estupa Dharmakaya da América Latina, construída no centro. Sua casa de retiro foi consagrada pelo Venerável Bokar Tulku Rimpoche, Kempo Donnyo Rimpoche e outros Lamas presentes Desde o ano 1995, na procura pelo entendimento claro e profundo dos ensinamerntos sobre o Mahamudra, acompanhou ao seu Mestre M.V. Bokar T.Rimpoche realizando varias vezes os retiros de Mahamudra nivel I II e III. Recebeu de mãos do M.V.Bokar Rimpoche a Iniciação e o treinamento da Sadana de Milarepa, realizando retiro fechado de 6 meses. E instruções sobre o treino das Tara Verde onde também realizou retiro fechado de 6 meses No ano de 2002 viaja ao Mosteiro de Bokar Tulku Rimpoche na india para receber o ciclo completo de iniciações Shangpa Kagyu oferecido por Bokar Tulku Rimpoche e todos seus lamas. Em 2003 e 2004 recebe do Lama Yontem, em sua residência, ensinamentos sobre o treino do Drub Tab de Mahakala Chagdrugpa Yidam que vem treinando desde 1993. No ano de 2004 recebe das mãos do Mui Venerável Khenpo Lodro Donyod Rinpoche no mosteiro em Mirik o manto (Zen) de Naljorpa assim como as reliquias do seu Guru Raiz Bokar tulku (falecido no mesmo ano) que foram inseridas nas 8 estupas consagradas em 2007. Em 2005 viaja junto com sua esposa, professora Angela Soci a Questa, New Mexico, Estados Unidos, para realizar o seminário de Mahamudra nivel I e II junto ao M.V. Myngyur Rimpoche. Em 2006 e 2007 recebe em São Paulo, mais uma vez, os ensinamentos do seminário de Mahamudra nivel I e II junto ao M.V. Myngyur Rimpoche. www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
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No Centro de Retiros do Jardim do Dharma, realiza Junto com o Ven. Lopon Osel Gyurme, discipulo do M.V. Dilgo Kyentse Rimpoche, 1 retiro fechado de acumulação de mantras nas Cinco Divindades de 30 dias concluindo o mesmo com o recebimento dos Votos do Bodhisatwa que tambem tinha recebido em 2002 de seu Mestre Bokar Tulku Rrimpoche. Em 2005 constrói 8 estupas de 7 metros de altura em memória do M.V.Bokar Tulku Rimpoche Em junho de 2007 participa das cerimônias de consagração das 8 Estupas realizadas pelo M.V. Mingyur Rimpoche. Em 4 de Agosto de 2008, foi recebido, junto aos os seus alunos, em Dharamsala (Índia) por S.S. XVII Karmapa Orgyen Trinle Dorje. Naquela ocasião, entrega a Sua Santidade, um álbum com fotos além de DVDs contendo o histórico do Jardim do Dharma e a construção das 8 Stupas. Participa depois com seus alunos das cerimônias de saída do tradicional retiro de 3 anos do M.V.Yangsi Kalu Rimpoche. Após as cerimônias e de ter realizado suas entrevistas com Kempo Donyo Rimpoche e Kalu Rimpoche, visita o Mosteiro de Dudjom Rimpoche em Kalingpon (Índia), onde recebe instruções sobre as cinco Divindades do Lopom Yamiang. Em Agosto de 2009, por indicação de S.S.Karmapa, encontra-se, juntamente com sua
esposa, professora Angela Soci, com o M.V. Kyabje Tenga Rimpoche, momento em que recebe as iniciações de Dorje Phurpa, os ensinamentos sobre "A União do Mahamudra e do Dzogchen", composto pelo Grão Mestre Karma Chagme. Recebe também a Iniciação das cinco Divindades (Demchok Lha nga) do Oitavo Karmapa Mikyö Dorje, assim como as instruções particulares sobre o desenvolvimento da meditação referente a esta iniciação. Momento em que recebe também a Ordenação Nagpa, na presença dos diretores do Centro Benchen Puntsog Ling, entre outros. A partir daquele ano, passa a ser reconhecido como Lama Zopa. Viaja anualmente a katmandu, Nepal para receber instruções diretas de Kyabje Tenga Rimpoche e S.S.Sangye Nhyengpa Rimpoche. Em Fevereiro de 2013, em Katmandu, recebe de S. S. Sangye Nhyengpa Rimpoche o ciclo completo de iniciações tituladas “Kagyu Nag Dzod” Pertencentes à Escola Karma Kagyu. No mês de outubro, em Espanha recebe de S. S. Sangye Nhyengpa Rimpoche o ciclo completo de iniciaçoes tituladas “Chigshe Kundrul do IX Karmapa Wangchuk Dorje" (1556-1603).
Seminário de Tai Chi Chuan - 103 Posturas Mestre Yang Jun - Outubro 2008
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Maria Angela Soci
- Discípula direta do Mestre Yang Jun, na linhagem de Tai Chi Chuan da Família Yang - Diretora da Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental - Diretora do Yang Cheng Fu Tai Chi Chuan Center de Sao Paulo - Diretora de Assuntos Latinoamericanos da Internacional Yang Family Tai Chi Chuan Association - Formação Academica Superior Incompleta Faculdade de Psicologia - UFRJ - 1978. - Formação Técnica - Praticante de Tai Chi Chuan desde 1978 iniciando seus estudos com o Mestre Liu Pai Lin e continuando com o Professor Roque Severino a partir de 1979. - Curso de Formação de Instrutores de Tai Chi Chuan Estilo Yang - 1979.
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- Instrutora a partir de 1982 pela Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental.Professora a partir de 1988. - Curso particular de aperfeiçoamento técnico na China nas modalidades - Forma Tradicional 103 e Espada Tai Chi e Forma Curta para campeonatos 49 posturas - com o Mestre Yang Zhenduo - quarta geração na transmissão do Estilo Tradicional Yang de Tai Chi Chuan - Maio e Setembro 1998. - Organiza o Primeiro Seminário de Tai Chi Chuan pelo Mestre Yang Zhenduo no Brasil - 1999. - Recebe o Certificado Internacional da Família Yang em Seattle - que autoriza a representar a família Yang no Brasil - no Seminário oferecido em Seattle para aperfeiçoamentos técnicos nas modalidades - Forma Longa Tai Chi - Forma Curta Tai Chi - Espada - Sabre e Tue Shou - Outubro de 1999. - Participa do Seminário de aperfeiçoamento da Forma Tradicional e Sabre Tai Chi em Roma Maio de 2000 - Organiza o Segundo Seminário de Tai Chi Chuan no Brasil pelo Mestre Yang Jun - Novembro 2000. - Participa do Segundo Seminário de aperfeiçoamento técnico nas modalidades Tue Shou - Bastão - Forma Curta para campeonatos da Família Yang - Seattle - Janeiro 2001.
Outros cursos
* I Ching - Curso sobre a filosofia do Livro das Mutações - Mestre Liu Pai Lin - 1983 - Tao Yin - Treinamento Interior com o Mestre Liu Pai Lin em 1985. * Budismo - Com o Mestre Ryotan Tokuda desde 1978 a 1991 - Com o Mestre Seung Shan Budismo Zen Coreano desde 1983 a 1985 - Com o Mestre Dokan Yanashigawa Budismo Tendai Japonés desde 1984 a 1988. * Com o Mestre Yukyo Ponce - Budismo Shingon (Esotérico Japones) desde 1984 a 1985 - Com o Doutor em Teología - Geshe Lobsang Jamyang (Budismo Tibetano desde 1991 a 1992) - Com o Lama Trinle Drubpa (Budismo Tibetano Escola Kagyupa) desde 1993 a 1997.
A professora Angela Soci viajou para vários países para estudo e aprendizado, entre eles: * Índia - 1990 - 1993 - 1995 - 1997 onde manteve encontros e participou de retiros intensivos em mosteiros com os lamas tibetanos morando nas seguintes Universidades Monásticas - Sermey (Escola Gelugpa), Sonada - Salugara e Mirik (Três mosteiros da escola Karma Kagyu). * República Popular da China - China Continental - Maio e Setembro de 1998 - quando
recebe instruções particulares na residencia do Mestre Yang Zhenduo, quarta geração na transmissão do Estilo Yang de Tai Chi Chuan. Saiba mais sobre este histórico. * Seattle - EUA - Outubro de 1999 - recebe das mãos do Mestre Yang Jun, o Certificado que autoriza a abertura do Yang Chengfu Tai Chi Chuan Center Brasil, representante oficial da Família Yang no Brasil. * Roma - Itália - Maio de 2000 - participa do Seminário oferecido pelos Mestres Yang Zhenduo e Yang Jun, aperfeiçoando a Forma Sabre, Forma Tradicional de Tai Chi Chuan e Tue Shou. * Seattle - EUA - Janeiro 2001 - Seminário sobre Bastão, Tue Shou, Forma Curta para campeonatos, estilo Tradicional da Família Yang, com o Mestre Yang Jun. * República Popular da China - China Continental - Julho de 2002 - liderando a seleção brasileira com dois grupos que obtiveram notas excelentes um deles a maior nota entre os participantes estrangeiros no I Campeonato Internacional do Estilo Yang Tradicional. www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
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Os professores Roque Severino e Angela Soci são formalizados como discípulos do Mestre Yang Jun, atual detentor da linhagem de Tai Chi Chuan da Família Yang Nas Artes Marciais, o discipulado é um marco de grande importância. Um aluno pode aprender de um professor por toda uma vida e nunca ser aceito como um discípulo e a maioria dos alunos não se tornam um discípulo. Ao mesmo tempo, nem todo instrutor que ensina, está qualificado para aceitar discípulos. Mestre Yang Jun é a 6ª geração da Família Yang de Tai Chi Chuan e o futuro detentor do Estilo da Família Yang de Tai Chi Chuan. Depois de estudar o Estilo Yang por quase 40 anos, com a idade de 44 anos, com as bênçãos do Grão Mestre Yang Zhenduo, Mestre Yang Jun aceitou seu primeiro grupo de discípulos no dia 5 de Agosto de 2012 em Taiyuan, Shanxi, China. Esta importante cerimônia também conhecida como Bai Si, foi supervisionada pelo Grão-mestre Yang Zhenduo e testemunhada pela própria esposa do Grão-mestre, pelo Grão-mestre do Estilo Sun, Sun Yongtian, Grãomestre do Estilo Wu, Ma Hailong, Mestre do Estilo Chen, Chen Juan, e Mestres do Estilo Yang, Yang Bin e Fang Hong, junto com outros dignatários e 300 entusiastas do Tai Chi vindos de todo o mundo. O editor da Revista Tai Chi Brasil, Levis Litz, também esteve presente ao nobre evento. Os novos discípulos, do Brasil foram Roque Severino e Angela Soci, do Canadá, Sergio Arione, da Itália, Claudio Mingarini e Giuseppe Torturo, dos Estados Unidos, Eric Madsen e Edward Moore, como também, Nina Yang e Jason Yang (filha
de 20 anos e filho de 10 anos do Mestre Yang Jun). O discípulo mais velho tem 60 anos de idade. Excetuando Jason Yang, todos os discípulos tem uma história longa de aprendizado do Tai Chi. Os discípulos do Brasil Roque Severino e Angela Soci são praticantes dedicados ao Tai Chi e tem ensinado o Tai Chi da Família Yang no Brasil desde 1978. A cerimônia seguiu o protocolo mais tradicional e foi belamente preparada com todos os arranjos necessários. No grande salão haviam fotos do criador do Estilo Yang Mestre Yang Lu Chan (1799-1872), Yang Jian Hou (18391917) e Yang Cheng Fu (18831936). Na frente das fotos, um altar foi elegantemente preparado com oferendas de flores, velas e alimentos. No inicio da cerimônia, Mestre Yang pediu a permissão do Grão-mestre Yang para apresentar seus discípulos e aceitá-los dentro da família. Uma vez permitido, o Grão-mestre Yang endereça aos seus ancestrais, junto com Mestre Yang Jun e sua esposa Fang Hong detrás dele. Logo em seguida, um por um dos novos discípulos, apresentaram a solicitação formal ao discipulado, fizeram prostrações e ofereceram chá ao Mestre Yang Jun e sua esposa. Cada um dos novos discípulos recebeu um Certificado de Discípulo. Os discípulos receberam nomes marciais chineses que começam com Yang como nome de família, nome do meio Ya que significa graça, elegância e o nome pessoal de cada um.
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Mestre Yang Jun começou seus treinamentos com o Grãomestre Yang Zhenduo aos 5 anos de idade. Tem proficiência no Tai Chi Chuan, Espada, Sabre, Tue Shou e muitas outras formas. Em 1982, Grão Mestre Yang começou a ensinar no exterior. Mestre Yang Jun acompanhou seu avô por todo o mundo, auxiliando-o nos ensinamentos. Depois de quase 20 anos e dezenas de seminários pelo mundo, Mestre Yang Jun tornou-se um verdadeiro Mestre. Em anos recentes, Mestre Yang tem realizado seminários por si mesmo através do mundo e ganhou a admiração e o respeito de entusiastas do Tai Chi Chuan em todos os lugares. Com todo seu trabalho duro e realizações, o Grãomestre Yang Zhenduo finalmente reconheceu as contribuições do Mestre Yang Jun, suas habilidades e o aceitou como um discípulo interno e, além disso, o tornou o futuro mantenedor da linhagem no ano de 2009. Ainda levaram três anos até que Mestre Yang Jun aceitasse discípulos próprios. Pelas próprias palavras do Mestre Yang Jun, este passo que a Família deu em direção a reavivar a Tradição do Discipulado, tem por objetivo demonstrar ao mundo que se pode contemporizar tradição e modernidade, preservando os mais altos valores éticos e morais das artes marciais, no mundo contemporâneo através de praticantes dedicados e desejosos de seguir o caminho interno da Família Yang.
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Top 10
Tai Chi Chuan
Estilo Tradicional da Família Yang 10 razões para que você conhecer
1 - É um Estilo Tradicional Vivo!
Por Angela Soci
2 - Seus Mestres atuais estão vivos e mantém a tradição.
3 - Seus Mestres se inserem no mundo contemporâneo contemplando novos métodos de ensino. 4 - Seus Mestres respeitam e convivem com Mestres de outros Estilos.
5 - Suas técnicas são adaptadas aos diversos contextos da Sociedade Atual.
6 - Seus métodos respeitam os limites dos praticantes e não lesionam o corpo. 7 - É um estilo que acolhe praticantes no mundo todo, por ter sido o mais difundido. 8 - Incentiva e enfatiza a prática da ética e da moral. 9 - Enfatiza a elevação do Espírito e a convivência pacífica entre as pessoas. 10 - Não é competitivo.
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Anexo
Código de Ética e Moral do Tai Chi Chuan (Tai Ji Quan)
Por Roque Severino Textos do autor originalmente publicados na Revista Tai Chi Brasil - Edições: 12 a 18. www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
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Seja obediente e respeite seu professor “Meus pais me deram a vida, meu mestre me fez um homem”
Bushido – Código de Honra do Samurai
O Mestre
O Mestre representa aquele que vai colaborar com este aluno no caminho místico de aprender a estar em paz consigo mesmo. Por este motivo o respeito devido a um Mestre é de crucial importância e pode ser evidenciado de modo bem simples. Para cumprimentá-lo de maneira tradicional, segundo os costumes chineses, se forem os Mestres da Família Yang: unem-se o punho direito e a mão esquerda aberta cobrindo o punho, e dirigindo-se a eles como Yang Lao Shi Hao (Mestre Yang, bom dia!) ou Yang Lao Shi Zai Jian (Mestre Yang, até logo!). Outro item importantíssimo é que o aluno sempre necessita esperar em silêncio que o Mestre venha a oferecer seus ensinamentos. O Mestre representa a Tradição Iluminada que provém dos lugares sagrados do Oriente, então é fácil entender o respeito que o aluno deve para com seus instrutores e em especial com seus Mestres. O Bushido, Código de Honra do Samurai diz: “meus pais me deram a vida, meu Mestre me fez homem”. Quando nos dirigimos a um Mestre, chamamo-lo – no caso dos Mestres Yang: “Yang Lao Shi” Na tradição do Tai Chi Chuan é considerado Mestre quem ultrapassa os 30 anos de
treino e ensino da arte. Ao mesmo tempo é reconhecido perante as cinco Famílias de Tai Chi Chuan através de uma cerimônia assim como o Quarto Patriarca Grãomestre Yang Zhenduo o fez com o seu neto e discípulo Yang Jun, em cerimônia realizada em Nasvilhe, EUA em 2009. Quando na presença dos Mestres tem que se mostrar deferência a eles em todas as circunstâncias. Quando eles entram num recinto, nos lugares onde são realizadas as práticas deve ser oferecida uma cadeira. Caso haja uma única cadeira no recinto, esta deve ser reservada ao Mestre, os demais permanecendo de pé ou sentados no chão. Se eles necessitarem de assistência para se levantarem ou saírem, esta deve ser imediatamente oferecida. Em geral, os Mestres são muito humildes e não expressam todas as suas necessidades. A humildade e o desapego que demonstram, no entanto, não significa que não tenham necessidades. Por isso, suas necessidades devem ser cuidadosamente atendidas, o que às vezes exige muito planejamento e observação. Por exemplo, o Mestre pode ter alguma necessidade relacionada a sua alimentação e pode não mencioná-la para não incomodar aqueles que o estão hospedando. Se não se pergunta nada a ele a respeito, aceitará a comida que lhe será oferecida, embora isso até possa ser prejudicial para a saúde. Como o Mestre é
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um precioso detentor dos ensinamentos, agindo de maneira não egoísta, às vezes às custas de sua própria saúde, cabe aqueles que o recebe zelar para que suas necessidades sejam atendidas, protegendo-o do que lhe pode ser nocivo. Isso vai desde pequenas coisas como lhe garantir suficiente quantidade de chá ou água quando está ensinando, comida adequada, até mesmo verificar se sua agenda não está sobrecarregada. A este respeito, como qualquer outra pessoa, o Mestre necessita de tempo para repouso e meditação. Também, não é apropriado perguntar-lhe questões sobre os ensinamentos durante refeições, período de repouso etc., ou em locais não apropriados como num carro, num restaurante etc. Tudo o que se deseja do Mestre deve ser precedido de sua permissão, marcando-se local (que pode ser a própria casa de quem solicita) e horário para o atendimento do que foi solicitado. Enquanto o Mestre está oferecendo seus ensinamentos, é considerado como uma grave falta de conduta: chegar atrasado, (neste caso há que ficar esperando fora do recinto do treino até que os Mestres o autorizem a entrar), sair do recinto sem pedir permissão, deitar dirigindo as pernas abertas para o Mestre, dormir enquanto está se oferecendo ensinamentos, é considerada uma atitude de
grande desrespeito, interromper o Mestre com perguntas antes dele não abrir para as questões.
uma pessoa que é um ‘amigo virtuoso’. No Japão chama-se de Sensei e, na China, Shi Fu. Ainda que as palavras sejam diferentes o conteúdo é o mesmo, já que O Mestre nos primórdios foi a Índia quem e a Linhagem influenciou a China, e a China depois o Japão, Coréia e o sudeste Nada há no universo, Asiático. seja objetivo ou subjetivo, que Então, em se associando careça de formas. Pensemos que com o Shi Fu, a pessoa as ideias são tais porque estão desenvolveria qualidades diferenciadas, ou seja, porque tem espirituais positivas que não forma. poderiam ser adquiridas por Nenhum ensinamento qualquer outro meio. Este vindo do Oriente ou da Ásia fala termo não se aplica a qualquer que um ser que tenha atingido o amizade formada ao longo do estado de Buddha, ou a mestria em caminho espiritual. Deveríamos alguma arte, o tenha conseguido nos preocupar em não abusar sem passar pela orientação de da palavra Shi Fu. Temos que um Mestre espiritual. Pode-se entender, de fato, em que fase constatar igualmente, por si um Mestre se torna nosso Shi próprio, que ninguém jamais Fu, e o que qualifica alguém fez nascer em si as qualidades para ser conhecido como um Shi adequadas aos níveis e as vias Fu. Não devemos escolher o corretas, à sua maneira e esforços Mestre somente porque alguém próprios. tem personalidade ou carisma, No que se refere a se ou por causa da sua reputação engajar no caminho da libertação ou fama. Tais critérios são e da onisciência, todo o ser, meramente emocionais. São inclusive nós mesmos, mostra um critérios muito fracos para ser a talento particular em descobrir base para uma relação que deve falsos caminhos, como cegos existir por muito tempo. Mas perdidos sem amigos no meio de para estabelecer as qualidades uma estepe deserta. essenciais de um mestre, temos Ninguém jamais trouxe que confiar nas escrituras. Uma joias de uma ilha de tesouro sem pessoa que ensinou a você ter recorrido a um navegador. Na durante numerosos seminários e verdade é necessário recorrer a sessões de meditação não é um um amigo espiritual, o verdadeiro Shi Fu. Ele é um professor, talvez guia que conduz ao despertar e à também um amigo espiritual. onisciência. Etimologicamente falando, Este guia espiritual é por exemplo, a palavra Guru denominado comumente pela utilizada nos meios espiritualistas, palavra ‘Guru’. A palavra deriva deriva diretamente da palavra do termo de sânscrito antigo do sânscrito Guhyarucita. Kalyanamitra. Kalyana quer “Guhya” quer dizer segredo, dizer virtuoso. Mitra quer dizer “rucita” significa o proprietário. o amigo. Juntos, o termo denota Se a palavra inteira pudesse
ser traduzida seria algo como “proprietário de conhecimento secreto”. Então, uma pessoa não pode ser nosso Guru até que ele nos passe o conhecimento secreto de uma maneira prescrita. Quando entramos na procura da Iluminação, estamos buscando conhecimento secreto não apenas para nosso próprio benefício, mas para os outros também. Segue que temos que achar uma pessoa com as credenciais mais altas para nos ensinar. Até mesmo em assuntos mundanos como conserto dos canos da cozinha, quereremos assegurar-nos que a pessoa que faz o reparo é um encanador qualificado. Mas muitas pessoas não parecem se preocupar com credenciais quando escolherem um Mestre. Elas frequentemente decidem simplesmente na base da reputação de uma pessoa, ou na habilidade para atrair multidões. Isto não quer dizer que não se deve assistir a ensinamentos de Mestres populares. Mas aqui nós estamos nos referindo especificamente ao papel do Guru ou Shi Fu. Baseado no Guru está a orientação com que a pessoa vai guiar a sua prática espiritual, seu conhecimento espiritual e suas realizações espirituais. Quando tentarmos adquirir conhecimento ou práticas com os livros, não estamos preparados para qualquer resultado ou experiências que podem surgir. Muitos estudantes ficam confusos porque têm um Shi Fu do outro lado do mundo que eles raramente podem ver. Eles não podem desenvolver uma relação próxima. Têm uma ligação meramente emocional, ou uma espécie de pacto. Eles não têm a proximidade do
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conhecimento detalhado sobre as práticas e experiências internas do Tai Chi Chuan. Se você tem certas experiências e não pode falar com um professor que você considera como seu Mestre, as circunstâncias não estão colocadas num relacionamento de Mestrediscípulo. Um grande perigo na procura de um Shi Fu é a tentação de focar em alguém que é elevado e famoso. Seguidores de tal Mestre podem sentir como se eles fossem parte de algo importante, mas não vão conseguir muito disto porque ele [o Mestre] não é muito acessível. A pessoa não adquire proximidade bastante para aprender os fundamentos. É dito que aquele Mestre deve ser alguém que é acessível, junto de quem a pessoa pode fazer tudo, não apenas coisas espirituais. Deve haver muitos anos de amizade bem construída. Estamos falando sobre um Mestre que nos ajudará, encorajará e nos guiará, não o oposto. O que não ajuda o estudante não é Shi Fu. O que não continua inspirando não é Shi Fu. O que não está disponível não é Shi Fu. Ele não deve ser um objeto, um mero ídolo. Ele deve ser um Mestre qualificado. Ele deve dedicar-se profundamente ao discípulo a qualquer momento. Tem que ter [ou ter tido] um registro de provado discipulado com um Mestre vivo. Tem que continuar vendo este Mestre [se estiver vivo] como nós vemos nosso Shi Fu, e tem que continuar emulando o seu exemplo. Há um perigo quando as pessoas confiam somente na orientação de não-humanos. Algumas pessoas podem falar
diretamente sobre transmissões receptoras de algum ser místico. Mas se sua relação permanecer puramente neste plano místico e nunca no nível humano, ela não desenvolverá o respeito e obediência que um discípulo precisa mostrar. Tais pessoas não têm nenhuma experiência de discipulado com um professor humano. A pessoa tem que experimentar os pontos fracos do Shi Fu da mesma maneira que as suas qualidades espirituais. Devemos poder achar o anel de ouro entre a pilha de adubo. O ponto aqui é que se deve apreciar o ouro junto com o adubo, não só o ouro. Os que só tratam do ouro não desenvolverão uma relação profunda. Nem duradoura. Tenderão a permanecer no nível de um Mestre exterior, quando o que realmente necessitamos é desenvolver o Guru interno. Isto é o que acontece quando nós crescermos. Mas não podemos fazer isto sem a ajuda de uma pessoa especial que age como um modelo e guia. Precisamos desta especial ajuda para desenvolver nosso ser espiritual interno que, percebemos, está muito mais além do eu usual. Quando desenvolvemos uma real relação de Mestre-discípulo, ele nos inspirará, desenvolvendo nosso Mestre interno. Acharemos então que a voz deste Shi Fu interno que não é diferente da voz do Shi Fu exterior. Frequentemente em algum nível sabemos o que devemos fazer, mas não escutamos o que aquela voz interna suave está nos dizendo. Isto significa que a influência do nosso Mestre exterior não está completamente estabelecida.
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Um olhar mais profundo Não criticar e respeitar o mestre: criticar ou não respeitar o mestre e não ter em conta a hierarquia natural da linhagem, se o Mestre principal não está no lugar, o professor mais antigo é o que o substitui, e temos que olhálo como o próprio mestre, se ele não estiver o professor o segue e se não há nenhum professor no lugar, é o próprio altar onde se colocam as fotos dos Mestres da nossa linhagem. Por isso respeitar o nosso Mestre quando ele não está presente é ter em conta o lugar do treino onde estamos, temos que deixá-lo limpo, não deixar apodrecer as coisas sobre o altar. Se o mestre está presente, é nós convivemos com ele na mesma área, seja uma fazenda ou uma comunidade Tai Chi, é importante quando acordamos e nos levantamos pensar nele e ir até onde ele está para lhe apresentar respeito. Antigamente se fazia 3 prostrações e lhe oferecíamos a nossa cabeça para que nos abençoe e depois sair. Agora, se nós estamos responsáveis pela vida de nosso Mestre, temos de entender que também somos responsáveis pela vida e conforto de todo o que seja necessário para toda a família do mestre. Não podemos tratar muito bem Ele, porém depreciar seu cônjuge, filhos e demais parentes. Ao ingressarmos na sua Família, a mesma passa a ser a nossa Família, então é claro que não podemos ser desrespeitosos para qualquer membro da mesma.
O nosso Mestre observa constantemente os discípulos, não para criticá-los, para lhes fazer dano, ou mostrar os erros, e sim para poder lhes ensinar o necessário segundo a emoção perturbadora ou o obstáculo que este discípulo tenha, os ensinamentos podem ser formais ou informais, com o trabalho, com o olhar, com um sorriso, um toque, um golpe, uma comida, enfim, qualquer tipo de ação durante a vida.
O principal é que o Mestre e o discípulo aceitem esta relação, se o discípulo não aceita esta relação com o seu Mestre, é importante que se o diga e que lhe pergunte sempre o que não compreende ou o que o choca e porque não lhe considera seu Mestre, então é melhor falar. Quando o aluno não encontra no Mestre que está lhe ensinando a confiança necessária para realizar sua entrega e assim receber os ensinamentos
preciosos, ainda assim ele o pode enxergar como um mestre de filosofia ou como um mestre de disciplina, porém devemos sempre reafirmar que é o discípulo que tem que deixar claro o tipo de relacionamento que quer manter com o Mestre. É sempre o discípulo que deve ir ao mestre e lhe comunicar qual é a sua verdadeira intenção, se ele não vai ao mestre, o mestre somente lhe ensinará a técnica básica do Tai Chi Chuan.
Anteriormente apresentei a forma de como nós devemos apresentar e olhar a figura do Mestre. A partir do texto a seguir, apresento-lhes as diretrizes que se apresentam aos estudantes e instrutores, não só de Tai Chi Chuan, mas de todas as artes marciais. É o meu desejo que possam aproveitar estes ensinamentos.
Seja honesto e mantenha suas promessas Quando falamos sobre o Tao do Tai Chi Chuan, falamos principalmente sobre as práticas de: 1 - Escutar os ensinamentos. 2 - Contemplar o significado daquilo que ouvimos e 3 - meditar sobre o significado daquilo que entendemos. Usamos essa forma de ouvir, contemplar e meditar para trazer o ensinamento à nossa experiência de vida , desta forma estas três atividades são da maior importância. Escutar os ensinamentos quer dizer escutar com o coração e não com a mente discursiva. Dentro deste contexto nós podemos encontrar três tipos de
alunos que se assemelham a três copos: a - O primeiro tipo de aluno é como um copo que está de boca para cima, porém está rachado, aos poucos esquece todo o ensinamento oferecido pelo seu professor. b - O segundo tipo de aluno é como um copo que está de boca para cima, porém tem veneno dentro, tudo o que ele escuta o reinterpreta de acordo com a sua conveniência pessoal, adulterando e comprometendo os ensinamentos originais. Mistura suas interpretações próprias sem sequer se dar o trabalho de conferir se sua abordagem é correta ou não. c - O terceiro tipo de aluno é aquele que todos nos devemos tentar ser, ou seja aquele que escuta com o seu coração, treina em silêncio e quando encontra uma dificuldade imediatamente pergunta ao seu mestre. Ele, ao mesmo tempo, ao comprovar o
difícil que é aprender já tornase humilde e um verdadeiro colaborador de seu professor na arte de ensinar aos seus colegas principiantes. Este é o aluno que é difícil de encontrar. Hoje em dia, encontramos muitos que, apenas conhecendo um pouco a forma de Tai Chi, já se autodenominam mestres, obrigando seus alunos a serem chamados de mestres. O verdadeiro Mestre não obriga ninguém a chamá-lo assim, simplesmente o aluno por si só sabe que ele está na presença de um mestre. Não esqueçamos que o verdadeiro poder da prática do Tai Chi Chuan consiste em sermos capazes de domar nossa própria mente. Se tudo o que fizermos for treinar mecanicamente as posturas, ou treinar de tempos em tempos, isso pode ser benéfico,
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mas não será o suficiente para domar nossas mentes e atingir uma realização maior. Em vez disso, para domar nossas mentes, necessitamos nos observar e compreender o porque – por exemplo – não conseguimos assimilar um ensinamento em especial quando o mesmo implica em relaxar e realizar um movimento circular. Assim, o fator primário para termos sucesso em domar nossas mentes está atrelado a treinar corretamente as posturas fixas, ser capazes de realmente escutar as indicações de nosso professor, e depois tentar seguir aos outros seja no treino da forma ou no treino a dois (tue shou). Em especial, no treino a dois, encontramos muitas dificuldades, sejam elas externas (no aprendizado da técnica) e internas (no tocante ao relacionamentos com os nossos colegas), estas dificuldades nos mostram o que deve ser trabalhado e transformado. Neste momento, o treino do Tai Chi Chuan adquire praticamente o estágio da Meditação em Movimento, entendendo a palavra Meditação como um sistema que nos leva a prestar atenção aos nossos estados mentais, por este motivo antigamente o Tai Chi Chuan era conhecido como o treino do “Zen em pé”. Também o aluno deve encontrar a real motivação ao treinar o Tai Chi Chuan, ou seja, a razão fundamental do seu treino. Aqui é que tornase necessária a verdadeira honestidade, seja para com a arte, seja para com o nosso Mestre e amigos de treino.
Meu primeiro mestre, no ano de 1973, o Sr. Ma Tsun Kuen, sempre nos falava, “se você me pede bala eu lhe darei bala”. Isto ele respondeu a um aluno que lhe perguntou porque ele falava de que o Tai Chi Chuan outorgava poder as pessoas. Ele respondeu que as pessoas queriam aprender Tai Chi Chuan para ter poder pessoal. Não quer dizer que ele gostava disso, isso era o que seus alunos queriam. Então a honestidade tanto do professor como do aluno é profundamente importante. O aluno deve falar para o seu professor o porque quer treinar Tai Chi Chuan e o que espera conseguir com dito treino, e o professor deve ser capaz de falar para seu aluno se ele tem ou não capacidade de ajudá-lo nesse caminhar. Hoje em dia, muitas vezes encontramos que tanto o aluno como o professor não tem suas intenções claras e definidas. Lembremos que a mais alta meta em treinar Tai Chi não é querer matar nem ferir alguém e sim é convencer o inimigo a ser nosso amigo, isto não é um subterfúgio para vencer o mesmo, é o sincero sentimento de que não há necessidade nenhuma de que sejamos inimigos de alguém. Também esta meta, dentro do treino específico do Tai Chi Chuan, surge do coração compassivo que olha as emoções aflitivas e o sofrimento que as mesmas causam aos seres, então o verdadeiro praticante de Tai Chi Chuan se compromete a não ser ele a fonte de sofrimento e sim assume o compromisso de ajudar aos
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outros a encontrarem uma saída aos seus próprios sofrimentos. Nunca um bom praticante acusa aos outros, ele simplesmente ajuda aos outros. O Sr. Buda nos fala: “Quando nos relacionamos com os seres, devemos pensar em três coisas fundamentais. Vou ser causa de sofrimento? Se sim, então devemos ponderar. a - Sobre o nosso próprio sofrimento, b - sobre o sofrimento causado ao outro e c - sobre o sofrimento aumentado e compartilhado que surge desse relacionamento “ Para isto é necessário uma profunda honestidade. Ser honesto consigo mesmo, ser severo consigo mesmo e compassivo com os demais. Como diz Sua Santidade o XVII Karmapa Orgyen Trinle Dorje: “Se você pudesse apenas desistir de pensar sobre o que você pode fazer para se tornar famoso ou para conseguir engrandecer seu nome e, em vez disso, se dedicar à felicidade em vidas futuras e, não apenas isso, à atingir a budeidade - se você fizesse isso, então isto seria uma prática genuína do caminho espiritual” “ Não sendo assim, simplesmente sentar dizendo que está meditando, ou simplesmente passar os olhos em um livro espiritual de nada vai lhe servir.” O mesmo se aplica ao Tai Chi Chuan, treinar para o dia de amanhã poder ter cinco
relações sexuais por semana será como perder toda uma fortuna acumulada numa vida inteira, num dia de corridas de cavalo. Uma perda inestimável. Diz S.Santidade: “O ponto principal é que, se queremos ser praticantes espirituais verdadeiros, precisamos nos tornar praticantes independentes, pessoas que realmente sabem como praticar aprendendo a ser totalmente diretos e honestos com nós mesmos. Poderíamos pensar que vamos poder estar sempre sentados em frente a nosso mestre e praticar o dharma sempre recebendo conselhos dele ou dela sobre o que devemos ou não fazer. Mas se sempre necessitarmos de orientação, nem sempre vamos ter próximo a nós alguém que nos possa dá-la”. ”Sendo assim, temos que aprender a prestar atenção ao que está acontecendo em nossas mentes e identificar quais são os nossos defeitos, quais são nossas qualidades, e de que maneira se distingue defeitos de qualidades. Em vez de olharmos continuamente para algo que está fora de nós, temos que desenvolver a capacidade de prestar atenção de maneira cuidadosa e perspicaz àquilo que está acontecendo dentro de nós, de maneira que possamos nos tornar capazes, praticantes espirituais autônomos”. Reflitamos sobre isto!
Seja virtuoso e justo
especial dos eruditos Budistas e Confucionistas, muitos deles falam constantemente da lei da ação e da reação (karma) porém, Um místico do Sec.VII ao olharmos seu comportamento – Guru Rimpoche - falou: “Ser virtuoso não apenas significa vestir mais de perto, percebemos que mantos amarelos; significa temer o eles não acreditam naquilo que amadurecimento do karma”. ensinam aos seus alunos, já que No tocante ao treino do Tai infringem constantemente esta lei Chi Chuan, o treino da virtude está de retribuição. intimamente ligado ao caminho Ao ensinar Tai Chi dos instrutores qualificados. Chuan aos nossos amigos, nos Muitas vezes os mesmos possuem apresentamos aos mesmos ou técnicas que lhes possibilitam se como eruditos, ou como mestres sobressair sobre os seus alunos ou de técnica, ao mesmo tempo nos outros instrutores menores. Este tornamos confidentes, amigos momento é muito perigoso, porque íntimos, um pouco psicólogos, um a arrogância venenosa de se sentir pouco padres. Os alunos muitas “superior” ou o “único conhecedor vezes depositam em nossas mãos da verdade” torna o instrutor em as suas frustrações, sonhos e questão um manipulador dos fantasias. fracos. A partir deste momento é Se não pudermos suportar, que este pretenso instrutor passa a ainda que seja minimamente, demonstrar um caráter grosseiro, este fardo, então não seja um violento e imoral. instrutor de Tai Chi Chuan, seja Tivemos um caso aqui simplesmente um aluno. em São Paulo em 1990, quando Para se tornar um tive de ir comprar uma passagem verdadeiro professor de Tai Chi de avião, numa companhia de Chuan o mesmo deve aceitar turismo, o atendente, ao me o compromisso interno de ser perguntar qual era minha profissão, Virtuosos no início, no meio e no lhe respondi que era instrutor de fim de sua vida. Tem um pequeno Tai Chi Chuan e ele passou a me poema que nos incentiva a trilhar agredir verbalmente. Quando lhe este caminho que nos fala: perguntei o que tinha acontecido, me respondeu que tinha sido aluno “Tendo abandonado de um instrutor de Tai Chi Chuan completamente que tinha golpeado ele utilizandoos quatro tipos de preguiça. se das técnicas do Tai Chi. Que me impedem de obter A partir deste incidente, ele começou uma campanha de virtudes não ainda esclarecer ao seu público o quanto atingidas. E de melhorar era ruim treinar o Tai Chi Chuan. ainda mais aquelas que Vale dizer que nunca se recuperou já tenho. Possa eu deste incidente. desempenhar um Os mantos amarelos esforço jubiloso nas são, no Oriente, símbolo das pessoas instruídas e em práticas virtuosas.” www.RevistaTaiChiBrasil.com.br
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Prestem atenção que aqui falam “quatro preguiças” e quais são? A primeira é a pura falta de vontade de se fazer qualquer coisa. A segunda é quando sempre deixamos para amanhã o que deveríamos fazer hoje. A terceira é a pior de todas, que e somente realizar coisas negativas, desprezar aquele que faz coisas positivas e induzir os outros a fazer o negativo em detrimento do positivo. Isso é realmente uma forma muito ativa de preguiça e muito disseminada na nossa sociedade moderna. Fazemos qualquer coisa para incrementar nosso estilo de vida com carros, aviões, celulares, computadores , etc..., e nunca encontramos tempo para treinar. No entanto, sempre encontramos tempo para fazer fofocas inúteis,
jogar, bater papo, ver televisão, ler jornal, ir a bares e discotecas e ficar até muito tarde da noite. Em outras palavras, para fazer todas aquelas coisas mundanas que em última análise em nada colaboram com o nosso desenvolvimento interno nem no nosso crescimento espiritual. O quarto tipo de preguiça é quando dizemos: “Ah! não sou capaz de fazer isso” ou ainda “esse trabalho é muito difícil para mim”. Esse tipo de preguiça cria bloqueios na nossa mente e nos torna pessoas passivas, aumentando assim a percepção de nossas fraquezas, o que nos leva diretamente ao fracasso e a termos raiva daquele que consegue alguma coisa de positiva. Também nos fala do “Esforço Jubiloso”, ou seja, o Entusiasmo, que é o antídoto para a apatia e a preguiça. O
Tenha coragem e correção de seus atos
nosso coração, já que a palavra coragem tem a mesma raiz que a palavra francesa coeur, que “A Covardia diz - É seguro? significa coração. Dentro do contexto do Avareza diz - Há ganho? Vaidade diz - Serei famoso? treinamento do Tai Chi Chuan, a coragem está intimamente Luxúria diz - Há prazer? relacionada com a virtude da perseverança e da paciência. Consciência diz - Está À medida que vamos nos correto? tornando familiarizados com os Siga sua consciência.” treinos mais internos do Tai Chi, Swamy Sivananda vamos descobrindo nossas falhas, Muitas vezes confundimos nossos medos, nossas esperanças. Muitas vezes vem à nossa mente coragem com atos desesperados lembranças de velhos momentos de bravura. A coragem é mais um traumáticos. Isto me chamou sentimento interno que surge do
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verdadeiro entusiasmo surge de termos uma real comu-nicação com a fonte da nutrição espiritual. Não adianta falar do espírito e dos mestres, olhar filmes de kung fu e Tai Chi, sonhar com um relacionamento de mestre e discípulo se não somos capazes de estar ao lado de um. Na próxima seção estarei apresentando mais dois itens do Wu De, ou o Código de Ética do Tai Chi Chuan, espero que estas palavras sejam de inspiração para todos os praticantes e instrutores desta arte maravilhosa. Todo o material relacionado ao Wu De, me foi pedido pelo Mestre Yang Jun, Quinto Patriarca da Família Yang de Tai Chi Chuan, para formar parte do código de ética dos alunos e professores do Ocidente. Aproveitem! Que tudo seja auspicioso!
muito a atenção nos primeiros anos de ensino do Tai Chi em São Paulo, as pessoas vinham a nossa escola simplesmente motivada pela curiosidade do momento. Algo novo estava acontecendo, o Tai Chi estava na boca do povo, e todo mundo queria treinar, vinham atrizes da TV e com elas muito público. Porém, passados os primeiros meses de treino, as pessoas começavam a faltar e a desistir do treinamento, isto nos levou a realizar uma pesquisa entre os próprios alunos, perguntando sobre o que acontecia com eles,
à medida que iam treinando. Praticamente 100% dos mesmos nos falavam que depois do primeiro momento muitas lembranças do passado vinham a mente e muitos não queriam de nenhuma forma mexer nelas, aliás vinham a treinar Tai Chi para se esquecer dos seus problemas, não para resolver os mesmos. Constatar esta situação nos obrigou a mudar a forma de apresentar o Tai Chi e até a oferecer palestras de esclarecimento para que as pessoas pudessem entender que o Tai Chi Chuan não era somente mais uma ginástica e sim um sistema completo de saúde mental, emocional e físico. O mais interessante é que ainda hoje as pessoas não conseguem entender que mente, emoção e físico são um todo coerente e não três coisas separadas. Na China antiga, os médicos não tratavam o corpo doente, a medicina chinesa – do qual o Tai Chi Chuan forma parte – é essencialmente preventiva, já que tratar de uma pessoa onde a doença já está instalada é como querer começar a fabricar armas quando a nação já foi invadida. Seguramente que nada de bom poderá acontecer. Então, pelo Tai Chi Chuan ser preventivo, ele visa fortalecer, antes do corpo, a nossa emoção e mente, na medida em que a nossa emotividade torna-se mais calma e nossa mente mais tranquila e que nosso corpo começa a demonstrar a boa saúde, e nunca ao contrário.
Começamos pelo corpo físico, porque o aluno em questão está focalizado exclusivamente nele, não porque o corpo físico seja origem de algo e sim porque ele é a “resposta” ou a “manifestação evidente de nosso sentir e pensar”. Buddha dizia: Se você quiser conhecer o seu passado, olhe seu corpo no presente. Se você quiser saber sobre o seu futuro, olhe sua mente no presente. Segundo a Psicologia Budista, a coragem é um estado que surge quando nos movemos além da esperança e do medo. Enquanto estivermos presos à esperança de não precisarmos confrontar nossos medos, estaremos deixando de cultivar a coragem. Tentemos entender que manter uma atitude otimista, baseada na ingênua esperança de negar a negatividade que nos cerca, termina por nos deixar desprotegidos e vulneráveis às interferências negativas. Nós sempre temos a possibilidade de estar alerta ao perigo, porém nossa intelectualidade fundamentada numa ingênua confiança. Ou pensar sempre que estamos protegidos e que nunca nada de mal nos vai atingir mostra um super ego. Ao mesmo tempo em que somos ingênuos, somos arrogantes e neste momento que estamos completamente abertos para o mal nos atingir. Certa vez tive que passar por um momento extremo onde minha vida correu risco sério. Depois de ter passado pelo
momento, consultei o Livro das mutações onde saiu o Hexagrama 28 “excesso de grandeza” ou excesso de arrogância, ou excesso de confiança. Observando atentamente no I Ching dizia, muita atividade interior, muita fraqueza exterior basicamente tínhamos muitas atividades que chamaram a atenção dos ladrões, estes ao entrarem no sitio onde morávamos não tiveram dificuldade nenhuma já que os muros eram pequenos e sem portas. Eu pensava que estava protegido e que não era necessário criar barreiras externas. A prática me mostrou o contrário. Você pode ser uma pessoa que tem uma vida interior muito rica, porém cuide de sua saúde também. Também no relacionamento humano desculpar a intenção negativa das pessoas por medo a ter de encarar que estamos sendo atacados, dizer, coitados, eles não sabem o que fazem torna-se perigoso, pois nos tornamos cúmplices das ações negativas alheias ao sermos indulgentes com elas. Frente à negatividade não deve haver negociação, temos de ser assertivo, o que não significa sermos rígidos ou maus. Este é o principio do Tai Chi Chuan aplicado ao combate. Lao Tzu diz: entrar num combate não para vencer e sim para não ser vencido. Quando uma ou várias pessoas se comportam mal, ou
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agridem os mais fracos, é dever do praticante de Tai Chi Chuan se antepor entre a vítima e o algoz. Este é o ideal do Herói que tanto é prezado entre os Mestres de Tai Chi.
Tenha humildade e suavidade É uma grande virtude ter a capacidade de admitir os próprios enganos, não critique, não ofenda, purifique sua mente. Hoje em dia, em nossa sociedade, muitas pessoas, especialmente os jovens, têm em comum um grande defeito: recusam-se a aprender com suas falhas ou a admitir seus erros. Por mais que os outros gentilmente os aconselhem, apenas justificam sua posição ou tentam, deliberadamente, encobrir seus erros, sem jamais admiti-los. Como poderão alcançar qualquer realização e progredir, se sempre se esquivam da culpa e se recusam a receber conselhos?
Humildade e coragem O confucionismo ensina: “Experimentar a humildade é aproximar-se da coragem.” Assim, é corajoso aquele que verdadeiramente conhece o arrependimento e a humildade. No caminho para a realização da budeidade encontramos: Deveríamos
nos envergonhar do que não entendemos, do que não podemos alcançar e do que é impuro. Confúcio escreveu: Quando errados, não devemos temer nos corrigir. Somente quando formos capazes de obter alegria em aprender com nossos erros seremos capazes de corrigi-los. Porém onde é que o erro se origina? Ou como me questionou um aluno, “porque, ainda que conheçamos os benefícios, teimamos no comportamento errado que só nos traz malefícios? Temos que entender que tudo o que fazemos envolve o uso do corpo, da fala e da mente. Destes três, o corpo e a fala não podem fazer qualquer atividade por si mesmos; é a mente que determina tudo o que fazemos e dizemos. Se dermos liberdade à mente indisciplinada, ela apenas dará surgimento a mais e mais ações negativas. Então, em tudo o que fizermos, é a mente que é o mais importante. É por isso que nos ensinamentos de todos os mestres da tradição eles se focam no aperfeiçoamento da mente. Como se diz nos clássicos: “Tai Chi é I (mente) não Li (força), a mente é o rei, o corpo e as emoções são os servos que devem obedecer sua ordem. É a mente que concebe a certeza e a confiança, é a mente que concebe a dúvida, é a mente que concebe o amor e é a mente que concebe o ódio. Então, olhe para o interior e verifique sua motivação, pois ela
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é que determina se o que você faz é positivo ou negativo. A mente é como um cristal transparente que toma a cor de qualquer pano sobre o qual descanse — amarela sobre um pano amarelo, azul sobre um pano azul e assim por diante. Do mesmo modo, sua atitude colore a mente e isto determina o verdadeiro caráter de suas ações, não importa como elas possam parecer. A natureza desta mente não é algo remoto e desconhecido; ela está sempre imediatamente presente. Porém, se você olhar como ela é, não encontrará algo vermelho, amarelo, azul, branco ou verde; ela não é quadrada ou redonda, nem tem a forma de um pássaro, de um macaco ou de qualquer outra coisa. A mente é simplesmente o que concebe e lembra de incontáveis pensamentos. Se a corrente de pensamentos for virtuosa, então você domou sua mente; se for negativa, então você não a domou. Então, a suavidade surge da purificação e a disciplina da mente que, ao observar os seres e suas manifestações, não às critica, não as cataloga. A raiva e o desespero surgem da mente que se compara de forma negativa aos outros. É por este motivo que a próxima sentença está aqui incluída. Se a nossa mente for negativa ou estiver possuída pelas negatividades, então vamos nos tornar “politicamente corretos”, porém, moralmente depreciáveis.
“Não seja truculento ou enganador” Não se aflija com a escassez: seja rico em sua mente. Não se aflija com a penúria: seja seu próprio senhor. A prática do Tai Chi é como um presente para nós, e isto não pode ser entendido pelos seres que possuem uma mente, que observam todos os acontecimentos como uma forma de negócio ou de comércio. O uso deste tipo de mente torna a pessoa hipócrita, que se utiliza das mil e uma formas de manipulação para tirar proveito de toda situação. Uma pessoa que tem esta mente não consegue se relacionar naturalmente com os seus parceiros, já que ele está sempre tentando tirar vantagens das situações. Este tipo de pessoa fica perto de um mestre para promover a si mesmo, tira fotos com o mestre, vem sempre as aulas, torna-se presente em tudo o que o Mestre realiza, porém quando este Mestre lhe pede um favor, é o primeiro a se esconder detrás de qualquer desculpa sem sentido, falha em seus compromissos mais leves – como por exemplo - chegar na hora certa. Esta proximidade com a figura do Mestre lhe confere a falsa ideia de que ele é um amigo íntimo do Mestre, passando a desrespeitá-lo na
presença de outros alunos “não tão íntimos quanto ele”. Dorme nas suas aulas, até que começa a contradizer as palavras do Mestre. Quando o Mestre lhe mostra a sua pobre condição, este aluno é o primeiro a abandonar o Mestre sob falsas pretensões e acusações. Não importa se ele – tendo este comportamento espera por tesouros mundanos ou tesouros espirituais. Este homem sempre é e será um mendigo. Eis aqui uma história: Quando um velho rei teve três filhos, no momento dele passar o trono, não podia se decidir qual deles seria seu sucessor, então chamou no seus aposentos a todos eles e lhes deu um saco que continha sementes de flores, então falou para seus filhos que queria ver o que cada um iria fazer ao cabo de um ano com esse saco, isto iria decidir quem iria ficar com o trono. O primeiro filho, conhecendo o pai dele como um homem duro e exato, pensou em si mesmo, “eu não vou me arriscar”. Eu porei esta semente em um lugar seguro e assim quando o ano chegar lhe devolverei exatamente o que ele me deu. Ele verá minha prudência. Então, quando o ano chegou, o filho levou o pai dele ao armário onde a semente tinha sido armazenada, porém ratos tinham arrombado e comeram muita coisa, deixando o resto
para apodrecer. O segundo filho tinha vendido a semente dele, tinha investido o dinheiro e tinha comprado três vezes a semente, então devolveu ao pai dele as sementes triplicadas. O Pai, ao olhar isto, riu e lhe falou: “Seu irmão está como uma criança que acumula para si mesmo as guloseimas dele, porém no processo de guardá-las acaba perdendo-as”. Você está como um homem maduro, pensa de acordo com o lucro. Vou ver agora o que o terceiro filho fez: bem, o terceiro filho levou o pai dele para uma carruagem e eles dirigiram da cidade a um campo vasto que estava florescendo com flores selvagens. O filho disse: “Pai, eu lancei todos suas sementes ao vento neste campo e agora as flores florescem para todos desfrutarem de sua cor e de seu cheiro”. “Além disto, eu juntei já 15 bolsas grandes de semente das flores e antes de a estação das chuvas haverá dúzias mais.” Abraçando o filho, o pai deu a ele a coroa. Num seminário de Tai Chi Chuan realizado em 2009, oferecemos uma carta a todos os presentes que explicava as diretrizes para realizar um treinamento dirigido aos instrutores – ou seja, pessoas mais comprometidas com o
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aprendizado da arte - que iria ser realizado a portas fechadas durante o ano de 2010. Este treinamento aconteceria uma vez por mês em nosso centro rural e era necessário ter 90% de presença, que outorgaria ao aluno a possibilidade de participar depois de um ensinamento a portas fechadas com o detentor da linhagem, Mestre Yang Jun. A maioria dos presentes decidiram o rumo a ser tomado, muitos começaram a vir e treinar, porém um aluno em especial participou do primeiro encontros e nos subsequentes começou a faltar, ou chegava tarde e saia cedo dos mesmos. Ou seja, não cumpriu o mínimo exigido. Como ele não tomava o café da manhã com os outros, começou a barganhar descontos e passou a falar mais do que treinar. Passou o ano e quando o Mestre voltou para oferecer o seminário, este aluno nos enviou um e-mail pedindo se ele poderia participar do seminário a portas fechadas com o Mestre. Este tipo de atitude é chamado no Tai Chi Chuan de ser truculento e enganador. O ponto básico é que este tipo de aluno pensa que pode realmente enganar aos seus professores com sorrisos e tapinhas nas costas. Numa arte marcial, quando o aluno não segue as indicações do seu professor, ou fica na aula falando com seus colegas, está simplesmente ali para criar obstáculos ao Mestre e aos seus companheiros, lhes
faz perder a oportunidade de ensinar e aprender, faz perder o tempo de vida a todos os implicados, confunde a mente de seus colegas, por último perde realmente a oportunidade de aprender alguma coisa produtiva e enobrecedora. Este tipo de aluno é aquele que quer fazer as práticas mais elevadas de início sem realizar bem feito os primeiros passos. Não escuta os ensinamentos, não tenta entender os mesmos, os reinterpreta a luz de seus próprios preconceitos, dorme na aula ou sua mente fica muito distraída sem poder se concentrar. Também, ao ler muito de vários autores diferentes, adquire uma quantidade incrível de lixo que se mistura com a própria prática. Confia mais na sua pobre interpretação tirada do livro lido do que o exemplo de seu mestre. Tendo esta atitude, ele torna-se avaro com tudo o que lhe pertence: “Este é meu pensamento.” “Esta é minha ideia.” “Este é meu modo de fazer coisas.” “Esta é minha história pessoal.” “Este é meu currículo.” “Esta é minha ocupação.” “Eu viajei para China duas vezes e já mereço mais consideração do que aquele que nunca viajou”. “Eu mereço receber aulas de graça, porque sou o melhor”. Não só se agarra aos bens materiais, mas também se agarra as ideias, as identidades e até mesmo ao próprio mérito de ter realizado somente o que lhe convinha. Então nesse momento
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ele é profundamente pobre, avaro e mesquinho. Porém onde nasce esta mesquinhez? Há um buraco espiritual dentro, o qual nós tentamos encher colecionando coisas materiais, títulos, imagens de si e ideias. Mas nenhum destes trabalhos realmente nos preenche, ao contrário, aumenta ainda mais a nossa neura da pobreza, e a neura da pobreza aumenta ainda mais a nossa neura do apego, que aumenta ainda mais a neura do desejo, ganância, ciúmes, raiva etc, até que sentimos ódio profundo por tudo e todos e até pela nossa própria existência, é então que ao realizar a prática do Tai Chi Chuan de forma correta nós estamos exercitando na generosidade ilimitada, que destrói a avareza que é a causa que nos leva a ser profundamente manipulados pela ilusão do mundo. Se você, lendo estas palavras, ou treinando numa academia, realiza todas práticas do Tai Chi Chuan, se você se comporta de uma forma afável, cordial, sempre sorrindo, porém ao sair do seu treino nem mesmo oferece um sorriso para uma garçonete em um restaurante ou então nega ajuda a um estranho, isso então é uma prática fraudulenta. O mais importante no treino do Tai Chi é estar sempre consciente de que tudo o que você faz, pensa ou fala tem de ser uma oferenda aos mestres da linhagem e a todos os seres que os rodeiam.
“Não seja mau nem cultive hábitos mentais viciosos” Diz o Senhor Buda: “O que é, pois, irmãos, a compreensão correta?” Quando o discípulo compreende o mal e a raiz do mal, compreende o bem e a raiz do bem – isto, irmãos, é a reta compreensão.” “O que é irmãos, o mal? Matar, furtar, ter relações sexuais desonestas, mentir, caluniar, usar linguagem irada, falar sem sentido, cobiçar o alheio, opinar equivocadamente – todos estes fatores são o mal. E qual é a raiz do mal? “A cobiça, a ira e a ilusão são a raiz do mal.” Porém aqui vale uma pergunta: Porque será que os Mestres de Tai Chi Chuan incluíram este item dentro do seu código de ética?
Matar Antigamente se aprendia o Tai Chi Chuan para ser depositário de uma arma eficaz que iria ser utilizada contra dos outros. Ou seja, se atacado, o bom praticante de Tai Chi Chuan dispunha de uma ferramenta que lhe possibilitaria matar ao outro e não deixar marcas. Com a utilização das armas de fogo, o Tai Chi Chuan foi apresentado pelos Mestres como uma forma de cultivar os bons hábitos de saúde. Porém ainda temos muitas pessoas obcecadas pelo poder, que somente procuram treinar para desenvolver poderes pseudo místicos que lhe possibilitem matar um adversário se utilizando de técnicas superiores do Tai Chi Chuan.
Roubar Hoje em dia também existem muitos alunos que vão participar de vários seminários de diferentes mestres das mais
variadas linhagens. Devido à confusão moral que hoje predomina no ocidente, isto a simples vista parece ser algo saudável. Porém, se olharmos um pouco mais fundo ou desde a ótica da ética marcial e espiritual, poderemos observar que o comportamento desta pessoa se assemelha a um ladrão ou um espião que vive nas sombras do anonimato coletando informações, certificados, fotos etc para depois se autointitular Grão-Mestre. O Mestre tibetano Kalu Rimpoche falava: “em todas as linhagens tenho confiança, minha linhagem particular é a Shangpa Kagyu” – Linhagem dos praticantes de meditação - Claro, o Tai Chi Chuan é um só, porém existem as cinco grandes famílias, se algum aluno quiser beber da fonte da Família Chen ou da Família Yang ele, no mínimo, deverá ser fiel à Família que o está nutrindo. Visitar outras Famílias para apresentar seus respeitos, ou para aprender mais sobre algum movimento específico, ou sobre aspectos filosóficos é o ideal. Não estabelecer um sólido relacionamento entre o aluno e o professor, não manter a fidelidade à Família de onde ele está se nutrindo, tiver um relacionamento simplesmente comercial, - “eu pago para você me dar suas aulas”, ou simplesmente assistir as aulas para depois se auto promover, renegando a bondade oferecida pelo Mestre, é ter o mesmo comportamento que um ladrão.
Má conduta sexual
O Mestre Zen Taisen Deshimaru disse: “Em um ensinamento Budista - Sutra - está
escrito: se a via do sexo entre um homem e uma mulher é justa, o clima, o tempo são também justos. Se a prática sexual é desordenada, o clima, o tempo e a ordem cósmica são afetados e perturbados. Isto origina a decadência da civilização e sua ruína.” Por que o homem e a mulher existem como entidades separadas? Isto está em completa harmonia com a ordem cósmica. Os que praticam meditação podem compreender isto. Muitas pessoas pensam que a sexualidade é uma ilusão, em particular nas religiões tradicionais. Isto é um erro! Se, ao olharmos uma corda, enxergarmos uma serpente, o erro não está na corda e sim na visão errada. No céu se encontra o aspecto do céu e na terra o aspecto da terra. Da mesma maneira existe o sol, a lua, as estrelas, os planetas, o arcoíris, as estações etc. Sobre a terra está e geografia, a topografia, as montanhas, os rios, os mares e os oceanos. Estão os pobres e os ricos, as capitais e as províncias. Nossa verdadeira natureza original tem sido a de entidades separadas, homens e mulheres. O homem incorpora as virtudes do céu, a mulher produz e realiza as virtudes da terra. Quando o Yin e o Yang, o negativo e o positivo estão em harmonia, e a ordem cósmica não está em mutação, todas as existências e todas as mutações podem se desenvolver na serenidade. Ninguém possui o direito de ir ver o que se passa na cama de um homem e de uma mulher. As relações entre um homem e uma mulher devem guardar sua estrita intimidade. Porém, em nossos
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dias esta intimidade é violada em grande medida. Em nossa civilização moderna se cometem muitos erros no relacionamento homem-mulher. Se a mulher muda constantemente de parceiro, sua fisiologia se vê afetada por eles e seu psiquismo também sofre e se complica e assim influencia seus filhos, sua família. As consequências não se encontram somente no nível genético, afetando também ao ambiente social, ao tempo, ao país e à ordem cósmica. Em nossa época, toda a humanidade, toda a civilização, está afetada pela sexualidade errada que se pratica na maioria dos países “desenvolvidos”. O Clima está cada dia mais inconstante, as quatro estações podemos experimentar num mesmo dia. No hemisfério norte os invernos são cada vez mais rigorosos. Certa vez, pude observar num jornal internacional um grave terremoto ocorrido no Iraque, e sabiamente as senhoras que foram
entrevistadas falavam que esse era realmente um castigo de Ala pelo mau comportamento deles. Claro, qualquer um pode falar que este pensamento é supersticioso ou simplista demais, podem alegar que um terremoto é ocasionado pelo movimento das placas tectônicas e todo o blá blá blá pseudo-cientista. Porém, os mais informados não entendem que ninguém discute o “funcionamento” de um terremoto ou um furacão e sim observamos as causas dos mesmos. Nossa ciência pode explicar com detalhes como funciona, não como se “origina”, não pode explicar as “causas” e sim apontar como se manifesta. Quando estas mulheres apontaram que foi um castigo de Alá, estavam falando correto. O planeta é um ser vivo, ele está sendo custodiado por espíritos protetores, que mantém o equilíbrio das energias vitais de nosso mundo. Quando o homem, em sua infinita arrogância e estupidez, pensa que pode dominar a sua vontade as forças da natureza,
ela simplesmente se rearranja para voltar ao seu equilíbrio normal. Como diz o Mestre Taisen Deshimaru: “A causa não é somente meteorológica. O mal Karma de nossa civilização é influenciado também. As bases fundamentais da moral estão soçobrando e as consequências disto são pesadas para todos os países, para todas as famílias, para todos os meios, sejam quais forem”. Se os ministros e governadores cometem erros nesta vida com respeito e este preceito, grandes consequências recaem não somente sobre eles, senão sobre o país e sobre o povo governado também. Numerosas calamidades resultam, assim como acidentes, poluição, fome. É o caso de nossa civilização moderna, na qual os preceitos são esquecidos pela maioria dos políticos. Os políticos mentem, assassinam, possuem costumes depravados. A crise aparece quando o ser humano se opõe à ordem cósmica. A ordem cósmica então manifesta sua cólera”
“Não use seu próprio poder para tirar vantagens dos outros que são mais fracos ou mais pobres.” Utilizar o próprio poder para tirar alguma vantagem implica em não compreender que, se estamos oferecendo aulas de Tai Chi Chuan, nos comprometemos a realizar este sacro trabalho para colaborar com o beneficio do povo em geral, não importa a situação social em que este aluno se encontre e também não compreendemos que, se nós temos três ou quatro alunos que gostam de nossa pessoa ou que vem treinar conosco, se deve a
que nós estamos “começando” a oferecer algo de valor não porque “somos muito bons” e sim porque estamos começando a abrir o nosso coração e oferecer aos outros o melhor do que há em nós. O problema acontece porque, devido a nosso egocentrismo doentio, chegamos a pensar que nós já somos “Mestres”, que os alunos são “nossa propriedade” e que nós temos o direito de fazer, pedir ou exigir qualquer coisa deles,
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manipulando seus medos e fantasias para tirarmos proveito de sua credulidade. Se encontrarmos uma pessoa rica, nos tornamos imediatamente amigos íntimos dela, “quase que irmãos”, com a finalidade de que financie nossas fantasias, ou que nos leve para seu mundo de glamour e delícias. Se encontrarmos uma pessoa pobre, a transformamos imediatamente em nossa escrava fazendo-a trabalhar para nós
até a exaustão, sem sequer lhe agradecer pela doação de sua vida e esforço. O instrutor aqui ainda não entendeu que, ao oferecer as aulas de Tai Chi Chuan, ele está sendo treinado no caminho espiritual de oferecer o fruto de sua vida aos outros, nunca ao contrário. Aqui se aplica a máxima daquele general inglês que, estando numa situação deplorável frente ao seu inimigo, começou a falar em voz alta para dar ânimo a sua tropa: “Nada para mim Senhor, nada para mim, tudo para a Glória de teu Santo Nome”. O instrutor de Tai Chi Chuan deveria sempre repetir esta máxima. Não use reúna com gangues ou grupos criminosos Isto não necessita ser explicado. Já está bem claro aqui, unir-se a pessoas que nos oferecem dinheiro que vem de atividades ilícitas, sob o pretenso dizer de que o dinheiro está sendo utilizado para um bem maior, e se mentir a si mesmo e aos outros sendo conivente com o crime. Quem faz isto não pode ser chamado de praticante de Tai Chi Chuan. Não se separe dos colegas praticantes, nem critique outras escolas de Tai Chi Chuan Continuamente queremos ser reconhecidos e apreciados. Não podemos aceitar ou tolerar qualquer perda, desrespeito, ser ignorado ou apanhado em
erro, derrotado ou condenado por qualquer pessoa em qualquer situação. Este sentimento contínuo de ameaça e insegurança dão origem a mais negativa das emoções: o medo. Do medo nasce a preocupação, a ansiedade e por último o pânico. Isto faz com que nos tornemos profundamente apegados as pessoas, bens, objetos, situações, etc. que por sua vez origina mais medo - o medo da perda e da destruição – é este medo que nos faz viver em constante avaliação, condenação e ódio de pessoas, que quando não servem mais aos nossos propósitos passam a ser descartadas como meras escovas de dente. Também, estes sentimentos fazem nascer em nossa mente um profundo sentido de pobreza interior – ciúmes que não suporta conviver com o sucesso de nossos colegas, criando um pervertido senso de satisfação quando constatamos a falência e sofrimento dos outros.
humildade no coração, aparecem então a luxúria e ganância que infectam a mente, destruindo o nosso sentido de discriminação. Esta falta de bom senso torna a pessoa temerária e imprudente, avançando em situações onde os mais sensatos pedem para parar. Porém, o primeiro pensamento que surge em nossa mente é que estas pessoas são fracas e medíocres. Qualquer pessoa que obstrua, ou seja, percebido como um possível obstáculo a realização de nossos desejos ou ansiedades, torna-se passível de receber como resposta efetiva a raiva e a violência em pensamentos, palavras e ações que seguramente levarão à ruína dos nossos relacionamentos. Isto pode transformar nossos entes queridos e amigos em inimigos, criando assim um clima de constante competição e luta, onde deveríamos estar amando e auxiliando.
Não seja temerário ou imprudente
Não fique inchado de orgulho
De qualquer forma queremos estar sempre satisfeitos, plenos, preenchidos por momentos felizes, coisas agradáveis ao olhar, ao tato, ao sabor. Queremos estar sempre rodeados de pessoas bonitas, de boas maneiras, perfumadas etc. Não que isto seja negativo, ao contrário, é belo estar rodeado de pessoas educadas e belas, porém, quando isto se torna uma necessidade imperiosa, forçando nossa mente a procurar um desejo atrás do outro, é extremadamente prejudicial. Quando o poder, fama, reconhecimento, prazeres sensuais, nos leva a perder a
A posse de bens, a possibilidade de aprender rápido, a beleza física, o status, ser bom aluno, estar sempre disposto a ajudar ao mestre, se sentar perto dele, quando ele pedir algo a outro colega e nós sairmos rápido para realizar o pedido, pode parecer aos olhos dos principiantes um exercício de devoção e respeito para com o Mestre. Porém, se estas atitudes não estiverem permeadas pela humildade e a devoção, nosso coração ficará inchado de orgulho. Muitas vezes, o Mestre ao notar este tipo de comportamento, começa
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a tratar rispidamente ao aluno “preferido”, tornando-se este mal humorado ou triste. A partir deste momento, toda a falsa devoção transforma-se em crítica feroz contra o próprio Mestre e os seus colegas. O primeiro sinal é que a mente deste aluno começa a minimizar as conquistas dos outros, não importa quão grandes sejam, sua mente estará sempre focada em achar erros nos outros. Não terá capacidade para olhar suas próprias falhas, e, ao perder esta capacidade, será abandonado por todos e perderá a possibilidade de estabelecer um verdadeiro relacionamento entre ele, o Mestre e seus irmãos de treino levando-o à ruína, seja física ou emocional. Não seja instável com uma mente que sempre muda Quando um aluno começa a treinar Tai Chi Chuan, ele fica entusiasmado pelas inúmeras descobertas e benefícios que colhe de forma imediata. Porém, ao passar alguns meses o entusiasmo é trocado pelas dúvidas que a repetição constante lhe impõe. Sua mente não compreende que agora terá que investir na descoberta da qualidade dos movimentos, já que ao ter aprendido a forma inteira, passará a ser exigido num outro nível que vai mexer com seus conceitos como relaxamento, perfeição sem cobrança interna, entre outros itens. Esta incapacidade em se aprofundar na procura da qualidade faz com que ele queira
passar de imediato para um estágio mais elevado, onde a compreensão da filosofia do Yin e do Yang, entre outras, deverá ser exposta. Ao não compreender e não saber como aplicar estes pensamentos filosóficos em seus movimentos, perde a vontade de treinar e muitas vezes simplesmente desaparece dos treinos sem sequer expor aos seus professores qual é o motivo de sua desistência. Este problema, que acontece em todas as academias de arte marcial e em outro tipo de escola, esta intimamente atrelada à mente do homem moderno. Esta mente já foi treinada pela mídia consumista, que cria constantemente a necessidade compulsiva de passar por contínuas experiências sensoriais. E só olhar os apelos nas propagandas, como as pessoas caminham como zumbis nos shoppings, como se alcoolizam nos lugares públicos, como ficam horas a fio e até dias acampando nas portas das lojas para comprar um celular novo, como comem compulsiva e desesperadamente todo tipo de pseudo-alimentos inservíveis embalados em pacotes coloridos e brilhantes, que ao serem abertos lançam cheiros fabricados por empresas especializadas. Enfim, todos nos já conhecemos este enorme circo de consumo, onde a própria vida humana é literalmente jogada no lixo da eterna frustração. Toda esta parafernália de estímulos, aliada a falta de uma sólida educação ética e moral,
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torna o aprendizado do Tai Chi Chuan algo muito complicado de ser realizado, mais ainda ao dirigir este tipo de ensino, extraído da sabedoria chinesa, a adultos poluídos por este sistema de vida falso e inócuo. Então é dever do aluno que quer se transformar num instrutor de Tai Chi Chuan, entender que a solução da maioria de seus próprios problemas e dos problemas de seus alunos podem ser tratados no âmbito da transformação de sua própria mente. Bokar Tulku Rimpoche certa vez ofereceu um ensinamento onde nos mostra este processo de transformação da mente. Ele diz: “A natureza positiva ou negativa de nossa mente se reflete nas aparências exteriores que nossa própria mente nos envia. A manifestação exterior é uma resposta à qualidade de nosso mundo interior. A felicidade que desejamos não virá da reestruturação do mundo que nos cerca, mas da reforma de nosso mundo interior. Enquanto não reconhecermos que felicidades e sofrimentos têm sua origem em nossa própria mente, enquanto não soubermos distinguir o que, por nossa mente, é proveitoso ou nocivo, e que a deixamos à sua insalubridade ordinária, permanecemos impotentes para estabelecer um estado de felicidade autêntica, impotentes para evitar as contínuas ressurgências do sofrimento. Qualquer que seja nossa esperança, ela é sempre decepcionada.”
Não seja impaciente. A paciência é uma das qualidades mais importantes entre os praticantes de artes marciais e em especial o Tai Chi Chuan. Basicamente nós queremos aprender a lutar, porque inicialmente queremos bater em todo mundo, nos sentimos injustiçados perante a sociedade, nosso lar, entre nossos amigos. Então começamos a ter ciúmes daqueles que desfrutam de um pouco de mais felicidade que nós. Estes ciúmes nos tornam briguentos e competitivos. Por algum mistério, então procuramos uma escola de artes marciais e alguns de nós encontramos o Tai Chi Chuan, algo lento, quase que parando, outros encontram o Karate e assim por diante. Porém, o que nós não sabemos é que de alguma forma começaremos nossos estudos “apanhando” de nosso mestre e de nossos colegas mais avançados. No Tai Chi Chuan, em especial, nós não apanhamos de alguém, nós apanhamos de nós mesmos, de nossa própria ansiedade, nossa raiva, e todo tipo de fobias que constantemente nos acompanham. Já de início, temos de aprender a nos “aguentar” a nós mesmos assim como nós somos. Então, pouco a pouco, começamos a nos aceitar e aceitar os nossos companheiros de jornada, compreendemos que nossos colegas são seres humanos lidando com seus próprios problemas. Aprendemos a não nos deixar perturbar pelas dificuldades que aparecem e desaparecem constantemente.
No treino solo do Tai Chi Chuan, à medida que vamos compreendendo a forma a ser executada e a tornamos nossa, podemos observar que a suavidade e a continuidade dos seus movimentos são um poderoso instrumento que nos permite resolver os nossos problemas de forma quase que imediata, ao invés de nos fixar neles lhes adjudicando um valor exagerado. O fato de se treinar a “calma no Movimento” é realizar a virtude excelente da paciência que já não é somente uma proposta intelectual, ou um ideal a ser atingido num futuro distante, é a prática da virtude no “aqui e no agora”. Instantaneamente praticamos a paciência, que traz um beneficio a curto e a longo prazo no contexto de sua vida. Quando o aluno pratica a virtude, especialmente uma virtude tão poderosa quanto a paciência, ela infalivelmente resultará em grande felicidade no futuro, o que pode ser chamado a experiência do céu em nosso dia a dia . Através da raiva — cortando os sentimentos dos seus colegas e familiares —, através do desejo egoísta — pensando sobre os seus próprios desejos auto-centrados — e através da ignorância — falhando em entender qual comportamento é verdadeiramente prejudicial e qual é verdadeiramente útil ao ser humano, criará um sofrimento a curto e a longo prazo. O céu e o inferno não são lugares que existem fora de vocês. Ao invés disso, eles são os reflexos da positividade e da negatividade de
nossas próprias mentes.
Compreenda e aprecie a sua fonte de formação, nunca a esqueça ou torne-se ingrato A ingratidão é filha da soberba Miguel de Cervantes
Ao iniciar seus estudos do Tai Chi Chuan junto a um professor credenciado, os alunos encontram, seja nas livrarias como na internet, vasta literatura relacionada ao tema. Esta literatura cria um sentido de que estamos “por dentro” da disciplina que estamos começando a aprender, e que nos permite criar um sentido de julgamento que nos vai “proteger” dos maus professores. A literatura nos outorga um sentido de segurança de que não seremos “passados para trás” por maus professores, que se utilizam da ignorância alheia para ganhar uns trocos. Este item torna-se necessário para criarmos um sentido de discriminação que nos possibilita uma boa escolha. Porém, dentre todos estes alunos, alguns não conseguem ultrapassar a desconfiança “saudável” e continuam seus estudos mantendo esta poluição interna. Após um breve período de aulas, eles começam a comparar o que está escrito nos livros com os ensinamentos dos seus instrutores, criando assim um movimento velado de resistência e descrédito de seu professor.
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Passam a questionar os movimentos e suas aplicações, a metodologia de aula, chegam tarde às aulas e sob uma pretensa necessidade de apreender questionam o seu professor abertamente, comparando o mesmo com instrutores e mestres que eles olharam em diferentes vídeos, acentuando assim os aparentes defeitos em seu próprio professor. Quando participa de um seminário com o Mestre da linhagem, organiza encontros com seus colegas para falar mal de seu instrutor estabelecendo comparações com o próprio Mestre - sem entender que a atitude de convidar o Mestre para que compartilhe seus ensinamentos com todos os alunos da escola partiu de seu próprio professor, que bem poderia ficar quieto e seguir aprendendo solitariamente na casa do mestre. Então começa uma resistência silenciosa – porque na essência eles são covardes - e uma campanha de descrédito que chega até o momento em que os que pensam como ele abandonam a escola mãe e abrem uma “concorrente” . Este tipo de pessoa é como aqueles eruditos que, lendo um livro, passa a confiar mais na letra impressa do que na instrução oral de “ouvido a ouvido”. O Mestre Kalu Rimpoche diz: “De nada vale ler, estudar muito, e não colocar em prática. Primeiro, ler e estudar, depois, fazer a prática. Nisso, atenção e vigilância são absolutamente fundamentais.” “Lembre-se de que ter orgulho de algum estado alcançado é péssimo. O verdadeiro é tornar-se cada vez mais humilde.
Com a prática, observe se sua mente está sendo transformada ou não. Isso é que realmente importa. Se mudanças positivas não estão ocorrendo, você precisa mudar a sua prática! A prática tem a ver com a mente, e não com o aspecto físico. Independe da idade e da condição física.” Se você for um bom praticante, tendo confiança no Mestre, isso é muito melhor do que ler milhares de textos. A instrução vem de orelha a orelha, diretamente. O Mestre Gustavo Correia Pinto também nos diz: “Quem toma os textos como autoridade final, esquece que as escrituras surgem de experiências vividas e só imperfeitamente conseguem exprimi-las. Livros? A maior autoridade em textos canônicos são as traças. Devoram sânscrito, pali, chinês, tibetano, nenhuma língua viva ou morta lhes é obstáculo. Para elas, nenhum texto é de difícil digestão. Para as traças, há vida nos livros e cada frase é alimento. Textos são um tesouro de Dharma, uma jóia viva para aqueles que estudam para nos ajudar a entender o caminho que tentamos seguir. Mas quando as traças são ambiciosos intelectuais eruditos, o que devoram os envenena com a soberba. Fazem-se Imperadores de palavras e esquecem dos gestos gentis. Arrogam-se autoridade pelo irrelevante que decoraram e já nem recordam o que importa. Porque sabem demais, ignoram a verdade simples. De nada valem todos os textos canônicos se a mente não estiver aberta à luz da Compaixão. Por outro lado, quando o coração se abre, lê textos sagrados em toda parte, em livros, nas nuvens
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que passam no céu, nas pedras que restam na terra.” Tendo esta atitude absolutamente errada, seguramente que não poderá entender esta última dica.
Finalize o que faz com força, não apenas tenha um sólido início Nossa vida inteira é retratada numa simples aula de uma hora. Quantas vezes encontramos aqueles alunos que, ao iniciar seu treino de forma apaixonada, querem fazer cinco aulas por semana, falam maravilhas de que o Tai Chi é o milagre de suas vidas, porém ficam desapontados quando lhe recomendamos fazer somente duas aulas por semana, e após o primeiro mês já desistem. O mesmo acontece em todos os campos do nosso viver, quantos sonhos tivemos e quantos realizamos. Quantas viagens realizamos procurando os mestres de nossos sonhos, para que nos ofereçam seus conselhos, mantras, sabedoria, sistemas de sermos felizes de forma instantânea e após um mês de tentativas pífias esquecemos todos os seus conselhos. Jogamos no lixo do esquecimento e da apatia todo o tempo utilizado criando planos mirabolantes, todas as preocupações e as noites sem sono sonhando acordados de como o Mestre vais nos receber, que palavras vai nos falar, todo o
investimento financeiro. Molestamos a todos os nossos amigos que perdem seu tempo de vida nos escutando pacientemente, nossa família ao lhe negar uma pequena ajuda, ainda que seja emocional, aos Mestres que visitamos para lhes pedir uma solução que nos ajude a sair do inferno que nós mesmos criamos. Tudo para quê? Para encontrar alguém que pense como nós… quando não o encontramos simplesmente o descartamos como uma escova de dente usada, e começamos novamente tudo outra vez, incansavelmente molestamos a todos os seres, até que a morte nos surpreende e somente no final descobrimos que nada temos. Como diria um poeta: “o último momento de nossa vida, tornasse o pior momento de nossa vida”. Então, no estudo e treino do Tai Chi Chuan, devemos entender que ele não é somente um treino dentro de uma academia e sim um sistema integral de filosofia e de forma de vida. Concluo aqui com as palavras do Mestre G.C. Pinto, que adaptei ao nosso contexto: “O que, então, significa, para nós Ocidentais, ser Instrutor ou Mestre de Tai Chi Chuan? É viver como um aprendiz e servo da Luz que nos chama. Somos crianças sendo educadas pelos Mestres, somos barro sendo pelos espíritos moldado, trilhamos o caminho que nos leva. Nessa via da vida, tudo é sempre perfeito ao ensino à que se destina. Só aprender e servir é que importa. Alegria
e dor, triunfo e fracasso, acerto e erro são fugazes quimeras humanas. Aprender sim é real e transforma. O processo de nossa transmutação espiritual está sendo conduzido pelos Mestres da linhagem pelo Buddha ou como Você quiser chamá-lo desde sempre, através de tudo o que sucede.Nem mantras, nem mandalas, nem sutras, nem rituais, nem zazen ou jejuns podem o que pode a vida, na perfeição da sabedoria que permeia os acontecimentos. Não há outro Mestre senão a Luz de quem Gautama e todos os Santos Mestres foram discípulo e que nos instrui à toda hora, no desafio do que acontece. É na vida diária que estamos sendo treinados. O mundo inteiro é o lugar de prática, o Dojo.”
Prof. Roque Severino Diretor Fundador Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental - SBTCC www.sbtcc.org.br -----------------------------------
Bibliografia O Universo do Tai Chi Chuan Prof. Roque Severino contatotaichi@sbtcc.org.br
Livro: “O Universo do Tai Chi Chuan” A obra “Universo do Tai Chi Chuan”, abrange desde a história da arte que remonta à Montanha Wu Dang, o desenvolvimento dela entre as Famílias Tradicionais, até os dias de hoje, além dos aspectos internos do Tai Chi Chuan que o relacionam com as filosofias maiores da China, e a conexão que há entre a arte e o Livro das Mutações, o I Ching. Esta obra vem dar uma abrangência para a compreensão da Arte Milenar do Tai Chi Chuan e servir a uma necessidade importante atual que é o esclarecimento sobre os fundamentos da arte e os grandes benefícios de sua inserção no mundo moderno. O autor, Professor Roque Severino, Diretor da Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental, representante da Família Yang de Tai Chi Chuan para a América Latina, nesta obra resume seus 40 anos de experiência em práticas e ensinamentos teóricos recebidos diretamente de seus Mestres. O Livro encontra-se em formato de E-book disponível na Loja Virtual Dragão do Sol em: www.dragaodosol.com.br.
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RevistaTaiChiBrasil.com.br “O Tai Chi Chuan, para pessoas de todas as idades, proporciona em uma mesma atividade, a consciência de que corpo e mente são indissociáveis.”
“No Tai Chi Chuan a mente deve focar o espírito. O comando consciente está atrás de cada movimento, postura e extensão para as mãos ou pés, de modo que todo o corpo seja flexível e ativo. Se não, o espírito estará disperso e os movimentos perderão a sua coordenação e integralidade”.
Yin
O Tai Chi deve ser vivido todos os dias para que seus princípios seja incorporados.
“Os membros inferiores são os alicerces que suportam o corpo - é a fonte de energia e força, que Oi! Você está praticando pode ser Tai Chi Chuan! exteriorizada. Vamos praticar O Tai Chi Chuan juntos? exige dos pés firmeza e estabilidade, com os dedos dos Yang pés, solas dos pés e calcanhares - todos agarrando o chão ; enraizamento (grounding)”. Tai Chi Chuan Pratique!
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